Circuitos Elétricos I

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Circuitos Elétricos I

Prof. Dione Antônio de Souza

Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020

Elaboração:
Prof. Dione Antônio de Souza

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

S729c

Souza, Dione Antônio de

Circuitos elétricos I. / Dione Antônio de Souza. – Indaial:


UNIASSELVI, 2020.
307 p.; il.
ISBN 978-65-5663-105-9
1. Circuitos elétricos. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da
Vinci.

CDD 621.3192

Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico, apresentamos, a você, o livro de Circuitos Elétricos
I, que tem como objetivo proporcionar a base para análise e projeto de cir-
cuitos lineares, em nível de graduação. Esses estudos estão relacionados à
habilidade do engenheiro em projetar circuitos elétricos e eletrônicos, muitas
vezes complexos. O livro é voltado para acadêmicos que tem o contato com
os conceitos básicos dos circuitos elétricos pela primeira vez, sendo muito
útil o conhecimento prévio de eletricidade e magnetismo. Os cálculos e o de-
senvolvimento realizados no livro necessitam dos conhecimentos gerais de
matrizes e cálculo diferencial e integral, especialmente das técnicas envolvi-
das na resolução de equações com coeficientes constantes. Portanto, os méto-
dos, as técnicas e os conceitos descritos neste livro, para a análise de circuitos
elétricos, são de grande importância e fundamentais para todo engenheiro.

O livro se divide em três unidades e cada unidade está organizada


em três tópicos. O livro, em toda a sua extensão, teve como objetivo ser co-
nectivo com informações acumulativas, ou seja, os tópicos posteriores de-
pendem dos tópicos anteriores, assim como as unidades. Em cada tópico são
fornecidos exemplos que destacam os aspectos de cada técnica, para auxiliar
na compreensão do texto. No final de cada tópico, vários exercícios de au-
toatividade são propostos, com suas respectivas respostas no gabarito, ob-
jetivando reforçar a compreensão do estudante do tópico precedente. Além
disso, é apresentado um resumo de maneira concisa, que aborda os conceitos
mais importantes, proporcionando ao leitor um lembrete das técnicas conti-
das no tópico.

Para facilitar o entendimento, são destacados no livro equações e con-


ceitos fundamentais. O UNI em destaque serve para ajudar o acadêmico a
memorizar alguns dos princípios fundamentais de circuitos elétricos e faci-
litar a consulta.

Finalmente, em cada tópico, é apresentada uma leitura com o intuito


de auxiliar na compreensão das técnicas abordadas no decorrer do livro, não
esqueça de ler!

Prof. Dione Antônio de Souza

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para
diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apre-
sentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em
questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institu-
cionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar
seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de De-
sempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

VI
Sumário
UNIDADE 1 - CONCEITOS E LEIS BÁSICAS.....................................................................................1

TÓPICO 1 - VARIÁVEIS ELÉTRICAS...................................................................................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................3
2 SISTEMA DE UNIDADES....................................................................................................................3
3 CARGA E CORRENTE...........................................................................................................................5
4 TENSÃO....................................................................................................................................................9
5 POTÊNCIA..............................................................................................................................................11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................13
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................14

TÓPICO 2 - CONCEITOS BÁSICOS E COMPONENTES DE CIRCUITOS ELÉTRICOS........15


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................15
2 FONTE DE TENSÃO INDEPENDENTE..........................................................................................15
3 FONTE DE CORRENTE INDEPENDENTE.....................................................................................16
4 FONTE DE TENSÃO DEPENDENTE ..............................................................................................20
5 FONTES DE CORRENTE DEPENDENTE.......................................................................................22
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................27
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................28

TÓPICO 3 - LEIS BÁSICAS....................................................................................................................31


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................31
2 LEI DE OHM...........................................................................................................................................31
3 LEI DE KIRCHHOFF.............................................................................................................................38
4 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES......................................................................................................44
4.1 CIRCUITOS COM ASSOCIAÇÃO SÉRIE DE RESISTORES......................................................50
4.2 CIRCUITOS COM ASSOCIAÇÃO PARALELA DE RESISTORES............................................54
4.3 CIRCUITOS COM ASSOCIAÇÃO MISTA DE RESISTORES.....................................................58
5 TRANSFORMAÇÃO Y(ESTRELA) PARA ∆ (DELTA)...................................................................61
5.1 TRANSFORMAÇÃO DELTA ∆ PARA ESTRELA Y....................................................................62
5.2 TRANSFORMAÇÃO ESTRELA Y PARA DELTA ∆....................................................................64
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................68
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................74
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................77

UNIDADE 2 - TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS..................................83

TÓPICO 1 - TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)............................................................85


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................85
2 ANÁLISE DE MALHA..........................................................................................................................85
3 CIRCUITOS CONTENDO FONTES INDEPENDENTES DE CORRENTE............................100
3.1 CIRCUITOS CONTENDO FONTES DEPENDENTES..............................................................106
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................113

VII
TÓPICO 2 - TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................121
2 ANÁLISE NODAL...............................................................................................................................121
2.1 CIRCUITOS CONTENDO FONTES INDEPENDENTES DE TENSÃO.................................141
2.2 CIRCUITOS CONTENDO FONTES DEPENDENTES DE TENSÃO.....................................148
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................154
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................155

TÓPICO 3 - TEOREMA DE CIRCUITOS..........................................................................................161


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................161
2 PROPRIEDADE DE LINEARIDADE..............................................................................................161
3 SUPERPOSIÇÃO.................................................................................................................................167
4 TEOREMA DE THEVENIN...............................................................................................................174
5 TEOREMA DE NORTON..................................................................................................................183
6 MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA.............................................................................188
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................196
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................197

UNIDADE 3 - CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC.............................................203

TÓPICO 1 - CAPACITORES E INDUTORES..................................................................................205


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................205
2 CAPACITORES....................................................................................................................................205
3 ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES EM SÉRIE............................................................................211
4 ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES EM PARALELO..................................................................214
5 INDUTORES........................................................................................................................................216
6 ASSOCIAÇÃO DE INDUTORES EM SÉRIE.................................................................................220
7 ASSOCIAÇÃO DE INDUTORES EM PARALELO......................................................................222
8 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ELETROMAGNÉTICOS..........................................................225
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................231
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................233

TÓPICO 2 - CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM............................................................................237


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................237
2 CIRCUITO RC SEM FONTE.............................................................................................................237
3 CIRCUITOS RL SEM FONTES.........................................................................................................242
4 CIRCUITO RC COM FONTE............................................................................................................248
5 CIRCUITO RL COM FONTE............................................................................................................251
6 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RC AO DEGRAU......................................................................255
7 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RL AO DEGRAU.......................................................................258
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................261
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................263

TÓPICO 3 - CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM.........................................................................271


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................271
2 CIRCUITOS RLC SÉRIE SEM FONTE...........................................................................................271
3 CIRCUITOS RLC PARALELO SEM FONTE.................................................................................275
4 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RLC SERIE AO DEGRAU.......................................................287
5 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RLC PARALELO AO DEGRAU.............................................292
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................296
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................302
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................304
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................307
VIII
UNIDADE 1

CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• relembrar o sistema de unidades utilizado internacionalmente;

• apresentar os conceitos de Tensão, Corrente e Potência elétrica;

• reconhecer os principais componentes de um circuito elétrico;

• analisar e aplicar o conceito da Lei de Ohm;

• analisar e aplicar os conceitos das leis de Kirchhoff;

• reconhecer associação de resistores em série e paralelo;

• analisar e aplicar o conceito de transformação estrela para delta de resistores;

• analisar e aplicar o conceito de transformação delta para estrela de resistores.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO E VARIÁVEIS ELÉTRICAS

TÓPICO 2 – CONCEITOS BÁSICOS E COMPONENTES DE CIRCUITOS


ELÉTRICOS

TÓPICO 3 – LEIS BÁSICAS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em


frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

VARIÁVEIS ELÉTRICAS

1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, apresentaremos uma breve revisão do sistema de unidades
que é utilizado internacionalmente por todos os profissionais. Ao final dessa re-
visão serão apresentados os conceitos das grandezas utilizadas nas teorias de cir-
cuitos elétricos. E, por fim, serão apresentadas as equações para o cálculo de cada
grandeza, carga, corrente, tensão e potência.

Para cada grandeza serão apresentados exemplos resolvidos e, no final do


tópico, o resumo do tema abordado com o objetivo de fixar o assunto apresentado.

2 SISTEMA DE UNIDADES
Um sistema de unidade para ser utilizado por todos os engenheiros em
qualquer país seguindo um padrão único foi criado em 1960, no 11° encontro
da Conferência Geral de Pesos e Medidas, em Paris. Tal sistema é chamado por
Sistema Internacional de Unidades (SI), e, conforme apresentado no Quadro 1,
verifica-se que ele é composto por seis unidades fundamentais, sendo estas uni-
dades: o metro (m), o quilograma (kg), o segundo (s), o Ampére (A), o Kelvin(K) e
a candela (cd). A partir da combinação dessas unidades fundamentais podem ser
derivadas outras unidades físicas.

QUADRO 1 – UNIDADES BÁSICAS NO SI

Grandeza Unidade Símbolo


Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Corrente Elétrica ampère A
Temperatura Termodinâmica kelvin k
Intensidade Luminosa candela cd
FONTE: O autor

3
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

No Quadro 2 são apresentadas as unidades mais utilizadas em circuitos elé-


tricos.

O sistema internacional padroniza também os prefixos, desta forma, é possí-


vel relacionar maiores ou menores por um sistema decimal. No Quadro 3 são apre-
sentados os prefixos padronizados utilizados no SI e seus respectivos símbolos.

QUADRO 2 – UNIDADES MAIS UTILIZADAS EM CIRCUITOS ELÉTRICOS

Grandeza Unidade Símbolo


Carga Elétrica coulomb C
Potencial Elétrico volt V
Resistência ohm Ω
Condutância siemens S
Indutância henry H
Capacitância farad F
Frequência hetz Hz
Força newton N
Energia, Trabalho joule J
Potência watt W
Fluxo Magnético weber Wb
Densidade de Fluxo Mag-
tesla T
nético
FONTE: O autor

Pelos quadros observa-se que os símbolos que representam nomes pró-


prios são com letras maiúsculas, como o Kelvin (K) e o Ampère (A). Os símbolos
não são escritos no plural e dispensam qualquer pontuação.

QUADRO 3 – PREFIXOS DO SI
Fator Nome Símbolo Fator Nome Símbolo
10¹ deca da 10⁻¹ deci d
10² hecto h 10⁻² centi c
10³ quilo k 10⁻³ mili m
10⁶ mega M 10⁻⁶ micro μ
10⁹ giga G 10⁻⁹ nano n
10¹² tera T 10⁻¹² pico p
10¹⁵ peta P 10⁻¹⁵ femto f
10¹⁸ exa E 10⁻¹⁸ atto a
10²¹ zetta Z 10⁻²¹ zepto z
10²⁴ yotta Y 10⁻²⁴ yoeto y

FONTE: O autor

4
TÓPICO 1 | VARIÁVEIS ELÉTRICAS

3 CARGA E CORRENTE
A matéria é constituída por átomos e esses átomos são formados por três
partículas, sendo os elétrons, prótons e nêutrons. Os elétrons possuem carga elé-
trica negativa, os prótons carga elétrica positiva e os nêutrons cargas eletricamen-
te neutras.

A magnitude da carga elétrica de um elétron (e) é negativa e igual a


1,602x10-19 C, a de um próton (p) é positiva e igual a 1,602x10-19 C. Os átomos
contêm o mesmo número de prótons e elétrons e por isso são considerados ele-
tricamente neutros.

Define-se carga como característica elétrica do átomo, que compõem a


matéria. Essa característica é baseada no conceito das teorias atômicas, em que o
núcleo é composto pelos prótons e nêutrons, sendo o núcleo cercado por elétrons
que giram em orbitais, conhecidos também como níveis, bem definidos, represen-
tando o modelo atômico de Bohr que é apresentado na Figura 1.

NOTA

Carga é a propriedade elétrica das partículas atômicas que compõem a matéria.

FIGURA 1 – MODELO ATÔMICO DE BOHR

FONTE: <https://bit.ly/2zMgpn9>. Acesso em: 4 maio 2020.

5
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Os elétrons são atraídos das orbitas em direção ao núcleo pelos prótons,


nessa ação, ocorrem movimentos circulares, conforme descrito pelo modelo de
Bohr. Aparecem sobre eles forças centrífugas com a mesma intensidade que a
força do próton, porém, com sentido contrário, eliminando as forças de atração e
fazendo com que os elétrons se mantenham em órbita. A órbita em que se encon-
tra o elétron define a quantidade de energia dele, ou seja, quanto mais afastado o
elétron está do núcleo maior é a sua energia. Por outro lado, quanto mais afasta-
do, mais fraco é a sua ligação com o núcleo, isso diferencia os materiais conduto-
res dos materiais isolantes.

Os átomos que apresentam os elétrons da última órbita fracamente liga-


dos ao núcleo, ficam facilmente susceptíveis a tornarem elétrons livres quando
submetidos a uma energia externa, assim, a condução de eletricidade se dá pelo
movimento dos elétrons, caracterizando um material condutor.

NOTA

Materiais condutores são aqueles que conduzem facilmente eletricidade.

Os átomos que apresentam os elétrons da última órbita fortemente liga-


dos ao núcleo precisam de uma energia externa maior para fazer com que os
elétrons se tornem livre. A pouca quantidade de elétrons livres diminui, podendo
interromper a condução de eletricidade, caracterizando os materiais isolantes.

NOTA

Materiais isolantes são aqueles que não conduzem eletricidade.

6
TÓPICO 1 | VARIÁVEIS ELÉTRICAS

Os movimentos dos elétrons em materiais condutores, quando colocados


sobre uma fonte de energia externa, caracterizam-se pelo movimento de cargas
elétricas e resulta em transferência de energia de um ponto a outro. Quando esse
movimento acontece em um caminho fechado, facilitando a transferência de ener-
gia, diz respeito à formação do circuito elétrico.

O movimento das cargas elétricas é chamado de corrente elétrica e ma-


tematicamente a corrente elétrica (i) está relacionada à quantidade de carga que
passa no caminho fechado, em relação ao tempo.

NOTA

Corrente elétrica é a taxa de variação no tempo da carga que passa em um


determinado ponto.

dq
i=
dt

A unidade básica da corrente (i) é o Ampère (A), o qual 1 Ampère corres-


ponde a 1 Coulomb por segundo.

Encontram-se dois tipos de correntes elétricas, sendo elas: a corrente con-


tínua (CC) e a corrente alternada (CA). No Gráfico 1 é apresentada a corrente
contínua e, no Gráfico 2, a corrente alternada, ambas em função do tempo. Dessas
duas correntes derivam outras correntes que podem ser representadas por dife-
rentes funções matemáticas.

7
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

GRÁFICO 1 – CORRENTE CONTINUA CC

FONTE: O autor

GRÁFICO 2 – CORRENTE ALTERNADA CA

FONTE: O autor

A corrente contínua é aquela que mantém constante à polaridade com o


decorrer do tempo, conservando o sentido. Já a corrente alternada é aquela que
alterna a polaridade com o decorrer do tempo, ora um sentido ora outro. Por
convenção utiliza-se a letra maiúscula (I) para as correntes contínuas e a letra
minúscula (i) para correntes alternadas.

DICAS

É muito importante entender os conceitos da corrente contínua e corrente


alternada. Sugiro que consultem o livro: MARKUS, O. Circuitos Elétricos – Teoria e exercí-
cios. 9. ed. São Paulo: Editora Érica, 2011.

8
TÓPICO 1 | VARIÁVEIS ELÉTRICAS

Como definido anteriormente, a corrente elétrica é o movimento dos elé-


trons, cargas negativas de um ponto para outro, porém, a fim de evitar o uso de
valores negativos, é convencionado que o movimento das cargas é positivo de um
ponto para outro.

Exemplo 1: calcule a quantidade de carga quando representada por 6.800


elétrons.

Solução: a magnitude da carga do elétron é de -1,602x10-19 C. Logo,

Q=
q e.n°elétrons

C
Qq = −1, 602.10−19 .6800 elétrons
elétrons

Qq = 10,894.10−16 C

Exemplo 2: calcule a corrente que circula em um elemento por segundo


quando a carga que entra nela é de 15 C.

Solução:

dq
i=
dt

15
i=
1

i = 15 A

4 TENSÃO
Para que os elétrons consigam movimentar-se é necessário que haja trans-
ferência de energia, ou seja, que haja fonte externa capaz de aumentar a energia
nos elétrons da última órbita, os transformando em elétrons livres. Essa trans-
ferência de energia, ou variação do trabalho realizado, para movimentar uma
unidade de carga de um ponto a outro em um circuito é definida como diferença
de potencial ou tensão.

9
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

NOTA

Tensão é a energia necessária para mover uma unidade de carga de um


ponto a outro.

NOTA

Energia é a capacidade de realizar trabalho.

A tensão é definida matematicamente por:

dw
vab =
dq

Em que:

W é a energia em Joule (J) e q é a carga dada em Coulomb (C).

A unidade básica da tensão é Volts (V) e 1 Volts corresponde 1 Joule por


Coulomb.

Assim como a corrente elétrica, existe a tensão contínua (CC) e a tensão


alternada (CA). A tensão contínua mantém constante a polaridade com o decor-
rer do tempo, sendo representada pela letra maiúscula (V). Já a tensão alterada é
aquela que altera a polaridade com o decorrer do tempo, ora em um sentido ora
em outro. A representação é dada pela letra minúscula (v).

Exemplo 3: calcule a tensão entre dois pontos quando um trabalho de 145


Joules é realizado para mover 11,85x1018 elétrons.

Solução:
q = 11,85.1018.1, 602.10−19
q = 1,898 C
dw
v=
dt

10
TÓPICO 1 | VARIÁVEIS ELÉTRICAS

145 J
v=
1,898 C

v = 76, 40V

5 POTÊNCIA
Todo equipamento quando submetido a uma tensão (diferença de poten-
cial) libera ou absorve potência a partir da corrente que circula pelo equipamento,
ou seja, a energia fornecida aos elétrons por uma fonte externa faz com que as
cargas se movimentem. A qual a quantidade de carga se movimenta por unidade
de tempo com a variação de energia e libera ou absorve uma potência.

NOTA

Potência é a taxa de liberação ou absorção de energia no tempo.

Como exemplo, uma lâmpada que tem uma potência de 250 W, tal po-
tência é disparada quando sobre seus terminais houver tensão de 220 V, a partir
de uma corrente de 1,1367 A. Assim, define-se matematicamente a potência por:

dw
P=
dt

Em que:

P é a potência dada em Watts (W), W é a energia dada em joules (J) e t é o


tempo em segundos (s).

Das equações definidas anteriormente para a tensão e a corrente, pode-se


reescrever a equação da potência, para uma potência instantânea como:

dw
P=
dt

dw dq
P= .
dq dt

P = v.i

11
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

A potência pode ser liberada ou absorvida pelo equipamento. O que de-


fine se a potência será liberada ou absorvida é a variação de energia. Pode-se
determinar através do uso da convenção da direção da corrente com a polaridade
da tensão. Essa convenção é chamada de convenção sinal passivo.

DICAS

O conceito de potência liberada ou absorvida é muito importante. Sugiro que


consultem o livro: DORF, R. C.; SVOBODA, J. A. Introdução aos Circuitos Elétricos. 9. ed.
São Paulo: LTC, 2016.

Nas Figuras 2a e 2b, verifica-se a convenção. Quando a corrente entra no


polo positivo da fonte de tensão a potência é absorvida pelo equipamento e, en-
tão, será positiva. Quando a corrente entra no polo negativo da fonte de tensão, a
potência será negativa.

FIGURA 2 – CONVENÇÃO PASSIVA DE SINAL

(a) (b)
FONTE: O autor

Exemplo 4: uma fonte de tensão mede 408 V e a corrente que circula no


circuito é de 0,35 A. Qual a potência do equipamento?

Solução:

P = V .i
P = 408.0,35
P = 142,8W

12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os engenheiros utilizam o sistema internacional de unidades, o S.I. Neste sis-


tema, são utilizadas seis unidades principais, e a partir destas derivam outras
unidades para quantidades físicas.

• A carga é uma característica atômica dos átomos, é positiva para os prótons e


negativa para os elétrons, com valor de 1,602x10-19 C e medida em Coulombs (C).

• O movimento das cargas em um caminho fechado é chamado de corrente elé-


trica e a unidade de medida é o Ampère (A), definida pela equação:

dq
i=
dt

• A variação do trabalho para movimentar as cargas de ponto ao outro é definida


como tensão, ou diferença de potencial, e a unidade de medida é em Volts (V),
a qual a equação é dada por:

dw
v=
dq

• A variação da energia em função da variação do tempo define a potência em


um elemento. Essa potência pode ser absorvida ou liberada por um equipa-
mento. A unidade para medir esta potência é o Watt (W) e a equação da potên-
cia pode ser obtida por:

dw
P=
dt

13
AUTOATIVIDADE

1 Qual das cinco tensões,


= v1 85
= µV , v2 0, 045=
mV , v3 63
= −6
nV , v4 35.10= V e v5 22.10−3 V ,
é a maior?

2 Calcule o valor de carga de 2590 prótons.

3 A energia gasta para mover uma carga de um ponto A para um ponto B é de


35 J e do ponto B para o ponto C é de -20 J. Calcule a queda de tensão vab e vbc
para uma carga de 3 C.

4 Calcule a corrente em um equipamento quando a carga que entra neste é de


25t C. Sendo t o tempo em segundos.

5 Para uma corrente de 8 kA que passa por um equipamento. Calcule o valor


da carga que passa através do equipamento no primeiro microssegundo.

6 Calcule a corrente média que passa no equipamento num intervalo de tempo


de 8 ms, para uma carga de 65 nC.

7 Para o equipamento ilustrado a seguir, calcule o valor da potência e se esta


está sendo absorvida ou liberada:

(a) (b) (c) (d)

8 Uma fonte externa com tensão constante de 24 V fornece 18 J de energia em


um intervalo de tempo específico. Durante esse período, calcule o quanto de
carga foi movimentado.

9 No esquema a seguir, em que dois equipamentos estão conectados em série,


o equipamento 1 absorve uma potência de 48 W. O equipamento 2 libera ou
absorve potência? Calcule o valor desta potência.

10 Calcule a potência para um circuito em que a tensão de alimentação seja 15


V e a corrente de consumo de 15 A, para os 15 segundos iniciais.

14
UNIDADE 1
TÓPICO 2

CONCEITOS BÁSICOS E COMPONENTES


DE CIRCUITOS ELÉTRICOS

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, os estudos iniciarão com a apresentação dos componentes


utilizados em circuitos elétricos. Um circuito elétrico pode ser definido como a
interligação dos componentes elétricos ou eletrônicos, fechando caminho para a
circulação da corrente elétrica. Essa interligação dos componentes pode ser feita
com ligação em série, em paralelo, e ligação mista, sendo a última a utilização das
ligações série e paralelo no mesmo circuito.

Conforme visto no Tópico 1, as variáveis elétricas como corrente, tensão e


potência são as grandezas a serem calculadas nos componentes do circuito elétrico.
Os componentes utilizados em circuitos elétricos são classificados em duas cate-
gorias, sendo elas: os componentes ativos, que liberam energia, e os componentes
passivos, que absorvem energia. Como exemplos dos componentes ativos têm as
baterias, pilhas, geradores e modelos de transistor, tais componentes são geradores
de energia. Para os componentes passivos são absorvedores de energia os resisto-
res, os indutores e os capacitores. Porém, na Unidade 3 serão abordados os indu-
tores e capacitores, que são componentes passivos capazes de armazenar energia.

Neste tópico, os componentes ativos mais importantes serão estudados,


sendo eles:

• Fonte de tensão independente.


• Fonte de corrente independente.
• Fonte de tensão dependente.
• Fonte de corrente dependente.

2 FONTE DE TENSÃO INDEPENDENTE


Uma fonte de tensão independente ideal é um componente que mantém a
tensão constante em seus terminais, não dependendo de outra variável do circui-
to. Assim, para qualquer corrente que seja solicitada da fonte independente a sua
tensão permanecerá a mesma. Como exemplo de uma fonte independente tem-se
as baterias e a tensão fornecida pela concessionária.

15
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

NOTA

Fonte de tensão independente é um componente que mantém a tensão em


seus terminais independente da corrente solicitada.

O símbolo utilizado para a fonte de tensão independente é apresentado


na Figura 3.

FIGURA 3 – SIMBOLOGIA DAS FONTES DE TENSÃO INDEPENDENTE

FONTE: O autor

3 FONTE DE CORRENTE INDEPENDENTE


Uma fonte de corrente independente ideal é um componente que mantém
a corrente constante em seus terminais, não dependendo de outra variável do
circuito. Assim, para qualquer tensão que seja solicitada da fonte, independente-
mente, a sua corrente permanecerá a mesma.

NOTA

Fonte de corrente independente é um componente que mantém a corrente


em seus terminais independente da tensão solicitada.

O símbolo utilizado para uma fonte de corrente independente é apresen-


tado na Figura 4, no qual a seta indica o sentido da corrente.

16
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS E COMPONENTES

FIGURA 4 – SIMBOLOGIA DAS FONTES DE CORRENTE INDEPENDENTE

FONTE: O autor

Exemplo 1: calcule a potência liberada ou absorvida pelos componentes


do circuito da Figura 5.

FIGURA 5 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução: analisando a polaridade da fonte de 36 V e o sentido da corrente


I, observa-se que o sentido da corrente sai do terminal positivo, logo, a fonte libera
potência. Verificando os componentes 1, 2 e 3 e o sentido da corrente I, nota-se que o
sentido da corrente entra no terminal positivo dos componentes, logo os componen-
tes 1, 2 e 3 absorvem potência. Para calcular os valores das potências, é necessário o
uso das equações apresentadas no Tópico 1. Assim, para a fonte de 36 V, tem-se:

P = V .I

P = 36 . 3

P = 108W

17
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Para o componente 1:

P = V .I

P = 12.3

P = 36W

Para o componente 2:

P = V .I

P = 9.3

P = 27 W

Para o componente 3:

P = V .I

P = 15.3

P = 45W

Conclui-se que a potência liberada é igual a soma das potências absorvi-


das.

Exemplo 2: calcule a potência liberada ou absorvida pelos componentes


do circuito da Figura 6.

FIGURA 6 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

18
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS E COMPONENTES

Solução: observando a polaridade da fonte e o sentido da corrente de 2


A, é possível observar que a corrente sai do positivo, logo, a fonte de 2 A libera
potência.

Verificando a polaridade do componente 1 e o sentido da corrente obser-


va-se que a corrente entra no positivo do componente, logo, este componente está
absorvendo potência.

Através da polaridade do componente 2 e o sentido da correte, observa-se


que a corrente entra no negativo do componente, logo, o componente está libe-
rando potência.

Analisando a polaridade do componente 3 e o sentido da corrente, nota-se


que a corrente entra no positivo do componente, logo, o componente está absor-
vendo potência.

Para o cálculo dos valores das potências será utilizada a equação apresen-
tada no Tópico 1.

Assim, para a fonte de corrente, tem-se:

P = V .I

P = 24.2

P = 48W

Para o componente 1:

P = V .I

P = 16.2

P = 32W

Para o componente 2:

P = V .I

P = 4.2

P = 8W

19
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Para o componente 3:

P = V .I

P = 12.2

P = 24W

Conclui-se que a soma das potências liberadas é igual a soma das potên-
cias absorvidas.

4 FONTE DE TENSÃO DEPENDENTE


Uma fonte de tensão dependente é um componente o qual seu valor de-
pende do valor da tensão ou da corrente de um ponto do circuito. Como exemplo
de fonte de tensão dependente tem-se o gerador de energia elétrica, em que a
tensão induzida no enrolamento do estator depende da corrente no rotor.

NOTA

Fonte de tensão dependente é um componente onde o valor da tensão em


seus terminais depende do valor da corrente ou tensão em um ponto específico do circuito.

O símbolo utilizado para fonte de tensão dependente é apresentado na


Figura 7. Nota-se que as fontes dependentes são diferenciadas na representação
das fontes independentes, caracterizando-se na forma de um losango.

FIGURA 7 – SIMBOLOGIA DAS FONTES DE TENSÃO DEPENDENTE

FONTE: O autor

20
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS E COMPONENTES

Existem dois tipos de fonte de tensão dependente, são elas:

• A fonte de tensão controlada por corrente (FTCC).


• A fonte de tensão controlada por tensão (FTCT).

A fonte do tipo FTCC o controle é com curto-circuito, como apresentado


na Figura 8.

FIGURA 8 – SIMBOLOGIA DAS FONTES DE TENSÃO DEPENDENTE (FTCC)

FONTE: O autor

A tensão Va é zero, assim: Va = 0V. A corrente ia é o valor da corrente no pon-


to do circuito para a fonte de tensão dependente. A fonte de tensão dependente Vb
depende do valor da corrente ia. Assim:

Vb = g .ia

Em que a constante g é o ganho da fonte.

A fonte do tipo FTCT o controle é com circuito aberto, como mostrado na


Figura 9.

FIGURA 9 – SIMBOLOGIA DAS FONTES DE TENSÃO DEPENDENTE (FTCT)

FONTE: O autor

A corrente ia é zero, assim: ia= 0 A. a tensão Va é o valor da tensão no ponto


do circuito, para a fonte de tensão dependente. A fonte de tensão Vb depende do
valor da tensão Va. Assim:

21
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Vb = g .Va

Em que a constante g é o ganho da fonte.

5 FONTES DE CORRENTE DEPENDENTE


Uma fonte de corrente dependente é um componente cujo valor depende
do valor da tensão ou da corrente de um ponto do circuito. Como exemplo de
uma fonte de corrente dependente tem-se o transistor, o qual a corrente no coletor
tem valor variável proporcionalmente a da corrente da base.

NOTA

Fonte de corrente dependente é um componente onde o valor da corrente


em seus terminais depende do valor da tensão ou corrente em um ponto específico do
circuito.

O símbolo utilizado para a fonte de corrente dependente é apresentado


na Figura 10.

FIGURA 10 – SIMBOLOGIA DAS FONTES DE CORRENTE DEPENDENTE

FONTE: O autor

Estem dois tipos de fonte de corrente dependente, são elas:

• A fonte de corrente controlada por tensão (FCCT).


• A fonte de corrente controlada por corrente (FCCC).

A do tipo FCCT é controlada com circuito aberto, sendo assim a corrente


ia=0A, a tensão Va é o valor da tensão no ponto do circuito para a fonte de corrente
dependente, e a corrente ia depende do valor da tensão Va. Conforme pode ser
visto na Figura 11. Assim:

ib = g .Va
22
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS E COMPONENTES

Em que a constante g é o ganho da fonte.

FIGURA 11 – SIMBOLOGIA DAS FONTES DE CORRENTE DEPENDENTE (FCCT)

FONTE: O autor

A do tipo FCCC é controlada com curto-circuito é apresentada na Figura 12.

FIGURA 12 – SIMBOLOGIA DAS FONTES DE CORRENTE DEPENDENTE (FCCC)

FONTE: O autor

A tensão Va=0V, a corrente ia é o valor da corrente no ponto do circuito,


para a fonte de corrente dependente, e a fonte da corrente ib depende do valor da
corrente ia . Assim:

ib = g .ia

Em que a constante g é o ganho da fonte.

Exemplo 1: calcule a potência da fonte dependente do circuito da Figura


13 e determine se ela está sendo absorvida ou fornecida.

23
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

FIGURA 13 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

Vb = 2.ia

Vb = 2.1, 25

Vb = 2,5V

P = Vb .ib

P = 2,5.1, 75

P = 4,375W absorvida

Exemplo 2: calcule a potência da fonte dependente do circuito da Figura 14 e de-


termine se ela está sendo absorvida ou fornecida.

FIGURA 14 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

24
TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS E COMPONENTES

Solução:

Vb = 2.Va

Vb = 2.2

Vb = 4V

P = Vb .ib

P = 4.1,5

P = 6W absorvida

Exemplo 3: calcule a potência da fonte dependente do circuito a seguir e


determine se ela está sendo absorvida ou fornecida.

FIGURA 15 – EXEMPLO 3

FONTE: O autor

Solução:

ib = 4.Va

ib = 4.2

ib = 8 A

P = Vb .ib

P = 2, 20.8

P = −17, 6W fornecida
25
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Exemplo 4: calcule a potência da fonte dependente do circuito a seguir e


determine se ela está sendo absorvida ou fornecida.

FIGURA 16 – EXEMPLO 4

FONTE: O autor

Solução:

ib = 4.ia

ib = 4.1, 20

ib = 4,8 A

P = Vb .ib

P = 24.4,8

P = −115, 2W fornecida

26
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Circuito é um caminho fechado onde circula corrente por componentes que


podem estar ligado em serie ou paralelo.

• Existem dois tipos de componentes: os ativos, que são os que liberam energia,
e os passivos, que absorvem energia.

• Os componentes ativos são fontes de energia, como as baterias e pilhas.



• Os componentes passivos são as resistências, indutores e capacitores.

• As fontes ativas são classificadas em dois tipos: independentes e dependentes.

• As fontes de tensão independente ideais são aquelas que mantêm a tensão es-
pecificada independente da corrente solicitada de circuito.

• As fontes dependentes de tensão são aquelas cujo valor depende da tensão ou


da corrente de uma fonte específica do circuito.

• As fontes dependentes de corrente são aquelas em que o valor depende da ten-


são ou corrente de uma parte específica do circuito.

27
AUTOATIVIDADE

1 Calcule a potência fornecida ou absorvida por cada elemento representado


a seguir:

2 Calcule a potência fornecida ou absorvida por cada elemento representado


a seguir:

3 Calcule a potência absorvida por cada elemento representado:

28
4 Calcule lo no circuito representado a seguir:

5 Calcule Vo para o circuito representado a seguir:

6 A fonte Vs no circuito da representação a seguir está consumindo ou forne-


cendo potência? Qual o valor de Vs?

7 Calcule Vs do circuito representado a seguir:

29
8 Calcule a potência que é consumida ou fornecida pelos componentes do
circuito representado a seguir:

9 Calcule a potência absorvida ou fornecida pelos componentes representa-


dos a seguir:

10 Calcule a potência consumida ou fornecida pelos componentes do circuito


da ilustração a seguir.

30
UNIDADE 1
TÓPICO 3

LEIS BÁSICAS

1 INTRODUÇÃO
No Tópico 3, serão apresentadas as leis fundamentais para análise de cir-
cuitos, em que serão calculadas as grandezas apresentadas no Tópico 1. Para dar
início aos estudos, neste tópico, as leis serão aplicadas somente para circuitos
puramente resistivos, deixando o estudo com circuitos indutivos e capacitivos
para a Unidade 3.

Os circuitos podem ser compostos por resistores ligados em série, em


paralelo ou circuitos mistos, sendo o último com ligações serie e paralelo. Para
alguns circuitos em que os resistores não estão nem em série e nem em paralelo,
será apresentado uma técnica de transformação de circuitos estrela para delta e
de delta para estrela que simplificará os circuitos.

Ao final do tópico, estarão disponíveis alguns exercícios para melhor fi-


xação do conteúdo.

2 LEI DE OHM
Um material pode apresentar facilidade ou dificuldade para a circulação
do fluxo de carga elétrica, a corrente elétrica, isso faz com que o material seja clas-
sificado como condutor ou isolante. A grandeza utilizada para medir a facilidade
de circulação da corrente elétrica é chamada de condutância e é representada pela
letra G. A sua unidade de medida pelo SI é o Siemens, representada pela letra S.

A grandeza utilizada para medir a dificuldade da circulação da corrente


elétrica é chamada de resistência elétrica, sendo representada pela letra R e sua
unidade de medida pelo SI é o OHM, representada pela letra grega Ω (ômega).

Dessa forma, a condutância é o inverso da resistência, ou seja, quanto


maior for a condutância do material, menor será a sua resistência e quanto maior
for a resistência, menor será a sua condutância. Assim, pode-se escrever:

31
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

1 1
=G = ou R
R G

Diante disso, a resistência depende de suas características físicas, do ma-


terial que é constituído, sua seção transversal e seu comprimento. Assim, a equa-
ção que define matematicamente a resistência é:

l
R=r .
A

Em que:

r = resistividade do material em Ohm, metro, conforme Tabela 1.


l = é o comprimento em metros (m).
A = é a seção transversal em metro quadrado (m²).

