Transtornos Depressivos Na Infância 120h LIFE
Transtornos Depressivos Na Infância 120h LIFE
Transtornos Depressivos Na Infância 120h LIFE
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Resumo
Capítulo I
Introdução
Capítulo II
Depressão Infantil
1. História e Prevalência
2. Etiologia.
3. Sintomatologia
4. A Família
5. A Escola
6. Avaliação e Diagnóstico
6.1 Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor
6.2 Transtorno Depressivo Maior
6.3 Transtorno Depressivo Persistente (Distimia)
7. Prevenção
8. Tratamento
Capítulo III
3.1Considerações
Referências/Referências sugeridas
Resumo
1. História e Prevalência
A depressão infantil é uma doença multicausal por ser composta por uma ampla
gama de fatores considerados preditivos do transtorno (Cruvinel & Boruchovitch,
2003). Dentre esses fatores, o rendimento escolar pode ser considerado o primeiro sinal
de alerta para uma possível depressão infantil (Bahls, 2002). Entretanto, há uma série de
fatores que influenciam diretamente na ocorrência da depressão, como o início precoce
dos sintomas, a frequência e severidade dos episódios, a ocorrência de sintomas
psicóticos e de fatores estressores, as comorbidades e a ausência de aderência ao
tratamento (Bahls, 2002). Problemas no sistema familiar, fatores genéticos, abuso físico
ou sexual, problemas escolares e separação dos pais também são considerados fatores
de risco para o desenvolvimento do transtorno (Lima, 2004).
Outro fator importante são as perdas que ocorrem na infância, principalmente as
perdas vinculares de um dos pais, ocasionadas pela separação do casal, e não por morte.
As crianças que passam por um abrupto corte vincular têm maior probabilidade de
desenvolver o transtorno depressivo na vida adulta (Zavaschi et al., 2002).
Beck (1977, 1979, como citado em Barbosa & Lucena, 1995), visando explicar a
etiologia do transtorno, desenvolve uma nova compreensão da depressão infantil, em
que avalia o processo de experiência afetiva infantil através de alterações em três
aspectos: visão de futuro, visão do mundo e a percepção da imagem de si mesmo. Para
o autor, alterações nestes três fatores podem ser indicativas de depressão infantil. Ou
seja, uma distorção da autoimagem pode alterar a visão de mundo e restringir
perspectivas positivas de futuro da criança.
No Transtorno Depressivo Maior em crianças um possível fator de risco é a
afetividade negativa. Indivíduos que apresentam altos níveis desse tipo de afetividade
mostram dificuldades para lidar com eventos estressantes da vida e parecem ter maior
probabilidade de desenvolver episódios depressivos. Outro fator de risco são as
experiências adversas na infância. A quantidade e variedade dessas experiências
vivenciadas formam um conjunto de fatores de risco potencias para o desenvolvimento
do transtorno na infância e na vida adulta (APA, 2014). As crianças com quadro
depressivo podem apresentar níveis elevados de afetividade negativa, o que se mostra
como fator que dificulta a criança a enfrentar novas frustrações decorrentes do curso
natural da vida.
Mericangaas e Angst (1995 como citado em Abaid et al., 2010), relacionam
alguns fatores que podem facilitar o desenvolvimento da depressão em crianças e
adolescentes, dentre eles o baixo nível sócio econômico, gênero feminino, aumento da
idade, introspecção ou personalidade dependente, e histórico de depressão na família.
Barbosa et al. (1996), afirmam que outras patologias ou situações como, por
exemplo, enfermidades crônicas, intervenções cirúrgicas, malformações corporais,
diabetes, fibrose cística e hospitalizações prolongadas, podem gerar ansiedade ou
quadros depressivos na infância. Por conta disso, Reis e Figueira (2001) salientam a
importância de realizar o diagnóstico diferencial, visto que algumas enfermidades
podem causar sintomatologia que se assemelha com um quadro depressivo.
Barbosa e Lucena (1995) afirmam que um ou repetidos eventos estressantes
experienciados na infância como, por exemplo, vivências repetidas de fracasso, podem
alterar a conduta de crianças, gerando sentimentos e pensamentos depressivos e
facilitando, assim, o desenvolvimento da depressão infantil. Este é mais um fator que
pode contribuir para o surgimento do quadro depressivo, porém não o único, tendo em
vista que todas as crianças passam por repetidas vivências, muitas vezes malsucedidas.
