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Autores:
Jéssica Morais de Moura - UFRN - [email protected]
Resumo:
INTRODUÇÃO
O presente trabalho se insere na discussão acerca da gestão do espaço,
concentrando-se na análise do patrimônio imobiliário público do Rio Grande do Norte e a
sua relação com a dinâmica urbana e com a função social da propriedade. A pesquisa enfoca
os terrenos e edificações que compõem o patrimônio da administração estadual e tem como
objetivo principal refletir sobre o quantitativo e a situação desses imóveis, discutindo
aspectos sobre o abandono, a cessão e a alienação desse patrimônio.
Sobre o assunto, Maria do Carmo de Albuquerque Braga (2007, p. 95) considera que
a gestão do patrimônio imobiliário público “influencia na configuração espacial das cidades,
uma vez que a retenção de uma parte desse patrimônio e a exoneração da outra têm
consequências na dinâmica espacial urbana”. Tem-se assim, que o poder público apresenta
elevada notoriedade e interferência no modo como os espaços são concebidos, sendo não
só regulador, mas também produtor desse espaço, uma vez que é proprietário de terrenos e
prédios, inclusive em áreas centrais das cidades.
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possuem o controle do seu patrimônio, existindo terrenos e prédios públicos que estão
irregulares e sem função social. Numa outra ótica, existem imóveis bem localizados que
encontram-se cedidos, enquanto o poder público também loca imóveis para funcionamento
de suas atividades administrativas.
Este é o caso do Estado do Rio Grande do Norte, o qual evidência uma frágil gestão
do patrimônio imobiliário, sendo comum observar imóveis abandonados, invadidos, com
dívidas e sem uma utilização adequada, contribuindo inclusive com a depredação do bem
público. Além destes, existem ainda àqueles imóveis que foram cedidos a outras instituições
e que atualmente não se tem um controle adequado sobre essa ocupação. Some-se ainda a
esta realidade, o fato da administração estadual optar por locar imóveis de terceiros,
aumentando o seu gasto com manutenção, ao invés de ocupar imóveis próprios.
Diante desse contexto, a presente pesquisa faz uma análise do patrimônio imobiliário
público do RN, destacando os imóveis abandonados, cedidos e em processo de alienação,
correlacionando-os com o cumprimento da função social da propriedade pública. Para tanto,
adotou-se um processo metodológico que envolveu a Pesquisa Documental, a partir da
consulta ao banco de dados fornecido pela Secretaria de Estado de Administração e
Recursos Humanos – SEARH e da análise do arcabouço jurídico do Rio Grande do Norte,
compreendendo leis e documentos do poder executivo que abordam a gestão do Patrimônio
Imobiliário. Além disso, foi realizada Pesquisa Bibliográfica, compreendendo a classificação
dos bens públicos conforme a legislação brasileira e análises sobre o cumprimento da função
social da propriedade pública.
Sobre a natureza do estudo e conforme aponta Gil (2008), mostra-se por ser uma
pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo com abordagem exploratória e descritiva.
Exploratória, pois a pesquisa necessita de uma leitura da realidade que é ainda recente nos
estudos acadêmicos, adotando procedimentos de levantamento bibliográfico relacionando-
os com a análise de exemplos que estimulem a compreensão do tema. É ainda descritiva,
uma vez que será objetivo da pesquisa identificar aspectos relativos ao patrimônio público e
a sua relação com a dinâmica espacial da cidade e cumprimento da função social,
descrevendo a correlação entre estas variáveis.
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PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO PÚBLICO: CONCEPÇÕES
INICIAIS
Ao pensar no exercício da administração pública, frequentemente se associa a
atuação dos governos à prestação e regulação de serviços públicos. Contudo, a
administração pública se configura numa estrutura complexa, permeada de atores, ações e
interesses, contemplando, inclusive a gestão do patrimônio imobiliário.
De acordo com Ajudarte et al (2012), essa realidade passou a ser modificada com o
advento do Estado Social e com o processo de urbanização das cidades, intensificado na
segunda metade do século XX, no qual a exigência por serviços públicos pressionou a
necessidade de imóveis próprios para a prestação dessas demandas. Nesse cenário, a gestão
do patrimônio imobiliário ganhou relevo, uma vez que estaria fortemente relacionada ao
exercício das atividades governamentais.
No que concerne à gestão urbana, a propriedade do solo persiste como uma questão
central, tendo o poder público implementado medidas a partir da promulgação da
Constituição de 1988, especialmente os seus artigos 182 e 183, para regulamentar o uso do
espaço, medidas estas que se consolidaram com a publicação do Estatuto da Cidade em
2001, vez que esta legislação trouxe importantes instrumentos para a gestão da cidade e
regulação da propriedade imobiliária urbana.