TABELA 1 – RESISTIVIDADES DE ALGUNS MATERIAIS

Material Resistividade (Ω.m)


Prata 1,64x10-8
Cobre 1,72x10-8
Aluminio 2,8x10-8
Ouro 2,45x10-8
Carbono 4x10-5
Germânio 47x10-2
Silício 6,4x102
Papel 1010
Mica 5x1011
Vidro 1012
Teflon 3x1012
FONTE: O autor

O componente ideal usado em circuitos para representar o comportamen-


to da resistência é o resistor. Na Figura 17 são apresentados os símbolos utiliza-
dos para representar o resistor.

32
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

FIGURA 17 – SIMBOLOGIA DOS RESISTORES

Resistor Fixo Resistor Variável


FONTE: O autor

Os resistores normalmente são construídos de ligas metálicas e compo-


nentes de carbono. Os fabricantes disponibilizam três parâmetros das caracterís-
ticas, sendo elas a resistência ôhmica, a tolerância e a potência. A resistência é o
valor específico do resistor, indicada sobre o corpo numericamente ou por anéis
coloridos, que tem valores definidos conforme a Tabela 2.

TABELA 2 – VALORES DAS CORES DOS ANÉIS DOS RESISTORES


1º anel 2º anel 3º anel
Cor do anel 1º algarismo 2º algarismo 3º algarismo Multiplicador Tolerância
Preto 0 0 0 1
Marrom 1 1 1 10 ± 1%
Vermelho 2 2 2 100 ± 2%
Laranja 3 3 3 1000
Amarelo 4 4 4 10000
Verde 5 5 5 100000
Azul 6 6 6 1000000
Violeta 7 7 7 10000000
Cinza 8 8 8 100000000
Branco 9 9 9 1000000000
Ouro x 0,1 ±5%
Prata x 0,01 ±10%
Sem cor ±20%
FONTE: O autor

A tolerância é a diferença que pode ocorrer no valor ôhmico da resistên-


cia e essa diferença ocorre devido ao processo de fabricação do resistor. Existem
cinco valores de tolerância que são ±1%, ±2%, ±5%, ±10% e ±20%. Os resistores de
1% e 2% são chamados de resistores de precisão, os demais são resistores comuns.

A potência determina quanto o resistor suporta de calor sem alterar o


seu valor e sem ser danificado. Para que seja possível verificar o valor ôhmico do
resistor com os anéis deve ser utilizada a Tabela 2. Os resistores comuns apresen-
tam quatro anéis e os resistores de precisão apresentam cinco anéis.

Na Figura 18 é apresentado um modelo de resistor com quatro anéis. Os


anéis devem ser lidos em determinada sequência, sendo o anel mais próximo da
extremidade como o primeiro número. Os três primeiros anéis indicam o valor
ôhmico, sendo o terceiro anel o fator de multiplicação. O último anel indica o
valor da tolerância.

33
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

FIGURA 18 – RESISTOR DE QUATRO ANÉIS

FONTE: O autor

Exemplo:

Primeiro anel – Laranja


Segundo anel – Branco
Terceiro anel – Vermelho
Quarto anel – Dourado
O valor do resistor será de 3900 Ohms ±5%.

Na Figura 19 é apresentado o modelo de resistor com cinco anéis. Da mes-


ma maneira que o com 4 anéis, este deve iniciar a leitura pelo anel mais próxi-
mo da extremidade. Os quatro primeiros anéis indicam o valor ôhmico, sendo o
quarto anel o fator de multiplicação. O último anel indica o valor da tolerância.

FIGURA 19 – RESISTOR DE CINCO ANÉIS

FONTE: O autor

Exemplo:

Primeiro anel – Vermelho


Segundo anel – Violeta
Terceiro anel – Azul
Quarto anel – Preto
Quinto anel – Marrom
O valor do resistor será de 276 Ohms ±1%.

No Século XIX, o físico alemão chamado Georg Simon OHM encontrou a


relação entre a tensão e a corrente sobre um resistor. Ohm montou um circuito,
conforme a Figura 20, sendo o resistor um valor fixo e conhecido e a fonte de ten-
são variável com valores também conhecidos.

34
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

FIGURA 20 – CIRCUITO PARA A FORMULAÇÃO DA LEI DE OHM

A
V R

V
FONTE: O autor

Com um amperímetro e um voltímetro conectados ao circuito, Ohm va-


riou a tensão da fonte e anotava esses valores. Ohm observou que conforme au-
mentava a tensão a corrente aumentava linearmente, dessa forma, Ohm conclui
que a corrente é diretamente proporcional a variação da tensão. Assim, ele criou
a equação que ficou conhecida como a Primeira Lei de Ohm, sendo:

V = R.I

Em que:

V é a tensão em Volts (V).


I é a corrente em Ampère (A).
R é a resistência em Ohm (Ω).

Irwin (2013, p. 18) diz que “a lei de OHM estabelece que a tensão em um
resistor é diretamente proporcional à corrente que flui através dele. A resistência,
medida em Ohms, é a constante de proporcionalidade entre a tensão e a corrente”.

Com a equação da Lei de Ohm pode-se calcular o valor de R, que pela


equação é inversamente proporcional a corrente, ou seja, quanto maior a resistên-
cia menor será a corrente do circuito e vice e versa. Com tal conclusão observam-
-se os dois extremos da Lei de Ohm:

• Para uma resistência muito alta, tendendo ao infinito, não existirá corrente no
circuito, podendo-se dizer que o resistor está aberto.

NOTA

Resistor aberto é quando a resistência se aproxima do infinito e a corrente é


igual a zero.

35
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

• Para uma resistência muito baixa, tendendo a zero, a corrente será muito alta,
podendo-se dizer que o resistor está em curto-circuito, à tensão sobre o resistor
será zero.

NOTA

Resistor em curto-circuito é quando a resistência é aproximadamente zero, a


corrente aproxima-se do infinito.

É possível também pela Lei de Ohm calcular a potência no resistor, utili-


zando a equação vista no Tópico 1. Assim, temos:

P = V .I

A Lei de Ohm:

V = R.I

Substituindo a tensão na equação da potência:

P = R.I 2

Substituindo a corrente na equação da potência:

V2
P=
R

Exemplo 1: calcule a corrente e a potência absorvida pelo resistor da Fi-


gura 21.

FURA 21 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

36
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Solução: pela Lei de Ohm, temos:

V = R.I

V
I=
R

I = 2,5 A

Com a equação da potência, temos:

P = R.I 2

P = 25W

Exemplo 2: para o circuito apresentado na Figura 22, em que a potência


absorvida pelo resistor é de 72 W. Calcule a tensão da fonte e a corrente no resistor.

FIGURA 22 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: com a equação da potência temos:

P = R.I 2

I =3A

V = 24V

Exemplo 3: uma secadora de roupa consome uma corrente de 18 A, quan-


do ligada em uma fonte de 200 V. Calcule a resistência desta secadora e o valor da
condutância deste resistor.

Solução: pela Lei de Ohm, temos:

37
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

A condutância pode ser calculada por:

Ou

G = 90 mS

3 LEI DE KIRCHHOFF
Para circuitos em que os elementos são somente fonte e um resistor, a Lei de
Ohm pode ser aplicada para o cálculo de tensão e corrente. Porém, quando são adi-
cionados mais elementos, não é possível a utilização diretamente da Lei de Ohm.

Em 1847, o cientista e professor da universidade de Berlim, Gustav Robert


Kirchhoff, formulou duas equações para a resolução de circuitos com dois ou mais
resistores e fontes. Essas equações são chamadas de Leis de Kirchhoff, as quais re-
lacionam a tensão e a corrente entre os elementos do circuito.

Os diferentes modos que podem ser conectados os elementos de um circui-


to faz com que alguns termos devam ser definidos para análise e aplicação das Leis
de Kirchhoff:

• Primeiro - a definição de nó: um nó é um ponto de conexão de dois ou mais


componentes do circuito, na Figura 23 estão destacados os nós do circuito.

38
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

FIGURA 23 – CIRCUITO DESTACANDO OS NÓS

FONTE: O autor

• Segundo - a definição de ramo, ramo é um único elemento conectado entre dois


nós, como uma fonte ou um resistor. Na Figura 24 é apresentado um circuito
com sete ramos.

FIGURA 24 – CIRCUITO DESTACANDO OS RAMOS

FONTE: O autor

• Terceiro - a definição de malha ou laço. Malha é qualquer caminho fechado


que, partindo de um nó qualquer escolhido, percorra todos os componentes
neste caminho fechado retornando ao nó de partida, porém não pode passar
pelo nó escolhido. Na Figura 25 é apresentado um circuito com duas malhas.

39
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

FIGURA 25 – CIRCUITO DESTACANDO AS MALHAS OU LAÇOS

FONTE: O autor

• Quarto - à definição de série: é quando os elementos estão conectados sequen-


cialmente, o final do primeiro elemento está conectado no início do segundo,
o final do segundo está conectado no início do terceiro e assim por diante.
Quando os elementos estão conectados em série, a corrente que circulará pelo
elemento um é igual à que circulará pelo elemento dois e assim por diante. En-
tretanto, a tensão do elemento um será diferente da tensão do elemento dois e
assim por diante. Assim, para elementos em série a corrente é igual para todos
os elementos, mas a tensão é diferente nos elementos. Na Figura 26 é apresen-
tado um circuito em série.

FIGURA 26 – CIRCUITO COM OS ELEMENTOS EM SÉRIE

FONTE: O autor

• Quinto - a definição de paralelo: paralelo é quando os elementos estão conectados


nos mesmos pares de terminais, entre dois nós, o início do primeiro elemento está
conectado com o início do segundo elemento que está conectado com o início do
terceiro elemento, e assim por diante. O final do primeiro elemento está conecta-
do com o final do segundo elemento que está conectado com o final do terceiro
elemento, e assim por diante. Quando os elementos estão conectados em paralelo
a tensão é igual em todos os elementos. Entretanto, a corrente que circula pelos
elementos é diferente. Na Figura 27 é apresentado um circuito em paralelo.

40
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

FIGURA 27 – CIRCUITO COM OS ELEMENTOS EM PARALELO

FONTE: O autor

Com as definições apresentadas, podemos aplicar as Leis de Kirchhoff


para cálculo das tensões e correntes nos circuitos. A primeira Lei de Kirchhoff é
para a corrente (LCK), que diz que a soma das correntes que chegam em um nó é
igual à soma das correntes que saem do mesmo nó. Convencionalmente, as cor-
rentes que chegam em um nó são positivas e as que saem do nó são negativas. A
Lei das correntes de Kirchhoff estabelece que a soma algébrica das correntes que
chegam em um nó é zero.

NOTA

Lei das correntes de Kirchhoff (LCK): a soma algébrica das correntes que en-
tram em um nó é igual a zero.

Matematicamente é escrita como:


N

∑i
n =1
n =0

Em que:

N é o número de ramos conectados ao nó.


iné a n-ésima corrente chegando ou saindo de um nó.

Exemplo 1:

Para o circuito da Figura 28, calcule o valor das correntes I1, I2 e I3.

41
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

FIGURA 28 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução: o circuito está conectado em paralelo, assim a tensão em R1 é


igual a tensão em R2 que é igual a tensão da fonte V1. Pela Lei de Ohm é possível
calcular as tensões nos resistores R1 e R2:

VR1 = R1.I 3

I3 = 2 A

VR 2 = R2 .I 2

I2 = 5 A

Escrevendo a primeira Lei de Kirchhoff, temos:


N

∑i
n =1
n =0

0
I1 − I 2 − I 3 =

I=
1 I 2 + I3

I1 = 7 A

A segunda Lei de Kirchhoff é para a tensão (LTK), essa lei estabelece que
a soma algébrica das tensões em um caminho fechado (malha) é zero.

42
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

E
IMPORTANT

A lei das tensões de Kirchhoff (LTK) a soma algébrica das tensões em um ca-
minho fechado é igual a zero.

Matematicamente é escrita como:


M

∑v
m =1
m =0

Em que:

M é o número de tensões na malha.


Vmé a m-ésima tensão.

Exemplo 2: para o circuito da Figura 29 calcule o valor da fonte V1, consi-


derando a corrente I=8 A.

FIGURA 29 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: pela Lei de Ohm é possível calcular a tensão em cada resistor,


R1, R2, R3 e R4. Assim:

VR1 = R1.I

VR1 = 40V

VR 2 = R2 .I
43
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

VR 2 = 16V

VR 3 = R3 .I

VR 3 = 80V

VR 4 = R4 .I

VR 4 = 120V

Escrevendo a segunda Lei de Kirchhoff temos:

∑v
m =1
m =0

−V1 + VR1 + VR 2 + VR 3 + VR 4 =0

V1 = VR1 + VR 2 + VR 3 + VR 4

V1 = 200V

4 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
Os circuitos resistivos podem ser reduzidos a partir de associação dos
resistores, resultando em um único resistor chamado de resistor equivalente. A
técnica de redução de circuitos, pelo método de associação dos resistores, pode
transformar um circuito com vários resistores em apenas um resistor.

Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 51) afirmam que “a necessidade de


combinar resistoreem série ou em paralelo ocorre tão frequentemente que estas
conexões merecem uma atenção especial. O processo de combinar resistores é
mais fácil se os combinarmos de dois em dois”.

Na associação série de resistores, a resistência equivalente é obtida pela


soma dos resistores. Este valor da resistência equivalente é o valor visto pela fon-
te, independente de quantos resistores estiver em série.

44
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

E
IMPORTANT

Resistores em série têm o comportamento como um único resistor, em que a


resistência equivalente é igual a soma das resistências dos resistores individuais.

Exemplo 1: no circuito da Figura 30, calcule o valor da resistência equiva-


lente visto pela fonte de entrada.

FIGURA 30 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução: aplicando a segunda Lei de Kirchhoff, temos:

∑v
m =1
m =0

0
−V1 + VR1 + VR 2 + VR 3 + VR 4 + VR 5 + VR 6 + VR 7 =

V1 = VR1 + VR 2 + VR 3 + VR 4 + VR 5 + VR 6 + VR 7

Pela Lei de Ohm podemos escrever:

V1 = R1.I + R2 .I + R3 .I + R4 .I + R5 .I + R6 .I + R7 .I

V1 = ( R1 + R2 + R3 + R4 + R5 + R6 + R7 ) .I

45
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Assim, o valor da resistência que é visto pela fonte é a soma de todos os


resistores. Podemos então escrever:

Req. = R1 + R2 + R3 + R4 + R5 + R6 + R7

Req. = 68 Ω

Na associação paralela à resistência equivalente é obtida do inverso da


soma do inverso das resistências em paralelo. Matematicamente é escrita como:

1 1 1 1 1
= + + +…+
Req. R1 R2 R3 Rn

Ou

1
Req =
1 1 1 1
+ + +…+
R1 R2 R3 Rn

Exemplo 2: no circuito da Figura 31, calcule o valor da resistência equiva-


lente visto pela fonte de entrada.

FIGURA 31 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: aplicando a primeira Lei de Kirchhoff:


N

∑i
n =1
n =0

I = I1 + I 2 + I 3

46
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Pela Lei de Ohm, temos:

V1 = Req. .I

V1
I=
Req.

Assim substituindo a equação da Lei de Ohm, na equação da Lei de Kir-


chhoff, temos:

V1 V V V
= 1+ 1 + 1
Req. R1 R2 R3

Dividindo os dois lados da equação por V1, temos:

1 1 1 1
= + +
Req. R1 R2 R3

Assim, o valor da resistência visto pela fonte é:

1
Req =
1 1 1
+ +
R1 R2 R3

Req. = 1,19 Ω

Para os circuitos que contiverem os resistores em paralelo é possível apli-


car a associação de dois em dois resistores pela equação:

R1.R2
Req. =
R1 + R2

NOTA

Dois resistores em paralelo têm o comportamento como um único resistor,


em que a resistência equivalente é igual ao produto das suas resistências dividido pela
soma das resistências.

47
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Alguns circuitos podem apresentar parte dos resistores conectados em


série e outra parte em paralelo, são chamados de circuitos mistos. Para calcular o
valor da resistência equivalente, aplica-se a equação da associação em série e da
associação em paralelo sucessivas vezes, reduzindo o circuito até que se obtenha
o valor da resistência equivalente.

Exemplo 3: para o circuito da Figura 32, calcule a resistência equivalente


visto pela fonte de tensão.

FIGURA 32 – EXEMPLO 3

FONTE: O autor

Solução: verificando o circuito os resistores R4 e R5 estão em série, logo


iniciaremos por essa associação, o circuito equivalente é apresentado na Figura 33.

Req=
1 R4 + R5

Req1 = 10 Ω

FIGURA 33 – CIRCUITO EQUIVALENTE 1

FONTE: O autor

48
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Verificamos que o resistor R3 fica em paralelo com o resistor obtido pela


associação, Req1. Assim redesenhando o circuito temos o circuito da Figura 34:

Req.1.R3
Req 2 =
Req.1 + R3

Req 2 = 5 Ω

FIGURA 34 – CIRCUITO EQUIVALENTE 2

FONTE: O autor

Pelo circuito da Figura 34 é possível verificar que o resistor R2 está em


série com o resistor equivalente Req2 desenhando novamente o circuito temos o
circuito da Figura 35:

Req=
3 R2 + Req.2

Req 3 = 25 Ω

FIGURA 35 – CIRCUITO EQUIVALENTE 3

FONTE: O autor

49
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

O resistor R1 está em paralelo com o resistor Req.3, analisando o circuito


da Figura 35. O circuito equivalente obtido com associação paralela dos resistores
está apresentado na Figura 36, assim o resistor equivalente visto pela fonte fica:

Req.3 .R1
Req 4 =
Req.3 + R1

Req 2 = 7,14 Ω

FIGURA 36 – CIRCUITO EQUIVALENTE 4

FONTE: O autor

Logo, o resistor equivalente 4 é o próprio resistor equivalente visto pela


fonte de entrada.

4.1 CIRCUITOS COM ASSOCIAÇÃO SÉRIE DE RESISTORES


Com a apresentação das leis e as associações dos resistores é possível cal-
cular os valores de corrente e tensão para o circuito série, que é talvez um dos
mais simples dos circuitos. Lembrando que para circuitos em série a corrente é
igual em todos os resistores e que a tensão é diferente.

Exemplo 1: para o circuito da Figura 37, calcule os valores das tensões, as


potências e o resistor equivalente visto pela fonte.

FIGURA 37 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor
50
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Solução: calculando a resistência equivalente:


Req. = R1 + R2 + R3

Req. = 90 Ω

O circuito pode ser substituído pelo circuito da Figura 38:

FIGURA 38 – CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: O autor

Aplicando a segunda Lei de Kirchhoff:


M

∑v
m =1
m =0

−V1 + VR1 + VR 2 + VR 3 =0

V1 = VR1 + VR 2 + VR 3

I = 0, 4 A
Aplicando a Lei de Ohm:

VR1 = R1.I

VR1 = 4V

VR 2 = R2 .I

VR 2 = 12V

VR 3 = R3 .I

PR1 = 1, 6W

51
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

PR 2 = R2 .I 2

PR 2 = 4,8W

PR 3 = R3 .I 2

PR 3 = 8W

É possível calcular a tensão sobre os resistores em série diretamente pela


utilização da equação chamada de divisor de tensão. Com a equação da Lei de
Kirchhoff das tensões levantada do circuito temos:
M

∑v
m =1
m =0

−V1 + VR1 + VR 2 + VR 3 =0

−V1 + R1.I + R2 .I + R3 .I =0

Resolvendo a equação para I, obtém-se:

V1
I=
R1 + R2 + R3

Pela Lei de Ohm temos que a tensão sobre qualquer resistor em série é:

VR1 = R1.I

Assim, substituindo a equação obtida da corrente na equação da Lei de


Ohm, temos:
R1.V1
V
=R1 R1.I →
R1 + R2 + R3
Podemos escrever a mesma equação para todos os resistores em série,
assim:
R2 .V1
V
=R2 R2 .I →
R1 + R2 + R3

R3 .V1
V
=R3 R3 .I →
R1 + R2 + R3

52
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Dessa forma, podemos escrever uma equação geral para o divisor de ten-
são como:
Rn .V1
V
=Rn Rn .I →
R1 + R2 + R3 +…+ Rn

Com a equação do divisor de tensão é possível determinar a tensão sobre


qualquer resistor em série do circuito. A regra é a resistência do resistor que que-
ro saber a tensão, dividida pela soma de todas as resistências que estão em série
no circuito, multiplicados pela tensão aplicada aos terminais de entrada. Quando
o circuito é composto apenas por dois resistores em série, é possível calcular a
tensão com a seguinte equação:
R1
VR1 = .V1
R1 + R2

R2
VR 2 = .V1
R1 + R2
Exemplo 2: calcule o valor da tensão sobre o resistor R3 da Figura 39 uti-
lizando o método do divisor de tensão.

FIGURA 39 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução:
R3 .V1
VR 3 =
R1 + R2 + R3 + R4

330.36
VR 3 =
120 + 220 + 330 + 180

VR 3 =13,98V

Exemplo 3: calcule o valor da tensão sobre o resistor R2 da Figura 40 uti-


lizando o método do divisor de tensão.

53
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

FIGURA 40 – EXEMPLO 3

FONTE: O autor

Solução:
R2
VR 2 = .V1
R1 + R2

56
VR 2 = .24
120 + 56
VR 2 = 7, 63V

4.2 CIRCUITOS COM ASSOCIAÇÃO PARALELA DE


RESISTORES
Conforme visto anteriormente, para os resistores conectados em paralelo, a
tensão nos terminais dos resistores é a mesma da fonte de alimentação. A corrente
em cada resistor dependerá do valor da sua resistência, com isto, a corrente será
diferente para cada resistor.

Exemplo 1: calcule o valor de I, I1, I2 e I3, o valor da resistência equivalente,


visto pela fonte V1 e a tensão em cada resistor do circuito apresentado na Figura 41.

FIGURA 41 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

54
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Solução: cálculo da resistência equivalente:


1
Req =
1 1 1
+ +
R1 R2 R3
Req = 6, 67 Ω

A Figura 42 apresenta o circuito equivalente visto pela fonte:

FIGURA 42 – CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: O autor

Cálculo das correntes pode utilizar a equação de Kirchhoff, assim:


N

∑i
n =1
n =0

0
I − I1 − I 2 − I 3 =

I = I1 + I 2 + I 3

Com a Lei de Ohm em cada resistor, temos:

A tensão em cada resistor será:

V=
R1 V=
R2 V=
R3 30V

É possível verificar que os resultados obtidos são coerentes, pois, resolvendo


o circuito, sendo o resistor equivalente calculado, chegamos no mesmo valor, assim:

55
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Da mesma maneira que a utilizada no subtópico 4.3, é possível calcular a cor-


rente diretamente utilizando uma equação chamada de divisor de corrente.

V1
=I = I 4,5 A
Req.

Com a obtenção da resistência equivalente do circuito paralelo temos:

1
Req =
1 1 1
+ +
R1 R2 R3

Da equação da Lei de Ohm é possível calcular a tensão de entrada, assim:

V1 = Req. .I

Substituindo a resistência equivalente na equação da Lei de Ohm, temos:


1
V1 Req. .I →
= .I
1 1 1
+ +
R1 R2 R3

Dessa forma, a corrente em cada um dos resistores pode ser obtida por:
V1 1 I
I1
= = .
R1 1 1 1 R1
+ +
R1 R2 R3

Podemos escrever a equação para todos os resistores em paralelo, assim:


V1 1 I
I2
= = .
R2 1 1 1 R2
+ +
R1 R2 R3

V1 1 I
I3
= = .
R3 1 1 1 R3
+ +
R1 R2 R3
Dessa forma, é possível escrever uma equação geral para o divisor de cor-
rente como:
V1 1 I
In
= = .
Rn 1 1 1 1 Rn
+ + +…
R1 R2 R3 Rn

56
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Com a equação do divisor de corrente é possível determinar a corrente so-


bre qualquer resistor em paralelo do circuito. A regra é a corrente de entrada em
cada resistor multiplicada pela resistência equivalente e dividida pela resistência
na qual deseja-se determinar a corrente.

Quando o circuito é composto apenas por dois resistores em paralelo, é


possível calcular a corrente com a seguinte equação:
R2
I1 = I .
R1 + R2

R1
I2 = I.
R1 + R2
Exemplo 2: calcule a corrente no resistor R3, do circuito da Figura 43, uti-
lizando o método do divisor de corrente.

FIGURA 43 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução:
1 I
I3 = .
1 1 1 1 R3
+ + +
R1 R2 R3 R4

1 15
I3 = .
1 1 1 1 33
+ + +
120 56 33 47
I 3 = 5,84 A
Exemplo 3: calcule a corrente no resistor R2, do circuito da Figura 44, uti-
lizando o método do divisor de corrente.

57
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

FIGURA 44 – EXEMPLO 3

FONTE: O autor

Solução:
R1
I2 = I.
R1 + R2

120
I 2 = 8.
120 + 56
I 2 = 5, 45 A

4.4 CIRCUITOS COM ASSOCIAÇÃO MISTA DE RESISTORES


Para os circuitos com associação mista, em que, no mesmo circuito, tere-
mos conexões série e conexões em paralelo de resistores. É possível resolver o
circuito por partes, fazendo a redução do circuito simplificando os cálculos.

Exemplo 1: para o circuito da Figura 45, calcule o valor das correntes I1, I2
e I3 das tensões VR1, VR2 e VR3 e a resistência equivalente vista pela fonte.

FIGURA 45 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

58
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Solução: cálculo da resistência equivalente:

Os resistores R2 e R3 estão em paralelo e ficam em serie com R1, assim:

 R .R 
=Req.  2 3  + R1
 R2 + R3 

Req. = 13, 08 Ω

O circuito equivalente está apresentado na Figura 46.

FIGURA 46 – CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: O autor

Cálculo das correntes e tensões, o circuito fica o apresentado na Figura 47:

FIGURA 47 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Equacionando o circuito:

Aplicando a Lei de Ohm podemos escrever:

59
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

Aplicando a lei das correntes de Kirchhoff (LCK), para o nó um, obtemos:


N

∑i
n =1
n =0

0
I1 − I 2 − I 3 =
Aplicando a lei das tensões de Kirchhoff (LTK), nas malhas um e dois,
obtemos:
M

∑v
m =1
m =0

Malha 1:
−V1 + VR1 + VR 2 =0
Malha 2:
0
−VR 2 + VR 3 =

VR 2 = VR 3

Verifica-se que é coerente a equação obtida para a tensão sobre o resistor R2


e R3, pois os resistores estão associados em paralelo, ficando com o mesmo valor de
tensão.Substituindo as equações da Lei de Ohm, nas equações da Lei de Kirchhoff:

Malha 1:
−25 + 10.I1 + 5.I 2 =
0
Malha 2:
5 .I 2 = 8 .I 3

Reescrevendo as equações em função de I2, temos:

Malha 1:
25 − 5.I 2
I1 =
10
60
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Malha 2:
5.I 2
I3 =
8
Substituindo as equações obtidas das malhas na equação da corrente de
Kirchhoff, obtidas do circuito, temos:
25 − 5.I 2 5.I
− I2 − 2 =0
10 8
I 2 = 1,18 A
Com o cálculo de I2 é possível calcular os valores de I1, I2, V1, V2 e V3,
substituindo nas equações da Lei de Ohm e de Kirchhoff. Assim:
25 − 5.I 2
I1 =
10
I1 = 1,91 A

5.I 2
I3 =
8
I 3 = 0, 74 A

VR1 = R1.I1
VR1 = 19,10V

VR 2 = R2 .I 2
VR 2 = 5,9V

VR 3 = R3 .I 3
VR 3 = 5,9V

5 TRANSFORMAÇÃO Y(ESTRELA) PARA ∆ (DELTA)


Alguns circuitos apresentam os resistores conectados de tal forma que
não é possível definir se estão conectados em série ou em paralelo. Sendo identi-
ficada essa situação, no circuito, é possível modificar o circuito utilizando a téc-
nica de circuito equivalente de três terminais. Chamados de circuitos estrela Y ou
conexão T e circuitos delta ∆ ou conexão π, na Figura 48 e 49 são apresentados os
dois modelos.

61
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

FIGURA 48 – CIRCUITO COM A CONEXÃO ESTRELA Y

FONTE: O autor

FIGURA 49 – CIRCUITO COM A CONEXÃO DELTA ∆

FONTE: O autor

5.1 TRANSFORMAÇÃO DELTA ∆ PARA ESTRELA Y


Para o circuito que contenha uma ligação em delta e que na análise a sim-
plificação utilizando um circuito Y seja mais conveniente, podemos impor a troca
do circuito ∆ calculando os resistores equivalentes para o circuito Y. Observando
os circuitos da Figura 50, verificamos que o resistor equivalente visto nos termi-
nais 1 e 2 do circuito em Y será:
R12= R1 + R3
E, para o circuito em delta, o resistor equivalente visto nos terminais 1 e 2
é o paralelo entre Rb e Rc+Ra.

Assim:
Rb . ( Ra + Rc )
R12 =
Rb + ( Ra + Rc )
Podemos escrever as equações as equações para os terminais 1 e 3, 3 e 4,
fazendo a mesma análise, assim:

Circuito em Y
R13= R1 + R2

62
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Circuito em ∆
Rc . ( Ra + Rb )
R13 =
Rc + Ra + Rb
Circuito em Y
R34
= R2 + R3
Circuito em ∆
Ra . ( Rb + Rc )
R34 =
Ra + Rb + Rc

Para que a transformação seja válida os valores dos resistores equivalen-


tes vista nos terminais 1 e 2, 1 e 3, 3 e 4 devem ser as mesmas nos circuitos estrela
e delta. Assim, as equações devem ser igualadas. Portanto, R12 no circuito estrela
deve ser igual ao R12 do circuito delta, o resistor R13 no circuito estrela deve ser
igual ao R13 do circuito delta e o resistor R34 no circuito estrela deve ser igual ao
resistor R34 do circuito delta. Assim, as equações são escritas como:

Rb . ( Ra + Rc )
R12Y = R12 ∆ → R1 + R3 =
Rb + Ra + Rc
Rc . ( Ra + Rb )
R13Y = R13∆ → R1 + R2 =
Rc + Ra + Rb
Ra . ( Rb + Rc )
R34Y = R34 ∆ → R2 + R3 =
Ra + Rb + Rc

Resolvendo as equações para R1, R2 e R3, tem-se:


Rb .Rc
R1 =
Ra + Rb + Rc

Rc .Ra
R2 =
Ra + Rb + Rc
Ra .Rb
R3 =
Ra + Rb + Rc

Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 60) dizem que “cada resistor no cir-
cuito Y é o produto dos resistores dos dois ramos adjacentes do ∆ dividido pela
soma dos três resistores do ∆”.

63
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

5.2 TRANSFORMAÇÃO ESTRELA Y PARA DELTA ∆


Quando o circuito contém ligação em estrela e que, na análise, a simpli-
ficação utilizando um circuito em delta seja mais conveniente, é possível impor
ao circuito a troca das ligações em estrela para delta. Analisando os circuitos da
Figura 50 e as equações levantadas no tópico anterior, têm-se as equações:

R . ( R + Rc )
R1 + R3 =b a
Rb + Ra + Rc
Rc . ( Ra + Rb )
R1 + R2 =
Rc + Ra + Rb
R . ( R + Rc )
R2 + R3 =a b
Ra + Rb + Rc

Resolvendo as equações para Ra, Rb e Rc, tem-se:

R1.R2 + R2 .R3 + R3 .R1


Ra =
R1
R1.R2 + R2 .R3 + R3 .R1
Rb =
R2
R1.R2 + R2 .R3 + R3 .R1
Rc =
R3

Uma maneira de fazer a transformação de estrela para delta e de delta


para estrela, sem a necessidade de memorizar as equações é sobrepor o circuito
estrela sobre o circuito delta, conforme a Figura 49.

FIGURA 50 – CIRCUITO COM A CONEXÃO DELTA ∆ E ESTRELA Y SOBREPOSTOS

FONTE: O autor

64
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

Observando a Figura 50, podemos escrever as equações de transformação


de delta para estrela, fazendo a seguinte regra:

• O resistor R1 do circuito estrela é obtido pelo produto dos dois resistores adjacentes
do circuito delta, dividido pela soma dos resistores do circuito delta.
• O resistor R2 do circuito estrela é obtido pelo produto dos dois resistores adjacentes
do circuito delta, dividido pela soma dos resistores do circuito delta.
• O resistor R3 do circuito estrela é obtido pelo produto dos dois resistores adjacentes
do circuito delta, dividido pela soma dos resistores do circuito delta.
• Para a transformação do circuito estrela para delta pode ser utilizado a seguinte regra:
0 O resistor Ra do circuito delta é obtido pela soma de todos os possíveis
produtos da combinação de dois a dois dos resistores do circuito estrela,
dividido pelo resistor oposto ao circuito estrela.
0 O resistor Rb do circuito delta é obtido pela soma de todos os possíveis
produtos da combinação de dois a dois dos resistores do circuito estrela,
dividido pelo resistor oposto ao circuito estrela.
0 O resistor Rc do circuito delta é obtido pela soma de todos os possíveis
produtos da combinação de dois a dois dos resistores do circuito estrela,
dividido pelo resistor oposto ao circuito estrela.

Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 61) dizem que “cada resistor no cir-
cuito ∆ é a soma de todos os possíveis produtos dos resistores de Y dois a dois,
dividido pelo resistor oposto do circuito Y”.

Exemplo 1: transforme o circuito estrela para delta da Figura 50. Conside-


re R1=30 Ω, R2=25 Ω e R3=150 Ω.

FIGURA 51 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução: aplicando a regra de sobrepor os circuitos delta e estrela, confor-


me a Figura 52, podemos escrever as equações:

65
UNIDADE 1 | CONCEITOS E LEIS BÁSICAS

FIGURA 52 – EXEMPLO 1 CIRCUITO SOBREPOSTO

FONTE: O autor

Assim, o circuito delta será o apresentado na Figura 53.

FIGURA 53 – CIRCUITO RESULTANTE EM DELTA

FONTE: O autor

Exemplo 2: transforme o circuito da Figura 54 de delta para estrela. Con-


sidere Ra=80 Ω, Rb=100 Ω e Rc=30 Ω.

66
TÓPICO 3 | LEIS BÁSICAS

FIGURA 54 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: aplicando a regra de sobrepor o circuito delta no circuito estrela,


conforme a Figura 55, podemos escrever as equações:

FIGURA 55 – EXEMPLO 2: CIRCUITO SOBREPOSTO

FONTE: O autor

Rb .Rc
R1 =
Ra + Rb + Rc

R1 = 14, 28 Ω

Rc .Ra
R2 =
Ra + Rb + Rc

R2 = 11, 43 Ω

Ra .Rb
R3 =
Ra + Rb + Rc

R3 = 38,10 Ω

Assim, o circuito estrela será o apresentado na Figura 56.

FIGURA 56 – CIRCUITO RESULTANTE EM ESTRELA

FONTE: O autor

67
LEITURA COMPLEMENTAR

ELETRICIDADE, MAGNETISMO E CIRCUITOS

Jaime E. Villate

[...]

2 VOLTAGEM E CORRENTE

Uma forma simples de sentir o efeito da corrente elétrica consiste em co-


locar uma colher metálica e um pedaço de folha de alumínio em duas partes da
língua. Estabelecendo contato entre a colher e a folha de alumínio, enquanto estão
também em contato com a língua, sente-se um sabor azedo, produzido pela trans-
ferência de cargas elétricas entre os metais e a língua. Este fenômeno, descoberto
no fim do Século XVIII, foi aproveitado por Alessandro Volta, para construir as
primeiras pilhas químicas, dando origem ao rápido desenvolvimento da tecnologia
elétrica. É importante que o metal da folha seja diferente do metal da colher, que é
geralmente de aço ou alguma liga metálica. Na língua existem íons positivos e ne-
gativos e um dos metais tem maior tendência para atrair os íons negativos e o outro
os íons positivos, criando-se fluxo de cargas através dos dois metais.

2.2 PILHAS QUÍMICAS

Uma das descobertas mais importantes na história da eletricidade foi a in-


venção das pilhas químicas, que permitem fornecer a energia necessária para man-
ter um fluxo constante de cargas num condutor, contrariando as forças dissipativas.