Dentro deste contexto, Pietro e Tavares (2005) descrevem alguns eventos que
geralmente são vivenciados por pessoas que cometeram suicídio, como o abuso infantil,
vivências de violência, problemas de comunicação entre pais e filhos, diversas
mudanças de condições de vida e alternância de cuidadores. Essas situações podem
causar traumas e levar ao desenvolvimento do quadro depressivo em criança. Esses são
fatores importantes que servem de alerta para as possíveis causas desse transtorno.
Problemas de sono também parecem ser fatores importantes para o
desenvolvimento de sintomas depressivos. A baixa qualidade do sono está diretamente
ligada às reclamações em relação ao humor irritável e depressivo, cansaço, assim como
a falta de atenção, de motivação e de eficiência (Gomes, Tavares & Azevedo, 2005,
como citado em Serrão et al., 2007). Ainda assim, Serrão et al. (2007) em seu estudo
sobre a prevalência de problemas de sono e de depressão em crianças, obtiveram um
resultado estatisticamente significativo para a associação entre problemas de sono e
sintomas depressivos, considerando importante o acompanhamento adequado da
criança.
Como pôde ser visto acima, são muitos os estudos que investigam as possíveis
causas e fatores preditores para a depressão infantil, no entanto, parece ainda faltar
estudos nacionais para identificar melhor os fatores de riscos, tanto quanto os de
proteção, as variáveis associadas ao transtorno e a sua prevalência (Cruvinel &
Boruchovitch, 2008).
A literatura denota que a depressão é de fato uma doença que também acomete
crianças e não somente adultos. Também é apontada como atípica, visto que os
sintomas apresentam-se de forma diferente na criança e que estes mudam conforme a
fase de desenvolvimento.
Nos estudos dos autores citados neste trabalho verificou-se que a depressão
infantil parece ser um problema de saúde cada vez maior, visto que esse transtorno
prejudica a pessoa em sua totalidade, afetando o seu organismo. Entretanto também
observou-se que ainda faltam mais pesquisas para esclarecer melhor os aspectos
referentes a prevalência, pois fica o questionamento se o aumento no índice de
prevalência ocorre pelo crescente número de casos ou pelo aumento de estudos sobre o
tema. Contudo, a OMS considera que a depressão será uma das doenças mais comuns
nos próximos 20 anos.
O perfil epidemiológico da depressão infantil, por questões metodológicas, é
difícil de traçar, e os pesquisadores acreditam que a prevalência desse transtorno seja
maior do que a encontrada até hoje. Os estudos abordados demonstram muita
variabilidade de resultados e instrumentos utilizados, bem como diferentes pontos de
corte para a avaliação, além da diversidade de tamanho de amostras utilizadas. Toda
essa variação de fatores interferem e dificultam a análise do crescimento da depressão
infantil, portanto há necessidade de mais estudos sobre o assunto.
A depressão infantil é uma doença muito complexa e quando não é devidamente
identificada por pais e professores, pode ocasionar a ausência de tratamento, ou
encaminhamentos inadequados.
Os sintomas depressivos em crianças têm se mostrado mais frequentes na faixa
etária dos seis aos onze anos, nas últimas décadas, e os sintomas mais frequentes são a
baixa autoestima, a auto imagem negativa, o pessimismo, a alteração do peso e do
apetite, comportamento agressivo, problemas de aprendizagem, apatia, baixa
concentração, baixo rendimento escolar, entre outros, causando grande sofrimento à
criança.
Dentre os três tipos de depressão infantil, conforme o DSM-5, o Transtorno
Depressivo Maior parece ser o que tem maior urgência em ser tratado, pelo maior risco
de suicídio. O Transtorno Depressivo Persistente, também chamado de Distimia é o que
apresenta maior dificuldade de diagnóstico, por ser confundido, muitas vezes, como
comportamentos naturais da criança. Este achado considera-se um importante alerta
para a abordagem profissional, pela diferenciação que é necessário fazer dos
comportamentos naturais, que estão de acordo com o estágio de desenvolvimento da
crianças, e a depressão propriamente dita. Todos os tipos de transtorno depressivo,
entretanto, necessitam de imediata intervenção visto os grandes prejuízos que podem
causar.
