Estabilidadede Taludes
Estabilidadede Taludes
Estabilidadede Taludes
1. DEFINIES
1.1 Solos Os solos so materiais que resultam do intemperismo das rochas, por desintegrao mecnica ou decomposio qumica. (CAPUTO, 1988) Dentre os principais tipos de solos, podemos citar: a) Solos Residuais so os que permanecem no local da rocha de origem, observando-se uma gradual transio do solo at a rocha. b) Solos Sedimentares so os que sofrem a ao de agentes transportadores, podendo ser aluvionares (transportados pela gua), elicos (pelo vento), coluvionares (pela ao da gravidade) e glaciares (pelas geleiras). c) Solos de Formao Orgnica so os de origem essencialmente orgnica, seja de natureza vegetal (plantas, razes), seja animal (conchas).
1.2 Rocha Segundo CAPUTO (1988), a palavra rocha designa, apenas, os materiais naturais consolidados, duros e compactos, da crosta terrestre ou litosfera. Para os fragmentos isolados reservam-se as denominaes bloco de rocha quando com dimetro mdio superior a 1m, mataco quando entre 1m e 25cm e pedra entre 25cm e 76mm. Ao material no consolidado que recobre as rochas e destas provm por intemperismo, denomina-se solo. Quanto sua gnese as rochas podem ser classificadas em: a) Rochas Magmticas so as resultantes do resfriamento e consolidao de material fundido ou magma. Se formadas a grandes profundidades so
chamadas de intrusivas, e de extrusivas quando se formam na superfcie atravs do resfriamento de lava. b) Rochas Sedimentares formadas pela deposio de detritos oriundos da desagregao de rochas preexistentes. c) Rochas Metamrficas provm da transformao ou metamorfismo das rochas magmticas ou sedimentares.
1.3 - Taludes Segundo Caputo (1988), sob o nome genrico de taludes compreende-se quaisquer superfcies inclinadas que limitam um macio de terra, de rocha ou de terra e rocha. Podem ser naturais, casos das encostas, ou artificiais, como os taludes de cortes e aterros. A figura a seguir ilustra um talude e a terminologia usualmente empregada.
Coroamento ou crista
Altura
a) Desprendimento de terra ou rocha uma poro de um macio terroso ou de fragmentos de rocha que se destaca do resto do macio, caindo livre e rapidamente, acumulando-se onde estaciona.
b) Escorregamento deslocamento rpido de uma massa de solo ou de rocha que, rompendo-se do macio, desliza para baixo e para o lado, ao longo de uma superfcie de deslizamento. c) Rastejo deslocamento lento e contnuo de camadas superficiais sobre camadas mais profundas, com ou sem limite definido entre a massa de terreno que se desloca e a que permanece estacionria. A velocidade de rastejo de cerca de 30 cm por decnio, enquanto que a velocidade mdia de avano de um escorregamento da ordem de 30 cm por hora. A curvatura dos troncos de rvores, inclinao de postes e fendas no solo so algumas das indicaes do rastejo. 2 PERFIL DE INTEMPERISMO E ASPECTOS GERAIS DOS SOLOS
Conforme a figura acima, num perfil de solo geralmente podemos acompanhar o perfil de evoluo da desagregao da rocha s at sua formao final como solo residual. Geralmente em encostas formadas por rochas granilticas temos os horizontes de alterao bem definidos, sendo que a transio entre rocha s e solo propriamente dito se d pela formao do saprolito que o grau
mximo de decomposio da rocha, onde ainda se observa algum vestgio de estrutura da rocha notando-se uma estrutura intermediria entre solo e rocha.
