Gabriel Cadore Posser - TCC - Projeto de Um Inversor Monofásico de 2kVA Com Ênfase No Aumento Da Densidade de Potência
Gabriel Cadore Posser - TCC - Projeto de Um Inversor Monofásico de 2kVA Com Ênfase No Aumento Da Densidade de Potência
Gabriel Cadore Posser - TCC - Projeto de Um Inversor Monofásico de 2kVA Com Ênfase No Aumento Da Densidade de Potência
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
Santa Maria, RS
2019
2
Santa Maria, RS
2019
3
_________________________________________
Cassiano Rech, Dr. Eng. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
_________________________________________
Rafael Concatto Beltrame, Dr. Eng. (UFSM)
_________________________________________
Gabriel Avila Saccol, Me. Eng. (UFSM)
Santa Maria, RS
2019
4
RESUMO
A busca pela redução do volume e o aumento da eficiência dos inversores mostra-se uma
tendência para os projetos futuros, devido ao avanço das tecnologias utilizadas em dispositivos
semicondutores de potência, principalmente relacionada à sua velocidade e rendimento. Com
isso, durante o desenvolvimento do inversor monofásico de 2kVA, foram testadas e definidas
propriedades de projeto como topologia, frequência de comutação das chaves e o projeto do
filtro de saída, a fim de elevar a densidade de potência do inversor. Dessa forma, foi escolhida
uma topologia de inversor multinível que faz uso de indutores acoplados para conectar duas
pontes completas, tornando-a capaz de sintetizar cinco níveis de tensão na saída, e uma
frequência de chaveamento de 20kHz que nesta topologia, mostrou-se quatro vezes maior no
sinal de saída. Quanto ao projeto do filtro de saída, o desenvolvimento dos indutores acoplados,
conforme a metodologia aplicada neste trabalho, eliminou a necessidade de um indutor de filtro
para a corrente de saída do inversor. Sendo assim, o inversor desenvolvido neste trabalho
apresentou vantagens na redução dos elementos passivos do filtro, de quatro vezes em relação
à indutância e oito vezes em relação à capacitância, quando comparado com uma topologia de
inversor ponte completa que atualmente é amplamente empregada em projeto de inversores.
ABSTRACT
The pursuit of volume reduction and increased drive efficiency is a trend for future projects due
to the advancement of technologies used in semiconductor power devices, mainly related to
their speed and efficiency. Thus, during the development of the 2kVA single phase inverter,
design properties such as topology, switching frequency and output filter design were tested
and defined in order to increase the power density of the inverter. Thus, a multilevel inverter
topology that uses coupled inductors to connect two full-bridges was chosen, making it capable
of synthesizing five output voltage levels, and a switching frequency of 20kHz which in this
topology showed four times higher in the output signal. As for the output filter design, the
development of coupled inductors, according to the methodology applied in this work,
eliminated the need for a filter inductor for the inverter output current. Thus, the inverter
developed in this work has presented advantages in reducing passive filter elements, four times
in relation to inductance and eight times in relation to capacitance, when compared to a full-
bridge inverter topology that is currently widely used in inverters design.
Keywords: Power density. Multilevel inverter. Full bridge interleaved. Coupled inductor.
6
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SÍMBOLOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
1.1 OBJETIVO ......................................................................................................................... 13
1.2 MOTIVAÇÃO .................................................................................................................... 13
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15
2.1 TOPOLOGIAS DE INVERSORES ................................................................................... 17
2.1.1 Inversor meia-ponte monofásico .................................................................................. 18
2.1.2 Inversor ponte completa monofásico ........................................................................... 21
2.1.3 Inversor ponte completa intercalado ........................................................................... 25
2.2 FILTRO DE SAÍDA ........................................................................................................... 29
2.3 TEORIA DE CIRCUITOS MAGNÉTICOS ...................................................................... 32
2.3.1 Circuitos Magnéticos ..................................................................................................... 33
2.3.2 Acoplamento magnético ................................................................................................ 35
2.4 INDUTOR ACOPLADO ................................................................................................... 37
2.5 ESTRATÉGIAS DE MODULAÇÃO ................................................................................ 41
3 METODOLOGIA DE PROJETO ..................................................................................... 47
3.1 MODULAÇÃO .................................................................................................................. 48
3.2 DIMENSIONAMENTO DOS SEMICONDUTORES ...................................................... 49
3.3 PROJETO DO FILTRO LC ............................................................................................... 50
3.4 SIMULAÇÃO DO INVERSOR......................................................................................... 57
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 65
4.1 VERIFICAÇÃO DA MODULAÇÃO ............................................................................... 67
4.2 TESTES À VAZIO COM TENSÃO DE ENTRADA NOMINAL ................................... 70
4.3 TESTES COM TENSÃO DE ENTRADA NOMINAL E COM CARGA DE 85Ω .......... 75
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 80
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 82
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um inversor com foco em escolhas
de projeto que beneficiem sua densidade de potência. Sendo assim, foi decidido desenvolver
um inversor com topologia multinível, tendo em vista as vantagens promovidas por essa classe
de inversor, como as relacionadas à redução dos elementos passivos do filtro de saída e
consequentemente o acréscimo na densidade de potência devido à redução do volume total do
inversor (SHARIFABADI et al., 2017).