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Ao planejar o dinamismo de determinadas áreas da cidade, fazendo uso do
bem público, o Estado utiliza-se de processos legais. Porém, ao utilizar-se
desses meios, mudando o bem de uma categoria para outra, não
considera, na maioria das vezes, as implicações espaciais e as prioridades
sociais. Comportando-se dessa maneira, termina por afetar um bem de
forma desarticulada e descompromissada com a cidade, ou ainda,
desafeta-o sem qualquer restrição em termos de uso futuro. (BRAGA,
2006, p. 44).
Ao associar este protagonismo ao valor do solo, Lúcia Camargo Melchiors (2014) com
base nas concepções de Almeida (1989), Botelho (2007) e Correa (2012) reforça o papel do
Estado como um importante agente, que desempenha múltiplos papéis: i) por meio de
políticas públicas e dos processos de planejamento e regulação do marco jurídico
(legislações sobre o uso solo); ii) a partir da implementação de infraestrutura no espaço; e iii)
como proprietário de terrenos e edificações. A presente pesquisa se concentra na análise do
papel do Estado como promotor imobiliário, uma vez que nem todos os imóveis que estão
sob o seu domínio são utilizados com vistas a atender aos interesses e necessidades de uso
coletivo.
No que concerne à relação deste perfil com o patrimônio imobiliário, Braga (2007, p.
5) exemplifica esta atuação, destacando que “nos anos 1980, para diminuir os gastos
públicos, o patrimônio imobiliário público surgiu como excelente potencial de negócios”. A
autora complementa que, em virtude da crise econômica enfrentada pelo país, instaurou-se
uma série de redefinições, e dentre elas, a patrimônio imobiliário emergiu como alternativa
de desoneração de gastos públicos, considerando o seu potencial de alienação.
Por fim, sobre a relação do patrimônio público imobiliário com a estruturação dos
espaços, importa destacar a pesquisa de Alabaça (2013), a qual aponta a estratégia pública
de gestão imobiliária de Portugal, considerando que o Estado apresenta-se como
proprietário, utilizador, inquilino destes espaços. Para o autor, a reflexão central é a
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discussão do Estado acumulador de bens imóveis que utiliza como infraestrutura, e ao
mesmo tempo, gera esse patrimônio como bens ativos.
Nessa mesma perspectiva, Borges (2015) apresenta uma dimensão mais crítica,
ponderando que as terras de domínio público da União dão lugar à produção do espaço
urbano assim como as terras de propriedade privada. Na concepção da autora, há uma
dualidade na reserva pública de recursos fundiários, questionando se esse patrimônio
estaria representando o interesse público do Estado ou seguindo a acumulação capitalista.
Os bens públicos possuem fundamental importância e por isso, são inúmeros autores
e juristas no âmbito do Direito Administrativo que propõe teorias para a sua classificação,
sendo a mais básica àquela que separa os bens públicos imóveis e móveis. Muitas dessas
definições surgem pelo fato da Constituição Federal de 1988 não conceituar bem público,
delimitando apenas uma descrição nos seus artigos 20 e 26 de quais seriam os bens da
União e dos Estados Federados.
A definição jurídica do termo foi incluída no Código Civil de 20021, em seu art. 98, e
de acordo com a leitura de Celso Antônio Bandeira de Mello (1994), bens públicos são todos
os bens que pertencem à pessoa jurídica de direito público, isto é, União, Estados, Distrito
Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de direito público, bem como os
que, embora não pertencentes a tais pessoas, estejam afetados2 à prestação de um serviço
público.
Cláudia Aparecida Maciel Carneiro (2015) sintetiza, destacando que os bens públicos
são aqueles submetidos ao domínio público patrimonial, sobre o qual o Estado exerce
efetivo direito de propriedade pública, sujeito a um regime administrativo especial. O
1
No Brasil, a primeira classificação de bens públicos, ainda hoje subsistente, foi feita pelo código Civil de 1916.
2
A afetação pode ser entendida como a preposição de um bem a um dado destino categorial de uso comum e
especial, assim como desafetação é sua retirada do referido destino (MELLO, 1994).
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conjunto de bens públicos forma o domínio público, que inclui tanto bens móveis, como
imóveis.
