05 - Rescisão Contratual
05 - Rescisão Contratual
05 - Rescisão Contratual
rescisão contratual
exame
XXXV
atualizado e revisado
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
RESCISÃO CONTRATUAL
1. DESPEDIDA SEM JUSTA CAUSA
Ocorre quando o empregador é quem decide colocar fim ao contrato de tra-
balho, sem motivação. Assim, o empregador decide pôr fim na relação de emprego.
Trata-se de um direito potestativo do empregador, ou seja, empregado não poderá se
opor. Pode haver restrições, quando o empregado possui algum tipo de estabilidade no
emprego. (Ex: Estabilidade gravídica, Estabilidade do dirigente sindical, Estabilidade do
acidentado e etc.)
Diz o art. 7º, inciso I da CF:
Art. 7º da CF – [...]
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa,
nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos.
2. PEDIDO DE DEMISSÃO
Ocorre quando o empregado é quem decide colocar fim ao contrato de traba-
lho, sem motivação, exigindo a sua manifestação de vontade e livre de vícios. Assim, o
pedido de demissão consiste em direito potestativo do trabalhador, ou seja, emprega-
dor não poderá se opor.
Pode haver restrições, quando o contrato possuir alguma cláusula de perma-
nência. Passamos a analisar tal cláusula.
2.1. CLÁUSULA DE PERMANÊNCIA
Conceitualmente, pode-se dizer que a cláusula de permanência é o acordo cele-
brado entre trabalhador e o empregador pelo qual aquele se compromete a não por fim
ao contrato de trabalho durante um determinado período de tempo.
Nesse contexto, o art. 422 do Código Civil Brasileiro enuncia que “os contratan-
tes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução,
os princípios de probidade e boa-fé”. Não é justo que o empregado, tendo recebido
algum benefício extra além do salário para permanecer na empresa, rompa o acordo
(quebrando legítimas expectativas) e não se submeta às penalidades contratuais acor-
dadas.
Assim, as partes assumem uma vigência mínima para o contrato de trabalho,
mediante a fixação de um “termo estabilizador” do contrato. É uma espécie de com-
promisso de estabilidade assumido pelo empregado perante o empregador, garantido
pela obrigação de restituição dos montantes correspondentes às despesas realizadas
com a formação profissional do empregado1.
Como vimos acima, os empregados possuem total liberdade para se desvin-
cularem do contrato de trabalho. Para tanto, basta exercer seu direito potestativo de
demissão. Ocorre que em determinados contratos de trabalho o empregador tem a
faculdade de investir na capacitação do empregado, como, por exemplo, pagando uma
faculdade. Em contrapartida pelo investimento feito, exige que esse empregado não
1 CARNEIRO, Luís Almeida. Dever de formação e pacto de permanência. Coimbra: Almedina, 2015. p. 126
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ficiente, sendo, portanto, plenamente válido e eficaz, de maneira que a Ação de Co-
brança elaborada pelo ex-empregador em face do ex-empregado que descumpriu
a referida cláusula, deve ser provida. Recurso Ordinário que se nega provimento.
(TRT 14ª R.; RO 0000746-83.2019.5.14.0001; Primeira Turma; Relª Desª Vania Ma-
ria da Rocha Abensur; DJERO 21/08/2020; Pág. 1161)
“Registre-se, de início, que, segundo o princípio do “pacta sunt servanda”, as con-
dições estipuladas em contrato constituem lei entre as partes contratantes, razão
pela qual devem ser respeitadas. Depreende-se dos autos, que o réu, ex-emprega-
do do Banco Bradesco, assinou contrato de patrocínio com o referido Banco para
a realização de curso de MBA em Finanças - Investimento e Risco a ser ministrado
pela instituição de ensino Fundação Getúlio Vargas. A Cláusula 4.9., item b, do
referido contrato de patrocínio prevê que o empregado cuja rescisão do contra-
to de trabalho tenha decorrido de pedido deve restituir ao patrocinador “75% do
valor total do curso, se a rescisão ocorrer no período de até vinte e quatro meses
que sucederem à conclusão do curso”. Acrescente-se que o réu, ex-empregado do
Banco, é pessoa de alta qualificação profissional e tinha pleno conhecimento do
teor do contrato que estava assinando, não podendo, agora, alegar a existência de
vício de consentimento, tampouco a ocorrência de onerosidade excessiva. Assim,
considerando-se que o curso de MBA patrocinado pelo Banco autor fora finalizado
em setembro de 2011 e que a rescisão do contrato de trabalho efetuada a pedido
do empregado ocorreu em 04 de março de 2013, devido o ressarcimento do valor
correspondente a 75% do valor do curso, conforme previsão contida na Cláusula
4.9., item b, do contrato de patrocínio. Recurso ordinário do autor a que se dá pro-
vimento.” (Processo: RO nº 1001099-71.2016.5.02.0381, 3ª Turma do TRT da 2ª
Região/SP, Rel. Margoth Giacomazzi Martins. DJe 10.04.2018)
NULIDADE DO PEDIDO DE DEMISSÃO. INVALIDADE DA CLÁUSULA DE PERMA-
NÊNCIA. Conforme decidido no item acima, não restou caracterizada nenhuma
conduta do Banco reclamado que caracterizasse o assédio moral. Assim, não po-
deria o autor alegar que tais atos culminaram com o pedido de demissão. Nesse
ponto, confirma-se a conclusão do Regional no sentido de que “O fato é que o re-
clamante não estava satisfeito com o emprego e procurou outro”. Assim que arru-
mou, pediu demissão.” Dessa forma, não há que se falar em nulidade do pedido de
demissão, tampouco do contrato de permanência, uma vez que não foi compro-
vada a culpa da reclamada para o pedido de demissão e a consequente quebra do
contrato de permanência. Por outro lado, o Regional deixou claro que o Itaú firmou
“compromisso de celebração de contrato de permanência” com vários emprega-
dos do Banco, em torno de 20 a 30, ocasião em que se comprometeu a pagar
R$75.034,00 ao autor, enquanto este se obrigou a permanecer até 27/10/2008 na
empresa, não havendo que se falar, dessa forma, que o valor teria sido pago em
substituição ao carro que lhe era fornecido. Até porque, neste aspecto, o Regional
manteve a condenação para indenização da supressão do carro a título de salário
utilidade. Intactos os arts. 5º, XIII e XXXVI, da Constituição Federal e 9º e 468 da
CLT. Agravo de instrumento conhecido e desprovido.
Portanto, é necessário que haja proporcionalidade entre o tempo do curso reali-
zado e o período mínimo de permanência ajustado. Do contrário, será violado o direito
fundamental de liberdade no exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, con-
tido no art. 5º, XIII, da CRFB/88, pois o trabalhador, que dificilmente terá condições de
ressarcir os valores investidos em sua capacitação, terá cerceado seu direito de resci-
são contratual por tempo desarrazoado.
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3.1.2. ADVERTÊNCIA
A penalidade de advertência, que pode ser verbal ou escrita e não tem previsão
na CLT, entretanto decorre do costume (Art. 8ª da CLT) sendo na ordem de gravidade,
a penalidade mais branda. Tal penalidade é aplicada quando o empregado praticar ato
de gravidade leve. Exemplo: chegar atrasado ao trabalho, faltar sem justificativa etc.
3.1.3. SUSPENSÃO
A penalidade de suspensão, não pode ultrapassar o prazo máximo de 30 dias
e durante o período da suspensão, o empregado não trabalha e também não recebe a
remuneração correspondente aos dias de suspensão, sendo na ordem de gravidade,
a penalidade moderada. Esta penalidade é aplicada quando o empregado praticar ato
de gravidade média ou quando as penalidades de advertência não surtirem efeitos. Ex:
quando o empregado esta sem usar o EPI – Equipamento de Proteção Individual em
área de risco, quando o empregado já foi punido pelo empregador com advertências
umas 3 vezes por ter faltado ao serviço de forma injustificada, etc. A suspensão está
prevista na CLT em seu art. 474, de seguinte teor:
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CLT, Art. 474 da CLT - A suspensão do empregado por mais de 30 (trinta) dias con-
secutivos importa na rescisão injusta do contrato de trabalho.
3.1.4.4.PERDÃO TÁCITO
Caso não seja respeitado o requisito da imediatidade, ocorrerá o perdão tácito.
Segundo Alice Monteiro de Barros9:
“configura-se a renúncia ou o perdão tácito quando o empregador toma ciência do
comportamento faltoso do empregado e mesmo assim permite que ele trabalhe
por um lapso de tempo relativamente longo, não comprovando estivesse neste
período aguardando investigação contínua, cautelosa e critérios, a fim de, depois,
romper o ajuste. O prazo para aferição da atualidade ficará ao prudente arbítrio do
Juiz, esclarecendo-se que devem sopesar-se, na sua avaliação, as dimensões da
empresa e sua complexidade organizacional.”
Nesse sentido, os julgados abaixo:
DISPENSA POR JUSTA CAUSA. NULIDADE. EMBRIAGUEZ. IMEDIATICIDADE. RE-
VOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. SÚMULA Nº 126 DO TST. O Regional consig-
nou que, “No caso dos autos, o teste do bafômetro foi realizado no dia 26.12.2012,
e mesmo tendo sido acusado o uso de álcool, o Autor permaneceu laborando,
cumprindo as suas funções normalmente”, o que demonstra que a reclamada não
se importou com o fato de autor estar sob efeito de álcool e o manteve em suas
atividades normais, visto que, apenas em 28/12/2012, o retirou da escala de servi-
ço, e, somente em 3/1/2013, comunicou por escrito sua dispensa por justa causa.
Assim, verifica-se que o requisito da imediaticidade, essencial para a aplicação da
dispensa por justa causa foi desrespeitado, pois a medida punitiva somente foi
tomada 8 dias após a constatação da ingestão de bebida alcoólica pelo reclaman-
te, não podendo se alegar que, por se tratar de período de festas de fim de ano,
não poderia a reclamada ter dispensado o autor em prazo mais breve do que fez.
Por outro lado, não há, nos autos, prova de que o reclamante, por estar sob efeito
do álcool, tenha deixado de cumprir com os seus deveres profissionais ou tenha
causado problemas à reclamada, praticando, assim, conduta tão grave que hou-
vesse implicado a quebra da fidúcia nele depositada. Desta forma, verifica-se que,
para se chegar a conclusão diversa, como sustenta a recorrente, seria necessária
a revisão da valoração do quadro fático-probatório feita pela instância regional, o
que é vedado nesta Corte de natureza extraordinária, ante o óbice da Súmula nº
126 do TST. Recurso de revista não conhecido. (RR - 385-72.2013.5.03.0069, Re-
lator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 27/05/2015, 2ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 05/06/2015)
JUSTA CAUSA. PROVA. PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE. INOBSERVÂNCIA. PERDÃO
TÁCITO. Ainda que houvesse dolo na prática da falta, o retardamento na aplica-
ção da pena constituiria inobservância do princípio da imediatidade, permitindo a
9 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho - São Paulo: LTr, 2005, pg.835
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3.1.4.6.AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO
O empregador não pode aplicar penas diferentes a empregados que cometem a
mesma falta grave. Quanto as faltas que não são graves, podem ser aplicadas a pena-
lidades diferentes, face o princípio da gradação pedagógica das penalidades que será
analisado adiante.
REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. PENALIDADE DISCRIMINATÓRIA. Entre os requi-
sitos objetivos e subjetivos a serem considerados no momento da aplicação da
justa causa, deve ser observado o critério da ausência de discriminação, ou seja,
não pode o empregador aplicar penalidades diversas a diferentes empregados em
razão de uma mesma falta cometida por ambos. Assim, se em razão das agres-
sões físicas mútuas, a autora foi dispensa por justa causa, mas foi oportunizada
à outra empregada a ruptura contratual por pedido de demissão, evidente a discri-
minação na aplicação da penalidade, devendo ser revertida a dispensa por justa
causa aplicada à autora. (RO nº 0004874-78.2013.5.12.0045, 5ª Câmara do TRT
da 12ª Região/SC, Rel. José Ernesto Manzi. j. 23.08.2016)
DISPENSA POR JUSTA CAUSA. DISCRIMINAÇÃO. REVERSÃO. Não comprovada
à imperícia e verificando-se que a reclamada tratou com discriminação à obrei-
ra, deixando de punir as demais participantes do evento, dispensando somente a
autora, configura-se ilícita a justa causa aplicada, nos termos dos arts. 3º, IV, e 5º,
ambos da Constituição da República, sendo correta a decretação de sua nulidade,
11 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 11.ª ed. Rio de Janeiro: São Paulo: MÉTODO, 2015
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3.1.4.7.GRADAÇÃO DA PENALIDADE
O empregador deve observar uma gradação, na aplicação das penas, começan-
do com a aplicação das penas mais leves (Advertência) até chegar, se for o caso, à
mais grave, que é a justa causa.
Informativo TST n° 79 - DISPENSA POR JUSTA CAUSA. DESÍDIA. ART. 482, “E”, DA
CLT. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA GRADAÇÃO DA PENA. INOB-
SERVÂNCIA. FALTA GRAVE AFASTADA. Para a caracterização da desídia de que
trata o art. 482, “e”, da CLT, faz-se necessária a habitualidade das faltas cometidas
pelo empregado, bem como a aplicação de penalidades gradativas, até culminar
na dispensa por justa causa. Os princípios da proporcionalidade e da gradação
da pena devem ser observados, pois as punições revestem-se de caráter peda-
gógico, visando o ajuste do empregado às normas da empresa. Nesse contexto,
se o empregador não observa a necessária gradação da pena, apressando-se em
romper o contrato de trabalho por justa causa, frustra o sentido didático da pe-
nalidade, dando azo à desqualificação da resolução contratual em razão do ex-
cessivo rigor no exercício do poder diretivo da empresa. Com esse entendimento,
a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos interpostos pela reclamada,
por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negou-lhes provimento. TST-E-ED-
-RR-21100-72.2009.5.14.0004, SBDI-I, rei. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho,
10.4.2014.
JUSTA CAUSA. DESÍDIA. Não tendo sido comprovada pelo empregador a falta
grave alegada, tampouco a gradação da penalidade antes da resolução con-
tratual, é de se afastar a justa causa aplicada. (Recurso Ordinário nº 0010107-
07.2014.5.01.0246, 4ª Turma do TRT da 1ª Região/RJ, Rel. Tania da Silva Garcia.
DOERJ 26.05.2017).
JUSTA CAUSA. GRADAÇÃO DA PENALIDADE. Por se tratar da penalidade mais
grave que o empregador pode imputar ao empregado, a justa causa exige prova
incontestável de fato que impeça a continuidade da relação de emprego, por que-
bra do elemento fidúcia, intrínseco ao vínculo formado. As sanções aplicáveis ao
empregado, previstas no art. 482 da CLT, além da finalidade punitiva, destinam-se
a cumprir um efeito pedagógico, evitando-se que o empregado cometa novas fal-
tas. A regra, portanto, é a da gradação das penalidades, admitindo-se a aplicação
direta da justa causa apenas como hipótese excepcional, quando a quebra da
fidúcia é gerada por um único ato do empregado, dada a sua gravidade. (RO nº
1851/2012-106-03-00.1, 1ª Turma do TRT da 3ª Região/MG, Rel. Emerson José
Alves Lage. maioria, DEJT 06.08.2013).
Exceção a gradação da penalidade, ocorre quando o empregado comete uma
falta grave. Se a infração cometida é grave o bastante para quebrar a confiança que
deve revestir a relação empregatícia, não há necessidade de observância do critério
pedagógico da pena e da gradação de penalidades.
DISPENSA POR JUSTA CAUSA. ATO DE IMPROBIDADE. Em se tratando de ato
de improbidade do empregado, não há que se falar em gradação da pena, pois
se trata de um ato doloso, que quebra de uma vez por todas a confiança e torna
insustentável a manutenção da relação de emprego. (RO nº 1886/2012-112-03-
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3.1.4.9.GRAVIDADE
Quanto à avaliação da gravidade da falta, é conveniente citar o que ensina Wag-
ner Giglio:
“Para avaliar a gravidade da falta, aqueles elementos objetivos auxiliarão a deter-
minar a intensidade da infração, e os fatores subjetivos serão levados em conta
na apuração do grau de abalo da confiança. Assim, do ponto de vista objetivo,
somente haverá justa causa para a dispensa do empregado quando o ato falto-
so por ele praticado constituir em uma violação séria das principais obrigações
resultantes do contrato de trabalho. Do ponto de vista subjetivo, somente existirá
justa causa para o rompimento do vínculo se resultar irreversivelmente destruída
a confiança votada no empregado, de tal forma que se torne virtualmente impos-
sível a subsistência da relação de emprego.” (GIGLIO, Wagner. Justa Causa. 7.ed.
São Paulo: Saraiva, 2000.)
Assim, o empregador deve verificar se a falta praticada pelo empregado foi gra-
ve, caso não seja grave, deve ser aplicada a pena de advertência ou suspensão respei-
tando a proporcionalidade entre a punição e o ato motivador da punição.