3 UNIDADES DE RELEVO A diviso em unidades de relevo tem por objetivo delimitar diferentes regies, cujos atributos fsicos distintos permitam demarcar os terrenos de acordo com seu comportamento caracterstico frente implantao de uma rodovia. a) Plancies superfcies aplainadas e com pouca altitude, geralmente abaixo dos 100 m. c) Colinas relevo pouco acentuado com declividades predominantes de at 15% e amplitudes locais abaixo de 100 m. d) Morros com encostas Suavizadas relevo poo acentuado, com declividade predominantemente abaixo dos 15% e amplitude locais entre 100 e 300m. e) Morrotes relevo com declividades predominantes acima de 15% e amplitudes locais abaixo de 100m. f) Morros relevo com declividades predominantes acima de 15% e amplitudes locais entre 100 e 300m g) Montanhas relevo com declividades predominantes acima de 15% e amplitudes locais acima de 300m. h) Escarpas relevo de maior energia, com declividades predominantes acima de 30% e amplitudes locais acima de 100m.
4.1 Eroso Entende-se por processo erosivo a destruio da estrutura do solo e sua remoo, sobretudo pela ao das guas de escoamento superficial, depositandoos em reas mais baixas do relevo. Pode-se dar tanto em encostas naturais como em taludes de corte e de aterro, pode se apresentar por escoamento laminar, lavando a superfcie do terreno como um todo, sem formar canais definidos. Outra maneira por escoamento concentrado, formando as ravinas e podendo chegar configurao de voorocas, medida que atinge o lenol fretico. Apesar da velocidade lenta, porm contnua e progressiva ao longo do tempo, tem elevado poder destrutivo. Segundo o IPT (1991), de uma maneira geral, a eroso responsvel por grande parte dos problemas que ocorrem ao longo das rodovias da malha estadual, principalmente quando se formam as ravinas ou voorocas, que chegam a atingir os terrenos adjacentes. Sua ao pode se dar sobressaindo-se aos demais processos ou combinada a outros eventos, tais como escorregamentos, cabendo-lhe o papel, muitas vezes, de agente predisponente ocorrncia destes escorregamentos.
O IPT classifica a eroso, para fins de apresentao, da seguinte maneira: a) Eroso em taludes de corte ou aterro a.1) Em sulcos (em cortes e aterros) corresponde a sulcos aproximadamente paralelos, presentes normalmente nos taludes de maior declividade e sem proteo superficial, formados pelo escoamento de gua superficial. De um modo geral este tipo de problema comum em solos saprolticos, intensificando-se naqueles com predominncia de material siltoso.
Como medidas preventivas para esse tipo de fenmeno temos, implantao de sistema de drenagem superficial ou regularizao do talude, com implantao de proteo superficial.
a.2) Diferenciada (em cortes) processos erosivos que ocorrem em taludes de corte constitudos por materiais com diferente suscetibilades eroso. Devido ao diferente avano da eroso, comum ocorrer o descalamento das partes superiores mais resistentes, em conseqncia de uma eroso mais intensa na camada inferior.
b) Eroso em plataforma: longitudinal, ao longo do acostamento Processo de eroso longitudinal que ocorre ao longo do acostamento, quando h concentrao de gua superficial, proveniente dos taludes e da prpria plataforma.
Medidas preventivas indicadas: Dissipao da energia da gua atravs de sadas laterais, caixas de dissipao e bacias de reteno; Regularizao da plataforma, com implantao de proteo superficial.
c) Eroso associada a obras de drenagem. Geralmente localizada no final de canaletas, valetas e sadas de linhas de tubo. Eroso ocorrida quando as obras de drenagem responsveis por conduzir as guas superficiais para fora dos limites do corpo da estrada so executadas de forma inapropriadas, sem as medidas necessrias para a dissipao de energia.
Medidas preventivas indicadas: Execuo de caixas de dissipao de energia nos pontos de lanamento de gua; Recomposio do aterro ou corte.
4.2 Desagregao superficial em Taludes considerado um fenmeno de instabilidade superficial e apresenta, de maneira semelhante eroso, caractersticas de destruio da estrutura do material e sua posterior remoo. Resulta de uma ao cclica de umedecimento e secagem dos solos saprolticos.
Medidas preventivas indicadas: Impedimento da ocorrncia da ciclicidade (umedecimento / secagem) atravs de proteo superficial com tela ou confinamento do talude, com camada de solo compactado.