O alcance deste objetivo além de representar o avanço da tecnologia onde os
equipamentos são cada vez menores, mas com a mesma capacidade de realizar sua função, pode
significar também uma redução no custo de produção destes equipamentos já que haverá
componentes que serão reduzidos fisicamente economizando espaço e matéria prima.
1.2 MOTIVAÇÃO
onde o objetivo principal do desafio era o desenvolvimento de um inversor de 2kVA com uma
densidade mínima de potência de 3,05W/cm³, além de diversas outras especificações entre
volume máximo, rendimento, THD dos sinais de saída, entre outras (CHALLENGE, 2015).
Com isso, o presente trabalho busca apoiar-se neste desafio para pesquisar e validar
estratégias de projeto que auxiliem no aumento da densidade de potência em inversores.
Este trabalho está dividido em cinco capítulos, sendo apresentado no primeiro capítulo,
uma breve introdução sobre o tema abordado e no segundo capítulo uma revisão da literatura
apresentando todas informações mais importantes referentes aos demais capítulos, formando
uma base para o decorrer do projeto do inversor.
No terceiro capítulo deste trabalho está a metodologia utilizada para o desenvolvimento
deste projeto, fazendo uso das equações e informações apresentadas anteriormente no capítulo
dois. Já no quarto capítulo são mostrados os resultados experimentais obtidos, junto a uma
análise comparativa com os resultados esperados durante a etapa de desenvolvimento. Por fim,
no último capítulo concluem-se as contribuições deste trabalho para futuras pesquisas,
analisam-se as escolhas de projeto assumidas durante o desenvolvimento para alcançar o
objetivo principal de elevar a densidade de potência de um inversor e, finalmente, são listadas
sugestões para trabalhos futuros sobre este tema.
15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Inversor é uma classe de conversor estático que transforma sinal de corrente contínua
em corrente alternada com amplitude e/ou frequência controlada. São divididos em dois tipos,
inversores fonte de tensão e inversores fonte de corrente, sendo o primeiro o mais comum. As
aplicações diversificam-se entre acionamentos de motores de corrente alternada (AC), fontes
de alimentação ininterruptas, as chamadas UPS (Uninterruptible Power Supply) utilizadas em
sistemas críticos que não possam ser desligados, sistemas de transmissão em corrente contínua
de alta tensão (HVDC) ou também em sistemas isolados alimentados por bancos de baterias,
entre outros (RASHID, 2015).
Normalmente os inversores são compostos de um circuito retificador e de um banco de
capacitores, além do circuito em si com as chaves semicondutoras. O retificador serve para
gerar uma tensão em corrente contínua e assim formar um barramento CC, sendo este
barramento conectado então à entrada do circuito inversor. Junto ao barramento de entrada, é
conectado então o banco de capacitores para manter a tensão de saída do retificador regulada e
reduzir as sobretensões nas chaves, usualmente capacitores eletrolíticos de alta tensão realizam
esta função pois tem grande capacidade de armazenamento de energia em conjunto com
capacitores de filme para as sobretensões (AHMED, 2000; SALCONE; BOND, 2009). A
Figura 1 apresenta os circuitos que usualmente compõem um inversor, como o mencionado
neste parágrafo.
Fonte: Autor.
deste tipo de controle possível com os inversores é o controle suave da velocidade de motores
de indução utilizados em esteiras ou elevadores por exemplo.
Fonte: Autor.
𝑑𝑖𝐿 (𝑡)
𝑉𝐿 (𝑡) = 𝐿 (1)
𝑑𝑡
Assim, a tensão sobre a chave que está comutando é a soma da tensão do barramento
CC com a tensão nesta indutância série, por isso durante as comutações ocorrem picos de
sobretensão sobre os terminais das chaves do inversor. A utilização dos capacitores mais
próximos às chaves reduz este efeito, pois quanto menor for o caminho até as chaves, menor
será então esta indutância série.