A título de exemplo, menciono os seguintes julgados:
RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ATESTADO MÉDI-
CO FALSO. CONDUTA REITERADA. ATO DE IMPROBIDADE. RESOLUÇÃO DO CON-
TRATO DE TRABALHO. JUSTA CAUSA. 1. A Segunda Turma, com fundamento nas
premissas fáticas firmadas no acórdão regional, concluiu que, não obstante a con-
fissão do empregado, perante a Comissão de Sindicância, quanto à adulteração
de atestado médico, por duas vezes, não configura ato de improbidade apto a
justificar a dispensa por justa causa, porque não observada a devida gradação na
aplicação das penalidades de suspensão, seguida pela dispensa por justa causa.
2. O princípio da proporcionalidade entre a falta e a punição, embora discipline
hipóteses em que o empregador exorbite seu poder disciplinar, não tem aplica-
ção irrestrita, pois encontra limites no direito assegurado em lei ao empregador
para rescindir o contrato de trabalho, por justa causa, quando o empregado co-
meter falta grave prevista no art. 482 da CLT, agindo com menoscabo do dever de
confiança recíproca, ou seja, violando o elemento fiduciário que alicerça o vínculo
empregatício. 3. A jurisprudência desta Corte Superior sinaliza não ser exigível a
gradação de sanções, quando a gravidade do ato praticado justifica a sumária
12 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 11.ª ed. Rio de Janeiro: São Paulo: MÉTODO, 2015
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dispensa por justa causa, hipótese dos autos. Precedentes. Recurso de embargos
conhecido e provido. (E-RR - 132200-79.2008.5.15.0120, Relator Ministro: Walmir
Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 29/11/2018, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 07/12/2018)
[...] DISPENSA POR JUSTA CAUSA. ATO DE IMPROBIDADE. “ROUPEIRO” DE CLUBE
DE FUTEBOL. ACUSAÇÃO DE SUBTRAÇÃO DE TRÊS CAMISETAS USADAS PARA
ENTREGA A TORCEDOR, POR INTERMÉDIO DE ATLETA PROFISSIONAL DO CLU-
BE. INEXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO ACERCA DA DESTINAÇÃO DE UNI-
FORMES USADOS. CONSTATAÇÃO DA PRÁTICA DE TROCA E DISTRIBUIÇÃO DE
CAMISETAS USADAS. AUSÊNCIA DE PROPORCIONALIDADE ENTRE A CONDUTA
DO TRABALHADOR E A PENALIDADE APLICADA. 1. Extrai-se do acórdão regional
que “o reclamante, na condição de roupeiro do S. C. Internacional, foi acusado de
furto qualificado e demitido por justa causa”, “em razão do fornecimento de três
camisetas usadas, com valor de mercado de R$ 40,00 a R$ 70,00 cada uma” e
que “sequer houve advertência, ou suspensão prévia”. Conforme registrado pelo
TRT, “um torcedor/colecionador pediu camiseta a um jogador profissional de seu
clube do coração, o qual repassou o pedido ao seu roupeiro” e, em razão disso, o
reclamante “alcançou três camisetas usadas”. Acrescentou, ainda, que “não há
normatização editada pelo reclamado no sentido de ordenar de forma precisa a
concessão das camisetas usadas, ou em desuso”, de modo que “foram necessá-
rias várias diligências e questionamentos, até se chegar à conclusão de que os
roupeiros não estão autorizados a dar uniformes usados ou em desuso”. Ressal-
tou que “próprio clube, quando realiza partidas no Beira-Rio, distribui, nos interva-
los, em torno de dez camisetas para torcedores”, que “também é normal a troca
de camisetas entre os jogares”, bem como ser incontroverso que o reclamante “já
distribuiu camisetas na presença de dirigentes, quando em jogos pelo interior do
Estado”. Concluiu, assim, que “a conduta do réu foi excessiva e desproporcional,
pois cabia a ele, em meio a todas essas peculiaridades que envolvem o mundo do
futebol, no qual estão inseridos os roupeiros, jogadores e torcedores, regulamen-
tar o fornecimento e distribuição de camisetas em desuso pelo clube”. Dito isso,
deu provimento ao recurso ordinário do reclamante para reverter para imotivada a
modalidade da dispensa do autor. 2. Este Tribunal firmou jurisprudência no senti-
do de que para o adequado exercício do poder disciplinar do empregador, há que
se observar o preenchimento de certos requisitos, entre eles a proporcionalidade
entre o ato faltoso e a penalidade aplicada. Precedentes. 3. Na hipótese dos autos,
conclui-se que a conduta praticada pelo reclamante, de fornecer três camisetas
usadas a um dos atletas profissionais do clube, não se reveste da gravidade ne-
cessária à configuração da justa causa ensejadora da dispensa motivada (artigo
482, “a”, da CLT), máxime quando o quadro fático revela a ausência de normatiza-
ção interna a respeito e, até mesmo, alguma permissibilidade do clube quanto à
distribuição e troca de camisetas usadas, de modo a gerar dúvida razoável quanto
à própria ilicitude da conduta. Recurso de revista não conhecido, no tema. [...] (TST,
1ª Turma, RR-119600-32.2008.5.04.0023, Rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann,
Data de Julgamento: 09.12.2015, DEJT 18.12.2015).
É possível aplicar justa causa por uma única conduta faltosa do trabalhador?
Sim!
A ruptura contratual por justa causa motivada em uma única conduta faltosa do
trabalhador não se revela desproporcional quando demonstrada a gravidade da falta
cometida, nesse sentido, o TST decidiu conforme informativo 185 do TST.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
Informativo – 185 do TST - Ação rescisória. Demissão por justa causa. Condu-
ta faltosa. Única ocorrência. Possibilidade. Art. 482, “h”, da CLT. Não violação. A
ruptura contratual por justa causa motivada em uma única conduta faltosa do
trabalhador não se revela desproporcional quando demonstrada a gravidade da
falta cometida. No caso, o autor descumpriu normas empresariais de seguran-
ça ao enviar informações confidenciais de clientes para seu e-mail pessoal, com
evidente quebra de confiança necessária à continuidade do vínculo de emprego
com a instituição financeira. Assim, não há falar em ofensa ao art. 482, “h”, da
CLT. Sob esse fundamento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu do recurso or-
dinário e, no mérito, por maioria, negou-lhe provimento, mantendo, portanto, a
improcedência da ação rescisória. Vencida a Ministra Delaíde Miranda Arantes.
TST-RO-101576-28.2016.5.01.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues,
25.9.2018.
empregador:
a) ato de improbidade;
Segundo Maurício Godinho Delgado13, na obra Curso de Direito do Trabalho, ato
de improbidade é assim definido:
“Trata-se de conduta faltosa obreira que provoque dano ao patrimônio empresa-
rial ou de terceiro, em função de comportamento vinculado ao contrato de traba-
lho, com o objetivo de alcançar vantagem para si ou para outrem. O ato de im-
probidade, embora seja também mau procedimento, afrontando a moral genérica
imperante na vida social, tem a particularidade, segundo a ótica justrabalhista, de
afetar o patrimônio de alguém, em especial do empregador, visando, irregularmen-
te, a obtenção de vantagens para o obreiro ou a quem este favorecer.”
Vólia Bomfim (2013, p. 1059) informa que existem duas correntes:
Corrente objetiva: entende a improbidade como atos praticados contra o patrimô-
nio da empresa ou de terceiros (Orlando Gomes, Maurício Godinho, Wagner Giglio,
Gustavo Filipe Barbosa Garcia).
Corrente subjetiva: improbidade é todo ato de desonestidade, ato contrário aos
bons costumes, à moral, à lei. (Délio Maranhão, Vólia Bomfim, Sérgio Pinto Mar-
tins, Lamarca, Russomano, Alice Monteiro de Barros, Saad, Süssekind). Essa cor-
rente entende de forma mais ampla, no sentido de que a improbidade não se res-
tringe à lesão ao patrimônio da empresa, podendo ser também um ato desonesto
dotado de gravidade.
Ao tratar da improbidade, ensina Wagner D. Giglio que:
“A improbidade é uma daquelas justas causas que se configuram pela prática de
um único ato faltoso, pois seria absurdo exigir que, depois da sua prática, o em-
pregador devesse manter nos seus quadros um empregado que decaiu de sua
confiança, representando um risco para o patrimônio da empresa, até que uma
reiteração da prática viesse a autorizar o despedimento.” (in Justa Causa. São
Paulo: LTr Editora, 1981. 2ª tiragem, p. 61).
Exemplos:
FURTO
REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. ATO DE IMPROBIDADE. FURTO DE PRODUTOS DE
LIMPEZA. O empregador possui a prerrogativa de dispensar o empregado, mas
quando elege a modalidade justa causa por infração obreira, a conduta faltosa
deve ser bem definida e a prova bastante robusta, sem deixar dúvidas quanto
à capitulação legal, ao nexo causal, à proporcionalidade e à contemporaneidade
da atuação disciplinar. A presença desses elementos de convencimento nos au-
tos, permitindo a visualização de conduta ilícita capaz de influenciar o ambiente
laborativo e de impossibilitar efetivamente a continuidade das obrigações con-
tratuais, impede a reversão da penalidade máxima aplicada com amparo em Lei
(CLT, artigo 482). No caso, ficou robustamente demonstrado que a autora furtou
produtos de limpeza, ou tentou furtá-los, do hospital no qual prestava os seus ser-
viços, acarretando a quebra da fidúcia necessária para a continuidade da relação
empregatícia entre as partes. Logo, houve prova bastante do ato ilícito imputado
à empregada, do nexo causal, da proporcionalidade e da contemporaneidade da
atuação disciplinar do empregador. Recurso da reclamante improvido. (TRT 24ª
13 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16° Ed. São Paulo. LTr, 2017, p. 1359.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
R.; ROT 0024223-02.2020.5.24.0041; Segunda Turma; Rel. Des. João de Deus Go-
mes de Souza; Julg. 19/08/2021; DEJTMS 19/08/2021; Pág. 137)
ÇA. ARTIGO 482, “a”, DA CLT. MATÉRIA FÁTICA. O Tribunal Regional consignou
que o Reclamante reconheceu os fatos que ensejaram a dispensa por justa cau-
sa, por ato de improbidade. Segundo o depoimento do Reclamante, registrado no
acórdão regional, “o autor confessou que “concedeu os descontos constantes na
sindicância em favor de sua genitora; ... a genitora do autor não acessou os ca-
nais de comunicação da empresa para solicitar os descontos mencionados, tendo
sido concedido pelo depoente; ... acredita que concedeu os descontos em duas ou
três oportunidades, revogando os descontos anteriores; ... o depoente trabalhou
no setor de contas e faturas; ... no setor de faturas há possibilidade de concessão
de descontos, mas não na alçada autorizada no setor de retenção, que possui um
nível maior” (fl. 379 - destaquei)” (fl. 673). Consignou, ainda, o acórdão regional
que, “além da confissão expressa do autor, prova exponencial, que deve prevalecer
sobre as demais, por razões óbvias, a conduta irregular do autor é confirmada por
outro meio relevante de prova, qual seja, a sindicância interna da apuração do fato”
(fl. 673). A sindicância instaurada pela Reclamada, consoante consta do acórdão
regional, concluiu que o Reclamante efetuou, utilizando senha e login pessoais,
descontos nas faturas de conta telefônica de sua mãe, destacando que “esses
descontos foram concedidos de forma irregular, pois em desacordo com as nor-
mas e procedimentos internos por não existir registros de atendimento ao cliente”
(fl. 674). Como ressaltado pela decisão regional recorrida, o Reclamante confes-
sa ter concedido descontos irregulares nas contas telefônicas de sua genitora,
sem autorização da Reclamada, de forma não oficial por canais não ordinários de
comunicação da empresa. Trata-se de conduta faltosa, passível de dispensa por
justa causa, pois o Reclamante reconheceu que provocou prejuízo ao patrimônio
empresarial, no decorrer do exercício da prestação laboral, com o objetivo de obter
vantagem para outrem, no caso a sua genitora. Revela-se, outrossim, como quebra
de confiança a inviabilizar a continuidade do contrato de trabalho, não merecen-
do reforma a decisão agravada que manteve o teor do acórdão regional. De todo
modo, investigar a conduta do Reclamante, para descaracterizar o ato de improbi-
dade, exige o sopesamento do contexto probatório dos autos, procedimento veda-
do em recurso de revista, nos termos da Súmula 126/TST. Agravo interno de que
se conhece e a que se nega provimento. (AG-AIRR nº 1434-65.2015.5.09.0020, 7ª
Turma do TST, Rel. Ubirajara Carlos Mendes. j. 23.10.2018, Publ. 26.10.2018).
A justa causa por ato improbidade é considerada uma das infrações mais grave
das infrações disciplinares, pois em tese, envolve acusação de um crime previsto na
Lei, e se caracteriza, em geral, pela prática de furto, roubo, estelionato, apropriação in-
débita, o que configura obtenção ilícita de uma vantagem de qualquer ordem.
3.1.5.2.INCONTINÊNCIA DE CONDUTA OU MAU PROCEDIMENTO
Fundamento legal:
CLT, Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
Nas palavras de Maurício Godinho Delgado, a incontinência de conduta exposta
no item “b” do art. 482 da CLT:
“Consiste na conduta culposa do empregado que atinja a moral, sob o ponto de
vista sexual, prejudicando o ambiente laborativo ou suas obrigações contratuais.”
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
3.1.5.3.NEGOCIAÇÃO HABITUAL
Fundamento:
CLT, Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador,
e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empre-
gado, ou for prejudicial ao serviço;
Resende14 explica que:
“conforme a doutrina amplamente dominante, a alínea contempla, na verdade,
dois tipos distintos.
O primeiro seria a concorrência desleal, assim considerado todo ato do emprega-
do, seja vendendo produtos, seja prestando serviços, em franca atitude de concor-
rência com o empregador, violando, assim, o dever de lealdade a ser observado
pelas partes contratantes.
14 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. 6. ed. Rio de Janeiro. São Paulo: MÉTODO, 2016.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
Exemplo: vendedor de uma loja de cortinas oferece ao cliente da loja, por preço
menor, o produto, desde que contratado diretamente com ele.
No caso, a concorrência desleal não decorre necessariamente de cláusula expres-
sa de não concorrência no contrato de trabalho, bastando que a conduta do em-
pregado configure prejuízo ao empregador, seja pela redução das vendas, pela
perda de clientes etc.
Observe-se, por oportuno, que, embora a exclusividade não seja uma característi-
ca intrínseca ao contrato de trabalho, nada impede seja estipulada cláusula neste
sentido, mormente se a atividade assim o recomenda.
É claro que, se a atividade exercida paralelamente pelo empregado não afeta a
atividade do empregador, não se configura a hipótese legal.
O segundo tipo seria a negociação habitual no ambiente de trabalho, com prejuízo
ao serviço. Neste caso, não se trata de concorrência desleal, e sim de certa desídia
do empregado, em decorrência da venda de produtos no local de trabalho. Assim,
a secretária de uma clínica que passa boa parte do tempo oferecendo produtos
de beleza aos pacientes de seu empregador certamente será relapsa no exercício
de suas atribuições, o que, por certo, enquadrará sua conduta no tipo estudado.
Nas duas hipóteses, é requisito legal que o empregador não permita a atividade do
empregado, pois, do contrário, haverá perdão tácito.”
3.1.5.4.CONDENAÇÃO CRIMINAL
Fundamento legal:
CLT, Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havi-
do suspensão da execução da pena;
Mozart Victor Russomano, (Comentários..., 3ª ed., vol. II, pág. 682), explica que:
“Só servem como justas causas as condenações criminais que impedem a conti-
nuidade física da prestação do trabalho.”
O empregado que se encontra preso, não pode ser demitido por justa causa por
ter abandonado o emprego, senão vejamos a decisão abaixo;
A 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, por unanimidade de
votos, manteve a sentença do 1º grau que condenou a Brasfort – Administração
e Serviços Ltda. e, subsidiariamente, o Condomínio Lake Side Hotel Residence a
pagarem as verbas rescisórias da demissão de empregado que foi preso durante
cinco meses e inocentado. A empresa o demitiu por justa causa sob a alegação
de abandono do emprego. Segundo o juiz Braz Henriques de Oliveira, relator do
processo, é evidente a inexistência de abandono de emprego, pois o afastamento
do trabalho não foi causado por interesse do empregado em se desvincular da
empresa, mas da sua impossibilidade de comparecer ao serviço, já que se encon-
trava sob custódia da autoridade policial. Tão logo em liberdade, ele compareceu
ao trabalho, momento em que foi informado de sua demissão. Segundo o relator,
a prisão, por si só, não pode ser motivo para a rescisão do contrato de trabalho,
pois a Constituição Federal, em seu artigo 5°, inciso LVII, consagra o princípio da
inocência, pontificando que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória”, ou seja, até o fim do processo. Em seu
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
3.1.5.5.1.EMBRIAGUEZ
Fundamento legal:
CLT, Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
f) embriaguez habitual ou em serviço;
A embriaguez prevista na alínea “f” pode ser de dois modos.
Primeira possibilidade - embriaguez habitual - ocorre fora do local de trabalho,
mas repercute negativamente na atividade do trabalhador. Um ato isolado, não confi-
gura justa causa.