O biólogo italiano Luigi Galvani (1737-1798) fez várias experiências com


cargas eletrostáticas e órgãos de animais. A Figura 2.1 mostra o laboratório de
Galvani, com um gerador eletrostático usado para produzir descargas elétricas

68
nas patas posteriores de uma rã. Enquanto fazia as experiências, Galvani desco-
briu que quando tocava com uma faca na pata da rã, esta se encolhia bruscamen-
te, como se a rã estivesse viva, no instante em que era produzida uma descarga
elétrica num gerador eletrostático próximo dele.

FIGURA 2.1 – LABORATÓRIO DE LUIGI GALVANI

Mais tarde, conseguiu o mesmo efeito sem precisar do gerador eletrostático,


espetando dois fios de metais diferentes na pata da rã; quando juntava os dois fios,
a pata encolhia-se. Galvani atribuiu o efeito a uma eletricidade de origem animal.

O físico italiano Alessandro Volta (1745-1827) demonstrou que a origem da


eletricidade observada por Galvani não eram os organismos vivos. Na realidade,
o contato entre dois metais diferentes dentro de qualquer solução química produz
uma transferência de cargas elétricas, chamada corrente elétrica, que nos seres vi-
vos provoca efeitos como a contração muscular ou o sabor azedo na língua. De
fato, o sistema nervoso produz transferências de carga (correntes) que permitem
controlar os movimentos musculares e a transferência de cargas entre a língua e os
alimentos estimulam o sistema nervoso dando origem às sensações de sabor.

Em 1800 Volta construiu a primeira pilha, colocando alternadamente discos


de zinco e de cobre, sobrepostos e separados entre si por discos de cartão molhado
numa solução ácida.

Repetindo a mesma sequência de discos várias vezes, conseguiu produzir


fluxos de carga mais elevados e sentir os seus efeitos. Por exemplo, colocando as
suas mãos dentro de dois recipientes com água salgada, ligados aos dois terminais
da pilha, o choque elétrico em suas mãos tornava-se doloroso quando a pilha era
formada por mais de 20 grupos de discos de cobre e zinco. A Figura 2.2 mostra uma
das pilhas construídas por Volta.

69
FIGURA 2.2 – PILHA DE VOLTA

2.3 FORÇA ELETROMOTRIZ

Uma pilha química é constituída por duas barras condutoras, chamadas


eletrodos, embebidas numa substância com íons (eletrólito). O eletrólito pode ser
líquido ou sólido, desde que tenha íons positivos e negativos; por exemplo, uma
solução de água e sal de mesa (cloreto de sódio) em que existem íons de sódio,
com carga elétrica positiva, e íons de cloro, com carga elétrica negativa.

No metal dos eletrodos da pilha existe uma nuvem de elétrons de condu-


ção e quando se liga outro condutor externo entre eles, os elétrons livres podem
deslocar-se transportando carga através do condutor externo. O deslocamento da
nuvem eletrônica da origem a acumulação de cargas de sinais opostos nos extre-
mos dos eletrodos que estão dentro do eletrólito e os íons de cargas opostas no
eletrólito deslocam-se em sentidos opostos. Os íons positivos, também chamados
cátions, são atraídos pelo eletrodo para o qual a nuvem eletrônica foi deslocada,
combinando-se com os elétrons acumulados nesse eletrodo. Os íons negativos,
ou ânions, deslocam-se para o outro eletrodo, fornecendo os elétrons que esta-
vam em falta devido ao deslocamento da nuvem eletrônica. O eletrodo para onde
são atraídos os íons positivos chama-se cátodo, comumente identificado nas pi-
lhas com um sinal positivo e o eletrodo para onde circulam os íons negativos do
eletrólito chama-se o ânodo e é comumente identificado com um sinal negativo.

Para manter o movimento da nuvem eletrônica é necessário que existam


íons de sinais opostos no eletrólito e enquanto esse movimento perdura, mais
íons desaparecem no eletrólito devido à troca de elétrons com os eletrodos. O

70
fluxo de cargas através dos eletrodos e do condutor que os liga cessará quando a
pilha estiver descarregada, isto é, quando a concentração de íons no eletrólito for
inferior a um valor mínimo.

Para garantir o funcionamento de uma pilha também é necessário que


num dos elétrodos seja mais fácil a passagem de elétrons dos átomos para a nu-
vem de condução, o que se consegue usando dois metais diferentes para os dois
eletrodos. Quando dois metais diferentes são colocados em contato um com o
outro, a nuvem de elétrons de condução tem uma tendência para se deslocar do
metal mais eletropositivo (o que cede com maior facilidade os seus elétrons) para
o menos eletropositivo. Diferentes materiais condutores podem ser ordenados
numa série galvânica, em que os metais mais eletropositivos aparecem no topo
da lista e os menos eletropositivos na base (a ordem na série depende também do
eletrólito usado). A Tabela 2.1 mostra a série galvânica para alguns condutores,
quando o eletrólito é água de mar.

TABELA 2.1 – SÉRIE GALVÂNICA COM ELETRÓLITO DE ÁGUA DE MAR

Magnésio
Zinco
Alumínio
Chumbo
Ferro
Cobre
Tungstênio
Prata
Ouro
Platina
Grafite

O uso da tabela pode ilustrar-se no caso concreto da primeira pilha cons-


truída por Volta que usava eletrólito de água salgada. Os dois metais usados para
os eletrodos são zinco e cobre e como o zinco está acima do cobre na tabela, quer
dizer que os elétrons de condução se deslocam do zinco para o cobre e os íons
positivos do eletrólito são atraídos pelo cobre; como tal, o eletrodo de cobre é o
cátodo (+) e o eletrodo de zinco é o ânodo (−).

A corrosão dos metais no ar ou numa solução líquida também está rela-


cionada com a transferência de elétrons de condução. Os íons negativos de oxi-
gênio passam elétrons para o metal, combinando-se com os átomos do metal na
superfície para formar um sal. O processo de galvanização consiste em colocar na
superfície de um objeto metálico uma camada de zinco que garante que o movi-
mento dos elétrons de condução será do zinco para o outro metal, servindo o zin-
co como ânodo que atrai os íons de oxigênio (ânions); o zinco é oxidado enquanto
o outro metal (cátodo) permanece protegido da corrosão.

71
O lado esquerdo da Figura 2.3 mostra uma pilha ligada a um circuito e o
lado direito mostra o diagrama usado para representar esquematicamente esse
conjunto. A pilha representa-se com duas barras paralelas, que lembram os dois
discos metálicos na pilha original de Volta, separados por uma pequena região (o
eletrólito). Usa-se uma barra mais comprida para representar o cátodo (elétrodo
positivo). As setas na figura indicam a direção do movimento dos elétrons de
condução, que se deslocam no sentido oposto ao campo elétrico estabelecido pela
pilha através dos condutores.

FIGURA 2.3 – PILHA LIGADA A UM DISPOSITIVO E REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA DO


SISTEMA

Se os elétrons de condução fossem completamente livres, seriam acelera-


dos pela força elétrica no condutor. No entanto, no circuito e nos eletrodos exis-
tem forças dissipativas que contrariam o movimento dos elétrons de condução.
O trabalho realizado pelas forças dissipativas é igual à energia fornecida pela
pilha, através do campo elétrico. Isto é, durante o percurso de cada elétron de
condução desde o ânodo até o cátodo, o campo elétrico realiza um trabalho igual
à diminuição da energia potencial eletrostática (∆Ue) desse elétron entre o ânodo
e o cátodo. Como a carga dos elétrons é negativa, conclui-se que o potencial no
cátodo é maior do que no ânodo, e a diferença de potencial entre eles é igual a:

Onde e é a carga elementar (valor absoluto da carga do elétron). A energia


∆Ue fornecida a cada elétron de condução é igual à diferença entre a energia ne-
cessária para que um ânion no eletrólito transfira um elétron ao ânodo e a energia
necessária para que o cátodo transfira um elétron a um cátion do eletrólito.

Essa diferença de energia tem um valor específico para cada par de con-
dutores usados para os eletrodos e para cada eletrólito. Assim sendo, a constante
ε, com unidades de volt, tem um valor típico para cada tipo de pilha, que de-
pende apenas dos metais e do eletrólito usado, e chama-se força eletromotriz da
pilha, ou de forma abreviada, f.e.m. O valor da f.e.m. para a maioria das pilhas é
entre 1 Volt e 4 Volt. Na pilha da figura 2.3, o valor da f.e.m. é de 9 V e é obtido
colocando no interior da pilha seis pilhas pequenas de 1.5 V, uma a seguir à outra,
tal como Volta colocou alternadamente vários discos de zinco, cartão e cobre para
obter maior energia; a figura 2.4 mostra um diagrama que ilustra melhor essas
seis pilhas em série.

72
FIGURA 2.4 – PILHAS LIGADAS EM SÉRIE

A Tabela 2.2 mostra os materiais usados para os eletrodos e o eletrólito em


vários tipos de pilhas usadas atualmente e os valores da f.e.m. obtida em cada caso.

Os tipos de pilhas nas três últimas linhas da tabela 2.2 são recarregáveis;
ou seja, as reações químicas nos elétrodos são reversíveis. Utilizando uma fonte
externa para contrariar o sentido normal do fluxo das cargas, consegue-se dimi-
nuir a quantidade dos sais acumulados nos eletrodos, separando-os nos metais
originais e os íons do eletrólito e aumentando assim a carga total dos íons do
eletrólito e ficando a pilha num estado semelhante ao inicial. Após vários ciclos
de carga e descarga, parte dos sais saem separam-se dos elétrodos e passam para
o eletrólito torna-se cada vez mais difícil recuperar todo o metal e o eletrólito ori-
ginal, ficando a pilha "viciada".

TABELA 2.2 – ALGUNS TIPOS DE PILHAS USADOS ATUALMENTE


Tipo cátodo ânodo eletrólito f.e.m
seca carbono zinco dióxido de manganês/ 1.5V
cloreto de amonio
alcalina carbono dióxido de manganês hidróxido de potássio 1.5V
de mercúrio óxido de mercúrio zinco hidróxido de sódio 1.35V
de óxido de prata óxido de prata zinco hidróxido de sódio 1.35V
NiCd óxido de níquel cádmio hidróxido de potássio 1.2V
NiMH óxido de níquel liga metálica hidróxido de potássio 1.2V
de iões de lítio óxido de lítio e carbono lítio 3.7V
cobalto

No caso das pilhas de íons de lítio, o cátodo não é um único bloco sólido,
mas são várias partículas em suspensão dentro do próprio eletrólito, evitando-se
assim que a pilha fique viciada e permitindo muitos mais ciclos de carga e descar-
ga. Numa pilha não recarregável, a inversão da corrente apenas aquece a pilha,
com o perigo de queimá-la ou até fazê-la explodir sem ser recarregada.

Outra característica importante de cada pilha, para além da sua f.e.m., é


a sua carga máxima, Qmáx, que indica a carga total dos íons positivos (igual ao
valor absoluto da carga dos íons negativos) no eletrólito, no seu estado inicial,
com os eletrodos completamente limpos de sais. A energia máxima que a pilha
poderia fornecer, se fosse possível manter o fluxo de cargas nos eletrodos até o
eletrólito ficar completamente livre de íons, é:

FONTE: <http://www.villate.org/publications/Villate_2019_Eletricidade.pdf>. Acesso em: 7 maio 2020.

73
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A condutância é a grandeza que mede a facilidade que um material apresenta


de deixar circular a corrente elétrica, definida por:

1
G= ( Siemens )
R
• A resistência é a grandeza que mede a dificuldade que um material apresenta
de deixar circular a corrente elétrica, definida por:

1
R= ( Ohm )
G

Ou

l
R = r. ( Ohm )
S

Em que:

r é a resistividade do material em Ohm.metro, conforme a Tabela 1;


l é o comprimento em metros (m);
S é a seção transversal em metro quadrado (m²).

• A primeira Lei de Ohm foi escrita por Georg Simon Ohm, em 1826, essa lei
relaciona a corrente com a tensão sobre um resistor, sendo escrita como:

V = R.I

• Um nó em um circuito elétrico é um ponto do circuito onde existe a conexão de


dois ou mais componentes.

• Um ramo é um único componente conectado entre dois nós.

• Uma malha ou laço é um caminho fechado qualquer por onde circula a corren-
te elétrica, definido como início em um nó escolhido e que esse caminho seja
realizado até retornar ao nó escolhido, sem que passe pelo nó escolhido.

• Os componentes em série são aqueles em que os componentes estão conecta-


dos em sequência, ou seja, formando uma fila. A corrente elétrica é a mesma
para todos os componentes e a tensão é diferente.

74
• Os componentes estão em paralelo quando estão um ao lado do outro, conec-
tados no mesmo par de nós. A tensão é a mesma para todos os componentes e
a corrente é diferente.

• A primeira Lei de Kirchhoff foi formulada em 1847, chamada de lei das corren-
tes de Kirchhoff (LCK). Essa lei afirma que a soma das correntes que chegam
em um nó é igual a soma das correntes que saem do nó.
N

∑i
n =1
n =0

• A segunda Lei de Kirchhoff formulada no mesmo ano, chamada de lei das


tensões de Kirchhoff (LTK). Essa lei afirma que a soma algébrica das tensões
em um caminho fechado é zero.
M

∑v
m =1
m =0

• A resistência equivalente para o circuito em série é a soma dos resistores que
estão em série.
Req=. R1 + R2 + R3 +…+ Rn

• A resistência equivalente para circuitos em paralelo é definida pela equação:

1
Req =
1 1 1 1
+ + +…+
R1 R2 R3 Rn

• A resistência equivalente para circuitos em paralelo com dois resistores é dada
pela equação:

R1.R2
Req. =
R1 + R2

• As equações para transforma os circuitos de estrela para delta são:

R1.R2 + R2 .R3 + R3 .R1


Ra =
R1

R1.R2 + R2 .R3 + R3 .R1


Rb =
R2

R1.R2 + R2 .R3 + R3 .R1


Rc =
R3

75
• As equações para transforma os circuitos de delta para estrela são:
Rb .Rc
R1 =
Ra + Rb + Rc
Rc .Ra
R2 =
Ra + Rb + Rc
Ra .Rb
R3 =
Ra + Rb + Rc

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

76
AUTOATIVIDADE

1 Para o circuito da ilustração a seguir, calcule o valor da resistência e a potên-


cia absorvida pelo resistor.

2 Sendo o circuito apresentado na ilustração a seguir, calcule a corrente e a


potência absorvida no resistor.

3 Para o circuito apresentado na ilustração a seguir, calcule o valor do resistor


e a sua potência.

4 Um circuito conforme a ilustração a seguir, em que os resistores estão em para-


lelo, calcule a corrente em cada resistor e a potência que cada um absorve.

5 Calcule a tensão sobre cada resistor e a potência absorvida, para o circuito


da ilustração a seguir.

77
6 Para o circuito da representação a seguir, calcule o valor de I e a potência
nos resistores.

7 Calcule a tensão nos resistores e a corrente para o circuito da representação


a seguir.

8 Sendo o circuito da representação a seguir, calcule as tensões sobre os resis-


tores e a potência absorvida por eles.

9 Para o circuito da representação a seguir, calcule as tensões V1, V2 e V3.

10 Calcule a corrente I e a tensão VAB da representação a seguir.

78
11 Dado o circuito da ilustração a seguir, calcule a corrente I.

12 Para o circuito da ilustração a seguir, calcule a corrente, a tensão e a potência


no resistor de 20 kΩ.

13 Calcular a potência, a corrente e a tensão no resistor de 6 Ω da ilustração a


seguir.

14 Com o circuito da ilustração a seguir, calcule as tensões nos resistores.

15 Calcule a corrente I e a resistência equivalente vista pela fonte do circuito da


ilustração a seguir.

79
16 Sabendo que a resistência equivalente vista pela fonte é de 50 Ω, calcule o
valor da resistência do resistor R7, para o circuito da ilustração a seguir.

17 Para o circuito da ilustração a seguir, calcule o valor da corrente I.

18 Calcule a potência no resistor R5, a corrente I e o valor da resistência equi-


valente no circuito da ilustração a seguir.

19 Dado o circuito da ilustração a seguir, calcule a corrente I, a potência no


resistor R5.

80
20 Dado o circuito da ilustração a seguir, calcule a corrente I, a corrente no re-
sistor 30 Ω e a resistência equivalente vista pela fonte.

21 Um resistor é especificado em 22kΩ ±10%. Determine qual a faixa de valores


previstas pelo fabricante, valor máximo e mínimo deste resistor?

22 Determine a condutância correspondente a uma resistência de 10 kΩ.

23 Determine no circuito da ilustração a seguir:

a) O valor de Vo na ausência do resistor RL.

b) Calcule Vo quando RL=150 Ω.

c) Qual a potência dissipada no resistor de 25 kΩ se os terminais do resistor RL


forem curto-circuitado por acidente?

d) Qual a potência máxima dissipada no resistor de 75 kΩ?

81
82
UNIDADE 2

TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS


DE CIRCUITOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• apresentar a técnica de análise de malha para a resolução de circuitos;

• conhecer a técnica de análise nodal para a resolução de circuitos;

• aprender e apresentar o teorema da superposição para a resolução de


circuitos;

• apresentar o teorema de Thevenin para a resolução de circuitos;

• compreender o teorema de Norton para a resolução de circuitos;

• analisar circuitos para obter a máxima transferência de potência.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

TÓPICO 2 – TÉCNICA DE ANÁLISE NODAL

TÓPICO 3 – TEOREMA DE CIRCUITOS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorve-
rá melhor as informações.

83
84
UNIDADE 2
TÓPICO 1

TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

1 INTRODUÇÃO
Com os conceitos, os comandos e as leis básicas para circuitos elétricos
apresentadas na Unidade 1, é possível, a partir deste momento, iniciar as técni-
cas utilizadas para realizar as análises nos circuitos elétricos e obter as correntes
e tensões necessárias. No Tópico 1, iniciamos com a análise de malha, também
citada por alguns autores como análise de laço, análise de loop ou método de
corrente de malha. A análise será realizada para circuitos contendo fontes inde-
pendentes e dependentes.

2 ANÁLISE DE MALHA
Na análise de malha será necessário calcular a corrente de cada malha
do circuito. Para o cálculo das correntes utiliza-se Lei das Tensões de Kirchhoff
(LTK), com os valores das correntes calculadas é possível calcular os valores das
tensões nos componentes utilizando a Lei de Ohm.

NOTA

Análise de malha é também chamada de análise de laço, de análise de loop ou


método da corrente de malha.

O método de análise de malha somente pode ser associado a um circuito


planar, ou seja, um circuito que possa ser desenhado em uma folha de papel, de
forma que um ramo ou um condutor não cruze com o outro.

85
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

E
IMPORTANT

Circuito planar é aquele que pode ser desenhado sobre um plano, sem
cruzamento.

Na Figura 1 são apresentados dois exemplos: a Figura 1(a) é um circuito


planar, já a Figura 1(b) é um circuito não planar. A Figura 1(b), por mais que se
tente redesenhar o circuito, sempre terá um cruzamento de ramos.

FIGURA 1 – EXEMPLO DE CIRCUITO PLANAR(a) E NÃO PLANAR(b)

FONTE: O autor

Para iniciarmos o método de análise de malhas é importante lembrarmos


que uma malha é um caminho fechado pela qual irá circular uma corrente. Dessa
forma, para cada malha identificada no circuito deverá ser designada uma cor-
rente, por exemplo, malha 1 corrente I1, malha 2 corrente I2, e assim por diante.
As correntes designadas podem ser arbitradas sentido horário ou anti-horário,
porém, neste material, utilizaremos o sentido horário para designarmos o sentido
do fluxo de corrente elétrica.

ATENCAO

Malha é um caminho fechado que não possui nenhum outro caminho fecha-
do dentro dele.

86
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

Após a definição das malhas e a designação das correntes, percorre-se,


de acordo com o sentido convencionado, à malha aplicando a Lei das Tensões de
Kirchhoff (LTK). Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 93) afirmam que “a direção
da corrente de malha é arbitrária (sentido horário ou anti-horário) e não afeta
a validade da solução. Apesar de uma corrente de malha poder seguir em uma
direção arbitrária, é convencional assumir que cada corrente de malha flui no
sentido horário”. Quando por um ramo circular duas correntes, a corrente real
será a soma algébrica das correntes.

NOTA

Na análise de malha utiliza-se a LTK.

O número de equações deverá ser igual ou maior que o número de incóg-


nitas. Assim, será possível montar em um sistema de equações.

Exemplo 1: para o circuito da Figura 2 monte o sistema de equações na


forma matricial.

FIGURA 2 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

• Definindo as malhas e o sentido das correntes, podemos redesenhar o circuito


conforme a Figura 3.

87
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

FIGURA 3 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

• Aplicando a Lei das tensões de Kirchhoff:

Malha 1:

−V1 + VR1 + VR 2 + VR 3 =0
V1 = VR1 + VR 2 + VR 3

Malha 2:

0
−VR 2 + VR 4 + VR 5 + VR 6 =

• Aplicando a Lei de Ohm para cada tensão obtida temos:

Malha 1:

V1 = R1I1 + R2 ( I1 − I 2 ) + R3 I1
V1 = ( R1 + R2 + R3 ) I1 − R2 I 2

Malha 2:

− R2 ( I 2 − I1 ) + R4 I 2 + R5 I 2 + R6 I 2 =
0
R2 I1 + ( R4 + R5 + R6 − R2 ) I 2 =
0

88
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

• Escrevendo as equações na forma matricial:

R1 + R2 + R3 − R2 I V
. 1 = 1
R2 R4 + R5 + R6 − R2 I 2 0

Exemplo 2: para o circuito do exemplo 1, assumindo:

=R1 5=
R , R2 15=
R , R3 8=
R , R4 22=
R , R5 56=
R , R6 120=
R eV1 42V

Calcule as correntes I1 e I2.

Solução: as equações obtidas para o circuito são:

V1 = ( R1 + R2 + R3 ) I1 − R2 I 2
0 = R2 I1 + ( R4 + R5 + R6 − R2 ) I 2

Substituindo:

28 I1 − 15 I 2 =
42
15 I1 + 183I 2 =
0

28 −15 I1 42
. =
15 183 I 2 0

=∆ ( 28.183) − 15.(=
−15 )  :
∆ 5124 + 225
=
∆ =5349

∆1 =7686

∆ 2 =−630

∆1
I1
= = 1, 44 A

∆2
I2 = = −117,78 mA

89
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Exemplo 3: para o circuito da Figura 4, calcule as correntes I1 e I2.

FIGURA 4 – EXEMPLO 3

FONTE: O autor

Solução:

Malha 1:

−V1 + VR1 + VR 2 + VR 3 =0
V1 = VR1 + VR 2 + VR 3
V1 = R1I1 + R2 ( I1 − I 2 ) + R3 I1
V1 = ( R1 + R2 + R3 ) I1 − R2 I 2

Malha 2:

0
+V2 + VR 2 + VR 4 + VR 5 =
R2 ( I 2 − I1 ) + R4 I 2 + R5 I 2 =
−V2
− R2 I1 + ( R2 + R4 + R5 ) I 2 =
−V2

90
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

• Substituindo os valores:

Malha 1:

( 4 + 8 + 4 ) I1 − 8I 2 =24
16 I1 − I 2 =
24

Malha 2:

−8 I1 + 22 I 2 =
−36

• Montando a matriz:

16 −8 I1 24
. =
−8 22 I 2 −36
=∆ (16.22 ) − 8.(=
−8 )  :
∆ =288

=
∆1 ( 24.22 ) − 36.( =
−8 )  :
∆1 =240

=
∆2 (16.36 ) − ( −8).24
=  :
∆ 2 =−384

∆1 240
I1
= = = 0,83 A
∆ 288

∆ 2 −384
I2
= = = 1,33 A
∆ 288

91
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Exemplo 4: para o circuito apresentado na Figura 5, calcule as correntes


I1, I2 e I3.

FIGURA 5 – EXEMPLO 4

FONTE: O autor

Solução:

Malha 1:

−V1 + VR1 − V2 + VR 6 + VR 5 + VR 7 =0
R1I1 + R6 ( I1 − I 2 ) + R5 ( I1 − I 3 ) + R7 I1 =V1 + V2
( R1 + R6 + R5 + R7 ) I1 − R6 I 2 − R5 I3 =V1 + V2

92
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

Malha 2:

0
V2 + VR 2 + VR 3 + V3 + VR 6 =
R2 I 2 + R3 I 2 + R6 ( I 2 − I1 ) =−V2 − V3
− R6 I1 + ( R2 + R3 + R6 ) I 2 =−V2 − V3

Malha 3:

0
−V3 − V4 + VR 4 + VR 5 =
R4 I 3 + R5 ( I 3 − I1 ) =V3 + V4
− R5 I1 + ( R4 + R5 ) I 3 =V3 + V4

Substituindo os valores:

Malha 1:

7 I1 − 1I 2 − 3I 3 =
48

Malha 2:

−1I1 + 8 I 2 =
−60

Malha 3:

−3I1 + 5 I 3 =
72

• Montando a matriz:

7 −1 −3 I1 48
−1 8 0 . I 2 =
−60
−3 0 5 I 3 72

7 −1 −3
∆ = −1 8 0 = 280 + 0 + 0 − 72 − 0 − 5 := ∆ = 203
−3 0 5
93
7 −1 0
−3 0 5
∆ = −71 −81 00 = 280 + 0 + 0 − 72 − 0 − 5 := ∆ = 203
−733 −001 −
− −533
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

∆ = −71 −81 0 = 280 + 0 + 0 − 72 − 0 − 5 := ∆ = 203


−73 −01 − −533
∆ = −71 −81 00 = 280 + 0 + 0 − 72 − 0 − 5 := ∆ = 203
−33 00 −53

48 −1 −3
7 −1 0
∆1 =−60 8 0 =1920 + 0 + 0 + 1728 − 0 − 300 :=∆1 =3348
−3 0 −3
48 −01 −53
72
∆1 =−48 60 −81 −03 =1920 + 0 + 0 + 1728 − 0 − 300 :=∆1 =3348
48
−7260 −801 −053
∆1 =−48 60 −81 −03 =1920 + 0 + 0 + 1728 − 0 − 300 :=∆1 =3348
48
−7260 −801 −503
∆1 =−48 60 −81 −03 =1920 + 0 + 0 + 1728 − 0 − 300 :=∆1 =3348
−7260 80 05
7 48 −3
48 −1 −3
∆ 2 =−1 −60 0 =540 − 0 + 240 − 2100 + 216 :=∆ 2 =−1104
−60 8 0
−73 72 48 −53
∆ 2 =−71 −48 60 −03 =540 − 0 + 240 − 2100 + 216 :=∆ 2 =−1104
−731 −72
− 48
60 −503
∆ 2 =−71 −48 60 −03 =540 − 0 + 240 − 2100 + 216 :=∆ 2 =−1104
−731 −7248
60 −053
∆ 2 =−71 −48 60 −03 =540 − 0 + 240 − 2100 + 216 :=∆ 2 =−1104
−31 −72
− 60 50
7 −1 8
7 48 −3
∆ 3 = −1 8 −60 =4032 + 0 − 180 + 1152 − 0 − 72 :=∆ 3 =4932
−1 −60 0
−73 −01 72 8
∆ 3 = −71 −81 −48 60 =4032 + 0 − 180 + 1152 − 0 − 72 :=∆ 3 =4932
−731 −801 −72
− 860
∆ 3 = −71 −81 −48 60 =4032 + 0 − 180 + 1152 − 0 − 72 :=∆ 3 =4932
−731 −801 −72 860
∆1
∆ 3 = −71 −81 −48 60 =4032=I1 + = 16, 49
0 − 180 A − 0 − 72 :=∆ 3 =4932
+ 1152

−31 80 −72
− 60 ∆1
7 −1 48 =I1 = 16, 49 A
∆∆2
−1 8 −60 I2 = = −5, 44 A
∆∆1
=I1 = 16, 49 A

I 2 = ∆2 = −5, 44 A
∆∆31
II31 =
=
= 24,49
16, 29 AA
∆∆2
I2 = = −5, 44 A
∆3
I3 ∆
= = 24, 29 A
∆∆
I 2 = 2 = −5, 44 A
∆∆3
I3 =
= 24, 29 A
∆ 94
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

Exemplo 5: para o circuito da Figura 6, calcule o valor das correntes I1, I2,
I3 e I4.

FIGURA 6 – EXEMPLO 5

FONTE: O autor

Solução:

95
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Malha 1:

−V1 + VR1 + VR 2 − V3 =0
−V1 + R1I1 + R2 ( I1 − I 2 ) − V3 =0
( R1 + R2 ) I1 − R2 I 2 =
V1 + V3

Malha 2:

0
V2 + VR 3 + VR 4 + VR 5 + VR 2 =
V2 + R3 I 2 + R4 I 2 + R5 ( I 2 − I 4 ) + R2 ( I 2 − I1 ) =
0
− R2 I1 + ( R2 + R3 + R4 + R5 ) I 2 − R5 I 4 =
−V2

Malha 3:

0
−V6 + VR 6 + V3 + V4 + R8 + VR 7 =
−V6 + R6 I 3 + V3 + V4 + R8 ( I 3 − I 4 ) + R7 I 3 =
0
( R6 + R7 + R8 ) I3 − R8 I 4 = V6 − V3 − V4

Malha 4:

0
−V4 + VR 5 + V5 + VR 9 + VR 8 =
−V4 + R5 ( I 4 − I 2 ) + V5 + R9 I 4 + R8 ( I 4 − I 3 ) =
0
− R5 I 2 − R8 I 3 + ( R5 + R8 + R9 ) I 4 = V4 − V5

• Substituindo os valores:

Malha 1:

10 I1 − 8 I 2 =
33

Malha 2:

−8 I1 + 26 I 2 − 3I 4 =
−2

Malha 3:

12 I 3 − 5 I 4 =
−8

96
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

Malha 4:

−3I 2 − 5 I 3 + 20 I 4 =
−2

Montando a matriz:

10 −8 0 0 I1 33
−8 26 0 −3 I 2 −2
. =
0 0 12 −5 I 3 −8
0 −3 −5 20 I 4 −2

∆1 175930
I1
= =≥ = 4, 28 A
∆ 41060
∆ 2 50540
=I2 = ≥ = 1, 23 A
∆ 41060
∆ −28940
I 3 = 3 ≥= = −704,82 mA
∆ 41060
∆ −3760
I 4 = 4 ≥= = −91,57 mA
∆ 41060

Exemplo 6: para o circuito apresentado na Figura 7, calcule as correntes


I1, I2, e I3 .

FIGURA 7 – EXEMPLO 6

FONTE: O autor

97
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Solução:

Malha 1:

−V1 + VR1 + VR 2 + VR 3 =0
−V1 + R1I1 + R2 ( I1 − I 2 ) + R3 ( I1 − I 3 ) =0
−V1 + ( R1 + R2 + R3 ) I1 − R2 I 2 − R3 I 3 =0

Malha 2:

5 I 0 + VR 4 + VR 2 =
0
5 I 0 + R4 ( I 2 − I 3 ) + R2 ( I 2 − I1 ) =
0

Analisando o nó 1 e aplicando a Lei de Kirchhoff, temos:

∑I = 0
0
I 3 − I1 − I 0 =
I=
0 I 3 − I1

Assim:

5 ( I 3 − I1 ) + R4 ( I 2 − I 3 ) + R2 ( I 2 − I1 ) =
0
( −5 − R2 ) I1 + ( R2 + R4 ) I 2 + ( 5 − R4 ) I3 =0

98
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

Malha 3:

0
VR 3 + VR 4 + VR 6 =
R3 ( I 3 − I1 ) + R4 ( I 3 − I 2 ) + R6 I 3 =
0
− R3 I1 − R4 I 2 + ( R3 + R4 + R6 ) I 3 =
0

Substituindo os valores:

Malha 1:

8 I1 − 2 I 2 − 5 I 3 =
30

Malha 2:

−7 I1 + 5 I 2 + 2 I 3 =
0

Malha 3:

−5 I1 − 3I 2 + 18 I 3 =
0

• Montando a matriz: 8 −2 −5 I1 30
−7 5 2 . I 2 = 0
−85 −23 18
−5 I13 30
0
−7 5 2 . I 2 = 0
−5 −3 18 I 3 0

8 −2 −5
∆ = −7 5 2 = 720 − 105 + 20 − 125 + 48 − 252 := ∆ = 306
−85 −23 −5
18
∆ = −87 −52 −25 = 720 − 105 + 20 − 125 + 48 − 252 := ∆ = 306
−75 −53 18
2
8 −2 −5
−7 5 2

30 −2 −5
∆1 = 0 5 2 =2700 + 180 :=∆1 =2880
30
0 −23 18
−5
99
0 −52 −25 =2700 + 180 :=∆1 =2880
∆1 = 30
∆1 = 0 5 2 =2700 + 180 :=∆1 =2880
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E30 −23 DE18

0TEOREMAS 5
−CIRCUITOS
∆1 = 30 0 −52 −25 =2700 + 180 :=∆1 =2880
30
00 −523 18 −25
∆1 = 30 0 −52 −25 =2700 + 180 :=∆1 =2880
0 −53 18 2
30 −2 −5
0 5 2
8 30 −5
∆ 2 =−7 0 2 =−300 + 3780 :=∆ 2 =3480
−85 30 0 18 −5
∆ 2 =−87 30 0 −25 =−300 + 3780 :=∆ 2 =3480
−875 30
− 00 18 −25
∆ 2 =−87 30 0 −25 =−300 + 3780 :=∆ 2 =3480
−75 0 18 2
8 30 −5
−7 0 2
8 −2 30
∆ 3 = −7 5 0 =630 + 750 :=∆ 3 =1380
−85 − −23 30 0
∆ 3 = −87 −52 30 0 =630 + 750 :=∆ 3 =1380
−875 −523 30
− 00
∆ 3 = −87 −52 30 0 =630 + 750 :=∆ 3 =1380
−75 −53 ∆ 0 2880
8 = I1−2 = 1
30 : = 9, 41 A
∆ 306
−7 5 ∆∆20 3480 2880
II21 =
=
= = 1 : == 11,37
9, 41 AA
∆∆ 306
∆∆213 34801380
III213 ∆
=
=
= ==:: 2880
= =
= 4,51
= 11,37
9, AA
41 A

∆∆ 306
306
∆∆= 1380
23 : 3480
II23 =
=
= : 4,51 AA
= 11,37
=
∆∆ 306
306
3 CIRCUITOS CONTENDO ∆ 3 FONTES
1380 INDEPENDENTES DE
=I3 = : = 4,51 A
CORRENTE ∆ 306
Uma fonte de corrente em um circuito impõe uma determinada corrente
a um ramo, porém é preciso resolver o circuito para obter o valor da tensão nos
terminais da fonte de corrente. A análise de malha realizada até agora não muda
em nada pela presença da fonte de corrente, esta presença é considerada para o
enquadramento do circuito, que é reduzido quando realizada análise.

100
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

A fonte de corrente pode estar inserida no circuito em dois casos:

• Caso 1: em que a fonte de corrente está inserida em um caminho por onde


existe apenas uma malha, ou seja, a corrente da fonte é a própria corrente da
malha.

Exemplo 1: considerando o circuito da Figura 8:

FIGURA 8 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução: escrevendo as equações para as malhas 1 e 2, temos:

Malha 1:

−V1 + VR1 + VR 2 =0
R1I1 + R2 ( I1 − I 2 ) =
V1
( R1 + R2 ) I1 − R2 I 2 =
V1

Malha 2:

Pode-se desconsiderar o equacionamento da malha 2, pois a corrente I2 é


a própria corrente da fonte, assim:

I 2 = −3 A

Pode-se calcular a corrente I1 diretamente por substituição na equação da


malha 1, assim:

15 I1 − 10.( −3) =
20
I1 = −0,67 A

101
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Caso 2: em que a fonte de corrente está inserida entre duas malhas, a análise é
realizada da mesma maneira que o circuito quando o resistor é comum a duas
malhas. O valor da fonte de corrente, que está entre as malhas, é dado pela
diferença entre as correntes das malhas, observando o sentido convencionado
das correntes de malha e o sentido da fonte de corrente no circuito.

Exemplo 2: considerando o circuito da Figura 9, calcule as correntes da


malha 1 e 2.