17
Fonte: Autor.
Nessa seção ainda serão apresentadas três topologias de inversores, expondo suas
principais características e realizando comparações entre elas. Conforme será explicado durante
a apresentação das topologias, a escolhida para o projeto faz uso de indutores acoplados, logo,
uma revisão sobre circuitos magnéticos e indutores acoplados também será descrita a seguir.
Posteriormente é apresentado os fundamentos e equações sobre os filtros de saída utilizados em
inversores e também técnicas de modulação, com ênfase na utilizada neste trabalho.
Esta topologia de inversor é relevante pela sua simplicidade de construção, sendo muito
empregada em inversores de baixa potência, devido ao fato de os esforços elétricos nas chaves
ser bastante elevado em aplicações de alta potência, porém apresenta como vantagem um custo
reduzido já que são necessários apenas dois dispositivos semicondutores. É também versátil e
bastante utilizada por sua modularidade em inversores multiníveis com diversos blocos meia-
ponte em cascata para aumentar o número de níveis da saída e consequentemente poder retirar
mais potência do inversor (VAHEDI; AL-HADDAD, 2013).
A Figura 4 apresenta o esquema elétrico básico de um inversor com topologia meia-
ponte, onde há apenas duas chaves com seus dois diodos em anti-paralelo.
Fonte: Autor.
máxima tensão dos níveis sintetizados pelas chaves na saída do inversor meia-ponte com ponto
neutro é igual a metade da tensão total do barramento CC, gerando pulsos de +VCC /2 e -VCC /2,
porém não reduz a máxima diferença de potencial na qual as chaves são submetidas, sendo
necessário utilizar dispositivos que suportam pelo menos a tensão total de entrada.
Os dois estados de condução do conversor meia-ponte são apresentados na Figura 5,
onde pode ser visualizado qual dos dispositivos está conduzindo corrente em cada momento e
também pode ser observada a tensão instantânea aplicada à carga, bem como a tensão que
aparece sobre as chaves.
A Figura 5 (a) demonstra o estado de condução quando a chave S1 está fechada, logo, a
tensão instantânea aplicada à carga é +VCC /2, enquanto que quando a chave complementar S2
está aberta, a mesma é submetida à tensão total do barramento (+VCC ). Neste período onde a
chave S2 encontra-se aberta, o sentido da corrente de saída definirá se a chave S1 ou se o diodo
D1 está em condução.
Na Figura 5 (b), é apresentado outro estado de condução do inversor, onde a chave S2
está fechada e a tensão sobre a carga é -VCC /2, enquanto que a chave S1 é submetida à tensão
do barramento. Do mesmo modo, a corrente circulará pela chave S2 ou pelo diodo D2
dependendo do sentido da corrente sobre a carga.
20
Fonte: Autor.
A Tabela 1 apresenta os estados das chaves deste inversor, considerando 1 para a chave
em condução e 0 para a chave em bloqueio, e as tensões geradas com a saída conectada ao
ponto neutro entre os capacitores.
21
S1 S2 𝐕𝐨𝐮𝐭
1 0 +VCC /2
0 1 -VCC /2
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Esta topologia apresenta quatro estados de condução diferentes que são apresentados
nas figuras a seguir. O primeiro estado representado pela Figura 7, mostra que as chaves S1 e
S4 estão em condução, gerando uma tensão +VCC sobre a carga. No segundo estado de condução
apresentado na Figura 8, são mantidas abertas as chaves S1 e S4, enquanto que as chaves S2 e
S3 então em condução, assim, a tensão aplicada à carga é igual à -VCC .
Figura 7 – Estado de condução onde a tensão de saída do inversor ponte completa é +VCC .
Fonte: Autor.
23
Figura 8 – Estado de condução onde a tensão de saída do inversor ponte completa é -VCC .
Fonte: Autor.