Os fatores causais da depressão infantil são múltiplos, como fatores genéticos,
problemas no sistema familiar, abusos sofridos, separação dos pais, perdas afetivas,
problemas escolares, eventos estressantes da vida, experiências adversas, o baixo nível
sócio econômico, histórico de depressão na família, entre outros. Todos esses fatores
podem estar presentes simultaneamente, podendo intensificar os sintomas depressivos.
A família tanto pode ser um fator de proteção como um fator de risco desse
transtorno, quando exerce a ação protetiva pode ser considerada como fator de
prevenção. A disfuncionalidade do sistema familiar, a violência doméstica, doenças na
família, pais depressivos e ausentes facilitam o desenvolvimento da depressão na
infância. Um ambiente familiar com relações saudáveis entre seus membros, com
suporte e apoio afetivo, facilita a recuperação da criança com depressão. Portanto, o
tratamento dessa doença deve incluir o sistema familiar.
O baixo desempenho escolar presente no transtorno depressivo, implica também
no envolvimento da escola nas intervenções psicoterápicas. A família e a escola podem
constituir uma rede protetiva para a criança, na medida em que manifestem apoio, afeto
positivo e proteção.
As ações preventivas não dispensam o tratamento psicoterápico, e são
importantes para evitar as reincidências ou o agravamento do transtorno. Essas ações
podem ser desenvolvidas pelas famílias e pelas escolas, com estratégias que foquem e
fortaleçam o auto conceito, a auto estima, a autonomia, ampliação da visão de mundo,
os relacionamentos, vivências positivas e os vínculos afetivos.
Este trabalho além de ampliar conhecimentos importantes para o exercício
profissional, propiciou reflexões sobre a prática e remete a novos estudos, uma vez que
a busca constante de conhecimentos é necessária e imprescindível ao bom desempenho
no atendimento clínico e no trabalho de prevenção da depressão infantil.
Transtornos depressivos em crianças
A história de Clara
Clara tem 8 anos e cursa a primeira série do ensino
fundamental. Mora com a mãe, o padrasto e uma irmã mais
nova. Clara nasceu de uma relação de namoro dos pais e no
sexto mês de gestação da menina seus pais romperam o
relacionamento. Desde então, não tem contato com seu pai
biológico e nem sequer sabe de sua existência. O padrasto de
Clara vive com ela desde que tinha dois anos e é bastante
atencioso com a menina. Desde pequena Clara é uma criança
“meiga, boazinha, bastante atenciosa. Chorona! Se a gente
resolver brigar, ela já fica séria, emburrada no canto.
Para ela voltar ao normal, só a base de carinho. Eu sempre falei:
quem essa criança puxou com esse jeito assim? [...] Ela chora,
quando começa, só Deus! Fica ali chorando. Mas sempre tem um
motivo. Por coisinhas, nem que sejam pequenas.”
Clara nunca conheceu seu pai”de sangue” e acha que seu
padrasto é o seu pai biológico: “quando tinha 4 anos eu falei
para ela a verdade. Mostrei até quem era seu pai para ela, porque
ele mora no mesmo local aqui. Ela falou: Meu pai é esse que eu
moro. [...] Por ela ser carinhosa, ela ia sofrer se eu falasse agora,
entendeu? Mas, agora por ela já estar sabendo ler, ela chegou
para mim e perguntou porque a irmã não tinha o mesmo
sobrenome dela. Eu falei: Minha filha, porque seu pai ainda não te
registrou. [...] Eu não gostei de falar isso. Queria falar a verdade,
mas eu não sei a reação dela. Quando Clara era bebê, sua mãe
procurou manter o contato com a família do pai da menina,
mas depois preferiu se afastar “a avó não tratava Clara como se
fosse neta. Desprezo mesmo.” Então, a mãe decidiu cuidar de
Clara sozinha. Como a avó materna precisava trabalhar, várias
pessoas cuidaram de Clara quando era pequena, ocorrendo
algumas situações de negligência e violências.