Para tanto, os bens dominicais podem ser alienados por meio de institutos de direito
privado ou de direito público, observadas as exigências da lei, de acordo com o art. 101, do
Código Civil. Além disso, há possibilidade de disponibilização para uso de terceiros, desde
que exista autorização legal. Sobre este assunto destaca-se:
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de uso especial e bens dominicais a outros entes, por exemplo, por meio
dos institutos da doação, cessão de uso, permissão, bem como dar ao
patrimônio uma finalidade pública (SOUSA, OLIVEIRA e PEREIRA, 2016, p. 6-
7).
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Contudo, a realidade é desafiadora para o estado, uma vez que, segundo dados da
Coordenadoria de Patrimônio (COPAT), vinculada à Secretaria de Administração e Recursos
Humanos (SEARH), 61% desses imóveis estão irregulares, isto é o Executivo não dispõe da
escrituração pública. Este patrimônio inclui bens de uso comum, bens especiais e bens
dominicais, sendo a maioria destes ocupados atualmente por escolas. Além deste
quantitativo, o cenário inclui ainda imóveis abandonados, invadidos, cedidos, dentre outros
aspectos que interferem tanto na estruturação do território quanto na prestação de serviços
públicos. O quadro 1 compreende as formas de utilização e os quantitativos de imóveis
repassados pela SEARH.
1. ALUGADO 2 0,1
2. DESATIVADO 50 1,4
3. CESSIONADO 1 0,0
4. DADO BAIXA 1 0,0
5. DESOCUPADO 19 0,5
6. DOADO 4 0,1
7. EM USO 1.215 34,5
8. INVADIDO 10 0,3
9. LOCADO 5 0,1
10. NÃO DEFINIDO 2.181 62,0
11. NÃO LOCALIZADO 5 0,1
12. OBSOLETO 3 0,1
13. OCIOSO 5 0,1
14. OUTRA 2 0,1
15. PERMISSÃO DE USO 2 0,1
16. TRANSFERIDO 1 0,0
17. VAGO SEM DESTINAÇÃO 12 0,3
18. SEM CLASSIFICAÇÃO¹ 2 0,1
TOTAL 3.520 100,0
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da COPAT/SEARH, 2017.
¹ Categoria criada pela autora, uma vez que a planilha enviada não contempla nenhum registro para
2 imóveis.
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imobiliário público estadual, uma vez que a maioria dos imóveis não possuem cadastro
adequado.
Buscando superar tais inconsistências, foi feito novo agrupamento das formas de
utilização, considerando aqueles que, na visão da autora, são similares (quadro 2). Esta nova
distribuição dos imóveis está agrupada em 6 categorias (mantendo-se os imóveis
classificados como “em uso” e “não definido”), sendo oportuno destacar o quantitativo de
imóveis “em situação de abandono” (98 imóveis), o quantitativo de imóveis classificados
como “terceiros” (15 imóveis) e ainda aqueles imóveis que se encontram invadidos (10
imóveis).
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registros de doação de imóveis tanto por parte da união e municípios quanto por
particulares que se interessavam pela atuação do poder público de desenvolvimento local.
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Experiências bem sucedidas na gestão patrimonial dos governos de Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro
indicam a necessidade de priorização da área, definindo um grupo técnico suficiente e qualificado para tratamento do
tema.
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Legislação dos Recursos Humanos (SEARH), encarregado de formular a
- Lei Complementar nº 240/2002 política de gerenciamento dos bens pertencentes à
- Decreto nº 17.498/2004 Administração Direta do Estado, suas Autarquias e Fundações
de Direito público.
Fica instituído o Gabinete de Gestão de Ativos (GGAT),
diretamente vinculado ao Governador do Estado, com o
objetivo de identificar os bens imóveis estaduais passíveis de
alienação, permuta, adaptação ou locação para que o produto
Gabinete de Gestão de Ativos –
destas operações seja utilizado em benefício das finalidades
GGAT
precípuas da Administração, especialmente na aquisição e/ou
Legislação
desapropriação de bens públicos ou privados, na construção
- Decreto nº 25.977/2016
e/ou reforma de bens públicos, bem como no pagamento de
contrapartidas para obras de infraestrutura, cujos projetos se
encontrem suspensos por inexistência ou insuficiência de
recursos.
Empresa Gestora de Ativos – Administrar e intermediar a alienação de bens imóveis
EMGERN pertencentes aos órgãos ou entidades do Estado do Rio
Legislação Grande do Norte, considerando que os bens e direitos
- Lei Complementar nº 288/2005 provenientes da liquidação dos Entes Públicos do Sistema
- Decreto nº 21.236/2009 Financeiro Estadual passam a ser administrados pela Empresa
Gestora de Ativos do Rio Grande do Norte (EMGERN).