O TST tem entendimento de que a embriaguez habitual é vista, atualmente, como
doença (denominada síndrome de dependência do álcool, sob a referência F-10.2 da
OMS), o que requer tratamento, e não punição. Assim, à embriaguez habitual, tem sido
excluída das hipóteses geradoras da dispensa do empregado por justa causa.
Nesse sentido, a jurisprudência do TST:
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. DOENÇA GRAVE. DE-
PENDENTE QUÍMICO. PRESUNÇÃO DE DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. REINTE-
GRAÇÃO. O quadro descrito pelo Regional demonstra que o reclamante é por-
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
tador de doença crônica, que provoca estigma ou preconceito, razão pela qual a
dispensa sem justa causa nesse caso afronta a dignidade da pessoa humana e
presume-se discriminatória, na forma da Súmula nº 443 do TST. Sendo, portanto,
o reclamante portador de alcoolismo crônico, enfermidade catalogada no Códi-
go Internacional de Doenças pela Organização Mundial da Saúde - OMS como
Síndrome de Dependência do Álcool (substância psicoativa que compromete o
funcionamento do cérebro e, consequentemente, as funções cognitivas do indi-
víduo) correta a decisão recorrida a qual reconheceu discriminatória a dispensa
sem justa causa e determinou a reintegração no emprego, por ser encontrar o em-
pregado acometido de doença grave. [..] (AIRR - 2181-72.2013.5.12.0029, Relatora
Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 23/11/2016, 8ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 25/11/2016).
RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. 1. DEPEN-
DÊNCIA QUÍMICA. ALCOOLISMO CRÔNICO. DISPENSA MERAMENTE ARBITRÁRIA
DE EMPREGADO PORTADOR DA DOENÇA, AINDA QUE NÃO OCUPACIONAL. PRE-
SUNÇÃO RELATIVA DE DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. REINTEGRAÇÃO. SÚMULA
443/TST. ATO DISCRIMINATÓRIO E JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL. A Constitui-
ção da República veda prática discriminatória no contexto da sociedade política
(Estado) e da sociedade civil, inclusive no âmbito empresarial e empregatício (art.
3º, IV, in fine, CF). Não se olvide, outrossim, que faz parte do compromisso do
Brasil, também na ordem internacional (Convenção 111 da OIT), o rechaçamento
a toda forma de discriminação no âmbito laboral. Nessa linha, o TST editou a Sú-
mula 443, mencionando a presunção de discriminação relativamente à dispensa
de trabalhadores portadores de doença grave que suscite estigma ou preconceito.
Por sua vez, hodiernamente, o alcoolismo é considerado uma doença pela Orga-
nização Mundial da Saúde (OMS), formalmente reconhecida pelo Código Interna-
cional de Doenças (CID – referência F-10.2), e se recomenda que o assunto seja
tratado como matéria de saúde pública. Com efeito, presume-se discriminatória a
ruptura arbitrária do contrato de trabalho, quando não comprovado um motivo jus-
tificável, em face de circunstancial debilidade física, psíquica e moral decorrente
da síndrome de dependência do álcool, que, regra geral, é vista com preconceito e
discriminação no seio da sociedade. Registre-se, entretanto, que a presunção de
ilegalidade do ato de dispensa do empregado portador de doença grave, ressoan-
te na jurisprudência trabalhista, não pode ser de modo algum absoluta, sob risco
de se criar uma nova espécie de estabilidade empregatícia totalmente desvincula-
da do caráter discriminatório que se quer reprimir. Assim, além da viabilidade da
dispensa por justa causa, é possível também que a denúncia vazia do contrato de
trabalho seja considerada legal e não se repute discriminatório o ato de dispensa
do empregado dependente químico. Porém, esse não é o caso dos autos. No caso
concreto, é incontroverso que o Autor, há muitos anos, é portador da síndrome de
dependência de álcool, encontrando-se, à época da dispensa, em fase de reabilita-
ção, com acompanhamento psicoterápico e medicamentoso. Frise-se ainda que
a doença era de conhecimento da empresa, que, inclusive, já havia manifestado
a intenção de despedir o reclamante em razão da mesma. Consequentemente,
presume-se discriminatória a dispensa, nos moldes do entendimento da Súmu-
la 443/TST, sendo devida a reintegração do empregado. Recurso de revista não
conhecido no aspecto. [...] (TST, 3ª Turma, RR-775-73.2013.5.04.0664, Rel. Min.
Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 24.02.2016, DEJT 26.02.2016).
Segunda possibilidade - a embriaguez em serviço - ocorre quando o emprega-
do utiliza bebida alcoólica no próprio trabalho. Neste caso, basta uma única ocorrência
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
para o empregado ser dispensado por justa causa. Nesse sentido, a jurisprudência:
DISPENSA POR JUSTA CAUSA. FALTA GRAVE. A dispensa por justa causa é a
penalidade aplicada ao empregado em virtude da prática de ato grave que faz de-
saparecer a confiança que existe entre o empregado e seu empregador. No caso,
a constatação da embriaguez em serviço, na função de vigia desempenhada pelo
autor, é fato grave o suficiente para caracterizar a justa causa, a teor do art. 482,
“f”, da CLT. (TRT 3ª R.; ROT 0010771-41.2019.5.03.0041; Nona Turma; Rel. Des.
Ricardo Marcelo Silva; Julg. 21/10/2021; DEJTMG 22/10/2021; Pág. 1824)
JUSTA CAUSA. Comprovação de faltas pretéritas no curso da relação de emprego.
Atrasos, faltas injustificadas e recusa a trabalhar. Derradeiro ato faltoso promovi-
do pela empregada. Embriaguez em serviço (CLT, artigo 482, letra f). Reconheci-
mento autoral da ingestão de bebida alcoolica e a não habitualidade da prática.
Ausência de dependência química. Sentença mantida. (TRT 10ª R.; ROT 0000379-
77.2018.5.10.0010; Primeira Turma; Red. Juiz Conv. Grijalbo Fernandes Coutinho;
DEJTDF 02/08/2021; Pág. 460)
JUSTA CAUSA. MOTORISTA PROFISSIONAL. EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO. Não ha-
vendo evidência de que o empregado é portador de síndrome de dependência quí-
mica comprometedora do seu discernimento e vontade, a embriaguez em serviço,
no caso de motorista profissional que labora no transporte rodoviário de passa-
geiros, constitui infração de extrema gravidade, que quebra a fidúcia necessária à
manutenção do vínculo empregatício e legitima a dispensa por justa causa. Re-
curso do reclamante a que se nega provimento. (TRT 18ª R.; RORSum 0010340-
31.2020.5.18.0016; Segunda Turma; Rel. Des. Platon Teixeira de Azevedo Filho;
Julg. 09/06/2021; DJEGO 10/06/2021; Pág. 12)
DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA. CONSUMO DE BEBIDA ALCOÓLICA DURANTE
O EXPEDIENTE. AUSÊNCIA DE HISTÓRICO DE ALCOOLISMO. QUEBRA DA CON-
FIANÇA. Afastada a hipótese de alcoolismo e comprovado que o reclamante se
ausentou do posto de trabalho e consumiu bebida alcoólica durante o expediente,
sem autorização do empregador, tem-se como configurada a falta grave a ense-
jar a ruptura do contrato por justa causa, ante a quebra de confiança inerente à
relação de emprego, caracterizando a desídia no desempenho das funções. Re-
curso do autor a que se nega provimento. (Processo nº 04971-2015-663-09-00-6
(17947-2016), 6ª Turma do TRT da 9ª Região/PR, Rel. Francisco Roberto Ermel.
DEJT 27.05.2016).
JUSTA CAUSA - EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO. Diferentemente da embriaguez ha-
bitual, em que o empregado sofre da doença caracterizada como alcoolismo
crônico, catalogada no Código Internacional de Doenças com a nomenclatura de
“síndrome de dependência do álcool” (CID-F-10.2), a embriaguez em serviço é ti-
pificada como ato de indisciplina, como mau procedimento ou incontinência de
conduta, podendo resultar na dispensa por justa causa. Contudo, assim como
os demais motivos ensejadores da dispensa motivada, a sua ocorrência habitual
deve ser claramente provada, o que, no caso em exame, não foi feito a conten-
to pela reclamada. Recurso a que se nega provimento. (RO nº 00039-2008-103-
03-00-3, 1ª Turma do TRT da 3ª Região/MG, Rel. Marcus Moura Ferreira. DJMG
25.07.2008, p. 08).
Nas lições de Vólia Bonfin17:
“a embriaguez deve ser entendida além do seu sentido gramatical, para atingir to-
das as substâncias químicas embriagantes, tóxicas ou entorpecentes como: éter,
17 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 11.ª ed. Rio de Janeiro: São Paulo: MÉTODO, 2015
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
haxixe, ópio, maconha, cocaína, morfina, atropina, santonina, bala, álcool, óxido de
carbono, cloral, crack, skank etc. O tipo pode ocorrer mesmo que a doença não
tenha nenhuma relação com o trabalho.
Se for fortuita, acidental, involuntária afasta-se a justa causa como regra geral.
Logo, se o empregado tomou um remédio para dor de cabeça e, por ser alérgico a
alguma substância contida neste medicamento, fato até então a ele desconheci-
do, tem reação alucinógena, não pode ser enquadrado no tipo.”
3.1.5.7.INDISCIPLINA E INSUBORDINAÇÃO
Fundamento legal:
CLT, Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
A indisciplina, é a desobediência às normas gerais. Tais normas, devem ser
cumpridas por todos os empregados ou por muitos ou, ainda, por qualquer pessoa
num certo setor ou estabelecimento.
Julgados sobre o tema:
JUSTA CAUSA. ATO DE INDISCIPLINA. DESCUMPRIMENTO DE TREINAMENTO
POR AGENTE DE SEGURANÇA DE ESTAÇÃO DE METRÔ. CONDUTA QUE TIPIFICA
A FALTA GRAVE. A atitude de agente de segurança que descumpre norma geral
recebida em treinamento e, após conter usuário reage dando-lhe empurrão e de-
safiando demais usuários presentes no local tipifica ato de indisciplina, bastante
para a ruptura do contrato de trabalho por justa causa. Recurso da reclamada a
que se dá provimento. (RO nº 00002382920155020061 (20160564993), 9ª Turma
do TRT da 2ª Região/SP, Rel. Bianca Bastos. unânime, DOe 15.08.2016).
[..] JUSTA CAUSA. INDISCIPLINA E INSUBORDINAÇÃO. Caso em que o reclamante
e um colega subiram na torre da Oi por curiosidade e para avistar o panorama da
cidade, tendo o colega tirado uma foto e postado em rede social. O reclamante
não tinha permissão para tal ato, e expôs-se a risco indevidamente. Justa causa
reconhecida. Recurso da empresa provido. (RO nº 0020443-67.2014.5.04.0123,
1ª Turma do TRT da 4ª Região/RS, Rel. Marçal Henri dos Santos Figueiredo. j.
22.09.2016, unânime).
A insubordinação é o descumprimento, por parte do empregado, de ordem di-
reta a ele dirigida. Tais ordens são emanadas do empregador ou superior hierárquico.
Assim, a insubordinação ocorre por condutas que implicam no descumprimento de
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
3.1.6.1.PUBLICAÇÃO EM JORNAL
Diz o art. 17 do CC/02:
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações
ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.
No julgamento do RR nº 0000721-66.2012.5.04.0204 publicado no DEJT - Diá-
rio Eletrônico da Justiça do Trabalho em 22.10.2015, o TST entendeu que dá ensejo à
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
indenização por danos morais por ser considerada conduta ofensiva à dignidade da
pessoa humana, publicação em jornal de nota de convocação de retorno ao serviço da
empregada, sob pena de abandono de emprego.
RECURSO DE REVISTA. 1. EMPREGADA DOENTE. CONTRATO DE TRABALHO
SUSPENSO. CIÊNCIA DO EMPREGADOR DA IMPOSSIBILIDADE FÍSICA DE COM-
PARECIMENTO PESSOAL AO LOCAL DE TRABALHO. NOTA DE CONVOCAÇÃO EM
JORNAL. ABANDONO DE EMPREGO. DANOS MORAIS. DECISÃO DENEGATÓRIA.
MANUTENÇÃO. A conquista e afirmação da dignidade da pessoa humana não
mais podem se restringir à sua liberdade e intangibilidade física e psíquica, envol-
vendo, naturalmente, também a conquista e afirmação de sua individualidade no
meio econômico e social, com repercussões positivas conexas no plano cultural
- o que se faz, de maneira geral, considerado o conjunto mais amplo e diversifi-
cado das pessoas, mediante o trabalho e, particularmente, o emprego. No caso
concreto, consta na decisão recorrida que o Banco Reclamado tinha ciência de
que a Reclamante estava convalescendo de uma cirurgia, não podendo, portan-
to, comparecer pessoalmente ao local do trabalho, mas, mesmo assim, publicou
em jornal nota de convocação da Obreira, sob pena de abandono de emprego.
Houve ofensa à dignidade da Reclamante, configurada na situação fática descri-
ta nos autos, pois o procedimento adotado pelo Banco Reclamado dá ensejo à
indenização por danos morais por ser considerada conduta ofensiva à dignidade
da pessoa humana, sendo dispensada a prova de prejuízo concreto. A conduta,
portanto, mostrou-se abusiva, ferindo a própria boa-fé objetiva e a regra do artigo
17 do CCB, como bem afirmado pelo TRT. Inviável o processamento do recurso
de revista se não preenchidos os requisitos do art. 896 da CLT. Recurso de revista
não conhecido no tema. [..] (RR nº 0000721-66.2012.5.04.0204, 3ª Turma do TST,
Rel. Maurício Godinho Delgado. unânime, DEJT 22.10.2015).
Cito abaixo, trechos da fundamentação da decisão:
O direito à indenização por danos morais encontra amparo no art. 5º, X, da CF
c/c o art. 186 do Código Civil, bem como nos princípios basilares da nova ordem
constitucional, mormente naqueles que dizem respeito à proteção da dignidade
humana e da valorização do trabalho humano (art. 1º, da CF/88).
A conquista e afirmação da dignidade da pessoa humana não mais podem se res-
tringir à sua liberdade e intangibilidade física e psíquica, envolvendo, naturalmente,
também a conquista e afirmação de sua individualidade no meio econômico e
social, com repercussões positivas conexas no plano cultural - o que se faz, de
maneira geral, considerado o conjunto mais amplo e diversificado das pessoas,
mediante o trabalho e, particularmente, o emprego.
No caso concreto, consta na decisão recorrida que o Banco Reclamado tinha ciên-
cia de que a Reclamante estava convalescendo de uma cirurgia, não podendo,
portanto, comparecer pessoalmente ao local do trabalho, mas, mesmo assim, pu-
blicou em jornal nota de convocação da Obreira, sob pena de abandono de em-
prego.
Houve ofensa à dignidade da Reclamante, configurada na situação fática descrita
nos autos, pois o procedimento adotado pelo Banco Reclamado dá ensejo à inde-
nização por danos morais por ser considerada conduta ofensiva à dignidade da
pessoa humana, sendo dispensada a prova de prejuízo concreto.
Além disso, a conduta do Banco, portanto, mostrou-se abusiva, ferindo a própria
boa-fé objetiva e a regra do artigo 17 do CCB, como bem afirmado pelo TRT.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
local não se configure como meio eficaz de convocação do empregado para re-
torno ao posto de trabalho, sob pena de abandono de emprego, tal fato, por si só,
não é suficiente para respaldar indenização por dano moral, mormente quando
a empresa comprovou não ter conseguido localizar o empregado no endereço
por ele fornecido. Inexistindo nos autos qualquer indício de que o empregador
agira no intuito de prejudicar o empregado, nem que a providência patronal tenha
repercutido negativamente na obtenção de novo emprego, não se há de falar em
indenização reparatória. Sentença mantida. Recurso do reclamante a que se nega
provimento. (RO nº 01236/2014-025-13-00.2, 1ª Turma do TRT da 13ª Região/PB,
Rel. Ana Maria Ferreira Madruga. j. 25.08.2015, unânime, DEJT 03.09.2015).
DANO MORAL. ABANDONO DE EMPREGO NÃO COMPROVADO. PUBLICAÇÃO DE
NOTA EM JORNAL DE CIRCULAÇÃO LOCAL. Conquanto não tenha sido compro-
vada em Juízo a alegação da empresa de que o trabalhador incorreu em falta gra-
ve, consistente em abandono de emprego, conforme nota convocatória publicada
em jornal de circulação local, sendo reconhecido o direito à quitação das parcelas
rescisórias decorrentes da modalidade de resilição contratual por iniciativa do em-
pregador e sem justa causa; tal fato, por si só, não configura violação aos direi-
tos da personalidade do obreiro, sendo indevida, pois, a indenização pelo alegado
dano moral. (RO nº 0010989-53.2014.5.14.0004, 2ª Turma do TRT da 14ª Região/
AC-RO, Rel. Carlos Augusto Gomes Lôbo. j. 27.03.2015, unânime).
Diz o art. 7º, § 3º, do Decreto nº 95.247/87, que regulamenta a Lei n° 7.418/85,
que institui o Vale-Transporte:
“a declaração falsa ou o uso indevido do vale-transporte constituem falta grave.”