FIGURA 9 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Escrevendo as equações LTK para as malhas 1 e 2:

Malha 1:

−V1 + VR1 + VR 2 + VF =0
−V1 + R1I1 + R2 ( I1 − I 2 ) + VF =0
( R1 − R2 ) I1 − R2 I 2 + VF =
V1

Malha 2:

0
−VF + VR1 + VR 3 + V2 =
−VF + R2 ( I 2 − I1 ) + R3 I 2 + V2 =
0
− R2 I 2 + ( R2 + R3 ) I 2 − VF =
−V2

É possível verificar pelas equações escritas que aparecem três incógnitas,


assim, para obter os seus valores é necessário que tenhamos mais uma equação,
pois o número de incógnitas deve ser igual ou menor que o número de equações
levantadas nos circuitos. Dessa forma, analisando o circuito e aplicando a Lei das
correntes de Kirchhoff no circuito da Figura 10:

102
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

FIGURA 10 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Nó 1:

∑I = 0
0
I1 − I 2 + I F =
I1 − I 2 =
IF

As equações 1, 2 e 3 são as equações do circuito para o cálculo das incóg-


nitas I1, I2, e VF . Substituindo os valores nas equações temos:

Malha 1:

32 I1 − 30 I 2 + VF =
5

Malha 2:

−30 I1 + 32 I 2 − VF =
−10

Nó 1:

I1 − I 2 =−8

• Escrevendo a matriz:

32 −30 1 I1 5
−30 32 −1 . I 2 =
−10
1 −1 0 VF −8

103
∆ = −32 30 −32 30 −11 = 30 + 30 − 32 − 32 := ∆ = −4
32 −−30
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE1E TEOREMAS 1 DE−10CIRCUITOS
−30 32 1
∆ = −32 30 −32 30 −11 = 30 + 30 − 32 − 32 := ∆ = −4
−32130 −32 1 −101
−30
∆ = −32 30 −32 30 −11 = 30 + 30 − 32 − 32 := ∆ = −4
−130 32 −1 −01
5 −30 1
32 −30 1
∆1 =−10 32 −1 =10 − 240 + 256 − 5 :=∆1 =21
−530 −32 −1
−8 −30 1 10
∆1 =−510 −32 30 −11 =10 − 240 + 256 − 5 :=∆1 =21
58 −−30 1
−−10 321 −01
∆1 =−510 −32 30 −11 =10 − 240 + 256 − 5 :=∆1 =21
−−5108 −32 −30 1 −101
∆1 =−510 −32 30 −11 =10 − 240 + 256 − 5 :=∆1 =21
−−10 8 32 −1 −01
32 5 1
5 −30 1
∆ 2 =−30 −10 −1 =240 − 5 + 10 − 256 :=∆ 2 =−11
−10 532 1−1
32
1 −8 0
∆ 2 =−32 30 −510 −11 =240 − 5 + 10 − 256 :=∆ 2 =−11
32 58 10
−130 −−10 −1
∆ 2 =−32 30 −510 −11 =240 − 5 + 10 − 256 :=∆ 2 =−11
130 −−510
−32 8 −101
∆ 2 =−32 30 −510 −11 =240 − 5 + 10 − 256 :=∆ 2 =−11
−130 −−10 8 −01
32 −30 5
32 5 1
∆ 3 = −30 32 −10 =−8192 + 150 + 300 − 160 − 320 + 7200 :=∆ 3 =−1022
32 −30 −10 −1
1 −−30 1 −58
∆ 3 = −32 30 −32 30 −510 =−8192 + 150 + 300 − 160 − 320 + 7200 :=∆ 3 =−1022
32 −−30 1 −−510
−130 32 8
∆ 3 = −32 30 −32 30 −510 =−8192 + 150 + 300 − 160 − 320 + 7200 :=∆ 3 =−1022
130 −32
−32 1 −−510
−30 8
∆ 21
∆ 3 = −32 30 −32 30 −510 =− I18192
= 1 += 150 +:= 300 I1 = −−1605, 25− A
320 + 7200 :=∆ 3 =−1022
∆ −4
−130 32 −1 −−10 8 ∆ 2 21−11
II= = 1= = =: I1I=
:= =2 −5, 25 A
2,75 A
32 −30 5 21
∆ −−44
−30 32 −10 I= ∆ 3∆1= −11
2 −1022
21
V=
F I21 = = = =: :I IV=
:=
= =2= 2,75
F −5,255,5
25 AAV
∆ ∆ −−44 1
∆ 3∆ 2 −1022
−11=: V= 255,5V
V=
F I= = ∆ 21 2,75
I1 =∆ ∆1== −−44:=
2 =: I1I= =2 F −5, 25 AA
∆ −4
∆ 3∆ −1022
−11=: V=
V=
F I= = = 2
=: I= 255,5
F 2,75 AV
−44
2 ∆ − 2

∆ 3 −1022
V=
F = =: V=
F 255,5V
∆ −4 104
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

Outra maneira de resolver este circuito é utilizando o método da super-


malha.

NOTA

Supermalha é quando duas malhas possuem uma mesma fonte (dependente


ou independente) em comum.

É possível criar uma supermalha, excluindo a fonte de corrente e os ele-


mentos associados em série. Assim, podemos redesenhar o circuito da Figura 10,
como o apresentado na Figura 11:

FIGURA 11 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Pelo circuito da Figura 11 verificamos que foi criada uma supermalha na


periferia das duas malhas. Aplicando a LTK na supermalha, obtemos:

−V1 + VR1 + VR 3 + V2 =0
−5 + 2.I1 + 2.I 2 + 10 =0
2 I1 + 2 I 2 =
−5

Aplicando a LCK no circuito da Figura 11, analisando o nó 1, temos:

I1 + 8 − I 2 =0
I 2= I1 + 8

105
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Substituindo as equações, obtemos:

2 I1 + 2( I1 + 8) =−5
2 I1 + 2 I1 + 16 =
−5
4 I1 =−5 − 16
I1 = −5, 25 A

−5, 25 + 8
I2 =
I 2 = 2,75 A

A tensão VF pode ser obtida por:

VF = VR 2 + VR 3 + V2
VF =8 . 30 + 2,75 . 2 + 10
VF = 255,5V

Para a aplicação da supermalha devemos observar as seguintes


propriedades:
- Se um circuito possui duas ou mais supermalhas que se in-
terceptam, elas devem ser combinadas para formar uma su-
permalha maior;
- A fonte de corrente em uma supermalha não é completamen-
te ignorada. Ela fornece uma equação de restrição necessária
para encontrar as correntes de malha;
- Uma supermalha não possui corrente por si só, independen-
temente do resto do circuito;
- Uma supermalha necessita da aplicação tanto da LCK quan-
to da LTK (SADIKU; ALEXANDER; MUSA, 2014, p. 97).

3.1 CIRCUITOS CONTENDO FONTES DEPENDENTES


Para os circuitos que contenham em sua estrutura uma ou mais fontes
dependentes, o procedimento para aplicação da análise de malha será o mesmo,
devendo ser adicionado a equação imposta por cada fonte dependente, conside-
rando a sua restrição.

Exemplo 1: para o circuito da Figura 12, calcule os valores de I1 e I2.

106
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

FIGURA 12 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução: escrevendo as equações para a malha 1 e 2, aplicando a LTK,


temos:

Malha 1:

−V1 + VR1 + VR 3 =0
−V1 + R1I1 + R3 ( I1 − I 2 ) =0
( R1 + R3 ) I1 − R3 I 2 =
V1

Malha 2:

0
VR 3 + VR 2 + V2 + VR 4 =
R3 ( I 2 − I1 ) + R2 I 2 + V2 + R4 I 2 =
0
− R3 I1 + ( R2 + R3 + R4 ) I 2 =
−V2

• A equação imposta ao circuito pela fonte dependente está restrita a:

V2 = 5.vab

Sendo a tensão vab a tensão sobre o resistor R3, podemos escrever:

vab R3 ( I1 − I 2 )
=

Assim, é possível escrever a equação imposta pela fonte dependente como:

=V2 5  R3 ( I1 − I 2 ) 

107
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Substituindo:

=V2 5 8 ( I1 − I 2 ) 
= V2 40 ( I1 − I 2 )

Substituindo a equação imposta na malha 2, podemos escrever:

− R3 I1 + ( R2 + R3 + R4 ) I 2 =
−40 I1 + 40 I 2
32 I1 − 26 I 2 =
0

Substituindo os valores nas equações, temos:

Malha 1:

13I1 − 8 I 2 =
20

Malha 2:

32 I1 − 26 I 2 =
0

Escrevendo a matriz:

13 −8 I1 20
. =
32 −26 I 2 0

13 −8
∆= = −338 + 256 := ∆ = −82
32 −26

20 −8
∆1 = :=∆1 =520
0 −26

13 20
∆2 = :=∆ 2 =−640
32 0

∆1 520
I1 = = := I1 = −6,34 A
∆ −82

∆ 2 −640 108
I= = =: I= 7,80 A
∆1 520
I1 = = := I1 = −6,34 A
∆ −82 TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

∆ 2 −640
I=
2 = =: I=
2 7,80 A
∆ −82

Exemplo 2: para o circuito da Figura 13, calcule o valor das correntes I1 e


I2 e a tensão no resistor R2.

FIGURA 13 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: aplicando a LTK e fazendo a análise de malha, obtemos:

Malha 1:

−V1 + VR1 + VF =0
−V1 + R1I1 + VF =0
R1I1 + VF =
V1

Malha 2:

0
−VF + VR 2 + VR 3 =
0
−VF + R2 I 2 + R3 I 2 =
( R2 + R3 ) I 2 − VF =
0

Analisando o nó 1, temos:

0
I1 + I F − I 2 =
I 2= I1 + I F

• A equação imposta ao circuito para fonte dependente está restrita a:

I F = 2.VX

109
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Sendo a tensão VX a tensão sobre o resistor R3, podemos escrever:

VX = R3 .I 2

Assim, é possível a escrever a equação imposta pela fonte dependente


como:

VX 2 ( R3 I 2 )
I F 2.=
=

Substituindo:

I F = 2 ( 2.I 2 )
I F = 4.I 2

• Substituindo a equação imposta na malha na análise do nó 1, temos:

I 2= I1 + 4.I 2
I1 = −3.I 2

• Substituindo na malha 1, obtemos:

R1I1 + VF =
V1
R1 ( −3I 2 ) + VF =
V1

• Substituindo as equações pelos valores dos circuitos, obtemos:

Malha 1:

4.( −3I 2 ) + VF =
24
−12 I 2 + VF =
24

Malha 2:

6 I 2 − VF =
0

110
TÓPICO 1 | TÉCNICA DE ANÁLISE DE MALHA (LAÇO)

• Escrevendo a matriz:

−12 1 I 2 24
. =
6 −1 VF 0

−12 1
∆= = 12 − 6 := ∆ = 6
6 −1

24 1
∆1 = :=∆1 =−24
0 −1

−12 24
∆2 = :=∆ 2 =−144
6 0

∆1 −24
I2 = = := I 2 = −4 A
∆ 6

∆ 2 −144
VF = = := VF = −24V
∆ 6

• Utilizando a equação imposta pela fonte substituída do nó 1, podemos calcular


a corrente I1, assim:

I1 = −3I 2
I1 =−3.( −4 )
I1 = 12 A

• A tensão no resistor R2 pode ser calculada plicando a Lei de Ohm, assim:

VR 2 = R2 I 2
VR 2 = 2.4
VR 2 = 8V

111
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A análise da malha é utilizada para calcular as correntes de um circuito elétri-


co. Esta corrente é calculada utilizando a Lei das tensões de Kirchhoff.

• Somente é possível aplicar análise da malha em circuitos planares.

• O número de incógnitas do circuito deve ser igual ou menor que o número de


equações obtidas no circuito.

• A análise da malha com fontes de corrente independentes é realizada da mes-


ma maneira que com a fonte de tensão, levando em consideração que a fonte
de corrente vai impor uma determinada corrente a um ramo, que é necessário
resolver o circuito para obter a tensão nos terminais da fonte de corrente.

• A fonte de corrente independente ou dependente pode estar entre duas malhas


e o seu valor é a diferença entre as correntes de cada malha, observando sem-
pre os sentidos das correntes e cada malha da fonte independente.

• Os circuitos que contenham fontes dependentes de corrente ou de tensão a


análise da malha seguem o mesmo procedimento, devendo ser adicionada a
equação imposta pela fonte, considerando sua restrição.

112
AUTOATIVIDADE

1 Utilizando o método de análise de malhas, calcule as correntes nos resis-


tores R1, R2 e R3 do circuito do esquema a seguir:

2 Calcule a corrente I1 e I2 do circuito a seguir, utilizando o método de aná-


lise da malha.

3 Calcule a corrente I e a tensão sobre os resistores do circuito a seguir, uti-


lizando o método de análise da malha.

113
4 Para o circuito a seguir, calcule as correntes I1 e I2 e a potência dissipada
nos resistores.

5 Calcule a potência dissipada pelo resistor R5 e a tensão sobre o resistor R3


do circuito a seguir, utilizando o método de análise de malha.

6 Calcule pelo método de análise de malha as correntes nos resistores R1, R2


e R3 do circuito a seguir:

114
7 Calcule as correntes I1, I2 e I3 utilizando o método de análise de malha para
o circuito a seguir:

8 Utilizando o método de análise de malha calcule as correntes I1, I2 e I3, e a


tensão sobre o resistor R4, do circuito a seguir:

9 Utilizando o método de análise de malha, calcule as correntes I1, I2, I3 e I0


do circuito a seguir:

115
10 Calcule V0 e I0 no circuito a seguir, utilizando o método de análise de ma-
lha:

11 Calcule as correntes I1, I2 e I3 utilizando o método e análise de malha do


esquema a seguir:

12 Calcule a tensão VR2 para o circuito a seguir, utilizando o método de análi-


se de malha.

116
13 Calcule a tensão V0 do circuito ilustrado a seguir, utilizando o método de
análise de malha.

14 Calcule a corrente ia utilizando o método de análise de malha para o circui-


to ilustrado a seguir:

15 Calcule a tensão no resistor R2 no circuito ilustrado a seguir utilizando o


método de análise de malha.

117
16 Calcule a tensão no resistor R3 do circuito ilustrado a seguir, pelo método
de análise de malha:

17 Calcule a tensão no resistor R3 do circuito representado a seguir, utilizan-


do o método de análise de malha.

18 Calcule a tensão no resistor R3 do circuito a seguir, utilizando o método de


análise de malha:

118
19 Calcule a tensão no resistor R5 do circuito ilustrado a seguir, utilizando o
método de análise de malha.

20 Calcule a tensão no resistor R4 do circuito ilustrado a seguir, utilizando o


método de análise de malha.

119
120
UNIDADE 2 TÓPICO 2

TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

1 INTRODUÇÃO
No Tópico 2, será apresentado o estudo para a análise de circuitos elétri-
cos utilizando o método de análise nodal. Esse método é baseado na aplicação da
Lei das correntes de Kirchhoff (LCK). Algumas literaturas chamam o método de
análise nodal como método das tensões de nó. A análise nodal será realizada para
circuitos contando com fontes independentes e fontes dependentes.

2 ANÁLISE NODAL
Na análise nodal, os cálculos realizados são para determinar as tensões
em cada nó, diferente da análise de malha, que se calculam as correntes de cada
malha.

E
IMPORTANT

A análise nodal é também chamada de método da tensão de nó.

A tensão do nó é definida em relação a um nó comum de referência. O


potencial do nó de referência é assumido como zero e geralmente é chamado de
terra. Normalmente, esse nó de referência é o que tem maior número de ramos
conectados. Irwin (2013, p. 78) afirma que “ele é geralmente chamado de terra
porque é sabido estar a um potencial nulo de terra, e as vezes representa o chassi
ou a linha terra em um circuito prático”. Para os demais nós, que não são o de
referência, numeramos como variáveis para as tensões dos nós, sendo numera-
dos em relação ao nó de referência como V1, V2, V3, ...Vn-1. Sendo o resistor um
elemento passivo, por convenção, a corrente deve sempre fluir do potencial mais
alto para o potencial mais baixo.

121
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Com a escolha do nó de referência e a numeração de todos os outros nós,


verificamos que cada elemento do circuito estará conectado entre dois nós, desta
forma, a tensão sobre cada elemento resistivo é conhecida, aplicamos a Lei de
Ohm. Em que:

NOTA

Em um resistor a corrente circula do potencial mais alto para o mais baixo.

VR alto − VR Baixo
I=
R

Após as definições anteriores, pode-se agora aplicar a lei das correntes de


Kirchhoff (LCK) para cada nó, devendo adotar a convenção de sinal de acordo
com o sentido das correntes em relação aos nós. Considerando positivas as cor-
rentes que entram em um nó e negativas as que saem do nó.

Uma vez levantada as equações das correntes de nó, utilizamos a lei das
correntes de Kirchhoff, e as equações das correntes nos resistores, utilizando a
Lei de Ohm, deve-se substituir nas equações da Lei das Correntes de Kirchhoff,
as correntes obtidas pela Lei de Ohm. Desta forma, obtêm-se as equações, método
da substituição, da eliminação ou o método das matrizes.

Exemplo 1: calcule a tensão e as correntes nos resistores R1, R2, R3 e R4 do


circuito da figura a seguir.

FIGURA 14 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

122
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

Solução: definição do nó de referência, como é possível verificar no circui-


to o nó que apresenta o maior número de ramos conectados é o nó inferior, assim
este será o nó de referência. Numeramos os outros nós e marcamos as variáveis
para as tensões de nós, assim podemos redesenhar o circuito conforme a figura
a seguir:

FIGURA 15 – CIRCUITO DO EXEMPLO 1 COM A MARCAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

• Aplicação da Lei de Ohm para cada corrente do circuito.

V1 − 0 V1 − V2 V2 − 0 V2 − 0
I1 = I2 = I3 = I4
R1 R2 R3 R4

• Definido os nós e as equações, devemos agora aplicar a Lei das Correntes de


Kirchhoff para cada nó, lembrando que o nó de referência não é necessário.
Assim:

Nó 1

0
I f − I1 − I 2 =

Nó 2

0
I 2 − I3 − I 4 =

123
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Substituindo as equações da Lei de Ohm nas equações obtidas em cada nó pela


Lei de Kirchhoff, temos:

Nó 1

 V − 0   V1 − V2 
I f − 1 − =0
 R1   R2 
 V1   V1 − V2 
 + = If
 R1   R2 
 1 1  V2
 +  .V1 − If
=
 R1 R2  R2

Nó 2

 V1 − V2   V2 − 0   V2 − 0 
  − − =0
 R 2   R3   R4 
 V1 − V2   V2   V2 
  −  −   = 0
 R2   R3   R4 
 V1   1 1 1 
  − + +  .V2 =
0
 R2   R2 R3 R4 

• Escrevendo as equações, o sistema ficará da seguinte forma, substituímos os


valores dados no circuito:

Nó 1

 1 1 V2
 0,5 + 1  .V1 − 1 =11
 
3.V1 − V2 = 11

Nó 2

 V1  1 1 1 
  − + +  .V2 =0
1   1 1 0,5 
V1 − 4.V2 =
0

124
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Escrevendo a matriz para resolver o sistema temos:

3 −1 V1 11
. =
1 −4 V2 0
3 −1
∆= = −12 + 1 := ∆ = −11
1 −4
11 −1
∆1 = :=∆1 =−44
0 −4
3 11
∆2 = :=∆ 2 =−11
1 0
∆1 −44
V1= = = 4=: V1= 4V
∆ −11
∆2 −11
V2= = = 1=: V2= 1V
∆ −11

• A corrente pode ser calculada substituindo as tensões calculadas nas equações


da Lei de Ohm, assim:

V1 4 V1 − V2 3
I1= = = 8A I 2= = = 3A
R1 0,5 R2 1
V2 1 V2 1
I3= = = 1A I4= = = 2A
R3 1 R4 0,5

• As tensões sobre os resistores são:

VR1 = V1 = 4V VR 2 = V1 −V2 = 3V
VR=
3 V=
2 1V VR=
4 V=
2 1V

Exemplo 2: calcule as tensões nodais do circuito da figura a seguir.

125
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

FIGURA 16 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução:

• Definição do nó de referência, o nó que apresenta o maior número de ramos


conectados é o nó inferior.
• Numeramos os outros nós e marcamos as variáveis para as tensões de nós,
assim o circuito pode ser redesenhado conforme a figura a seguir.

FIGURA 17 – CIRCUITO DO EXEMPLO 2 COM A MARCAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

• Aplicando a Lei de Ohm para cada corrente do circuito, temos:

V1 − 0 V1 − V2 V2 − 0
=I1 = I2 = I3
R1 R2 R3

126
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff para cada nó, temos:

Nó 1

0
I B − I A − I1 − I 2 =
I1 + I 2 = I B − I A

Nó 2

0
IC + I 2 − I B − I3 =
I 2 − I3 = I B − IC

• Substituindo a Lei de Ohm nas equações obtidas em cada nó pela lei de Kir-
chhoff, temos:

Nó 1

 V1 − 0   V1 − V2 
 + = IB − I A
 R1   R2 
1 1  V2
 +  .V1 − =I B − I A
 R1 R2  R2

Nó 2

 V1 − V2   V2 − 0 
 + =I B − IC
 R2   R3 
V1  1 1 
−  +  .V2 =I B − I C
R2  R2 R3 

• Escrevendo as equações, o sistema ficará da seguinte forma, substituímos os


valores dados no circuito:

Nó 1

1 1 V2
 +  .V1 − =5 − 3
2 4 4
0,75.V1 − 0, 25.V2 =
2

127
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Nó 2

 V1   1 1 
  −  +  .V2 =5 − 10
 4  4 6
0, 25.V1 − 0, 42.V2 =
−5

• Escrevendo as equações na forma matricial, temos:

0,75.V1 − 0, 25.V2 =
2
0, 25.V1 − 0, 42.V2 =
−5
0,75 −0, 25 V1 2
. =
0, 25 −0, 42 V2 −5

O determinante da matriz é calculado como:

0,75 —0, 25
∆= = −0,315 + 0,0625 := ∆ = −0, 25
1, 25 −0, 42
2 −0, 25
∆1 = =−0,84 − 1, 25 :=∆1 =−2,09
−5 −0, 42
0,75 2
∆2 = =−3,75 − 0,5 :=∆ 2 =−4, 25
0, 25 −5

Os valores das tensões são obtidos pela divisão dos determinantes, assim:

∆1 −2,09
V=
1 = =: V=
1 8,36V
∆ −0, 25
∆ 2 −4, 25
V=
2 = =: V=2 17 V
∆ −0, 25

128
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

Exemplo 3: calcule as correntes e tensões do circuito da figura a seguir.

FIGURA 18 – EXEMPLO 3

FONTE: O autor

Solução:

• Definição do nó de referência, o nó que apresenta o maior número de ramos


conectados é o nó inferior.
• Numeração dos outros nós e marcação das variáveis para as tensões de nós.
Redesenhando o circuito fica conforme a figura a seguir.

FIGURA 19 – EXEMPLO 3 CIRCUITO COM A IDENTIFICAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

129
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Aplicando a Lei de Ohm para cada corrente do circuito, temos:

V1 − 0 V1 − V2 V2 − 0
=I1 = I2 = I3
R1 R2 R3

• Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff para cada nó, temos:

Nó 1

0
I B − I A − I1 − I 2 =
I B − I A = I1 + I 2
I1 + I 2 = I B − I A

Nó 2

0
I 2 − I3 − I B =
I 2 − I3 =
IB

• Substituindo a Lei de Ohm nas equações obtidas em cada nó pela Lei de Kir-
chhoff, temos:

Nó 1

 V1 − 0   V1 − V2 
 + = IB − I A
 R1   R2 
1 1  V2
 +  .V1 − =I B − I A
 R1 R2  R2

Nó 2

 V1 − V2   V2 − 0 
 − =IB
 R2   R3 
V1  1 1 
−  +  .V2 =
IB
R2  R2 R3 

• Escrevendo as equações, o sistema ficará da seguinte forma, substituímos os


valores dados no circuito:

130
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

Nó 1

1 1 V2
 +  .V1 − =8 − 15
8 6 6
0, 29.V1 − 0,166.V2 =
−7

Nó 2

1 1  V1 
 +  .V2 +   = 8
6 4 6
0,166.V1 − 0, 416.V2 =8

• Escrevendo as equações na forma matricial, temos:

0, 29 −0166 V1 −7
. =
0,166 −0, 416 V2 8

• Calculando o determinante das matrizes, temos:

0, 29 —0,166
∆= = −0,12 + 0,0275 := ∆ = −0,025
0,166 −0, 416
−7 −0,166
∆1 = =2,912 − 1,328 :=∆1 =4, 24
8 −0, 416
0, 29 −7
∆2 = =2,32 + 1,162 :=∆ 2 =3, 48
0,166 8

• Os valores das tensões são obtidos pela divisão dos determinantes, assim:

∆1 4, 24
V1 = = := V1 = −45,84V
∆ −0,0929
∆ 3, 48
V2 = 2 = := V2 = −37,64V
∆ −0,0929

131
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Exemplo 4: calcule as tensões de nós e as correntes nos resistores para o


circuito da figura a seguir.

FIGURA 20 – EXEMPLO 4

FONTE: O autor

Solução: redesenhando o circuito com os nós e as variáveis definidas ob-


têm o circuito da Figura 21.

FIGURA 21 – EXEMPLO 4 COM A IDENTIFICAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

132
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Aplicando a Lei de Ohm para cada corrente do circuito, temos:

V1 − 0 V1 − V2 V2 − V3
=I1 = I2 = I3
R1 R2 R3
V3 − 0 V1 − V3 V2 − V3
=I4 = I5 = I6
R4 R5 R6

• Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff para cada nó, temos:

Nó 1

0
I A − I1 − I 2 − I 5 =
I1 + I 2 + I 5 =
IA

Nó 2

0
I 2 + IC − I3 − I6 =
I3 + I6 − I 2 =
IC

Nó 3

0
I3 + I5 + I B + I6 − IC =
I3 + I5 + I6 − I 4 = IC − I B

• Substituindo a Lei de Ohm nas equações obtidas em cada nó pela Lei de Kir-
chhoff, temos:

Nó 1

 V1 − 0   V1 − V2   V1 − V3 
 + + =IA
 R1   R2   R5 
 1 1 1  V V
 + +  .V1 − 2 − 3 =
IA
 R1 R2 R5  R2 R5

Nó 2

 V2 − V3   V2 − V3   V1 − V2 
 + − =IC
 R3   R6   R2 
−V1  1 1 1   1 1 
. + +  .V2 −  +  .V3 = IC
R2  R2 R3 R6   R3 R6 

133
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Nó 3

 V2 − V3   V1 − V3   V2 − V3   V3 − 0 
 + + − =IC − I B
 R3   R5   R6   R4 
V1  1 1 1 1   1 1 
− + + +  .V3 +  +  .V2 = I C − I B
R5  R3 R5 R6 R4   R3 R6 

• Escrevendo as equações, o sistema ficará da seguinte forma, substituímos pelos


valores dados no circuito:

Nó 1

1 1 1  V2 V3
 + +  .V1 − − = 3
 4 2 15  2 15
0,816.V1 − 0,5.V2 − 0,0666.V3 = 3

Nó 2

−V1  1 1 1  1 1
. + +  .V2 −  +  .V3 = 1
2  2 2 5  2 5
−0,5.V1 + 1, 2.V2 − 0,7.V5 =
1

Nó 3

V1  1 1 1 1  1 1
−  + + +  .V3 +  +  .V2 =1 − 2
15  2 15 5 5   2 5
0,066.V1 + 0,7.V2 − 0,966.V3 =
−1

• Escrevendo as equações na forma matricial, temos:

0,816 −0,5 −0,0666 V1 3


−0,5 1, 2 −0,7 . V2 =
1
0,066 0,7 −0,966 V3 −1

134
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Calculando o determinante das matrizes, temos:

0,816 -0,5 -0, 0666


-0,5 1, 2 -0, 7
=∆ 0,=
066 0, 7 -0,966
0,816 -0,5 -0, 0666
-0,5 1, 2 -0, 7
=∆ -0,945 + 0, 0233 + 0, 0231 + 0, 0052 + 0,399 + 0,=
241:
∆ =-0, 253

3 -0,5 -0, 0666


1 1, 2 -0, 7
=∆1 -1=
0, 7 -0,966
3 -0,5 -0, 0666
1 1, 2 -0, 7
∆1 =-3, 477 - 0, 0466 - 0,35 - 0, 0799 + 1, 47 - 0, 483 :=
∆1 =-2,966

0,816 3 -0, 0666


-0,5 1 -0, 7
=∆ 2 0, 066
= -1 -0,966
0,816 3 -0, 0666
-0,5 1 -0, 7
∆ 2 -0, 788 + 0, 0333 - 0,139 + 0, 0044 - 0,571-1, 449
= =:
∆ 2 =-2,975

0,816 -0,5 3
-0,5 1, 2 1
=∆ 3 0, =
066 0, 7 -1
0,816 -0,5 3
-0,5 1, 2 1
∆ 3 =-0,979 - 1, 05 - 0, 0333 - 0, 239 - 0,571 + 0, 25 :=
∆ 3 =-2, 622

135
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Os valores das tensões são obtidos pela divisão dos determinantes, assim:

∆1 −2,966
V=
1 = =: V=
1 11,72V
∆ −0, 253
∆2 −2,975
V=
2 = =: V=2 11,76V
∆ −0, 253
∆3 −2,622
V=
3 = =: V=3 10,36V
∆ −0, 253

Exemplo 5: para o circuito da figura a seguir, calcule as tensões nos resis-


tores R1, R2 e R3.

FIGURA 22 – EXEMPLO 5

FONTE: O autor

Solução:

• Redesenhando o circuito com os nós e as variáveis definidas, obtemos o circui-


to da figura a seguir:

FIGURA 23 – EXEMPLO 5 COM A IDENTIFICAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

136
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Aplicando a Lei de Ohm para cada corrente do circuito, temos:

V1 − 0 V1 − V2 V2 − 0
=I1 = I2 = I3
R1 R2 R3

• Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff para cada nó, temos:

Nó 1

0
I A − I1 − I 2 =
I1 + I 2 =
IA

Nó 2

0
I 2 − I B − I3 =
0
I 2 − I3 − I B =

• Escrevendo as equações, o sistema ficará da seguinte forma, substituindo pelos


valores, dados no circuito:

Nó 1

 V1 − 0   V1 − V2 
 + = IA
 R1   R2 
 1 1  V2
 +  .V1 − = IA
 R1 R2  R2

Nó 2

 V1 − V2   V2 − 0   V1 − 0 
 −  − 2. =0
 R2   R3   R1 
 1 2  1 1 
 −  .V1 −  +  .V2 =
0
 R2 R1   R2 R3 

• Escrevendo as equações, o sistema ficará da seguinte forma, substituímos pelos


valores dados no circuito:

137
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Nó 1

1 1 V2
 +  .V1 − = 4
1 1 1
2.V1 −V2 =4

Nó 2

1 2  1 1
 −  .V1 −  +  .V2 =
0
1 1  1 1
−V1 − 2.V2 =
1

• Escrevendo as equações na forma matricial, temos:

2 −1 V1 4
. =
−1 −2 V2 0

• Calculando o determinante das matrizes, temos:

2 −1
∆= = −4 − 1:= ∆ = −5
−1 −2
4 −1
∆1 = =−8 + 0 :=∆1 =−8
0 −2
2 4
∆2 = =0 + 4 :=∆ 2 =4
−1 0

• Os valores das tensões são obtidos pela divisão dos determinantes, assim:

∆1 −8
V=
1 = = V= 1 1,6V
∆ −5
∆ 4
V2 = 2 = = V2 = −0,8V
∆ −0,8

• As tensões sobre os resistores são:

VR1 = V1 =1,6V VR 2 = V1 −V2 = 0,8V VR 3 = V2 = 0,8V

138
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

Exemplo 6: calcule a tensão em cada resistor do circuito da figura a seguir.

FIGURA 24 – EXEMPLO 6

FONTE: O autor

Solução: redesenhando o circuito com os nós e as variáveis definidas, ob-


temos o circuito da figura a seguir.

FIGURA 25 – EXEMPLO 6 COM A IDENTIFICAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

• Aplicamos a Lei de Ohm para cada corrente do circuito, temos:

V1 − 0 V1 − 0 V2 − 0
=I1 = I2 = I3
R1 R2 R3

• Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff para cada nó, temos:

Nó 1

0
− I1 − I A − I B =
I1 =− I A − IB

139
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Nó 2

0
I B − I 2 − I3 =
I 2 + I3 =
IB

• Substituímos a Lei de Ohm nas equações obtidas em cada nó pela Lei de Kir-
chhoff, temos:

Nó 1

 V1 − 0 
 = − I A − IB
 R1 
 V1 
 = − I A − IB
 R1 

Nó 2

 V2 − 0   V2 − 0 
 + =IB
 R2   R3 
 1 1 
 +  .V2 =
IB
 R2 R3 

• Escrevendo as equações, o sistema ficará da seguinte forma, substituímos pelos


valores dados no circuito:

Nó 1

 V1 
  =−2 − 6
2
0,5 .V1 = −8

Nó 2

1 1
 +  .V2 = 6
3 6
0,5.V2 = 6

140
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Escrevendo as equações na forma matricial, temos:

0,5 0 V1 −8
. =
0 0,5 V2 6

• Calculando o determinante das matrizes, temos:

0,5 0 −8 0 0,5 −8
=∆ = 0, 25 =∆1 = −4 =∆2 = 3
0 0,5 6 0,5 0 6

• Os valores das tensões são obtidos pela divisão dos determinantes, assim:

∆1 −4 ∆2 3
V1 = = −16V
= V2 = = 12V
=
∆ 0, 25 ∆ 0, 25

• As tensões sobre os resistores são:

VR=
1 1 16V
V= VR=
2 V=
2 12V VR=
3 V=
2 12V

2.1 CIRCUITOS CONTENDO FONTES INDEPENDENTES DE


TENSÃO
As fontes de tensão, quando inseridas em um circuito, impõem entre dois
nós uma determinada diferença de potencial (D.D.P), necessitando que seja so-
lucionado o circuito para que o valor da corrente da fonte de tensão possa ser
calculado.

A fonte de tensão pode estar conectada ao circuito de duas maneiras:

1- Quando a fonte de tensão está conectada entre o nó escolhido como o de re-


ferência e outro nó que será considerado como o nó de uma variável que se
deseja obter o valor da tensão. Desta forma, a tensão está sendo imposta ao nó
pela fonte de tensão, neste caso pode-se desconsiderar o equacionamento deste
nó.

Exemplo 1: a tensão do nó 1 é a própria tensão da fonte VA e a tensão do


nó 2 e a própria tensão da fonte VB, conforme a figura a seguir.

141
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

FIGURA 26 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

2- Quando a fonte de tensão está conectada entre dois nós. Assim, a corrente da
fonte é um valor a ser calculado, e a tensão da fonte é considerada como sendo
a diferença de potencial entre os dois nós.

Exemplo 2: calcule a tensão nos resistores R1, R2 e a corrente da fonte Vf


do circuito da figura a seguir.

FIGURA 27 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: redesenhado o circuito com a identificação dos nós obtemos o


circuito da figura a seguir.

