Vasconcellos e Garcia - Cap.1

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XII Fundamentos de Economia

Capítulo 14 - O Setor Público"

1. Introdução
2. o crescimento da participação do setor público na atividade econômica
~ . 188
. 188
INTRODUÇÃO
3. As fimçües econômicas do setor público
3.1. Função alocativa
.
.
189
190 À ECONOMIA
3.2. Função distributiva
3.3. Funç\o eSLlbilizadora
4. Estrutura tribudria .
.
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4.1. Princípios da tributação . 192
4.2. Os tributos e sua classitlcação . 193
4.3. Ekitos sobre a atividade econômica . 195
1. Introdução


5. Détlcit público: conceitos e formas de tlnanciamento 195
5.1. Conceitos de défIcit público . 196 eja em nosso cotidiano, seja através dos jornais, rádio e televisão, deparamo· nos
5.2. Financiamento do défIcit . 196 com inúmeras questões econômicas, como por exemplo:
6. Aspcctos institucionais do orçamento público. Princípios orçamentários . 197 • aumentos de preços
6. I. Orçamento público . 197 • períodos de crise econômica ou de crescimento
6.2. Princípios orçamentários 198 .
• desemprego
6.3. Orçamento público no Brasil 199 .
• setores que crescem mais do que outros
Apêndice - Dispêndio e Receita Pública: Classificação Segundo Categorias .. 201 • diferenças salariais, dissídios coletivos
• crises no balanço de pagamentos
• valorização ou desvalorização da taxa de câmbio
Capítulo 15 - Crescimento e Desenvolvimento Econômico • ociosidadc em alguns setores de atividade
• dikrenças de rcnda entre as várias regiües do país
1. Crescimento e desenvolvimento . 205
• taxas de juros
2. Fontes de lTescimento . 206
• défIcit governamental
3. Financiamento do desenvolvimento econômico . 208 • elevação de impostos e tarifas públicas
4. Modelo de cresciment'tl econômico de Harrod Domar . 208 Esses temas, já rotineiros em nosso dia·a·dia, são discutidos pelos cidadãos co-
5. Estágios de desenvolvimento . 209 muns, que, com altas doses de empirismo, têm opiniües formadas sobre as medidas que
6. Estratégias de desenvolvimento: da substituição de importaçües para a abertu( o Estado deve adotar. Um estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir
ra comercial . 2U a ocupar cargo de responsabilidade em uma empresa ou na própria administração públi-
ca, e necessitará de conhecimentos teóricos mais sólidos para poder analisar os proble-
Glossário . 213 mas econômicos que nos rodeiam diuturnamente.
Bibliografia . 233 O objetivo do estudo da Ciência Econômica é o de analisar os problemas econômi I1 ~
fndicc aJ);llítico ...........•......................................................... 235 cos e formular soluções para resolvê·los, de f()fma a melhorar nossa qualid~de de vida.
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2. Conceito de Economia
A palavra economia deriva do grego oikosnolllos (de oikm. c,\sa. (' 110/11"'. !cll,
que signiticl a administLl,';\O de uma casa. ou do F,stado, (" !,,,d," ',,"I .1','.1111 dr IlIlIrI.1
z Fundamentos de Economia Introdução à Economia
'1 I