4.3 Escorregamentos Movimentos rpidos de pores de taludes naturais, de cortes ou aterros. Apresentam superfcie de ruptura bem definida, que funo do tipo de solo ou rocha, da geometria do talude e das condies de fluxo de gua. Podem ocorrer devido diversos fatores, tendo a gua como principal agente deflagrador, so observados com mais freqncia em perodos chuvosos.
a) Escorregamento em cortes A execuo de cortes em uma encosta provoca alteraes no estado de tenses atuantes no macio, que tende a instabilizar a regio montante do talude. As tenses de trao que venham a ocorrer podero provocar o aparecimento de trincas, s quais podem ser preenchidos por gua, fato esses associados a inmeros casos de escorregamento.
Segundo o estudo do IPT (1991) os escorregamentos em cortes podem ser classificados em: a.1) Devido inclinao acentuada Escorregamentos causados principalmente pela no compatibilidade das inclinaes dos taludes com as resistncias dos solos.
a.2) Devidos descontinuidade do macio ocorrem tendo como superfcie principal de ruptura uma descontinuidade do material, que pode ser resultante de estruturas residuais ou do contato solo/rocha. Estruturas residuais so planos de fraqueza (fraturas) herdadas da rocha. O contato solo/rocha outra descontinuidade marcante, pois determina fundamentalmente uma substancial mudana na permeabilidade e na resistncia dos materiais, permitindo o desenvolvimento de foras de percolao que levam o talude a ruptura, como pode ser visto na figura abaixo.
Medidas preventivas indicadas: Adoo de inclinaes compatveis com as descontinuidades; Obras de conteno.
a.3) Devidos a saturao do macio ocorrem associados elevao do lenol fretico, ou devidos saturao temporria do solo, decorrente da infiltrao durante prolongados perodos de precipitao. Esses casos ocorrem, inclusive, em situaes de relevo suave, quando os cortes de pequena altura interceptam o lenol de gua, levando conseqentemente instabilizao do material, quer por aumento das presses neutras, quer pelo efeito da gua como redutor da resistncia dos materiais envolvidos, ou ainda pela atuao da gua nos processos erosivos.
Medidas preventivas indicadas: Drenagem superficial e profunda. Impermeabilizao superficial. Obras de conteno.
a.4) Devido evoluo da eroso a evoluo da eroso, em sulcos ou diferenciada, altera a forma do talude, formando paredes subverticais (taludes negativos), geralmente incompatveis com a resistncia dos solos.
Medidas preventivas adotadas: Abatimento do talude; Implantao de sistema de drenagem adequado; Execuo de proteo superficial; Execuo de obras de conteno pequenas e localizadas.
a.5) Escorregamento em corpo de tlus os corpos de tlus so constitudos por uma grande heterogeneidade de materiais e apresentam , freqentemente, elevada porosidade, encontrando-se nos anfiteatros das encostas, em reas de baixa declividade. So geralmente muito instveis frente a
modificaes de sua geometria quando submetidos a cortes ou aterros e alteraes no sistema de infiltrao e circulao de gua pela implantao de rodovias.
Medidas preventivas adotadas: Implantao de sistema de drenagem profunda e superficial; Impermeabilizao superficial. Retaludamento e/ou eventual implantao de obra de conteno.
b) Escorregamento em aterros As principais instabilizaes observadas em aterros esto associadas a: b.1) Devidos a problemas na fundao so observados em aterros construdos sobre solos de baixa capacidade de suporte, normalmente existentes em regies de baixada e tambm em pequenas plancies encaixadas em regies serranas. Podem ocorrer tambm nos aterros assentes diretamente na rocha, pois o contato solo/rocha , em geral, uma superfcie potencial de ruptura, principalmente se no for devidamente tratado.
Medidas preventivas adotadas: Adequado preparo do terreno para o aterro e remoo das camadas de solo vegetal e orgnico.
b.2) Devido a problemas no corpo do aterro as principais instabilizaes observadas em aterros esto associadas a problemas no corpo do aterro e ocorrem devido sua m compactao ou at mesmo a inexistncia desta, ao uso de materiais inadequados, geometria do talude (incompatibilidade da inclinao com a resistncia do material), bem como deficincia ou inexistncia de sistemas de drenagem.