“Tinha outra moça que eu desconfiava que ela batia em Clara. Um
dia eu cheguei lá, uma criança estava gritando. A criança falava:
Me tira daqui! A criança estava trancada num quarto, aquilo me
despertou. Outras pessoas falaram que a moça estava fazendo
judiação com as crianças. Eu sempre dava bala, doce. Aí, uma vez
Clara me contou que a moça falou para ela: Se você não me der
esse doce, eu vou te trancar no quarto e vou te deixar aqui de
castigo. Ela andava com medo.”
Sobre a forma que repreende algum comportamento mais
arredio da filha, a mãe de Clara comenta que bate, às vezes, e
também coloca de castigo “Mas, nunca bati nela de correia.
Bater com a mão mesmo porque a gente tem que repreender
nossos filhos, senão eles é que batem na gente.”
Na escola, Clara é bastante tímida e gosta de brincar sozinha.
Quando Clara tinha 7 anos, seu tio materno, que gostava
muito, faleceu por acidente de moto. Só depois de quase um
ano é que contaram a verdade sobre essa morte para Clara
“Depois que isso aconteceu ela andou mijando na cama. [...] Essa
semana que passou eu peguei ela chorando, mas ela disfarçou [...]
Aí ela foi e falou: eu estou chorando, porque eu estou me
lembrando do meu tio. Aí eu falei: Quando você sentir vontade de
falar dele, você fala. Se quiser chorar perto de mim, eu vou deixar,
eu não vou brigar com você. Então, a Clara não está bem por
causa disso. Porque tem um ano e meio. Aí eu perguntei: Você fica
sempre triste por causa disso? Ela disse que sim. Nem tudo ela
fala, ás vezes ela fica muda.
13
Ao contrário da crença popular, os transtornos mentais e
comportamentais são comuns na infância, muitos deles inclusive
podem se iniciar nos primeiros anos de vida, a exemplo da depressão.
Em todo o mundo cerca de 10% a 20% das crianças apresentam pelo
menos um problema mental (OMS, 2001). A grande dificuldade do
diagnóstico nessa fase do desenvolvimento é identificar o tênue limiar
entre o comportamento que faz parte do desenvolvimento e aquele
que é patológico, isso é, que continuamente compromete o
funcionamento da criança na família, escola e sociedade.
Em 2001, o Diretor Geral de Saúde dos Estados Unidos afirmou
que o país estaria passando por uma crise na saúde mental dos
lactantes, das crianças e dos adolescentes. Afirmou que embora um
em cada dez jovens sofresse doença mental suficientemente grave
para causar certo nível de prejuízo, menos de um em cinco recebia
tratamento adequado. A situação é ainda mais precária em regiões
do mundo em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, em que há
precariedade nas políticas direcionadas à saúde mental infantil (OMS,
2001).
Saúde Mental
Abrange o bem-estar subjetivo, a auto-eficácia percebida, a
autonomia, a competência, a dependência intergeracional e a
auto-realização do potencial intelectual e emocional da
pessoa. É mais do que a ausência de transtornos mentais e
está indissociavelmente ligado ao funcionamento físico, social
e aos resultados na saúde (OMS, 2001).
6,9%
3,6%
89,5%
É tímido 62,8%
Ela é uma criança muito calma, muito tranqüila. Ela tem uns
sonhos e ela corre pro meu quarto. Uma vez por semana,
duas ou três vezes ela tem esses sonhos. Ela diz que sonha
com o bicho ruim, que está vindo pegar o irmão dela. Ela fica
desnorteada. Ela fica nervosa, preocupada. Não vai nem no
banheiro sozinha! Nem na cozinha! Só acompanhada de um
adulto. Você vê o medo no olho dela. Tem vezes que ela fica
com febre, ela fica deprimida, dá crise de dor de cabeça
porque as crianças ficam implicando com ela.
Relato da mãe de Beatriz, 8 anos de idade, identificada com sintomas
depressivos e de ansiedade.
Desenho da família feito por Beatriz
Genética e biologia
A área da genética tem se desenvolvido muito nos últimos anos.