Por fim, os outros dois estados de condução, comumente chamados de “roda livre” são
mostrados na Figura 9. Na Figura 9 (a), as chaves S4 e S2 encontram-se abertas enquanto que
as chaves S3 e S1 estão em condução. A tensão sobre a carga é igual à 0V e assim como nos
outros estados, o sentido da corrente irá influenciar por onde a mesma circula, pela chave S1 e
pelo diodo D3, ou pela chave S3 e pelo diodo D1. Já na Figura 9 (b) as chaves S1 e S3 estão
abertas e as chaves S2 e S4 fechadas, então a corrente passa a circular novamente em roda livre,
dessa forma, a tensão da carga é 0V novamente. Contudo, todos os dispositivos utilizados nessa
topologia devem conter um diodo em antiparalelo com a chave para fornecer um caminho para
a corrente, pois dependendo do sentido da corrente na carga, ela deverá passar ou pela chave
ou pelo diodo em antiparalelo.
24
Figura 9 – Estados de condução onde a tensão de saída do inversor ponte completa é 0V.
Fonte: Autor.
S1 S2 S3 S4 𝐕𝐨𝐮𝐭
1 0 0 1 +VCC
1 0 1 0 0V
0 1 1 0 -VCC
0 1 0 1 0V
Fonte: Autor.
É a união de duas pontes inversoras, iguais a topologia ponte completa, por meio de um
elemento passivo, no caso um indutor acoplado. O esquema básico desta topologia é
apresentado na Figura 10. O indutor utilizado é dividido em dois enrolamentos com o mesmo
número de espiras a fim de dividir igualmente entre os dois enrolamentos a tensão sintetizada
por cada ponte.
Uma das vantagens que torna essa topologia interessante é a divisão da corrente de saída
entre as duas pontes, reduzindo os esforços elétricos nas chaves e consequentemente as perdas.
Outras características importantes são relacionadas ao número de níveis sintetizados na saída e
à frequência aparente do sinal de saída. Em relação a essas duas últimas características citadas,
essa topologia possui capacidade de sintetizar cinco níveis de tensão na saída e a frequência
deste sinal é elevada quatro vezes em relação à frequência de comutação das chaves que, dessa
forma, contribuem para a redução do volume do filtro de saída do inversor.
As oito chaves desta topologia compartilham do mesmo barramento CC, estando as
quatro chaves inferiores na mesma referência, portanto, para o acionamento dos gatilhos das
chaves são necessárias cinco fontes isoladas. Nota-se que a quantidade de fontes isoladas não
aumenta proporcionalmente com o número de chaves, já que para a topologia meia-ponte onde
utiliza-se duas chaves, são necessárias duas fontes isoladas, e para topologia de inversor ponte
completa com quatro chaves, são necessárias três fontes isoladas.
26
Fonte: Autor.
A tensão de saída de cada ponte inversora é dada no ponto de conexão entre os dois
enrolamentos de cada indutor acoplado, conforme mostra a Figura 10. Os enrolamentos de cada
indutor são conectados em série de forma que suas tensões sejam somadas. Sendo assim, a
amplitude da tensão de saída de cada ponte é reduzida pela metade, porém ao conectar a carga
entre os dois indutores e utilizando uma estratégia de modulação correta é possível sintetizar
novamente níveis de tensão com amplitude igual a tensão total do barramento CC.
Para analisar a tensão de saída desta topologia, deve-se considerar a saída dos indutores
acoplados do inversor referenciada ao mesmo ponto, conforme a Figura 10. Desta maneira,
embora a saída das pontes inversores, ou seja, a tensão aplicada aos terminais dos indutores
acoplados, seja igual à +VCC , 0V e -VCC em determinados instantes como visualizado na Tabela
2, a tensão na saída do indutor acoplado apresentará níveis iguais a 0V, +VCC /2 e +VCC
referenciados ao ponto X da Figura 10, conforme mostra a Tabela 3.
A Tabela 3 mostra as tensões V1 , V2 e os cinco níveis de tensão que são sintetizados na
saída do inversor (Vout ). Os estados das chaves são representados por 1 para as que estão em
condução e por 0 para as que estão em bloqueio.
27
Tabela 3 – Tensões geradas na saída dos indutores acoplados do inversor ponte completa
intercalado.
S1 S2 S3 S4 𝐕𝐀𝐁_𝟏 𝐕𝟏
1 0 1 0 0V +VCC
1 0 0 1 +VCC +VCC /2
0 1 0 1 0V 0V
0 1 1 0 -VCC +VCC /2
S5 S6 S7 S8 𝐕𝐀𝐁_𝟐 𝐕𝟐
1 0 1 0 0V +VCC
1 0 0 1 +VCC +VCC /2
0 1 0 1 0V 0V
0 1 1 0 -VCC +VCC /2
Fonte: Autor.