142
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

FIGURA 28 – EXEMPLO 2 CIRCUITO COM A IDENTIFICAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

• Aplicando a Lei de Ohm para cada corrente do circuito, temos:

V1 − 0 V1 − V2 V2 − 0
=I1 = I2 = I3
R1 R2 R3

• Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff para cada nó, temos:

Nó 1

0
I A − I1 − I 2 + I F =
I1 + I 2 − I F =
IA

Nó 2

0
I 2 − I F − I B + I3 =
I 2 − I3 − I F =IB

• Considerando que a fonte de tensão está sobre dois nós, podemos equacionar
como:

VF= V1 − V2

• Substituímos a Lei de Ohm nas equações obtidas em cada nó pela Lei de Kir-
chhoff, temos:

143
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Nó 1

 V1 − 0   V1 − V2 
 + =I A + IF
 R1   R2 
1 1  V2
 +  .V1 − − I F = IA
 R1 R2  R2

Nó 2

 V1 − V2   V2 − 0 
 − =IF + IB
 R2   R3 
V1  1 1 
−  +  .V2 − I F =
IB
R2  R2 R3 

• Escrevendo as equações e substituindo os valores:

Nó 1

1 1  V2
 +  .V1 − − I F = 4
 4 20  20
0,3 .V1 − 0,05.V2 − I F =
4

Nó 2

V1  1 1 
−  +  .V2 − I F = 14
20  20 8 
0,05.V1 − 0,175.V2 − I F =
14

Portanto, a tensão da fonte é:

VF =V1 − V2 :=14 − 10 = 4

• Escrevendo as equações na forma matricial, temos:

0,3 −0,05 −1 V1 4
0,05 −0,175 −1 . V2 =
14
1 −1 0 IF 4

144
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Calculando o determinante das matrizes, temos:

0,3 −0,05 −1
0,05 −0,175 −1
=∆ =1 −1 0
0,3 −0,05 −1
0,05 −0,175 −1
∆ 0,05 + 0,05 − 0,175 − 0,3
= =:
∆ = −0,375

4 −0,05 −1
14 −0,175 −1
=∆1 4 = −1 0
4 −0,05 −1
14 −0,175 −1
∆1 = 14 + 0, 2 − 0,7 − 4 :=
∆1 =9,5

0,3 4 −1
0,05 14 −1
=∆2 1= 4 −0
0,3 4 −1
0,05 14 −1
∆ 2 =−0, 2 − 4 + 14 + 1, 2 :=
∆2 =11

0,3 −0,05 4
0,05 −0,175 14
=∆3 1= −1 4
0,3 −0,05 4
0,05 −0,175 14
−0, 21 − 0, 2 − 0,7 + 0,7 + 4, 2 + 0,01 :=
∆3 =
∆ 3 =3,8

145
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Os valores das tensões e correntes são obtidos pela divisão dos determi-
nantes, assim:

∆1 9,5
V1 = = := V1 = −25,33V
∆ −0,375
∆ 1,1
V2 = 2 = := V2 = −29,33V
∆ −0,375
∆ 3,8
IF = 3 = := I F = −10,13 A
∆ −0,375

Outra maneira de resolver este circuito é criando um super nó. A fonte


VF está conectada entre os nós 1 e 2, desta forma, este será o ponto do super nó.
Levando em consideração o resistor conectado em paralelo, o circuito da Figura
29 pode ser redesenhado para a aplicação do super nó, como podemos ver:

FIGURA 29 – EXEMPLO 2 CIRCUITO PARA A APLICAÇÃO DO SUPER NÓ

FONTE: O autor

Pelo circuito da Figura 29, verificamos a criação do supernó entre o nó 1 e


o nó 2, formando um nó generalizado.

• Aplicando a LCK ao supernó, obtemos:

0
I A − I1 − I 3 − I B =
I A =I1 + I 3 + I B

146
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Escrevendo as correntes I1 e I3 em termos das tensões dos nós, aplicando a Lei


de Ohm, obtemos:

V1 − 0 V2 − 0
IA = + + IB
R1 R3

• Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff ao supernó, obtemos o circuito da


Figura 30, assim:

FIGURA 30 – EXEMPLO 2 CIRCUITO PARA A APLICAÇÃO DA LTK DO SUPER NÓ

FONTE: O autor

0
−V1 + VF + V2 =
V=
1 VF + V2

• Escrevendo as equações da LCK e LTK, substituindo os valores do circuito,


temos:

V1 − 0 V2 − 0
IA = + + IB
R1 R3
V1 V2
4= + + 14
4 8
−0,5V2 − 40
V1 =

147
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Substituindo na equação da LTK, temos:

−0,5V2 − 40
VF + V2 =
V2 + 0,5V2 =−40 − 4
−44
V2 =
1,5
V2 = −29,33V
−0,5V2 − 40
V1 =
V1 = −25,33V

Para a aplicação da supernó devemos observar as seguintes proprie-


dades:
- A fonte de tensão dentro de um supernó fornece uma equação de
restrição que deve ser resolvida para as tensões nodais;
- Um supernó não possui tensão por ele próprio, independentemente
do restante do circuito;
- Uma supernó necessita da aplicação tanto da LCK quanto da LTK
(SADIKU; ALEXANDER; MUSA, 2014, p. 89).

2.2 CIRCUITOS CONTENDO FONTES DEPENDENTES DE


TENSÃO
Os circuitos que contenham em sua estrutura uma ou mais fontes de ten-
são dependentes, os procedimentos para a aplicação da análise nodal serão os
mesmos, sendo que a corrente ou tensão de controle da fonte dependente será
expressa como uma função das tensões dos nós. Com isso, a simetria entre as
equações nodais definidas no circuito pode não existir.

Exemplo 1: calcule as tensões sobre os resistores, para o circuito da figura


a seguir:

FIGURA 31 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

148
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

Solução: redesenhando o circuito com a identificação dos nós, obtemos o


circuito da figura a seguir.

FIGURA 32 – EXEMPLO 1 COM A IDENTIFICAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

• Aplicamos a Lei de Ohm para cada corrente do circuito, temos:

I F =10. I 3
V1 − V2 V2 − 0
=I1 I =
A I2 =I3 V 
R2 R3 I F =10.  2 
 R3 

• Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff, temos:

Nó 1

0
I A + IF − I2 =
IF − I2 =
IA

Nó 2

0
I 2 − I3 − I B =
I 2 − I3 =
IB

• Substituímos a Lei de Ohm na Lei de Kirchhoff, temos:

Nó 1

 10.V2   V1 − V2 
  − =IA
 R3   R2 
149
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Nó 2

 V1 − V2   V2 − 0 
 − =IB
 R2   R3 

• Substituindo os valores dados no circuito, temos:

Nó 1

V1  10 1 
− +  +  .V2 = 5
2  4 2
−0,5 .V1 + 3.V2 =
5

Nó 2

V1  1 1 
−  +  .V2 = 8
2 2 4
0,5.V1 − 0,75.V2 =
8

• Escrevendo as equações na forma matricial, temos:

−0,5 3 V 5
. 1 =
0,5 −0,75 V2 8

• Calculando o determinante das matrizes, temos:

−0,5 3
∆= = 0,375 − 1,5 := ∆ = −1,12
0,5 −0,75
5 3
∆1 = =−3,75 − 24 :=∆1 =−27,75
8 −0,75
−0,5 5
∆2 = =−4 − 2,5 :=∆ 2 =−6,5
0,5 8

150
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• Os valores das tensões são:

∆1 −27,75 ∆ 2 −6,5
V=
1 = =: V=
1 24,78V V=
2 = =: V=
2 5,80V
∆ −1,12 ∆ −1,12

Exemplo 2: calcule a tensão sobre os resistores e as correntes do circuito


da figura a seguir:

FIGURA 33 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: redesenhando o circuito com a identificação dos nós, obtemos o


circuito da figura a seguir.

FIGURA 34 – EXEMPLO 2 COM A IDENTIFICAÇÃO DOS NÓS

FONTE: O autor

151
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Aplicando a Lei de Ohm:

VA − V1 VB − V1 V − V1
I1 = I2 = I X I1= A
R1 R2 R1

• Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff, temos:

0
I1 + I 2 − I A =
I1 + I 2 =
I2

• Substituímos a Lei de Ohm na Lei de Kirchhoff, temos:

 V − V  3.V 3.V
3. A 1  = A − 1 =−
VB = 4 0,5.V1
 R1  R1 R1
 VA − V1   VB − V1 
  + =IA
 R1   R2 
 VA −V1   ( 4 − 0,5.V1 ) − V1 
  + =IA
 R1   R2 
1 1 0,5  4 VA
− + +  .V1 + + IA
=
 R1 R2 R2  R2 R1

• Substituindo os valores dados no circuito, obtemos os valores das tensões, as-


sim:

 1 1 0,5  4 8
− + +  .V1 + + = 2
6 3 3  3 6
−0,666.V1 +1,333 + 1,333 =
2
−0,666.V1 + 2,666 =
2
V1 = 1V
VB= 4 − 0,5.V1
VB = 3,5V

• As correntes do circuito são calculadas aplicando a Lei de Ohm, assim:

VA − V1 8 − 1 VB − V1 3,5 − 1
=I1 == = : I1 1,16 A =I2 = = = : I 2 0,83 A
R1 6 R2 3

152
TÓPICO 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE NODAL

• As tensões sobre os resistores ficam:

VR1 = VA − V1 := VR1 = 7 V VR 2 = VB − V1 := VR 2 = 2,5V

153
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A análise nodal é utilizada para calcular as tensões dos nós de circuitos elétri-
cos. Estas tensões são calculadas utilizando a Lei das correntes de Kirchhoff.

• A análise nodal sendo aplicada em circuitos com fontes independentes de ten-


são e realizada da mesma maneira que foi com circuitos com fontes de corren-
tes independentes, levando em consideração que a fonte de tensão vai impor
uma determinada tensão entre dois nós.

• A fonte de tensão independente pode estar conectada ao circuito entre o nó


escolhido como de referência e o nó que se deseja obter o valor da tensão, desta
forma a tensão neste nó é a própria tensão da fonte, não necessitando equacio-
namento, pois a tensão está sendo imposta ao nó pela fonte independente.

• A fonte de tensão independente pode ser conectada ao circuito entre dois nós,
sendo que nenhum deles é o nó de referência. Desta forma, a corrente da fonte
independente estará presente no equacionamento dos dois nós. A tensão da
fonte é a diferença de potencial entre dois nós.

• Os circuitos que contenham fontes dependentes de tensão, a análise nodal


deve seguir o mesmo procedimento, considerando que a tensão ou a corrente
de controle será expressa como uma função das tensões entre os nós.

154
AUTOATIVIDADE

1 Segundo o circuito a seguir, calcule as tensões e as correntes nos resistores


R1, R2, R3 e R4.

2 Calcule a tensão e a corrente nos resistores do circuito a seguir. A corrente


IF considerando que a tensão no resisto R2 tem o valor de 2V e a tensão no
resistor R3 tem o valor de -­ 4V.

3 Dado o circuito ilustrado a seguir, calcule as tensões nos nós sendo If=4A.

155
4 Calcule as correntes nos resistores usando a análise nodal, para o circuito
representado a seguir:

5 Usando o método de análise nodal, calcule as correntes e tensões nos resis-


tores do circuito representado a seguir:

6 Dado o circuito a seguir, calcule as correntes e tensões nos resistores utili-


zando análise nodal.

7 Para o circuito ilustrado a seguir, calcule as correntes e tensões nos resisto-


res utilizando análise nodal.

156
8 Calcule a tensão nos resistores utilizando análise nodal do circuito ilustrado
a seguir:

9 Calcule a corrente IX para o circuito representado a seguir, utilize análise


nodal.

10 Calcule as tensões V1 e V2 no circuito ilustrado a seguir, utilizando análise


nodal, considere R4=8R.

157
11 Utilize análise nodal e calcule o valor de VX no esquema a seguir:

12 A partir do circuito representado a seguir, calcule as correntes I1, I2 e I3


usando a análise da malha.

13 Calcular a tensão VX e a corrente IX do circuito representado a seguir, uti-


lizando análise de malha.

158
14 Dado o circuito a seguir, calcule a corrente no resistor R3 utilizando análise
de malha.

15 Calcule a corrente IX para o circuito a seguir, utilizando análise de malha.

16 Calcule a tensão sobre o resistor R3 utilizando análise de malha para o


circuito a seguir:

159
17 Dado o circuito a representado seguir, calcule a tensão sobre o resistor R2
utilizando análise de malha.

18 Para o circuito representado a seguir, calcule a tensão no resistor R3 usan-


do análise de malha.

19 Utilizando o método de análise de malha, calcule a corrente no resistor R3


do circuito representado a seguir:

160
UNIDADE 2
TÓPICO 3

TEOREMA DE CIRCUITOS

1 INTRODUÇÃO
No Tópico 3, serão apresentados alguns teoremas desenvolvidos por en-
genheiros com a finalidade de simplificar a análise em circuitos mais complexos.
A utilização das análises de malha e nodal, que utilizam as Leis de OHM e a de
Kirchhoff, estudas nos Tópicos 1 e 2, se aplicam muito bem em circuitos pequenos
que tenham até 4 malhas ou nós, porém, em circuitos com números maiores de
malhas ou nós, a análise se torna cansativa e trabalhosa.

A aplicação desses teoremas simplificará a análise, pois diminuirá o nú-


mero de equações e variáveis do circuito. Uma mudança de fontes de correntes
para uma fonte de tensão produzirá um circuito com dois resistores em série eli-
minando uma equação na análise nodal. Uma mudança de fonte de tensão para
uma fonte de corrente produzirá um circuito com dois resistores em paralelo,
eliminando uma equação na análise de malha.

Será apresentado, neste tópico, como obter a máxima potência em uma


carga. No final do tópico, estarão disponíveis alguns exercícios para melhorar a
fixação do conteúdo.

2 PROPRIEDADE DE LINEARIDADE
Um elemento de um circuito elétrico é considerado linear se atender a
propriedade de homogeneidade e a propriedade aditiva.

A propriedade de homogeneidade acontece quando uma fonte de exci-


tação, que pode ser considerado como uma entrada, for multiplicada por uma
constante. A resposta, considerada como saída, será multiplicada pela mesma
constante, ou seja, fazendo uma análise em um resistor que segue a Lei de OHM,
em que a tensão é diretamente proporcional ao produto da corrente pelo valor do
resistor, se a corrente aumentar o seu valor por uma constante k, o valor da tensão
aumentará em uma proporção de k vezes. Assim, equacionando o resistor pela
Lei de OHM, temos:

V=R.I

161
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Aplicando a constante:

k.V=R.I.k

Dessa forma, o resistor atende a propriedade da homogeneidade.

A propriedade aditiva caracteriza-se quando a resposta de uma soma de


entrada seja a soma das respostas a cada entrada separadamente. Para o exemplo
do resistor, se aplicar uma corrente I1, a tensão sobre o resistor será uma tensão
com valor que podemos chamar de V1. Agora, se aplicarmos uma corrente I2 nes-
te mesmo resistor, haverá uma tensão que podemos chamar de V2.

Aplicando a soma das correntes neste resistor I1+I2, obteremos uma tensão
que será a soma das tensões V1+V2 obtidas separadas.

Equacionando temos:

V1 = R . I1

V2 = R . I2

Aplicando (I1+I2), temos:

V = R . (I1 + I2)
V1 + V2 = R . I1 + R . I2

Dessa forma, o resistor é considerado um elemento linear, pois atende às


duas propriedades, a da homogeneidade e a aditiva. Para que um circuito seja
considerado linear, os elementos que compõem este circuito devem ser todas li-
neares, ou seja, todos os elementos devem atender a propriedade da homoge-
neidade e a propriedade aditiva. No exemplo a seguir é apresentado um circuito
linear.

Exemplo 1: demonstrar que o circuito da figura a seguir é linear, aplican-


do a propriedade de linearidade:

FIGURA 34 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

162
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

Solução:

• Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff:

Malha 1:

Malha 2:

• Escrevendo as equações de forma matricial:

• Multiplicando o valor de cada fonte por 2 teremos os seguintes valores de cor-


rente:

163
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• As correntes I1 e I2 são calculados pela divisão dos determinantes, assim:

Assim, quando os valores da fonte são multiplicados por dois, os valores


das correntes também serão multiplicados por dois. Demonstrando a linearidade
do circuito.

Exemplo 2: para o circuito da Figura 35, calcule a corrente Ix quando o


valor da fonte V1 for de 10 V e 20 V.

FIGURA 35 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: aplicando a Lei de Kirchhoff das Tensões, temos:

Malha 1:

Malha 2:

Sendo:

164
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

Substituindo, temos:

• Escrevendo a equação na forma matricial, temos:

• As correntes I1 e I2 são calculadas pela divisão dos determinantes, assim:

• Calculando as correntes I1 e I2 para o valor da fonte V1 de 20V:

• O valor da corrente Ix é a própria corrente I2, assim:

Para a tensão V1=10 V IX = I2= 689,65 mA

Para a tensão V1=20 V IX = I2= 1,38 A

165
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Concluímos que o circuito é linear, pois a corrente dobra quando dobra-


mos a tensão aplica ao circuito.

Exemplo 3: para o circuito da Figura 36, calcule o valor de Ix, consideran-


do a tensão da fonte igual a 24 V e supondo que a corrente Ix=1 A, use linearidade.

FIGURA 36 – EXEMPLO 3

FONTE: O autor

Solução: usando a suposição de Ix=1 A, temos:

A corrente no resistor R4, será:

Fazendo o resistor equivalente, obtemos:

A corrente no resistor equivalente será:

A tensão no resistor equivalente será:

166
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

A corrente no resistor R3 será:

A corrente no resistor R1 e R2 serão iguais e o seu valor será:

A tensão da fonte, supondo que a corrente Ix=1 A, ficará:

Assim, supondo que a corrente Ix=1 A, a fonte de tensão V1 para manter


essa corrente é de 8V. Porém, a fonte de alimentação é de 24 V, logo aplicando
linearidade a corrente Ix terá o valor definido por:

3 SUPERPOSIÇÃO

Os circuitos lineares apresentam a propriedade aditiva, essa propriedade
pode ser expandida para circuitos que contenham mais de uma fonte indepen-
dente. Sendo essa propriedade a soma das tensões obtidas, quando se aplicam
duas correntes diferentes, é possível calcular as tensões ou corrente somando as
mesmas algebricamente, após a análise do circuito com somente uma fonte inde-
pendente conectada, isolando as demais.

Dessa forma, a técnica da superposição, em muitos casos, pode reduzir


um circuito complexo, com muitas fontes independentes, a vários circuitos mais
simples com uma fonte independente.

Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 122) afirmam que “o princípio da su-


perposição estabelece que a tensão em um elemento (ou a corrente através dele)
em circuitos lineares é a soma algébrica da tensão (ou da corrente) do elemento
devido a cada fonte independente, atuando sozinha.

A técnica da superposição é aplicada a circuitos que contenham mais de


uma fonte independente, considerando os seguintes critérios:

167
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Deve-se deixar apenas uma fonte independente conectada ao circuito.


• As fontes independentes de tensão, que forem desconectadas, devem ter seu
potencial igual a zero, ou seja, serão substituídas por um curto-circuito.
• As fontes independentes de corrente, que forem desconectadas, devem ter sua
corrente igual a zero, ou seja, serão substituídas por um circuito aberto.
• As fontes dependentes não devem ser modificadas, pois elas são controladas
por uma parte do circuito.

Esses critérios devem ser seguidos para cada fonte independente que es-
teja conectada ao circuito. Assim, é considerada a contribuição que cada fonte
independente faz ao circuito. A soma algébrica de todas as contribuições indivi-
duais, resultará em uma contribuição total, que será a resposta final. Para a soma
algébrica, deve-se observar o sentido das correntes e tensões nas respostas indivi-
duais, levando em consideração o sinal.

Exemplo 1: considere o circuito da figura a seguir. Calcule a corrente no


resistor R4.

FIGURA 37 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução: isolando as fontes e deixando apenas uma conectada ao circuito,


temos o circuito da Figura 38.

FIGURA 38 – EXEMPLO 1 COM A FONTE V1 CONECTADA

FONTE: O autor

• É possível reduzir o circuito aplicando associação de resistores, assim, obtemos


o circuito da Figura 39.

168
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

FIGURA 39 – EXEMPLO 1 CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: O autor

• Aplicando divisor de tensão é possível calcular a tensão no resistor equivalen-


te, assim:

• Com a tensão sobre o resistor equivalente é possível retornar o circuito e calcu-


lar a corrente no resistor R3, R4 e R5, assim:

• Isolado a outra fonte e conectando V2 ao circuito, temos o circuito da Figura 40:

169
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

FIGURA 40 – EXEMPLO 1 COM A FONTE V2 CONECTADA

FONTE: O autor

• É possível reduzir o circuito aplicando associação de resistores, assim o circui-


to será o apresentado na Figura 41.

FIGURA 41 – EXEMPLO 1 CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: O autor

• Aplicando divisor de tensão é possível calcular a tensão no resistor equivalen-


te, assim:

• Com a tensão sobre o resistor equivalente é possível retornar o circuito e calcu-


lar a corrente no resistor R1, R2, R3 e R4, assim:

170
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

• Com os valores da contribuição de cada fonte independente ao circuito é pos-


sível pela soma algébrica calcular o valor da corrente no resistor R4, assim:

Exemplo 2: considerando o circuito da figura a seguir, calcule a tensão nos


resistores R1 e R2.

FIGURA 42 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: isolando as fontes deixando apenas uma conectada ao circuito


temos o circuito da Figura 43.

FIGURA 43 – EXEMPLO 2 CIRCUITO COM APENA UMA FONTE

FONTE: O autor

• Analisando o circuito, é possível verificar que para essa situação a corrente no


resistor R3 é zero, desta forma, podemos calcular as tensões VR1 e VR2, usando
a equação do divisor de tensão, assim:

171
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Isolando a outra fonte e conectando a fonte de corrente no circuito, temos o


circuito da Figura 44.

FIGURA 44 – EXEMPLO 2 CIRCUITO COM APENAS UMA FONTE

FONTE: O autor

• O resistor R1 está em paralelo com R2, desta forma, o circuito equivalente está
apresentado na Figura 45.

FIGURA 45 – EXEMPLO 2 CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: O autor

• O cálculo da tensão sobre os resistores R3 e REQ pode ser realizado por:

• Sendo que o resistor equivalente é o paralelo de R1 e R2 é possível verificar que


a tensão nos resistores R1 e R2 é a própria tensão VREQ, assim:

172
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

• Pelo princípio da superposição a tensão sobre os resistores R1 e R2 é calculado


pela soma algébrica das tensões V’R1 com V’’R2 e V’R2 com V’’R2, assim:

Exemplo 3: considere o circuito da Figura 46. Calcule a tensão no resistor R1.

FIGURA 46 – EXEMPLO 3

FONTE: O autor

Solução: isolando as fontes e deixando apenas uma conectada ao circuito,


temos o circuito da Figura 47.

FIGURA 47 – EXEMPLO 3 CIRCUITO COM APENAS UMA FONTE

FONTE: O autor

173
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Isolando a outra fonte e conectando a fonte de corrente ao circuito, temos o


circuito da Figura 48.

FIGURA 48 – EXEMPLO 3 CIRCUITO COM APENAS UMA FONTE

FONTE: O autor

• Aplicando a LCK no circuito, temos:

NÓ 1:

A tensão V1 é a razão da corrente I’’1 pelo valor do resistor R1, assim:

• A corrente Ix é obtida pela soma das correntes calculadas I’1 e I’’1, assim:

4 TEOREMA DE THEVENIN
Quando é necessário obter a tensão, corrente e potência em apenas um
componente do circuito a utilização do Teorema de Thevenin é muito importante
na análise do circuito.

174
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

NOTA

O Teorema de Thevenin foi desenvolvido por Léon Charles Thevenin, enge-


nheiro francês de telégrafos, em 1883.

O Teorema de Thevenin simplifica um circuito que contenha vários ramos


e fontes independentes, por uma única fonte independente e um resistor em sé-
rie. A fonte é chamada de fonte de Thevenin e o resistor de resistor de Thevenin,
formando um circuito chamado de circuito equivalente do Thevenin. Esse circui-
to equivalente de Thevenin representa o próprio circuito original, ou seja, o ramo
que se deseja obter a tensão, corrente ou potência quando for conectado neste
circuito equivalente, estará submetido à mesma tensão e nele circulará a mesma
corrente, como a do circuito original. Esse componente pode ser um simples re-
sistor ou outro circuito, que se necessita obter a tensão, corrente e potência e é
chamado de carga.

O teorema de Thevenin diz que, para qualquer circuito de elementos re-


sistivos e fontes de energia com um par de terminais identificado, o cir-
cuito pode ser substituído por uma combinação série de uma fonte ideal
de tensão VTH e uma resistência RTH, onde VTH é a tensão do circuito aberto
nos dois terminais e RTH é a razão da tensão de circuito aberto com a cor-
rente de curto-circuito no par de terminais (DORF, 2016, p. 162).

Como exemplo é apresentado a Figura 49, onde existe um circuito com


uma fonte independente e cinco resistores, deseja-se obter a tensão no resistor R5.

FIGURA 49 – EXEMPLO DO TEOREMA DE THEVENIN

FONTE: O autor

Na Figura 50 é apresentado como fica o circuito equivalente de Thevenin.

175
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

FIGURA 50 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE THEVENIN

FONTE: O autor

A obtenção do circuito equivalente é muito utilizada para o projeto de


circuito eletrônico, onde é possível analisar o comportamento dos componentes
para a variação da carga. A fonte de tensão de Thevenin é obtida pelo cálculo da
tensão nos terminais a e b, estando eles aberto.

A resistência de Thevenin pode ser calculada aplicando o princípio da su-


perposição, a partir dos terminais a e b, curto-circuitando as fontes independen-
tes de tensão e deixando as fontes independentes de corrente com seus terminais
abertos.

Para os circuitos que possuem fontes dependentes, aplica-se superposição


e mantém as fontes dependentes no circuito. Nos terminais a e b, que é o ponto
solicitado para cálculo, conecta-se uma fonte de tensão ou corrente com valores
conhecidos. O valor da resistência equivalente de Thevenin é obtido aplicando a
Vab
lei de OHM, ou seja, RTH = . Normalmente é usado o valor de 1V para fonte
I ab
de tensão e 1A para fonte de corrente, conectada nos terminais a e b.

Exemplo 1: obtenha o circuito equivalente de Thevenin da Figura 51, cal-


culando os valores da fonte de Thevenin e o resistor de Thevenin. A análise deve
ser realizada considerado o resistor R4 como carga, os valores do resistor R4 assu-
mira valores de 4Ω,12Ω e 47Ω, calcular a corrente e a tensão da carga.

FIGURA 51 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

176
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

Solução: calcular primeiramente a resistência de Thevenin, utilizando o


princípio da superposição. Assim, redesenhando o circuito temos a Figura 52.

FIGURA 52 – EXEMPLO 1 CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DE THEVENIN

FONTE: O autor

Analisando o circuito, tem-se o resistor R1 em paralelo com o resistor R2 e


estão em série com R3. Dessa forma, é possível calcular o resistor de Thevenin por:

• Para o cálculo da fonte de tensão de Thevenin, o circuito analisado deve ser o


circuito original, desconectando a carga nos terminais a e b, para obter a tensão
nos terminais a e b. Assim, o circuito será conforme o apresentado na Figura 53.

FIGURA 53 – EXEMPLO 1 CÁLCULO DA FONTE DE THEVENIN

FONTE: O autor

Utilizando o método de malha, obtemos:

Malha 1:

177
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Malha 2:

Substituindo os valores do circuito nas equações, temos:

Malha 1:

• As tensões nos resistores são calculadas pela Lei de OHM, assim:

• A tensão de Thevenin é a tensão no resistor R2 mais a tensão no resistor R3,


assim:

• O circuito equivalente de Thevenin está representado na Figura 54.

FIGURA 54 – EXEMPLO 1 CIRCUITO EQUIVALENTE DE THEVENIN

FONTE: O autor

178
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

• O cálculo da corrente e tensão para os valores solicitados de carga ficam:

Exemplo 2: calcular o circuito equivalente de Thevenin para o circuito da


Figura 55.

FIGURA 55 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução: a resistência de Thevenin é calculada aplicando o princípio da


superposição.

O circuito possui uma fonte dependente que deve permanecer no circuito.


Aplicamos uma fonte de tensão com valor conhecido nos terminais a e b, normal-
mente esse valor é de 1V, assim, o circuito será o apresentado na Figura 56.

179
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

FIGURA 56 – EXEMPLO 2: CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DE THEVENIN

FONTE: O autor

• O objetivo é calcular a corrente I1, assim com o valor da corrente e o valor da


fonte de tensão de 1V é possível aplicar a Lei de OHM, obtendo o valor da
resistência vista pela fonte nos terminais a e b, essa resistência é considerada a
resistência equivalente de Thevenin.

É possível também calcular a resistência aplicando uma fonte de corrente,


com valor conhecido nos terminais a e b, calculando o valor da tensão nos termi-
nais a e b, com esse valor e o valor conhecido da fonte de corrente, aplicamos a Lei
de OHM e assim é possível calcular o valor da resistência equivalente.

• Aplicando o método das malhas, e a Lei das Tensões de Kirchhoff, obtemos:

Malha 1:

-1 + VR1 + VX = 0

Malha 2:

R2 . I2 - VX = 0

• Substituindo com os valores do circuito, temos:

Malha 1:

6 . I1 + VX = 1

Malha 2:

12 . I2 - VX = 0

• Aplicando a lei das correntes de Krichhoff para o nó 1, obtemos a terceira equa-


ção, necessária para a formação do sistema de equações, assim:

180
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

I2 - I 1 - 4 . IA = 0

Sendo pelo circuito a corrente IA=I2 a equação fica:

I 2 - I 1 - 4 . I2 = 0

- I1 - 3 . I2 = 0

• Com as três equações podemos montar o sistema, assim:

• Escrevendo a equação na forma matricial, temos:

• Calculando os determinantes das matrizes, temos:

• As correntes I1, I2 e I3 são calculados pela divisão dos determinantes, assim:

181
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• A resistência equivalente de Thevenin é calculada levando em consideração a


corrente I1, que é a corrente no terminal “a”, assim:

• A tensão de Thevenin é obtida do circuito original, verificando a tensão nos ter-


minais a e b. Estando o circuito aberto nos terminais a e b não haverá corrente
no resistor R1, assim a tensão de Thevenin é a própria tensão Vx. Aplicando o
método de malhas e a Lei das Tensões de Kirchhoff, temos:

• Substituindo os valores do circuito na equação, temos:

12 . I2 - 4 . IA = -24

Sendo a corrente IA a própria corrente I2, a equação fica:

12 . I2 - 4 . IA = -24

I2 = - 4 . A

• Tensão Vx será:

VX = 4IA
VX = -12V

• Dessa forma, o circuito equivalente de Thevenin ficará conforme a Figura 57:

FIGURA 57 – EXEMPLO 2 CIRCUITO EQUIVALENTE DE THEVENIN

FONTE: O autor.

182
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

5 TEOREMA DE NORTON
Assim como no Teorema de Thevenin, o Teorema de Norton simplifica o
circuito que contenha vários ramos e fontes independentes, por uma única fonte e
um resistor, porém o resistor estará em paralelo com uma fonte de corrente. A fonte
de corrente é chamada de corrente de Norton e o resistor equivalente de Norton.

O teorema de Norton estabelece que um circuito linear de dois termi-


nais pode ser substituído por um circuito equivalente constituído por
uma fonte de corrente IN em paralelo com um resistor RN, onde IN é a
corrente de curto-circuito através dos terminais e RN é a resistência de
entrada ou equivalente aos terminais quando as fontes independentes
são desligadas (SADIKU; ALEXANDER; MUSA, 2014, p. 134).

Na Figura 58 é apresentado um circuito contendo vários ramos e fonte


independente, sendo o objetivo calcular a potência no resistor R3.

FIGURA 58 – EXEMPLO DO TEOREMA DE NORTON

FONTE: O autor

Pode-se redesenhar o circuito pelo Teorema de Norton, fazendo os devi-


dos cálculos e o circuito será igual ao apresentado na Figura 59:

FIGURA 59 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE NORTON

FONTE: O autor

A resistência equivalente de Norton é calculada da mesma maneira que


foi calculada no Teorema de Thevenin, utilizando o princípio da superposição, a
resistência de Norton é igual a resistência de Thevenin.
183
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

A corrente da fonte, que será a corrente de Norton, é obtida curto-circui-


tando os terminais “a” e “b”, a corrente neste curto circuito é a corrente de Nor-
ton. Para circuitos que contenham fontes dependentes, o método para a aplicação
do teorema de Norton é o mesmo aplicado no teorema de Thevenin.

NOTA

O teorema de Norton foi proposto em 1926, pelo engenheiro americano da


Bell Labs, Edward Lawry Norton.

Exemplo 1: para o circuito da Figura 60, calcule o circuito equivalente de


Norton a partir dos terminais a e b.

FIGURA 60 – EXEMPLO 1: TEOREMA DE NORTON

FONTE: O autor

Solução:

• Calcular primeiramente a resistência de Norton, o circuito para o cálculo da


resistência de Norton está desenhado na Figura 61:

FIGURA 61 – EXEMPLO 1 CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DE NORTON

FONTE: O autor

184
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

• Para o cálculo da fonte de corrente de Norton, curto-circuitamos os terminais


“a” e ”b” e calculamos a corrente de curto, o circuito para o cálculo da fonte de
Norton está apresentado na Figura 62:

FIGURA 62 – EXEMPLO 1: CÁLCULO DA FONTE DE NORTON

FONTE: O autor

Aplicando o método das malhas e a lei das tensões de Kirchhoff, obtemos:

Malha 1:

Malha 2:

• Substituindo os valores do circuito temos:

Malha 1:

8 . I1 - 4 . I2 = 12

Malha 2:
-4 . I1 + 9 . I2 = 0

185
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

• Escrevendo as equações na forma matricial, temos:

• Calculando os determinantes:

• As correntes I1 e I2 são calculados pela divisão dos determinantes, assim:

• A corrente de Norton é a própria corrente I2, assim o circuito equivalente de


Norton está apresentado na Figura 63:

FIGURA 63 – EXEMPLO 1 CIRCUITO EQUIVALENTE DE NORTON

FONTE: O autor

É possível pelo Teorema de Thevenin e o Teorema de Norton, que existe


uma relação entre eles, pela Lei de Ohm. Assim, é possível transformar uma fonte
de tensão em uma fonte de corrente e vice-versa, utilizando os teoremas e apli-
cando a Lei de Ohm, como está apresentado na equação a seguir:

186
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

Lembrando que o cálculo da resistência de Norton é obtido da mesma


maneira que o cálculo da resistência de Thevenin.

Exemplo 2: dado o circuito equivalente de Norton da Figura 64, transfor-


me o mesmo em um circuito equivalente de Thevenin.

FIGURA 64 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução:

• Dados no circuito, a corrente e a resistência são possíveis calcular na tensão de


Thevenin aplicando a Lei de Ohm, assim:

• Desenhando o circuito equivalente de Thevenin, temos o circuito da Figura 65:

FIGURA 65 – EXEMPLO CIRCUITO EQUIVALENTE DE THEVENIN

FONTE: O autor

187
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

7 MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA


Quando é conectada uma carga a uma fonte, a princípio, deseja-se que
toda a energia fornecida seja transformada em trabalho, diminuindo as perdas
de potência. Todavia, devido às perdas internas do sistema este aproveitamento
não é possível.

Com o Teorema de Thevenin é possível obter o circuito equivalente cujo


valor da resistência representa as perdas internas do sistema. Com isso é possível
calcular a máxima potência que um circuito pode entregar a uma carga.

E
IMPORTANT

A máxima transferência de potência para uma carga ocorre quando a resistên-


cia da carga tem o mesmo valor da resistência de Thevenin.

Sendo o circuito equivalente de Thevenin apresentado na Figura 66, onde


a resistência do Thevenin representa as perdas internas e a resistência de carga
um valor variável, a potência na carga é calculada por:

FIGURA 66 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE THEVENIN PARA A MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE


POTÊNCIA

FONTE: O autor

Como exemplo, assumiremos que a tensão de Thevenin seja 15 V e a re-


sistência de Thevenin 30 Ω, variando a carga nos valores de 5 Ω,10 Ω,15 Ω,30 Ω,45
Ω,50 Ω,80 Ω e 100 Ω, calcule os valores da potência na carga e determine qual a
potência máxima.
188
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

Solução:

Graficamente obtemos a Figura 67, assim:

FIGURA 67 – GRÁFICO DE PxR PARA A MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA

FONTE: O autor

Com os valores obtidos para a potência na carga, é possível verificar que,


à medida em que a resistência aumenta, a potência também aumenta, até que
o valor da resistência da carga seja o mesmo valor da resistência de Thevenin.
Quando a resistência da carga assume valores maiores que a resistência de The-
venin a potência diminui. Assim, a potência máxima na carga ocorre quando o
valor da resistência de carga é igual ao valor da resistência de Thevenin. Sendo
que o resistor de Thevenin está em série com o resistor de carga, na máxima trans-
ferência de potência a tensão será igual nos dois resistores.

