Texto Neurociências e Aprendizagem

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Disciplina: Teorias de Aprendizagem – Prof.

Drª Bianca Acampora

Conteúdo: 2: Dificuldades e transtornos de Aprendizagem: 2.2. Neurociências e


aprendizagem

NEUROCIÊNCIAS E APRENDIZAGEM
Bianca Isabela Acampora e Silva Ferreira1

As Neurociências cognitivas consideram 3 fatores principais para que a


aprendizagem ocorra com facilidade:
1. Funções psicodinâmicas: o organismo internaliza o que foi observado ou
experienciado e começa a assimilar o que já sabe com o que está aprendendo.
Experiências e Emoções
2. Funções do Sistema Nervoso Periférico: responsáveis pelos receptores
sensoriais. Percepção (5 Sentidos)
3. Funções do Sistema Nervoso Central: responsável pelo armazenamento,
elaboração e processamento da informação. Atenção e Memória
Sempre que se aprende algo, o indivíduo reorganiza suas ideias, estabelecendo
relações entre as aprendizagens anteriores e as novas. A aprendizagem é, portanto, uma
atividade individual que se desenvolve dentro de um sistema único e contínuo. As
neurociências e a arteterapia podem auxiliar neste processo, estimulando a emoção, a
percepção, a atenção, a memória, a linguagem e o raciocínio lógico.
A Neurociência auxilia:
• a facilitar o diálogo da saúde com a educação;
• a compreender os conceitos de aprendizagem, atenção, memória, linguagem e
raciocínio;
• a desenvolver as inteligências múltiplas;
• no aprimoramento humano, a construção de mentes criativas, a compreensão da
singularidade e da diversidade e a delimitação do impacto de práticas construtivas e
potenciais para o melhor desenvolvimento do indivíduo.
A visão que nós temos do cérebro assemelha-se mais a um ecossistema orgânico
como uma floresta do que a um computador ou qualquer outra máquina.

1
Texto extraído da tese de doutorado da autora e publicado pela Editora Pimenta Cultural.

1
Crescer e aprender pressupõe não só ter garantida a integridade funcional do
cérebro e de suas múltiplas atividades complexas, como a linguagem (verbal, corporal,
musical), a atenção e a memória, mas, acima de tudo, garante a flexibilidade adaptativa
necessária para modular funções e conexões mediante os diferentes desafios do mundo.

As contribuições da Neurociência para a aprendizagem


A neurociência vem colaborando na última década com novas descobertas sobre
o funcionamento do cérebro humano e como as funções cognitivas e executivas podem
auxiliar no processo de aprendizagem do indivíduo. As tarefas realizadas diariamente
pressupõem a atividade cerebral.
De acordo com Fontes e Fischer (2016), a neurociência é um campo
interdisciplinar que engloba diferentes áreas do conhecimento como: neuroanatomia,
neurofisiologia, neuroquímica, neuroimagem, genética, farmacologia, neurologia,
psicologia, psiquiatria, procurando pesquisar as diversas relações entre o
comportamento e a atividade cerebral.

2
A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com
toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e
comportamento. O controle neural das funções vegetativas – digestão,
circulação, respiração, homeostase, temperatura-, das funções sensoriais e
motoras, da locomoção, reprodução, alimentação e ingestão de água, os
mecanismos da atenção e memória, aprendizagem, emoção, linguagem e
comunicação, são temas de estudo da neurociência (VENTURA, 2010,
p.123).

Russo (2015) colabora com os estudos da neurociência, defendendo que o


cérebro é o órgão do corpo humano responsável pelas ações voluntárias e involuntárias.
As ações voluntárias se relacionam com o que se pode controlar, como comer, falar,
brincar, entre outras, e as ações involuntárias são independentes da vontade humana
como as batidas do coração e a respiração.
Para a autora, a neurociência se constitui como a ciência do cérebro e a educação
como ciência do ensino e da aprendizagem. “Apresentam relação de proximidade na
medida em que o cérebro tem significância no processo de aprendizagem do indivíduo”
(RUSSO, 2015, p.19).
As pesquisas realizadas no estudo do funcionamento do cérebro têm contribuído
para o entendimento de sua participação no processo cognitivo, tais como: memória,
alfabetização, leitura/escrita, aprendizagem, tomada de decisões, inteligência,
interpretação textual, linguagem, raciocínio lógico – cálculos, interpretação de símbolos
numéricos –, sonhos e emoções.
Os estudos mais recentes sobre o cérebro humano coadunam com a ideia dos
dois hemisférios cerebrais trabalhando em conjunto, interconectando informações e
ações, o que pode ser denominada de neuroplasticidade cerebral2. A estimulação por
meio de atividades e estratégias adequadas podem melhorar o desempenho da tarefa
proposta.