}:'colllll1lia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem Principalmente a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de ecollC)'
(eswlht'lll) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de mia mista, onde ainda prevalecem as forças de mercado, mas com a atuação do
ll1odo a distribuí· los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satistàzer as Estado, tanto na alocação e distribuição de recursos como na própria produção
11l'(l'ssidades humanas.
de bens e serviços, nas áreas de infra-estrutura, energia, saneamento e telecomu-
Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do nicações.
l·,~t udo da Ciência Econômica:,
• Sistema socialista, ou economia centralizada, ou ainda economia planifica-
• escolha da, é aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por
• escassez um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos
t II · necessidades
• recursos
fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção, englo-
bando os bens de c;\pital, terra, prédios, bancos, matérias-primas'.
• produção Os Problemas Econômicos Fundamentais
• distribllição Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimita-
Em qualquer sociedade, os recursos ou tàtores de produção são escassos; contu- das do homem, originam-se os chamados problemas econômicos fundament;\is: O que
do, as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a socieda- e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?
de a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade • O que e quanto produzir. Dada a escassez de recursos de produção, a socieda-
produtiva aos vários grupos da sociedade. de terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais pro-
dutos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas.
• Como produzir. A sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção
3. Sistemas econômicos e
serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico
Froblemas econômicos fundamentais existente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como
do ser produzidos os bcns e sCl'\j~s: Os produtores escolhlTJo, dentre os
Um sistema eCII/U)l1IicII pode ser definido como sendo a t<>rIlla política, social c
métodos mais eficientes, aquc:le que tiver o mcnor custo de produçJO possível.
econ(lIl1ica pela qual esd organizad;\ uma sociedade. -?: um particular sistema de org;\ni-
zação d;\ produçáo, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas • Para quem produzir. A sociedade tcd também de decidir como seus mcmbros
utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar. participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição dá
Os elementos básicos dc um sistcma cconbmico sáo: renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços pro-
dutivos, ou seja, da determinaçáo dos salários, das rendas da terra, dos juros e
• Estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: aqui incluem-se os dos beneficios do capital, mas, também, da repartição inicial da propriedade e da
recursos humanos (trabalho e cap;\cidade empresarial), o capital, a terra, as reservas maneira como ela se transmite por herança.
naturais e a tecnologia.
Em economias de mercado, esses problemas são~~~~~i~~,~_p!,e"~i?2.~~~~~E!,tel~e
• Complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas.
pelo mecanismo de preços atuando por meio ~~.ot~E~1_~ da demanda. Nas economias
• Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a
centralizadas, essas questões são decididas por um órgão central de planejamento, a
base da organização da sociedade.
partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das necessidades do
(ls sistemas econômicos podem ser classitlcados em: país. Ou seja, a maioria dos preços dos bens e serviços, salários e quotas de produçãoe
1

l
• Sistema capitalista, ou economia de mercado, é aqucle regido pelas forças de
mcrc;\do, predomin;\ndo ;\ livre iniciativa e ;\ propried;\de privach dos tàtores de
prOdlll;;\O.
de recursos é calculada nos computadores desse órg~~)2_~.,,~10 E~~a __()t~!:!.~e_dell1anda no
mercado. 1 '*"
1\·10 mcnos até o 1111(10 do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o
1. Não pertencem ao Estado pequenas atividades comerciais c artesanais, as quais, jUllto (om os meios de
'''\('/11.1 '/1' ,'ullu>rn:nl'Ía I'l1ra, onde náo havia a intervenção do Estado na atividade
,.. obrt.T;n~J)c;'I, (OIllO roupas, automóveis, móveis, pertencem aos indivíduos (mas com preços fixados pelo go-
, , . '11' '1111',1 1'1,1.1 lil()~()li;1 do l if,cr;,li.mlO, ljnc discutircmos mais ;\diantc. "tTIHI). Fxistc tal1lhl'llllihenbdr P;lLI rs(olha de profiss."lo (>lI seja, lü mohilidade de mào(k·ohra).
...
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4 Fundamentos de Economia Introdução à Economia 5