Assumindo que a máxima transferência de potência ocorre quando as re-


sistências apresentarem os mesmos valores, podemos substituir na equação da
potência essa igualdade e calcular diretamente o valor da potência, assim:

189
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Exemplo 1: para o circuito da Figura 68, calcule o valor da resistência de


carga para a máxima transferência de potência. Calcule o valor da potência má-
xima.

FIGURA 68 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução: com o circuito da Figura 69 podemos calcular a resistência de


Thevenin, assim:

FIGURA 69 – EXEMPLO 1 CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DE THEVENIN

FONTE: O autor

190
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

• Com o circuito da Figura 70, utilizando o método de malha, podemos calcular


a tensão de Thevenin, assim:

FIGURA 70 – EXEMPLO 1 CÁLCULO DA TENSÃO DE THEVENIN

FONTE: O autor

Malha 1:

-10 + VR1 + VR1 = 0


(R1 + R2) . I1 - R2 , I1 = 10

Malha 2:

I2 = 3A

• Substituindo os valores do circuito, temos:

13 . I1 - 10 , I1 = 10
I1 = 3,08 A

• A tensão Thevenin é a tensão na fonte de corrente, assim:

191
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

LEITURA COMPLEMENTAR

CIRCUITOS ELÉTRICOS

4.12 MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA

A análise de circuitos desempenha um importante papel no estudo de


sistemas projetados para transferir potência de uma fonte para uma carga. Dis-
cutimos transferência de potência em termos de dois tipos básicos de sistemas.
O primeiro enfatiza a eficiência da transferência de potência. As concessionárias
de energia elétrica são um bom exemplo porque se preocupam com a geração, a
transmissão e a distribuição de grandes quantidades de energia elétrica. Se uma
concessionária de energia elétrica for ineficiente, uma grande porcentagem da
energia gerada é perdida nos processos de transmissão e distribuição e, portanto,
desperdiçada.

O segundo tipo básico de sistema enfatiza a quantidade de potência trans-


ferida. Sistemas de comunicação e instrumentação são bons exemplos porque na
transmissão de informação, ou dados, por meio de sinais elétricos, a potência
disponível no transmissor ou detector é limitada. Portanto, é desejável transmitir
a maior quantidade possível dessa potênciaao receptor, ou carga. Em tais aplica-
ções, a quantidade de potência que está sendo transferida é pequena, portanto a
eficiência da transferência não é uma preocupaçãodas mais importantes. Consi-
deramos, a seguir, a máxima transferência de potência em sistemas que podem
ser modelados por um circuito puramente resistivo.

A máxima transferência de potência pode ser mais bem descrita com o


auxílio do circuito mostrado na Figura 4.58. Admitimos uma rede resistiva que
contém fontes independentes e dependentes e um par de terminais, a,b, ao qual
uma carga, RL, deve ser ligada. O problema é determinar o valor de RL que per-
mita a máxima transferência de potência a RL. A primeira etapa nesse processo é
reconhecer que uma rede resistiva sempre pode ser substituída por seu equiva-
lente de Thévenin. Portanto, desenhamos novamente, na Figura 4.59, o circuito
mostrado na Figura 4.58. Substituir a rede original por seu equivalente de Thé-
venin simplifica muito a tarefa de determinar RL. Para calcular RL é necessário
expressar a potência dissipada em RL em função dos três parâmetros do circuito
VTh, RTh e RL. Assim,

Em seguida, reconhecemos que, para um dado circuito, VTh e RTh serão fixos.
Portanto, a potência dissipada é uma função da única variável RL. Para determinar
o valor de RL que maximiza a potência, usamos o cálculo diferencial elementar. Co-
meçamos escrevendo uma equação para a derivada de p com relação a RL:

192
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

A derivada é zero e p é maximizada quando

Resolvendo a equação 4.75, temos:

(condição para a máxima transferência de potência)

Assim, a máxima transferência de potência ocorre quando a resistência de


carga RL é igual à resistência de Thévenin RTh. Para determinar a potência máxima
fornecida a RL, simplesmente substituímos a Equação 4.76 na equação 4.73:

A análise de um circuito, quando o resistor de carga está ajustado para


máxima transferência de potência, é ilustrada no Exemplo 4.12.

FIGURA 4.58 CIRCUITO QUE DESCREVE A MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA

FIGURA 4.59 CIRCUITO USADO PARA DETERMINAR O VALOR DE RL PARA A MÁXIMA


TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA

193
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE CIRCUITOS

Exemplo 4.12

a) Para o circuito mostrado na Figura 4.60, determine o valor de RL que resulta em


potência máxima transferida para RL.
b) Calcule a potência máxima que pode ser fornecida a RL.
c) Quando RL é ajustado para máxima transferência de potência, qual é a porcen-
tagem de potência fornecida pela fonte de 360 V que chega a RL?

Solução

a) A tensão de Thévenin para o circuito à esquerda dos terminais a,b é

A resistência de Thévenin é

A substituíção do circuito à esquerda dos terminais a,b por seu equivalen-


te de Thévenin nos dá o circuito mostrado na Figura 4.61, que indica que RL deve
ser igual a 25 Ω para máxima transferência de potência.

a) A potência máxima que pode ser fornecida a RL é

b) Quando RL é igual a 25 Ω, a tensão vab é

Pela Figura 4.60, quando vab é igual a 150 V, a corrente na fonte de tensão,
na direção da elevação da tensão na fonte, é

Portanto, a fonte está fornecendo 2520 W ao circuito, ou

A porcentagem da potência da fonte fornecida à carga é

194
TÓPICO 3 | TEOREMA DE CIRCUITOS

FIGURA 4.60 CIRCUITO PARA O EXEMPLO 4.12

FIGURA 4.61 REDUÇÃO DO CIRCUITO MOSTRADO NA FIGURA 4.60 POR MEIO DE UM


EQUIVALENTE DE THÉVENIN

FONTE: NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos Elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2009. p. 89-90.

195
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Um circuito é considerado linear se atender às propriedades de homogeneida-


de e à propriedade aditiva.

• O resistor é considerado um elemento linear.

• O princípio da superposição é aplicado em circuitos lineares e a regra é deixar


apenas uma fonte conectada ao circuito, substituindo as demais por um cur-
to-circuito se for fonte de tensão e circuito aberto para fonte de correntes. Os
valores obtidos de corrente e ou tensões devem ser somados algebricamente.

• O teorema de Thevenin é a simplificação do circuito, quando o objetivo é cal-


cular os valores das variáveis elétricas em um determinado ramo do circuito,
sendo o circuito equivalente a associação série de uma fonte de tensão e um
resistor. O resistor é calculado utilizando o princípio da superposição. A fonte
é calculada utilizando o método de análise malha e ou análise nodal.

• O Teorema de Norton é a simplificação do circuito, quando o objetivo é cal-


cular os valores das variáveis elétricas em um determinado ramo do circuito,
sendo o circuito equivalente a associação de uma fonte de corrente em paralelo
com um resistor. O resistor é calculado utilizando o princípio da superposição.
A fonte é calculada utilizando o método de análise das malhas e ou o método
de análise nodal.

• A máxima transferência de potência é obtida quando a resistência de Thevenin


tem o mesmo valor da resistência de carga. O valor da potência máxima é cal-
culado pela equação:

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

196
AUTOATIVIDADE

1 Calcule a corrente Ix do esquema a seguir. Calcule a corrente Ix quando a


tensão V1 passar para 15 V. Aplique linearidade.

2 Calcule a tensão Vx do circuito ilustrado. Para uma redução de 3 μA da


fonte de corrente. Qual será o valor de Vx. Aplique linearidade.

3 Calcule Ix no circuito ilustrado. Aplique linearidade e que o valor de Ix=2,6A.

4 Calcule a corrente Ix do circuito ilustrado. Aplique superposição.

197
5 Calcule a corrente Ix no resistor R2 do circuito representado, aplicando
superposição.

6 Calcule Ix do circuito, aplicando superposição.

7 Calcule o circuito equivalente de Thevenin para o circuito a seguir.

8 Calcule a corrente Ix no circuito utilizando superposição.

198
9 Calcule a tensão Vab do circuito utilizando superposição.

10 Calcule a corrente Ix no circuito a seguir, utilizando superposição.

11 Calcule o circuito equivalente de Thevenin para o circuito:

12 Calcule o circuito equivalente de Thevenin do circuito a seguir:

199
13 Obtenha o circuito equivalente de Thevenin analisando os terminais a e b
do circuito a seguir:

14 Calcule o circuito equivalente de Norton no esquema a seguir:

15 Calcule o circuito equivalente de Norton no esquema a seguir:

16 Calcule o valor de R para a máxima transferência de potência do circuito a


seguir e o valor da potência.

200
17 Calcule o valor da potência e da resistência para se obter a máxima potência
no resistor R.

18 Calcule o valor de R e o valor da potência máxima para o circuito a seguir:

19 Calcule a potência máxima de transferência para a carga conectada nos


terminais a e b do circuito ilustrado a seguir.

201
20 Para o circuito a seguir, calcule o valor da resistência de carga para obter a
máxima transferência de potência e o valor da potência.

202
UNIDADE 3

CAPACITORES, INDUTORES E
CIRCUITOS RLC

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• reconhecer os componentes armazenadores de energia;

• apresentar os circuitos magnéticos e eletromagnéticos;

• analisar e aplicar os conceitos das Leis de Ohm e Kirchhoff para circuitos


RC,RL;

• analisar e aplicar os conceitos das Leis de Ohm e Kirchhoff para circuitos


RLC;

• analisar e aplicar os conceitos para a resolução de problemas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CAPACITORES E INDUTORES

TÓPICO 2 – CIRCUITOS DE PRIMEIRA ORDEM

TÓPICO 3 – CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

CHAMADA

Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorve-
rás melhor as informações.

203
204
UNIDADE 3
TÓPICO 1

CAPACITORES E INDUTORES

1 INTRODUÇÃO
Nas Unidades 1 e 2, a análise de circuitos elétricos foi realizada a circuitos
resistivos, com fontes dependentes e independentes. Na Unidade 3, acrescenta-
remos dois elementos passivos: o capacitor e o indutor. Os dois novos elementos
são lineares e têm a característica de armazenarem energia ao circuito por um
tempo e depois devolvê-la, diferente dos resistores que dissipam energia.

No Tópico 1, apresentaremos o capacitor e o indutor e as possíveis com-


binações que podemos realizar em serie ou paralelo. Bem como a obtenção de
capacitância e indutância equivalente desta associação.

2 CAPACITORES
O capacitor é um elemento constituído por duas placas metálicas, condu-
toras, separadas por um material isolante, não condutor, chamado de dielétrico,
conforme a Figura 1.

FIGURA 1 – MODELO DE UM CAPACITOR

FONTE: Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 226)

Os capacitores são classificados pelo tipo de material que é utilizado no


dielétrico, sendo as características deste material e recomendação para cada apli-
cação. Os materiais dielétricos podem ser ar, cerâmica, papel, vácuo, mica, vidro
e plástico.
205
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

O capacitor tem a propriedade, quando inserido no circuito, de se opor a


qualquer variação de tensão, ou seja, tenta manter a tensão constante no circuito.

A grandeza do capacitor é dada pela sua capacitância, que é a quantidade


de carga, positiva para uma placa e negativa para a outra, quando aplicada uma
fonte em seus terminais, conforme apresentado na Figura 2.

FIGURA 2 – CAPACITOR COM TENSÃO APLICADA E AS CARGAS NAS PLACAS

FONTE: Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 227)

A unidade de capacitância é o Faraday, em homenagem ao físico inglês


Michael Faraday (1791-1867).

O total de carga armazenada é proporcional à tensão aplicada, assim a


equação que podemos escrever para a carga armazenada é:

q=C.v
Em que:

q – é o total de carga nas placas;


v – é a tensão aplicada nas placas;
C – é o fator de proporcionalidade, capacitância.

Pela equação é possível verificar que a capacitância é diretamente propor-


cional a quantidade de carga armazenada nas placas, sendo assim, a sua grande-
za depende das dimensões físicas do capacitor. Dessa forma, são três fatores que
determinam a capacitância de um capacitor.

• A superfície das placas (área).


• A constante dielétrica, que é uma característica do tipo do isolante.
• Distância entre as placas.

206
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

A carga em um capacitor resulta em um campo elétrico no dielétrico


que é o mecanismo de armazenamento de energia. Em um capacitor
de placas paralelas existe um excesso de carga em uma placa e uma
deficiência na outra. É a equalização destas cargas que ocorre quando
o capacitor é descarregado (NAHVI; EDMINISTER, 2014, p. 24).

E
IMPORTANT

Capacitância é uma medida da habilidade de um dispositivo para armazenar


energia na forma de cargas separadas ou em um campo elétrico.

A equação que define a capacitância em função dos três fatores pode ser
escrita como:

ε .A
C=
d

Em que:

C – é a capacitância, dada em Faraday (F);


A – é a área das placas, dada em metro quadrado (m²);
d – é a distância, dada em metros (m);
F
ε – é a permissividade do material dielétrico, dada em Faraday/metro m.
 

As placas contendo as cargas positivas e negativas, apresentado na Figura 2,


cria um campo elétrico que armazena energia. Com a presença do dielétrico, entre
as placas, que é um material isolante, as cargas elétricas que existem não podem se
mover de uma placa para outra. Entretanto, pela teoria eletromagnética é possível
verificar que as cargas são deslocadas de sua posição de equilíbrio, ou seja, sempre
que um campo elétrico ou tensão varia com o tempo, a posição da carga também
varia com o tempo, originando a chamada corrente de deslocamento.

Sabendo que a corrente é a taxa de variação de cargas elétricas no tempo,


podemos escrever:

dq
i=
dt

Para o capacitor, a corrente pode ser escrita como:

d
i= Cv
dt
207
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Sendo a capacitância constante, a corrente de deslocamento é proporcio-


nal à taxa de variação da tensão em seus terminais, assim a equação que determi-
na a corrente no capacitor pode ser escrita como:

dv
i = C.
dt

A equação da corrente no capacitor pode ser reescrita a fim de obter a


equação da tensão no capacitor, isolando-se a tensão, tem-se:

1
dv = .i.dt
C

Integrando os dois lados da equação para um intervalo de tempo de –∞


há algum instante t e assumindo que a tensão em V(–∞) é igual a zero, obtemos:

t
1
v(t ) = ∫ i(t ) dt
C −∞

Como o capacitor armazena energia, a equação pode ser reescrita consi-


derando o tempo de –∞ até o tempo inicial t0 como um valor constante de tensão
devido a carga acumulada, chamado de Vc(0), assim temos que:

t
1
C t∫0 (t )
=v(t ) i dt + vc ( t0 )

A potência instantânea passada ao capacitor pode ser calculada por:

dv(t )
p(t ) =v(t ) ⋅ i(t ) :=C ⋅ v(t )
dt

Energia armazenada no campo elétrico que existe entre as placas será:

t t dv(t ) t dv(t ) t
w( t ) =∫ Pdt ⇒ −∞∫ C.v(t ) dt dt ⇒ C −∞∫ v(t ) dt dt ⇒ C −∞∫ v(t )dt
−∞

 t
1 2 
∴w(t ) = C.v
2 
 −∞

208
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Sendo v(–∞ ) = 0, pois considera-se que o capacitor em t = –∞ estava descar-


regado, a equação é escrita como:

1
w(t ) = C.v(2t )
2

A equação da energia armazenada no campo elétrico, determinada ante-


riormente, é o mesmo trabalho realizado pela fonte conectada nos terminais do
capacitor para carregá-lo.

Com as equações obtidas é possível destacar algumas características in-


trínsecas dos capacitores:

• Analisando a equação da corrente no capacitor, podemos verificar que quando


há tensão os seus terminais são constantes, isto é, não varia com o tempo, a
corrente através do capacitor é nula, ou seja, o capacitor se comporta como um
circuito aberto para a corrente contínua. Quando um capacitor é conectado a
uma fonte de corrente contínua e a tensão entre eles for diferente, o capacitor
vai carregar-se até que o seu valor fique igual ao valor de tensão da fonte de
corrente contínua.

ATENCAO

Quando o capacitor está totalmente carregado, a tensão entre as placas se


iguala à da fonte C.C., a corrente é igual a zero e o capacitador se comporta como um
curto-circuito.

• Pela mesma equação verifica-se que a tensão não pode variar instantanea-
mente, o capacitor tenta manter a tensão que estava nos seus terminais. Uma
variação instantânea faria aparecer uma corrente infinita no capacitor que é
fisicamente impossível. Por outro lado, a corrente no capacitor pode variar ins-
tantaneamente.

ATENCAO

Quando o capacitor está totalmente descarregado, o capacitor se comporta


como um curto-circuito, a corrente tende ao infinito.

209
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Capacitores podem ser fixos ou variáveis e tipicamente variam de


microfarad (μF) até alguns picofarad (pF). Podemos empregá-los em
variadas situações para obter características específicas de desempe-
nho em um circuito. Infelizmente, eles também podem deteriorar o
comportamento de um circuito quando estão inerentemente presentes
na forma de capacitância parasita, que ocorre entre quaisquer duas
superfícies de um circuito (IRWIN; NELMS, 2013, p. 227).

A Figura 3 mostra os símbolos usados para representar os capacitores.

FIGURA 3 – SIMBOLOGIA DOS CAPACITORES

(a) (b) (c)


Não Polarizado Polarizado Variável
FONTE: O autor

Exemplo 1:

Calcule a carga armazenada em um capacitor de 5 pF quando for aplicado


uma tensão de 30 V em seus terminais.

Solução:

Pela equação da carga, temos:

q = C.v

q = 5.10 −12.30

q = 150 pC

Exemplo 2:

Para um capacitor com capacitância de 22μF, sendo conectado a uma fon-


te de tensão com seu valor dado por v(t) = 5cos3000t V, calcule a corrente que
passará pelo capacitor.

210
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Solução:

Aplicando a equação da corrente no capacitor, temos:

dv d
i(t ) C.
= ⇒ 22 .10 −6 ( 5cos3000t )
dt dt
−22.10 −6.3000.5sen3000t :=
i(t ) =

i(t ) = −0, 33sen3000t A

Exemplo 3:

Um capacitor de 15mF é carregado com uma tensão de 85 V. Calcule a


energia armazenada no capacitor.

Solução:

Aplicando a equação da energia, temos:

1
w = C.v 2
2
1
w = 15.10 −3. ( 85 )
2

2
w = 54,19 J

3 ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES EM SÉRIE


É possível calcular o capacitor equivalente de uma associação em série de
capacitores aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff, que estabelece que a soma
das tensões em um circuito fechado é igual a zero.

Para um circuito conforme o da Figura 4, o capacitor poderá ser substitu-


ído por um único capacitor, conforme a Figura 5.

FIGURA 4 – CIRCUITO COM CAPACITORES EM SÉRIE

FONTE: O autor

211
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

FIGURA 5 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA CAPACITORES EM SÉRIE

FONTE: O autor

Aplicando a LTK no circuito da Figura 4 e sabendo que a corrente é a mes-


ma em todos os capacitores, temos:

v vC 1 + vC 2 + vC 3 +…+ vCn
=

Substituindo pela equação da tensão no capacitor, temos:


t t t t
1 1 1 1
=v ∫
C1 t0
i(t ) dt + vC 1( t ) +
0

C 2 t0
i(t ) dt + vC 2( t ) +
0

C 3 t0
i(t ) dt + vC 3( t ) +…+
0 Cn t∫0 (t )
i dt + vCn( t )
0

1 1 1 1 
t
v  +
= + +…  ∫i(t ) dt + vC 1( t ) + vC 2( t ) + vC 3( t ) +…+ vCn( t )
 C1 C 2 C 3 C n  t0 0 0 0 0

Assim, o capacitor equivalente em série pode ser definido por:

t
1
Ceq t∫0 ( t )
=v . i dt + vCeq( t )
0

Em que:

1 1 1 1 1
= + + +…+
Ceq C1 C2 C3 Cn

Ou,

1
Ceq =
1 1 1 1
+ + +…+
C1 C2 C3 Cn

A tensão inicial equivalente é dada pela soma de todas as tensões iniciais


de cada capacitor, assim:

vCeq=
(t )
vC1( t ) + vC2( t ) + vC3( t ) +…+ vCn( t )
0 0 0 0 0

212
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 234) afirmam que “a capacitância


equivalente de capacitores conectados em série é o recíproco da soma dos recí-
procos das capacitâncias individuais”.

É possível associar os capacitores em série de dois em dois e no final so-


mar as capacitâncias obtidas para obter o capacitor equivalente, dessa forma, a
equação para esse caso particular será:

C1.C2
Ceq =
C1 + C2

Importante observar que os capacitores em serie são combinados de ma-


neira igual ao dos resistores em paralelo.

Exemplo 1:

Calcule a capacitância equivalente para o circuito apresentado na Figura 6:

FIGURA 6 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

Aplicando a equação do capacitor equivalente, temos:

1
Ceq =
1 1 1 1 1 1 1
+ + + + + +
C1 C 2 C 3 C 4 C 5 C 6 C 7

1
Ceq =
1 1 1 1 1 1 1
−6
+ −6
+ + + + +
2.10 5.10 10.10 −6 302.10 −6
8.10 −6
16.10 −6
32.10 −6
Ceq = 0,9505 µ F

213
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

4 ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES EM PARALELO


Para o cálculo do capacitor equivalente em circuitos com ligação em para-
lelo de capacitores, podemos analisar a Figura 7. O circuito obtido após a associa-
ção é apresentado na Figura 8.

FIGURA 7 – CIRCUITO COM CAPACITORES EM PARALELO

FONTE: O autor

FIGURA 8 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA CAPACITORES EM PARALELO

FONTE: O autor

Na Figura 7 é verificado que a tensão V é a mesma para todos os capaci-


tores, pois estão todos ligados aos mesmos nós. Assim, a tensão nos capacitores é
a própria tensão da fonte.

A corrente total da fonte (i) é igual à soma individual das correntes.

Aplicando LCK, temos:

i − i1 − i2 − i3 −…− in = 0

i= i1 + i2 + i3 +…+ in

A corrente no capacitor é dada por:

dv
i = C.
dt

214
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Substituindo, obtemos:

dv dv dv dv
=i C1 . + C2 . + C3 . +…+ Cn .
dt dt dt dt
dv
=i (C 1
+ C2 + C3 +…+ Cn )
dt

Em que:

Ceq= C1 + C2 + C3 +…+ Cn

Os capacitores em paralelo são combinados de maneira igual ao dos re-


sistores em série.

Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 233) afirmam que “a capacitância equi-


valente de N capacitores em paralelo é a soma das capacitâncias individuais”.

Exemplo 1:

Calcule a capacitância equivalente para o circuito apresentado na Figura 9.

FIGURA 9 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

Aplicando a equação do capacitor equivalente em paralelo, temos:

Ceq = C1 + C2 + C3 + C4

Ceq =2.10 −6 + 20.10 −6 + 10.10 −6 + 8.10 −6

Ceq = 40 µ F

215
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

5 INDUTORES
O indutor consiste em um condutor enrolado normalmente em forma
de uma bobina, projetado para armazenar energia em seu campo magnético. A
bobina é enrolada em um núcleo que pode ser de ar, material ferro magnético,
material não magnético ou ferrite. Na Figura 10 é apresentado um modelo de um
indutor.

FIGURA 10 – INDUTOR COM O NÚCLEO

FONTE: Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 262)

Dorf e Svoboda (2016, p. 263) dizem que “um indutor ideal é um enrola-
mento feito com um fio sem resistência. Quando existe corrente no fio, a energia
é armazenada no campo magnético em torno do enrolamento”.

A grandeza do indutor é dada pela sua indutância, que está relacionada à


tensão induzida pela taxa de variação da corrente.

E
IMPORTANT

A indutância é uma medida de quanto um dispositivo tem de habilidade para


armazenar energia na forma de campo magnético.

A unidade da indutância é o Henry (H), em homenagem ao inventor ame-


ricano Joseph Henry (1797-1878). Ao circular uma corrente pelo indutor, a tensão
induzida nos terminais é diretamente proporcional à taxa de variação da corrente
que circula pelo indutor. Assim, podemos escrever a equação:

di(t )
v(t ) = L.
dt

216
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Assim como nos capacitores, a indutância nos indutores depende de sua


construção, o número de espiras, o comprimento do condutor, a área do núcleo e
a permeabilidade do núcleo. As equações para cada forma do núcleo podem ser
obtidas nas teorias eletromagnéticas.

A equação da tensão no indutor pode ser reescrita para obter a equação da


corrente no indutor, isolando-se a corrente, assim:

1
di = v dt
L (t )

Integrando os dois lados da equação, para um intervalo de tempo de –∞


há um instante t, temos:

t
1
i(t ) = ∫ v(t ) dt
L −∞

ATENCAO

A corrente em um indutor não pode variar instantaneamente.

Considerando a corrente no indutor em um tempo no passado igual a


zero, ou seja, t(–∞) = 0 e que i(t0) é a corrente total para o tempo maior que –∞ e
menor que t0, podemos escrever a equação da corrente como:

t
1
L t∫0 (t )
=i(t ) v dt + i( t0 )

A potência instantânea entregue ao indutor pode ser calculada por:

 di 
p v=
= .i ≥  L  .i
 dt 

217
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

A energia armazenada no campo magnético do indutor é calculada por:

t t t
 di 
∫−∞p.dt ⇒ −∞∫  L dt  .i dt :=
w( t ) = L ∫ i di
−∞

1 2 1 2
w( t )
= L.i − L.i
2 (t ) 2 ( −∞ )

Considerando i(–∞) = 0

1 2
w( t ) = L.i
2 (t )

Com as equações obtidas para o indutor, é possível destacar algumas ca-


racterísticas intrínsecas dos indutores:

• Analisando a equação da tensão no indutor, podemos verificar que quando a


corrente nos terminais é constante, isto é, não varia no tempo, a tensão no indu-
tor é nula, ou seja, o indutor se comporta como um curto-circuito para corrente
contínua.

ATENCAO

Quando o indutor está energizado por uma fonte C.C., a corrente atinge o va-
lor máximo, estabilizando pelo valor ôhmico da resistência do enrolamento, não existindo
mais a variação da corrente. Consequentemente, não existirá mais a corrente induzida. O
indutor se comporta como um curto-circuito.

• Verificando a mesma equação, se houver uma variação instantânea na corrente


que atravessa o indutor, vai fazer com que necessite de uma tensão infinita
nos terminais do indutor, o que é fisicamente impossível. Com isso, o indutor
se opõe à variação da corrente que passa por ele, ou seja, o indutor vai tentar
manter a corrente constante no circuito.

ATENCAO

Quando o indutor está desenergizado, o indutor se comporta como um cir-


cuito aberto.

218
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

A Figura 11 mostra os símbolos usados para representar os indutores:

FIGURA 11 – SIMBOLOGIA DE INDUTORES

(a) (b) (c) (d)


Núcleo de Ar Núcleo de Ferro Núcleo de Ferrite Núcleo Variável
FONTE: O autor

Exemplo 1:

Calcule a tensão nos terminais de um indutor de 0,8 H, que tem uma cor-
rente de 2te–2t A.

Solução:

Aplicando a equação da tensão no indutor:

di(t )
v(t ) = L.
dt
d
v(t ) = 0,8.
dt
(
2te −2 t )
(
v(t ) =1,6 −1,6te −2 t + e −2 t := )
=v(t ) 1,6 e −2 t ( 1 − 2t ) V

Exemplo 2:

Calcule a potência e a energia armazenada e um indutor de 0,6 H com


uma corrente de 10te–5t A e com uma tensão em seus terminais de 4te–5t (1 – 2t) V,
considere o intervalo de tempo de t ≥ 0 e que para t < 0 a corrente é nula.

219
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Solução:

Aplicando a equação da potência para t > 0, temos:

(
.i :  4 e −5t ( 1 − 2t )  . 10te −5t
p v=
= )
=p 40te −10 t ( 1 − 2t ) W

Aplicando a equação da energia para t > 0, temos:

1 2
w= L.i
2
w = 30t 2 e −10 t J

6 ASSOCIAÇÃO DE INDUTORES EM SÉRIE


Sendo um circuito conforme apresentado na Figura 12, em que são apre-
sentados os indutores ligados em série.

FIGURA 12 – CIRCUITO COM INDUTORES EM SÉRIE

FONTE: O autor

O circuito pode ser reduzido a um indutor equivalente, conforme apre-


sentado na Figura 13:

FIGURA 13 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA INDUTORES EM SÉRIE

FONTE: O autor

220
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Analisando o circuito da Figura 12, verificamos que a corrente é igual para


todos os indutores. Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff, em que a soma das
tensões em um circuito fechado é igual a zero, temos:

−v + vL1 + vL2 + vL3 +…+ vLn = 0

v vL1 + vL2 + vL3 +…+ vLn


=

Substituindo pela equação da tensão do indutor, obtida no item 5, temos


que:

di di di di
=v L1 + L2 + L3 +…+ Ln
dt dt dt dt
di
v
= (L1
+ L2 + L3 +…+ Ln )
dt

O indutor equivalente pode ser definido como a somatória dos indutores,


assim:

 n  di di
=v =∑ Lk  Leq
 k =1  dt dt

Assim:

Leq= L1 + L2 + L3 +…+ Ln

Portanto, os indutores ligados em série apresentam a mesma combinação


para resistores ligados em série, ou seja, a indutância equivalente é obtida para a
soma das indutâncias individuais.

Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 267) afirmam que “a indutância equi-


valente de indutores conectados em série é a soma das indutâncias individuais”.

Exemplo 1:

221
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Para o circuito da Figura 14, calcule a indutância equivalente.

FIGURA 14 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

Aplicando a equação do indutor em serie, temos:

Leq = L1 + L2 + L3 + L4 + L5 + L6 + L7

Leq = 62 H

7 ASSOCIAÇÃO DE INDUTORES EM PARALELO


Para o cálculo do indutor equivalente em um circuito com ligação em pa-
ralelo dos indutores, conforme o circuito apresentado na Figura 15:

FIGURA 15 – CIRCUITO COM INDUTORES EM PARALELO

FONTE: O autor

222
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Podemos obter o circuito equivalente apresentado na Figura 16, realizan-


do a análise no circuito da Figura 15, onde é verificado que todos os indutores
estão submetidos à mesma tensão da fonte V. A corrente I da fonte é dividida
entre os indutores do circuito em I1, I2, I3 e In. Isso nos remete ao uso da Lei das
Correntes de Kirchhoff, em que a somatória das correntes que entram em um nó
deve ser igual à somatória das correntes que saem do nó.

FIGURA 16 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA INDUTORES EM PARALELO

FONTE: O autor

Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff, temos:

i − i1 − i2 − i3 −…− in = 0

i= i1 + i2 + i3 +…+ in

Sendo:

t
1
Lk t∫0 (t )
=ik v dt + ik( t )
0

Portanto, substituindo pela equação da corrente no indutor, temos:

t t t t
1 1 1 1
=i ∫
L1 t0
v(t ) dt + iL1( t ) + ∫v(t ) dt + iL 2( t ) + ∫v(t ) dt + iL 3( t ) +…+ ∫v(t ) dt + iLn( t )
0 L2 t0 0 L3 t0 0 Ln t0 0

 1 1 1 1 
t
=i  + + +…+  .∫v(t ) dt + iL1( t ) + iL 2( t ) + iL 3( t ) +…+ iLn( t )
 L1 L2 L3 Ln  t0 0 0 0 0

A indutância equivalente em paralelo pode ser definida pela somatória do


inverso das indutâncias, assim:

223
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

 n 1 t n
1
t
i  ∑  ∫v(t ) dt + ∑ik ( t0 )=:
= ∫ v(t ) dt + i(t )
= L
 k 1=k  t0 k 1 Leq t0
0

e:

1 1 1 1 1
= + + +…+
Leq L1 L2 L3 Ln

A corrente equivalente inicial i(t ) é dada pela soma de todas as correntes


0
iniciais, assim:

iLeq=
(t )
iL1( t ) + iL 2( t ) + iL 3( t ) +…+ iLn( t )
0 0 0 0 0

Portanto, os indutores ligados em paralelo apresentam a mesma combina-


ção para os resistores ligados em paralelo.

Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 268) afirmam que “a indutância equi-


valente de indutores em paralelo é o inverso da soma das indutâncias individuais
inversas”.

É possível realizar a associação dos indutores em paralelo de dois a dois,


assim como foi realizado nos resistores. Neste caso, utiliza-se a equação a seguir:

L1 .L2
Leq =
L1 + L2

Exemplo 1:

Calcule a indutância equivalente para o circuito apresentado na Figura 17:

FIGURA 17 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

224
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Solução:

Aplicando a equação do indutor equivalente em paralelo, temos:

1 1
=Leq =≥
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ + + + + + + +
L1 L2 L3 L4 L5 2 H 5 H 8 H 10 H 1H

Leq = 519 mH

8 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ELETROMAGNÉTICOS


Um condutor quando percorrido por uma corrente elétrica tem os elé-
trons em movimento, o movimento desses elétrons cria um campo magnético
concêntrico ao condutor, onde as linhas de forças giram em forma de anéis.

A direção das linhas de força pode ser determinada pela regra da mão
direita, onde o dedo polegar indica o sentido da corrente e os dedos restantes
indicam o sentido circular do campo magnético produzido.

A associação das linhas de forças do campo magnético é o fenômeno ao


qual se baseia o comportamento dos indutores.

Quando um circuito que contenha um indutor é alimentado por uma fon-


te de corrente contínua, a corrente não aumenta instantaneamente, devido a in-
dutância do circuito. A indutância depende das propriedades magnéticas do seu
núcleo. Para aumentar a indutância normalmente são utilizados materiais ferro-
magnéticos no núcleo do indutor, aumentando o fluxo magnético.

Essa indutância cria uma corrente induzida de sentido oposto, que im-
põe o aumento da corrente gradualmente. Da mesma forma, quando um circuito
contém um indutor e a fonte de alimentação é retirada do circuito, a corrente não
zera instantaneamente. Devido à indutância, a corrente decai gradativamente.

Hayt Junior, Kemmerly e Durbin (2014, p. 513) colocam que “a tensão


induzida em uma bobina é proporcional à taxa de variação de fluxo e do número
de espiras da Bobina”.

Dois circuitos diferentes, bem próximos um do outro, estão magneti-


camente acoplados em um certo grau que depende do arranjo físico e
das taxas de variação das correntes. Esse acoplamento é aumentado
quando uma bobina é enrolada sobre a outra. Além disso, um núcleo
de ferro doce fornece um caminho para o fluxo magnético, proporcio-
nando uma maximização do acoplamento. (No entanto a presença do
ferro pode introduzir não linearidade) (NAHVI; EDMINISTER, 2014,
p. 346).

225
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Vamos considerar dois circuitos que estão imerso em um campo magnético.


O primeiro circuito é alimentado por uma fonte de tensão que produz uma corren-
te. No segundo, não há nenhuma fonte de tesão. A corrente no primeiro circuito
origina um fluxo magnético que induzira uma tensão no segundo circuito.

A tensão induzida no circuito 2 está relacionada com a corrente variável


no tempo do circuito 1 por um parâmetro chamado de indutância mútua, que é
representada pela letra M.

A indutância mútua é dependente da forma construtiva do circuito mag-


nético e da distância entre os circuitos.

Na Figura 18 é apresentado um circuito com dois enrolamentos acoplados


magneticamente.

FIGURA 18 – CIRCUITO ACOPLADO MAGNETICAMENTE

FONTE: O autor

A corrente passando pelo indutor L1 originará um fluxo magnético atra-


vés de L2, que é proporcional a corrente no indutor L1 assim:

−∅ 2
M=
I1

Em que:

M é a indutância mútua; ø2 é o fluxo magnético no indutor L2 e I1 é a cor-


rente no indutor L1.

226
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

Devido à indutância mútua, existirão duas tensões em cada indutor, uma


é a tensão autoinduzida, que é o produto entre a indutância e a derivada da cor-
rente no indutor, ou seja:

di 1
v1(t ) = L1
dt

E a outra é a tensão mutuamente induzida, que é o produto da indutância


mútua e a derivada da corrente do indutor oposto, ou seja:

di 2
v12(t ) = M
dt

Como a tensão mutuamente induzida é dependente da corrente do indu-


tor oposto, é importante definir a sua polaridade. A maneira como os indutores
estão enrolados sobre o núcleo magnético determinara se a tensão mutuamente
induzida será somada ou subtraída da tensão autoinduzida.