Assim, nos termos do § 3º do art. 7º do Decreto 95.247/87, a declaração falsa
do empregado para recebimento de vale-transporte, constitui em falta grave e o resul-
tado é a extinção do contrato de emprego na modalidade justa causa, nos termos do
art. 482, alínea “a” da CLT, ou seja, ato de improbidade.
Nesse sentido, a decisão abaixo:
RECURSO DO RECLAMANTE. DISPENSA POR JUSTA CAUSA. FALTA GRAVE. Se
o reclamante admite a prática de falta grave, prestando informações falsas para
fins de recebimento de valores majorados de vale-transporte, causando prejuízos
ao empregador, e o acervo probatório indica a proporcionalidade e imediatidade
na aplicação da pena, a sua dispensa por justa causa aplicada pela demandada
deve ser confirmada pela Justiça do Trabalho. [..]. (Recurso Ordinário 0011379-
18.2014.5.01.0058, 3ª Turma do TRT da 1ª Região/RJ, Rel. Raquel de Oliveira Ma-
ciel. DOERJ 05.12.2016).
Entretanto, esse não é o entendimento do TST, pois este tribunal, entende que
não deve ser aplicada a justa causa por ausência de proporcionalidade entre a conduta
do trabalhador e a penalidade aplicada, senão vejamos os julgados abaixo:
“I - AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RESCISÃO
POR JUSTA CAUSA. RECEBIMENTO DE VALE-TRANSPORTE. UTILIZAÇÃO DE
VEÍCULO PRÓPRIO EM ALGUNS DIAS DURANTE O CONTRATO DE CINCO ANOS.
AUSÊNCIA DE GRAVIDADE. AUSÊNCIA DE GRADAÇÃO DA PENA. PROPORCIONA-
LIDADE NÃO OBSERVADA. TRANSCENDÊNCIA NÃO DEMONSTRADA. Impõe-se
confirmar a decisão monocrática proferida pelo Ministro Relator, no aspecto, ten-
do em vista não restar demonstrada a existência de equívoco na decisão. Agravo
conhecido e não provido, no tema” (Ag-AIRR-1000282-97.2019.5.02.0026, 1ª Tur-
ma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 08/10/2021).
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. UTILIZAÇÃO DO VALE-
-TRANSPORTE PELA ESPOSA DO EMPREGADO. DISPENSA POR JUSTA CAUSA.
NÃO CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROPORCIONALIDADE ENTRE A CONDUTA
DO TRABALHADOR E A PENALIDADE APLICADA. 1. O Colegiado de origem no-
ticiou que o reclamante “cedeu à esposa o cartão vale eletrônico metropolitano
(VEM)”, todavia, aquela Corte não entendeu tratar-se de falta revestida de gravi-
dade suficiente, “a ponto de romper a confiança, tornando insustentável a relação
entre as partes”, máxime por não haver “registro de faltas anteriores (...), do que
resulta inobservada a gradação na aplicação das penalidades”, consoante preco-
niza o artigo 493 da CLT, segundo o qual “constitui falta grave a prática de qual-
quer dos fatos a que se refere o art. 482, quando por sua repetição ou natureza
representem séria violação dos deveres e obrigações do empregado”. Dito isso, o
e. TRT manteve a sentença que reverteu para imotivada a modalidade da dispensa
do autor. 2. Este Tribunal firmou jurisprudência no sentido de que para o adequado
exercício do poder disciplinar do empregador, há que se observar o preenchimento
de certos requisitos, entre eles a proporcionalidade entre o ato faltoso e a pena
aplicada. Precedentes. 3. Na hipótese dos autos, conclui-se que a conduta pra-
ticada pelo reclamante, de permitir a utilização do vale-transporte eletrônico por
sua esposa, não obstante repreensível, não se reveste da gravidade necessária
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
gado que se encontra em gozo de auxílio doença está em licença não remunerada,
efeito verificado a partir do 16º dia de afastamento, segundo a legislação previ-
denciária -, vale dizer, está com seu contrato de trabalho suspenso. A suspensão
do contrato de trabalho desobriga o empregador, tão somente, quanto às verbas
decorrentes diretamente da prestação de serviços, ou seja, quanto às obrigações
principais. As obrigações contratuais acessórias permanecem incólumes, como,
por exemplo, benefícios voluntariamente concedidos ao empregado, moradia, se-
guro saúde, etc. É o que se infere de uma análise conjunta dos artigos 471, 476,
e 476-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho e 63, parágrafo único, da Lei
nº 8.213/91 e, ainda, da Súmula/TST nº 440. Referidos benefícios não decorrem
da prestação de serviços, mas diretamente do contrato de emprego. E nessa hi-
pótese, as normas legais não prevêem que empregados eventualmente afastados
da empresa, por gozo de benefício previdenciário, deixarão de gozar dos referidos
direitos. Não obstante a ausência de eficácia das principais cláusulas contratuais
no período de suspensão do contrato de trabalho, ainda prevalecem, nesse inter-
regno, os princípios norteadores da relação empregatícia, tais como: lealdade, boa
fé, fidúcia, confiança recíproca, honestidade, etc. Incontroverso nos autos que a
dispensa do recorrido se deu por justa causa. Assim, é de se concluir que o poder
potestativo de rescindir o contrato de trabalho não deve ser afetado por esta sus-
pensão de eficácia. Seria uma incoerência se reconhecer uma justa causa e, por
conta da suspensão do contrato de trabalho, obrigar o empregador a continuar a
pagar obrigações contratuais acessórias. Quando a confiança entre as partes é
quebrada, há sério comprometimento de importante pilar da contratação, sendo
irrelevante que os fatos ensejadores dessa quebra tenham ocorrido antes ou du-
rante o período de afastamento do empregado, porque a fixação de tal marco não
vai restaurar a confiança abalada. Portanto, não há que se falar em concretização
dos efeitos da demissão por justa causa após o término do período da suspen-
são do contrato. Estando comprovada a justa causa, a suspensão do contrato de
trabalho não se revela como motivo capaz de impedir a rescisão do contrato de
trabalho de imediato. Recurso de embargos conhecido e provido. Processo: E-RR
- 4895000-38.2002.5.04.0900 Data de Julgamento: 02/06/2016, Redator Ministro:
Renato de Lacerda Paiva, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 24/06/2016.
Cito abaixo, trechos da decisão:
Nos termos do artigo 476 da Consolidação das Leis do Trabalho, o empregado
que se encontra em gozo de auxílio doença está em licença não remunerada, efei-
to verificado a partir do 16º dia de afastamento, segundo a legislação previdenciá-
ria -, vale dizer, está com seu contrato de trabalho suspenso.
A suspensão do contrato de trabalho desobriga o empregador, tão somente, quan-
to às verbas decorrentes diretamente da prestação de serviços, ou seja, quanto às
obrigações principais. As obrigações contratuais acessórias permanecem incólu-
mes, como, por exemplo, benefícios voluntariamente concedidos ao empregado,
moradia, seguro saúde, etc. É o que se infere de uma análise conjunta dos artigos
471, 476, e 476-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho e 63, parágrafo úni-
co, da Lei nº 8.213/91. Também a Súmula/TST nº 440 dispõe que “Assegura-se o
direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela
empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em vir-
tude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez”. Referidos
benefícios não decorrem da prestação de serviços, mas diretamente do contrato
de emprego. E nessa hipótese, as normas legais não prevêem que empregados
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
com rigor excessivo, impondo-lhe trabalho superior às suas forças. Para o desem-
bargador, nem há necessidade de que haja constância em carregar peso superior
às forças da empregada para se aceitar a rescisão indireta do seu contrato de
trabalho: “A lei preceitua exatamente sobre a proteção ao trabalho da mulher, que
não pode se submeter a fazer esforço maior que a sua condição física, sob pena
de se prejudicar o seu estado fisiológico, com gravames pelo resto da sua vida. Se
tal ocorrer, a rescisão indireta do contrato de trabalho deve ser declarada” - finali-
za. Entendendo provado que a conduta da empresa se enquadra nas hipóteses de
justa causa expressas no artigo 483 da CLT, a Turma deu provimento ao recurso
da reclamante para declarar que o contrato de trabalho foi rescindido por culpa do
empregador, condenando a reclamada a pagar as verbas rescisórias pleiteadas na
ação. Processo n. 00671-2008-009-03-00-7.
Alheios ao contrato – o empregado só está obrigado a executar serviços com-
patíveis com a sua função. Assim, pode solicitar a rescisão indireta nos casos de acú-
mulo ou desvio de função.
ACÚMULO DE FUNÇÕES CONFIGURADO. FALTA GRAVE DO EMPREGADOR. RES-
CISÃO INDIRETA. O acúmulo de funções se configura quando o trabalhador exer-
ce, de forma habitual e simultânea, funções paralelas que não são objeto do seu
contrato de trabalho, o que ficou demonstrado no caso dos autos. Assim, deve ser
mantida a sentença que deferiu o plus salarial e reconheceu a rescisão indireta,
tendo em vista que obrigar o empregado a executar serviços alheios ao seu con-
trato de trabalho configura falta grave do empregador. Recurso conhecido, mas
desprovido. (RO nº 0010580-77.2013.5.11.0010, 3ª Turma do TRT da 11ª Região/
AM-RR, Rel. Jorge Álvaro Marques Guedes. unânime, DEJT 28.01.2015).
RECURSO ORDINÁRIO PATRONAL. RESCISÃO INDIRETA. DESCUMPRIMENTO
DAS OBRIGAÇÕES DO CONTRATO POR PARTE DO EMPREGADOR. Comprovado
que a reclamada não efetuou alguns depósitos do FGTS, bem como foram exigi-
dos serviços alheios ao contrato, reconhece-se que houve o descumprimento das
obrigações decorrentes do contrato de trabalho firmado, o que autoriza a declara-
ção de rescisão indireta do contrato, conforme art. 483, “a” e “d”, da CLT. (Recurso
Ordinário nº 0000082-62.2013.5.14.0001, 1ª Turma do TRT da 14ª Região/AC-RO,
Rel. Elana Cardoso Lopes. j. 30.10.2013, unânime, DEJT 04.11.2013)
Homero Batista Mateus da Silva adverte, entretanto, que:
“A recepcionista dificilmente terá razão no pedido de rescisão indireta por haver
sido acrescentada a suas atividades a transmissão e o recebimento de fax, assim
como o empregado de carga e descarga não deve se espantar com o pedido de
conferência de carga. São situações conexas ou complementares a suas ativida-
des originais. (...) O que não se pode admitir é que o empregado vá comprar paco-
te de cigarros para o chefe, sendo uma secretária; fazer a feira para o proprietário
da empresa, sendo um vendedor; ou pagar contas na fila do banco, sendo ele um
torneiro mecânico, e assim por diante.”
Fundamento legal:
CLT, Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a
devida indenização quando:
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
A infração ocorre se o empregador submeter o obreiro, pelas condições do am-
biente laborativo ou pelo exercício de certa atividade ou tarefa, a risco não previsto no
contrato, ou que poderia ser evitado (uso de EPIs, por exemplo). Não se trata, porém,
do risco inerente ao próprio exercício profissional, que seja normal e inevitável a este
exercício (vigilante armado, por exemplo)25.
DESPEDIDA INDIRETA - PERIGO MANIFESTO DE MAL CONSIDERÁVEL - Tendo a
trabalhadora adquirido resistência aos produtos químicos utilizadas no processo
de produção da empresa, o que lhe causava reações alérgicas intensas, deveria
a empregadora ter alterado a sua função ou tê-la despedido sem justa causa. A
insistência de que a autora continuasse a trabalhar em contato com os alérge-
nos implica falta grave da empresa autorizadora da despedida indireta. PROC. Nº
0123/2001-005-24-00-0-RO.1 – TRT 24.
O art. 3º-B da Lei 13.079/2020, determinou que os estabelecimentos em fun-
cionamento durante a pandemia da Covid-19 são obrigados a fornecer gratuitamente
a seus funcionários e colaboradores máscaras de proteção individual, ainda que de
fabricação artesanal, sem prejuízo de outros equipamentos de proteção individual es-
tabelecidos pelas normas de segurança e saúde do trabalho.
5.1.4. NÃO CUMPRIR O CONTRATO DE TRABALHO
Fundamento legal:
CLT, Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a
devida indenização quando:
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
O TST26 vem entendendo que o descumprimento pelo empregador de obriga-
ções essenciais do contrato de trabalho, tais como o atraso reiterado no pagamento de
salários, a ausência de anotação do vínculo de emprego na CTPS do trabalhador, falta
dos depósitos do FGTS e de pagamento de 13º e férias, consubstancia justificativa su-
ficientemente grave para configurar a justa causa, por culpa do empregador, a ensejar
a rescisão indireta do pacto laboral, nos termos do artigo 483, “d”, da CLT.
O não pagamento de horas extras e a não concessão do intervalo para refeição,
também geram a rescisão indireta do contrato de trabalho:
“A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
RECLAMANTE. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. 1. RESCISÃO INDIRETA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES
CONTRATUAIS. SOBRE LABOR HABITUAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE HO-
RAS EXTRAS. I. A Corte Regional indeferiu o pedido da Reclamante de conversão
da demissão em rescisão indireta do contrato de trabalho , por entender que “ o
25 Ibidem, p. 1244
26 Processo: RR - 383-69.2013.5.09.0026. Data de Julgamento: 08/04/2015, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 10/04/2015
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
5.1.4.3.DRESS CODE
Dress code é um código de vestimenta que indica a maneira mais adequada
para se vestir em determinada ocasião, no caso, no trabalho para executar seus servi-
ços.
Custos com o dress code
O Tribunal Superior do Trabalho entende que cabe aos empregadores o forne-
cimento das vestimentas exigidas para o trabalho, também, ao ressarcimento de des-
pesas, caso eles as tenham adquirido as vestimentas. Assim, se houver um código de
padronização de vestimentas (dress code) na empresa, tal fato, se equipara ao uso de
uniforme. Decisões do TST sobre o tema
“RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A
ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VESTIMENTAS ESPECÍFICAS
EXIGIDAS PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE DO EMPRE-
GADOR PELO FORNECIMENTO OU PELO RESSARCIMENTO DAS DESPESAS DE-
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6. APOSENTADORIA ESPONTÂNEA
A aposentadoria é uma garantia constitucional, prevista no art. 201 da Consti-
tuição Federal de 1988, nos seguintes termos:
CF/88, Art. 201. (…)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos ter-
mos da lei, obedecidas as seguintes condições:
I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição,
se mulher;
II – sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mu-
lher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os
sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
A aposentadoria espontânea (idade ou por tempo de contribuição) não impede
o empregado de permanecer trabalhando, salvo se for aposentadoria por incapacida-
de permanente (antiga aposentadoria por invalidez). É o que determina o art. 168 do
Decreto n. 3.048/99:
“Salvo nos casos de aposentadoria por invalidez, o retorno do aposentado à ativi-
dade não prejudica o recebimento de sua aposentadoria, que será mantida no seu
valor integral”.
A aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de trabalho
se o empregado permanece prestando serviços ao empregador após a jubilação. As-
sim, por ocasião da sua dispensa imotivada, o empregado tem direito à multa de 40%
do FGTS sobre a totalidade dos depósitos efetuados no curso do pacto laboral. OJ-S-
DI1-361 do TST.
Exemplo: Antônio foi admitido em Fevereiro/2000 e, tendo completado o tem-
po de serviço necessário para aposentadoria em outubro/2010, requereu o benefício
junto ao INSS. Foi concedida a aposentadoria espontânea pelo INSS a partir de no-
vembro/2010. Mesmo aposentado, Antônio continuou prestando serviços à mesma
empresa, até que, em Dezembro/2016, foi demitido sem justa causa. O contrato de
trabalho de Antônio é um só, compreendendo o período de Fevereiro/2000 a Dezem-
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
bro/2016. Logo, como foi dispensado sem justa causa, Antônio tem direito à multa de
40% do FGTS calculada sobre todos os depósitos do FGTS, desde a sua admissão, e
não apenas sobre aqueles posteriores à aposentadoria.
6.1. VERBAS DEVIDAS:
Caso o empregado faça a opção por parar de trabalhar, o mesmo terá direito de
receber:
1. Saldo de salários.
2. Férias vencidas em dobro com adicional de 1/3.
3. Férias vencidas simples com adicional de 1/3.
4. Férias proporcionais com adicional de 1/3.
5. 13° salário vencido.
6. 13° salário proporcional.
7. FGTS 8% (saque).
7. FACTUM PRINCIPIS
Factum principis seria a modalidade de extinção do contrato de trabalho por
extinção do estabelecimento empresarial em decorrência de ato de autoridade muni-
cipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a
continuação da atividade empresarial.
Nesse sentido:
CLT, Art. 486 - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, moti-
vada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação
de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o
pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável.
O fato do príncipe decorre de ato geral (leis e regulamentos, por exemplo) do
Poder Público, não como parte contratual (Estado-administrador), mas como Estado-
-império (uso de supremacia). Hely Lopes Meirelles: “é toda determinação estatal, geral,
imprevista e imprevisível, positiva ou negativa, que onera substancialmente a execução
do contrato administrativo”
A empresa encerrou suas atividades em razão de ato de desapropriação do Po-
der Público e por consequência os contratos de trabalho foram rescindidos, por factum
principis, incumbindo ao órgão expropriante o pagamento da indenização devida aos
empregados.