4. Curva de possibilidades de produção No ponto Y (ou em qualquer outro ponto interno à curva), quando a economia
está produzindo somente 10 mil máquinas e 30 toneladas de alimentos, dizemos que se
(ou curva de transformação) está operando som capacidade ociosa ou com desemprego. Ou seja, os fatores de pro-
dução estão sendo subutilizados.
A ClIIT<l (ou !i-ollteir:l) de possibilidades de produçào (CPP) é um conceito teÓrico
com o qual se ilustra como a qucst;\O da cscassez impúe um limite ;1 capacidade produ- O ponto Z representa uma combinação impossível de produção (25 milnüquims e
til'a de uma sociedade, que terá de t:Jzcr escolhas entre alternativas de produção, 50 toneladas de alimentos), uma vez que os fàtores de produção e a tecnologia de que a
economia dispúe seriam insuticiclltes para se obter essas quantidades desses bens. Esse
Ik\'ido:t escassez de recursos, a produ<;ào total de um país tem um limite nÜximo, ponto ultrapassa a capacidade de produção potencial ou de pleno emprego dessa econoln@.
uma produçào potencial ou produto de pleno emprego, onde todos os recursos dispo-
níveis estão empregados (todos os trabalhadores que querem trabalhar estào emprega- Conceito de Custo de Oportunidade
dos, nào há capacidade ociosa etc). A transferência dos fatores de produção de um bem A para produzir um bem B
Suponhamos uma economia que só produza máquinas (bens de capital) e alimen- implica um custo de oportl1nidade que é igual ao sacriHcio de se deixar de produzir
tos (bens de consumo) e que as alternativas de produção de ambos sejam as seguintes: parte do bem A para se produzir mais do bem B. O custo de oportunidade também é
chamado de CllSto a1tem.ltil'o, por representar o custo da produção alternativa sacrificada_,
Alimentos (toneladas) ou custo implícito. Por exemplo, no diagrama anterior, para aumentar a produção de
Alternativas de produção Máquinas (milhares)
alimentos de 30 para 45 toneladas (passar do ponto B para o e), o custo de oportuni-
A 25 O dade em termos de máquinas é igual a 5 mil, que é a quantidadcsacriticada desse bem
B 20 30 para se produzir mais 15 toneladas de alimentos,
C
O
E
15
10
O
45
60
70
É de esperar que os custos de oportunidade sejam acsE~::J.t~:s,já qu: t]uando au-
~!~tamo~~.!odl!i:~~li:,"~!I!!l~~..!.l!,"(!st~!()r~_~~lc:pr~)llusã()transfl'rid()s9..(?5~~~.L.ltE()~~­
dutos se tornam cada vez menos aptos para a nova finalidade, ou a transferência vai
\*
tlcando cada vez mais difkil e onerosa, e o grau de sacrifTcio vai aumentando. Esse fàto
Na primeira altcrnativa (A) todos os btores de produção seriam alocados para a justifica o té:>rmato côncavo da curva de possibilidades de produção: acréscimos iguais na
produç~\o de máquinas; na última (E) seriam alocados somente para a produção de produção dos alimentos implicam decréscimos cada vez maiores na produção de máqui-
alimentos; e nas alternativas intermediárias (B, C e D) os f.ltores de produção seriam nas, como mostra () gráfico a seguir'. ~~~'"' "" "_
distribuídos na produção de um e de outro bem, Curva de Possibilidades de Produção ~Custos de Oportunidade cres~
Curva (ou Fronteira) de Possibilidades de Produção <::.. . . .
Alimentos

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(toneladas)
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na produção de máquinas "

( I 111)' )mi;) eS(;ILí operando l10 pkno emprego, ou seja, a pkl1a capacidade, utilizando 2. Se os custos de opor! tlllid~hk ji lSSCIll rI IIlSLl11tcs, ~l ( '(lI' seria llllLI rcl.l; s.... ti l... "\'I11 11('( I C"'( ('I llt"", .1 ( '1'1' \\'11.\

I. "los os Ellores de produção disponíveis, CtlI1H':\J em rcLI\,1().1 orif,l'Ill.


6 Fundamentos de Economia Introdução à Economia 7

Deslocamentos da Curva de Possibilidades de Produção Como pode ser observado, famílias e empresas exercem um duplo papel. ~o merca-
O deslocamento da CPP para a direita indica gue o país está crescendo. Isso pode do de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empresas os
ocorrer fundamentalmente tanto em função do aumento da quantidade física de fatores oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os serviços dos fatores
de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam.