Para simplificar a indicação física da maneira de como os enrolamentos


estão dispostos no núcleo magnético, é utilizado o método conhecido como con-
venção do ponto. Utilizando a regra da mão direita, em que: enrolando os dedos
ao redor da bobina na direção da corrente, o fluxo produzido pela corrente terá a
direção indicada pelo dedo polegar. Os pontos são colocados ao lado de um dos
terminais de cada bobina, assim, se as correntes entram ou saem em um terminal,
com os pontos os fluxos produzidos pelas correntes se somam.

Para determinar a marcação dos pontos em um par de bobinas, devemos


selecionar arbitrariamente um terminal da bobina 1, marcando-o com um ponto.
Neste terminal, marcado com um ponto, será onde a corrente estará entrando.
Utilizando a regra da mão direita, determinamos o sentido do fluxo criado por
essa corrente no interior dos enrolamentos acoplados. Selecionando agora um
dos terminais da bobina 2, dizemos, neste terminal, que a corrente estará entran-
do. Utilizando a regra da mão direita, determinamos o sentido do fluxo estabele-
cido pela corrente entrando.

Comparando as direções do fluxo criado na bobina 1 e o fluxo estabele-


cido na bobina 2, verificamos que se eles estiverem no mesmo sentido, os fluxos
se somam. Então, o ponto deve ser colocado no terminal onde a corrente está
entrando.

Caso contrário, se os fluxos estão em sentidos opostos, os fluxos se subtra-


em, então o ponto deve ser colocado no terminal onde a corrente sai da bobina.

Exemplo 1:

227
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Apresente as equações das tensões vL1(t) e vL2(t) do circuito da Figura 19:

FIGURA 19 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

Utilizando a regra da mão direita podemos redesenhar o circuito definin-


do a colocação dos pontos conforme é apresentado na Figura 20:

FIGURA 20 – CIRCUITO ACOPLADO MAGNETICAMENTE COM OS PONTOS

FONTE: O autor

Assim o circuito fica conforme a Figura 21:

FIGURA 21 – CIRCUITO ACOPLADO MAGNETICAMENTE COM OS PONTOS

FONTE: O autor

228
TÓPICO 1 | CAPACITORES E INDUTORES

As equações são definidas como:

di1(t ) di 2(t )
vL1(t ) L1
= + M.
dt dt
di 2(t ) di1(t )
vL2(t ) L2
= + M.
dt dt

Exemplo 2:

Apresente as equações das tensões vL1(t) e vL2(t) do circuito da Figura 22:

FIGURA 22 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução:

Analisando a colocação dos pontos, temos:

di1(t ) di 2(t )
vL1(t ) L1
= − M.
dt dt
di 2(t ) di1(t )
vL2(t ) =
− L2 + M.
dt dt

A energia total armazenada em um par de enrolamentos acoplados mag-


neticamente é dada por:

1 1
w= L1 .i12 + L2 .i22 ± i1i2 M 21
2 2

A indutância está relacionada à indutância mútua por um coeficiente de


acoplamento, assim, é possível escrever a equação como:

229
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

M = k. L1 L2

O coeficiente de acoplamento k deve ter seu valor entre 0 e 1.

Irwin e Nelms (2013, p. 521) afirmam que “esse coeficiente é uma indica-
ção de quanto fluxo de uma bobina está sendo enlaçado pela outra bobina, isto é,
se todo o fluxo enlaçado por uma bobina for também enlaçado pela outra, então
o acoplamento seria de 100% e k=1”.

Sendo “0” quando os dois enrolamentos não têm nenhum fluxo em co-
mum, assim a indutância mútua será zero. O coeficiente de acoplamento com
o valor igual a “1” é quando se tem todo o fluxo que passa pelo enrolamento 1
passando também pelo enrolamento 2. Na prática, ter o mesmo fluxo nos dois
enrolamentos é fisicamente impossível.

230
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O capacitor é um componente passivo que armazena energia no seu campo


elétrico.

• O capacitor tem a característica de se opor à variação de tensão.

• A equação da corrente do capacitor define que a corrente é diretamente pro-


porcional à taxa de variação da tensão aplicada nos terminais do capacitor, ou
seja, para uma tensão constante aplicada nos terminais do capacitor a corrente
será nula. Com isso, o capacitor se comporta como um circuito aberto para uma
fonte de corrente contínua:

dv
ic = C
dt

• A equação da tensão no capacitor define que a tensão é diretamente proporcio-


nal à integral da corrente no tempo:

t
1
C −∫t0 (t )
=vc i dt + vc ( t0 )

• A tensão não pode variar instantaneamente nos terminais do capacitor.

• Na associação série dos capacitores o capacitor equivalente é calculado, da


mesma maneira que os resistores em paralelo:

1
Ceq =
1 1 1
+ +
C1 C 2 C 3

• Na associação paralelo de capacitores, o capacitor equivalente é calculado da


mesma maneira que os resistores em série:

Ceq = C1 + C2 + C3

• O indutor é um componente passivo que armazena energia em seu campo


magnético.

• O indutor tem a característica de se opor a variação da corrente.


231
• A equação da tensão no indutor define que a tensão é diretamente proporcio-
nal à taxa de variação da sua corrente, ou seja, para uma corrente constante
circulando pelo indutor a tensão em seus terminais é nula. Com isso, o indutor
se comporta como um curto-circuito para fonte de corrente contínua.
di(t )
v(t ) = L
dt
• A equação da corrente no indutor define que a corrente é diretamente propor-
cional à integral da tensão no tempo:
t
1
L t∫0 (t )
=i(t ) v dt + i( t0 )

• A corrente em um indutor não pode variar instantaneamente.

• O indutor equivalente para uma associação em serie é calculada da mesma


maneira que a associação de resistores em série:

Leq= L1 + L2 + L3 +…+ Ln
• O indutor equivalente para uma associação paralela é calculado da mesma ma-
neira que a associação de resistores em paralelo:

1
Leq =
1 1 1 1
+ + +…+
L1 L2 L3 Ln

• A indutância mútua é representada pela letra M.

• A indutância mútua relaciona a tensão induzida em um circuito acoplado


magneticamente a uma corrente variável no tempo. Em que:

di 1 d
v1 L1
= + M12 i 2
dt dt

di 2 d
v2 L2
= + M 21 i 1
dt dt

• A indutância está relacionada com a indutância mútua por um coeficiente de


acoplamento k.
M = k L1 .L2

• A energia armazenada em enrolamentos acoplados magneticamente é dada por:


1 2 1 2
w= L i + L i ± M.i1 .i2
2 11 2 22
232
AUTOATIVIDADE

1 Calcule a carga adquirida pelo capacitor de 10 F, quando alimentado por


uma fonte de 85 V.

2 Um capacitor de 100 uF encontra-se descarregado V(t0) = 0V. É conectado a


uma fonte de corrente contínua e sua corrente de carga é de 1 mA. Calcule
a tensão no capacitor quando o tempo decorrido for de 4 segundos.

3 Sendo um capacitor de 40 uF, conectado a uma fonte contínua de 25 V. Con-


siderando que a corrente passando pelo capacitor é de 6e–6t mA quando o
tempo é menor zero (t<0). Sendo o tempo inicial zero (t0 = 0), calcule o valor
da tensão no capacitor para o tempo maior que zero (t>0).

4 Calcule a corrente no capacitor, sendo que nos seus terminais existe uma
tensão de 2te–3t V, considere o capacitor de 5 F.

5 Em um capacitor de 25 uF foi realizado a medida da energia armazenada


em seu campo elétrico, o valor desta energia foi de 12sen2377t J. Calcule o
valor da corrente no capacitor.

6 Calcule a capacitância equivalente para o circuito do esquema a seguir:

7 Para o circuito apresentado no esquema a seguir, calcule o valor da capaci-


tância visto nos pontos A e B.

233
8 Calcule o valor da capacitância equivalente para o circuito:

9 Para o circuito a seguir, calcule a capacitância equivalente visto pela fonte.

−t
10 Sendo um indutor percorrido por uma corrente de 6 e 2 A , cujo seu valor
de indutância é de 10 mH. Calcule a tensão nos terminais do indutor para
um tempo de 3 segundos.

11 Calcule a indutância de um indutor quando a tensão aplicada é de 60 mV,


a corrente passa de 0,4 A para 1 A uniformemente no tempo de 2 segundos.

12 Calcule a tensão sobre cada capacitor para o circuito:

234
13 Calcule a indutância equivalente para o circuito:

14 Dado o circuito a seguir, calcule a indutância equivalente.

15 Calcule a indutância equivalente do circuito:

16 Para o circuito a seguir, calcule a tensão em cada indutor.

17 Dado o circuito a seguir, calcule a corrente passando por cada indutor.

235
18 Dado o circuito acoplado magneticamente, calcule o coeficiente de acopla-
mento e qual o valor máximo que a indutância mútua pode assumir.

19 Para o circuito acoplado magneticamente, em que L1=35 mH, L2=125 mH


e o coeficiente de acoplamento é de 0,6. Calcule a energia armazenada no
sistema para as correntes de i1=15 A e i2=20 A; i1=-8 A e i2=-16 A; i1=15 A e
i2=-30 A.

20 Um circuito acoplado magneticamente com dois indutores, sendo L1=15


mH e L2=145 mH. Para uma corrente i1=15 A. Qual deve ser o valor da cor-
rente i2 para resultar em uma energia armazenada nula?

236
UNIDADE 3
TÓPICO 2

CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

1 INTRODUÇÃO
No Tópico 2, será apresentado o comportamento das grandezas da ten-
são, corrente ou a combinação das duas em circuitos contendo um resistor e um
capacitor ou um circuito contendo um resistor e um indutor.

Esses circuitos são os circuitos RC e RL, chamados de circuitos de pri-


meira ordem por possuírem apenas um elemento capaz de armazenar energia, a
carga em um capacitor ou o fluxo de corrente em um indutor.

O resultado para esse circuito será uma equação diferencial de primeira


ordem com:

• Os coeficientes constantes, ou seja, os coeficientes da equação, R e C ou R e


L, são constantes, isto é, não são função da variável dependente i e v, nem da
variável independente t.
• Os circuitos analisados serão lineares, que atendem ao princípio da superposi-
ção.
• Os circuitos analisados serão invariantes no tempo, ou seja, quando houver um
avanço ou retardo, de tempo do sinal de entrada o resultado será um desloca-
mento de tempo idêntico no sinal de saída. As características de um sistema
invariante no tempo não se alteram com o tempo.

Neste tópico, será apresentado inicialmente as duas formas de excitação


do circuito, uma pelas condições iniciais dos elementos armazenadores de ener-
gia chamado de circuito sem fonte. Essa energia será condicionada como inicial-
mente armazenada no capacitor ou no indutor, que resultará em uma corrente
que será dissipada pelos resistores do circuito. A outra forma de excitar é utili-
zando fontes independentes.

Por fim, será analisado o comportamento do circuito RC e RL quando


uma fonte independente é subitamente ligada ao circuito.

2 CIRCUITO RC SEM FONTE


Será realizada a análise do comportamento do circuito RC, considerando
que a princípio a energia armazenada no capacitor foi realizada por uma fonte
independente V1, conforme a Figura 23, onde em t=0 a chave S0 é aberta.

237
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

NOTA

A resposta de um circuito é a maneira como o circuito reage quando subme-


tido a uma excitação.

FIGURA 23 – CIRCUITO RC

FONTE: O autor

Considerações:

• t < 0, a chave S0 está fechada, o capacitor armazena carga, carregando-se com a


tensão dada pela fonte V1 ;
• t = 0, a chave S0 é aberta, a carga inicial do capacitor mantém a corrente na
malha RC, decrescendo gradualmente até o zero. O resistor dissipará toda a
energia do capacitor em forma de calor.

Considerando o circuito para t > 0, temos o circuito da Figura 24:

FIGURA 24 – CIRCUITO RC SEM FONTE

FONTE: O autor

238
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

Aplicando a LCK, considerando o nó superior, temos:

IC + I R =
0

Substituindo a corrente do capacitor e do resistor em função da tensão


definida no Tópico 1, obtemos:

dv(t ) v(t )
C + 0
=
dt R

Podemos reescrevê-la observando que é uma equação diferencial linear de


primeira ordem, pois apresenta apenas a primeira derivada do v., assim:

dv(t ) v(t ) dv 1
+ 0 := =
= − dt
dt RC v(t ) RC

Integrando os dois lados, obtemos:

t
ln v(t ) =
− + ln A
RC

Sendo ln A a constante de integração, temos:

v(t ) t −
t
ln =
− v(t ) A.e RC
:==
A RC

Considerando a tensão inicial como a tensão armazenada antes do t = 0,


então “A” é uma constante determinada pelas condições iniciais do circuito. Assim:

t

v(t ) = V0 .e RC

Pela equação é verificado que a tensão diminui exponencialmente da ten-


são inicial armazenada no capacitor, até zero. Sendo essa tensão mantida no cir-
cuito sem a conexão de outra fonte externa a partir de t=0, a resposta dessa tensão
é chamada de resposta natural do circuito.

239
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

NOTA

A resposta natural de um circuito é o comportamento do circuito quando no


circuito não está conectado uma fonte de excitação externa.

Essa resposta natural da tensão tem uma exponencial, mais curta ou mais
longa dependendo dos valores da associação do resistor e do capacitor.

A associação de R e C da equação é chamada de constante de tempo, sen-


do representada pela letra grega minúscula τ (tau).

ATENCAO

Constante de tempo é o tempo necessário para que a resposta caia a 36,8%


do valor inicial.

Quando o valor do t = τ, pela equação, é possível comprovar que a tensão


será de 36,8% da tensão inicial. É verificado também que a tensão está pratica-
mente em zero a partir de 5τ. Com isto podemos montar a Tabela 1 para os valores
de τ e desenhar um gráfico conforme está apresentado no Gráfico 1.

TABELA 1 – TABELA COM VALORES DE t

t
t −
e τ

τ 0,368
2τ 0,135
3τ 0,0498
4τ 0,0183
5τ 0,0067
6τ 0,0025
7τ 0,00091
FONTE: O autor

240
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

GRÁFICO 1 – GRÁFICO DA RESPOSTA DA TENSÃO NO CIRCUITO RC

FONTE: Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 240)

A corrente no resistor pode ser calculada pela tensão em seus terminais,


desta forma:
t
v(t ) V .e −τ
i=
R( t )
=: 0

R R

ATENCAO

Em 5τ tem-se o comportamento do circuito em regime permanente.

Exemplo 1:

Dado o circuito da Figura 25, calcule a tensão no capacitor e a corrente do


circuito, considerando que a tensão inicial do capacitor é de 15 V.

FIGURA 25 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

241
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Solução:

A tensão será calculada utilizando a equação da tensão no capacitor, as-


sim:

t

v(t ) = V0 .e RC

A constante do tempo é:

=τ R=
.C : 4.0,1

τ = 0, 4 s

Substituímos na equação, temos:


−t
v(t ) = V0 .e RC
−t

v(t ) = 15.e 0 ,4

v(t ) = 15.e −2 ,5t V

A corrente é calculada pela equação:

v(t ) 15.e −2 ,5t


i=
R( t )
=:
R 4
iR(t ) = 3,75e −2 ,5t A

3 CIRCUITOS RL SEM FONTES


Da mesma forma que realizamos a análise no circuito RC, vamos conside-
rar um circuito conforme a Figura 26, onde a fonte independente está conectada
ao circuito para t < 0, em t = 0 a chave se passa da posição 1 para a posição 2.

242
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

FIGURA 26 – CIRCUITO RL

FONTE: O autor

Considerações:

• t < 0, a chave S0 está fechada na posição 1, o indutor está armazenando energia


no seu campo magnético.
• t = 0, a chave S0 passa da posição 1 para a posição 2, a fonte de corrente é co-
nectada ao resistor R1, pois não pode ficar aberta. O indutor está conectado ao
resistor R2, este, por sua vez, dissipa a energia armazenada no campo magnéti-
co em forma de calor.

Consideramos o circuito para t > 0, temos o circuito da Figura 27:

FIGURA 27 – CIRCUITO RL SEM FONTE

FONTE: O autor

Aplicando a LTK na malha, temos:

v L( t ) + v R( t ) =
0

Substituindo a tensão no indutor e no resistor pelas equações definidas no


tópico 1, temos:

di(t ) di(t ) R di(t ) R


L + R.i(t ) =
0 :== − i(t ) :== − dt
dt dt L dt L
243
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Integrando os dois lados obtemos:


i( t )
t
di R

I0
i
= − ∫ dt
0
L

i(t )Rt − Rt
ln =
− i(t ) I 0 .e L
:==
I0 L

Pela equação é verificado que a corrente diminui exponencialmente a par-


tir da corrente inicial, armazenada no indutor até zero. Esta é a resposta natural
do circuito RL. A constante do tempo RL do circuito é obtida pela equação como:

L
τ=
R

Desta forma, a equação da corrente pode ser escrita como:

−t
i(t ) = I 0 .e τ

Assim como no capacitor, fazendo o valor de t = τ é possível obter o valor


da corrente que será 36,8% da corrente inicial, e em 5τ a corrente é praticamente
zero. A Tabela 2 pode ser levantada com os valores de τ, e o gráfico é apresentado
no Gráfico 2.

TABELA 2 – VALORES DE τ
t
t −
e τ

τ 0,368
2τ 0,135
3τ 0,0498
4τ 0,0183
5τ 0,0067
6τ 0,0025
7τ 0,00091
FONTE: O autor

244
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

GRÁFICO 2 – RESPOSTA DA TENSÃO NO CIRCUITO RL

FONTE: Sadiku, Alexander e Musa (2014, p. 269)

A tensão no resistor é calculada pela equação:

Exemplo 1:

Dado o circuito da Figura 28, calcule a corrente no indutor e a tensão no


resistor. Considere a corrente inicial de 3 A.

FIGURA 28 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

A corrente será calculada aplicando a equação da corrente no indutor,


assim:

−t
i(t ) = I 0 .e τ
245
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

A constante de tempo é:

L
τ=
R
0, 5
τ=
3
τ = 0,1666 s

Substituindo na equação, temos:

−t
i(t ) = I 0 .e τ
−t

i(t ) = 3.e 0 ,1666

i(t ) = 3.e −6 t A

A tensão calculada pela equação:


t

vR(t ) = R.I 0 e τ

vR(t ) = 3.3.e −6 t

vR(t ) = 9.e −6 t V

Exemplo 2:

Para o circuito da Figura 29 onde a chave S0 esteve fechada por um longo


período, calcule a corrente no indutor para t > 0.

FIGURA 29 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

246
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

Solução:

Para t > 0 a chave S0 está fechada, como não tem variação da fonte de ten-
são V, por ser de tensão contínua, o indutor se comporta como um curto-circuito.
Assim, o circuito fica conforme a Figura 30:

FIGURA 30 – EXEMPLO 2 PARA CHAVE FECHADA

FONTE: O autor

A corrente solicitada da fonte V, pode ser calculada como: obtendo o pa-


ralelo do resistor R2 e R3 em série com R1 e depois aplicando a Lei de Ohm, assim:

 R .R 
=Req  2 3  + R1
 R2 + R3 
R
=eq1
4, 33 Ω

V 35
I
= =
R 4, 33
I = 8,08 A

A corrente i'(t) pode ser calculada utilizando o divisor de corrente, assim:


10
i(' t ) = .8,08
10 + 5
i(' t ) = 5, 39 A

A corrente armazenada no campo magnético do indutor será de 5,39 A


para t < 0.

Para t > 0 a fonte de tensão é desconectada do circuito, desta forma o cir-


cuito fica conforme a Figura 31:

247
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

FIGURA 31 – EXEMPLO 2 PARA CHAVE ABERTA

FONTE: O autor

O resistor equivalente para esse novo circuito fica o resistor R2 em série


com R3, assim:

R=
eq
R2 + R3

Req=
2
15 Ω

A constante de tempo é calculada como:

L 3
τ
= =
Req2 15

τ = 0, 2 s

A corrente é obtida pela equação:

−t
i(t ) = I 0 .e τ
−t

i(t ) = 5, 39.e 0 ,2

i(t ) = 5, 39.e −5t A

4 CIRCUITO RC COM FONTE


Nos circuitos analisados sem fonte, as variáveis de tensão e corrente vão a
zero com o tempo infinito caso não tenha nenhuma outra ação sobre o circuito. Ago-
ra, vamos analisar o comportamento das variáveis quando os circuitos são alimenta-
dos tanto por entradas constantes quanto por condições iniciais de armazenamento
constantes. A análise deve ser realizada da mesma maneira, porém, considera-se que
a tensão ou corrente em regime permanente não são mais zero.
248
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

Exemplo 1:

Para o circuito RC da Figura 32 calcule a tensão no resistor R2 para t < 0 e


t > 0.

FIGURA 32 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

• Para t < 0 temos a chave S0 aberta, assim a tensão no capacitor, considerando


que para corrente contínua ele é um circuito aberto, temos:

+V1 + VR1 + VR 2 + VR 3 − V2 =
0

+10 + 5 I + 10 I + 2 I − 40 =
0

30
I=
17
I = 1,76 A

As tensões nos resistores ficam:

V=
R1
I : V=
5.= R1
8,8 V

V=
R2
10.
= I : V=
R2
17,6 V

V=
R3
I : V=
2.= R3
3, 52 V

A tensão inicial no capacitor para t < 0 será:

'
v=
c
V2 − V R 3
'
v=
c
40 − 3, 52

vc' = 36, 48 V

249
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

• Para t = 0 a chave S0 é fechada o novo circuito está representado na Figura 33:

FIGURA 33 – EXEMPLO 1 PARA CHAVE FECHADA

FONTE: O autor

A tensão no resistor R1 é a tensão da fonte V1, a tensão no resistor R2 é a


tensão do capacitor e a tensão no resistor R3 é a diferença entre a tensão V2 e a
tensão no capacitor, assim:

VR=
1
V=
1
10 V
'
VR=
2
v=
c
36, 48 V

VR 3 = V2 − vc' = 3, 52 V

A corrente nos resistores após o fechamento da chave fica:

VR1
I=
R1
=: I=
R1
2A
R1

VR 2
I=
R2
=: I=
R2
3,65 A
R2

VR 3
I=
R3
=: I=
R3
1,76 A
R3

Para t > 0 o capacitor terá a energia armazenada em t < 0 dissipada pelo


resistor R2, em forma de calor, logo a tensão nos terminais do capacitor será:

V2
′′
I= ′′ 3, 33 A
=: I=
R2 + R3

V=
R2
I ′′ : V=
R2 .= R2
33, 3 V

V=
R3
I ′′ : V=
R3 .= R3
6,66 V

vc'' = V2 − VR 3

vc'' = 33, 34 V
250
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

Assim, verificamos que a tensão do capacitor passa de 36,48 V quando a


chave estava aberta, e para 33,34 V quando a chave está fechada por um período
longo. Como o capacitor é um componente que se opõe à variação da tensão,
quando a chave é fechada ele tentará manter a tensão original em seus terminas,
ou seja, a tensão de 36,48 V. Dessa forma, com a equação da tensão é possível cal-
cular a curva exponencial da tensão no capacitor, assim:

t

vc = V0 .e τ
(t )

Calculando a constante de tempo:

τ = R.C
 R .R 
=τ  2 3 +C
 R2 + R3 
τ = 83, 33 s

Substituindo na equação, temos que:

t

vc = V0 .e 83,33
(t )

vc = 36, 48.e −0 ,012 t V


(t )

5 CIRCUITO RL COM FONTE


Os circuitos RL com fontes permanentes serão analisados da mesma ma-
neira que os circuitos RC com fonte, assim tomamos como exemplo o circuito da
Figura 34, onde se deseja calcular a tensão no resistor R1 para t > 0, considerando
que a chave So esteve aberta por um logo período e fechou em t = 0.

FIGURA 34 – EXEMPLO CIRCUITO RL COM FONTE

FONTE: O autor

251
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Solução:

• Para t < 0 a chave S0 encontra-se aberta, o indutor em corrente contínua se com-


porta como curto-circuito, assim o novo circuito será o representado na Figura
35:

FIGURA 35 – CHAVE ABERTA PARA t < 0

FONTE: O autor

Os dois resistores R3 e R4 estão em paralelo e em série com o resistor R1, o


resistor equivalente fica:

R3 .R4
Req =
R3 + R4

Req 3,08 Ω
=

Com o divisor de tensão é possível calcular a tensão no resistor R1, assim:

' R1 2 '
V=
R1
VS . =: 36. =: V=
R1
14,17 V
R1 + Req 2 + 3,08

VR' 3 = VR' 4 = V1 − VR1 := VR' 3 = VR' 4 = 21,83 V

A corrente nos resistores fica:

' VR1 '


I=
R1
=: I=
R1
7,08 A
R1

' VR 3 '
I=
R3
=: I=
R3
2,73 A
R3

VR 4
I R'=
4
=: I R'=
4
4, 36 A
R4

252
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

Sendo a corrente no resistor 4 a mesma de carga do indutor, temos:

iL' = 4, 36 A
(t )

Em t = 0 a chave S0 é fechada, os terminais do resistor R4 são colocados em


curto-circuito, o indutor que estava com uma corrente de 4,36 A tentará manter
esta corrente no circuito. Assim, o circuito equivalente após o fechamento da cha-
ve fica conforme o apresentado na Figura 36:

FIGURA 36 – CHAVE FECHADA PARA t = 0

FONTE: O autor

Aplicando análise nodal é possível calcular a tensão do nó 1, assim:

V1 − VS V1 − 0 V1 − 0 '
+ + + IL =
0
R1 R3 R2

V1 − 36 V1 V1
+ + + 4, 36 =
0
2 8 20
1 1 1 
 2 + 8 + 20  V1 + 4, 36 − 18 =
0
 
V1 = 20, 20 V

Logo a tensão e a corrente no resistor R1 serão:

''
VR= 1
VS − V1

VR''1 = 15,8 V

'' VR''1 ''


I=
R1
=: I=
R1
7,9 A
R1

253
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

• Para t > 0 onde o circuito entra em regime e a chave S0 permanece fechada o


circuito é apresentado na Figura 37:

FIGURA 37 – CHAVE FECHADA PARA t > 0

FONTE: O autor

É possível verificar que os resistores R2, R3 e R4 estão curto-circuitados,


dessa forma, a tensão no resistor R1 é a própria tensão da fonte VS, e a corrente
será 12 A.

Como o indutor tentará manter a corrente que estava armazenada no seu


campo magnético antes do fechamento da chave S0, ele irá impor uma tensão em
seus terminais e os resistores dissiparão na forma de calor. Com a equação da
corrente no indutor é possível calcular a curva exponencial no indutor, assim:

t

i(t ) = I 0 .e τ

O cálculo da constante de tempo é obtido fazendo o resistor equivalente


visto nos terminais do indutor, aplicando superposição é possível verificar que
R1, R2 e R3 estão em paralelo. Assim, o circuito será o apresentado na Figura 38.

254
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

FIGURA 38 – CIRCUITO PARA OBTER A CONSTANTE DE TEMPO

FONTE: O autor

1
Req'' =
1 1 1
+ +
R1 R2 R3

Req'' 1, 48 Ω
=

L 6
τ= = =: τ= 4,05 s
R 1, 48

Substituindo na equação, temos:

t

i(t ) = I 0 .e τ

t

i(t ) = 4, 36.e 4 ,05

i(t ) = 4, 36.e −0 ,25t A

6 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RC AO DEGRAU


Sempre que uma fonte de tensão ou corrente é conectada repentinamente
a RC, as tensões e correntes do circuito são impostas a novos valores repentina-
mente. Esses novos valores são chamados de resposta do circuito a uma variação.

Alexander e Sadiku (2013, p. 237) dizem que “a resposta ao degrau de um


circuito é o seu comportamento quando a excitação é uma função degrau, a qual
pode ser uma fonte de tensão ou corrente”.

255
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

O degrau é definido como a mudança repentina de um estado “0” para


um estado “1” a função degrau unitário tem a seguinte forma:

0 t < 0

u(t ) = 
1 t > 0

Assim, a função degrau é igual a 0 para valores negativos e iguais a 1 para


valores positivos, a grandeza da função é adimensional. Para o valor zero a fun-
ção não tem definição, pois ela é descontínua.

A resposta ao degrau pode ser determinada:

• Fazendo a análise da tensão inicial no capacitor, que ocorre em t < 0 e é a res-


posta natural do circuito, chamada de resposta transitória, pois ela ocorre por
um tempo, definido pela constante de tempo e depois acaba.

Alexander e Sadiku (2013, p. 239) afirmam que “a resposta natural ou res-


posta transitória é a resposta temporária do circuito que irá acabar com o passar
do tempo”.

• Fazendo a análise da tensão final no capacitor, que ocorrem em t > 0, é a respos-


ta forçada do circuito, chamada de resposta em regime permanente, pois ela
ocorre após a introdução de uma fonte externa ao circuito, forçando o circuito
a mudar os níveis de corrente e tensão.

Alexander e Sadiku (2013, p. 239) afirmam que “a resposta forçada ou


resposta em regime permanente é o comportamento do circuito um longo tempo
após a excitação externa ter sido aplicada”.

A soma da resposta transitória e da resposta em regime permanente, será


a resposta ao degrau de um circuito RC, assim é possível escrever a equação:

v(t ) v( t <0) + v( t >0)


=

A resposta natural já foi definida para o circuito RC no item 2. A resposta


em regime permanente é definida como:


( ) 
t

v(t ) = v − v
 (0) (∞) .e τ
+ v( ∞ ) 
 

256
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

Exemplo 1:

Para o circuito da Figura 39 calcule a tensão no capacitor para t > 0 e para


os tempos de 0,5 e 3 segundos. Considere que a chave esteve fechada na posição
1 por um longo tempo e t = 0 passou para a posição 2.

FIGURA 38 – CIRCUITO PARA OBTER A CONSTANTE DE TEMPO

FONTE: O autor

Solução:

• Para t < 0, a chave está na posição 1, a tensão no capacitor pode ser calculada
utilizando o divisor da tensão, lembrando que o capacitor é considerado um
circuito aberto para tensão contínua, a tensão em R2 será a mesma do capacitor,
assim:
500
v(' t ) = 18 .
500 + 100
v(' t ) = 15 V

• Para t > 0, a chave sai da posição 1 e vai para a posição 2, como o capacitor se
comporta como um circuito aberto a tensão no capacitor será a mesma do re-
sistor R5 que será a mesma da fonte VS2, assim:

''
v=
( t ) V=
R5
36 V

A resistência equivalente vista pelos terminais do capacitor, aplicando su-


perposição será:

R=
eq
R=
4
300 Ω

257
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

A constante de tempo fica:

τ = Req .C

τ = 300.2.10 −3
τ = 0,6 s

Escrevemos a equação da resposta ao degrau para o circuito RC, temos:


( ) 
t

v(t ) = v − v
 (0) (∞) .e τ
+ v( ∞ ) 
 
 −
t

( 15 − 36 ) .e
v(t ) = + 36 
0 ,6

 
−21.e −1,66 t V
v(t ) = parat > 0

Para t = 1,5 s

−21.e (
− 1,66.1,5 )
v(t ) = + 36

v(t ) = 34, 26 V

Para t = 3 s

−21.e (
− 1,66.3 )
v(t ) = + 36

v(t ) = 35,85 V

7 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RL AO DEGRAU


Quando uma fonte de tensão ou corrente é conectada repentinamente a
um circuito RL, as tensões e correntes do circuito são impostas a novos valores
repentinamente. Esses novos valores são chamados de resposta do circuito a uma
variação.

Da mesma forma que no circuito RC a resposta a degrau para um circuito


RL pode ser determinada pela:

258
TÓPICO 2 | CIRCUITO DE PRIMEIRA ORDEM

• Análise da corrente inicial no indutor que ocorre em t < 0, esta corrente é a


resposta natural do circuito, que já definimos que seu tempo acaba em cinco
constantes de tempo.
• Análise da corrente final no indutor, que ocorre em t > 0, esta é a resposta for-
çada do circuito.

A soma da resposta natural e da resposta forçada, será a resposta ao de-


grau de um circuito RL, assim, a equação será:

i(t ) i( t <0) + i( t >0)


=

A resposta natural já foi definida para o circuito RL como:

− Rt
i(t ) = I 0 .e L

A resposta forçada, considerando que o indutor é um curto-circuito em


corrente contínua, podemos escrever a equação como:


( ) 
t

i(t ) = i − i
 (0) (∞) .e τ
+ i( ∞ ) 
 

Exemplo 1:

Para o circuito da Figura 40, calcule a corrente no indutor para t > 0. Consi-
dere que a chave esteve fechada por um longo tempo e em t = 0 a chave foi aberta.

FIGURA 40 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

259
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Solução:

• Para t < 0 a chave estava fechada por um longo período, curto-circuitando o


resistor R2. O indutor pode ser substituído por um curto-circuito, pois assim se
comporta em corrente contínua. A corrente no indutor pode ser calculada por:

VS 20
iL'
= =
R1 3

iL' = 6,67 A

A tensão no resistor R1 é a própria tensão da fonte VS.

• Para t > 0, a chave é aberta e o resistor R2 fica em série com o resistor R1, consi-
derando que o indutor se comporta como um curto-circuito, temos:

VS 20
=iL'' =
R1 + R2 8

iL'' 2, 5 A

A resistência vista nos terminais do indutor, aplicando superposição, fica:

R=
eq
R1 + R2

Req = 8Ω

A constante de tempo para o circuito RL será:

L 1
τ= = =: τ= 0,125 s
Req 8

Escrevendo a equação da resposta ao degrau para o circuito RL, temos:


( ) 
t

i(t ) = i − i
 (0) (∞) .e τ
+ i( ∞ ) 
 
 −
t

( 6,67 − 2, 5 ) .e
i(t ) = + 2, 5 
0 ,125

 
−4,17 e −8 t + 2, 5 A
i(t ) = parat > 0

260
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• O capacitor se opõe a variações da tensão, ou seja, ele vai tentar manter a ten-
são que estava em seus terminais antes da variação.

• O capacitor comporta-se como um circuito aberto quando a tensão em seus


terminais é contínua.

• Os circuitos RC e RL são considerados de primeira ordem por possuírem ape-


nas um elemento capaz de armazenas energia.

• A tensão do capacitor é uma resposta natural, quando não tem fonte indepen-
dente no circuito definida pela equação:

t

v(t ) = V0 .e τ

• A constante de tempo para o circuito RC é definida por:

τ = R.C

• O indutor se opõe a variações de corrente, ou seja, ele tenta manter a corrente


que estava circulando por ele antes da variação.

• O indutor comporta-se como um curto-circuito em corrente contínua.

• A corrente do indutor é uma resposta natural, quando não tem fonte indepen-
dente no circuito, definida pela equação:

t

i(t ) = I 0 .e τ

• A constante de tempo para o circuito RL é definida por:

L
τ=
R

• Os circuitos RC e RL com fontes independentes se caracterizam por manter


uma tensão ou corrente diferente de zero nos circuitos em regime permanente.

261
• Um degrau é a mudança repentina de um estado para o outro, causando uma
variação repentina nos valores de tensão e corrente no circuito.

• A resposta de um circuito RC ao degrau é obtido calculando o valor inicial, o


valor final da tensão no capacitor e a constante de tempo. A equação que define
esta resposta será:


( ) 
t

v(t ) = v − v
 (0) (∞) .e τ
+ v( ∞ ) 
 

• A resposta de um circuito RL ao degrau é obtida calculando o valor inicial, o


valor final da corrente no indutor e a constante de tempo. A equação que define
esta resposta será:


( ) 
t

i(t ) = i − i
 (0) (∞) .e τ
+ i( ∞ ) 
 

262
AUTOATIVIDADE

1 Calcule a constante de tempo do circuito a seguir:

2 Para o circuito a seguir, calcule a constante de tempo.

3 O circuito a seguir estava com a chave fechada na posição 1 durante longo


período, em t = 0 a chave é conectada para a posição 2, permanecendo nessa
posição. Calcule a tensão no capacitor para t > 0, e o seu valor para t = 0,5 s
e t = 2 s.

4 O circuito a seguir esteve com a chave fechada por um longo período, em


t = 0 a chave foi aberta. Calcule a tensão do capacitor para t > 0.

263
5 Considerando que o circuito a seguir estava com a chave fechada por um
longo período e em t = 0 e foi aberta, calcule a corrente no resistor R1 para
t > 0.