𝐕𝟏 𝐕𝟐 𝐕𝐨𝐮𝐭
+VCC /2 +VCC /2 0V
+VCC /2 0V +VCC /2
+VCC 0V +VCC
+VCC +VCC /2 +VCC /2
+VCC /2 +VCC /2 0V
+VCC /2 +VCC -VCC /2
0V +VCC -VCC
0V +VCC /2 -VCC /2
Fonte: Autor.
Desta forma, a máxima tensão de saída desta topologia se mantém igual à topologia
ponte completa apresentada anteriormente, porém com a vantagem de a corrente de saída ser
dividida igualmente entre cada ponte do inversor. Assim, é possível utilizar dispositivos mais
baratos que tenham uma capacidade de condução de corrente menor, ou ainda utilizar os
mesmos dispositivos de um inversor ponte completa e retirar o dobro da potência na saída sem
ultrapassar as especificações dos componentes.
Os estados de condução de cada ponte do inversor funcionam da mesma forma que já
fora explicado na seção 2.1.2, a diferença surge no fato que cada ponte gera na saída sinais de
amplitude iguais a +VCC , +VCC /2 e 0𝑉, bem como já mostrado na Tabela 3. Esta característica,
28
juntamente com uma defasagem na modulação entre as duas pontes, que será apresentada na
seção 2.5 deste trabalho, faz com que a tensão de saída do inversor assuma uma forma de onda
de cinco níveis, sendo esses níveis +VCC , +VCC /2, 0V, -VCC /2 e -VCC .
A capacidade desta topologia de sintetizar cinco níveis de tensão na saída representa
uma vantagem quanto ao dimensionamento dos elementos de filtro, pois o cálculo destes
elementos, como será visto posteriormente, são diretamente influenciados pela quantidade de
níveis do inversor.
Em relação a frequência do sinal de saída gerado por esta topologia, temos um acréscimo
de quatro vezes a frequência da portadora utilizada na modulação, ou seja, a primeira
componente harmônica do sinal de saída estará numa frequência bastante elevada dependendo
da frequência de comutação definida, logo, os elementos de filtro também são reduzidos por
esse fator (SHARIFABADI et al., 2016). A Figura 11 apresenta uma comparação entre o
acréscimo na frequência das harmônicas do sinal de saída em relação ao número de níveis
sintetizados pelo inversor, dada a mesma frequência de comutação para todas os casos.
29
𝑑𝑖𝐿 (𝑡) 1
= 𝑉𝐿 (𝑡) (2)
𝑑𝑡 𝐿
Onde sendo 𝑑𝑡 a metade do período da tensão sobre o indutor como mostra a Figura 12,
a equação pode ser reescrita em termos da frequência de comutação (𝑓𝑠 ) e da tensão de entrada
(𝑉𝑖𝑛 ) para o caso onde esta seja a mesma tensão aplicada aos terminais do indutor, da seguinte
maneira:
𝑉𝑖𝑛
𝛥𝐼𝐿 = (3)
2𝑓𝑠 𝐿
Nota-se pela equação (3) que, além da frequência de comutação das chaves do inversor,
a diferença de potencial aplicada nos terminais do indutor de filtro é um fator relevante para o
cálculo deste componente, por isso inversores multiníveis tornam-se atrativos para casos onde
a redução do tamanho do filtro é importante, já que a diferença de potencial máxima aplicada
sobre o elemento de filtro é diminui à medida que o número de níveis de saída do inversor
aumenta, para uma mesma tensão do barramento CC (FLORICAU, D.; FLORICAU, E.;
GATEAU, 2011).
31
Fonte: Autor.
Embora a equação (3) esteja correta para o cálculo de variação de corrente sobre um
indutor, para o caso de um inversor com saída senoidal a tensão sobre o indutor de filtro depende
da tensão sobre a carga e pode ser calculada por:
𝑉𝑖𝑛
𝐿𝑓 = (5)
4(2𝑓𝑠 )𝛥𝐼𝐿
32
Para a topologia utilizada neste trabalho, cada enrolamento dos indutores acoplados será
submetido à uma tensão total igual à metade da tensão de barramento e a frequência da corrente
que o indutor deve filtrar é quatro vezes maior do que a frequência de comutação. Desta forma,
a equação que define a indutância necessária para filtro é reescrita com base na equação (5).
𝑉𝑖𝑛 /2
𝐿𝑓 = (6)
4(4𝑓𝑠 )𝛥𝐼𝐿
𝛥𝑞
= 𝐶𝑓 (7)
𝛥𝑉𝐶
Com as equações (5), (7) e (8) é definida a equação para cálculo do capacitor de filtro
(BARBI, 2015).