*'
de produção quanto em função de melhor aproveitamento dos recursos já existentes, o
que pode ocorrer com o progresso tecnológico, maior eficiência produtiva e organi- No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda,
zacional das empresas e melhoria no grau de qualificação da mão-de-obra. Desse modo, que é utilizada para remunerar os fatores de produçãc.>. e para o_.P_~~J.11_~!1t?.~g~__~~!1~..E
a expansão dos recursos de produção e os avanços tecnológicos, que caracterizam o serviços.
crescimento econômico, mudam a curva de possibilidades de produção para cima e para
a direita, permitindo que a economia obtenha maiores quantidades de ambos os bens. Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetário da economia.

Crescimenlo Econômico Fluxo Monetário da Economia

Alimentos Pagamento dos bens e serviços ~


(toneladas)

I
I Famílias I I-----=Em-presa-s--.,
t Remuneração dos fatores de produção I

Unindo os fluxos real e monetário da economia temos o chamado fluxo circular de


Máquinas
.. (lllilhIllOS) renda .

Fluxo Circular de Renda


5. Funcionamento de uma economia de mercado:
fluxos reais e monetários Mercado de bens e serviços
...
Demanda de O que e quanto produzir Oferta de
Para entender o funcionamento do sistema econômieo, vamos supor uma econo-
bens e serviços bens e serviços
mia de mercado que não tenha interferência do governo e não tenha transações com o
cxtcrior(economia techada). Os agentes econômicos são as tàmílias (unidades tàmilia-
res) e as empresas (unidades produtoras). As tàmílias são proprietárias dos fatores de ...
produção e os t()fnecem às unidades de produção (empresas) através do mercado dos I Fam~ias I Como produzir ~ I Empresas I
fàtores de produção. As empresas, através da combinação dos tàtores de produção, pro- ...
duzem bens e serviços e os fornecem às tàmílias por meio do mercado de bem e serviços.
A esse fluxo denominamos fluxo real da economia. Oferta de Demanda de
serviços dos serviços dos
I! fatores de fatores de
\- Fluxo Real da Economia

~~
produção produção
[ Mercado de bens e serviços I~ I '1

=
Para quem produzir

.
Demanda Oferta
I I
+ I

••
Mercado de fatores de produção
[ Famílias I ~. I Empresas I I
I
Oferta
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Demanda/ I _ Fluxo monetário

• I '~r---- Mercadode fatores de' produção ] II .-\


i
/r\ / - - - - Fluxo real (bens e serviçosl
8 Fundamentos de Economia Introducão à Economia t

Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da deman- 6. Argumentos positivos versus
da, determinando o preço. Assim, no mercado de bens e serviços formam-se os preços
dos bcns e selTiços, enquanto no mercado de fàtores de produção são determinados os
argumentos normativos
prcços dos fàtores de produçào (salários, juros, aluguéis, lucros, royalties etc.).
A Economia é uma ciência social e utiliza fundamentalmente uma análise positiva,
Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias e que deverá explicar os fàtos da realidade. Os argumentos positiwJS estão contidos na
empresas. O fluxo completo incorpora o setor pÚblico, adicionando-se o efeito dos impos- análise que não envolve juízo de valor, estando esta estritamente limitada a argUlpe!!!2;s
tos e dos gastos pÚblicos ao fluxo anterior, bem eomo o setor externo, que inclui toda5 descritivos, ou medi~ões científIcas. Ela se refere a proposições básicas, tipo se A, elltào
a.s transa~-ôes com mercadorias, serviços e o movimento financei,ro CO!~l,~~Te:s~~)_~io mun- B. Por exemplo, se o preço da gasolina aumentar em relação a todos os outros preços,
do,
cnl;io a quantidade que as pessoas ir~io comprar de gasolilu cairá. (~ uma análise do quc l:.
Definição de Bens de Capital, Bens de Consumo, Bens Intermediá- Nesse aspecto, a Economia se aproxima da física e da Química, que são ciências
rios e Fatores de Produção considn~ldas \'irlu~lllllelllcisCn(;ls dc juí/," de \'~tl"r. I',m F,conomia, cntrcLlnto,
()s "em dc Cal'il:ll são aqlleles IItilizados na bbricaç~io de outros bens, mas que ddállltamonos com um problema difi:rente. Ela trata do comportamento de pessoas,
na" sc dl.'sgaS\.llllt"talmcntl· IH' I'n'cl'SS" I'r"dllti\'o. f~" cas", I'"r c\cml"'" de m~íqlli e IÜO ,k 111"il-clllas, wm" na Qllímic, l;rc~liil'IlICmeIH'~_I.!(~~S~~-'.'.'!I!~IS,s,intlTli.Tcnl n3
an~ílise do Etto ecolH\miro.
nas, cqllip~lIl1cntos c instala\·c'll's. S~lO lIsualmentc classificados no ati\'o liso das cmpre-
SoIS, e lima de suas car:lCtlTísticas é contribuir para a melhoria da produtividade da nüo Nesse sentido, definimos também argulllcnws IWrtll,lliwIS, que é uma análise que
dc-obra. contém, explícita ou implicitamente, um juízo de valor sobre algum~!.!!lS_di'iª e,cgnc\miq.
Os bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades Por exemplo, na afirmação "o preço da gasolina não deve subir" expressamos uma
humanas. Ik acordo com sua durabilidade, podem ser classificados como dur:íveis (por opinião ou juízo de valor, ou seja, se é uma coisa Iwa ou lIlá. f: uma análise do que
csemplo, geladeiras, téJgôes, automóveis) ou como n:jo-duráFeis (alimentos, produtos deFeria ser.
de limpeza etc.). Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuição de renda do
Os bem intermedi:írios são aqueles que são transféJrmados ou agregados na pro- país. É um julgamento de valor em que acreditamos. O administrad.or de p(~~_is~.~,~o­
dução de outros bens e que são consumidos totalmente no processo produtivo (insumos, nômica (policymakcr) dispõe de algumas opções para alcançar esse objetivo (aumentar
matérias-primas e componentes). Diferenciam-se dos bens finais, que são vendidos para salários, combater a inflação, criar empregos etc.). A Economia Positiva ajudará a esco-
consumo ou utilização final. Os' bens de capital, como não são "consumidos" no pro- lher o instrumento de política econômica mais adequado. Se a economia está prÓxima
cesso produtivo, são também bens finais. da plena capacidade de produção, aumentos de salários, por encarecerem o custo _da
Os fàtores de produç;]o, chamados recursos de produção da economia, são COIlS- mão-d.e-obra, podem levar a um aumento de desemprego, isto é, o contrário do desejado
tituídos pclos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e quanto ,~!.1.1.<:.~I~?:}3~1~.9is~tj~_L~çã()9.e_E<:!~.~_a.Esse é um argumento positivo, indicando
tecnologia. que aumentos salariais, nessas circunstâncias, não constituem a política mais adequada.
A cada t;ltor de produção corresponde uma remuneração, a saber:

Fator de produção Tipo de remuneração


Dessa forma, a Economia Positiva pode ser utilizada como base para a escolha da
política mais apropriada, de forma a atender os objetivos individuais ou da naçã~)..
11*
7. Inter-relacão da Economia
Trabalho Salário
Capital Juro com outrcis áreas do conhecimento
Terra Aluguel
Tecnologia Royalty Embora a Economia tenha seu nÚcleo de análise e seu objeto bem detinidos, ela
Capacidade empresarial Lucro tem intercorrências com outras ciências. Afinal, todas estudam uma mesma realidade, "
----_._-_._,-_.. _-~--------,

evidentemente há muitos pontos de contato.