Companhia de Processamento de dados do Rio Grande do
Companhia de Processamento Norte (DATANORTE), criada para gerenciar os bens, passivos
trabalhistas e tributários, carteira imobiliária e regularização
de dados do Rio Grande do
fundiária dos conjuntos habitacionais das antigas Companhia
Norte (DATANORTE) Popular de Habitação do RN (Cohab), Companhia de
Legislação Desenvolvimento Industrial (CEDI), Companhia de
- Lei Complementar nº 4528/1975 Desenvolvimento dos Recursos Minerais (CDM), Companhia
- Lei Complementar nº 129/1995 Editora do RN (Cern), Empresa de Promoção do
- Decreto nº 12.711/1995 Desenvolvimento do Turismo (Emproturn) e Companhia de
Desenvolvimento Agropecuário (Cida).
Fonte: Elaboração própria.
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A COPAT contempla a Subcoordenadoria - SUPAT, sendo as competências relativas ao patrimônio imobiliário
atribuição específica deste setor.
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III – Manter atualizado o arquivamento de documentação dos bens imóveis
do Governo do Estado;
IV – Providenciar a abertura de processo licitatório para vistoria dos
imóveis estaduais;
V - Elaborar o mapa dos núcleos regionais imobiliário do Estado do Rio
Grande do Norte em suas microrregiões;
VI - Assessorar programas e projetos do Governo do Estado relativos a
atividade imobiliária;
VII – Realizar sistematicamente programa de vistoria de imóveis ocupados
ou não pelo Governo do Estado, sendo os mesmos próprios, locados ou
cedidos por outras instituições;
VIII - Elaborar relatórios de imóveis vistoriados;
IX - Propor normas de controle e destinação de bens;
X - Inventariar e baixa de materiais permanentes;
XI - Manter atualizado o arquivo de planta baixa dos imóveis pertencentes
ao Poder Executivo;
XII – Manter atualizado um sistema informatizado para o cadastramento e
controle do imobiliário do Estado do RN;
XIII - Desenvolver estudos e propostas para a política de gestão do
patrimônio imobiliário estadual;
XIV - Coordenar grupos de trabalho para diagnosticar a situação do
imobiliário estadual;
XV - Coordenar equipe de trabalho para desenvolver inventários e
tombamento dos bens móveis da SEARH;
XVI – Comunicar à Procuradoria Geral do Estado - (PGE) os imóveis
vistoriados e cadastrados na subcoordenadoria que se encontra em
situação de irregularidade cartorária, a fim de proceder a legalização de
propriedade em favor do Estado do RN;
XVII – A Subcoordenadoria de Patrimônio Imobiliário manterá permanente
articulação com a Gerência do Cadastro Imobiliário do Estado da
Procuradoria Geral do Estado;
(RIO GRANDE DO NORTE, DECRETO Nº 21.298, DE 03 DE SETEMBRO DE
2009).
5
A contratação é planejada desde 2015 e será financiada com recursos do Banco Mundial no âmbito do Acordo de
Financiamento do Projeto Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Norte – Projeto RN
Sustentável – Acordo de Empréstimo 8276-BR.
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Entre os serviços a serem executados estão: levantamento das plantas e desenhos
existentes no acervo do patrimônio do RN; inventário Físico dos Bens Patrimoniais Imóveis;
Levantamento das ocupações; Elaboração ou atualização das plantas de arquitetura dos
bens imóveis; Emissão de Laudos de Vistoria Técnica e de Avaliação Patrimonial;
Levantamento georreferenciado de Imóvel; Apresentação de relatório dos imóveis
inventariados; entre outros.
6
Em reportagem proferida ao portal Tribuna do Norte em 01 de abril de 2012 os procuradores do Patrimônio Público
do RN Francisco de Sales Matos e Nivaldo Brum ressaltaram que, no país, apenas cinco estados tem esse
levantamento.
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e por isso não faria sentido falar-se em função social desses bens” (FILHO e PEREIRA, 2016,
p. 53).
A propriedade pública, portanto, atende sua função social não apenas pelo
fato de possuir natureza pública, mas por dever observar uma destinação
socialmente útil, consolidada no atendimento às disposições contidas no
plano diretor municipal (art. 182 da CRFB/88), no plano urbano, e nos
comandos insertos no art. 186 da Constituição, no âmbito rural.
Apesar de tais preceitos, o que se observa no Rio Grande do Norte é uma fragilidade
na compreensão do patrimônio imobiliário público e na sua utilização conforme a função
social da propriedade.