2
Neuroplasticidade é qualquer modificação do sistema nervoso que não seja periódica e que
tenha duração maior que poucos segundos. Ou ainda a capacidade de adaptação do sistema
nervoso, especialmente a dos neurônios, às mudanças nas condições do ambiente que
ocorrem no dia a dia da vida dos indivíduos, um conceito amplo que se estende desde a
resposta a lesões traumáticas destrutivas até as sutis alterações resultantes dos processos
de aprendizagem e memória. (BORELLA; SACCHELLI, 2009, p. 162)

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(...) o hemisfério esquerdo é responsável pelas funções de análise,
organização, seriação, atenção auditiva, fluência verbal, regulação dos
comportamentos pela fala, praxias, raciocínio verbal, vocabulário, cálculo,
leitura e escrita. É o hemisfério dominante da linguagem e das funções
psicolingüísticas. O hemisfério direito é responsável pelas funções de síntese,
organização, processo emocional, atenção visual, memória visual de objetos e
figuras. O hemisfério direito processa os conteúdos não-verbais, como as
experiências, as atividades de vida diária, a imagem das orientações espaço-
temporais e as atividades interpessoais (FONSECA, [s.d.], apud KAUARK,
2008, p. 266).

Autores como Borella e Sacchelli (2009, p. 164) defendem que “o


comportamento e as experiências individuais são capazes de levar a alterações plásticas
em cérebros adultos normais ou lesionados.” Dessa forma, pode-se inferir que adultos
que não apresentem lesão ao serem estimulados, apresentam alterações plásticas em seu
cérebro. Dessa forma, a neurociência e a aprendizagem se relacionam objetivando o
sucesso no aprendizado em qualquer etapa da vida do sujeito. Os pressupostos da
neurociência podem auxiliar na educação e na aprendizagem dos estudantes, visando
melhorar seu desempenho acadêmico.

a) Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que


quando não têm motivação; b) stress impacta aprendizado; c) ansiedade
bloqueia oportunidades de aprendizado; d) estados depressivos podem
impedir aprendizado; e) o tom de voz de outras pessoas é rapidamente
julgado no cérebro como ameaçador ou não-ameaçador; f) as faces das
pessoas são julgadas quase que instantaneamente (i.e. intenções boas ou
más); g) feedback é importante para o aprendizado; h) emoções têm papel-
chave no aprendizado; i) movimento pode potencializar as oportunidades de
aprendizado; k) nutrição impacta o aprendizado; l) sono impacta
consolidação de memória; m) estilos de aprendizado (preferencias cognitivas)
são devidas à estrutura única do cérebro de cada indivíduo; n) diferenciação
nas práticas de sala de aula são justificadas pelas diferentes inteligências dos
alunos (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2008, apud ZARO, 2010, p. 204).

Para que haja aprendizagem, é preciso levar em consideração a emoção


envolvida no ato de aprender, a interação com o objeto de aprendizagem e com o meio
social, uma alimentação adequada, uma boa qualidade de sono e o estado motivacional
do indivíduo.
Russo (2015) defende que sono e a alimentação podem interferir em aspectos
das funções cognitivas como a atenção e a memória, pois o indivíduo que fica muito
tempo sem dormir ou sem comer tem seus reflexos diminuídos, prejudicando a
qualidade da atenção e, consequentemente, da memória. A memória é muito importante
para o aprendizado, pois é necessário armazenar e recuperar a informação para que haja
aprendizado. Este assunto será abordado no próximo item.

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Dessa forma, de acordo com Russo (2015), a neurociência contribui para que os
profissionais de educação entendam melhor os processos cognitivos e metacognitivos
envolvidos na aprendizagem e nas dificuldades de aprendizagem dos estudantes,
possibilitando que os profissionais de educação, principalmente os docentes
universitários que lidam com estudantes com dificuldades de leitura e de compreensão
possam se instrumentalizar para trabalhar com novas metodologias de ensino,
intervindo ativamente no processo de aprendizagem de seus estudantes.

Funções cognitivas, Funções, executivas


De acordo com Fontes e Fischer (2016), as funções cognitivas mais relevantes
compreendem a percepção, a atenção, a memória, a linguagem e as funções executivas.
As funções cognitivas estão distribuídas:

No córtex cerebral, que é dividido em quatro regiões: lobo frontal, que está
envolvido com o planejamento e com o movimento voluntário; o lobo
parietal, com as sensações da superfície corporal e percepção espacial; o lobo
occipital, com a visão; e o lobo temporal, com a audição, a percepção visual e
a memória. Os processos mentais constituem os fundamentos da percepção,
da atenção, da motivação, da ação, do planejamento e do pensamento, além
da própria aprendizagem e memória (SQUIRE E KANDEL, 2003, apud
RUSSO, 2015, p. 49).