6 Considerando que a chave do circuito a seguir esteve fechada por um longo


período, calcule a corrente no indutor para t > 0, sendo que em t = 0 a chave
é aberta.

264
7 No circuito a seguir, a chave S1 e S2 foram fechadas simultaneamente em 10
segundos, permanecendo nesta posição permanentemente. Calcule a cons-
tante de tempo para t < 0 e para t > 50s.

8 Calcule a constante de tempo do circuito a seguir para t > 0.

9 Para o circuito a seguir, a chave estava fechada por um longo período e em


t = 0. foi aberta. Calcule a corrente para t > 0.

10 No circuito a seguir, a chave foi aberta em t = 0, sendo que ela estava fe-
chada por um longo período. Calcule a tensão no indutor e nos resistores
para t > 0.

265
11 No circuito a seguir, calcule a tensão no capacitor pra t > 0, considerando
que a chave esteve fechada por um longo período e foi aberta em t = 0.

12 Para o circuito a seguir, calcule a tensão no resistor R3 para t > 0.

266
13 Considerando o circuito a seguir, em que a chave esteve fechada por um
longo período e no tempo t = 0 ela foi aberta, calcule a tensão no resistor
R3 para t > 0.

14 No circuito a seguir, a chave estava aberta por um longo período, em t = 0


ela foi fechada, calcule a corrente no resistor R1 para t > 0.

15 A chave do circuito a seguir esteve fechada por um longo período. Em t = 0


a chave é aberta, calcule a tensão no resistor R4 para t > 0.

267
16 Calcule para o circuito a seguir a corrente no indutor para t > 0 e t < 0, con-
siderando que em t = 0 a chave é fechada e que antes de t = 0 a chave esteve
aberta por um longo período.

17 Dado o circuito a seguir, em que a chave S1 está aberta e a chave S2 está


fechada por um longo período. Em t = 0 a chave S1 é fechada e em t = 51 ms
chave S2 é aberta. Para essas condições calcule a corrente no resistor R2 para
0 ≤ t ≤ 51 ms e t = 51 ms.

268
18 A chave do circuito a seguir é fechada em t = 0, calcule a corrente no resistor
R3 para t > 0. Considerando que a chave esteve aberta por um longo período.

19 Calcule a resposta ao degrau do circuito RC para t > 0.

269
20 Calcule a resposta ao degrau do circuito RL a seguir para t > 0.

270
UNIDADE 3
TÓPICO 3

CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

1 INTRODUÇÃO

Quando dois elementos armazenadores de energia estão inseridos em um


circuito, as equações que descrevem as suas respostas resultarão em equações
diferenciais de segunda ordem.

Os circuitos contendo resistor, indutor e capacitor, os chamados circuitos


RLC, são circuitos de segunda ordem. Os circuitos RC ou RL que apresentam
configurações onde não é possível fazer associação dos indutores ou dos capaci-
tores para obter um equivalente também são circuitos de segunda ordem.

Assim como foi realizado no Tópico 2, os circuitos de primeira ordem, ini-


cialmente serão realizados a análise para as duas formas de excitação do circuito,
uma para as condições iniciais dos elementos armazenadores de energia, chama-
dos de circuito sem fonte que fornecerá uma resposta natural, e a outra forma de
excitação será utilizando uma fonte independente, que fornecerá uma resposta
natural e uma resposta forçada. Após, faremos análise da resposta do circuito
RLC em série e paralelo submetido a uma entrada degrau. Por fim, estarão dispo-
níveis alguns exercícios para melhorar a fixação do conteúdo.

2 CIRCUITOS RLC SÉRIE SEM FONTE


Considerando o circuito RLC série da Figura 41, em que o circuito será
excitado após o fechamento da chave, pela energia que estava armazenada no ca-
pacitor e a energia armazenada no indutor. Quando a chave é fechada em t=0, os
valores da tensão inicial no capacitor (V0) e a corrente inicial no indutor (I0) serão:
0
1
=V0 = ∫ i dt v(0)
C −∞

I 0 = i( 0)

271
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

FIGURA 41 – CIRCUITO RLC SÉRIE

FONTE: O autor

Aplicando a LTK após o fechamento da chave, temos:


0
vR + vL + vC =
Substituindo pelas equações já definidas:
t
di 1
R.i + L + ∫ i dt =
0
dt C −∞
Fazendo a derivada em relação a “t” e dividindo por “L”, temos:
d 2i R di 1
2
+ + 0
i=
dt L dt L.C
Uma solução para essa equação diferencial é ter as condições iniciais do
di
circuito e a sua derivada, como a corrente i e a sua derivada ( 0) ou a tensão v e
dv dt
a sua derivada ( 0) . As condições iniciais são apresentadas após o fechamento da
chave, assim: dt
di( 0)
Ri( 0) + L 0
+ V0 =
dt
Isolando a derivada da corrente, temos:
di( 0)
1
− ( R.I 0 + V0 )
=
dt L
O comportamento da corrente, para um circuito de primeira ordem visto
no Tópico 2, sugere uma forma exponencial, em que devemos calcular as constan-
tes “A” e “s”, assim podemos escrever:
i = A.e st

272
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

Substituindo a equação exponencial da corrente na equação diferencial,


temos:
RA st A st
As 2 e st + s.e + e =0
L LC
Evidenciando o termo comum, temos:
 2 R 1  st
s + s+  . A.e = 0
 L LC 
Conforme definido que “A” e “s” são constantes a ser calculada, logo a
expressão A.eST=0 não deve ser usada, restando à expressão:
R 1
s2 + s+ 0
=
L LC
A equação quadrática, em termos de “S” é chamada de equação caracte-
rística, as suas raízes determinam as características da corrente i:
a2 s 2 + a1s + a0 =
0
A solução da equação quadrática apresenta duas raízes S1 e S2, assim é
possível escrever as duas raízes como:

−a1 + a12 − 4a1a0


s1 =
2a2

−a1 − a12 − 4a1a0


s2 =
2a2
Dorf e Svoboda (2016, p. 362) afirmam que “as raízes da equação caracte-
rística contêm todas as informações necessárias para a determinação do tipo de
comportamento da resposta natural”.

Em circuitos as raízes S1 e S2. são chamadas de frequências naturais, a uni-


dade de medida é dada em Neper por segundo (Np/s). Reescrevendo a equação
característica em função das frequências naturais dos circuitos, temos:

NOTA

Neper (Np) é uma unidade adimensional adotada após John Napier (1550-
1617), matemático escocês.

273
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

s 2 + α s + w0 =
0
2
sEm+ αque
s + w0 é=
a0frequência neperiana ou fator de amortecimento, com uni-
dade de medida expressa em Nepers por segundo;
s 2 + α s e+ w0 é=
chamado
0 de frequência
de ressonância ou frequência não amortecida, com unidade de medida expressa
em radianos por segundo.

Fazendo analogia da equação característica com a equação do circuito


RLC série obtida, temos:

Escrevendo as raízes em função das frequências naturais do circuito, temos:

s1 =−α + α 2 − w02

s2 =−α − α 2 − w02
Em que:
R
α=
2L
1
w0 =
LC
As duas raízes s1 e s2 indicam que é possível solucionar o valor da corrente
i do circuito RLC de duas formas, assim:

i1 = A1.e s1t
E
i2 = A2 .e s2t
Sendo o circuito RLC linear e a equação característica linear, existindo duas
raízes distintas, existirão duas soluções. A combinação linear do i1 e i2 resultará no
valor da corrente i, assim:

274
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

Exemplo 1:

Dado o circuito RLC série da Figura 42, calcule as raízes do circuito.

FIGURA 42 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

s1,2 =−α ± α 2 − w02

R 200
α
= = = 50
2 L 2.2
1 1
w0
= = = 22,36
L.C 2 .1x10−3

( 50 ) − ( 22,36 )
2 2
s1,2 =−50 ±
As raízes da equação característica são:
−5, 25 ; −94, 72
s1,2 =

3 CIRCUITOS RLC PARALELO SEM FONTE


O circuito RLC paralelo da Figura 43 mostra que a excitação do circuito
ocorre após o fechamento da chave, em t = 0 terá o comportamento semelhante ao
circuito RLC série, com uma equação diferencial de segunda ordem.

275
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

FIGURA 43 – CIRCUITO RLC PARALELO

FONTE: O autor

Aplicando análise nodal e a LCK ao nó superior, temos:

Fechando a chave e t = 0 considerando a tensão inicial no capacitor e a


corrente inicial no indutor, como:

Com a chave fechando em t = 0, a tensão nos três elementos será a mesma,


a corrente que atravessa cada elemento será:

Derivando a equação em relação a “t”, temos:

Dorf e Svoboda (2016, p. 364) afirmam que “um circuito de segunda or-
dem possui uma equação diferencial homogenia contendo um termo de segundo
grau devido à presença de dois elementos armazenadores de energia indepen-
dentes”.

Dividindo por “C”, obtemos:

276
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

É possível obter a equação característica utilizando o operador “s”, da


mesma maneira que foi utilizado para equacionar em 2 (circuito RLC série sem
fonte), assim:

Substituindo:

As duas raízes da equação característica ficam:

Escrevendo as raízes em função das frequências naturais do circuito te-


mos que:

A equação característica é linear, tendo duas raízes distintas, as duas raízes


indicam que é possível solucionar o valor da tensão “v” do circuito RLC paralelo
de duas formas. A combinação linear v1 e v2 resultará no valor da tensão “v”, assim:

Os valores de A1 e A2 são calculados utilizando as condições iniciais do


circuito e sua derivada. Assim, após o fechamento da chave em t = 0, temos:

Isolando a derivada da tensão, temos:

277
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Exemplo 1:

Para o circuito RLC paralelo da Figura 44, calcule as raízes do circuito.


Considere como v(0) = 8 V e i(0) = 0 A e determine a equação da tensão v(t) para t > 0.

FIGURA 44 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

As raízes da equação característica são:

Assim, a resposta da tensão nos terminais dos componentes será:

Derivando a equação, temos:

Os valores das constantes A1 e A2 são calculados em função das condições


iniciais, assim:

A 1 + A2 = 8

278
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

Para o instante inicial t = 0, substituindo os valores obtidos após as deri-


vadas, temos:

Assim, é possível calcular os valores de A1 e A2 por:

Substituindo, fica:

Assim, a equação da tensão nos componentes para t = 0 será:

As raízes da equação característica dos circuitos RLC série ou paralelo


podem assumir três tipos de soluções:

• Quando as raízes da equação característica são diferentes e reais, ou seja, se


a > w0 , neste caso, a resposta do circuito é chamada de superamortecidos e as
raízes s1 e s2 serão negativas e reais.

A resposta para o circuito superamortecido será:

Para RLC série


Para RLC paralelo

A resposta da corrente ou da tensão para o circuito superamortecido decai


com o aumento do tempo se aproximando de zero, conforme o Gráfico 3.

279
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

GRÁFICO 3 – RESPOSTA SUPERAMORTECIDA CIRCUITO RLC

FONTE: Alexander e Sadiku (2013, p. 285).

• Quando as raízes da equação característica são iguais e reais, ou seja, se a > w0,
neste caso a resposta do circuito é chamada de criticamente amortecidas.

A resposta para o circuito com amortecimento crítico é a soma dos dois


termos:

ATENCAO

Quando R= 0, a resposta do circuito será uma senoide perfeita. Na prática, essa


resposta não pode ser obtida, devido às perdas inerentes aos elementos L e C.

O gráfico da resposta da corrente ou da tensão para o circuito criticamente


amortecido é muito semelhante ao superamortecido, decaindo com o aumento do
tempo até atingir o valor de zero, conforme é apresentado no Gráfico 4.

280
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

GRÁFICO 4 – RESPOSTA CRITICAMENTE AMORTECIDA CIRCUITO RLC

FONTE: Alexander e Sadiku (2013, p. 285).

• Quando as raízes da equação característica são complexas, ou seja, , nes-


te caso a resposta do circuito é chamado de subamortecidos ou oscilatório.

As raízes são expressas como:

Em que:

A resposta para o circuito oscilatório pode ser escrita na forma exponen-


cial como:

Ou na forma trigonométrica como:

O gráfico da resposta da corrente ou da tensão para o circuito oscilatório


é apresentado no Gráfico 5.

281
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

ATENCAO

Um circuito de segunda ordem que contenha dois elementos do mesmo tipo


pode não ser oscilatório, resultando em um circuito de primeira ordem.

GRÁFICO 5 – RESPOSTA SUBAMORTECIDO CIRCUITO RLC

FONTE: Alexander e Sadiku (2013, p. 285).

Exemplo 1:

Para o circuito RLC série apresentado na Figura 45, calcule a resposta natu-
ral classificando se é superamortecido, subamortecido ou criticamente amortecido.
Considere que a chave estava fechada por um longo período e em t = 0 foi aberta.

FIGURA 45 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

282
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

Solução:

Como a chave esteve fechada por um longo período, devemos considerar


o comportamento dos componentes para t < 0, ou seja, o capacitor se comporta
como um circuito aberto e o indutor como um curto-circuito, assim o circuito re-
desenhado fica conforme a Figura 46:

FIGURA 46 – EXEMPLO 1 PARA A CHAVE FECHADA

FONTE: O autor

A tensão no capacitor vc é a própria tensão no resistor R2 que pode ser


calculada aplicando o divisor de tensão, assim:

A corrente no indutor é a corrente que passa por R1 e R2 e pode ser calcu-


lada como:

Portanto, os valores iniciais da corrente no indutor e a tensão no capacitor são:

Quando a chave é aberta em t = 0, o indutor vai se opor à variação da cor-


rente e o capacitor vai se opor à variação da tensão, com a chave aberta o circuito
equivalente é apresentado na Figura 47.

283
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

FIGURA 47 – EXEMPLO 1 PARA A CHAVE ABERTA

FONTE: O autor

As raízes após a abertura da chave podem ser calculadas como:

A resposta natural do circuito será superamortecida, pois a > w0 e as raízes


são negativas e reais. Assim a equação da corrente será:

Derivando a equação, temos:

Os valores das constantes A1 e A2 são calculados utilizando as condições


iniciais, assim para t = 0, temos:

284
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

A tensão V(0) é considerada negativa, pois em t = 0 a polaridade de vL é


oposta a que estava em t < 0. Substituindo a condição inicial na derivada da equa-
ção natural em t = 0:

Assim:

Substituindo os valores de A1 e A2 na equação da resposta natural do cir-


cuito, temos:

Exemplo 2:

Para o circuito RLC paralelo apresentado na Figura 48, calcule a respos-


ta natural, classificando se é superamortecido, subamortecido ou criticamente
amortecido. Considerando que a chave esteve aberta por um longo período e em
t = 0 a chave é fechada.

FIGURA 48 – EXEMPLO 2

FONTE: O autor

Solução:

• Para t < 0 a chave se encontra aberta. Dessa forma, o indutor se comporta como
um curto-circuito e o capacitor como um circuito aberto, assim o circuito fica
conforme a Figura 49:

285
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

FIGURA 49 – EXEMPLO 2 PARA CHAVE ABERTA

FONTE: O autor

A tensão inicial no capacitor será a mesma tensão no resistor R2, assim:

A corrente inicial no indutor é a mesma corrente no resistor R1 e R2, assim:

Portanto, os valores iniciais da tensão no capacitor e a corrente no indutor são:

• Para t > 0 a chave é fechada, dessa forma, o circuito se torna o paralelo de RLC,
tirando a fonte Vs da alimentação de RLC. As raízes da equação característica
podem ser obtidas por:

A resposta natural do circuito será subamortecido, pois a > w0 e as raízes


são complexas. Assim, a equação da tensão será:

Derivando essa equação temos que:

286
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

Os valores das constantes A1 e A2 são obtidos utilizando as condições ini-


ciais, assim, para t = 0 temos:

Substituindo a condição inicial na derivada da equação natural em t = 0.

v(0) = 54,54 = A1

Assim:

108540 = -500A1 + 500A2


A2 = 271,62

Substituindo os valores de A1 e A2 na equação da resposta natural do cir-


cuito, temos:

4 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RLC SERIE AO DEGRAU


Quando o circuito sofre uma variação súbita por uma fonte de corrente
contínua, o comportamento dos componentes do circuito a esta variação é dito
como a resposta ao degrau.

A análise do circuito com a resposta dessa fonte é realizada da mesma


forma que foi feita com o circuito RLC série sem fonte, levando em consideração
a presença da fonte. Assim, para o circuito da Figura 50, aplicando LTK, temos:

FIGURA 50 – CIRCUITO RLC SÉRIE SENDO APLICADO UM DEGRAU

FONTE: O autor

287
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

• Para t < 0 temos as condições do circuito RLC sem fonte já analisado em 2 (Cir-
cuito RLC série sem fonte), que é a resposta natural do circuito.
• Para t > 0 temos a presença da fonte e uma variação súbita da tensão nos com-
ponentes. Esta será uma resposta forçada ao circuito pelos componentes, lem-
brando que o indutor tentará manter a corrente e o capacitor tentará manter a
tensão no circuito.

Assim, aplicamos a LTK e temos:

-Vs + VL + VR + VC = 0

Substituindo pelas equações já definidas anteriormente, temos:

Como a corrente no capacitor é dada pela equação:

Substituindo a corrente “i” na equação obtida pela LTK, temos:

A equação obtida é muito similar a obtida em dois (Circuito RLC série


sem fonte), mudando apenas as variáveis, dessa forma, é possível observar a pre-
sença de dois componentes:

• A resposta natural  .

• A resposta forçada  .

Com isso, a resposta ao degrau do circuito RLC série é dada pela soma da
resposta natural e a resposta forçada, assim:

288
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

A resposta natural é obtida antes da aplicação do degrau. Como foi reali-


zado anteriormente os valores de determinam os tipos de soluções
do circuito, sendo assim:

A resposta forçada é obtida após a aplicação do degrau, quando o circuito


já entrou em regime permanente. Fazendo a análise do circuito da Figura 50 para
t > 0, quando a chave é fechada, o circuito entra em regime permanente e o indu-
tor comporta-se como um curto-circuito e o capacitor como um circuito aberto.
Dessa forma, a tensão da fonte (Vs) é a tensão sobre o capacitor. Com isso, os três
tipos de solução passam a ter a presença de tensão da fonte (Vs). A solução com-
pleta para os três casos fica:

Exemplo 1:

Para o circuito da Figura 51, calcule v(t) e i(t) para t > 0. Considere que a
chave esteve fechada por um longo período e em t = 0 a chave foi aberta.

FIGURA 51 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

289
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Solução:

• Para t < 0 a chave está fechada. O indutor se comporta como um curto-circuito,


o capacitor se comporta como um circuito aberto.

A tensão no capacitor é a mesma sobre o resistor R2, assim:

A corrente que passa pelo indutor é a mesma que passa pelos resistores
R1 e R2, assim:

• Para t = 0 a chave é aberta, o circuito tem uma variação súbita da tensão e da


corrente.

As raízes são calculadas por:

Como a < w0 as raízes são complexas e a resposta natural do circuito será


subamortecida. A equação da tensão será:

Derivando a equação temos:

290
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

Os valores das constantes A1 e A2 são obtidos utilizando as condições ini-


ciais, assim:

Para t = 0, temos:

Substituindo os valores podemos calcular A2:

Substituindo os valores de A1 e A2 na equação da resposta natural do cir-


cuito, temos:

• Para t > 0, temos o circuito em regime permanente, dessa forma, a tensão da


fonte estará sobre o capacitor, e a resposta forçada será:

A corrente do circuito (i) é a mesma para o indutor, resistor e o capacitor,


assim:

Como temos a equação derivada da tensão, podemos multiplicar pelo va-


lor do capacitor, ficando:

291
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

Substituindo os valores obtidos de A1 e A2 a equação da corrente resulta em:

O resultado é coerente pois a corrente inicial é 7,2 A.

5 RESPOSTA DE UM CIRCUITO RLC PARALELO AO DEGRAU


Um circuito RLC paralelo quando submetido a uma variação súbita dos
níveis de corrente ou tensão, através da colocação de uma fonte CC, terá uma res-
posta que será dada pelos componentes armazenadores de energia. Essa variação
súbita se dá o nome de degrau.

A análise do circuito, com a presença desta fonte é realizada da mesma for-


ma que feita com o circuito RLC paralelo sem fonte, levando agora e consideração
a presença da fonte. Assim, para o circuito da Figura 52 aplicando a LCK, temos:

FIGURA 52 – CIRCUITO RLC PARALELO SENDO APLICADO UM DEGRAU

FONTE: O autor

• Para t < 0 temos as condições do circuito RLC paralelo sem fonte já analisado
em 3 (Circuito RLC paralelo sem fonte), que é a resposta natural do circuito.
• Para t > 0 temos a presença da fonte de corrente, que fará surgir uma variação
súbita da corrente nos componentes. Essa variação forçará os componentes a
responderem, cada um com suas respectivas características. Essa resposta será
uma resposta forçada, sendo o indutor de manter a corrente e o capacitor de
manter a tensão no circuito.

Aplicando a LCK ao nó superior, temos:

A tensão nos três componentes será a mesma, a corrente que atravessa


cada elemento é definida como:

292
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

Sendo a tensão no capacitor dada por:

Substituindo a tensão no capacitor, na equação do nó superior e dividindo


por LC, obtemos a mesma equação característica do circuito RLC paralelo sem
fonte, mudando apenas as variáveis, assim:

A resposta completa ao degrau do circuito RLC paralelo, é dada pela


soma da resposta natural e a resposta forçada, assim:

A resposta natural é obtida antes de aplicar o degrau, da mesma forma


como foi realizado em 3 (Circuito RLC paralelo sem fonte), em que os valores de
a, w0, s1 e s2 determinam os tipos de soluções do circuito, sendo:

A resposta forçada é obtida após aplicação do degrau, quando o circuito


já entrou em regime permanente. Fazendo a análise do circuito, da Figura 52, o
circuito entrando em regime permanente o indutor se comporta como um curto-
-circuito e o capacitor como um circuito aberto, assim, a corrente no indutor será
a própria corrente da fonte (Is). Portanto, as três soluções passam a ter a presença
da fonte de corrente. A solução completa para os três casos fica:

Exemplo 1:

Para o circuito da Figura 53, levante a equação i(t) para t > 0. Considere que
a tensão inicial no capacitor é de 12 V até o fechamento da chave.

293
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

FIGURA 53 – EXEMPLO 1

FONTE: O autor

Solução:

• Para t < 0 a chave está aberta, a corrente no indutor é a própria corrente da fonte
Is, assim:

I0 = IL = IS = i0 = 5 A

A tensão no capacitor é de 12V, conforme dito no enunciado, assim:

v0 = vc = 12 V

• Para t > 0 a chave é fechada, com isso é formado um circuito RLC paralelo.

As raízes são calculadas por:

Como a > w0, as raízes são reais e negativas, a resposta natural do circuito
será superamortecida. A equação da corrente será:

Derivando a equação, temos que:

294
TÓPICO 3 | CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM

Os valores das constantes A1 e A2 são obtidos utilizando as condições ini-


ciais, assim:

Sendo a tensão (v) igual em todos os componentes, indutor, resistor e o


capacitor, podemos escrever:

Substituindo na equação:

Substituindo os valores de A1 e A2 na equação da corrente, temos:

295
UNIDADE 3 | CAPACITORES, INDUTORES E CIRCUITOS RLC

LEITURA COMPLEMENTAR

UMA REVISÃO DA AUTOINDUTÂNCIA

James W. Nilsson

O conceito de indutância pode ser creditado a Michael Faraday, que foi


pioneiro nessa área de trabalho no início do século XIX. Faraday postulou que um
campo magnético consiste de linhas de força que circundam um condutor que con-
duz corrente. Visualize essas linhas de força como tiras de elástico que armazenam
energia e se fecham em si mesmas. À medida que a corrente aumenta e diminui,
as tiras elásticas (isto é, as linhas de força) se expandem e se contraem ao longo do
condutor. A tensão induzida no condutor é proporcional ao número de linhas que
se contraem para dentro do condutor ou que o atravessam. Essa imagem da tensão
induzida é expressa pelo que se denomina lei de Faraday; isto é:

em que λ é denominado fluxo total e é medido em weber-espiras.

Como passamos da lei de Faraday para a definição de indutância apresen-


tada na Seção 6.1. Podemos começar a inferir essa conexão usando a Figura 6.27
como referência.

As linhas ϕ que perpassam as N espiras representam as linhas de força


magnética que compõem o campo magnético.

A intensidade do campo magnético depende da intensidade da corrente,


e a orientação espacial do campo depende do sentido da corrente. A regra da mão
direita relaciona a orientação do campo com o sentido da corrente: quando os
dedos da mão direita envolvem o enrolamento no sentido da corrente, o polegar
indica a direção daquela porção do campo magnético no interior do enrolamento.
O fluxo total é o produto entre o fluxo magnético (ϕ), medido em webers (Wb), e
o número de espiras atravessadas pelo campo (N):

296
A magnitude do fluxo, ϕ, está relacionada à magnitude da corrente do
enrolamento pela relação:

em que N é o número de espiras do enrolamento e F é a permeância do


espaço ocupado pelo fluxo. Permeância é a quantidade que descreve as proprie-
dades magnéticas desse espaço e, por isso, uma descrição detalhada de perme-
ância está fora do escopo deste livro. Aqui, basta observar que, quando o espaço
atravessado pelo fluxo é composto de materiais magnéticos (como ferro, níquel e
cobalto), a permeância varia com o fluxo, dando origem a uma relação não linear
entre ϕ e i. No entanto, quando o espaço é composto por materiais não magné-
ticos, a permeância é constante, dando origem a uma relação linear entre ϕ e i.
Observe que, pela Equação 6.35, o fluxo também é proporcional ao número de
espiras no enrolamento.

Aqui, admitimos que o material do núcleo — espaço atravessado pelo


fluxo — é não magnético. Então, substituindo as equações 6.34 e 6.35 na Equação
6.33, temos

que mostra que a autoindutância é proporcional ao quadrado do número


de espiras do enrolamento. Utilizaremos essa observação mais adiante.

A polaridade da tensão induzida no circuito da Figura 6.27 reflete a re-


ação do campo à corrente que o cria. Por exemplo, quando i está crescendo, di/
dt é positiva e v é positiva. Assim, é preciso fornecer energia para estabelecer o
campo magnético. O produto vi é a taxa de armazenamento de energia no cam-
po. Quando o campo diminui, di/dt é negativa e, mais uma vez, a polaridade da
tensão induzida é oposta à alteração na corrente. À medida que o campo diminui
em torno do enrolamento, mais energia é devolvida ao circuito.

Mantendo em mente mais essas particularidades do conceito de autoin-


dutância, voltemos agora à indutância mútua.

O conceito de indutância mútua

A Figura 6.28 mostra dois enrolamentos acoplados magneticamente. Você


deve verificar se a marcação de pontos está de acordo com a direção dos enrola-
mentos e correntes mostrados. O número de espiras em cada enrolamento é N1
e N2, respectivamente. O enrolamento 1 é energizado por uma fonte de corrente
variável com o tempo que estabelece a corrente i1 nas espiras N1. O enrolamento
2 não é energizado e está aberto. Os enrolamentos são dispostos em um núcleo
297
não magnético. O fluxo produzido pela corrente i1 pode ser dividido em dois
componentes, denominados ϕ11 e ϕ21. O componente de fluxo ϕ11 é o fluxo pro-
duzido por i1 que atravessa somente as espiras N1. O componente ϕ21 é o fluxo
produzido por i1 que atravessa as espiras N2 e N1. O primeiro dígito do índice do
fluxo refere-se ao número do enrolamento atravessado pelo fluxo e o segundo dí-
gito refere-se ao enrolamento percorrido pela corrente. Assim, ϕ11 é um fluxo que
atravessa o enrolamento 1 que é produzido por uma corrente no enrolamento 1,
ao passo que ϕ21 é um fluxo que atravessa o enrolamento 2 que é produzido por
uma corrente no enrolamento 1.

O fluxo total que atravessa o enrolamento 1 é ϕ1, a soma de ϕ11 e ϕ21.

O fluxo ϕ1 e seus componentes ϕ11 e ϕ21 estão relacionados com a corrente


i1 da seguinte forma:

em que F1 é a permeância do espaço atravessado pelo fluxo ϕ1, F11 é a


permeância do espaço atravessado pelo fluxo ϕ11 e F21 é a permeância do espaço
atravessado pelo fluxo ϕ21. Substituindo as equações 6.38, 6.39 e 6.40 na Equação
6.37, obtemos a relação entre a permeância do espaço atravessado pelo fluxo total
ϕ1 e as permeâncias dos espaços atravessados por seus componentes ϕ11 e ϕ21:

Usamos a Lei de Faraday para deduzir as expressões para v1 e v2 :

298
E

O coeficiente de di1/dt na Equação 6.42 é a autoindutância do enrolamento


1. O coeficiente de di1/dt na Equação 6.43 é a indutância mútua entre os enrola-
mentos 1 e 2. Assim:

O índice de M especifica uma indutância que relaciona a tensão induzida


no enrolamento 2 com a corrente no enrolamento 1. O coeficiente de indutância
mútua fornece:

Observe que a convenção do ponto é usada para estabelecer a referência


de polaridade de v2 na Figura 6.28.

No caso dos enrolamentos acoplados da Figura 6.28, excitar o enrolamen-


to 2 com uma fonte de corrente variável com o tempo (i2) e deixar o enrolamento
1 aberto produz o arranjo mostrado na Figura 6.29. Novamente, a referência de
polaridade atribuída a v1 é estabelecida pela convenção do ponto. O fluxo total
que atravessa o enrolamento 2 é:

299
O fluxo ϕ2 e seus componentes ϕ22 e ϕ12 estão relacionados com a corrente
i2 da seguinte forma:

As tensões v2 e v1 são:

O coeficiente de indutância mútua que relaciona a tensão induzida no


enrolamento 1 com a corrente variável a longo do tempo no enrolamento 2 é o
coeficiente de di2/dt na Equação 6.51:

Para materiais não magnéticos, as permeâncias F12 e F21 são iguais; por-
tanto,

Por conseguinte, para circuitos lineares com apenas dois enrolamentos


acoplados magneticamente, não é necessário acrescentar subíndices ao coeficien-
te da indutância mútua.

Indutância mútua em termos de autoindutância

O valor da indutância mútua é uma função das autoindutâncias. Deriva-


mos essa relação como se segue. Pelas equações 6.42 e 6.50,

respectivamente. Pelas equações 6.54 e 6.55,

Agora, usamos a Equação 6.41 e a expressão correspondente a F2 para


escrever:

300
No entanto, para um sistema linear, F21=F12: portanto, a Equação 6.57
torna-se:

Substituindo-se os dois termos que envolvem permeâncias por uma única


constante, temos uma expressão mais significativa da Equação 6.58:

Substituindo-se a Equação 6.59 na Equação 6.58, obtemos

Ou

em que a constante k é denominada coeficiente de acoplamento. De acor-


do com a Equação 6.59, 1/k2 deve ser maior do que 1, o que significa que k deve
ser menor do que 1. Na realidade, o coeficiente de acoplamento deve estar entre
0 e 1, ou

O coeficiente de acoplamento é 0 quando os dois enrolamentos não têm


nenhum fluxo em comum; isto é, quando ϕ12 = ϕ21 = 0. Essa condição implica F12 =
0, e a Equação 6.59 indica que 1/k2 = ∞, ou k = 0. Se não houver nenhum fluxo que
acople ambos os enrolamentos, é óbvio que M será 0.

O coeficiente de acoplamento é igual a 1 quando ϕ11 e ϕ22 são iguais a 0.


Essa condição implica que todo o fluxo que atravessa o enrolamento 1 também
atravessa o enrolamento 2. Em termos da Equação 6.59, F11 = F22 = 0, o que obvia-
mente representa um estado ideal; na realidade, dispor os enrolamentos de modo
que compartilhem exatamente o mesmo fluxo é fisicamente impossível. Materiais
magnéticos (como ligas de ferro, cobalto e níquel) possibilitam um espaço de alta
permeância e são usados para estabelecer coeficientes de acoplamento próximos
à unidade (falaremos mais sobre essa importante qualidade de materiais magné-
ticos no Capítulo 9).

FONTE: NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos Elétricos. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2016. p. 210-214.

301
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Os circuitos são chamados de segunda ordem porque apresentam dois compo-


nentes que armazenam energia, o capacitor e o indutor.

• A equação que descreve um circuito de segunda ordem é uma equação diferen-
cial de segunda ordem.

• A equação de segunda ordem característica em função das frequências natu-


rais é descrita por:

0 Em que: a é a frequência neperiana ou frequência de armazenamento, calcu-


lada para os circuitos série por e para circuito paralelo por .
0 w é a frequência de ressonância ou frequência não amortecida, calculada
0

para os circuitos série ou paralelo pela mesma equação .

As raízes são calculadas por:

• Os circuitos apresentam três tipos de soluções em função da frequência e das


raízes, sendo definidos como:
0 Superamortecidos: quando a > w e as raízes são reais e diferentes.
0
0 Subamortecidos: quando a < w e as raízes complexas e conjugadas.
0
0 Criticamente amortecido: quando a = w e as raízes são iguais.
0

• A resposta natural é a solução para um circuito de segunda ordem que não


apresente mudança súbita nos níveis de tensão ou corrente, e que não apresen-
tem fontes independentes após o chaveamento.

302
• A resposta forçada é a solução para um circuito de segunda ordem que apre-
sente uma mudança súbita nos níveis de tensão ou corrente, e que apresente
fontes independentes após o chaveamento.

• Para fazer a resposta a degrau a resposta completa será a soma das respostas
natural com a resposta forçada.

CHAMADA

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AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

303
AUTOATIVIDADE

1 Para o circuito a seguir, calcule as raízes da equação característica e escreva


que tipo de resposta o circuito apresenta. Calcule a constante de tempo do
circuito:

2 Dado o circuito a seguir, considere que o capacitor tenha uma tensão inicial
de 15V, que a corrente inicial no indutor é de 0 A e a tensão v(t) para t ≥ 0 é
de -5e-5000t + 20e-20t V. Calcule o valor do resistor, do indutor e a corrente em
cada componente para t ≥ 0.

3 Calcule a tensão v(t) e a corrente i(t) para t ≥ 0 do circuito a seguir, considere


a corrente inicial no indutor de -30 mA e a tensão inicial no capacitor de
90 V.

4 Calcule para o circuito a tensão vL(t) para t ≥ 0, considerando que a chave


esteve na posição 1 por um longo período e em t = 0 a chave passa para a
posição 2.

304
5 Considerando o circuito a seguir, em que as duas chaves estiveram por um
longo período na posição 1 e em t = 0 as chaves passam para a posição 2.
Calcule a tensão vR(t) para t ≥ 0.

6 Calcule para o circuito a seguir a corrente iL(t) para t ≥ 0, considerando que a


chave foi fechada em t = 0, e neste instante a corrente no indutor estava em
-30 mA e a tensão no capacitor estava em 60 V.

7 Para o circuito a seguir, calcule a tensão e corrente no indutor, considere


que a chave fecha em t = 0.

8 Calcule para o circuito a seguir a tensão vC(t) para t ≥ 0, considerando que a


chave esteve aberta por um longo período.

9 Para o circuito a seguir, calcule a tensão no capacitor, considerando que a


chave esteve na posição 1 por um longo período e em t = 0 passou para a
posição 2.

305
10 Calcule para o circuito a tensão v(t) para t ≥ 0, considerando que a chave
esteve na posição 1 por um longo período, em t = 0 a chave passa para a
posição 2.

306
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos com
Aplicações. 5. ed. São Paulo: AMGH, 2013.

CRUZ, E. A. Circuitos Elétricos: análise em corrente contínua e alternada. São


Paulo: Érica, 2014.

DORF, R. C.; SVOBODA, J. A. Introdução aos Circuitos Elétricos. 9. ed. São Pau-
lo: LTC, 2016.

HAYT JUNIOR, W. H.; KEMMERLY, J. E.; DURBIN, S. M. Análise de Circuitos


em Engenharia. 8. ed. São Paulo: AMGH, 2014.

IRWIN, J. D.; NELMS, R. M. Análise Básica de Circuitos para Engenharia. 10. ed.
São Paulo: LTC, 2013.

MARKUS, O. Circuitos Elétricos: corrente contínua e corrente alternada. Teoria e


Exercícios. 9. ed. São Paulo: Érica, 2011.

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