A indenização mencionada no art. 486 da CLT, consiste apenas na multa com-
pensatória do FGTS, ou, nos contratos por prazo determinado, na indenização prevista
no art. 479.
7.1. COVID - 19 X FACTUM PRINCIPIS
A demissão dos empregados em decorrência das restrições impostas pelo Go-
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
verno para conter a pandemia pelo Covid-19 pode ser enquadrada como dispensa em
decorrência do fato do príncipe - factum principis?
Vejamos o entendimento da Lei e de um julgado da 4ª Turma do TST.
7.1.1. ENTENDIMENTO DA LEI
O art. 29 da Lei 14.020/2020 determinou que não se aplica factum principis
previsto no art. 486 da CLT para os casos de paralisação ou suspensão de atividades
empresariais determinada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal para o
enfrentamento do estado de calamidade pública em decorrência do Covid-19
Art. 29. Não se aplica o disposto no art. 486 da CLT, aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , na hipótese de paralisação ou suspensão de
atividades empresariais determinada por ato de autoridade municipal, estadual
ou federal para o enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido
pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente do coronavírus, de que trata a Lei
nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020 .
bilização do ente público pelo pagamento das verbas trabalhistas rescisórias, sob
pena de transferência do risco da atividade econômica para o próprio empregado.
VI. Sob esse enfoque, a redução das atividades de empresa concessionária de
transporte público decorrente da adoção de medidas para o enfrentamento da
pandemia da COVID-19 não configura fato do príncipe, hábil a atrair a incidência
do art. 486 da CLT, especialmente quando não houver a extinção da atividade
empresarial, mas, tão-somente sua redução e a Reclamada não adotar medidas
de mitigação dos prejuízos previstos no Programa Emergencial de Manutenção
do Emprego, criado pela Lei nº 14.020/2020. VII. Agravo de instrumento de que
se conhece e a que se nega provimento” (AIRR-397-42.2020.5.21.0004, 4ª Turma,
Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 22/10/2021).
Cito ainda, uma decisão do TRT da 6ª Região sobre o tema:
EMENTA: FATO PRÍNCIPE E FORÇA MAIOR. PANDEMIA (COVID 19). MEDIDAS
RESTRITIVAS. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. INOCORRÊNCIA. DISSOLUÇÃO
DO CONTRATO DE TRABALHO. VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS PELO EMPREGA-
DOR. O factum principis, de que trata o art. 486 da CLT, ocorre quando a Adminis-
tração Pública impossibilita a execução da atividade do empregador e, por conse-
guinte, o contrato de trabalho, de forma definitiva ou temporária, por intermédio
de lei ou ato administrativo envolvido de certa discricionariedade, estando ligado
às atividades normais. E, na hipótese, justamente em razão da excepcionalidade
do assolamento de uma pandemia, não se aplica a teoria do factum principis,
pois não há falar em discricionariedade do Governo do Estado de Pernambuco,
mas em necessidade de restrição/paralisação de serviços com o fito de preser-
var a saúde pública. E não obstante reconhecido pelo art. 1º, § único, da Medida
Provisória nº 927/2020, a força maior, inclusive para fins trabalhistas, nos moldes
do art. 501 da CLT, não se olvida que o empregado também enfrenta igual crise
decorrente da situação pandêmica em situação de desemprego. Sopesa-se que
os créditos trabalhistas possuem natureza alimentar e que a empresa, que detém
o risco da atividade econômica, mantém provisionamento e reserva de emergên-
cia para cumprimento das obrigações, inclusive porque, na hipótese, frise-se, não
houve demonstração de que a extinção do contrato de trabalho decorreu da restri-
ção imposta às atividades comerciais. Recurso empresarial improvido, no aspec-
to. (PROC. Nº. TRT - 0000637-45.2020.5.06.0102 - Data da publicação 16.09.2021)
8. EXTINÇÃO DA EMPRESA
A extinção da empresa acarreta a rescisão do contrato e, neste caso, será con-
siderado que ela se deu por iniciativa do empregador, sendo devidas ao empregado
todas as parcelas decorrentes da extinção – Súmula nº 44 do TST.
EXTINÇÃO DA EMPRESA. RESCISÃO DO CONTRATO SEM JUSTA CAUSA. VER-
BAS RESCISÓRIAS DEVIDAS. A extinção da empresa, com a consequente cessa-
ção da prestação de serviços, equivale à dispensa sem justa causa, conferindo
ao empregado direito às verbas rescisórias decorrentes da dispensa imotivada.
Recurso da reclamante a que se dá provimento, no particular. (Processo nº 00612-
2013-872-09-00-5, 7ª Turma do TRT da 9ª Região/PR, Rel. Benedito Xavier da Sil-
va. DEJT 11.10.2013).
desta Lei, além do direito à reparação pelo dano moral, faculta ao empregado op-
tar entre:
Dano moral nas palavras do Pablo Stolze30, “consiste na lesão de direito cujo
conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro. Em outras pala-
vras, podemos afirmar que o dano moral é aquele que lesiona a esfera personalíssima
da pessoa (seus direitos da personalidade), violando, por exemplo, sua intimidade, vida
privada, honra e imagem, bens jurídicos tutelados constitucionalmente.”
CLT, Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que
ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as
titulares exclusivas do direito à reparação.
CLT, Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoesti-
ma, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente
tutelados inerentes à pessoa física.
habituada com constantes inundações no bairro não pode alegar força maior na tercei-
ra enchente, nem o posto de gasolina pode alegar surpresa com o incêndio agravado
pela falta de extintores e de para-raios”.
A falta de manutenção do estabelecimento empresarial, que resulta em incên-
dio, desabamentos etc., por estes motivos, não resultam na força maior, não sendo
aplicado art. 501 da CLT.
Desta forma, reconhecida a força maior prevista no art. 501 da CLT, o emprega-
do tem direito de receber normalmente suas verbas rescisórias, com exceção da multa
do FGTS, que será de 20% conforme §2º, do art. 18 da Lei 8.036/90.
Lei 8.036/90, Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do
empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador
no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao
imediatamente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das
cominações legais.
§ 2º Quando ocorrer despedida por culpa recíproca ou força maior, reconhecida
pela Justiça do Trabalho, o percentual de que trata o § 1º será de 20 (vinte) por
cento.
VERBAS RESCISÓRIAS
1. SALDO DE SALÁRIO
1.1. INTRODUÇÃO
Saldo de salário corresponde à remuneração relativa ao número de dias em que
o empregado efetivamente trabalhou no mês da rescisão.
CLT, Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os
efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
Tal parcela, é devida em qualquer tipo de rescisão, seja ela sem justa causa /
com justa causa / rescisão indireta / pedido de demissão / culpa recíproca, etc.. Pos-
sui natureza salarial e tem a incidência de FGTS conforme determina a Súmula 63 do
TST.
TST, SUM 63 - FUNDO DE GARANTIA - A contribuição para o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço incide sobre a remuneração mensal devida ao empregado,
inclusive horas extras e adicionais eventuais.
2. FÉRIAS
2.1. INTRODUÇÃO
Todo empregado tem direito de receber férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal.
CF, Art. 7º inciso XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal;
CLT, Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de
férias, sem prejuízo da remuneração.
Características das férias conforme Maurício Godinho Delgado32:
CARÁTER IMPERATIVO: diz respeito à indisponibilidade do direito às férias, no
sentido de que não podem ser objeto de renúncia ou transação, nem mesmo de
transação prejudicial negociada no âmbito coletivo;
COMPOSIÇÃO TEMPORAL COMPLEXA: as férias são estipuladas proporcional-
mente, em um conjunto unitário de dias sequenciais. Tal característica se identifi-
ca com a ideia de continuidade das férias;
ANUALIDADE DE OCORRÊNCIA: as férias são fixadas após o transcurso do ano
contratual;
COMPOSIÇÃO OBRIGACIONAL MÚLTIPLA: as férias encerram várias obrigações
de natureza diversa, como a obrigação do empregador de fixar o período de férias
e avisar o empregado a respeito (obrigações de fazer), a obrigação do emprega-
dor de pagar a remuneração correspondente, incluído o terço constitucional (obri-
gação de dar), a obrigação do empregador de se abster de requisitar quaisquer
serviços do empregado durante o gozo das férias (obrigação de não fazer);
NATUREZA DE INTERRUPÇÃO CONTRATUAL: o gozo das férias constitui hipótese
típica de interrupção contratual, pois não há prestação de serviços, porém perma-
32 DELGADO, Maurício Godinho. “Curso de Direito do Trabalho”, 16° Ed. LTR, 2016, p. 1082-1083
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
33 https://portal.trt3.jus.br/internet/inicio/@@search?SearchableText=calculo
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
Art. 138 da CLT - Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a
outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de
trabalho regularmente mantido com aquele.
O art. 452-A, § 9º, que regulamenta o trabalho intermitente, não permite a con-
vocação pelo empregador, quando o empregado estiver de férias. Entretanto, este em-
pregado pode trabalhar para outros empregadores.
CLT, Art. 452-A, § 9º - A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir,
nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser
convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador.
A convocação do empregado para trabalhar no curso das férias, ainda que por
dois ou três dias apenas, frustra a mens legis de propiciar o necessário descanso ao
trabalhador, ensejando o direito ao pagamento em dobro de todo o período das férias.
Nesse sentido, a jurisprudência do TST:
“(...)1 - FÉRIAS INTERROMPIDAS. PAGAMENTO EM DOBRO DO PERÍODO INTE-
GRAL E NÃO APENAS DOS DIAS TRABALHADOS. No caso concreto, restou de-
monstrado que a reclamante foi chamada para trabalhar por três dias nas férias.
Todavia, a Corte de origem manteve a condenação da reclamada ao pagamento
em dobro apenas dos três dias trabalhados. O trabalho durante as férias torna irre-
gular a sua concessão, porquanto frustra a finalidade do instituto, gerando, assim,
o direito de o trabalhador recebê-las integralmente em dobro, e não apenas dos
dias trabalhados, nos termos do artigo 137 da CLT. Precedente. Recurso de revista
conhecido e provido. (...)” (TST-RR-684-94.2012.5.04.0024, 2ª Turma, rel. Min. De-
laíde Miranda Arantes, julgado em 2.10.2019)
“RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. 1. FÉRIAS. CONCESSÃO IRREGULAR.
PAGAMENTO EM DOBRO DO PERÍODO INTEGRAL. ART. 137 DA CLT “RECURSO
DE REVISTA. LEI 13.015/2014. 1. FÉRIAS. CONCESSÃO IRREGULAR. PAGAMEN-
TO EM DOBRO DO PERÍODO INTEGRAL. ART. 137 DA CLT. A concessão irregular
das férias acarreta o pagamento em dobro do período integral, na forma do art.
137 da CLT (RR - 383-47.2012.5.03.0034, Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Fi-
lho, 7ª Turma, DEJT: 19/08/2016). Recurso de revista de que se conhece e a que
se dá provimento.” (RR-111-45.2015.5.06.0008, 7ª Turma, Relator Desembargador
Convocado Roberto Nobrega de Almeida Filho, DEJT 31/05/2019).
Com a reforma trabalhista do ano de 2017, não integra base de cálculo das fé-
rias as importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, o auxílio-a-
limentação, vedado o seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem, os prêmios
e os abonos. Nesse sentido, o §2º do art. 457 da CLT:
CLT, art. 457 - [..]
§ 2º - As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, au-
xílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prê-
mios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam
ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo
trabalhista e previdenciário.
Somente as gratificações legais e de função vão ser base de cálculo das férias,
sendo assim, as demais gratificações com a reforma trabalhista do ano de 2017, não
integram a base de cálculo do aviso prévio. Nesse sentido, o §1º do art. 457 da CLT:
CLT, art. 457 - [..]
§ 1º - Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as
comissões pagas pelo empregador.
cessivo, conforme o art. 137, da CLT, e não quando não realizado o pagamento
com antecedência de dois dias. O não pagamento das férias dento do prazo pre-
visto neste artigo gera, apenas, o surgimento de multa administrativa.
O pagamento antecipado do terço constitucional não afasta o pagamento da
dobra prevista no art. 137 da CLT, haja vista a lei determinar que a respectiva remune-
ração, incluído o terço constitucional e, se for o caso, o abono indenizatório previsto
no art. 143 da CLT, sejam pagos até dois dias antes do início do respectivo período,
conforme estabelece o art. 145 da CLT. Nesse sentido:
“EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014, PELO CPC/2015 E PELA INS-
TRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.
IMBEL. FÉRIAS. FRUIÇÃO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PRAZO DO ARTIGO 145 DA CLT.
ATRASO DE APENAS DOIS DIAS NO PAGAMENTO. JURISPRUDÊNCIA DO TRIBU-
NAL PLENO. O artigo 7º, inciso XVII, da Constituição Federal confere ao trabalha-
dor o direito ao gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de um terço a mais
que o valor do salário. Também é direito do empregado perceber o pagamento
da remuneração das férias até dois dias antes do início do respectivo período,
nos termos do artigo 145 da CLT. O artigo 137 da CLT, por sua vez, preconiza que
o gozo do período das férias, após o término do período concessivo, acarreta a
obrigação do pagamento em dobro da remuneração devida. Disso resulta a con-
clusão de que, tanto no caso da concessão do próprio período de férias em atraso
quanto na hipótese do gozo desse benefício ter se dado no prazo, mas com o
pagamento em atraso do valor correspondente (até mesmo após o usufruto das
férias), é devido o pagamento em dobro da parcela, com o respectivo adicional de
1/3, que deve ser calculado sobre o valor total das férias, inclusive sobre a dobra.
Desse modo, cabe ao empregador, ao conceder o gozo das férias ao seu empre-
gado, observar o disposto no artigo 145 da CLT, que preconiza que o pagamento
da remuneração das férias e, se for o caso, do abono citado no artigo 143 seja
efetuado até dois dias antes do início do respectivo período, sob pena de pagá-las
em dobro, conforme previsto no artigo 137 da CLT. Assim, férias desfrutadas na
época própria, porém pagas fora do prazo previsto no artigo 145 da CLT, também
ensejam a condenação do empregador ao pagamento do período em dobro, por
aplicação analógica do artigo 137 da CLT, pois significa, por via transversa, que o
empregador inviabilizou o gozo das férias, infringindo o mesmo valor que o legisla-
dor pretendeu preservar. Nesse sentido, a Súmula nº 450 desta Corte, que resultou
da conversão da Orientação Jurisprudencial nº 386 da SbDI-1 do TST: “É devido
o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional,
com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o em-
pregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma le-
gal”. Não obstante, em julgamento realizado em 15/3/2021, em que fiquei vencido,
o Pleno deste Tribunal firmou a tese de que o atraso ínfimo, de até 2 dias, na qui-
tação das férias, não implica o pagamento em dobro da respectiva remuneração
(TST-E-RR-10128-11.2016.5.15.0088, acórdão publicado no DEJT em 8/4/2021).
Diante do exposto, ressalvado o entendimento pessoal deste Relator , adota-se o
entendimento do Pleno desta Corte superior, por disciplina judicial. Embargos não
conhecidos” (E-RR-10936-50.2015.5.15.0088, Subseção I Especializada em Dissí-
dios Individuais, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 05/11/2021).
“EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014, PELO CPC/2015 E PELA INS-
TRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.
IMBEL. FÉRIAS. FRUIÇÃO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PRAZO DO ARTIGO 145 DA CLT.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
fora” foi reconhecida em juízo, porém o TRT entendeu que o pagamento a menor
das férias não se confunde com o pagamento intempestivo previsto na Súmula
nº 450 do TST. 4 - No caso, constatado que o juízo reconheceu o pagamento de
parcela extrafolha de salário, o qual não foi computado devidamente para o cálcu-
lo do pagamento de férias, denota-se contrariedade à Súmula nº 450 do TST, haja
vista que o real valor devido ao reclamante não foi efetuado dentro do prazo legal.
5 - O pagamento a menor não importa quitação da parcela. Permitir que a recla-
mada desconsidere parte relevante das verbas salariais - pagas extrafolha como
forma de fraudar a legislação trabalhista, previdenciária e tributária - no cálculo
das férias resulta em chancelar a prática ilegal. 6 - Recurso de revista de que se
conhece e a que se dá provimento” (RR-1820-13.2015.5.02.0078, 6ª Turma, Rela-
tora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT 14/02/2020).
(...)
XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que
o salário normal;
3. AVISO PRÉVIO
3.1. CABIMENTO DO AVISO PRÉVIO.
O aviso prévio é cabível nas seguintes situações:
(1) Extinção sem justa causa nos contratos indeterminados, seja por iniciativa do em-
pregador ou do empregado;
CLT, Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser
rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência
mínima de:
(2) Rescisão indireta do contrato de trabalho;
CLT, Art. 487 – [..]
§ 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta.
(3) Extinção antecipada do contrato a termo que contenha cláusula assecuratória dos
direitos recíprocos;
CLT, Art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula as-
securatória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado,
aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios
que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
TST, SUM 163 - AVISO PRÉVIO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA - Cabe aviso prévio
nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na forma do art. 481 da
CLT.