A correlação entre percepção, atenção e memória possibilita uma aprendizagem


com qualidade. Percepção, atenção e memória são aspectos da cognição definidos por
Torres e Desfilis (1997, apud RUSSO, 2015, p. 49), “como processos mediante os quais
o sujeito é capaz de codificar, armazenar e recuperar a informação.” Por esse motivo,
tais aspectos são de suma importância para que a aprendizagem ocorra.
Fontes e Fischer (2016) debatem a percepção como um aspecto da função
cognitiva que abrange os processos de reconhecimento, organização e atribuição de
significado a um estímulo vindo do ambiente através dos órgãos sensoriais. Para que a
percepção ocorra, o indivíduo precisa receber um estímulo externo e compará-lo com
suas informações armazenadas internamente, para que possa haver um reconhecimento.
Fontes e Fischer (2016) abordam a “atenção” como sendo a seleção do foco e a
manutenção do mesmo por meio de um estímulo ou uma informação. O ser humano
dirige sua atenção para o estímulo que julga ser importante na ocasião. Russo (2015)
contribui com a temática, tratando da classificação da atenção como dividida, alternada,
sustentada, seletiva e concentrada.

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A atenção dividida é importante nos momentos em que o sujeito precisa prestar
atenção em dois ou mais estímulos simultaneamente para realizar uma atividade. O ser
humano faz isso muitas vezes ao dia, por exemplo: verificar e-mail enquanto assiste à
aula, conversar enquanto dirige. Como afirma Russo, “a atenção dividida seria a
possibilidade de o indivíduo manter sua atenção em estímulos diferentes para executar
duas ou mais tarefas distintas simultaneamente” (RUSSO, 2015, p. 51).
A atenção alternada é utilizada quando o sujeito precisa prestar atenção em
estímulos diferentes, mas não ao mesmo tempo e, sim de forma alternada, como por
exemplo, ao ler uma receita culinária e depois executá-la, mas, ao executá-la,pode
retornar à leitura da receita quando necessitar lembrar-se de algo. Neste caso, o foco de
atenção pode ser alternado entre diferentes atividades que apresentem diferentes níveis
de compreensão. Russo colabora com o assunto, afirmando que: “a atenção alternada
consistiria na capacidade de o indivíduo ora manter o foco de atenção em um estímulo
ora em outro” (RUSSO, 2015, p. 51).
A atenção sustentada é utilizada durante um período de aula, por exemplo,
durante uma atividade que exige a manutenção do foco por um período contínuo de
tempo sem distrações. Segundo Russo (2015, p. 51), “a atenção sustentada refere-se à
capacidade do indivíduo de manter sua atenção em um estímulo, ou sequência de
estímulos, durante o tempo necessário para executar a tarefa”.
A atenção seletiva é utilizada na sala de aula, quando o estudante consegue se
concentrar na voz do professor, mesmo com distrações, como barulhos e conversas
paralelas entre os colegas estudantes. Este tipo de atenção é um ato consciente de se
concentrar e evitar distrações oriundas de estímulos externos ou internos. Para Russo “a
atenção seletiva leva o indivíduo a responder de maneira seletiva a determinados
estímulos e a inibir aqueles que são irrelevantes” (RUSSO, 2015, p. 51).
A atenção concentrada é utilizada quando o sujeito estuda, dirige ou executa
uma tarefa que exige a concentração em um determinado estímulo, enquanto exclui os
demais à sua volta. De acordo com Russo, “a atenção concentrada é a capacidade de
selecionar apenas uma fonte de informação, dentre outra que se encontram ao redor num
determinado momento, e manter o foco nesse estímulo,alvo ou tarefa no decorrer do
tempo” (RUSSO, 2015, p. 51).
A atenção, nos seus diferentes tipos de classificação, tem uma importância
fundamental para a aprendizagem, pois para reter a informação é necessário que se
tenha atenção ao que foi lido, escrito, falado, sentido ou ouvido em relação à

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informação. A memória depende da percepção e da atenção pra que possa cumprir seu
papel que é, segundo Russo (2015, p. 54), “a aquisição, formação, conservação e
evocação das informações.” A autora classifica a memória em memória imediata, de
trabalho e de longo prazo:

Memória imediata, que refere-se ao conteúdo que pode ser manifestado de


forma ativa na mente, começando no momento em que a informação é
recebida. (...) memória de trabalho ou operacional que refere-se ao
armazenamento da informação nova, possuindo capacidade limitada de
armazenamento e conservando, temporariamente, as informações, que podem
retidas por aproximadamente quinze segundos. Essa armazenagem de
capacidade limitada, por meio de um trabalho consciente de repetição de
informação, pode passar para a memória de longo prazo. A memória de longo
prazo (...) refere-se à retenção de informações por períodos prolongados de
tempo (RUSSO, 2015, p. 55).