,I .1 11tH
(:OIHO se ohser\'a, cm Economia considera-se o lucro também como remuneração
Lu"r ,I<- pr"du\'j", ITI'I'l'SenLH!o pela rapacidade empresarial ou gerencial dos
1~'"llJ lel.1I li l'. d.1 11111111-".1
Nesta seção tentaremos estabelecer relações entre a Ecollomia e outras ~íreas do
conhecimento. As inter-relações entre Economia e Direito S'T~jo discuti,Lis com 1l1.Iis
pro!iltHlida.1e no I'n')simo L1l'ítulo,
-

10 Fundamentos de Economia Introducão à Economia 11

Economia, Fisica e Biologia (onde C ~ comprimento da circunlCrência, 1t ~ letra grega pi e r radianos) é uma rcla~'~()
r.

() início do estudo sistem;ítico da Economia coincidiu com os grandes avanços (b matemática exata qualquer que seja o comprimento da circunterência. Em Economia
técnica c das ciências lisicas c /liolrí,gicas nos séculos XVIII c XIX. tratamos de leis probabilístkas. Por exemplo, na rclaçlo vista anteriortJll'l1le «(,' ~ f( RMj.,

A construção do núcleo cientítico inicial da Economia deu-se a partir das chama-


das conccpçÔes organicistas (biolÓgicas) e mecanicistas (t1sicas). Segundo o grupo
organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo. Daí utilizarem-se termos
conhecendo o valor da renda nacional num dado ano, não obtemos o valor exato do
consumo, mas sim uma estimativa aproximada, já que o consumo não depende só da
renda nacional, mas de outros btores (condiçôes de crédito, juros, patrimônio etc.).
1*
como Órgãos, Ill11ções, circulação e fluxos na Teoria Econômica. Segundo o grupo Se a Economia tivesse relações matemáticas, tudo seria previsível. Mas não existe
no mundo econômico regularidades como C ~ 21tr, equivalência entre massa e energia,
mecanicista, as leis da Economia se comportariam como determinadas leis da Física. Daí
leis de Newton etc. Na Economia, o átomo aprende: pensa, reage, projeta? finge. Ima-
advêm os termos estática, dinâmica, aceleração, velocidade, forças etc.
gine como seria a Física e a Química se o átomo aprendesse: aquelas belas regularidades
Com o passar do tempo, predominou uma concepção humanística, a qual coloca desapareceriam. Os átomos pensantes logo se agrupariam em classes para defender seus
cm plano superior os móveis psicológicos da atividade humana. AtinaI, a Economia interesses: teríamos uma "física dos átomos proletários", "Física dos átomos burgue-
repousa sobre os atos humanos, e é por excelência uma ciência social, pois obictiva a ses" etc.
satistàção das nccessidades humanas.
Mas a Economia apresenta muitas regularidades, sendo que algumas relações são
Economia, Matemática e Estatística invioláveis. Por exemplo:

Apesar de ser uma ciência social, a Economia é limitada pelo meio físico, dado que • O consumo nacional depende diretamente da renda nacional.
os recursos são escassos, e se ocupa de guantidades físicas e das relações entre essas • A quantidade demandada de um bem tem uma relaçlo il1\'ersamente proporcio-
quantidades, como a que se estabelece entre a produção de bens e serviços e os fatores nal com seu preço, tudo o mais constante.
de pn )d_~I2;~~ti I~~~~_~15).Er()ccss().pr~)(~~ti.~o. • As exportações e as imponacôes dependem da taxa de câmbio,.
moÜshls,f,,~.. EH!1Jo-
~
Daí surge a necessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferra- A área da Economia que está voltada para a quantiticação dos
mentas para estabelecer rclaçôes entre variáveis econômicas. 11Jctria, que combina Teoria EconÔmica, Matemática e Estat~~Lca.