𝑉𝑖𝑛
𝐶𝑓 = (9)
128𝑓𝑠2 𝐿𝑓 𝛥𝑉𝐶
Agora com a equação (9) definida, facilmente, pelo mesmo princípio que determinou-
se a equação (6) pode-se reescrever a equação do capacitor de filtro para um inversor de cinco
níveis onde a frequência do sinal de saída é o dobro comparado ao de três níveis, e a amplitude
dos degraus de tensão aplicados na saída é a metade. Desta forma, a equação reescrita fica:
𝑉𝑖𝑛 /2
𝐶𝑓 = (10)
128(2𝑓𝑠 )2 𝐿𝑓 𝛥𝑉𝐶
Pela Lei de Ampère, uma corrente que circula por um condutor, produz um campo
magnético de intensidade H, onde a integral de H em torno de um caminho fechado é igual à
corrente total que passa por esse caminho. Tratando-se de bobinas por onde a corrente percorre
o fio por um número N de espiras, temos
∮ 𝐻 𝑑𝑙 = 𝑁𝑖 (11)
𝔉 = 𝑁𝑖 = 𝐻𝑙 (12)
Essa força magnetomotriz é análoga à uma tensão induzida 𝑉 por um campo elétrico 𝐸
separado por dois pontos de distância 𝑙, onde
𝑉 = 𝐸𝑙 (13)
𝑙
ℜ= (14)
𝜇𝐴𝑒
34
𝜇 = 𝜇𝑟 𝜇0 (15)
𝛷 = ∬ 𝐵 𝑑𝐴 (16)
𝐴
𝐵 = 𝜇𝐻 (17)
Com a definição dessas grandezas, pode ser escrita a equação dos circuitos magnéticos
equivalente analogamente à Lei de Ohm que rege os circuitos elétricos 𝑉 = 𝑅𝑖.
𝔉 = ℜ𝛷 (18)
𝑁𝑖
𝛷(𝑡) = (19)
ℜ
Pela Lei de Faraday, sabe-se que uma variação do fluxo magnético induz uma tensão
sobre a bobina proporcional à essa variação, para um dispositivo magnético de 𝑁 espiras, a
tensão induzida pela variação do fluxo que passa por estas espiras é dada por
𝑑𝛷(𝑡)
𝑣(𝑡) = 𝑁 (20)
𝑑𝑡
E pelas equações (15), (18) e (19), pode-se reescrever a equação (20) da seguinte forma
𝑁 2 𝑑𝑖(𝑡)
𝑣(𝑡) = (21)
ℜ 𝑑𝑡
𝑁2
𝐿= (22)
ℜ
A análise é feita para uma bobina separadamente e então a equação (20) é escrita agora
somente para o enrolamento 1, sendo assim:
𝑑𝛷𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑡)
𝑣1 (𝑡) = 𝑁1 (23)
𝑑𝑡
Porém para o caso de duas bobinas acopladas, o fluxo que passa por cada enrolamento
é dado por
𝛷1 = 𝛷𝑀 + 𝛷𝐿𝐾1 (24)
𝑁1 𝑖1 − 𝑁2 𝑖2 𝑁1 𝑖𝑀
𝛷𝑀 = = (26)
ℜ ℜ
𝑁2 𝑖2
𝑖𝑀 = 𝑖1 − (27)
𝑁1
𝑁1 𝑖1
𝛷𝐿𝐾1 = (28)
ℜ𝐿𝐾1
Sendo assim, da mesma forma como foi definida a equação (20), podemos reescrever a
equação da tensão no enrolamento 1 em termos das correntes do circuito magnético.
𝑁12
𝐿𝜎 = (31)
ℜ𝐿𝐾1
𝑁12
𝐿𝜇 = (32)
ℜ𝑐
Ainda, substituindo a equação (27) em (30), fica destacado uma parcela referente a
contribuição da corrente do enrolamento 2 sobre a tensão no enrolamento 1, sendo esta parcela
definida como indutância mútua (𝐿𝑀 ) entre as bobinas.
𝑁1 𝑁2
𝐿𝑀 = (34)
ℜ𝑐
A mesma análise pode ser feita para o enrolamento 2, levando em consideração que o
sentido dos fluxos no núcleo influencia no sinal da indutância mútua. Por fim, para calcular o
fator de acoplamento entre as duas bobinas, primeiro, definem-se as indutâncias próprias de
cada bobina como a soma da indutância de dispersão e magnetização.
𝐿𝑀
𝑘= (38)
√𝐿1 𝐿2
Assim, se o fator de acoplamento for unitário, temos que a indutância de dispersão dos
enrolamentos é zero, havendo acoplamento perfeito entre as duas bobinas, pois desta forma a
equação (38) é resolvida da seguinte maneira:
𝑁1 𝑁2
( )
ℜ𝑐
1=
(39)
𝑁2 𝑁2
√( 1 ) ( 2 )
ℜ𝑐 ℜ𝑐
𝑑𝑖 𝐿1 𝑑𝑖 𝐿2
𝑉𝐿1 = 𝐿 − 𝐿𝑀 (40)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑖 𝐿1 𝑑𝑖 𝐿2
𝑉𝐿2 = −𝐿𝑀 +𝐿 (41)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Uma vantagem na utilização de indutores acoplados fica destacada na Figura 14, onde
nota-se que devido a conexão dos enrolamentos do indutor, os fluxos magnéticos gerados por
cada enrolamento são opostos. Considerando os enrolamentos totalmente simétricos e com um
alto fator de acoplamento, o fluxo magnético resultante é praticamente nulo, restando somente
a parcela do fluxo disperso, que para um fator de acoplamento unitário é igual a zero,
possibilitando então uma redução no volume do núcleo ferromagnético sem que ocorra a
saturação deste núcleo.
Ainda, a partir das equações (40) e (41), e do modo como são conectados os
enrolamentos do indutor, conforme apresentado também na Figura 14, a Figura 15 mostra uma
representação do circuito elétrico equivalente do indutor acoplado baseado em sua indutância
de dispersão e de magnetização.
𝐿𝜎 = 𝐿(1 − 𝑘) (42)
𝐿𝜇 = 𝐿 ∙ 4 ∙ 𝑘 (43)
Desta forma, fica ressaltado que para um fator de acoplamento entre os dois
enrolamentos próximo a 1, o indutor apresenta uma indutância de dispersão quase nula,
enquanto que a indutância de magnetização é elevada. A influência de cada uma destas
indutâncias pode ser analisada a partir da Figura 16.
40
Contudo, sendo o objetivo principal do projeto reduzir o volume total do inversor, uma
opção que pode ser interessante é realizar o projeto do indutor acoplado afim de atingir um fator
de acoplamento menor que 1 e consequentemente utilizar a própria indutância de dispersão
como filtro, eliminando a necessidade de uso de um outro indutor em série na saída do inversor.
complementares, são controladas pelo PWM gerado pela mesma referência m1 , porém
comparada com a portadora p2 . Os sinais de comando das chaves S5 e S6 são gerados a partir
da comparação entre os sinais m2 e p1 , enquanto que o comando das chaves S7 e S8 utilizam a
os sinais m2 e p2 para realizar a comparação e gerar o PWM.
A Figura 18 apresenta as formas de onda dos sinais de modulação enquanto que a Figura
19 exemplifica como devem ser os sinais de comando das chaves do inversor.
Fonte: Autor.
A partir dos sinais de comando de cada chave da Figura 19 é possível determinar a forma
de onda da tensão na saída de cada ponte do inversor (VAB_1 e VAB_2 ), a tensão de saída de cada
indutor acoplado (V1 e V2 ) referenciada ao lado negativo da fonte de entrada e a tensão de saída
do inversor (Vout ). A Figura 20 e a Figura 21 apresentam as tensões geradas por cada ponte do
inversor, esses resultados podem ser confirmados pela Tabela 3 na seção 2.1.3. Os resultados
apresentados na Tabela 4 também na seção 2.1.3 são verificados agora pelas formas de onda
apresentadas na Figura 22. Destaca-se ainda que a componente da frequência do sinal de
referência m1 está presente na tensão de saída do inversor.
43
Fonte: Autor.
44
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
45
Fonte: Autor.
Além do tipo de modulação e as defasagens entre os sinais para obter os níveis corretos
na saída do inversor, é necessário definir um parâmetro chamado de índice de modulação que
estabelece a amplitude da frequência fundamental da tensão de saída. Os inversores são capazes
de controlar tanto a frequência do sinal de saída através da frequência do sinal da moduladora,
quanto a amplitude através do índice de modulação também. A equação (44) define o valor do
índice de modulação.