(4) Rescisão por culpa recíproca, hipótese em que é devido pela metade. Segundo Mar-
celo Moura41;
41 MOURA, Marcelo. Consolidação das Leis do Trabalho para Concursos. 6. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 563.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
“Quer isso dizer que o trabalhador que complete um ano de serviço na entidade
empregadora terá direito ao aviso de 30 dias, mais três dias em face da propor-
cionalidade. A cada ano subsequente, desponta o acréscimo de mais três dias.
Desse modo, completando o segundo ano de serviço na empresa, terá 30 dias de
aviso prévio, mais seis dias, a título de proporcionalidade da figura jurídica, e assim
sucessivamente. No 20° ano de serviço na mesma empregadora, terá direito a 30
dias de aviso prévio normal, mais 60 dias a título de proporcionalidade do institu-
to”. (grifos no original)
Nesse sentido, a jurisprudência do TST;
(…) 2. AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL AO TEMPO DE SERVIÇO. DIFERENÇAS. Pri-
meiro ano completo de serviço. A Lei n° 12.506/2011 em destaque é clara ao es-
tabelecer que terá direito ao aviso prévio de 30 dias os empregados que contem
com até 1 ano de serviço. Completo o primeiro ano, o lapso não pode ser ignorado
para fins de contagem do aviso prévio proporcional. Assim, é devido ao autor o
acréscimo de ; dias, relativo ao primeiro ano de serviço, ao aviso prévio mínimo,
resguardado o limite de 60 dias. Recurso de revista conhecido e provido. (…) (TST,
3a Turma, RR-472-35.2013.5.03.0002, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, DEJT 06.06.2014).
Segue abaixo a tabela conforme Nota Técnica nº 184/2012/CGRT/SRT/MTE.
15 75
16 78
17 81
18 84
19 87
20 90
Segundo a OJ 82 DA SDI-1 do TST, a data de saída a ser anotada na CTPS deve
corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado, pois, o pra-
zo do aviso prévio indenizado, integra – projeta - o tempo do serviço, devendo tal prazo,
ser levado em consideração no cálculo das férias proporcionais, 13º salários, FGTS 8%,
reajuste salarial e início da contagem do prazo prescricional. Nesse sentido, o §1º, §6º
ambos do art. 487 da CLT, e OJ 83 da SDI-1 do TST:
CLT, Art. 487 – [..]
§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito
aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração
desse período no seu tempo de serviço.
§ 6o - O reajustamento salarial coletivo, determinado no curso do aviso prévio,
beneficia o empregado pré-avisado da despedida, mesmo que tenha recebido an-
tecipadamente os salários correspondentes ao período do aviso, que integra seu
tempo de serviço para todos os efeitos legais.
TST, OJ n. 83 da SDI-1 - AVISO PRÉVIO. INDENIZADO. PRESCRIÇÃO. A prescrição
começa a fluir no final da data do término do aviso prévio. Art. 487, § 1º, CLT.
lidade restringe-se ao aviso-prévio de 30 dias que tem de ser concedido também pelo
empregado a seu empregador, caso queira pedir demissão (caput do art. 487 da CLT),
sob pena de poder sofrer o desconto correspondente ao prazo descumprido (art. 487,
§ 2º, CLT).
A SBDI-I do TST, já decidiu que a proporcionalidade do aviso prévio, prevista na
Lei nº 12.506/2011, é um direito exclusivo do trabalhador, de modo que sua exigên-
cia pelo empregador impõe o pagamento de indenização pelo período excedente a 30
(trinta) dias:
EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTOS NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014 - AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL - LEI Nº 12.506/2011 - OBRIGA-
ÇÃO LIMITADA AO EMPREGADOR - AUSÊNCIA DE RECIPROCIDADE - Com a res-
salva de meu entendimento, a C. SBDI-I já decidiu que a proporcionalidade do avi-
so prévio, prevista na Lei nº 12.506/2011, é um direito exclusivo do trabalhador,
de modo que sua exigência pelo empregador impõe o pagamento de indenização
pelo período excedente a 30 (trinta) dias (E-RR-1964-73.2013.5.09.0009, Relator
Ministro Hugo Carlos Scheuermann, SBDI-I, DEJT 29/9/2017). Embargos conhe-
cidos e providos. Processo: E-RR - 987-25.2013.5.04.0008 Data de Julgamento:
06/09/2018, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Subseção I Espe-
cializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 14/09/2018.
RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A
ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL. ALTERAÇÃO DA LEI
12.506/2011. OBRIGAÇÃO LIMITADA AO EMPREGADOR. AUSÊNCIA DE RECIPRO-
CIDADE. A proporcionalidade do aviso prévio a que se refere a Lei 12.506/2001
apenas pode ser exigida da empresa, uma vez que entendimento em contrário,
qual seja, exigir que também o trabalhador cumpra aviso prévio superior aos ori-
ginários 30 dias, constituiria alteração legislativa prejudicial ao empregado, o que,
pelos princípios que norteiam o ordenamento jurídico trabalhista, não se pode ad-
mitir. Dessarte, conclui-se que a norma relativa ao aviso prévio proporcional não
guarda a mesma bilateralidade característica da exigência de 30 dias, essa sim
obrigatória a qualquer das partes que intentarem resilir o contrato de emprego.
Recurso de embargos conhecido e provido. (E-RR - 1964-73.2013.5.09.0009, Rela-
tor Ministro Hugo Carlos Scheuermann, SBDI-I, DEJT 29/9/2017)
Em sentido contrário (tese minoritária):
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. AVI-
SO-PRÉVIO. PROPORCIONALIDADE AO TEMPO DE SERVIÇO. DIREITO DO EMPRE-
GADO E DO EMPREGADOR. BILATERALIDADE 1. O aviso-prévio é obrigação recí-
proca de empregado e de empregador, em caso de rescisão unilateral do contrato
de trabalho, sem justa causa, como deriva do art. 487, caput, da CLT. A circuns-
tância de o art. 1º da Lei nº 12.506/2011 haver regulamentado o aviso-prévio pro-
porcional ao tempo de serviço dos empregados não significa que não se aplica
a referida proporcionalidade também em favor do empregador. A própria Lei nº
12.506/2011 reporta-se expressamente ao aviso-prévio de que trata “o Capítulo
VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho”, cujo art. 487 alude “à parte”
que, sem justo motivo, “quiser rescindir”, aplicando a ambos os sujeitos do con-
trato de emprego a mesma duração do aviso-prévio. A nova lei somente mudou a
duração do aviso-prévio, tomando em conta o maior ou menor tempo de serviço
do empregado. 2. Afrontaria o princípio constitucional da isonomia reconhecer,
sem justificativa plausível para tal discrímen, a duração diferenciada para o aviso-
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
(2) faltar por sete dias corridos durante o prazo do aviso prévio.
Nesse sentido, o art. 488 da CLT:
CLT, Art. 488 - O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do
aviso, e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de 2
(duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral.
Parágrafo único - É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2 (duas)
horas diárias previstas neste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço, sem
prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do inciso l, e por 7 (sete)
dias corridos, na hipótese do inciso II do art. 487 desta Consolidação.
Cito como exemplo, o seguinte caso:
“Após treze meses de contrato de trabalho, Mariana recebeu aviso prévio de sua
empregadora comunicando que o seu contrato seria extinto sem justa causa. As-
sim, Mariana poderá optar em ter seu horário de trabalho reduzido em duas horas
diárias ou faltar ao serviço por sete dias corridos”.
Não é lícito pedir o tempo correspondente à redução de jornada (duas horas
diárias) como horas extraordinárias, consoante preconiza a Súmula 230 do TST.
SUM 230 do TST - AVISO PRÉVIO. SUBSTITUIÇÃO PELO PAGAMENTO DAS HO-
RAS REDUZIDAS DA JORNADA DE TRABALHO - É ilegal substituir o período que
se reduz da jornada de trabalho, no aviso prévio, pelo pagamento das horas cor-
respondentes.
Agora se é o empregado quem pede demissão e vai cumprir o aviso, seu horário
de trabalho deverá ser normal.
3.7. COMO É QUE SE CALCULA O AVISO PRÉVIO?
A base de cálculo do aviso prévio é o salário, levando em consideração os salá-
rios condições. Segundo Godinho43:
F) Salário Condição — A doutrina e a jurisprudência referem-se à expressão salá-
rio condição. Compreende esta figura o conjunto de parcelas salariais pagas ao
empregado em virtude do exercício contratual em circunstâncias específicas, cuja
permanência seja incerta ao longo do contrato. Não obstante o salário básico não
tenha esse caráter — em virtude dos riscos empregatícios assumidos pelo empre-
gador e do princípio da irredutibilidade salarial —, há certas parcelas contratuais
que se compatibilizam com a ideia de salário condição, podendo, desse modo, ser,
a princípio, suprimidas caso desaparecida a circunstância ou o fato que determi-
nava seu pagamento. É o que se passa, por exemplo, com os adicionais de insalu-
bridade e periculosidade (art. 194, CLT, e Súmulas 80 e 248, TST), com o adicional
noturno (Súmulas 60 e 265, TST), com a parcela de horas extras e respectivo adi-
cional (Súmula 291, produzindo “revisão” do antigo Enunciado 76, TST), e também
com o adicional de transferência (art. 469, § 3Q, CLT; OJ 113, SDI-I/TST).
Como a base de cálculo não é a remuneração, as gorjetas não integram o cál-
culo. Nesse sentido, a Súmula 354 do TST:
TST, SUM 354 - GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES - As gorjetas,
cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente
pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de
43 DELGADO, Maurício Godinho. “Curso de Direito do Trabalho”, 16° Ed. LTR, 2016, p. 792.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
4. - 13º SALÁRIO
4.1. INTRODUÇÃO
O décimo terceiro salário é uma gratificação salarial obrigatória destinada aos
45 Direito do Trabalho Esquematizado. Ano 2014.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
trabalhista e previdenciário.
Somente as gratificações legais vão ser base de cálculo do FGTS, sendo assim,
as demais gratificações com a reforma trabalhista do ano de 2017, não integram a
base de cálculo do aviso prévio. Nesse sentido, o §1º do art. 457 da CLT:
CLT, art. 457 - [..]
§ 1º - Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as
comissões pagas pelo empregador.
Acrescentou-se à Lei 8.036, de 1990, o artigo 19-A, exigindo a incidência do
FGTS sobre os salários pagos ou devidos por força de contrato de emprego com ente
público que tenha sido declarado nulo, por não se ter submetido o empregado ao con-
curso de provas ou de provas e títulos. Nesse sentido, a súmula 363 do TST:
SUM 363 DO TST - CONTRATO NULO. EFEITOS - A contratação de servidor público,
após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no
respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da con-
traprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o
valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.
É importante alertar, que o FGTS do Aprendiz é de 2% (CLT, Art. 428).
Art. 15. (...)
§ 7º - Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se refere o caput deste
artigo reduzida para dois por cento.
ses;
c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (oitenta) por cento do montante da
prestação;
VI – liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de financiamento
imobiliário, observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Curador, dentre
elas a de que o financiamento seja concedido no âmbito do SFH e haja interstício
mínimo de 2 (dois) anos para cada movimentação;
VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote
urbanizado de interesse social não construído, observadas as seguintes condi-
ções:
a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho sob o regi-
me do FGTS, na mesma empresa ou empresas diferentes;
b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o SFH;
VIII – quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos fora do regime do
FGTS;
IX – extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores temporá-
rios regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974;
X – suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90 (no-
venta) dias, comprovada por declaração do sindicato representativo da categoria
profissional;
XI – quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de
neoplasia maligna;
XII – aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, regidos pela Lei n°
6.385, de 7 de dezembro de 1976, permitida a utilização máxima de 50% (cinquen-
ta por cento) do saldo existente e disponível em sua conta vinculada do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço, na data em que exercer a opção;
XIII – quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for portador do
vírus HIV;
XIV – quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes estiver em estágio
terminal, em razão de doença grave, nos termos do regulamento;
XV – quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a setenta anos;
XVI – necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural,
conforme disposto em regulamento6, observadas as seguintes condições:
a) o trabalhador deverá ser residente em áreas comprovadamente atingidas de
Município ou do Distrito Federal em situação de emergência ou em estado de ca-
lamidade pública, formalmente reconhecidos pelo Governo Federal;
b) a solicitação de movimentação da conta vinculada será admitida até 90 (no-
venta) dias após a publicação do ato de reconhecimento, pelo Governo Federal, da
situação de emergência ou de estado de calamidade pública; e
c) o valor máximo do saque da conta vinculada será definido na forma do regula-
mento;
XVII – integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o disposto na alínea “i” do
inciso XIII do art. 5º desta Lei, permitida a utilização máxima de 30% (trinta por
cento) do saldo existente e disponível na data em que exercer a opção.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
6. MULTA DO FGTS
6.1. INTRODUÇÃO
Sendo o empregado dispensado sem justa causa ou declarada a rescisão indi-
reta do contrato de trabalho, assiste-lhe o direito, ainda, a indenização de valor equiva-
lente a 40% do montante dos depósitos em sua conta vinculada, acrescido de juros e
correção monetária na forma do art. §1º do art. 18 da Lei 8.036/90.
Lei 8.036/90, Art. 18. [..]
§ 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este,
na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cen-
to do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a
vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos
respectivos juros.
ção, os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, João Oreste Dalaze n,
Brito Pereira, Maria Cristina lrigoyen Peduzzi, Lelio Sentes Corrêa, Delaíde Miran-
da Arantes e Alexandre Agra Belmonte. TST-E-RR-7000-10.2006.5.10.0011,SBDl-1,
rei. Min. Augusto César Leite de Carvalh o, red. p/ acórdão Min. Luiz Philippe Vieira
de Mello Filho, 26.9.2013.
7. SEGURO-DESEMPREGO
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
7.1. INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 em seu art. 7º, inciso II, prevê o direito ao se-
guro-desemprego. O empregado vai ter direito de receber em caso de desemprego
involuntário, sendo ainda previsto no artigo 201, inciso III, da Constituição Federal, a
proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário como risco social a
ser coberto pelo Regime Geral de Previdência Social.
Frederico Amado46, explica que: “o seguro-desemprego deveria ser, mas não é
benefício previdenciário, pois não previsto no Plano de Benefícios da Previdência So-
cial, sendo pago pelo Ministério do Trabalho, com recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador – FAT”.
E continua o renomado autor, “conquanto se trate de tema polêmico, entende-se
que o seguro-desemprego deve ser enquadrado como benefício assistencial, tendo em
conta inexistir contribuição direta dos seus beneficiários”.
Artigos da Lei 7.998/90:
Art. 3º - Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado
sem justa causa que comprove:
I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou de pessoa física a ela equiparada,
relativos a:
a) pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18 (dezoito) meses imediatamente
anteriores à data de dispensa, quando da primeira solicitação;
b) pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze) meses imediatamente ante-
riores à data de dispensa, quando da segunda solicitação; e
c) cada um dos 6 (seis) meses imediatamente anteriores à data de dispensa,
quando das demais solicitações;
III - não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continua-
da, previsto no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, excetuado o
auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro
de 1976, bem como o abono de permanência em serviço previsto na Lei nº 5.890,
de 8 de junho de 1973;
IV - não estar em gozo do auxílio-desemprego; e
V - não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção
e de sua família.
Art. 4o - O benefício do seguro-desemprego será concedido ao trabalhador de-
sempregado, por período máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma
contínua ou alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa
que deu origem à última habilitação, cuja duração será definida pelo Conselho
Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).
8.3.2. COMPENSAÇÃO
Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não
poderá exceder o equivalente a 1 (um) mês de remuneração do empregado. (CLT, Art.
477, § 5º)
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
8.3.3. PRAZO
Com a reforma trabalhista do ano de 2017 (Lei 13.467/2017), as empresas de-
vem entregar aos empregados os documentos que comprovem a comunicação da
extinção contratual aos órgãos competentes, bem como efetuar o pagamento dos va-
lores da rescisão contratual, no prazo de dez dias, contados a partir do término do
contrato.
Nesse sentido, a redação do § 6º do art. 477 da CLT:
CLT, art. 477 – Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder
à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa
aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo
e na forma estabelecidos neste artigo.
§ 6º - A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação
da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos va-
lores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser
efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato.
Em resumo, o empregador possui as seguintes obrigações:
> Dar baixa na CTPS;
> Comunicar os órgãos competentes; e
> Pagar as verbas rescisórias no prazo legal.
Segundo a OJ 162 da SDI-1 do TST, a contagem do prazo para o pagamento das
verbas rescisórias exclui o dia da notificação da demissão e inclui o dia do vencimento.
TST, OJ 162 da SDI-1 - A contagem do prazo para quitação das verbas decorren-
tes da rescisão contratual prevista no artigo 477 da CLT exclui necessariamente
o dia da notificação da demissão e inclui o dia do vencimento, em obediência ao
disposto no artigo 132 do Código Civil de 2002.