Medidas preventivas adotadas: Reconstruo do aterro com material de boa qualidade, bem compactado adequado. e implantao de sistema de drenagem
b.3) Devido a problemas em travessia de linhas de drenagem ocorre em locais onde h a interceptao dos talvegues naturais pelo corpo estradal onde a travessia feita atravs de bueiros ou galerias. Esse problema se d quando a sada ou a entrada desse tipo de obra obstruda, assim forando a gua a passar pelo corpo do aterro ocasionando percolaes por dentro do mesmo, desestabilizando assim o talude e por conseqncia provocando seu colapso.
Medidas preventivas adotadas: Implantao de sistemas de proteo junto s entradas dos bueiros;
b.4) Devidos a problemas com os sistemas de drenagem e proteo superficial o sistema de drenagem superficial pode apresentar problemas relacionados a danos s canaletas, escadas dgua ou outros dispositivos, bem como devido ao seu dimensionamento incorreto. Estes problemas em conjunto com deficincias do sistema de proteo superficial costumam provocar infiltrao nos taludes e na prpria plataforma, ocasionando saturao e eroso em sulcos nos taludes dos aterros, que, ao evolurem podem levar ocorrncia de escorregamentos.
Medidas preventivas adotadas: Manuteno sistemtica e drenagem. Reconstruo, com dimensionamento adequado nos casos em que os sistemas j foram severamente danificados. freqente nos sistemas de
4.4 Recalques em Aterros Recalques so fenmenos que interferem de maneira substancial na pista e podem constituir-se em indcios de futuros escorregamentos. So usualmente provocados por baixa capacidade do suporte de fundao, compactao inadequada, deficincias do sistema de drenagem e rompimento de bueiros e galerias.
4.5 Queda de blocos Caracteriza-se por movimentos rpidos, geralmente em queda livre, mobilizando volumes de rocha relativamente pequenos. Est associado a taludes de corte em rocha s ou pouco alterada. Se d devido descontinuidade do macio rochoso (seja pelo fraturamento do macio rochoso ou e existncia de rochas sedimentares) onde a presso do acmulo de gua nessas
descontinuidades ou a penetrao e crescimento de razes nas mesmas provoca o desprendimento de blocos de rocha que caem em queda livre, o tamanho dos blocos varia de acordo com o grau de fraturamento do macio.
Medidas preventivas adotadas: Remoo manual e individual de blocos instveis. Fixao dos blocos atravs de chumbadores ou tirantes. Proteo do macio com tela metlica.
4.6 Rolamento de Blocos Ocorrem naturalmente em encostas quando processos erosivos ou pequenos escorregamentos removem o apoio de sua base, condicionando o movimento de rolamento.
Medidas preventivas adotadas: Proteo da rea de apoio do bloco. Desmonte e remoo do bloco. Fixao do bloco por chumbadores ou tirantes.
5 TIPOS DE OBRAS DE ESTABILIZAO DE TALUDES Existem vrios tipos de obras de estabilizao de taludes disponveis na Engenharia nos dias de hoje. A escolha por um ou outro mtodo depende do tipo de problema a ser resolvido, viabilidade de execuo e viabilidade financeira do projeto a ser desenvolvido, vale lembrar aqui que cada caso um caso e portanto, antes de mais nada, a adoo de uma soluo deve ser embasada em estudos cuidadosos. 5.1 Reconstruo de Taludes Consiste na reconstruo total do talude tomando os cuidados bsicos necessrios para um bom aproveitamento do mesmo, sejam eles: Escolha da jazida de solo adequada; Tratamento prvio dos solos da jazida. Limpeza adequada do terreno para preparo da fundao, tomando o cuidado de remover toda a vegetao, bem como suas razes. Estocagem do solo superficial e do solo com matria orgnica para futura utilizao na fase final da execuo do aterro; Preparao da superfcie de contato entre o terreno e o aterro, quando inclinado, em forma de degraus; Implantao de uma drenagem de base eficiente sempre que existirem surgncias dgua ou a possibilidade de infiltraes significativas pelo aterro; Compactao adequada do aterro com equipamentos especficos para esse fim e em concordncia com as normas;
5.2 Retaludamento um processo de terraplanagem atravs do qual se alteram, por cortes ou aterros, os taludes originalmente existentes em um determinado local para se
conseguir uma estabilizao do mesmo. Das obras de estabilizao de taludes a mais usada devido sua simplicidade e eficcia. Geralmente associado a obras de controle de drenagem superficial e de proteo superficial, de modo a reduzir a infiltrao dgua no terreno e disciplinar o escoamento superficial, inibindo os processos erosivos.