Hoje, já se sabe que a hereditariedade ocupa posição importante no
surgimento dos transtornos depressivos de adolescentes (Rutter,
2006). Na infância, as influências familiares prevalecem como
influências mais diretas (Harrington, 1993). Filhos de pais deprimidos
apresentam uma probabilidade maior de desenvolver quadro
depressivo e outros problemas psiquiátricos do que filhos de pais
não-deprimidos (Wickramaratne & Weissman, 1998; Weissman et
al., 1997).
Os efeitos genéticos tendem a agir indiretamente através de
múltiplos mecanismos, aumentando, por exemplo, a vulnerabilidade
a vivenciar eventos de vida adversos (Silberg et al., 2001).
Normal Limítrofe\Clínica
Ela quer ter contato com o pai, ver ele, mas ele não tem
tempo pra ela. Eu acho que a tristeza dela é mais isso. Ela fala:
“ah! Meu pai nunca tem tempo pra mim”.
Relato da mãe de Rosa, 11 anos, identificada com sintomas
depressivos
Muitas vezes, essa falta de contato e afeto com o pai está atrelada
à separação dos pais, momento que pode trazer muito estresse
para a criança, podendo ser vivida como perda - do pai ou da mãe
que sai de casa, e da família, que precisa lidar com um novo arranjo
familiar. Esse momento pode trazer benefícios para a criança se as
brigas diminuírem, e se há um ambiente estável e favorável emocional
e afetivamente à criança. Famílias conflituosas, permeadas pela rejeição
e hostilidade são mais prejudiciais à criança do que uma família estável,
em que os pais estão separados.
A Beatriz foi criada no meio de muito conflito. Muita
confusão, discussão, muita briga, então, assim, chegou um dia
na minha vida em que eu sentei e falei: poxa, a melhor maneira
de resolver esse problema é a separação. Você vê que uma
criança que é criada no meio de amor, de carinho, de atenção
é uma criança calma, tranqüila, serena. E uma criança criada no
meio de muita confusão fica uma criança assim, Beatriz só vivia
recatada.
Relato da mãe de Beatriz, 8 anos de idade, com sintomas
depressivos e de ansiedade.
52,7%
Teve algum parente próximo que morreu 40,0%
6,3%
Ocorreu morte de pai, mãe ou irmão 1,5%
Normal Limítrofe\Clínica
0,055910095
Alguma pessoa da família humilhou a criança 0,204212642
Normal Limítrofe/Clínica
Às vezes, tem fim de semana, que ele [pai] vem pegar o meu
filho para passar o final de semana com ele. [...] Ele só vem
pegar o meu filho. Então, ela [criança] fala: É realmente o meu
pai não me ama, não gosta de mim, só gosta do meu irmão [...].
Ela também chega em casa contando que têm crianças [da
escola] que implicam [sobre a cegueira da criança] e a
professora não toma nenhuma atitude. Ela se sente inferior às
outras crianças. Então ela não quer vir para a escola de jeito
nenhum. Ela se sente humilhada na escola. No outro dia, ela
falou: Eu queria que Deus desse a cegueira para todas as
crianças da minha escola, porque aí eles iam sentir na pele o
que eu sinto, por eu ser assim!
Relato da mãe de Beatriz, 8 anos de idade, identificada com
sintomas depressivos e de ansiedade.
0,616380434
Violência física entre irmãos
0,454456755
0,672947629
Violência severa da mãe
0,549815825
0,239379449
Violência severa do pai
0,231553057
Normal Limítrofe/Clínica
Normal Limítrofe/Clinica
Convivendo com a violência onde mora
Tratamentos farmacológicos
Esse tipo de intervenção é baseada nas informações de possíveis
anormalidades neurobiológicas de adolescentes deprimidos. Há
escassez de pesquisas realizadas com crianças nesta área. Os
tratamentos farmacológicos são utilizados com menor freqüência
que as abordagens psicoterapêuticas e com muita cautela na
população infantil. Só deve ser indicada por médicos,
preferencialmente psiquiatras, que sabem qual medicamento e
dosagem são mais adequados para cada caso. Mas, a sua utilização
deve ser cuidadosa. Os medicamentos mais usados nos transtornos
depressivos de crianças são os antidepressivos tricíclicos
(especialmente imipramina e nortriptilina) e outros antidepressivos
como fluoxetina (Harrington, 2005).
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Referências
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