Nos casos de rescisão contratual sem justa causa com o aviso prévio indeni-
zado, o prazo de 10 dias previsto no § 6º do art. 477 da CLT flui a partir do último dia
efetivamente laborado e, não do fim da projeção do aviso prévio indenizado.
Nesse sentido:
VERBAS RESCISÓRIAS. CONTAGEM DO PRAZO PARA PAGAMENTO. AVISO-PRÉ-
VIO INDENIZADO. LEI 13.467/2017. Embora a nova redação do § 6º do art. 477
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
da CLT, introduzida pela Lei 13.467/2017, disponha que o pagamento dos valores
constantes do instrumento de rescisão deverão ser efetuados até dez dias conta-
dos a partir do término do contrato, considera-se que este prazo, na hipótese do
aviso-prévio se dar de forma indenizada, começa a correr a partir do término da
prestação laboral. No caso em análise o aviso-prévio é de 90 dias. O trabalhador
não pode esperar até o final do período de projeção do aviso-prévio indenizado
para receber os “documentos que comprovem a comunicação da extinção con-
tratual aos órgãos competentes” e o pagamento dos valores rescisórios devidos,
razão pela qual a interpretação teleológica é de que o prazo previsto no § 6º do art.
477 da CLT flui a partir do último dia efetivamente laborado. Recurso do reclaman-
te provido no aspecto. (RO nº 0020934-38.2018.5.04.0801, 4ª Turma do TRT da 4ª
Região/RS, Rel. André Reverbel Fernandes. j. 19.06.2019, unânime).
Na mesma linha, são os esclarecimentos prestados pela doutrina especializada:
Mauricio Godinho.
Como a nova Lei revogou as alíneas “a” e “b” do § 6º precedente - dispositivos que
faziam diferenciação no critério de contagem desse prazo de dez dias -, deve-se
interpretar que a intenção legal foi a de estabelecer prazo único de dez dias con-
tado do dia do término efetivo do contrato (se não houver aviso prévio - caso de
contratos a termo) ou do dia do término fático do contrato de trabalho, se houver
aviso prévio indenizado (ou seja, do dia da comunicação do pré-aviso) ou se se
tratar de pedido de demissão pelo próprio empregado, com dispensa de cumpri-
mento de seu aviso. DELGADO, Mauricio Godinho. A reforma trabalhista no Brasil:
com os comentários à Lei n. 13.467/2017 I Mauricio Godinho Delgado, Gabriela
Neves Delgado. - São Paulo: LTr, 2017. Pág. 179.
Homero Mateus.
Prefira interpretar esse dispositivo como 10 dias após a cessação da prestação de
serviços, não se projetando o aviso prévio indenizado para, ao depois, computar o
prazo, sob pena de frustração do procedimento rescisório e do acesso ao traba-
lhador do dinheiro necessário para fazer frente ao período de desemprego. (SILVA,
Homero Mateus da. Comentários à reforma trabalhista, 2 Ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2017)
Vólia Bomfim.
Houve uniformização do prazo para pagamento: 10 dias. O § 6° do art. 477 aponta
que o prazo flui da extinção do contrato. Ora, o legislador cometeu um equívoco
ao fixar um único marco para o início da contagem do prazo de dez dias, pois não
distinguiu o trabalhador que trabalha até o fim do contrato daquele que recebe o
aviso prévio indenizado. Imaginemos um empregado com 25 anos de casa, de-
mitido sem justa causa, com aviso prévio indenizado. Não é crível imaginar que o
empregador teria 100 dias para pagar as verbas da rescisão, aí incluídos o salário
e a liberação do FGTS. Não foi esta a intenção do legislador. Desta forma, a melhor
interpretação que se extrai do final do§ 6° do art. 477 da CLT é que o prazo de 10
dias é contado da extinção efetiva do contrato, salvo nas hipóteses em que o aviso
prévio é indenizado, quando a contagem deve ser feita da comunicação da dispen-
sa. (CASSAR, Vólia Bomfim; BORGES, Leonardo Dias. Comentários à reforma. - 2.
ed. Rio de janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018. Pág. 87)
Marcelo Moura.
Com a redação da Lei nº 13.467, de 13.07.2017 o prazo passou a ser de 10 dias
contados a partir do término do contrato de trabalho, qualquer que seja a modali-
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
dade de aviso prévio. Pois bem, o prazo foi ampliado para a hipótese de aviso pré-
vio trabalhado, mas nada mudou para o aviso prévio indenizado, pois o prazo era
de 10 dias. O “aviso prévio trabalhado em casa: prática extremamente condenável
pela jurisprudência, representa burla ao instituto jurídico referido e à sua finalida-
de. A jurisprudência do TST, portanto, através da OJ nº 14, da SBDI-1, concede a
esta burla o mesmo efeito do aviso prévio indenizado, contando-se o prazo para
pagamento das verbas resilitórias conforme art. 477, § 6°. (MOURA, Marcelo. Re-
forma Trabalhista -Salvador: JusPODIVM, 2018. Pág. 188)
Gustavo Filipe
Em caso de aviso prévio indenizado (art. 487, § 1 º, da CLT), embora a questão
possa gerar controvérsia, defende-se o entendimento de que o mencionado pra-
zo de 10 dias, segundo a previsão do art. 477, § 6° , da CLT, deve ser contato do
término do contrato de trabalho em si, isto é, sem considerar a projeção do aviso
prévio indenizado, a qual não posterga o término do pacto laboral em si. (GAR-
CIA, Gustavo Filipe Barbosa. Reforma Trabalhista. 2.ed. Salvador: Ed. JusPODIVM,
2017. Pág. 173)
Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, DEJT 07/10/2016)
Desta forma, quando o empregado recebe salário variável, não se justifica a
aplicação, como base de cálculo para as verbas rescisórias, da maior remuneração
que tenha percebido durante o contrato. A base de cálculo correta para tais casos, será
a média dos últimos 12 meses de trabalho. Nesse sentido:
“PROFESSOR. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL. VERBAS RESCISÓRIAS. BASE DE CÁL-
CULO. média remuneratória dos últimos doze meses de prestação de serviços. O
Tribunal de origem, com fundamento no art. 477 da CLT, consignou que a base de
cálculo das verbas rescisórias devidas à reclamante deveria corresponder à maior
remuneração recebida. Trata-se, na hipótese, de professora que percebia remune-
ração variável a partir das horas-aulas prestadas. Na hipótese de empregado com
remuneração variável, como a do professor que é remunerado a partir da quan-
tidade de horas-aulas ministradas, a jurisprudência dessa Corte é no sentido de
que as verbas rescisórias devem ser calculadas a partir da média remuneratória
dos últimos doze meses de prestação de serviços, à luz do disposto no art. 487,
§ 3.º, da CLT. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.” (RR - 733-
72.2011.5.01.0051, Relatora: Ministra Maria Helena Mallmann, 2.ª Turma, DEJT
17/8/2018.)
“VERBAS RESCISÓRIAS. BASE DE CÁLCULO. MÉDIA DA REMUNERAÇÃO. 1 - A base
de cálculo das verbas rescisórias do professor, que recebe por hora-aula trabalha-
da, deve ser a média da remuneração dos últimos 12 meses, conforme dispõe o
art. 487, § 3.º, da CLT, aplicado analogicamente. Julgados. 2 - Recurso de revista
de que se conhece e a que se dá provimento.” (RR - 147600-23.2008.5.01.0024,
Relatora: Ministra Kátia Magalhães Arruda, 6.ª Turma, DEJT 17/8/2018.)
“[...]. VERBAS RESCISÓRIAS. BASE DE CÁLCULO. PROFESSOR. REMUNERAÇÃO
VARIÁVEL. PROVIMENTO. O egrégio Tribunal Regional determinou que as verbas
rescisórias fossem pagas sobre a maior remuneração recebida pela autora. No
entanto, o artigo 477, caput, da CLT, prevê indenização devida aos empregados
estáveis contratados antes do advento do FGTS, paga na base da maior remune-
ração, no caso de dispensa sem justa causa em contrato por prazo indeterminado,
nada tratando da base de cálculo das verbas rescisórias do empregado, razão
pela qual não há como se extrair do referido dispositivo que as verbas rescisórias
devam ser calculadas utilizando sua maior remuneração recebida durante toda a
contratualidade. Como a Reclamante exercia a função de professora, com salário
variável, as verbas rescisórias devem ser calculadas com base na média remu-
neratória dos últimos doze meses, nos termos do artigo 487, §3.º, da CLT. Pre-
cedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.” (ARR
- 108800-63.2008.5.01.0043, Relator: Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos,
4.ª Turma, DEJT 22/6/2018.)
“VERBAS RESCISÓRIAS. APURAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. MAIOR REMUNERAÇÃO.
ARTIGO 477 DA CLT. A previsão contida no art. 477 da CLT refere-se à base de cál-
culo da indenização nele prevista, e não das verbas rescisórias a serem quitadas
no momento da rescisão contratual. Assim dispõe esse dispositivo: ‘Art. 477 - É
assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação
do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das
relações de trabalho, o direto de haver do empregador uma indenização, paga na
base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa’. Nesse sen-
tido é o entendimento dominante desta Corte. Recurso de revista não conhecido.”
(RR - 55200-63.2007.5.01.0011, Relator: Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2.ª
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
477, § 8º, da CLT, porque tal fato não é suficiente para caracterizar a dúvida razoá-
vel quanto à existência da relação jurídica. Precedentes. Aplicação da Súmula nº
333 desta Corte e do § 4º do artigo 896 da CLT. Recurso de revista de que não se
conhece. (RR nº 0329900-50.2009.5.04.0018, 7ª Turma do TST, Rel. Cláudio Mas-
carenhas Brandão. unânime, DEJT 30.06.2016).
“EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ARTIGO 477, § 8o, DA CLT.
RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO EM JUÍZO. Após o cancelamento
da Orientação Jurisprudência! n° 351 da SBDI-1, a jurisprudência desta c. Corte se
firmou no sentido de que a decisão judicial que reconhece a existência de vínculo
de emprego apenas declara situação fática preexistente, o que impõe a incidência
da multa do artigo 477, § 8o, da CLT pelo atraso no pagamento das verbas res-
cisórias. Precedentes desta e. Subseção. Recurso de embargos conhecido por
divergência jurisprudencial e não provido.” (E-RR 16000-62.2011.5.13.0015 , Rela-
tor Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/3/2014,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
28/3/2014.)
“RECURSO DE EMBARGOS. RECONHECIMENTO JUDICIAL DO VÍNCULO DE EM-
PREGO. MULTA DO ART. 477 DA CLT. RECURSO DE REVISTA NÂO CONHECIDO.
A jurisprudência atual e iterativa desta c. Corte não faz distinção em relação à
incidência da multa do art. 477 da CLT, quando ausente o pagamento das parce-
las rescisórias, independentemente do fato de a dispensa por justa causa ter sido
revertida judicialmente, sendo devida a multa prevista no § 8o do art. 477 da CLT
em tais casos. Precedentes. Embargos conhecidos e desprovidos.” (E-RR - 1372-
14.2010.5.03.0005, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento:
21/11/2013, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publica-
ção: DEJT 29/11/2013. Decisão unânime.)
5.11.2015.
Outros julgados sobre o assunto:
AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE
DE DECISÃO PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ATRASO NO PA-
GAMENTO DA INDENIZAÇÃO DE 40% DO FGTS . PARCELA RESCISÓRIA INCON-
TROVERSA. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. A multa prevista no artigo 477, §
8º, da CLT refere-se à mora no pagamento das parcelas rescisórias, de modo que
sua aplicação está condicionada à quitação intempestiva das verbas constantes
do instrumento de rescisão contratual, observando-se o prazo a que alude o §
6º do mesmo dispositivo legal. No caso específico dos autos, a indenização de
40% sobre o FGTS é verba rescisória incontroversa, devida em razão da despedida
imotivada do recorrido, sujeita, portanto, às penas fixadas no artigo 477, § 8º, da
CLT. Agravo conhecido e não provido. (Ag-AIRR-154-50.2016.5.10.0811, 7ª Turma,
Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT 01/06/2018).
“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/14 - MULTA
DO ART. 477 DA CLT. ATRASO NO PAGAMENTO DA MULTA DE 40% DO FGTS. A
mora no pagamento da multa de 40% sobre o FGTS enseja a incidência da multa
prevista no art. 477, § 8º, da CLT, por se tratar de parcela de natureza rescisória.
Julgados. Recurso de revista não conhecido.” (RR - 820-70.2014.5.10.0019, Re-
lator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, Data de Julgamento: 17/05/2017, 8ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 19/05/2017)
[..] RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA EM FACE DE DECI-
SÃO PUBLICADA A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ATRASO NO
PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO DE 40% DO FGTS. PARCELA RESCISÓRIA INCON-
TROVERSA. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. A multa prevista no artigo 477, §
8º, da CLT refere-se à mora no pagamento das parcelas rescisórias, de modo que
sua aplicação está condicionada à quitação intempestiva das verbas constantes
do instrumento de rescisão contratual, observando-se o prazo a que alude o §
6º do mesmo dispositivo legal. No caso específico dos autos, a indenização de
40% sobre o FGTS é verba rescisória incontroversa, devida em razão da despe-
dida imotivada do recorrido, sujeita, portanto, às penas fixadas no artigo 477, §
8º, da CLT. Precedentes. Recurso de revista de que não se conhece. [..]. (RR nº
170-97.2013.5.15.0090, 7ª Turma do TST, Rel. Cláudio Mascarenhas Brandão. j.
17.08.2016, Publ. 26.08.2016).
não afasta a aplicação da multa prevista no art. 477, § 8o, da CLT, tendo em vista
a natureza cogente dessa norma, que se sobrepõe à vontade das partes. No caso
concreto, consignou-se que o parcelamento das verbas rescisórias decorreu de
acordo celebrado entre o sindicato profissional da reclamante e a reclamada, em
razão de problemas financeiros enfrentados pela empregadora. Nesse contexto, a
SBDI-I decidiu, à unanimidade, conhecer dos embargos no tópico, por divergência
jurisprudencial. e. no mérito, por maioria, negar-lhes provimento. Vencidos os Mi-
nistros Alexandre Agra Belmonte, Ives Gandra Martins Filho e Renato de Lacerda
Paiva. TST-E-ED-ED-RR-1285700-40.2008.5.09.0016. SBDI-I. rei. Min. Aloysio Cor-
rêa da Veiga. 9.10.2014.
Outras decisões sobre o caso:
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. MULTA PREVISTA NO
ART. 477, § 8º, DA CLT. PARCELAMENTO DE VERBAS RESCISÓRIAS. É firme a
jurisprudência desta Corte Superior no sentido de que é direito indisponível do tra-
balhador a percepção da totalidade das verbas rescisórias nos prazos estipulados
no § 6º do art. 477 da CLT. O pagamento em parcelas implica atraso, atraindo a
incidência da multa prevista no § 8º do mesmo dispositivo legal. Recurso de revis-
ta parcialmente conhecido e provido” (ARR-26200-52.2008.5.15.0121, 1ª Turma,
Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 18/11/2016).
[..] 3. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELA-
MENTO. ACORDO. A sanção prevista no § 8º do art. 477 da CLT objetiva punir o
empregador que, sem justo motivo, deixa de efetuar o pagamento das parcelas
rescisórias - gravadas de inequívoco caráter alimentar - no prazo fixado no § 6º
do mesmo dispositivo. No caso, segundo o TRT, os comprovantes de depósito
revelaram que as verbas rescisórias foram pagas de modo parcelado, a partir de
09.06.2006, fora do prazo previsto em lei. Em casos como a dos autos, em que a
Reclamada figura como parte, esta Corte tem se posicionado no sentido de ser
inválido acordo que objetive o pagamento parcelado das verbas rescisórias, tendo
em vista o caráter cogente dos §§ 6º e 8º do art. 477 da CLT. Recurso de revista
não conhecido. [..] (RR nº 3626900-93.2007.5.09.0002, 7ª Turma do TST, Rel. Dou-
glas Alencar Rodrigues. unânime, DEJT 09.06.2016).
Entretanto, com a reforma trabalhista do ano de 2017, alguns autores passaram
a entender que é válida o parcelamento do pagamento das verbas rescisórias, mesmo
não tendo sido acrescentado dispositivo legal na CLT, que permita o pagamento parce-
lado das verbas rescisórias, senão vejamos:
[..] será possível, ainda, alterar o prazo legal ou determinar o parcelamento do pa-
gamento das verbas da rescisão; diminuir a multa prevista pelo atraso no paga-
mento da rescisão;[..]47
[..] Na prática, esse parcelamento pode ser feito perante a Justiça do Trabalho,
com a devida homologação pelo juiz. Sustentamos também a possibilidade’ de
realização do parcelamento pelo MPT por meio da celebração de TAC - Termo de
Ajustamento de Conduta. Com a Reforma Trabalhista, foi criado procedimento de
jurisdição voluntária para homologação de acordo extrajudicial (art. 855-B a 855-E
da CLT). Tendo em vista a possibilidade das partes transacionarem as obrigações
devidas, entendemos que seria possível o parcelamento das verbas trabalhistas48.