Fonte: IPT
Fonte: IPT
As figuras acima mostram dois exemplos de execuo de retaludamento, a primeira atravs de corte com abrandamento da inclinao mdia do talude, e a segunda mostra um retaludamento atravs de corte com reduo da altura do talude.
5.3 Obras de Conteno Entende-se por obras de conteno todas aquelas estruturas que, uma vez implantadas em um talude, oferecem resistncia movimentao deste ou sua ruptura, ou ainda que reforam uma parte do macio, de modo que esta parte possa resistir aos esforos tendentes instabilizao do mesmo. Podem ser classificadas em: Muros de Arrimo; Obras especiais de estabilizao; Solues alternativas em aterros.
a) Muros de Arrimo trata-se de muros tipo gravidade, ou seja, aqueles nos quais a reao ao empuxo do solo proporcionada pelo peso do muro e pelo atrito em sua fundao, funo direta deste peso. Antigamente os muros de arrimo eram apenas pedras empilhadas na beira de uma encosta, com o avano tecnolgico foram criados vrios tipos de muros de arrimo, a seguir so citados os usualmente usados nas obras rodovirias atuais. a.1) Muros tipo gravidade so muros basicamente constitudos de pedras arrumadas manualmente, podendo ser argamassadas ou no, sendo que a resistncia desse muro depende exclusivamente da unio dessas pedras. recomendado para conteno de taludes de pequenas alturas (at aproximadamente 1,5m). Deve-se tomar o cuidado, no caso do muro de pedra argamassada, de se implantar a drenagem do meio por meio de barbaas. Na figura abaixo pode-se visualizar esse tipo de obra de conteno.
a.1.1) Crib-walls um sistema de peas de concreto armado, que so encaixadas entre si, formando uma espcie de gaiola ou caixa, cujo interior preenchido com material terroso ou, de preferncia, com blocos de rocha, seixos de maiores dimenses ou ainda entulho. Este material fornece o peso da estrutura de gravidade, enquanto que as peas de concreto armado respondem pela resistncia da estrutura e manuteno de sua forma geomtrica. Geralmente so utilizados na construo de aterros em encostas e, devido a sua forma construtiva, trata-se de estruturas naturalmente bem drenadas e pouco sensveis a movimentaes e recalques, razes pelas quais se adaptaram muito bem execuo de estradas pioneiras em regies serranas. Na figura abaixo pode-se ver um exemplo de muro de conteno com crib-wall.
a.1.2) Gabies Trata-se de caixas ou gaiolas de arame galvanizado, preenchidas com pedra britada ou seixos, que so colocadas justapostas e costuradas umas s outras por arame, formando muros de diversos formatos. So utilizados geralmente como proteo superficial de encostas, proteo de margens de rios e riachos, so tambm utilizados como muros de conteno at alturas de alguns metros. Devido sua simplicidade construtiva e relativamente baixo custo eles vm sendo muito utilizados como conteno de aterros e de encostas de maneira provisria e de menor responsabilidade. Devese tomar o cuidado quando da sua implantao de utilizar uma manta geotxtil ou areia fina como material de transio entre o muro e a encosta. Abaixo pode-se ver uma ilustrao de um muro de gabio.