A classificação da memória auxilia a educação no sentido de estimular a


memória de trabalho, por meio da repetição de informações, atribuindo-lhes significado,
para que o sujeito possa levar tais informações para a memória de longo prazo e
aprender conceitos e conteúdos que pressupõem tais informações, podendo também
compará-las e confrontá-las para argumentar e fazer inferências.
A linguagem é um dos aspectos cognitivos fundamentais para que as pessoas se
comuniquem umas com as outras e vivam em sociedade. Para Fontes e Fischer (2016), a
linguagem é uma função que o ser humano utiliza diariamente, seja através da
linguagem oral (numa conversa) ou da escrita (ao ler ou escrever um texto). Para as
autoras, o conceito de linguagem é definido “pelo uso de um meio organizado de
combinar as palavras a fim de se comunicar, embora a comunicação não se constitua
unicamente num processo verbal” (FONTES; FISCHER, 2016).
O córtex pré-frontal é responsável pela função executiva (execução e
planificação da ação) e pelo funcionamento cognitivo global. As funções executivas têm
um papel relevante para a educação, pois, de acordo com Seabra (2012, p. 34), são
habilidades que se relacionam com a capacidade do indivíduo de se empenhar em
“comportamentos orientados a objetivos, ou seja, à realização de ações voluntárias,
independentes, autônomas, auto-organizadas e direcionadas para metas específicas.”
Corso (2013)colabora coma temática, afirmando que:

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As funções executivas organizam as capacidades perceptivas, mnésicas e
práxicas dentro de um contexto, com a finalidade de: eleger um objetivo;
decidir o início da proposta; planejar as etapas de execução; monitorar as
etapas, comparando-as com o modelo proposto; modificar o modelo, se
necessário; avaliar o resultado final em relação ao objetivo inicial (Cypel,
2006). Tais processos não estão presentes apenas durante um processamento
cognitivo, mas são requeridos também em decisões pessoais, e interações so-
ciais, envolvendo, entre outros aspectos, desejo e motivação (LEZACK et al.,
2004, apud CORSO, 2013, p. 24).

As funções executivas são utilizadas pelos estudantes, pois para aprender é


necessária a utilização das funções cognitivas, emocionais e sociais, que são orientadas
e gerenciadas pelas funções executivas. A integração das funções executivas prepara o
indivíduo, de acordo com Seabra (2012, p. 34) “a tomar decisões, avaliar e adequar seus
comportamentos e estratégias, buscando a resolução de um problema.”

Funções executivas Compreendem as funções ou habilidades envolvidas no


cognitivas controle e direcionamento do comportamento, incluindo
inibição de elementos irrelevantes, seleção, integração e
manipulação das informações relevantes, habilidades de
planejamento, flexibilidade cognitiva e comportamental,
monitoramento de atitudes, memória de trabalho e
mecanismos atencionais.
Funções Envolvem a regulação comportamental em situações nas
autorreguladoras do quais a análise cognitiva ou os sinais ambientais não são
comportamento suficientes para determinar uma resposta adaptativa.
Funções de É responsável pela iniciativa e continuidade das ações
regulação da direcionadas a metas, assim como dos processos mentais.
atividade
Funções dos Relacionam-se à teoria da mente e a autoconsciência, ao
processos ajustamento e apropriado comportamentos social.
metacognitivos

Fonte: Adaptado de Seabra (2012, p.35)

Sem essas habilidades, não poderíamos resolver problemas complicados e tomar


decisões, realizar tarefas entediantes, mas importantes, fazer planos e mudá-los quando
necessário, reconhecer e corrigir erros, controlar nosso comportamento impulsivo ou
estabelecer metas e monitorar nosso progresso em direção a elas.
Por exemplo, ter autocontrole, seguir instruções em várias etapas, mesmo sendo
interrompido, manter o foco no que estamos fazendo, apesar das constantes distrações,
direcionado ao objetivo, são habilidades necessárias para a nossa rotina, no trabalho, na
escola e em todas as áreas de nossas vidas.