Encontramos ainda, uma decisão do TST onde foi permitido o parcelamento por
47 CASSAR, Vólia Bomfim; BORGES, Leonardo Dias. Comentários à reforma trabalhista. 2. ed. Rio de janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018
48 CORREIA, Henrique. Direito do trabalho para os concursos de analista do TRT e MPU. 11 ed. Salvador: Salvador: JusPODIVM, 2018
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
meio de acordo coletivo o pagamento parcelado das verbas rescisórias, senão veja-
mos:
ACORDO COLETIVO. VALIDADE. PARCELAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS.
MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. NÃO PROVIMENTO. Esta Corte Superior tem
decidido que o consentimento do empregado ao pagamento parcelado das ver-
bas rescisórias não é suficiente para excluir a incidência da multa prevista no § 8º
do artigo 477 da CLT. Isso porque, segundo o § 4º desse dispositivo, o pagamen-
to das verbas rescisórias deve ser feito em dinheiro ou cheque visado, nos pra-
zos estabelecidos no seu § 6º. Na hipótese, contudo, o parcelamento das verbas
rescisórias não foi objeto de acordo individual, mas sim por meio de negociação
coletiva, circunstância suficiente para afastar a aplicação desse entendimento. In
casu, por ocasião da dispensa coletiva de mais de quatrocentos empregados da
primeira reclamada, em razão do encerramento de suas atividades, foi firmado
acordo coletivo junto ao sindicato da categoria profissional, no qual ficou estipu-
lado o pagamento das verbas rescisórias dos respectivos empregados em dezes-
seis parcelas. O direito dos empregados ao pagamento das verbas trabalhistas na
forma prevista nos parágrafos do artigo 477 da CLT não se enquadra como direito
de indisponibilidade absoluta, mostrando-se plenamente possível a sua transação
por meio de instrumento de negociação coletiva. No particular, não foi transacio-
nado o direito dos empregados ao pagamento das verbas rescisórias, mas tão
somente à forma como esse seria efetuado, tratando-se de aspecto a ele acessó-
rio e, por tal motivo, de indisponibilidade relativa. Desse modo, uma vez que, à luz
do princípio da adequação setorial negociada, apenas os direitos considerados
de indisponibilidade absoluta não podem ser objeto de transação por meio de
negociação coletiva, não há qualquer vedação no sentido que a previsão conti-
da em acordo coletivo venha a prevalecer sobre a legislação heterônoma estatal.
Recurso de revista de que se conhece e a que se nega provimento. (RR - 61700-
49.2009.5.21.0002, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de
Julgamento: 08/11/2017, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/11/2017)
observou os prazos previstos na lei, não incide a penalidade prevista no art. 477,
§ 8º, da CLT. Precedentes da c. SDI. Embargos conhecidos e desprovidos. (TST-E-
-RR-73300-25.2009.5.01.0002, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Subse-
ção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 24/4/2015)
EMBARGOS REGIDOS PELA LEI N° 11.496/2007. MULTA DO ARTIGO 477, § 8o, DA
CLT. PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS EFETUADO NO PRAZO LEGAL. HO-
MOLOGAÇÃO TARDIA. MULTA INDEVIDA. Segundo a jurisprudência prevalecente
no Tribunal Superior do Trabalho, ao interpretar o artigo 477 da CLT, o fato gerador
da multa prevista no § 8 está vinculado, exclusivamente, ao descumprimento dos
prazos estipulados no § 6o do mesmo artigo, e não ao atraso da homologação da
rescisão contratual. Assim, tendo havido o pagamento das verbas rescisórias no
prazo a que alude o artigo 477, § 6o, da CLT, foi cumprida a obrigação legal por par-
te do empregador, sendo indevida a aplicação da multa prevista no § 8o do mes-
mo preceito, ao fundamento de que a homologação da rescisão contratual pelo
sindicato ocorreu fora daquele prazo. Embargos conhecidos e desprovidos. (TS-
T-E-ED-RR-392-67.2011.5.01.0044, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 19/12/2014)
Superior considera que a multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT deve ser imposta
ao empregador quando as parcelas constantes do instrumento de rescisão não
forem adimplidas no prazo a que alude o § 6º do mesmo dispositivo legal. En-
tende-se, pois, que inexiste previsão de sua incidência em decorrência de paga-
mento a menor, em que não se computaram os valores reconhecidos em juízo.
II. No caso concreto, uma vez que as verbas rescisórias foram pagas dentro do
prazo legal e existindo diferenças de verbas rescisórias reconhecidas em juízo ,
mostra-se indevida a condenação da reclamada ao pagamento da multa do art.
477 da CLT. III. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento”
(RR-941-22.2012.5.06.0006, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao
Lopes, DEJT 11/02/2022).
II - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO SINDICATO AUTOR EM RECURSO DE REVIS-
TA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017 - MULTA DO ART. 477, §
8º, DA CLT - DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIAS RECONHECIDAS EM JUÍZO.
O reconhecimento, em juízo, de diferenças de verbas rescisórias faz com que a
controvérsia em torno do montante global do que deveria ser pago por ocasião da
dispensa tenha surgido em juízo, o que afasta a aplicação da multa prevista no art.
477, § 8º, da CLT. Julgados. (ARR nº 353-35.2017.5.13.0009, 8ª Turma do TST, Rel.
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. j. 26.06.2019, Publ. 28.06.2019).
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE
DAS LEIS NºS 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017 - PROVIMENTO. MULTA
DO ART. 477, § 8º, DA CLT. DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIAS. Demonstrada
divergência jurisprudencial, merece processamento o recurso de revista. Agravo
de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB
A ÉGIDE DAS LEIS NºS 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017. MULTA DO ART.
477, § 8º, DA CLT. DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIAS. O art. 477, § 6º, da CLT
estabelece prazos para pagamento das “parcelas constantes do instrumento de
rescisão ou recibo de quitação”. Não se pode restabelecer a mora do empregador
que, quitando, tempestivamente, as parcelas decorrentes da dissolução contra-
tual, é, posteriormente, condenado, em razão de processo judicial, ao adimplemen-
to de outros títulos. A obrigação de pagar as parcelas tipicamente decorrentes do
desfazimento do contrato individual de trabalho deve atender aos prazos de Lei.
O adimplemento de condenação judicial está vinculado a incidências e condições
diversas. Neste último caso, não se tem como adequar a pretensão às normas
inscritas no art. 477, §§ 6º e 8º, da CLT. Indevida a multa. Precedentes. Recurso
de revista conhecido e provido. (ARR nº 887-56.2017.5.10.0851, 3ª Turma do TST,
Rel. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira. j. 19.06.2019, Publ. 21.06.2019).
MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. VERBAS RESCISÓRIAS PAGAS NO PRAZO LEGAL.
Prevê o artigo 477 da CLT que o não pagamento das verbas constantes do termo
de rescisão contratual no prazo de dez dias, previsto no § 6º, enseja o pagamento
da multa, consoante o disposto no § 8º. Não há previsão legal para a incidência
da multa em questão, na hipótese de existência de diferenças sobre as parcelas
rescisórias, a não ser se evidenciado abuso por parte do empregador. Assim, a
reclamada, se efetuou o pagamento das parcelas rescisórias que razoavelmente
entendia devidas ao reclamante dentro do prazo legal, não pode ser condenada ao
pagamento da multa. Em se tratando de norma punitiva, como é o caso da multa
pelo atraso do pagamento das verbas constantes do termo de rescisão contratual,
deve essa ser interpretada restritivamente, ou seja, dentro dos estritos termos da
lei, que não abrange a hipótese da simples existência de diferenças de parcelas
rescisórias pagas dentro do prazo. Recurso de revista não conhecido. (RR - 1447-
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
Desta forma, a multa deve incidir sobre as verbas que decorrem da extinção do
contrato de trabalho, quais sejam:
(1) Salários vencidos;
(2) Saldo de salários;
(3) Aviso-prévio;
(4) Férias vencidas e proporcionais;
(5) 13º salário;
(6) Multa de 40% do FGTS. Sobre a incidência da multa do art. 467 da CLT na
multa de 40% do FGTS, cito os seguintes julgados do TST:
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. MULTA
DO ARTIGO 467 DA CLT. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA FUNDIÁRIA. Ante a possível
violação ao artigo 467 da CLT, deve ser provido o agravo de instrumento. Agravo
de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014.
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA FUNDIÁRIA. O Re-
gional consignou não se aplicar a multa prevista no artigo 467 da CLT sobre a
multa de 40% do FGTS por entender ser cabível a multa do art. 467 da CLT “apenas
em relação às parcelas incontroversas de natureza rescisória, stricto sensu, não
sendo o caso, portanto, do acréscimo de 40% sobre os depósitos do FGTS”. Essa
Corte Superior considera a referida parcela como verdadeira verba rescisória, de-
vendo sobre ela incidir a penalidade prevista no artigo 467 da CLT. Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 916-16.2015.5.06.0002, Relatora Mi-
nistra: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 18/04/2018, 2ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 27/04/2018)
“(-) 2. MULTA DE 40% SOBRE O FGTS. VERBA RESCISÓRIA. APLICABILIDADE DA
MULTA PREVISTA NO ART. 467 DA CLT. A multa de 40% do FGTS é parcela de
cunho rescisório, que tem por escopo indenizar o trabalhador contra a dispensa
arbitrária ou sem justa causa (art. 7º, I, da CF). Portanto, sendo verba rescisória
incontroversa sobre ela incide a multa do art. 467 da CLT. Recurso de revista não
conhecido.” (TST-RR-2126-68.2014.5.12.0003, 3ª Turma, Relator Ministro: Mauri-
cio Godinho Delgado, DEJT 23/03/2018)
“(-) MULTA PREVISTA NO ART. 467 DA CLT. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE 40%
DO FGTS. A multa de 40% sobre o FGTS detém claramente a natureza de verba
rescisória, e, por este motivo, deve compor o cálculo da multa do art. 467 da CLT.
Recurso de revista conhecido e provido. (-)” (TST-RR-1742-72.2012.5.01.0071, 8ª
Turma, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, DEJT 10/11/2017)
“RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014. MULTA DO ART. 467 DA
CLT. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE OS DEPÓSITOS DO FGTS. VERBA DE NATUREZA
NÃO RESCISÓRIA. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE 40% DO FGTS. De acordo
com a jurisprudência desta Corte, o FGTS não possui natureza de verba rescisória.
Assim, considerando que o artigo 467 da CLT faz referência somente acerca das
verbas rescisórias, o atraso nos depósitos do FGTS não enseja sua aplicação. No
entanto, a multa de 40% sobre o montante dos depósitos do FGTS corresponde a
uma parcela rescisória propriamente dita, de modo que incide sobre ela a penali-
dade prevista no artigo 467 da CLT. Precedentes. Recurso de revista conhecido e
parcialmente provido.” (TST-RR-10570-49.2014.5.01.0245, 2ª Turma, Relatora Mi-
nistra: Delaíde Miranda Arantes, DEJT 03/07/2017)
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são do contrato de trabalho afasta a incidência da multa prevista no artigo 467 da CLT.
Desta forma, pela controvérsia do pedido de rescisão indireta, a multa do art. 467 da
CLT, é indevida.
Nesse sentido:
III - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. LEI Nº 13.015/2014. INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 40 DO TST. ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. RESCISÃO INDIRE-
TA. MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, § 8.º, DA CLT. 1 - Preenchidos os pressupostos
de admissibilidade previstos no art. 896, § 1º-A, da CLT. 2 - A multa prevista no
art. 467 da CLT tem como fato gerador o não pagamento das verbas rescisórias
incontroversas, na data do comparecimento à Justiça do Trabalho, ou seja: não
haver controvérsia na data da audiência é o requisito previsto em lei para a impo-
sição da multa. Nesses termos, se a própria rescisão é controvertida, não cabe a
multa prevista nesse dispositivo de lei.” (Processo: RR - 1430-52.2015.5.02.0075
Data de Julgamento: 22/08/2018, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 6ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 24/08/2018.)
RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014. MULTAS DOS ARTS. 467 E
477, § 8.º, DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. 1. O fato gerador da multa prevista no art.
467 da CLT é o não pagamento das verbas rescisórias incontroversas na primeira
oportunidade em que as partes comparecerem à Justiça do Trabalho. No caso,
existia controvérsia quanto à modalidade da rescisão contratual no momento da
primeira audiência na Justiça do Trabalho, o que atinge também as parcelas res-
cisórias. Logo, não há de se falar em aplicação da multa prevista no art. 467 da
CLT. [..] (Processo: RR - 1350-30.2015.5.02.0062 Data de Julgamento: 18/04/2018,
Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
20/04/2018.)
RESCISÃO INDIRETA. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 467. A multa do artigo 467
da CLT somente terá aplicação nos casos em que, na data do comparecimento à
Justiça do Trabalho, o empregador deixar de pagar a parte incontroversa das ver-
bas rescisórias. Logo, havendo discussão judicial sobre a modalidade de rescisão
e, por consequência, das verbas rescisórias devidas, não há como ser aplicada
essa multa. Recurso de revista não conhecido. (...) Recurso de revista não conhe-
cido. Processo: ARR - 1010-03.2011.5.01.0047 Data de Julgamento: 07/03/2018,
Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 16/03/2018.
“II - RECURSO DE REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.015/14. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO
DE TRABALHO. A existência de controvérsia quanto à modalidade de rescisão do
contrato de trabalho afasta a incidência da multa prevista no artigo 467 da CLT.
Julgados. Recurso de revista não conhecido.” (RR-400-25.2016.5.12.0024, Relator
Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, Data de Julgamento: 29/08/2017, 8ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 01/09/2017); e
“2 - MULTAS DOS ARTS. 467 E 477, §8º, DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. 1. O fato
gerador da multa prevista no art. 467 da CLT é o não pagamento das verbas res-
cisórias incontroversas na primeira oportunidade em que as partes comparece-
rem à Justiça do Trabalho. No caso, existia controvérsia quanto à modalidade da
rescisão contratual no momento da primeira audiência na Justiça do Trabalho, o
que atinge também as parcelas rescisórias. Logo, não há de se falar em aplicação
da multa prevista no art. 467 da CLT. Precedentes. (RR - 891-68.2011.5.01.0006,
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO
do-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige
iniciativa da parte.
CPC, Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida,
bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que
lhe foi demandado.
Nesse sentido os seguintes julgados do TST:
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. INTERPOSTO ANTES DA LEI Nº
13.015/2014 - JULGAMENTO EXTRA PETITA. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT.
AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO EX OFFI-
CIO. 1 - É defeso ao julgador conhecer de questões não suscitadas e decidir fora
dos contornos traçados na petição inicial, nos termos dos artigos 128 e 460 do
CPC/73 (141 e 492 do CPC/2015). Não há respaldo legal para a aplicação da mul-
ta do art. 467 da CLT de ofício pelo magistrado. Assim, a condenação da recla-
mada ao pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT, independentemente da
formulação de pedido na inicial, caracteriza julgamento fora dos limites estabe-
lecidos para a lide. Julgados. 2 - Recurso de revista a que se dá provimento. Fica
prejudicado o exame do tema referente à multa do art. 467 da CLT. [..] (RR - 1997-
62.2011.5.03.0086, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamen-
to: 05/04/2017, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/04/2017)
“RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. JULGAMENTO EXTRA PETITA. MUL-
TA DO ARTIGO 467 DA CLT. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO. IMPOSSIBILIDADE
DE APLICAÇÃO EX OFFICIO. É defeso ao julgador conhecer de questões não sus-
citadas e decidir fora dos contornos traçados na petição inicial, nos termos dos
artigos 128 e 460 do CPC/73 (141 e 492 do CPC/2015). Não há respaldo legal
para a aplicação da multa do art. 467 da CLT de ofício pelo magistrado. Assim, a
condenação da reclamada ao pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT,
independentemente da formulação de pedido na inicial, caracteriza julgamento
fora dos limites estabelecidos para a lide. Julgados. Recurso de revista a que se
dá provimento. Fica prejudicado o exame do tema referente à multa do art. 467
da CLT. (...).” (RR - 156200-02.2008.5.01.0002 Data de Julgamento: 09/11/2016,
Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
11/11/2016);
“RECURSO DE REVISTA. JULGAMENTO EXTRA PETITA. MULTA DO ARTIGO 467
DA CLT. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO EX
OFFICIO. Embora seja dada ao magistrado a incumbência de promover a correta
qualificação jurídica dos fatos expostos pelas partes, segundo a máxima do bro-
cardo latino iura novit curia, é “defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de
natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou
em objeto diverso do que lhe foi demandado” (art. 460 do CPC). A multa prevista
no artigo 467 da CLT não integra as parcelas rescisórias, mas decorre da ausência
do pagamento das verbas incontroversas na primeira audiência, cuja incidência
não se dá de forma automática, ex officio, mas depende de pedido expresso na
petição inicial, a fim de viabilizar o exercício do contraditório e da ampla defesa.
Nesse contexto, a aplicação da referida penalidade caracteriza o julgamento extra
petita, tendo em vista a inexistência de pedido específico na petição inicial, ficando
o Juízo adstrito aos limites da lide, nos moldes do art. 128 do CPC. Recurso de
revista conhecido e não provido. (RR - 20117- 11.2013.5.04.0522 , Relatora Mi-
nistra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 22/04/2015, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 24/04/2015)
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO