Manual de Práticas de EVH Vol IV

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MANUAL DE

PRÁTICAS DE
EDUCAÇÃO
Manual de Práticas de Educação em
Valores Humanos
Volume IV - Valor Paz
Sathya Sai

Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil


Dois parágrafos

No findar do século XX e alvorecer do XXI, alguns amigos, entusiasmados pela proposta


de Educação em Valores Humanos do Educador Indiano Sathya Sai, começaram a se
reunir para compartilhar ideias e materiais sobre o programa de EVH. Cada um com suas
bagagens e talentos. A proposta era montarmos planos de aulas para serem aplicados
semanalmente no próprio grupo. Simples assim. Reuníamos durante a semana para
prepararmos o plano de aula para ser aplicado nas vivências de EVH no final de semana.
Isto funcionou muito bem por um período de dois anos. Quando estávamos para concluir
o trabalho, alguns educadores e professores, que participavam das vivências nos finais de
semana, começaram a convidar o grupo para realizarem seminários do programa nas
escolas públicas e particulares onde eram professores. Com isto, surgiu a necessidade de
compilarmos o material e planos de aulas.

O presente trabalho, que agora está sendo disponibilizado, foi, para todos nós que
participamos, um divisor de águas auspicioso em nossas vidas. Que ele possa agora
trazer os mesmos benefícios para todos vocês.

Um fraterno abraço
do grupo de amigos.
Belo Horizonte, Outono de 2016.
MANUAL DE
PRÁTICAS DE
EDUCAÇÃO
Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil
Av. Julieta Engracia Garcia, nº 2050 - Bairro de Ribeirão Verde
Ribeirão Preto - SP - CEP 14079-312
Tel.: (55) (16) 3996-6013
E-mail: [email protected]

Este trabalho foi elaborado a partir de adaptações do “Programa Sathya Sai de Educação
2em Valores Humanos - Manual para Educadores”, da Regional de Belo Horizonte, MG.
MANUAL DE
PRÁTICAS DE
EDUCAÇÃO

Manual de Práticas de Educação em


Valores Humanos
Volume IV - Paz
Sathya Sai

Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil


© 2017 Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil
1ª Edição - 2017

INSTITUTO SATHYA SAI DE EDUCAÇÃO DO BRASIL


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ISBN: 978-85-99393-14-7

Os direitos desta publicação pertencem ao Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil.


Fica autorizada a impressão, vedada qualquer utilização para fins comerciais.

Imagens: Crianças e adultos participantes das Escolas Sathya Sai no Brasil.


© Fotografias - Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil
ÍNDICE

UMA MENSAGEM AOS PROFESSORES 07


UM PRÓLOGO SOBRE ESTA SÉRIE 09

1. INTRODUÇÃO 11
PAZ - ASPECTO MENTAL E EMOCIONAL 13
O PROCESSO MENTAL E AS EMOÇÕES 14
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA UMA VIDA HARMONIOSA 18

2. PLANEJAMENTO DE AULA: 21
LIÇÃO 1: SATISFAÇÃO... DE BEM COM A VIDA 23
LIÇÃO 2: AQUIETAMENTO... SILENCIANDO-SE INTERNAMENTE 26
LIÇÃO 3: HONESTIDADE... UM CAMINHO PARA A PAZ 28
LIÇÃO 4: FOCALIZAÇÃO E ATENÇÃO... ESTAR ATENTO AO MOMENTO 31
LIÇÃO 5: SIMPLICIDADE E TRANQUILIDADE... SIMPLESMENTE ESTAR FELIZ
COM A VIDA 33
LIÇÃO 6: LUCIDEZ E SABEDORIA... A BASE PARA A AÇÃO EQUILIBRADA 36
LIÇÃO 7: DESAPEGO... CAMINHO DA LIBERDADE 38
LIÇÃO 8: HUMILDADE... A GRANDEZA INTERIOR 41
LIÇÃO 9: SILÊNCIO INTERIOR... A FONTE DA SABEDORIA UNIVERSAL 44
LIÇÃO 10: CALMA... DESCOBRINDO A PAZ 46
LIÇÃO 11: AUTOCONTROLE E DIGNIDADE... CHAVES PARA A
EXPERIÊNCIA DIVINA 48
LIÇÃO 12: VALOR PAZ - CONCLUSÃO 51

3. TEXTOS COMPLEMENTARES 53
NOSSO POTENCIAL INFINITO 55
PAZ INTERIOR: ANTÍDOTO CONTRA O ESTRESSE, A PREOCUPAÇÃO E O MEDO
(1ª PARTE) 57
REFLEXÕES PARA A PRÁTICA ESPIRITUAL DA SEMANA
(A PAZ INTERIOR E SEUS VALORES RELATIVOS) 58
“O AMOR COMO SENTIMENTO É PAZ” 59
PAZ INTERIOR: ANTÍDOTO CONTRA O ESTRESSE, A PREOCUPAÇÃO
E O MEDO (2ª PARTE) 61
PAZ INTERIOR: ANTÍDOTO CONTRA O ESTRESSE, A PREOCUPAÇÃO
E O MEDO (3ª PARTE) 62
CONTEMPLAÇÃO 63

4. BIBLIOGRAFIA 65
BIBLIOGRAFIA 67
UMA MENSAGEM AOS PROFESSORES

Sathya Sai fala aos professores:

“Não imaginem que seu serviço às crianças é apenas para o bem delas, pois é igualmente
para o seu próprio bem. Vocês lidam com crianças, seu crescimento e amadurecimento.
Devem estar atentos a esta preciosidade e à necessidade de expressar isto em seus atos".
Não nutram o orgulho, imaginando que as crianças necessitam de seus serviços. Vocês
precisam delas tanto quanto elas de vocês.
Professores que promovam o amor mútuo entre si mesmos e seus pupilos são muito
necessários atualmente.
O homem é essencialmente uma fonte de eterna alegria, paz, amor e devoção. Cultivem
isto em preceitos, exemplos e exercícios durante o ano letivo, e os educandos terão segurança
e doçura enquanto viverem.
Os valores humanos não podem ser absorvidos através de textos ou discursos. Aqueles que
procuram passar os valores aos estudantes devem, eles mesmos, primeiro praticar e dar o
exemplo.
Encham seus corações de amor e ponham as crianças sob seus cuidados na senda ideal.
Sacrifiquem tudo que tiverem pelo bem das crianças puras de coração, que contam com vocês
como guia.
Vocês podem ensinar o amor aos estudantes somente através do amor. Vocês estão
lidando com crianças tenras, no papel de professores, guias e exemplos. Devem se preparar
para essas metas, vivendo os valores que distinguem os homens.
Sirvam primeiro para que, então, conquistem a posição de líderes. Somente um bom servo
pode tornar-se um bom mestre. Este novo empreendimento educacional só pode ter sucesso
quando suas vidas forem saudáveis.
Os professores podem atingir altos ideais se cooperarem, se forem disciplinados,
imbuindo-se de serviço e sacrifício e se forem determinados para o sucesso. Instruam as
crianças a reverenciarem seus pais. Esta é a primeira coisa a fazer.
O professor tem a parte mais importante na formação do futuro do País. De todas as
profissões, a sua é a mais nobre, a mais difícil e a mais importante. Se um aluno tem um vício,
ele sozinho sofre por isso; mas se um professor tem um vício, milhares são poluídos por isso.

7
Aqueles que ensinam e os que aprendem devem ter calma, concentração e muita atenção.
Somente um grande professor pode moldar um grande estudante. Vocês devem plantar
sementes espirituais nas mentes jovens e nutri-las para que cresçam. Entre todas as
profissões, o ensino é a que traz consigo a maior responsabilidade. Os professores devem
moldar os jovens de hoje para que se tornem honrados cidadãos de amanhã.
Se os próprios professores não seguirem a ética da veracidade, como poderão incutir bons
hábitos e valores às crianças?
Os professores não devem se preocupar com considerações sobre as horas de trabalho;
quando necessário, devem estar preparados para permanecer no serviço por algumas horas a
fim de tirarem dúvidas dos estudantes e ajudá-los a completar seus exercícios. Esse é o seu
dever.
Se os professores fizerem sua parte corretamente, as nações serão transformadas. Os pais
e os professores são responsáveis por todas as más práticas entre os estudantes. Cultivem no
coração a Verdade, a Retidão, a Paz e o Amor. A colheita deve ser feita no coração e partilhada
com os outros. Vocês devem cultivar os valores humanos e incorporar a disciplina espiritual
juntamente com a educação mundana.
Para ensinar os valores humanos, gemas preciosas, são necessários professores
competentes e dedicados que pratiquem estes valores. No cultivo dos valores humanos, deve
ser dada ênfase ao não desperdício de dinheiro, alimento e tempo. Até mesmo os professores
devem ser treinados para isso.
O mais sagrado dos serviços é o prestado às crianças. Conduzam as crianças pela senda feliz
da verdade. Façam com que seus rostos sempre mostrem sorrisos oriundos da alegria
originada da contemplação dos semblantes infantis.
Levem adiante seus deveres como professores com espírito de dedicação, amor e serviço.
Sejam exemplos brilhantes para o país e para o mundo.
As crianças são lamparinas que podem iluminar o caminho da nação. A primeira tarefa dos
professores é o cultivo das virtudes no coração de seus pupilos.
Professor e aluno. Ambos imergirão na alegria somente quando o amor, que não espera
retorno, possa uni-los".

Sathya Sai [4]

8
UM PRÓLOGO SOBRE ESTA SÉRIE
“O maior presente da educação é o caráter”
Sathya Sai

E sta frase do educador indiano Sathya Sai reflete o que muitas filosofias educacionais,
bem como devotados profissionais da educação, e intuitivamente têm buscado para
estabelecer um sistema educacional que desenvolva o ser humano de uma forma
integral.
As propostas pedagógicas modernas vêm obtendo bons resultados na formação das novas
gerações? Tudo leva a crer que não: pelo fato de voltar-se preferencialmente com os níveis
físico e intelectual do ser humano, o sistema educacional moderno tem formado pessoas
destituídas do senso de bem comum. O resultado dessa visão autoestrada da educação é facil
e tristemente encontrado em todas as facetas de nossa sociedade: as pessoas têm
desaprendido a viver em sociedade e a respeitar os interesses e necessidades do seu próximo.
A insatisfação do ser humano com esse cenário tem feito com que muitas pessoas
busquem resgatar os valores humanos no processo educacional, os quais são universais e
inerentes a todas as culturas, religiões e filosofias. O PSSEVH (Programa Sathya Sai de
Educação em Valores Humanos) visa a um desenvolvimento integral no ser humano,
resgatando a formação de valores humanos e agregando metodologias e reflexões de
diferentes perspectivas educacionais, de modo a resultar na formação plena do caráter em
todos os envolvidos no processo educacional.
“Manual de Práticas de Educação em Valores Humanos” foi elaborado pelo Instituto Sathya
Sai de Educação do Brasil, cujo principal objetivo é divulgar o Programa Sathya Sai de Educação
em Valores Humanos, proposto pelo educador indiano Sathya Sai. Este manual oferece aos
professores e educadores uma oportunidade para reflexões muito significativas sobre a
educação, propondo uma transformação do sistema educacional para uma nova visão sobre o
verdadeiro papel da educação. Além disso, disponibiliza um material diversificado para
confecção de aulas e atividades que podem ser desenvolvidas com o objetivo de trabalhar os
valores humanos em crianças, jovens e adultos.
Essa coleção organiza-se em sete partes, da seguinte forma:
O Volume 1, “Apresentação do PSSEVH (Programa Sathya Sai de Educação em Valores
Humanos)” procura apresentar os fundamentos da filosofia da proposta, com um histórico do
desenvolvimento do Programa pelo educador Sathya Sai. Relata, também, o desen-
volvimento do Programa no Brasil e em outros países e as bases filosóficas que fundamentam
essa nova maneira de compreender a educação. Também estão no primeiro volume alguns
modelos gerais de planos de aulas, com detalhes sobre como aplicar cada técnica para
trabalhar os valores escolhidos.
Os Volumes 2 a 6 apresentam uma reflexão mais específica sobre cada um dos cinco valores
absolutos, com doze aulas pelo método direto em cada um deles, trazendo vivências de alguns
valores relativos. Essas aulas levam a uma maior compreensão dos valores absolutos e podem
ser aplicadas também para grupos de professores, como forma de vivenciar os valores,
auxiliando-os ainda na prática da utilização do método. Ao final de cada volume, foram
acrescentados textos complementares sobre os temas de cada aula para aprofundamento e
reflexões, os quais podem servir tanto para o aprimoramento dos educadores sobre o tema
abordado na lição, bem como para suscitar reflexões com o grupo.
Esses volumes estão organizados da seguinte forma:
Volume 2 - Valor Verdade
Volume 3 - Valor Retidão
Volume 4 - Valor Paz
Volume 5 - Valor Amor
Volume 6 - Valor Não Violência
O Volume 7, “Canções, Harmonizações e Dinâmicas”, traz uma coleção de canções,
harmonizações e dinâmicas em grupo que são sugeridas nas aulas dos Volumes 2 a 6 e que
ajudarão a enriquecer o trabalho do educador, o qual poderá montar suas próprias aulas e
atividades de educação em valores humanos. Muitas das canções sugeridas no Volume 7
encontram-se nos dois CDs que acompanham o livro e que foram compostas especialmente
para um trabalho de educação em valores humanos.
Acreditamos que a publicação desta coleção possa proporcionar aos educadores as bases
necessárias para auxiliá-los no sagrado papel de educar.

Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil

10
1. Introdução
1. Introdução
Paz - Aspecto Mental e Emocional

“Quando o Amor se torna objeto de contemplação, a


mente atinge a suprema Paz. Amor no sentimento é Paz, é
felicidade não afetada por tristeza e alegria e pelos altos e
baixos da vida. Quando seus sentimentos estão saturados
com Amor, seu coração é preenchido por uma suprema Paz.”

Educação Sathya Sai - Filosofia e Prática [31]

Q
“ uando nossa conduta é guiada pelo
exercício infalível da vontade hu-
mana, experimentamos um estado
de calma e equanimidade, que é a pleni-
na paz experimente a perfeita calma, isto
não significa que ele está inativo. Muito
pelo contrário. Tal pessoa pode estar imer-
sa em perpétua ação, guiada pela vontade
tude da paz. Esse equilíbrio é mantido de humana, que retira sua força da verdade
modo muito delicado. Pode-se facilmente derradeira - a unidade da Criação.
perder a paz, se ela for baseada em Assim, com o amor altruísta, não haverá al-
verdades transitórias e as ações conse- tos e baixos e apegos a tais oscilações.
quentes. Por outro lado, guiada pelo amor, Sintonizar-se com sua própria realidade e
a paz se torna mais permanente. contemplá-la assegura a harmonia com a
O egoísta pode obter satisfação transitória própria realidade, gerando, portanto, um
de uma gratificação autocentrada, como, perfeito equilíbrio. Swami Vivekananda
por exemplo, ao ganhar uma grande soma revela a inter-relação entre a ação amorosa
em dinheiro. Mas logo a novidade se e a paz nas seguintes palavras: 'Cada ato de
desgasta e o sentimento de insatisfação, amor traz paz e bênçãos como reação
com o desequilíbrio emocional que o natural. Real existência, real conhecimento
acompanha, é restabelecido. e real amor são eternamente ligados uns
No caso do amor mútuo, o equilíbrio emo- aos outros, formando três em um: onde um
cional é atingido, mas também pode se deles está, os outros também terão que
desequilibrar quando nossos entes que- estar; eles são os verdadeiros aspectos do
ridos experimentarem alegria ou tristeza. É Uno sem um segundo - Existência-Conhe-
apenas nos níveis mais elevados de amor cimento-Bem-Aventurança.'
que a plenitude da paz pode ser experi- Educação em Valores Humanos, Manual
mentada. Embora aquele que está imerso para Professores [2]

13
1. Introdução
O Processo Mental e as Emoções

P ara melhor compreender o motivo


do uso da técnica de harmonização
ou “sentar-se em silêncio”, veja o
esquema da Figura 1. Quando as infor-
mações entram em nosso corpo por meio
nossa experiência passada. Esses con-
teúdos fazem com que vejamos um
determinado tipo de situação sempre sob o
mesmo ângulo e tenhamos sempre um
mesmo tipo de reação a essas situações.
dos órgãos dos sentidos (olhos, nariz, Esse é o motivo porque determinadas
ouvidos etc.), elas são levadas por meio de pessoas lidam com naturalidade com de-
correntes nervosas até nosso cérebro, terminadas situações, enquanto outras
permitindo que nossa mente tome pessoas, para as mesmas situações, têm di-
consciência das informações. Nesse ficuldades recorrentes. Cada um de nós
instante, ainda não existe qualquer passou por uma série de experiências que
envolvimento emocional. Depois que a deixaram marcas positivas e negativas em
mente consciente tomou consciência, ela nossa memória e que, na maioria das vezes,
envia um sinal para armazenar a infor- fica abaixo de nossa percepção consciente.
mação na memória, situada na mente Sem superação, tornamo-nos presas dessas
subconsciente. Tendo recebido o sinal, a impressões negativas. Normalmente,
mente subconsciente automaticamente temos habilidade de ver as circunstâncias
compara-o com impressões do passado do em que os outros “patinam”, mas temos di-
mesmo assunto - impressões agradáveis ou ficuldades de perceber as nossas. Há como
desagradáveis. uma capa protetora, exatamente pela dor
Se a mente subconsciente encontra alguma que essas questões nos trazem, evitando
associação negativa relacionada ao tema, que, em condições normais, tenhamos
ela envia essa resposta emocional para a acesso a elas.
mente consciente. Se a mente não está sob Agora se torna claro que emoções, como
controle, o indivíduo reagirá à situação com raiva, medo, inveja, cobiça ou depressão
sentimento de raiva, aversão, medo, cobiça, existem dentro de nós. Elas estão relacio-
inveja ou depressão. Se a mente nadas ao nosso passado. Em certo sentido e
subconsciente encontra associações em certa extensão, somos escravos de
positivas no passado, então a resposta nossa experiência anterior. A memória ou o
emocional é enviada, fazendo com que a passado não podem ser eliminados, de
reação seja de alegria, entusiasmo, regozijo maneira que precisamos aprender a
ou tranquilidade. A reação emocional da conviver com eles. Isso significa que
mente causa uma realimentação, com mais precisamos gradualmente olhar de volta
sinais enviados ao subconsciente, re- para as situações que nos deixaram marcas
forçando as impressões do passado ali negativas, reconhecer seu impacto
contidas. negativo, retirar seu conteúdo emocional
Toda vez que agimos emocionalmente - ou negativo e fazer com que, mesmo
seja, quando reagimos sem o uso do continuando a constar do nosso passado,
discernimento e da consciência -, contri- não sejamos mais afetados por ele,
buímos para manter esse conteúdo interno. tornando-nos livres de seu efeito negativo.
Portanto, parte do processo de C o m p a r e m o s a g o ra a s e m o ç õ e s à
amadurecimento e desenvolvimento escuridão. Quando existe luz, a escuridão
interior corresponde à tomada de desaparece. Em realidade, a escuridão não
consciência e à superação dos conteúdos é algo que possa ser “eliminado”; apenas,
emocionais acumulados, resultantes de esse espaço é preenchido pela luz. Se a luz

14
1. Introdução
O Processo Mental e as Emoções
voltar a diminuir de intensidade, a Ser, diferentemente da alegria passageira,
escuridão volta a se fazer presente. A que depende de sucesso em em-
escuridão não tem existência por si mesma: preendimentos ou ao atendimento de
ela é apenas a ausência de luz. De modo expectativas.
semelhante, na ausência de Paz, Retidão, A Paz Interior, desse modo, pode ser obtida
Verdade, Amor e Não Violência estarão apenas quando nos tornarmos senhores
presentes os valores negativos do egoísmo, das nossas emoções. Quando não tivermos
medo, inveja, insegurança, preguiça, falta o efeito das emoções vindas do
d e re s p e i to e tc . P re c i s a m o s e sta r subconsciente, teremos aprendido o au-
permanentemente alertas, mantendo a tocontrole e silenciado nossa mente. Para
mente disciplinada e cientes de que as apressar esse processo, o controle de nossa
emoções estão nos porões de nossa mente é fundamental. Em uma mente agi-
subconsciência. Elas estão sempre prontas tada e descontrolada, é impossível ex-
para emergir no momento em que nossa luz perienciar a Paz. Portanto, o autocontrole
diminuir ou quando perdemos o dos sentidos é um meio eficiente de
autocontrole. interferir no processo e minimizar os efeitos
Qual é a relação entre as emoções e a Paz das reações do subconsciente. A técnica da
Interior? As emoções são como uma gan- harmonização nos devolve os meios de
gorra ou como as estações do ano. Elas se reorganizar nosso interior, acalmar nossa
alternam e isso é da natureza do mundo. Às mente e devolver-nos a nosso centro.
vezes, a mente obtém aquilo que espera e À medida que usamos as técnicas de har-
fica eufórica; às vezes, fracassa em obter o monização e controle sobre os sentidos,
que quer e sente-se em depressão. Até diminui a interferência do subconsciente no
agora, sempre tivemos a alegria dos desejos consciente. Assim, a consciência passa a
realizados alternada com o sofrimento. sofrer uma influência menor de respostas
Nesse contexto, a alegria é apenas o da mente subconsciente, facilitando a
intervalo entre duas dores. Essa alegria, tarefa de dominar as emoções e das
dependente da realização de nossas situações externas relacionadas a elas.
expectativas; é frágil e temporária. O se- Desse modo, pouco a pouco e com
gredo da Paz, portanto, reside em sair dos persistência, nos libertamos das reações
extremos. Não há outro modo senão pré-programadas - as raízes dos pré-
diminuirmos nossas expectativas ou conceitos. Com as emoções aquietadas,
desejos criados ou induzidos em nossa podemos inverter o movimento e buscar na
mente, lidando com naturalidade com o mente supraconsciente, - de onde provêm a
sucesso ou o fracasso nas situações intuição, a criatividade, a sabedoria e o en-
particulares que vivermos. Quando man- caminhamento de soluções globais etc. -, as
tivermos nosso estado de contentamento inspirações para a consciência.
constante, ligado à vida mesma e não ao É interessante perceber que a intuição e a
sucesso na obtenção das coisas, não criatividade não provêm de processos ló-
seremos mais afetados pelas perdas ou gicos, nem são originadas do subconsciente.
ganhos, e teremos Paz. O contentamento, Elas são concebidas na consciência, tendo
desse modo, não é uma emoção, mas o como fonte inspiradora a totalidade da
estado natural e mais profundo do nosso supraconsciência. Para ampliar o estado de
ser. Ele não está ligado a uma coisa, a uma consciência em direção à supraconsciência,
situação, mas é algo inerente, associado ao alguns cuidados externos ajudam. Para essa

15
1. Introdução
O Processo Mental e as Emoções
sintonia com nosso Ser, ajudam a escolha de O processo de harmonização, a visualização
um bom ambiente, sempre fazer o bem, falar criativa, a meditação na luz, os cantos sa-
o bem e pensar o bem, manter um estado de cros, os mantras e as orações são
amor tão amplo quanto possível. Com esse ferramentas auxiliares para o controle dos
comportamento, a tensão acumulada em sentimentos, das emoções e dos desejos,
nossa memória vai sendo diluída pela isto é, para o controle da mente.
harmonia e pela luz dos valores que emanam
do próprio divino interior.

Processos da Mente

Supraconsciência
(Mente Supraconsciente)
(Eu Superior)

Consciência
Intuição (Eu Consciente)

5 órgãos
Impulsos Mental Superior
dos nervosos (Discernimento / Intuição)
Sentidos Mental Inferior
(Pensamentos e sentimentos)
Percepções
(estímulos)
Sensações

Sinal Resposta
emocional

Subconsciência
(Mente Subconsciente)

Memória

Corpo físico
(Figura 1)

16
1. Introdução
O Processo Mental e as Emoções
O conteúdo desta Unidade foi desenvolvido com base nos ensinamentos de Sathya Sai e de
muitos outros mestres que exploraram o aspecto mais profundo da Paz.
A tabela a seguir apresenta alguns dos valores relativos à Paz:

PAZ

Aceitação Constância Humildade*

Alegria Contemplação* Limite aos desejos

Aquietamento* Contentamento Lucidez*

Atenção* Desapego* Otimismo

Autoaceitação Determinação Paciência*

Autocapacidade Dignidade* Reflexão

Autoconfiança Disciplina Sabedoria*

Autocontrole* Equanimidade Satisfação*

Autodisciplina Equilíbrio Silêncio Interior*

Autoestima Esperança Simplicidade*

Autorrespeito Felicidade Tranquilidade*

Bom Humor Flexibilidade

Calma* Focalização* Outros, que serão


identificados no
Compreensão* Fortaleza interior decorrer do processo.

Concentração Honestidade*

(*) Os valores relativos selecionados para as lições foram escolhidos para dar aos estudantes
uma boa compreensão do valor principal “A Paz”, e de como este valor pode fazer parte
integrante da vida deles.
As harmonizações, orações e canções algumas técnicas de dinâmicas de
sugeridas nos planos de aula, também grupo. Apesar de algumas delas terem
aparecem em outras Unidades. Elas sido desenvolvidas especificamente
estão no Volume 7, com diversos outros para esta Unidade, podem ser usadas, de
exemplos de canções, orações, acordo com a necessidade, nas outras
harmonizações conduzidas e quatro Unidades (Verdade, Retidão,
meditações. Também no Volume 7 estão Amor e Não Violência).

17
1. Introdução
Princípios Básicos para uma Vida Harmoniosa

D esorganização interna e externa


são fatores limitadores do
crescimento do humano, enquanto
que a organização é um fator de libertação.
A organização da mente traz harmonia e
“Procuro a Verdade humildemente, mas
com toda a seriedade; e, no caminho dessa
busca, confio totalmente nos meus
companheiros de jornada, de maneira que
eu possa conhecer os meus erros e corrigi-
uma abundância de energia mental e física, los.”
produzindo saúde geral. A fim de organizar Gandhi [12]
a vida efetivamente, é importante fazer
“Eu sou um simples aprendiz: não tenho
autoinvestigação, reorientando nossa vida
erudição profunda; aceito a Verdade, onde
a partir de nossas vivências e reflexões. São quer que a encontre, e procuro viver de
apresentadas abaixo algumas frases cé- acordo com ela.”
lebres sobre a Paz e alguns de seus valores
relativos, com o objetivo de trazer reflexões Gandhi [12]
ao estudante no seu processo de au-
toinvestigação e para ilustrar alguns prin- Contentamento:
cípios filosóficos de diversos pensadores da
“O homem que não acha satisfação em si
humanidade e provérbios oriundos da sa-
mesmo, busca encontrá-la em vão por toda
bedoria popular.
a parte.”

Pensamentos diversos sobre a PAZ e seus La Rochefoucauld [11]


valores relativos: “Se à noite choras pelo sol, não verás as
estrelas”.
R. Tagore [11]
Paz Interior:
“O Amor como sentimento é Paz.”
Honestidade:
Sathya Sai [2]
“O caminho da paz é o caminho da verdade.
“Tudo o que você faça, deve ser feito em
Ser honesto é ainda mais importante do que
paz. Eis o melhor remédio para o seu corpo, ser pacífico. Um homem sincero não pode
sua mente e sua alma. Eis a maneira mais permanecer violento por muito tempo. Ele
sublime de viver.” vai perceber, no curso de sua busca, que
Paramahansa Yogananda [16] não tem necessidade de ser violento. Vai
“A paz não pode ser mantida à força; só também descobrir que enquanto houver
nele o menor vestígio de violência não
pode ser conseguida pela compreensão”.
conseguirá encontrar a Verdade que está
Sêneca [36] procurando".
Gandhi [32]
Valores relativos à Paz:
Humildade: Paciência:
“A soberba é uma das mais perigosas “O que não se pode corrigir ou evitar é bom
enfermidades do espírito.” suportar com paciência”.
Montaigne [11] Sêneca [36]

18
1. Introdução
Princípios Básicos para uma Vida Harmoniosa

Autocontrole: Silêncio Interior:


“O homem espiritualizado vence a ira com a “Quando admiro as maravilhas de um pôr-
calma, extingue querelas com o silêncio, do-sol ou a beleza do luar, a minha alma se
dispersa a desarmonia com palavras suaves expande em adoração ao Criador. Procuro
e envergonha a descortesia mostrando enxergá-LO em Sua perfeição em todas as
consideração para com os outros.” Suas criaturas. Mas mesmo o pôr ou nascer
do sol me seriam obstáculos se não me
Paramahansa Yogananda [16] ajudassem a pensar em Deus. Tudo que
“Quando há um conflito, pelo menos duas impede a alma de erguer voo é ilusão e
partes estão envolvidas. Portanto, não há armadilha, bem como o nosso corpo, que,
briga, se você se recusa a dela participar.” muitas vezes nos serve de estorvo em nosso
caminho rumo às alturas.”
Paramahansa Yogananda [16]
Gandhi [12]
“Aprendi através da experiência amarga a
suprema lição: controlar minha ira e torná- “Apenas nas profundezas do silêncio é que a
la como o calor que é convertido em voz de Deus pode ser ouvida. Deus não está
energia. Nossa ira controlada pode ser em religiões, mas em sua mente e no
convertida numa força capaz de mover o coração.”
mundo”. Sathya Sai [11]
Gandhi [32]

Silêncio:
“A experiência me ensinou que, para um
adepto da Verdade, o silêncio faz parte da
disciplina espiritual”
Gandhi [12]

19
2. Planejamento de Aula
Lição 1: Satisfação...
De Bem com a Vida
Valor Absoluto: Paz.
Valor Relativo: Satisfação.
Objetivo: Conscientizar o estudante da importância em sentir plena satisfação pela vida e
gratidão por estar vivo.
1. Harmonização:
1.1 Harmonização (5): “Caminhando pelo Jardim da Vida” (Volume 7).
2. Citação: “Se à noite choras pelo sol, não verás as estrelas”. R. Tagore [11].
2.1 Reflexões para a compreensão da citação.
3. História: “Viver Como as Flores”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal:
4.1 Após alguns instantes, com voz pausada e suave, um dos participantes
faz a leitura da Reflexão: “Lições de Bem Viver (Desiderata)”.
4.2 Música: “Sementes do Amanhã” (Gonzaguinha) - (Volume 7).
4.3 Música: “Cio da Terra” (Milton Nascimento e Chico Buarque de
Holanda) - (Volume 7).
5. Atividade Grupal:
5.1 Comentários sobre as vivências na harmonização “Caminhando pelo
Jardim da Vida”, conduzida no início da aula, relatando também a
virtude que veio à mente durante a vivência. Esta atividade poderá ser
desenvolvida no início da aula, logo após a referida harmonização.
5.2 Dinâmica de grupo (14): “Expressando Sentimentos através da
Canção” (Volume 7) - “Te Ofereço Paz” (Valter Pini) - reforçando o
quanto é importante, na busca da paz mental e satisfação pela vida,
expressarmos ao próximo nossos mais nobres sentimentos.
Observação:
TEXTOS COMPLEMENTARES:
1) “Paz - Aspecto Mental e Emocional” (Ver pág. 13).
2) “O Processo Mental e as Emoções” (Ver pág. 14).
3) “Princípios Básicos para uma Vida Harmoniosa” (Ver pág. 18).
4) “Nosso Potencial Infinito” (Ver pág. 55).

REFLEXÃO: LIÇÕES DE BEM VIVER (DESIDERATA)


Siga tranquilamente o seu caminho, por entre a pressa e as agitações, lembrando-se de que
sempre há paz no silêncio. Tanto quanto possível, sem capitular, esteja em bons termos com a
humanidade e viva na melhor harmonia com todas as pessoas.

23
Lição 1: Satisfação...
De Bem com a Vida
Diga a sua verdade calma e claramente; e ouça os outros, mesmo os mais ingênuos e
ignorantes, eles também têm sua história. Evite pessoas espalhafatosas e agressivas, que
trazem inquietação ao nosso espírito.
Se você se compara com outras pessoas, poderá tornar-se amargo ou presunçoso, porque
sempre encontrará alguém superior ou inferior a você.
Cultive seu trabalho, mesmo que ele seja humilde, pois esse é um bem real frente às variações
da sorte, e mantenha um perfeito domínio em todas as mudanças da vida.
Seja cauteloso em seus negócios, porque o mundo está cheio de armadilhas, mas não deixe
que isso o torne cego para a virtude, que está sempre presente: inúmeras pessoas lutam por
elevados ideais e, em toda parte, a vida é cheia de exemplos de heroísmo.
Seja autêntico, seja sempre você mesmo, jamais finja amizade.
Não seja descrente do amor, pois, apesar de todas as asperezas e desencantos, ele é tão
perene quanto a relva.
Aceite magnanimamente o conselho dos velhos, mas saiba também ceder e ser compreensivo
às inovações da juventude.
Cultive a fortaleza da alma, que o ajudará a triunfar de alguma desventura repentina, mas não
se angustie por meras suposições ou fique se preocupando com o que não aconteceu, pois
muitos temores são apenas frutos do cansaço e da solidão. Por isso, a par de uma sadia
disciplina, seja leniente com você mesmo: você é uma criatura do universo, não menos que as
árvores e as estrelas, com muita razão, você estará sempre entre essas coisas. E ainda que isto
não lhe pareça claro, não tenha dúvida de que o universo prossegue em sua marcha.
Portanto, esteja em paz com Deus, da maneira como você o conceber e, sejam quais forem
suas lutas e aspirações em meio às confusões da vida, mantenha a paz em sua alma.
Apesar de todas as simulações, enfados e sonhos desfeitos, o mundo é ainda maravilhoso.
Cuide-se e lute para ser feliz.”

Encontrado na velha Igreja de São Paulo, em Baltimore, no ano de 1692

HISTÓRIA: VIVER COMO AS FLORES


Em um antigo mosteiro budista, um jovem monge questiona o mestre...
- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são
ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que
caluniam.
- Pois viva como as flores! - Advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? - Perguntou o discípulo.
- Repare nas flores - continuou o mestre, apontando os lírios que cresciam no jardim - elas
nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo
que lhes é útil e saudável...
...mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo
angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o
importunem.

24
Lição 1: Satisfação...
De Bem com a Vida
Os defeitos deles são deles e não seus.
Se não são seus, não há razão para aborrecimento.
Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora.
Isso é viver como as flores.

Conto Budista

REFLEXÕES:
Como você interpreta a resposta do mestre ao jovem monge?
O que é necessário desenvolver internamente para vivenciar o conselho do mestre, de forma
verdadeira?
Na sua opinião, o que leva uma pessoa a ter mais satisfação pela vida?
Reflita sobre a frase de Sathya Sai: “O passado é passado, o futuro é incerto; apenas o presente
está em nossas mãos. É dever essencial do homem que ele viva o momento presente, cumpra
seus compromissos com amor e compartilhe sua alegria com seus semelhantes”. Comente
suas reflexões, relacionando-a com a história.

25
Lição 2: Aquietamento...
Silenciando-se Internamente
Valor Absoluto: Paz.
Valor Relativo: Aquietamento.
Objetivos: Conscientizar o estudante de que é o aquietamento da mente que torna possível
encontrar a tranquilidade, viver em paz consigo mesmo e com o mundo.
1. Harmonização:
1.1 Sentar-se em silêncio (3 minutos);
1.2 Oração conduzida (com música suave): “Oração do Amanhecer” (4) -
(Volume 7).
2. Citações: “A Quietude é não só uma Compreensão ou um Discernimento da
mente, mas também uma Experiência do Ser. Todo movimento ou
vibração para.” Paul Brunton
“Aquele que aprendeu a entrar por sua vontade no silêncio do
mundo interior retornará a ele seguidamente. De nenhuma outra
forma pode uma alegria tão sagrada e calma ser sentida, um
significado tão profundo ser conhecido, tal alívio de problemas
pessoais ser assegurado.” Paul Brunton
2.1 Reflexões para a compreensão das citações.
3. História: “O Rabino Dançarino”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal: Música: “Fonte da Vida” (Letra: Edson Aquino - Música: Fonte do Tororó
- cantiga de roda) - (Volume 7).
5. Atividade Grupal:
5.1 Dramatização da história. Na dramatização, todo o grupo poderá
participar, utilizando-se primeiramente o item 5.2;
5.2 Dinâmica de grupo (16): “Celebrando a Paz” - (Volume 7).
Observação: TEXTOS COMPLEMENTARES: “ Paz Interior: Antídoto Contra o
Estresse, a Preocupação e o Medo (1ª Parte)”. O texto de apoio se
encontra ao final desse volume (Pág. 59).

HISTÓRIA: O RABINO DANÇARINO


Os judeus de uma cidadezinha russa esperavam ansiosos a chegada de um rabino. Ia ser um
raro acontecimento, por isso passaram bastante tempo preparando as perguntas que iam
fazer ao santo homem.
Quando finalmente ele chegou e todos se reuniram na prefeitura, o rabino percebeu a tensão
no ar enquanto se preparavam para ouvir as respostas que lhes daria.
Em princípio ele não disse nada; apenas olhou-os nos olhos e cantarolou uma envolvente
melodia. Logo todos começaram a cantarolar. Começou a cantar e eles o acompanharam.
Balançou-se e começou a dançar em pomposos passos ritmados. A congregação seguiu o
exemplo. Logo estavam tão envolvidos na dança, tão absortos nos movimentos que
esqueceram tudo o mais na terra; dessa maneira, cada pessoa daquele grupo tornou-se
inteira, foi purificada da fragmentação interior que nos afasta da verdade.

26
Lição 2: Aquietamento...
Silenciando-se Internamente
Passou-se quase uma hora, antes que a dança se tornasse mais lenta até parar. Exaurida a
tensão de seus íntimos, todos se sentaram na paz silenciosa que impregnava a sala. Então o
rabino pronunciou suas únicas palavras da noite:
- Creio que respondi às suas perguntas.
Conto hassídico* [34]

REFLEXÕES:
Na sua opinião, quais eram as expectativas das pessoas em relação ao rabino?
Qual foi a maior percepção do rabino?
Qual o sentimento das pessoas ao vivenciarem a proposta do rabino?
Você procura ser uma pessoa receptiva a situações novas em sua vida?

*Hassídico: Judeu religioso, observante das leis e preceitos judaicos ou praticante do judaísmo ortodoxo.

27
Lição 3: Honestidade...
Um Caminho para a Paz
Valor Absoluto: Paz.
Valor Relativo: Honestidade.
Objetivos: Levar o estudante a compreender que, através de atitudes honestas, a paz interior
pode ser alcançada e que os resultados dessas ações, em última instância, são sempre
positivos.
1. Harmonização:
1.1 Sentar-se em silêncio (3 minutos); logo em seguida, em atitude de
reflexão e aquietamento interno, o grupo escuta a música “Oração da
Luz” através de gravação ou cantada por um dos participantes) -
(Volume 7).
2. Citação: “O caminho da paz é o caminho da verdade. Ser honesto é ainda mais
importante do que ser pacífico. Um homem sincero não pode
permanecer violento por muito tempo. Ele vai perceber, no curso de
sua busca, que não tem necessidade de ser violento. Vai também
descobrir que enquanto houver nele o menor vestígio de violência não
conseguirá encontrar a Verdade que está procurando". Gandhi [32]
2.1 Reflexões para a compreensão da citação.
3. História: “A Flor da Honestidade”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal: Música: “Verdade” (Edson Aquino) - (Volume 7).
5. Atividade Grupal:
5.1 Dinâmica de grupo (17): “Respondendo Sobre a Paz” - (Volume 7) .
Encerramento: Reflexões para a Prática Espiritual da Semana (A Paz Interior e seus
Valores Relativos). Audição de música instrumental para
aquietamento interno (fundo musical suave). Após alguns instantes de
iniciada a música, com voz suave e pausada, fazer a leitura do texto de
apoio extraído do capítulo “TEXTOS COMPLEMENTARES”, pág. 60,
desse volume.

HISTÓRIA: A FLOR DA HONESTIDADE


Por volta do ano 250 a.C., na China antiga, um certo príncipe da região de Thing-Zda, norte do
país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se
casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma “disputa” entre as moças da corte ou quem quer
que se achasse digna de sua auspiciosa proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as
pretendentes e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos,
ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua
jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe. Ao chegar a casa e relatar o
fato à jovem, espantou-se ao ouvir que ela pretendia ir à celebração. Então, indagou
incrédula:

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Lição 3: Honestidade...
Um Caminho para a Paz
- Minha filha, o que acha que fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da
corte. Tire esta ideia insensata da cabeça; eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o
sofrimento uma loucura.
E a filha respondeu:
- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a
escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe;
isto já me torna feliz, pois sei que meu destino é outro.
À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as
mais belas roupas, com as mais belas joias e com as mais determinadas intenções. Então,
finalmente, o príncipe anunciou o desafio:
- Darei, para cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a
mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizavam muito
a especialidade de “cultivar” algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc...
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem,
cuidava com muita paciência e ternura, pois sabia que se a beleza das flores surgisse na
mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Passaram-se
três meses e nada surgiu. A jovem de tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia,
mas nada havia nascido e dia a dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho; porém cada
vez mais profundo o seu amor.
Por fim, os seis meses haviam passado e nada ela havia cultivado; e, consciente do seu esforço
e dedicação, comunicou à sua mãe que, independentemente das circunstâncias, retornaria ao
palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além do que mais alguns mo-
mentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada, estava lá com seu vaso vazio, bem como todas as pretendentes, cada uma
com uma flor mais bela do que a outra, com as mais variadas formas e cores. Ela estava
absorta, nunca havia presenciado tão bela cena. Finalmente, chega o momento esperado. O
príncipe chega e observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção e, após
passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica justamente a humilde e bela
jovem como sua futura esposa.
As pessoas presentes tiveram as mais inusitadas reações, ninguém compreendeu porque ele
havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente, ele
esclareceu:
- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz, a flor da
honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.
Qual é a diferença especial entre a verdade e a falsidade? A vitória da falsidade é de curta
duração. Por quê? A derrota da verdade é de curta duração e a sua vitória é para sempre.
Aqueles que têm vitória de curta duração através da falsidade, num momento experimentam
felicidade; entretanto, quando a hora chega e aquele curto período de duração da falsidade
termina, tais seres que experimentavam sucesso sob a influência da falsidade, de acordo com
isso, têm que se arrepender cem vezes quando a vitória da verdade acontece. O futuro é uma
sombra do presente.

As Mais Belas Histórias Budistas - e outras histórias [22]

29
Lição 3: Honestidade...
Um Caminho para a Paz
REFLEXÕES:
Na sua opinião, que virtudes a jovem da história apresentou? Comente sobre elas.
O que você acha que a jovem sentiu ao ver as lindas flores das outras candidatas?
O que você entende sobre a frase citada ao final da história: “O futuro é uma sombra projetada
do presente”?
Como você se sentiria com a consciência que tem hoje, em relação a situações passadas em
que não houve força suficiente para, tal qual as outras pretendentes, sustentar a verdade?
Você lidaria, hoje, com a sensação de derrota para agir com honestidade, se não houvesse
garantia de recompensa?

30
Lição 4: Focalização e Atenção...
Estar Atento ao Momento
Valor Absoluto: Paz.
Valores Relativos: Focalização e Atenção.
Objetivo: Levar o estudante a refletir sobre a importância de se viver cada momento com
plenitude.
1. Harmonização:
1.1 Interiorização: atenção à própria respiração (2 minutos);
1.2 Focalização: 3 minutos usando o sentido da audição:
• Atenção aos sons externos;
• Atenção aos sons internos (que ecoam dentro do indivíduo);
• Atenção ao silêncio;
• Atenção ao coração.
2. Citação: “Depois que o indivíduo aprendeu a praticar a quietude interior
durante o período diário estabelecido, ele precisa aprender como
introduzi-la em suas atividades rotineiras.” Paul Brunton [33]
2.1 Reflexões para a compreensão da citação.
3. História: “Plena Atenção ao Momento”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal:
4.1 Música: “Tocando em Frente” (Almir Sater/ Renato Teixeira) - (Volume
7);
4.2 Audição de música para aquietamento interno (música sugerida: Ária
na Quarta Corda “Air on the G String”, da Suíte orquestrada # 3, BWV
1068, Johann Sebastian Bach). Em seguida, fazer a declamação do
poema “Não Ambiciones”, de Cecília Meireles, por um dos partici-
pantes do grupo.
5. Atividade Grupal: Dinâmica de Grupo (18) - Jogo da Memória - (Volume 7).
Observação: TEXTOS COMPLEMENTARES: “O Amor como Sentimento é Paz”. O
texto de apoio se encontra ao final desse volume (Pág. 61).

HISTÓRIA: PLENA ATENÇÃO AO MOMENTO


Um dos discípulos do templo era bem conhecido por seu zelo e dedicação. Dia e noite, ele
permanecia sentado em meditação, sem interrupção sequer para comer ou dormir. Com o
passar do tempo, porém, foi emagrecendo e ficando cada vez mais exaurido. O mestre do
templo aconselhou-o a reduzir o ritmo e tomar mais cuidado consigo mesmo. Mas o discípulo
se recusava a ouvir seus conselhos.
- Por que correr tanto, qual é a sua pressa?
- Estou em busca da iluminação. - Respondeu o devoto. Não há tempo a perder.

31
Lição 4: Focalização e Atenção...
Estar Atento ao Momento
- E como você sabe - indagou o mestre - que a iluminação está à sua frente e que é preciso
correr atrás dela? Talvez esteja vindo atrás de você e, para encontrá-la, bastaria parar um
pouco. Desse jeito, você está apenas fugindo dela!
Zen [28]

REFLEXÕES:
Que sinais mostraram ao mestre do templo que o devoto estava percorrendo um caminho
equivocado em sua prática espiritual?
Comente as sugestões dadas pelo mestre ao discípulo.
Reflita sobre a importância do equilíbrio entre corpo, mente e espírito para se encontrar a
paz e a harmonia interior. Comente com o grupo suas reflexões.

POEMA:
NÃO AMBICIONES
Cecília Meireles [25]
Não queiras ser.
Não ambiciones.
Não marques limites ao teu caminho.
A eternidade é muito longa.
E dentro dela tu te moves, eterno.
Sê o que vem e o que vai.
Sem forma.
Sem termo.
Como uma grande luz difusa.
Filha de nenhum sol.

32
Lição 5: Simplicidade e Tranquilidade...
Simplesmente estar Feliz com a Vida
Valor Absoluto: Paz.
Valores Relativos: Simplicidade e Tranquilidade.
Objetivos: Refletir sobre a qualidade do contentamento com o que se tem e apreciar cada
momento que a vida oferece.
1. Harmonização:
1.1 Oração conduzida: “Pai Nosso”;
1.2 Sentar-se em silêncio (3 minutos).
2. Citação: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo; a cada dia basta o seu cuidado.” Mateus, 6:34
2.1 Reflexões para a compreensão da citação.
3. História: “O Dono da Pousada”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal:
4.1 Música: “Asas” (Marcus Viana - Sagrado Coração da Terra) - (Volume 7).
5. Atividade Grupal:
5.1 Dinâmica de grupo (12): “Expressando-se através de Gestos” -
(Volume 7);
5.2 Dinâmica de grupo (19): “Criação e Dramatização de uma História” -
(Volume 7).

HISTÓRIA: O DONO DA POUSADA


Certa vez, um empresário muito rico e muito ocupado foi passar uma temporada numa pou-
sada, a melhor de uma região localizada entre as montanhas e o mar. Por ser um lugar
acolhedor e pacato, privilegiado pela natureza, com uma atmosfera pura e saudável, era
procurado por turistas e por todos aqueles que, por questão de saúde, necessitavam de
alguns dias de descanso e lazer.
A pousada, apesar de simples, era limpa e confortável, um lugar especialmente agradável de
se estar. O proprietário era uma pessoa muito amável e acolhedora. Esse conjunto de parti-
cularidades fazia daquele lugar o mais procurado da região, com turistas sempre tentando
uma vaga. Sendo pequena a propriedade, não era possível atender a todos; os que conse-
guiam vaga saíam muito satisfeitos com o conforto, o ótimo atendimento e a beleza da
paisagem.
Um dia, esse rico empresário caminhava pelos belos jardins para tentar aliviar a carga dos
inúmeros e complexos problemas que moldavam a sua vida. Deparou-se, então, com o dono
da pousada deitado despreocupadamente sob a sombra de uma árvore, olhando o azul do
céu. Quase indignado, o empresário, que havia esperado semanas para conseguir uma vaga
na pousada, deteve-se junto ao proprietário do local e perguntou:

33
Lição 5: Simplicidade e Tranquilidade...
Simplesmente estar Feliz com a Vida
- Como você pode ficar deitado aí, com tantas coisas a fazer e tantas possibilidades que se
apresentam para você?
O dono da pousada virou lentamente a cabeça na direção do empresário e suavemente
respondeu com outra pergunta:
- Por que você está tão irritado? Eu estou descansando porque já fiz todas as atividades para o
dia de hoje. Há algo que esteja necessitando e que eu possa fazer para você?
Com a oportunidade de falar sobre seus pensamentos, o homem insistiu:
- Você tem grandes possibilidades com esta bela propriedade. Se você fosse a um banco,
certamente poderia conseguir um bom empréstimo. Ampliaria, assim, rapidamente sua
pousada. Com o bom atendimento que você dispensa a todos, não teria problemas em manter
uma pousada bem maior. Os comentários de um número maior de turistas trariam ainda mais
visitantes. Você se tornaria cada vez mais famoso, mais procurado e teria um rendimento
muito maior para seu investimento. Com mais dinheiro, você poderia até mesmo comprar
pousadas vizinhas, fazendo uma rede, equipando-as com o que há de melhor, com capacidade
para atender maior número de pessoas. Isso em pouco tempo lhe faria rico.
- E o que eu faria então? -, perguntou o dono da pousada.
- Você teria condições de gozar muito mais desta vida. Poderia comprar uma mansão, auto-
móveis melhores, roupas melhores, viajar, namorar lindas mulheres, enfim, tudo o que o di-
nheiro pode oferecer.
- Mas eu estou feliz assim. Eu atendo meus hóspedes da melhor forma possível, dentro de
minhas possibilidades.
Inconformado, o empresário ainda insistiu:
- Você não percebe que pode ampliar muito essas possibilidades, comprando barato as hos-
pedarias de seus vizinhos?
O dono da pousada tranquilamente respondeu:
- Essa região, pela localização geográfica privilegiada, naturalmente está sendo cada vez mais
procurada por todos que necessitam de descanso e lazer. Mesmo assim, vejo que as hos-
pedarias vizinhas são menos requisitadas que a minha. Eu sei que isso me deixa numa situação
privilegiada para comprá-las mais baratas do que valem! No entanto, não tenho interesse em
comprá-las: o que tenho, basta para suprir minhas necessidades. Além disto, tiraria dos vizi-
nhos donos das outras propriedades, a oportunidade de perceber, através do meu exemplo,
que, mesmo sem grandes luxos, podemos fazer o melhor pelos nossos hóspedes: conforto,
aconchego e atenção, deixando-os felizes. Caro senhor, procuro viver cada momento como
único e precioso. Vivo o presente, estou em paz. Assim, consigo apreciar a vida atento a tudo o
que me acontece.
- Você se contenta com pouco! É preciso ter cada vez mais e aproveitar mais a vida!
Olhando o interlocutor com um leve sorriso desenhado no rosto, o dono da pousada
perguntou:
- O que você acha que eu estou fazendo agora?

Conto adaptado por Alexandros Anastas Maraslis


Inspirado na história do livro: Aulas de Transformação [11]

34
Lição 5: Simplicidade e Tranquilidade...
Simplesmente estar Feliz com a Vida

REFLEXÕES:
Reflita sobre a nossa capacidade de criar complexidades desnecessárias. Comente com o
grupo.
Do que se pode abrir mão para simplificar a vida? Que tipo de comportamento e que valores
estabelecidos por você ou impostos a você mereceriam ser reconsiderados para que você
aproveitasse mais da vida agora? Comente suas reflexões.
Reflita e comente com o grupo sobre a relação da história com os ensinamentos de Jesus: “Por
isso vos digo: não andeis inquietos quanto a vossa vida pelo que haveis de comer ou pelo que
haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do
que o mantimento, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do céu, que nem
semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai Celestial as alimenta. Não tendes
vós muito mais valor do que elas?” Mateus, 6:25-26

35
Lição 6: Lucidez e Sabedoria...
A Base para a Ação Equilibrada
Valor Absoluto: Paz.
Valores Relativos: Lucidez e Sabedoria.
Objetivos: Levar o estudante a perceber que lucidez é ver a realidade sem conceitos prévios,
um passo indispensável à sabedoria, base sobre a qual se constroem ações equilibradas.
1. Harmonização:
1.1 Oração conduzida: “Oração de São Francisco” - (Volume 7). Em
seguida, leitura do poema “Paciência”, apresentado na lição.
2. Citação: “O sábio pratica os valores humanos mais profundos, amplia sua
percepção e respeito a todos, e desenvolve a habilidade de usar a
palavra com sabedoria, doçura e firmeza”.
2.1 Reflexões para a compreensão da citação.
3. História: “A Sabedoria do Mestre”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal:
4.1 Música: “Oração da Luz” (Edson Aquino) - (Volume 7).
5. Atividade Grupal:
5.1 Dinâmica de grupo (33): “O Jogo da NASA” - (Volume 7). Essa atividade
requer um pouco mais de tempo para seu bom funcionamento. Para
não prejudicar as atividades e as reflexões da dinâmica, sugere-se que o
coordenador conduza as outras atividades da lição de forma mais
breve, procurando praticar e desenvolver com o grupo o valor “uso
adequado do tempo”.

HISTÓRIA: A SABEDORIA DO MESTRE


Um jovem acabara de completar seu treinamento espiritual e estava ansioso para tornar-se
mestre. Mudou-se para uma nova cidade, onde tentou ensinar. Mas ninguém aparecia para
ouvi-lo. O único interesse espiritual da cidade parecia ser o de ouvir os ensinamentos de um
rabino sábio e bem conhecido. Frustrado, o jovem concebeu um plano para desmoralizar o
velho mestre e obter alunos para si. Capturou um pequeno pássaro e foi até onde o mestre
ensinava, rodeado de seus discípulos. Segurando o pequeno pássaro na mão, dirigiu-se
diretamente ao mestre.
- Se és tão sábio, deves dizer-me agora: este pássaro em minhas mãos está vivo ou morto?
Seu plano era o seguinte: se o mestre dissesse que o pássaro estava morto, ele abriria as mãos,
o pássaro sairia voando, o erro do mestre ficaria patente e os alunos deixariam de procurá-lo;
se o mestre dissesse que o pássaro estava vivo, ele rapidamente o esmagaria nas mãos e,
abrindo-as, diria, “Veja, o pássaro está morto”. Novamente o mestre se revelaria equivocado e
o jovem obteria seus alunos.
O jovem, confiante de si, sentou-se diante do mestre, exigindo uma resposta.
- Se és tão sábio, deves dizer-me agora: este pássaro está vivo ou morto?
O mestre olhou para ele com grande compaixão e disse apenas:
- Realmente, meu amigo, isso depende de você.
Hassidismo* [28]

36
Lição 6: Lucidez e Sabedoria...
A Base para a Ação Equilibrada
REFLEXÕES:
Que valores faltaram ao jovem recém-chegado à nova cidade?
Que valores o velho rabino demonstrou ao jovem?
A resposta do rabino sábio nos leva a refletir sobre como a ética sempre está em nossas
mãos! Reflita sobre isso e comente com o grupo.
Se você estivesse no lugar do rabino, que outras respostas poderia dar ao jovem? Que
atitudes você teria tomado em relação a ele?

POEMA:
PACIÊNCIA

Eu quis Força... e recebi Dificuldades para me fazer forte.


Eu quis Sabedoria... e recebi Problemas para resolver.
Eu quis Prosperidade... e recebi Cérebro e Músculos para trabalhar.
Eu quis Coragem... e recebi Perigo para superar.
Eu quis Amor... e recebi pessoas com Problemas para ajudar.
Eu quis Favores... e recebi Oportunidades.
Eu não tive Nada do que quis... Mas eu recebi Tudo de que precisava.

37
Lição 7: Desapego...
Caminho da Liberdade
Valor Absoluto: Paz
Valor Relativo: Desapego.
Objetivo: Possibilitar ao estudante condições para conscientizar-se de que o desapego liberta
o ser humano de seus sofrimentos.
1. Harmonização:
1.1 Meditação: Atitude silenciosa para a Paz Mundial (3 minutos);
1.2 Harmonização (2): “Percebendo a Unidade da Vida” - (Volume 7);
finalizando com a oração/canção: “Oração de São Francisco”.
2. Citações: “Não é preciso retirar-se para uma floresta ou caverna a fim de
conhecer a Verdade interna e vencer a natureza inferior. De fato, lá você
fica sem chance de mostrar sua raiva e apegos, e, assim, a vitória
alcançada lá pode não ser duradoura ou verdadeira. Ganhe a batalha da
vida, permanecendo no mundo, e, não obstante, livre de seus
tentáculos. Por uma vitória assim, você merecerá congratulações."
Sathya Sai [5]
“Os homens buscam coisas para satisfazer a própria conveniência e
conforto; buscam riquezas e glórias; apegam-se desesperadamente à
vida. Fazem arbitrárias distinções entre a existência e a não existência,
entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Os homens fazem da vida
uma sucessão de apegos e sofreguidão, por este motivo, sentem as
ilusões da aflição e sofrimento”. Buda [9]
2.1 Reflexões para a compreensão das citações.
3. História: “A Renúncia”
Parábola: “O Viajante”
3.1 Contação da história e da parábola;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história e da
parábola.
4. Canto Grupal:
4.1 Música: “Abro a Janela do Meu Coração” - Dinâmica de grupo (12):
“Expressando-se através de Gestos” - (Volume 7). Reforçar o ganho de
manter verdadeira a relação entre a letra da música e uma postura
interior correspondente.
4.2 Música: “Asas” (Marcus Viana - Sagrado Coração da Terra).
5. Atividade Grupal: Dinâmica de grupo (34): “Vivenciando o Desapego” - (Volume 7).

CITAÇÃO: “Não é preciso retirar-se para uma floresta ou caverna a fim de conhecer a Verdade
interna e vencer a natureza inferior. De fato, lá você fica sem chance de mostrar sua raiva e
apegos, e, assim, a vitória alcançada lá pode não ser duradoura ou verdadeira. Ganhe a
batalha da vida, permanecendo no mundo, e, não obstante, livre de seus tentáculos. Por uma
vitória assim, você merecerá congratulações”. Sathya Sai [5]

38
Lição 7: Desapego...
Caminho da Liberdade
HISTÓRIA: A RENÚNCIA
Havia certa vez, na Índia, um erudito que tinha um grande conhecimento das escrituras e uma
excelente didática. Expressava-se facilmente sobre qualquer tema que houvesse em seus
livros e, com isso, era muito procurado para proferir palestras e ministrar cursos a multidões
de ouvintes atentos.
Em um determinado momento de sua vida, o erudito sentiu que deveria tornar-se um
renunciante e, assim, fez os votos de renúncia. Renunciou a todos os seus bens materiais e a
todas as ligações familiares. Saiu de sua casa apenas com a roupa do corpo e seu velho livro
contendo os grandes ensinamentos dos antigos sábios. Apenas isto bastava a ele. Como era
bem recebido nas casas de todas as aldeias onde fosse, também não precisava se preocupar
com seu próprio sustento. Assim, foi levando a vida e tornou-se um andarilho, transmitindo os
ensinamentos dos mestres a todos que o procuravam em suas caminhadas. Tinha também um
certo orgulho de ter renunciado a tudo nesta vida.
Um rei muito rico, tendo ouvido falar da fama do erudito, mandou-o chamar em seu reino e
humildemente pediu que lhe transmitisse diariamente as mensagens dos sábios. Aceitou a
hospedagem do rei, desde que fosse na ala da criadagem, no quarto mais simples do castelo,
considerando seu voto de renúncia aos bens materiais, só possuindo a roupa do corpo e seu
antigo livro. O rei ficava maravilhado com os ensinamentos do erudito e ansiava diariamente
pelos momentos de estudos e reflexões, saboreando palavra por palavra do velho homem.
Passados alguns meses, o rei percebeu a grande transformação que ocorria em si mesmo,
vivenciando sinceramente todos aqueles ensinamentos. Um dia, no entanto, ao voltarem de
um passeio pela floresta, já nos jardins do palácio, o rei e o erudito perceberam um grande
incêndio no castelo. Havia um tumulto de pessoas defronte o castelo, todos trabalhando com
muito empenho para apagar o incêndio, mas com poucos resultados.
Antes de começar a tomar qualquer providência, o rei, muito tranquilo, disse ao velho
homem:
- Em outra época, eu teria entrado em pânico, em total desespero. Agora nem mesmo uma
grande perda material afeta a paz interna por mim alcançada, graças à vivência de seus
ensinamentos. Caro mestre, muito obrigado!
O erudito, pelo contrário, totalmente descontrolado e em pânico, tinha as mãos na cabeça.
Quase gritando, com a voz angustiada e embargada, com vontade de chorar, tentava explicar.
- Mas meu único livro está lá! Ao terminar sua frase, vendo o rei calmo diante de si, percebeu
que, apesar de todos seus bons conhecimentos, não os havia assimilado suficientemente!
Não tinha se apercebido o quanto de apego ainda existia nele. Apesar de todos os anos de
renúncia, havia transferido todos os seus apegos ao mundo para o seu velho e único livro.
Nesse momento, após um rápido vislumbre de toda sua vida, humildemente se ajoelhou aos
pés do rei e disse:
- Majestade, prostro-me diante de ti!

Conto Indiano
Recontado por: Alexandros Anastas Maraslis

39
Lição 7: Desapego...
Caminho da Liberdade
REFLEXÕES:
Comente suas opiniões sobre o comportamento do erudito e do rei no decorrer da história.
Qual é o seu conceito de renúncia? Você já renunciou a alguma coisa em benefício de uma
outra pessoa?
Comente suas opiniões sobre as dificuldades e os sofrimentos que o apego exagerado a bens
materiais pode trazer à vida de uma pessoa.
Qual é a causa do apego nos relacionamentos humanos? Na sua opinião, como uma pessoa
que tem dificuldades de relacionamentos, pelo apego excessivo ao outro, poderia solucionar
suas dificuldades e viver em verdadeira união, ou seja, com amor e desapego?

CITAÇÃO: “Os homens buscam coisas para satisfazer a própria conveniência e conforto;
buscam riquezas e glórias; apegam-se desesperadamente à vida. Fazem arbitrárias distinções
entre a existência e a não existência, entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Os homens
fazem da vida uma sucessão de apegos e sofreguidão, por este motivo, sentem as ilusões da
aflição e sofrimento”. Buda [9]

PARÁBOLA: O VIAJANTE
Certa vez, um homem, em uma longa viagem, chegou a um rio. Desejando alcançar a margem
oposta que lhe parecia mais suave e segura, construiu com galhos e juncos uma balsa e atra-
vessou com segurança o rio.
Alcançando a margem oposta, ele pensou: "Esta balsa me foi muito útil para a travessia do rio;
não deixarei que se apodreça em uma praia qualquer. Levá-la-ei comigo". Assim, volunta-
riamente, carregou um fardo desnecessário.
História Budista [9]

REFLEXÕES:
Pode o homem da parábola ser considerado sábio?
Reflita e comente o quanto o apego a objetos, pessoas e até mesmo ideias nos trazem difi-
culdades e sofrimento.
Mesmo as coisas úteis podem ser descartadas, quando se tornam fardos desnecessários.
Comente com o grupo.
Tenho consciência de meus apegos? O que tenho feito para elaborá-los ou superá-los?

40
Lição 8: Humildade...
A Grandeza Interior
Valor Absoluto: Paz.
Valor Relativo: Humildade.
Objetivos: Proporcionar ao estudante a compreensão de que a humildade é o primeiro e último
passo no caminho da autorrealização, pois, na trajetória espiritual, ser humilde é agir com
renúncia ao ego e louvor ao Deus Interior.
1. Harmonização:
1.1 Sentar-se em silêncio (3 minutos);
1.2 Audição de música suave e a leitura com voz pausada da “Oração” (7) -
(Volume 7).
2. Citações: “Reduza suas necessidades, e viva com simplicidade tal é o caminho da
felicidade. Apego gera aflição em seu despertar. Ao final, quando a
morte exige que tudo seja largado para trás e que abandone todas as
pessoas, você é esmagado pelo sofrimento. Imite o lótus na água; ele
pousa sobre ela, mas não dentro dela. A água é necessária a seu
crescimento, mas ele não consente que nem uma gota o molhe”. Sathya
Sai [5]
“Uma vida humilde dedicada a um grande propósito, torna-se grande”.
Paul Brunton
2.1 Reflexões para a compreensão das citações.
3. História: “Volte Vestido Apropriadamente”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal:
4.1. Música: “Oração de São Francisco” (Volume 7);
4.2 Música: “Um Presente para o Senhor” (Wander Collyer) - (Volume 7).
5. Atividade Grupal
5.1. Leitura do poema: “Não Faças de Ti” (Cecília Meireles), apresentado na
lição. A seguir, divida o grupo de participantes em subgrupos de no
máximo cinco pessoas. Peça que criem alguma forma de manifestação
artística inspirando-se no tema do poema.

HISTÓRIA: VOLTE VESTIDO APROPRIADAMENTE


Era uma vez um jovem rei que partiu para conquistar. Ousado, habilidoso e inteligente,
conquistou várias terras à volta de seu reino. Reis menores e chefes de tribos foram submetidos
a ele. Sentia-se jubiloso e satisfeito. Decidiu que era hora de voltar para casa.
Como governadores dos territórios conquistados, nomeou seus cortesãos, deixando um
batalhão de seus exércitos com eles e começou sua jornada para casa, com o resto do exército,
seu general e seu ministro.
Uma noite acampou em um vale, entre as margens de um rio e uma colina. Quando tudo estava
adormecido e silencioso, o rei olhou para fora de sua tenda. Seus olhos voltaram-se para o topo
da colina. Ficou surpreso, pois no alto divisou uma espécie de luz fraca, mas singular, um tipo de
luz que nunca vira antes. Parecia chamá-lo. Sentiu uma estranha urgência de subir a colina.

41
Lição 8: Humildade...
A Grandeza Interior
O rei deixou a noite passar. De manhã, chamou o ministro e pediu-lhe para indagar quem ou o
que havia na colina, sem nada revelar sobre a luz. O ministro disse:
“Meu senhor, na noite passada estava conversando com os dignitários da aldeia além.
Informaram-me que no topo da colina vive um eremita. Sua Majestade deve ter observado o
fogo que ele conserva aceso, em frente à sua cabana, durante a noite”.
“Você viu este fogo?”, perguntou o rei.
“Sim, meu senhor.”
“Que espécie de luz o fogo emite?”
O ministro pareceu um pouco intrigado:
“Por quê, meu senhor? A espécie de luz que resulta de qualquer fogo feito pela queima de
gravetos e folhas secas!”, disse.
O rei compreendeu que a visão que ele tivera da luz tinha sido negada a seu ministro.
“Ó ministro”, disse o rei. “Suba a colina e informe ao eremita que gostaria de me encontrar
com ele”.
“Muito bem, meu senhor”.
O ministro subiu a colina e desapareceu no topo dela, enquanto o rei observava-o.
“Meu senhor”, disse, “o eremita manda-lhe boas-vindas. Disse, porém, que o senhor deve se
apresentar diante dele vestido apropriadamente”.
“Isso nem precisa dizer”, disse o rei. Colocou sua real vestimenta formal e começou a escalar a
colina. Mas, no meio do caminho, foi cumprimentado por um discípulo do eremita.
“Ó rei, o eremita já o notou. Ele pede para o senhor voltar vestido apropriadamente...”, o
discípulo o informou.
O rei parou. “Compreendo”, disse ele depois de um pouco. “Esta não é a maneira apropriada
para eu me encontrar com um eremita! Fui um tolo. Ataviei-me como se fosse encontrar com
um outro rei!”
O rei retornou à sua tenda e colocou as vestes de um simples homem do povo e foi encontrar-
se com o mendigo.
Outra vez foi parado no meio do caminho por um discípulo do eremita.
“ Volte, meu senhor, vestido apropriadamente!”, disse o discípulo do eremita.
O rei, estupefato, retornou a seu acampamento.
“Meu senhor, deixe-nos arrastar o eremita até aqui”, propôs o general, que havia ficado muito
aborrecido com a conduta do eremita em relação a seu amado rei.
“General, você não arrastou dúzias de reis conquistados como prisioneiros e exibiu-os diante
de nós? Que glória há em arrastar um eremita idoso e desarmado diante de nós?” Retorquiu o
rei severamente. “Devemos encontrá-lo em seus próprios termos”.
No dia seguinte, o rei arranjou dois pedaços de linho ocre e colocou-os, um à volta da cintura e
o outro na parte superior do corpo.
Mas, ó Deus, ele foi parado pela terceira vez:
“Meu senhor, meu mestre quer que volte vestido apropriadamente”, informou-o calmamente
o discípulo do eremita.

42
Lição 8: Humildade...
A Grandeza Interior
O rei, cujas ordens retumbantes provocavam terremotos e holocaustos, ficou sem fala, à beira
das lágrimas. Tranquilamente, voltou a seu acampamento. Sentou-se sozinho, recusando-se a
ver qualquer pessoa. Ele poderia subir até o topo da colina e obrigar o eremita a recebê-lo.
Condená-lo-ia à morte, como havia feito com tantos e ninguém ousaria proferir uma palavra
de protesto. Mas isso também não significava nada. Ele havia conquistado todas as terras que
se estendiam até o horizonte e mais além. No entanto, agora, sentado ali, sentia-se derrotado.
O sol desapareceu e a noite estava caindo. Ninguém teve a audácia de perturbá-lo.
Então, a cortina de sua tenda se abriu. O rei ergueu os olhos. Por um instante, cintilou a luz
deslumbrante que ele havia visto brilhar à noite, há dois dias atrás. Ali estava o eremita.
“Meu filho, como você está bem vestido”, disse o eremita. O rei levantou-se e inclinando-se
diante dele murmurou:
“Senhor, não sei. Estou vestido como deveria estar quando estou na privacidade de meu
quarto!”.
“Na privacidade de seu coração, meu querido rei, você se conscientizou quão humilde você é,
não?”, perguntou o eremita.
“Sim. A futilidade de minhas conquistas, todo o derramamento de sangue, a loucura de gastar
tempo em tais expedições, começaram a despontar em mim...”, replicou o rei.
“É o alvorecer da sabedoria, meu filho. E eu queria que você estivesse vestido de sabedoria.
Todas as outras vestimentas são meras necessidades ou simples vaidade”, disse o eremita
enquanto abraçava o rei. O rei sentiu que a luz que vira estava passando para seu coração.

Histórias da Índia Antiga [7]

REFLEXÕES:
Qual é a simbologia que as vestimentas representam no conto?
Como você interpreta cada tentativa frustrada do rei de se aproximar do eremita?
Fale um pouco sobre a frase do eremita ao rei: “Na privacidade de seu coração, meu querido
rei, você se conscientizou de quão humilde você é”.
Como você interpreta a última frase do conto: “O rei sentiu que a luz que vira passava para seu
coração?”.
POEMA:
NÃO FAÇAS DE TI
Cecília Meireles [25]

Não faças de ti Todas as coisas esperam a luz,


Um sonho a realizar. Sem dizerem que a esperam.
Vai. Sem caminho marcado. Sem saberem que existe.
Tu és o de todos os caminhos. Todas as coisas esperarão por ti,
Sê apenas uma presença. Sem te falarem.
Invisível presença silenciosa. Sem lhes falares.

43
Lição 9: Silêncio interior...
A Fonte da Sabedoria Universal
Valor Absoluto: Paz
Valor Relativo: Silêncio interior
Objetivo: Criar condições para que o estudante se conscientize de que, através do silêncio
interior, acessamos a Verdade.
1. Harmonização:
1.1 Focalização: 3 minutos usando um dos sentidos (audição)
Atenção aos sons externos;
Atenção aos sons internos (que ecoam dentro do indivíduo);
Atenção ao silêncio;
Atenção ao coração.
1.2 “Oração de Gratidão” (3) - (Volume 7).
2. Citações: "E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará". (João, 8:32)
"Quanto mais aumenta a pressão, a tensão, o conflito e a violência do
mundo, maior a necessidade de alguma forma de recolhimento”. Paul
Brunton
2.1 Reflexões para a compreensão das citações.
3. História: “Os Sons da Floresta”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal: Música: “Oração da Luz” (Edson Aquino) - (Volume 7).
5. Atividade Grupal:
5.1 Dinâmica de grupo (35): “Caminhada Silenciosa” - (Volume 4), ou
5.2 Dinâmica de grupo (65): “Ponto de Vista”.

HISTÓRIA: OS SONS DA FLORESTA


No século III d.C., um rei mandou seu filho, o príncipe T'ai, ir estudar no templo com o grande
mestre Pan Ku. O objetivo era preparar o Príncipe, que iria suceder ao pai no trono, para ser
um grande Administrador. Quando o Príncipe chegou ao templo, o Mestre logo o mandou,
sozinho, à floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever os sons da
floresta.
Passando o prazo, o Príncipe retornou e o Mestre lhe pediu para descrever os sons de tudo
aquilo que tinha conseguido ouvir.
"Mestre", disse o Príncipe, "pude ouvir o canto dos pássaros, o roçar das folhas, o alvoroço dos
beija-flores, a brisa batendo suavemente na grama, o zumbido das abelhas e o barulho do
vento cortando os céus".
Quando o príncipe terminou, o Mestre mandou-o de volta à floresta para ouvir tudo o mais
que fosse possível. O Príncipe ficou intrigado com a ordem do Mestre. Ele já não tinha
distinguido cada som da floresta?

44
Lição 9: Silêncio interior...
A Fonte da Sabedoria Universal
Por longos dias e noites o Príncipe se sentou sozinho na floresta, ouvindo, ouvindo. Mas não
conseguiu distinguir nada de novo além daqueles sons já mencionados ao Mestre. Então,
certa manhã, sentado entre as árvores da floresta, começou a discernir sons vagos, diferentes
de tudo o que ouvira antes. Quanto mais atenção prestava, mais claros os sons se tornavam.
Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. "Esses devem ser os sons que o
Mestre queria que eu ouvisse", pensou. Sem pressa, o Príncipe passou horas ali, ouvindo e
ouvindo, pacientemente. Queria ter a certeza de que estava no caminho certo.
Quando o Príncipe retornou ao templo, o Mestre lhe perguntou o que mais ele tinha
conseguido ouvir. "Mestre", respondeu reverentemente o Príncipe, "quando prestei mais
atenção, pude ouvir o inaudível; o som das flores se abrindo, do sol aquecendo a terra e da
grama bebendo o orvalho da manhã". O Mestre acenou com a cabeça em sinal de aprovação.
"Ouvir o inaudível é ter a disciplina necessária para se tornar um grande Administrador.
Apenas quando aprende a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos, os medos
não confessados e as queixas silenciosas e reprimidas, um Administrador pode inspirar
confiança a seus comandados, entender o que está errado e atender às reais necessidades dos
liderados. A morte de uma empresa começa quando os líderes ouvem apenas as palavras
pronunciadas pela boca, sem mergulhar a fundo na alma das pessoas para ouvir seus
sentimentos, desejos e opiniões reais".

As Mais Belas Histórias Budistas - e outras histórias [22]

REFLEXÕES:
Que valores humanos foram demonstrados pelos personagens da história?
Comente sobre a percepção e a sensibilidade do príncipe nas duas etapas de suas vivências na
floresta.
De acordo com a história o que é necessário para tornar-se um grande administrador?
E na sua opinião, que virtudes um administrador deve desenvolver internamente?
O que significa “ouvir o inaudível”?
O que significa para você perceber o silêncio interno?
Você procura praticar o silêncio interior?

45
Lição 10: Calma...
Descobrindo a Paz
Valor Absoluto: Paz
Valor Relativo: Calma
Objetivo: Levar o estudante a compreender que no ser humano há algo naturalmente calmo
em seu mundo interno e que nenhuma situação da vida pode perturbar esse estado.
1. Harmonização:
1.1 Concentração: atenção à própria respiração;
1.2 Audição de música suave e a leitura com voz pausada da Oração (4):
“Oração do Amanhecer” - (Volume 7);
1.3 Meditação: Atitude silenciosa para a Paz Mundial.
2. Citação: “Aquele que é naturalmente calmo não perde seu sentido de raciocínio,
de justiça ou de humor, sejam quais forem as circunstâncias.”
Paramahansa Yogananda [16]
2.1 Reflexões para a compreensão da citação.
3. História: “A consulta médica”
3.1 Contação da história;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história.
4. Canto Grupal: Música: “ Senhor da Paz” (Edson Aquino) - (Volume 7).
5. Atividade Grupal:
5.1 Dinâmica de grupo (37): “Jogo da Memória Auditiva” - (Volume 7).
5.2 Dinâmica de grupo (20): “Origami” - (Volume 7).
Observação: TEXTOS COMPLEMENTARES: “Paz Interior: Antídoto Contra o Estresse,
a Preocupação e o Medo (2ª Parte)”. O texto de apoio se encontra ao
final desse volume (Pág. 63).

HISTÓRIA: A CONSULTA MÉDICA


José não acolhia de bom grado a ideia de ter que sair de sua casa àquela hora da noite. A
escuridão e o frio tornavam a atmosfera muito desagradável. Mas ele tinha que ir. Sua velha
mãe estava cheia de dores. A mulher e a irmã insistiam para que ele chamasse Dr. Paulo,
médico renomado, que morava do outro lado do rio.
José aventurou-se fora de casa, levando um bastão e uma lanterna. “O Dr. Paulo cobra vinte
reais por uma visita. Porém, nesta hora da noite e neste fim de mundo, acho que ele cobrará
uns trinta reais!”, disse para si mesmo.
De repente, uma lufada de vento golpeou-o. “Bom Deus, será que o médico vai se aventurar a
sair de casa nessas condições? Ele cobrará nada menos que quarenta reais”, pensou José,
muito aborrecido com o Dr. Paulo. “Alguém deveria dizer-lhe que ele é injusto!”, disse para si
mesmo, enquanto aproximava-se do rio.
- Você pode levar-me para o outro lado do rio? -, perguntou ao barqueiro, que estava sentado
perto de um pequeno fogo que acendera dentro da cabana.
- A água do rio não está profunda o bastante para que o barco possa navegar -, disse o
barqueiro, agachando-se mais próximo do fogo para aquecer-se.

46
Lição 10: Calma...
Descobrindo a Paz
- Então, como as pessoas atravessam o rio? - Perguntou o ansioso José.
- Elas apenas atravessam! Por quê? Não lhe deu o Criador um par de pernas? Por que não as
usar e se arrastar pelo rio? - Perguntou o barqueiro em resposta.
Depois de alguma hesitação, José entrou no rio. Ele avançava com passos cautelosos, dobrou a
barra de sua calça até o joelho e, segurando firmemente a lanterna, com medo de perdê-la no
rio, murmurou para si mesmo: “O médico, quando souber que deve se arrastar pelo rio, com
água pelo joelho, certamente elevará seu preço para sessenta reais!”, resmungou já vermelho
de tanta zanga. E amaldiçoou o médico. O sujeito devia ser chamado à ordem por sua
ganância, era o que pensava.
Finalmente ele chegou à morada do médico. Bateu à porta e a janela do andar de cima abriu-
se. Uma senhora, debruçando-se, perguntou:
- Você está procurando o médico?
- Certo, disse José. - Mas não precisa acordá-lo. Apenas diga-lhe que não me importo de lhe
pagar sessenta reais. Acho até melhor voltar sem ele! Que ele guarde seus remédios para si.
Sessenta reais! Não, eu não preciso dele!
Deixou o recinto imediatamente e voltou para casa tremendo, em parte por causa do frio e em
parte devido à raiva.
Retornando a casa, encontrou sua mãe adormecida.
- Você incomodou-se desnecessariamente. O Dr. Paulo veio atender a um chamado de nosso
vizinho e prontamente acorreu quando o chamamos. Ele deu um remédio à mãe e ela está se
recuperando. O que é grande no Dr. Paulo é que ele se recusou a receber pagamento, dizendo
que já havia sido pago pela visita que fizera a nosso vizinho!, informou-lhe sua irmã, radiante
de alegria.
“Frequentemente o homem tenta medir a ação da Graça por sua própria luz, de acordo com
seu próprio senso de lógica!”

Adaptação do conto do livro: Histórias da Índia Antiga 2 [8]

REFLEXÕES:
Que antivalores José demonstrou ter no desenrolar da história?
Na sua opinião, que valores ele precisa trabalhar para diminuir sua ansiedade?
Reflita sobre atitudes similares às de José, que alguns de nós tomamos, na maior parte das
vezes movidas por emoções descontroladas, por preocupações exageradas e desnecessárias.
Comente com o grupo.
Na sua opinião, que valores o Dr. Paulo demonstrou ter em suas atitudes?

47
Lição 11: Autocontrole e Dignidade...
Chaves para a Experiência Divina
Valor Absoluto: Paz
Valores Relativos: Autocontrole e Dignidade
Objetivos: Levar o estudante a perceber que atitudes envolvendo autocontrole e dignidade
promovem a paz interna e externa.
1. Harmonização:
1.1 Sentar-se em silêncio (5 minutos).
1.2 Audição de música suave e a leitura com voz pausada da Oração (5):
“Uma Prece de Amor” (Volume 7);
2. Citações: “Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar
minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa
ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o
mundo”. Gandhi [32]
“O homem espiritualizado vence a ira com a calma, extingue querelas
com o silêncio, dispersa a desarmonia com palavras suaves e envergo-
nha a descortesia mostrando consideração para com os outros.”
Paramahansa Yogananda [16]
2.1 Reflexões para a compreensão das citações.
3. História: “O Samurai Idoso”
Relato: “Diálogo da Mãe com um Jovem Francês”
3.1 Contação da história e do relato;
3.2 Reflexões em grupo sobre os valores humanos da história e do relato.
4. Canto Grupal:
4.1 Música: “Palavra não foi feita para dividir ninguém” (Irene Gomes) -
(Volume 7);
4.2 Audição de música para aquietamento interno (música sugerida: Canto
coral: “Jesus, alegria dos homens - Jesus bleibt meine Freude” -
Cantata 147, coral e orquestra).
5. Atividade Grupal: Dinâmica de grupo (36): “Desafio da Garrafa” - (Volume 7).
Observação: TEXTOS COMPLEMENTARES: “Paz Interior: Antídoto Contra o Estresse,
a Preocupação e o Medo (3ª Parte)”. O texto de apoio se encontra ao
final desse volume (Pág. 64).

CITAÇÃO: “Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e
torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida
numa força capaz de mover o mundo”. Gandhi [32]

HISTÓRIA: O SAMURAI IDOSO


Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que adorava ensinar sua filosofia para os
jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer
adversário.

48
Lição 11: Autocontrole e Dignidade...
Chaves para a Experiência Divina
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era
famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro
movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos,
contra-atacava com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E, conhecendo a reputação do
velho samurai, estava ali para derrotá-lo, aumentando sua fama de vencedor.
Todos os estudantes manifestaram-se contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio. Foram
todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas
pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos - ofendeu
inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceu impassível. No final
da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o jovem e impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato do mestre ter aceito tantos insultos e provocações, os alunos
perguntaram: “Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua
espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de
todos nós?”
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?
- Perguntou o velho samurai.
- A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos, disse o mestre.
Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.

As Mais Belas Histórias Budistas - e outras histórias [22]

REFLEXÕES:
A atitude de aceitação “aparentemente passiva” do samurai perante os insultos e
provocações do jovem guerreiro foi consciente e autêntica? Reflita sobre a atitude do
samurai e comente com o grupo.
Para uma pessoa assumir de forma autêntica e tranquila atitudes similares a do samurai,
ela necessita vivenciar com profundidade os valores humanos. Você está pronto?
Que outras atitudes uma pessoa poderia tomar, em uma situação como essa, de modo a
não ferir a si mesma e promover a paz?
Pensamentos e emoções exacerbadas levam à perda do equilíbrio interior. Como você
administra pensamentos e emoções extremas, tanto positivas como negativas?

CITAÇÃO: “O homem espiritualizado vence a ira com a calma, extingue querelas com o
silêncio, dispersa a desarmonia com palavras suaves e envergonha a descortesia mostrando
consideração para com os outros.” Paramahansa Yogananda [16]

49
Lição 11: Autocontrole e Dignidade...
Chaves para a Experiência Divina
RELATO: DIÁLOGO DA MÃE COM UM JOVEM FRANCÊS.
Conheci, em uma cidade do norte da França, um jovem de espírito franco, mas de coração
fervilhante, sempre prestes a se encolerizar.
“Que pensa”, eu lhe dizia um dia, “que seja mais difícil para um jovem forte como você fazer:
retribuir golpe por golpe e lançar seu punho no rosto do colega que o injuria, ou então guardar
nesse mesmo momento esse punho em seu bolso?”
“É guardá-lo em meu bolso”, respondeu ele.
“E o que pensa que seja mais digno de um jovem corajoso como você: fazer a coisa mais fácil
ou, bem ao contrário, a mais difícil?”.
“A mais difícil”, disse ele após um minuto de hesitação.
“Pois bem, procure fazê-lo da próxima vez em que a ocasião se apresentar”.
Algum tempo depois, o jovem veio contar-me, não sem um legítimo orgulho, que ele tinha
conseguido fazer a coisa mais difícil.
“Um de meus colegas de trabalho”, disse ele, “conhecido por seu temperamento difícil, me
bateu em um momento de cólera. Como ele sabe que habitualmente eu não perdoo e que
tenho o braço forte, ele se preparava para defender-se, quando me lembrei daquilo que você
me havia ensinado. Isso me foi mais duro do que eu pensava, mas coloquei meu punho no
bolso. E assim que havia feito isto, senti que eu não tinha mais raiva. Mas somente pena do
meu colega. Então estendi-lhe a mão. Isto o surpreendeu tão fortemente que ele ficou por um
momento a me olhar, de boca aberta, sem nada me dizer; em seguida, precipitou-se para
minha mão, apertou-a com força e me disse comovido: Agora você poderá fazer comigo o que
quiser, sou seu amigo para sempre”.
“O espírito calmo e sem rancor é como um verdadeiro palácio. Não se dá o mesmo com o
espírito vingativo e irritado. Nosso pensamento é uma morada que podemos, à nossa
vontade, tornar limpa, serena e doce, cheia de sons harmoniosos”.

A Mãe [13]

REFLEXÕES:
Comente suas opiniões sobre as atitudes do jovem ao seguir o conselho da Mãe. Que
valores ele precisou trabalhar consigo para comportar-se de forma amistosa diante de um
agressor?
Na sua opinião, o que devemos fazer para conseguir ter o controle das emoções em uma
situação supostamente desfavorável?

50
Lição 12: Valor Paz
Conclusão
Valor: Paz
Objetivos: Promover a oportunidade de os participantes se expressarem, relatando suas
vivências em relação à Paz Interior, além de fazer uma revisão geral de todo o conteúdo
estudado.
1. Harmonização:
1.1 Música/oração: “Que todos os mundos sejam felizes” (3 vezes);
1.2 Oração de encerramento: Oração (1): “Oração da Fraternidade
Universal” - (Volume 7);
1.3 Dinâmica de grupo (21): “O Som da Alma” - (Volume 7).
2. Citação: “A paz deve ser manifestada nos sentimentos, nas palavras, na atitude e
na ação, assim como na mente e no desempenho do dever; tudo de
igual forma. Dessa maneira, a paz é perfeita, do tipo mais excelso e
estável”. Sathya Sai [27]
2.1 Reflexões para a compreensão da citação.
3. Canto Grupal:
3.1 Música: “Fonte da Vida” (Letra: Edson Aquino - Música: Fonte do Tororó
(Cantiga de Roda) - (Volume 7).
3.2 Música: “Uma Canção pela Paz” (Edson Aquino) - (Volume 7).
4. História e Atividade Grupal:
4.1 Dinâmica de grupo (8): “Contando Histórias” - (Volume 7).
4.2 Dinâmica de grupo (32): “A Mandala da Paz”- (Volume 7).
Encerramento:
Audição de música para aquietamento interno. Música sugerida:
Concerto em Ré menor para Oboé BWV 1059 - Siciliano, de Johann
Sebastian Bach. Sugerir também ao grupo que cada um faça mental-
mente, a seu modo, uma oração de agradecimento pelo que possa ter
sido ganho com o trabalho de Educação em Valores Humanos;
Meditação: Atitude de oração silenciosa para a Paz Mundial e para o resgate do
Valor Paz entre os todos os seres (5 minutos).
Observação: TEXTOS COMPLEMENTARES: “Contemplação”. O texto de apoio se
encontra ao final desse volume (Pág. 65).

51
3. Textos Complementares
Nosso Potencial Infinito
(Texto de Apoio - Lição 1)

Q uando começamos a entender o ser total que o homem é, compreendemos que ele
não é um simples organismo físico. Dentro dele há muitos poderes, cujo potencial ele
emprega, em grau maior ou menor, para se adaptar às condições deste mundo. É
muito maior, esse potencial, do que imagina o homem comum.
Por trás da luz de cada pequena lâmpada há uma grande corrente dinâmica; sob cada pequena
onda existe o vasto oceano. Assim é com os seres humanos. Deus criou todos os homens à Sua
imagem e deu liberdade a cada um deles. Mas você esquece a Fonte de seu ser e o poder sem
igual de Deus, que é intrínseco a você. As possibilidades deste mundo são ilimitadas; o
progresso potencial do homem é ilimitado.
O Você real é a prolífica Fonte de todo o poder, mas o você cotidiano é só um fragmento do que
pode ser exteriorizado e manifestado. O Você básico é infinito em potencialidade.
Muito maior do que qualquer coisa ou do que qualquer pessoa que você ansiou ser, é o que
você é. Deus manifesta-se em você de um modo especial: sua face é diferente da de qualquer
outra pessoa; sua alma é diferente da de qualquer outra pessoa. Você se basta a si próprio,
pois dentro de sua alma está o maior de todos os tesouros: Deus.
Todos os grandes mestres afirmam que dentro deste corpo está a alma imortal, uma centelha
Daquilo que tudo sustenta.
De onde provém a nossa verdadeira personalidade? Vem de Deus. Ele é Consciência Absoluta,
Existência Absoluta e Bem-Aventurança Absoluta. Concentrando-se internamente, você pode
sentir, de um modo direto, a divina bem-aventurança de sua alma dentro de você, e fora
também. Se você puder manter-se nessa consciência, sua personalidade externa vai-se
desenvolver e vai tornar-se atraente a todos os seres. A alma é feita à imagem de Deus e
quando nos estabelecemos na consciência da alma, nossa personalidade começa a refletir a
Sua bondade e beleza. Essa é a sua verdadeira personalidade. Quaisquer outras características
que você exiba são uma espécie de enxerto elas não são o verdadeiro “você”.
O impulso imperioso para ser e fazer o que seja o mais nobre, o mais belo do que sejamos
capazes é a mola propulsora de todas as realizações elevadas. Empenhamo-nos pela perfeição
aqui na terra porque ansiamos por recuperar nossa unidade com Deus.
A alma é absolutamente perfeita, mas quando se identifica com o corpo, as imperfeições
humanas distorcem sua expressão.
O reflexo da lua não pode ser visto claramente em águas agitadas, mas, quando a superfície da
água está calma, aparece um reflexo perfeito da lua. O mesmo acontece com a mente: quando
está calma, vê-se claramente refletida a face enluarada da alma. Nós, como almas, somos
reflexos de Deus. Quando, por meio de técnicas de meditação, eliminamos os pensamentos
inquietos do lago da mente, contemplamos nossa alma - reflexo perfeito do espírito - e
compreendemos que alma e Deus são Um.
Concentre sua atenção no seu interior. Você sentirá um novo poder, uma nova força, uma nova
paz em seu corpo, mente e espírito. Comungando com Deus, você muda sua condição de ser
mortal para ser imortal. Quando fizer isso, todos os liames que o limitam serão rompidos.
Há minas de poder que jazem inexploradas dentro de você. Você usa esse poder incons-
cientemente em tudo o que faz, e alcança determinados resultados. Mas, se aprender a
controlar e a usar conscientemente os poderes que há em você, pode realizar muito mais.

55
Nosso Potencial Infinito
(Texto de Apoio - Lição 1)
Deus nos fez anjos de energia, encerrados em matéria sólida correntes de vida fulgurando
através de um bulbo material de carne.
Quando você transcende a consciência deste mundo, sabendo que não é o corpo nem mente,
e, ainda assim, estando mais consciente do que nunca de que existe, é essa consciência divina
que você é. Você é aquilo em que tudo no universo deita raízes.
Você precisa apenas olhar para dentro de si. À medida que ergue sua consciência do corpo e de
suas experiências, encontrará essa esfera repleta da grande alegria e bem-aventurança que
ilumina as estrelas e concede poder aos ventos e às tempestades. Deus é a fonte de todas as
nossas alegrias e de todas as manifestações que a natureza abriga.

Paramahansa Yogananda [16]

CITAÇÕES:
Estou submerso na luz eterna. Ela permeia cada partícula do meu ser. Estou vivendo nessa luz.
O Espírito Divino impregna-me por dentro e por fora. Oh, Pai, rompe as fronteiras das peque-
nas ondas de minha vida, para que eu possa unir-me ao oceano de Tua vastidão. Paramahansa
Yogananda [16]
Todas as possibilidades do mundo no homem estão esperando, como a árvore espera em sua
semente. A Mãe

56
Paz Interior: Antídoto Contra o Estresse, a
Preocupação e o Medo - (1ª Parte)
(Texto de Apoio - Lição 2)

C alma é o estado ideal com o qual deveríamos receber todas as experiências da vida. O
nervosismo é o oposto da calma, e o seu predomínio, hoje em dia, faz dele algo muito
próximo a uma epidemia mundial.
Só aqueles que desfrutam de harmonia em suas almas conhecem a harmonia que permeia
toda a natureza. Quem quer que não tenha essa harmonia interior sente, também, sua falta no
mundo. A mente caótica vê caos em toda parte. Como pode alguém saber como é a paz se
nunca a provou? Aquele que tem paz interior, entretanto, pode permanecer nesse estado até
em meio às discórdias que haja no seu exterior.
A calma é o alento vivo da imortalidade de Deus em você.
Tudo o que você faça, deve ser feito em paz. Eis o melhor remédio para o seu corpo, sua mente
e sua alma. Eis a maneira mais sublime de viver.
A paz é o altar de Deus, a condição na qual a felicidade existe.
Se você mantiver sua mente na resolução de jamais perder a paz, poderá atingir a divindade.
Mantenha uma câmara secreta de silêncio dentro de você, onde não deixará entrar mau
humor, provações, lutas ou desarmonias. Afaste todo ódio, anseio por vingança e desejos.
Nessa câmara de paz, Deus o visitará.
Não se pode comprar a paz. Você tem que saber fabricá-la dentro de você, no silêncio de suas
práticas diárias de meditação.
Devemos modelar nossa vida segundo uma estrutura triangular: calma e doçura são os dois
lados; a base é a felicidade.

Paramahansa Yogananda [16]

57
Reflexões para a Prática Espiritual da Semana
(A Paz Interior e seus Valores Relativos)
(Texto de Apoio - Lição 3)

-T enho observado minhas emoções e sentimentos? O que faço para elaborar os


sentimentos que não estão de acordo com uma vida de equilíbrio e harmonia?

- Tenho procurado estar em paz com minhas emoções e sentimentos? O que tenho feito para
melhorar a qualidade das minhas emoções, de meus pensamentos e de minha vida?
- Como estão as relações entre meu mundo externo e as minhas vivências internas?
- Procuro viver em paz comigo mesmo e com o próximo?
- Como vejo o mundo e sinto as pessoas?
- Sou capaz de ficar contente com tudo o que o dia me oferece, conservando o ânimo igual e o
coração afável, tanto no sucesso como no insucesso? Deixo me alterar por ventura ou por
desventura?
- Sou capaz de manter o equilíbrio e o contentamento interno, na alegria e na tristeza, no lucro
e na perda?
- Procuro fazer sempre o melhor que posso em todas as minhas ações diárias, sem apegos à
obra que estou realizando?
- Percebo que existe um momento certo para cada coisa? Tenho paciência suficiente para
esperar este momento?
- Tenho usado determinação e esforço para alcançar meus objetivos?
- Já procurei perceber a força do silêncio?
- Consigo compreender as pessoas e as situações além das aparências? Tenho procurado ver o
melhor em tudo que acontece e em todos, mesmo naqueles que expressam o oposto daquilo
que considero importante?

58
“O Amor como Sentimento é Paz”
(Texto de Apoio - Lição 4)

O pensamento de um homem poderá levá-lo à bem-aventurança, ou à sua ruína,


dependendo do direcionamento que ele dá à sua mente. Normalmente, o homem
desconhece o real potencial de sua própria mente e como utilizá-lo de forma
adequada. O pensamento exerce influência poderosa sobre o corpo humano. “Cada pensa-
mento, emoção ou palavra produz um efeito nas células do corpo e deixa nele alguma
impressão. O corpo está associado à mente, isto é, acompanha-a pari passu*. A mente em
seus vários estados reflete-se muito claramente no rosto e no corpo”[17].
A vida humana é constituída da interação entre o mundo interno do indivíduo e seu mundo
externo. Quando o homem não sabe elaborar adequadamente sentimentos negativos advin-
dos de suas reações a possíveis agressões ou ameaças do mundo externo (reais ou não) sejam
elas física, emocional ou mental, o resultado são as condições de estresse. Isso afeta direta-
mente todo o conjunto do corpo, especialmente com sobrecargas de tensões sobre nervos e
músculos. Em consequência, há perturbação dos sistemas corporais respiratório, circulatório,
nervoso, digestório e endócrino, resultando nas mais variadas doenças.
Dos vários fatores que causam estresse no homem, podemos citar preocupações, ansiedades,
pressa, competição, medos, sentimentos de ciúme, inveja, ódio, excesso de trabalho, ausên-
cia completa de atividades ou de metas etc. Esses fatores têm a ver com o modo de pensar do
indivíduo e o seu comportamento perante o mundo.
As práticas da concentração mental ajudam o homem a conhecer seu mundo interno e a
perceber o poder de sua própria mente, fortalecendo-a. No entanto, as técnicas de nada
adiantam se não forem acompanhadas da busca de nossa essência ou natureza interior e de
harmonização do conjunto entre pensamento, palavra e ação. A mente serve de interligação
com o imenso potencial interior que todos possuímos. Assim, é importante que o homem faça
um trabalho contínuo de edificação do caráter, deixando sua mente ser permeada por
sentimentos de compaixão, amor, alegria e paz, evitando o que lhe torna egoísta, presunçoso
ou prepotente, com a mente voltada apenas para si mesmo.
Independentemente das atividades ou linhas de pensamentos filosóficos e/ou religiosos, o
hábito de sentar-se em silêncio ou a prática de meditação, como a “Meditação na Luz”,
combinado com o processo da autoinvestigação, é um instrumento poderoso de auxílio do
homem em seu crescimento interior. Nesse sentido, essas práticas são apenas uma técnica
que devolve ao homem o controle harmonioso do mundo interno. A paz ressurge na mente do
homem quando, após um trabalho de autoinvestigação, toma consciência do que é sua
natureza (e o que não é!), deixando aflorar em si valores humanos perenes. Isso lhe edifica o
caráter, torna-o forte para lidar com as dificuldades naturais da vida e torna naturalmente o
impulso de servir amor e altruísmo àqueles que lhe estão próximos. Isso o liberta de apegos,
medos, egoísmo e empecilhos para usufruir de silêncio interior, de paz consigo mesmo.
Esses esforços coordenados e concentrados satisfazem o anseio de sua alma por Deus. Deus
para além da linguagem ou das simplificações externas. A aventura suprema da vida de uma
pessoa é a jornada de volta para sua natureza, sua fonte, sua casa de origem. Para atingir esse
objetivo, ela precisa de um funcionamento coordenado e harmônico de todo seu Ser.
Nesse caminho de autoconhecimento, aflora gradualmente tudo o que está inconsciente e o
indivíduo necessita do suporte de valores como o discernimento, compreensão e amor para
encontrar o equilíbrio e a harmonia interior. Eles são indispensáveis para, nesse processo, agir

59
“O Amor como Sentimento é Paz”
(Texto de Apoio - Lição 4)
corretamente em sua vida diária. Com esse despertar, já não haverá separação entre cons-
ciente e inconsciente. A mente torna-se silenciosa e serena, surgindo o verdadeiro potencial
humano, que está além da agitação mental, o completo estado de atenção. “A mente é a
rainha dos sentidos. Quem conquistou sua mente, sentidos, paixões, pensamentos e razão é
um rei entre os homens. Ele ou ela tem luz interior. Quando os sentidos do homem estão sob
seu perfeito controle, o fluxo da concentração é ininterrupto e ocorre o estado de meditação.
Como o filamento numa lâmpada elétrica brilha e ilumina quando há uma corrente regular e
ininterrupta de eletricidade, a mente será iluminada pela meditação”[14].
Através dessas vivências, compreende-se uma verdade: o que está dentro é como o que está
fora e é quase impossível estabelecer um limite exato e preciso entre esses dois universos. É o
primeiro contato com a realidade mais íntima do indivíduo, a descoberta da centelha divina
que existe em si e em todos, o sentimento de unidade que liga tudo e todos. Apesar de todas as
diferenças externas que possa haver, os homens são iguais nessa condição mais íntima. Isso
traz a verdadeira Paz, a paz de não se sentir só, de que todos são elos de uma imensa corrente
que é a humanidade. Isso permite ver a beleza das pessoas e da vida além das aparências.
No estado de meditação, o homem entra em um nível de consciência que está além da mente
racional e intelectual. É como se a mente do indivíduo se fundisse com todo o universo,
tornando-se tudo ao mesmo tempo e nada em particular, grandioso como o maior dos sóis,
pequeno como a menor partícula. Nesse momento, a mente, servindo de ponte entre o
indivíduo e essa poderosa corrente universal, torna-se silenciosa e intensa. Não há iden-
tificação com o “eu” e o “meu”; mergulha-se numa calma explosão cósmica, onde não há mais
dualismo, nem corpo, nem mente, só a suprema consciência da bem-aventurança. O homem
vê a luz que brilha em seu próprio coração. Torna-se uma luz para si e para os outros.
A prática de reflexões e meditações permite que o homem permaneça em suas atividades
diárias, com a mente ativa, mas calma. Suas ações são tranquilas, administrando adequada-
mente sua relação consigo mesmo, o outro e o mundo. O silêncio mental lhe dá uma per-
cepção aguçada para responder tranquila e adequadamente às vicissitudes da vida, com
agilidade e firmeza, sem ansiedade.
O homem compreende sua verdadeira natureza humana, vivenciando um contentamento
interno, que independe das situações externas. Cessa nele toda luta interna entre opostos,
percebe Deus em tudo: na vitória e derrota, no bem e no mal, na alegria e tristeza, razão e
emoção. Percebe que, para que haja o equilíbrio na vida, a própria vida se encarrega de
movimentar o conteúdo dos pratos da balança para que se vejam as duas faces de uma mesma
moeda. Que tudo faz parte do grande jogo da vida, desvelando em si os véus da ignorância e
enxergando a luz que a tudo permeia. Elevando seu nível de consciência do instintivo ao
humano e do humano ao Divino, alcançando o equilíbrio entre mente, corpo e espírito.
Enfim, a meditação leva o homem aos recessos mais íntimos de sua alma. O homem conhece
sua própria natureza e compreende sua identidade, sente-se parte integrante do Todo e
reconhece a mesma essência em todos os seres. Percebe que, em sua essência mais íntima,
todos somos um. Sente-se como um grande músico, uno com seu instrumento e a música que
dele sai.

(*) Pari passu (expressão latina) = a passo igual, ou com igual passo.