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Memória de Trabalho
► Lembrar-se de um número de telefone tempo suficiente para discá-lo;
► Lembrar-se de ter colocado sal na comida, antes de ajudar o filho a encontrar o
sapato;
► Ler um texto e manter na mente as informações, conectar informações de um
parágrafo para o outro, para conseguir interpretá-lo;
► Fazer um problema de aritmética com várias etapas, acompanhar os movimentos e
decidir um próximo passo em um jogo de damas, seguir instruções com várias etapas
sem pistas;
► Também ajuda nas interações sociais, como planejar e atuar em uma cena, revezar
em atividades de grupo;

Controle Inibitório
► Controla e filtra nossos pensamentos e impulsos para resistir às tentações, distrações
e hábitos e parar e pensar antes de agir;
► Envolve a atenção seletiva, focada e mantida, priorização e ação;
► Impede-nos de fazer qualquer coisa que venha à nossa cabeça;
► Nos afasta dos devaneios, faz com que possamos esperar a nossa vez, por ex: “frear
a nossa língua” e controlar nossas emoções, mesmo quando estamos com raiva, agitados
ou frustrados;

Flexibilidade Mental
► Permite-nos encontrar erros e corrigi-los, rever as formas de fazer as coisas
conforme as novas informações, considerar algo a partir de uma nova perspectiva;
► Capacidade de mudar agilmente as engrenagens e ajustá-las para atender as
prioridades.
► Autocontrole e persistência são ativos, a rigidez não é.
► Tentar estratégias diferentes quando estão resolvendo um conflito
Alguns componentes de F.E como atenção seletiva, flexibilidade cognitiva e
planejamento atingem a sua maturidade mais tardiamente se comparadas às demais
habilidades de funções executivas. Há grandes diferenças individuais na capacidade de
as crianças organizarem essas habilidades em desenvolvimento. As habilidades de
funções executivas continuam a amadurecer até o início dos 30 ou 40 anos.

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Metacognição

Subestratégias de Controle
Planejamento previsão das etapas, a escolha de estratégias De acordo com
em relação ao objetivo da tarefa. Nela são Célia Ribeiro
considerados os resultados de cada ação; são (2003), a
as tarefas reconhecidas na gestão do metacognição em
pensamento e consistem em organizar a forma ação, ou seja, o
como as informações serão tratadas, o autocontrole
estabelecimento de um objetivo, uma cognitivo, diz
determinação dos recursos disponíveis, a respeito às
seleção dos procedimentos a seguir para reflexões pessoais
alcançar a meta desejada e a programação do sobre a organização
tempo e esforço e a planificação da
ação antes do início
Regulação ligada às intervenções que se fazem depois que
da tarefa
ou se detectaram, no planejamento, as atividades
(planejamento), aos
supervisão que necessitam de uma monitorização, ou seja,
ajustamentos que
consiste em controlar o processo para o
se fazem enquanto
objetivo da tarefa.
se realiza a tarefa
Por meio da observação de como o estudante
(regulação) e às
utiliza a regulação da tarefa, pode-se entender
revisões
seu processo de aprendizagem e fazer as
necessárias à dos
devidas intervenções.
resultados obtidos
Avaliação ligada à vigilância daquilo que se faz para a (avaliação).
verificação dos progressos e à avaliação da Entretanto, esses
conformidade e da pertinência das etapas processos não são
seguidas, dos resultados obtidos. lineares e recorrem
entre si.

Fonte: Adaptado de Portilho e Dreher (2012, p. 186-187)

Dessa forma, planejar, monitorar e avaliar para autorregular fazem parte do


processo de aprendizagem e evolução de todo indivíduo. Quanto mais se desenvolve
estas habilidades, mais resultados positivos pode se ter em todos os aspectos da vida.

REFERÊNCIAS

ACAMPORA, Bianca. (Org.) Neuroeducação e neuropsicopedagogia: transtornos e


casos clínicos/ Alana Florindo Lourenço... [et al.]; prefácio Simaia Sampaio. Rio de
Janeiro: Wak Editora, 2020.

ACAMPORA, Bianca. Psicopedagogia clínica: o despertar das potencialidades. Rio


de Janeiro: WAK Editora, 4ª ed. 2019.

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CORSO, Helena Vellinho et al. Metacognição e Funções Executivas: Relações entre
os Conceitos e Implicações para a Aprendizagem.Brasília: Psicologia: Teoria e
Pesquisa. jan-mar 2013, v. 29 n. 1, p. 21-29

FERREIRA, Bianca Isabela Acampora e Silva. Neurociências & aprendizagem:


metacognição, criatividade e competências para compreensão leitora. São Paulo:
Pimenta Cultural, 2019. 445p.

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