A Matemática nos permite escrever de lemna resumida importantes conceitos e Lembre-se, porém, de que a Matemática e a Estatística são instrumentos, ferra-
mentas de análise necessárias para testar as proposiçôes teóricas com os dados da realida-
relaçôes de Economia, e permite análises econômicas sob a forma de modelos analíticos,
de. Permitem colocar à prova as hipóteses da Teoria EconÔmica, mas são meios, e não
com poucas variáveis estratégicas, que resumem os aspectos essenciais da questão em
tins em si mesmas. A guestão da técnica deve nos auxiliar mas não predominar quando
estudo'. Tomemos como exemplo uma importante relação econômica:
tratamos de fatos econômicos, pois estes sempre envolvem decisões que afetam relaçôes
O consumo nacional está diretamente relacionado com a renda nacional humanas.
Essa relação pode ser represcntada da seguinte lemna:
Economia e Política

C = f(RN} e f1C > O


f1RN -
c~
«NI- ~
- LI
\Z-f",
A Economia e a Política são áreas muito interligadas, tornando-se difícil estabele-
cer uma relação de causalidade (causa e efeito) entre elas.
A Polítjca fixa as instituiçôes sobre as quais se desenvolverão as atividades econÔ-
i\ primeira f'Xpress;lo diz que o comumo (C) é uma Illnção Cf) da renda nacional
micas. Nes'sc sentido, a ;lIividade econ(l\llica se suhordina à estrutura e ao regiml' políti
(RN). !\ sl'gunda infilrma que, dada uma variaç;lo na renda nacional (!'1RN), teremos
co do país (se é Ulll regillle democr;ítico, ou autoritário).
uma \'ariação diretamente proporcional (na mesma direção) do consumo agregado (f1C).
Mas, por outro lado, a estrutura política se encontra muitas vezes suhordinada ao
Como as relaçÚes econômicas nlo S;lO exatas, mas probabilísticas, recorre· se à Es-
poder econômico. Citemos apenas alguns exemplos:
tatística. Por exemplo,

• c = 2rrr • Política do "café com leite", antes de 1930, quando Minas Gl'I'ais l' S;lo Paulo
dominavam o cenário político do país.

e
• Poder econÔmico dos latifundiários.
• Poder dos oligopólios e monopÓlios.
()<; Illodelos Lllllhélll podem In 11l1"11111Lt\;,lCI \Trh.ll, (lIIllO tIS c\l'lllplos llistúril"OS pJLl fundamentar a Jn;Í-
1",( ('\lllll'llllil.l
• Poder das corporaçôes estatais.
12 Fundamentos de Economia • Introdução il Economia 13

Economia e História Macroeconomia, Estuda a determinação e () comportamento dos grandes agrega


A pesquisa histórica é extremamente útil e neeessana para a Eeonomia, pois da dos nacionais, como o produto interno bruto (PIE), investimento agregado, a poupan,
bcilira a compreensào do presente e ajuda nas previs()cs para o tllturo com base nos ça agregada, o nível geral dc preços, entre outros. Seu enfoque é basicamente de curto
t:llos do passado. As guerras c revolu~'úes, por exemplo, alteraram o comportamento c a prazo (ou conjuntural).
c"oluçào da Economia. A Teoria MacroeconÔmica será discutida nos Capítulos 8 a I I, 13 c 14,
Mas também os btos econÔmicos atCtam o desenrolar da História. Alguns impor, E;conomia internacional. Estuda as relações econômicas cntre residentes e IÜO
talHes períodos histÓricos sào associados a btores econÔmicos, como os ciclos do ouro residentes do país, as quais envolvem transaçúes com bens e serviços e transações finan-
c da cana-de açúcar na Hist<',ria do Brasil, c a Re"oluçào Industrial, a quebra da Bolsa de ceiras.
No"a York ( !lJ2lJ), a crise do petrÓleo etc., que alteraram pro[i.l\1damente a Iclistória Os principais aspectos das rdaçúes de um país com o resto do mundo serclO abor-
nlluHlial. Em última an;ílise, as pr{)prias guerras c revoluçúes têm por detrás nHltivaç(lÇS dados no Capítulo 12.
cconollllcas.
Desenvolvimento econômico. Preocupa se com a melhoria l~,(2J~;1.'j.rào~~ vid~_.01
ll)lrli\'i,bdc ;It) l'lIl!',l) dll 1('I11Il(I. () CIl")'1"r (', 1;1111h(:111 111.Iln)("'(1Il<'lmi(:'.'~,I.t~~::lTllILH1(1
Economia e Geografia
rlll qllesl()l's l'stlllllllais r de IOllgo pr;l/(l (progrl'sso Ir~Il()ll rsILlIrHI.I~_(Il'.CI:l:~l.i
i\ (;c()~Ldi;lll;l() l' () simples re~istro de acidentcs gcogr;ilicos c clinJ;Íticos. Ela nos ment;, etc.). N;'-(:~lpítlli;, I 5, ap~~m;:~7;;~;:;~~'I~;ísicasqUl' l'll\'olvl'm essa parte
pcrmite a"aliar btorcs muito útcis;1 au;ilisc ccon{lIl1ica, como as c()ndiç()cs gcocconÔmicas 'da Teoria Eeon(lmiea.
d()s mercados, a conccmLl,';lO cspacial dos btorcs produti"os, a localiza,';lo dc cmpn:~as
e ;1 "()mp()si,';lO sct()ria! lb ;It i"ilLHk econ{lIllic:!..

