Assistência Social e Psicologia Sobre As Tensões e Conflitos Do Psicólogo No Cotidiano Do Serviço Público

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Senra, C. M. G. & Guzzo, R. S. L. (2012).

Assistência social e psicologia: sobre as tensões e conflitos do


psicólogo no cotidiano do serviço público. Psicologia & Sociedade,24(2), 293-299.

A inserção da Psicologia na área das Políticas Públicas de Assistência Social ainda é


considerada recente e impõe inúmeros desafios a esses profissionais, tendo em vista
o cenário de profundas desigualdades sociais no Brasil e o distanciamento histórico
da Psicologia das questões sociais. Tradicionalmente a Psicologia serviu a interesses
da elite no Brasil. Entretanto, a partir principalmente da década de 1970, o papel da
Psicologia passa a ser questionado e suas discussões voltam-se mais ao contexto
social, tanto no sentido do estudo e compreensão, como da intervenção.

A Assistência Social é uma política pública, ou seja, um direito de todo cidadão que
dela necessitar. Ela está organizada por meio do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS), que está presente em todo o Brasil. Seu objetivo é garantir a proteção social
aos cidadãos, por meio de serviços, benefícios, programas e projetos que se
constituem como apoio aos indivíduos, famílias e para a comunidade no
enfrentamento de suas dificuldades. A atuação do psicólogo no âmbito da Assistência
Social pode ser considerada recente no Brasil. Apesar de relevante e de se
constituir como uma ampliação necessária do campo profissional para um
envolvimento mais direto com as questões sociais, essa realidade ainda impõe
inúmeros desafios e problemas aos profissionais.

O trabalho conjunto entre estes dois profissionais (Serviço Social e Psicologia)


constitui-se como um ponto de conflito gerando dúvidas quanto à
complementaridade ou a especificidade em relação a sua atuação. Psicólogos e
Assistentes Sociais questionam-se uns aos outros sobre seus papéis e funções diante
da realidade com que têm que lidar no cotidiano do trabalho.

Os psicólogos estão integrando as equipes dos Centros de Referência de Assistência


Social (CRAS) que é responsável pelo acompanhamento Familiar; Desenvolvimentos
de Grupos com idosos e crianças do Serviço de Convivência e Fortalecimentos de
Vínculos e realiza visitas domiciliares, e dos Centros de Referência Especializado de
Assistência Social (CREAS) que é responsável pelo direcionamento legal de vítimas
de violência; Acompanhamento dos casos e desenvolve ações para diminuir o
desrespeito, preservando os direitos humanos.

A Psicologia Comunitária tem muito a colaborar com o campo das Políticas Públicas
de Assistência Social. Assim conclui-se que indiscutivelmente o trabalho do psicólogo
pode colaborar com o acesso e efetivação dos direitos sociais, emancipação e
empoderamento das famílias e desse modo com o enfrentamento da questão social e
com a ruptura dos padrões de exclusão e marginalização.

Ao longo desses anos, a Psicologia vem buscando se adequar ao campo social, mas
também expressa a necessidade de definir seus papéis, funções e contribuições.
Contudo, o foco do psicólogo no CRAS é o atendimento psicossocial, trabalho
realizado junto ao assistente social e que abandona o caráter clínico, passando a ter
um caráter familiar/sistêmico, com uma visão especialmente direcionada a
grupalidade.

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