a.2) Muros de concreto armado geralmente esto associados execuo de aterros ou reaterros, uma vez que, para sua estabilidade precisam contar, alm do peso prprio, com o peso de uma poro de solo adjacente, que funciona como parte integrante da estrutura de arrimo. A execuo de um sistema de drenagem adequado imprescindvel, atravs de barbacs e dreno de areia. A figura a seguir ilustra um tpico muro de concreto armado.
b) Obras especiais de estabilizao b.1) Tirantes e chumbadores os tirantes tem como objetivo ancorar massas de solo ou blocos de rocha, pelos incrementos de fora gerados pela protenso destes elementos, que transmitem os esforos diretamente a uma zona mais resistente do macio atravs de fios, barras ou cordoalhas de ao. J os chumbadores so barras de ao fixados com calda de cimento ou resina, com o objetivo de conter blocos isolados ou fixar obras de concreto armado sem o uso de protenso. A figura abaixo ilustra os detalhes de um tirante e exemplos de aplicao.
b.2) Cortinas atirantadas consiste na execuo de elementos verticais ou subverticais de concreto armado, que funcionam como paramento e que so ancorados no substrato resistente do macio atravs de tirantes protendidos. O paramento de concreto pode ser constitudo de placas isoladas para cada tirante, de placas englobando dois ou mais tirantes ou de cortina nica, incorporando todos os tirantes. A execuo em caso de cortes sempre feita de cima para baixo, por patamares sendo que um patamar s executado quando o anterior j est com as placas executadas e os tirantes protendidos. J no caso de aterros a seqncia inversa com a execuo dos patamares medida que o aterro vem sendo alteado. O uso de estruturas de conteno atirantadas exige uma nica premissa bsica: a presena de horizontes suficientemente resistentes para a ancoragem dos tirantes, a profundidades compatveis. Este tipo de conteno pode ser usado em qualquer situao geomtrica, quaisquer materiais
e condies hidrolgicas. A figura abaixo ilustra um exemplo de aplicao de uma cortina atirantada.
c) Solues alternativas em aterros consistem na introduo do corpo do aterro de elementos de materiais mais resistentes que, uma vez solicitados, passam a trabalhar em conjunto com o solo compactado. Os processos mais conhecidos so o reforo pela introduo de fibras metlicas ou de geotxteis. c.1) Terra armada So constitudos pela associao de solo compactado e armaduras, completada por um paramento externo composto de placas, denominado pele. A execuo desse tipo de obra feita sob superviso e assistncia da empresa que detm a patente deste processo no Brasil, visto que
uma tecnologia patenteada. A figura a seguir ilustra os detalhes de uma obra de terra armada.
5.4 Obras de drenagem Tm por finalidade a captao e o direcionamento das guas do escoamento superficial, assim como a retirada de parte da gua de percolao interna do macio. Representa um dos procedimentos mais eficientes e de mais larga utilizao na estabilizao de todos os tipos de taludes, tanto nos casos em que a drenagem utilizada como nico recurso, quanto naqueles em que ela um recurso adicional, utilizado conjuntamente com obras de conteno, retaludamento ou protees diversas.
As obras de drenagem podem ser classificadas em dois grupos, a drenagem superficial e a drenagem profunda. a) Drenagem Superficial Consiste basicamente na captao do escoamento das guas superficiais atravs de canaletas, valetas, sarjetas ou caixas de captao e, em seguida, conduo destas guas para um local conveniente. Atravs da drenagem superficiais evitam-se os fenmenos de eroso na superfcie dos taludes e reduzse a infiltrao da gua nos macios, resultando numa diminuio dos efeitos nocivos da saturao do solo sobre sua resistncia. Dentre as principais obras de drenagem superficial podemos destacar algumas mais utilizadas ilustradas na figura a seguir.