60
Paz Interior: Antídoto Contra o Estresse, a
Preocupação e o Medo - (2ª Parte)
(Texto de Apoio - Lição 10)

A quele que é naturalmente calmo não perde seu sentido de raciocínio, de justiça ou de
humor, sejam quais forem as circunstâncias. Não envenena os tecidos de seu corpo
com ira ou temor, que afetam a circulação de maneira adversa. É fato comprovado que
o leite da mãe enraivecida pode ter efeitos perniciosos em seu filho. Que prova mais contun-
dente poderíamos querer de que emoções violentas acabam por reduzir o corpo a uma ruína
ignominiosa?
Demorar-se, com indulgência, em pensamentos de medo, raiva, melancolia, remorso, inveja,
tristeza, ódio, descontentamento ou preocupação, o tempo todo, e a falta de condições para
uma vida normal e feliz, tais como: alimentação correta, exercícios adequados, ar puro, sol,
trabalho agradável e um propósito na vida, dão origem às moléstias nervosas.
Se ligarmos uma lâmpada de 120 volts numa linha de 2000 volts, ela se queimará imedia-
tamente. Analogamente, o sistema nervoso não foi feito para suportar a força destrutiva da
emoção intensa ou de persistentes pensamentos e sentimentos negativos.
O nervosismo pode, no entanto, ser curado. O paciente precisa estar disposto a analisar sua
moléstia e eliminar as emoções desintegradoras e os pensamentos negativos que, pouco a
pouco, o estão destruindo. A análise objetiva dos problemas da própria pessoa, e a manu-
tenção da calma em todas as situações da vida, curarão o caso mais crônico de nervosismo. A
vítima do nervosismo precisa compreender seu próprio caso e refletir sobre o erro consistente
do seu modo de pensar, que é responsável pelo seu desajustamento à vida.
Em vez de se afobar, num estado de excitação emocional, para chegar a algum lugar e depois
ser incapaz de apreciá-lo, quando chega, porque está agitado, procure ser mais tranquilo. Tão
logo sua mente se torne irrequieta, dê-lhe um safanão com sua vontade e ordene-lhe que se
acalme.
Um corpo relaxado e calmo é um convite à paz mental.
Quando tiver paz em cada movimento de seu corpo, paz em seu pensamento, em sua força de
vontade, paz em seu amor e Deus em suas ambições, lembre-se: você uniu Deus à sua vida.

Paramahansa Yogananda [16]

61
Paz Interior: Antídoto Contra o Estresse, a
Preocupação e o Medo - (3ª Parte)
(Texto de Apoio - Lição 12)

O medo vem do coração. Se alguma vez você se sentir tomado de pavor de alguma
doença ou de acidente, deve inspirar e expirar profunda, lenta e ritmicamente, várias
vezes, relaxando a cada expiração. Isso ajuda a normalizar a circulação. Se seu cora-
ção estiver realmente calmo, você não poderá sentir qualquer medo.
Nosso problema é que, em vez de vivermos só no presente, tentamos viver no passado e no
futuro ao mesmo tempo. Essas cargas são pesadas demais para a mente, por isso devemos
restringi-las. O passado já se foi. Por que continuar a carregá-lo na mente? Deixe que ela cuide
de seus fardos, um de cada vez. O cisne come apenas os sólidos contidos no líquido que ele
filtra em seu bico. Da mesma forma, deveríamos nos lembrar apenas das lições que apren-
demos no passado e esquecer os detalhes inúteis. Isso aliviará muito a mente.
Quando temos coisas demais para fazer ao mesmo tempo, nos desencorajamos. Em vez de se
preocupar com o que tem de ser feito, diga simplesmente: “Esta hora é minha. Farei o melhor
que puder”. O relógio não percorre vinte e quatro horas em um minuto, e você também não
pode fazer em uma hora o que faria em vinte e quatro. Viva cada momento presente de
maneira intensa e o futuro cuidará de si mesmo. Aprecie plenamente a maravilha e a beleza de
cada instante. Pratique a presença da paz. Quanto mais o fizer, mais sentirá a presença desse
poder em sua vida.
O prazer do homem moderno está em obter mais e mais, não se importando com o que
acontece aos outros. Mas não seria bem melhor viver com simplicidade sem muito luxo e com
menos preocupações? Não há prazer algum em se ocupar tanto a ponto de não poder
aproveitar o que tem. Tempo virá em que a humanidade começará a abandonar essa cons-
ciência da necessidade de tantos bens materiais. Maior segurança e mais paz serão encon-
tradas na vida simples.
Silencie a inquietude mental voltada para o exterior e interiorize sua mente. Harmonize seus
pensamentos e desejos com as realidades plenamente realizadoras que você já tem em sua
alma. Então perceberá a harmonia subjacente à sua vida e à toda a natureza. Se afinar suas
esperanças e expectativas com essa harmonia intrínseca, flutuará ao longo da vida nas
exultantes asas da paz.

Paramahansa Yogananda [16]

62
Contemplação
(Texto de Apoio - Lição 12)

“ T odos nós experimentamos a liberdade e a felicidade que nos traz o esquecimento de


nós mesmos, apesar de não o percebermos na hora. Por exemplo, assistindo a uma
boa partida de futebol ou absortos num romance, a satisfação provém não tanto
daquilo que estamos vendo ou lendo, como do próprio ato da absorção em si. Por aquele
breve espaço de tempo, nossa carga de pensamentos, preocupações e conflitos pessoais é
esquecida, e então encontramos alívio, porque o que repousa sob aquela carga é o calmo e
claro estado de consciência que chamamos de alegria”.
“É necessário que esqueçamos de nós mesmos, para sermos felizes. Em qualquer época, nós
encontraremos alguns homens e mulheres que possuem esse maravilhoso dom de esque-
cimento de si. Gandhi sentava-se em seu lugar costumeiro sob uma árvore, enquanto seu
secretário começava a recitar seus versos favoritos. Então, os olhos de Gandhi fechavam-se
em meditação e ele caía em tão profunda absorção, esquecendo totalmente de si, imerso na-
quelas palavras que encarnavam o ideal de sua vida”.
“Sendo a meditação o treinamento regular e sistemático da atenção para voltar-se para
dentro, dirigir-se continuamente a um único foco dentro do consciente até que nos tornamos
tão absortos no objeto de nossa contemplação que, enquanto estamos meditando, esque-
cemo-nos completamente de nós mesmos. Nesse momento, quando se pode dizer que
estamos vazios de nós mesmos, estamos completamente repletos daquilo que estamos
enfocando”.
Eknath Easwaram [45]

Os Santos, para encontrarem Deus, como passo inicial, fecharam os olhos para interromper o
contato imediato com o mundo e a matéria, de modo a poderem concentrar-se mais plena-
mente em descobrir a Inteligência subjacente a ela.
Pelo uso da razão, compreenderam que não poderiam contemplar a presença de Deus no seio
da natureza por meio da percepção ordinária dos cinco sentidos. Por meio da concentração
profunda, conseguiram desligar os cinco sentidos; e o mundo interior abriu-se e Deus revelou-
se a eles.
Paramahansa Yogananda (Extraído do livro “Santuário da Alma”)

Se percorrerdes uma pequena cidade, de uma única rua e numerosas lojas, a padaria, a loja de
máquinas fotográficas, a livraria, o restaurante ao ar livre, passando por uma ponte, interio-
rizando-vos na floresta e, nesse percurso, tiverdes olhado todas as coisas com os vossos olhos,
mas sem um único pensamento na mente, sabereis então o que significa viver sem separação.
Esse estado isento de pensamento é o espaço da mente sem limites, sem fronteiras, e todo o
conflito da mente, em seu estado de separação, terminou.

Krishnamurti (Extraído do livro “A Outra Margem do Caminho”)

63
4. Referências
4. Referências

[1] Central Council Sri Sathya Sai Organization in Canada. “Education in Human Values”,
Manual for Teachers - Sathya Sai, Fourth Indian Edition, 1995.
[2] Centro Sathya Sai de Educação em Valores Humanos. “Educação em Valores Humanos,
Manual para Professores - Sathya Sai.
[3] Organização Sri Sathya Sai do Brasil. “A Transformação pela Educação Espiritual - O
Programa Sri Sathya Sai de Educação em Valores Humanos”, 1ª ed., Rio de Janeiro, CC&P
Editores, 1999.
[4] Organização Sri Sathya Sai, Comitê Coordenador do Brasil, Coordenação Nacional de
Educação. “Referências para Aplicação do Programa Sathya Sai de Educação em Valores
Humanos nos Centros e Grupos Sathya Sai do Brasil”, (Apostila), 1999.
[5] Bhagavan Sri Sathya Sai Baba. “Sadhana: O Caminho Interior”, Editora Record.
[6] Bhagavan Sri Sathya Sai Baba. “Chinna Katha - Histórias e Parábolas, vol.1”, Comitê
Coordenador do Brasil - Organização Sri Sathya Sai do Brasil, 1991.
[7] Das, Manoj. “Histórias da Índia Antiga - Recontadas por Manoj Das”, São Paulo, Ed.
Shakti, 1994.
[8] Das, Manoj. “Histórias da Índia Antiga ‘2’- Recontadas por Manoj Das”, São Paulo, Ed.
Shakti,1997.
[9] Bukkyo Dendo Kyokai. “A Doutrina de Buda”, 3ª ed., Tóquio, Japão, Fundação para
Propagação do Budismo,1982.
[10] Organização Sri Sathya Sai, Comitê Coordenador do Brasil. “Vivendo em Dharma”, Rio
de Janeiro, Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil, 1998.
[11] Martinelli, Marilu. “Aulas de Transformação”, Ed. Fundação Peirópolis.
[12] Rohden, Huberto. “Mahatma Gandhi”, Ed. Alvorada.
[13] A Mãe. “Belles Histoires - Pequenos Contos de Grande Luz”, 1ª ed., Salvador, Casa Sri
Aurobindo,1983.
[14] Iyengar, B.K.S. “A Luz da Ioga”,São Paulo, Ed. Cultrix.
[15] Paramahansa Yogananda. “Autobiografia de um Iogue”, Ed. Summus Editorial.
[16] Paramahansa Yogananda. “Onde Existe Luz”, Self-Realization Fellowship.
[17] Swami Sivananda. “O Poder do Pensamento Pela Ioga”, São Paulo, Editora Pensamento.
[18] Krishnamurti. “A Educação e o Significado da Vida”, Ed. Cultrix.
[19] Krishnamurti. “Que Estamos Buscando?”, Ed. Cultrix.
[20] Swami Vivekananda. “Karma Yoga - A Educação da Vontade”, São Paulo, Ed.
Pensamento.
[21] Besant, Annie. “Dharma”, São Paulo, Ed. Pensamento.
[22] http://www.vertex.com.br/users/san. Site da Internet, “As Mais Belas Histórias
Budistas - e outras histórias”.
[23] Bhagavad Gita. “A Mensagem do Mestre”, São Paulo, Editora Pensamento.
[24] Pessoa, Fernando. “Obra Poética”, 4ª ed., Rio de Janeiro, José Aguilar, 1972.
[25] Meireles, Cecília. “Cânticos”, Ed. Moderna, 1987.
[26] Organização Sri Sathya Sai, Comitê Coordenador do Brasil, Programa de Jovens Sathya
Sai, Área de Devoção. “Manual do PJSS”, (Apostila), 1999.
[27] Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil. “Ensinamentos de Sri Sathya Sai
Baba”, Rio de Janeiro, Editora Ao Livro Técnico, 1999.

67
4. Referências

[28] Feldman Christina e Kornfield Jack. “Histórias da Alma, Histórias do Coração”, 2ª ed.,
São Paulo, Editora Pioneira, 1999.
[29] Satvic Gerard T. “Satvic Food and Health in Sathya Sai Baba's Words”, 2ª rev. ed., New
Delhi, Sai Towers Publishing, 1997.
[30] Swami Sri Yukteswar, “La Ciencia Sagrada”, 1ª ed. (em espanhol), CA. USA, Self
Realization Fellowship, 1998.
[31] Teerakiat Jareonsettasin, MD., MRCPsych (UK) (compilador e editor). “Educação
Sathya Sai - Filosofia e Prática”, 1ª ed., Rio de Janeiro, CC&P Editores, 2000.
[32] Gandhi. “As Palavras de Gandhi - Texto selecionado por Richard Attenborough”, 7ª ed,
Rio de Janeiro, Editora Record,1982.
[33] Brunton, Paul. “Ideias em Perspectiva”, 10ª ed., São Paulo, Editora Pensamento,1995.
[34] Melo, Anthony de. “O Enigma do Iluminado, volume 1”, 2ª ed., São Paulo, Edições
Loyola, 1996.
[35] Comitê Coordenador do Brasil. “Programa Sathya Sai de Educação em Valores
Humanos (PSSEVH), Coordenação: Nomaihaci R. Ferreira Crivelli”, (Apostila), Fev/2000.
[36] Filho, Afonso Mota. “Os Pensamentos Básicos da Sabedoria”, 2ª ed., Petrópolis, Editora
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[37] “O Sufismo no Ocidente ”, Rio de Janeiro, RJ, Edições Dervish, 1984.
[38] http://www.ibb.org.br/vidanet/outras/msg168.htm. Site da Internet, Vida.net
“Mensagens de Paz para sua vida”.
[39] A Mãe. “Educação - Um guia para o conhecimento e o desenvolvimento integral de
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[40] Comitê Brasileiro de apoio ao Tibet. “Pensamentos e Reflexões sobre a Paz”,
Publicação realizada em comemoração à segunda visita de Sua Santidade o Dalai
Lama ao Brasil (4 a 7 de abril de 1999).
[41] Bennett William J. “O Livro das Virtudes para Crianças”, 19ª edição - 1997, Rio de
Janeiro, Editora Nova Fronteira.
[42] Roff, Jonathan. “Caminhos para Deus”, 1ª ed., Rio de Janeiro, CC&P Editores, 2000.
[43] Krystal, Phyllis. “Sugestões de Estudo e Uso Individual do Programa de Limite aos
Desejos”, 1ª ed., Rio de Janeiro, Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil.
[44] Site da Internet: www.geocities.com/iansol_bh.
[45] Eknath Easwaran. “Bondade Originária”, São Paulo, ECE Editora, 1996.
[46] Antunes, Celso. “Jogos para a Estimulação das Múltiplas Inteligências”, 9ª ed.,
Petrópolis, Editora Vozes, 1998.
[47] Melo, Anthony de. “O Enigma do Iluminado”, volume 2, São Paulo, Edições Loyola.
[48] Jumsai, Art-ong. “Os Cinco Valores Humanos e a Excelência Humana”. Instituto
Sathya Sai de Educação, Rio de Janeiro, 1998.
[49] Burrows, Lorraine & Art-ong Jumsai. “Descobrindo o Coração do Ensino”. Instituto
Sathya Sai de Educação, Rio de Janeiro, 2000.
[50] Silvia V. Altman, Claudia R. Comparatore & Liliana E. Kurzrok. “Matemática
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[51] Alberto Lettieri & Laura Garbarini. “História Polimodal, Las Revoluciones Atlânticas”
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[52] Cristo, Jesus. “Novo Testamento [Mt 6, 33]”.

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Anotações
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