Inclusi"c, al~unLls ;íreas de cstudo cconÔmico cst;lo relacionadas dirctamcmc com Questões para revisão
a gcogralia, c()mo a Economia Rcgional, a Economia Urbana, as Teorias dc I,ocalizaçào
Industrial e a Ilcm()gr;dia Econl·)llIica. I. Por que os problemas econômicos fundamentais (o quê, quanto, como c para quem
produzir) originam· se da escassez de recursos de produçào>

Economia, Moral, Justiça e Filosofia 2. O que mostra a curva de possibilidades de produç;lo 011 curva de transf(lrI11ação?
Na prl'n'onomi;l, amcs da Rc"oluçào Industrial do século XVIII, qUI: corrcspondc 3. Analisando-se uma economia de mercado, observa-se que os tluxos real c monetário
;I() pcríodo da Idade Média, a ati"idadc econÔmica cra \'ista como parte integrante da conjuntamente !<>rIllam o tluxo circular da renda. Explique como essr sistema flln
Fil()sofia, Moral c f:tica. A I'conomia era orientad;1 por princípios morais c de justi,·a. elona.
Nà() existia ainda um cstudo "i·tcnütico das leis econÔmicas, pred()minando princípios
4, Conceitue': bens de capital, bens de consumo, bens illtermediários c btores de pro
c()mo a lei d;1 lisura, o lonceito dl' prq'o just() (discutidos, cntre outros fiklsofélS, por
dução.
S;]() Tonl;ís dc I\quino) ctc.
5. A Eeollomia é uma ciência não normativa. Explique.
Ainda hoje, as cncíclicas papais retlctcm a aplicaçào da filosofia moral c criSL1 JS
rela';<'les ccolHlmicas cntre homcns c llaç(lCs.

8. Divisão do estudo econômico


1\ ;lll;ilisc econ(lmica, P;ILI IIIlS Illct()dokll~icos e did;itico", l' n()rmalmcnte di\'idid,1
cnl qu;uro ;irels dc estudo:

Microccollomia ou Teoria de Formação de Preços. E"tuda a !i>rmaçào dc prc


C'" elll men';Hlos cSf'ccític()s, 011 seja, COnH) Cll1lsllmidorcs e clnpresas interagcm no
Il1lTC;ld() e Cll111() dccidcm llS prel'()S e a qll;lIltilbdl' para s;ui',I.l/LT a amh()s simultanea
'11,'I1IC \,,"a l"lrte 'LT;Í dC'ln\()h i,b 11<" C;lpítl1l()sl a 7

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