De uma maneira geral, as obras de drenagem superficiais, como ilustrado na figura acima, so constitudas por canaletas ou valetas de captao das guas do escoamento superficial e por canaletas, escadas dgua ou tubulaes para sua conduo at locais adequados.
a.1) Canaletas Longitudinais de berma consiste em canais construdos no sentido longitudinal das bermas (patamares) dos taludes e que tm por finalidade coletar guas pluviais que escoam nas superfcies desses taludes. Tanto a posio relativa das canaletas como sua inclinao devem ser tal que a velocidade da gua superficial no atinja valores excessivos e que facilite o escoamento da mesma. a.2) Canaletas transversais de berma consiste em canais construdos no sentido transversal das bermas de equilbrio dos taludes e que tm
por finalidade evitar que as guas pluviais que atingem a berma escoem longitudinalmente, e no pela canaleta longitudinal. a.3) Canaletas de crista canais construdos prximos a crista de um talude de corte, para interceptar o fluxo de gua superficial proveniente do terreno a montante, evitando que esse fluxo atinja a superfcie do talude de corte, evitando assim a eroso nesta superfcie. a.4) Canaletas de p (base) canais construdos no p dos taludes para coletar as guas superficiais provenientes da superfcie desses taludes. Esse sistema impede que se iniciem processos erosivos junto ao p dos taludes. a.5) Canaletas de pista canais construdos lateralmente pista, acompanhando a declividade longitudinal da rodovia, com o objetivo de captao das guas superficiais provenientes da pista ou plataforma lateral. a.6) Sadas laterais canais construdos junto e obliquamente s canaletas de pista, tendo por objetivo interceptar as guas das canaletas e encaminh-las para as drenagens naturais ou para bueiros prximos. a.7) Escadas dgua canais construdos em forma de degraus geralmente segundo a linha de maior declive do talude. Tm por objetivo coletar e conduzir as guas superficiais captadas pelas canaletas no deixando que as mesmas atinjam velocidades de escoamento elevadas devido dissipao de energia. a.8) Caixas de dissipao caixas, em geral de concreto, construdas nas extremidades das escadas dgua e canaletas de drenagem para dissipao da energia hidrulica das guas coletadas, evitando, dessa forma, velocidades elevadas de escoamento. a.9) Caixas de transio caixas construdas nas canaletas e escadas dgua, nas mudanas bruscas de direo de escoamento e na unio de canaletas de sees transversais distintas. Tem por objetivo direcionar melhor o escoamento das guas e possibilitar a dissipao de energia hidrulica.
b) Drenagem profunda Objetiva essencialmente promover processos que redundem na retirada de gua da percolao interna dos macios (do fluxo atravs de fendas e fissuras de um macio terroso ou atravs de fendas e fissuras de macios rochosos) reduzindo a vazo de percolao e as presses neutras intersticiais. Para sua perfeita funcionalidade devem ser aliadas s obras de drenagem superficial para que se encaminhe de forma adequada a gua retirada do interior do macio. realizada por drenos sub-horizontais, cujo funcionamento se d por fluxo gravitacional, poos de alvio (com ou sem bombeamento dgua), ponteiras (com bombeamento por suco), trincheiras drenantes ou galerias.
b.1) Drenos sub-horizontais profundos (DHP) so tubos de drenagem, geralmente de PVC rgido, instalados em perfuraes sub-horizontais e tm por finalidade a captao de parte da gua de percolao interna de aterros ou cortes saturados.
Deve-se tomar cuidado para que o tubo tenha a extremidade interna obturada atravs de um plug e que o trecho perfurado do tubo seja revestido com geotxtil ou tela de nylon, que funciona como um filtro, evitando a colmatao e o carreamento do solo. b.2) Trincheiras drenantes consiste em drenos enterrados, utilizado tanto para captar a gua que percola pelo macio de solo como para conduzir esta gua at pontos de captao e/ou lanamento a superfcie. utilizado freqentemente associadas s pistas de rodovias, longitudinalmente junto s bordas do pavimento com o objetivo de impedir a subida do nvel dgua no subleito do pavimento.
b.3) Barbacs consiste em tubos sub-horizontais curtos instalados em muros de concreto ou de pedra rejuntada, para coletar guas subterrneas dos macios situados a montante dos muros, rebaixando o nvel do lenol fretico junto ao muro e reduzindo o desenvolvimento de subpresses nas paredes internas do muro.
Ruptura de um muro de arrimo por ausncia de drenagem e detalhe de um barbac Fonte IPT