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Figura 03 - Associação de Empreendedores Figura 04 - Antigo Hospital Sandra Celeste,
Sociais – SEMEAR, localizada na Rua localizado na Av. Bernardo Vieira n° 1320/
Napoleão Laureano n° 3380, Bom Pastor. Av. Coronel Estevam S/N.
Figura 05 - Lavajato Posto São Luiz Ltda, Figura 06 - Hospital Terciário de Natal,
localizado na Rua Tabelião Manoel localizado na Av. Capitão Mor Gouveia S/N
Procópio n° 200. Cidade da Esperança.
Ainda é importante destacar o fato de que parte destes imóveis encontra-se cedida a
outras instituições, sem, no entanto, existir um controle do uso desses bens imóveis
dominicais. A gestão desta concessão é deficitária, sendo impreciso o número de imóveis
que se encontra cedido a terceiros. Tal fato tem provocado disputas judiciais em que o
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estado tem que reaver a posse, retomando um patrimônio que foi cedido em determinado
contexto histórico, mas que não conta com a atualização da respectiva legislação. Sobre o
critério para a concessão, a legislação destaca que deve ser preservado o interesse público,
devendo este ser dimensionado ao momento histórico da permissão.
Rever essas concessões significa regularizar o uso com base no interesse coletivo,
podendo este imóvel sofrer três principais variações: a) continuar cedido a instituições que
comprovem o uso com base no interesse coletivo; b) ser convertido em bens de uso especial
e abrigar serviços públicos da administração; ou c) ser colocado à venda no mercado
imobiliário, gerando receitas para o Governo do Estado.
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Figura 09 – Antigo Centro de Velório, localizado na Av. Hermes da Fonseca s/n, Tirol
Além disso, o Executivo encaminhou Projeto de Lei para a Assembleia Legislativa para
instituir o Fundo de Investimentos em Infraestrutura do Estado do Rio Grande do Norte e
autorizar o Poder Executivo do Estado a alienar bens imóveis integrantes de seu patrimônio.
Na mensagem de lei encaminhada à Assembleia considera-se:
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Marechal Hermes da Fonseca esquina com a atual Rua das Margaridas, entre outros. Além
destes, 160 imóveis administrados pela Empresa Gestora de Ativos do Rio Grande do Norte -
EMGERN estão passando por uma avaliação que será colocada à disposição do governo,
verificando quais imóveis estão ociosos e quais estão trazendo custo para o Estado.
Vale ressaltar, contudo, que parte deste patrimônio não está suscetível à alienação,
uma vez que compõe o Fundo Garantidor do Arena das Dunas (Lei nº 9.395/2010), e outros
penhorados em ações trabalhistas . Dez dos maiores foram dados como garantia pelo Estado
para avalizar o empréstimo da construtora OAS com o BNDES para construção do Estádio
Arena das Dunas, tais como o parque Aristófanes Fernandes e o próprio Aeroclube.vComo
exemplo, o Mapa 01 ilustra alguns imóveis públicos que estão sendo objeto dessa avaliação
para análise de possível alienação.
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É válido refletir ainda sobre o fato do Poder Público, apesar do vasto patrimônio
imobiliário, incluindo aqueles cedidos, locar determinados imóveis para a realização de
serviços públicos, existindo num quantitativo preliminar de aproximadamente 54 imóveis
alugados por 11 órgãos governamentais para execução de seus serviços públicos. De acordo
com os dados disponibilizados pela COPAT, o levantamento foi realizado em 2016 e não
contemplou todos os órgãos estaduais. Sobre o valor mensal pago, à época, o imóvel mais
barato era de R$ 681,87, compreendendo as atividades da 8ª Diretoria Regional de
Alimentação Escolar em Pau dos Ferros; e o mais caro corresponde a R$ 200.000,00 e sendo
destinado ao Hospital Dr. Ruy Pereira em Natal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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sociedade. Neste contexto, a autora do estudo não se posiciona contrária aos processos de
alienação dos imóveis públicos, destes que os recursos sejam revertidos para o
cumprimento do interesse público a partir da realização de investimentos em políticas
sociais.
Por fim, reforça-se a importância do tema, sendo fundamental que se aumente o uso
eficiente dos imóveis estaduais e que se busque um novo modelo de gestão patrimonial
pública voltado para a transparência, eficiência e controle. Somente a partir do registro
adequado dos bens que compõe o patrimônio estadual, será possível ter o controle
quantitativo dos imóveis, saber onde estão localizados, quais suas condições físicas e o
valor desse patrimônio.
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ISSN: 1984-8781 - Código verificador: dwyXz73wNinL