𝑉𝑜𝑢𝑡𝑝𝑒𝑎𝑘
𝑚𝑎 = (44)
𝑉𝑖𝑛
𝑉𝑚
𝑚𝑎 = (45)
𝑉𝑝
46
Fonte: Autor.
47
3 METODOLOGIA DE PROJETO
O inversor proposto no presente trabalho tem como objetivo fornecer uma tensão
senoidal à uma carga com potência de até 2 kVA, visando escolhas de projeto que favoreçam a
redução do volume total, ou seja, o aumento da densidade de potência do inversor. Dessa forma,
foi utilizado a topologia de inversor ponte completa intercalado, que com o acréscimo do
número de níveis na saída e a utilização de indutores acoplados para a conexão das duas pontes
completas, faz com que o volume total do filtro de saída seja menor do que quando comparado
à outra topologia de três ou cinco níveis sem a utilização dos indutores acoplados (SALMON;
KNIGHT; EWANCHUK, 2009).
A topologia implementada, conta com a utilização de oito chaves semicondutoras
dispostas em duas pontes completas. Na saída das duas pontes inversoras há indutores
acoplados, representados na Figura 24 como CI1 e CI2 (CI - Coupled Inductor), e juntamente
com a indutância destes componentes, formando o filtro LC de saída do inversor, há um
capacitor (𝐶𝑓 ) em paralelo com a carga.
Fonte: Autor.
demais critérios como frequência de comutação e amplitude máxima das ondulações de corrente
e tensão de saída do inversor foram determinados ao decorrer do projeto.
Fonte: Autor.
3.1 MODULAÇÃO
Para dar continuidade ao projeto com o dimensionamento dos semicondutores, além dos
parâmetros de tensão e potência nominal do inversor que serviram para o cálculo dos esforços
de corrente nas chaves, foi necessário também estabelecer a frequência de comutação das
mesmas a fim de selecionar o modelo mais adequado. Portanto, o início do projeto se dá pela
definição da estratégia de modulação.
A modulação SPWM foi utilizada com as portadoras triangulares com frequência de
20kHz. A definição desta frequência foi fundamental para reduzir o volume do filtro de saída,
porém uma frequência de chaveamento muito elevada resulta em grandes perdas por
comutação, e como as perdas representam um acréscimo na temperatura das chaves, seria
necessário aumentar o tamanho do dissipador, indo em contrapartida com a proposta principal
de redução de volume. Para otimizar a relação de redução do volume do filtro e aumento do
tamanho dos elementos dissipadores, seria necessária uma análise térmica aprofundada levando
em consideração também os formatos e materiais do dissipador.
Além da determinação da estratégia de modulação e da frequência, para evitar que
ocorram curtos-circuitos nos braços do inversor foi necessário adicionar um intervalo entre as
comutações das chaves assegurando que quando uma chave de um braço entrasse em condução,
a outra chave complementar já estivesse completamente em seu estado aberto. Este intervalo é
chamado de tempo morto, que neste projeto foi considerado igual a 1µs.
Por fim, outro parâmetro determinado foi o índice de modulação que definiu a amplitude
da tensão de saída do inversor. Como especificado a tensão de entrada em corrente contínua e
a tensão de saída em seu valor eficaz, calculou-se o valor de pico da saída para definir o índice
de modulação. Portanto, o valor de pico de um sinal senoidal foi calculado a partir da seguinte
equação:
49
339,41
𝑚𝑎 = = 0,754 (48)
450
𝑃𝑜𝑢𝑡
𝐼𝑜𝑢𝑡𝑅𝑀𝑆 = (49)
𝑉𝑜𝑢𝑡 𝑅𝑀𝑆
Entretanto, embora seja necessário que a chave suporte uma tensão maior que 450V,
que será a tensão de entrada do inversor, não é aconselhável escolher chaves com especificação
muito acima da mínima, pois isso possivelmente ocasionaria em um maior custo, e também,
modelos de chaves com maior tensão de bloqueio tendem a apresentar maiores perdas. Com
isso foi decidido selecionar um modelo de chave com uma tensão de bloqueio de 600V,
mantendo uma margem de segurança de 1/3 da tensão máxima aplicada à chave.
Em relação à corrente que as chaves deverão conduzir, como a topologia trata-se de uma
conexão de dois inversores ponte completa por meio de um indutor acoplado, esta conexão faz
com que existam dois caminhos em paralelo para a corrente de saída, logo, a corrente que
circula entre as chaves é a metade da corrente total de saída (SALEHAHARI et al., 2017).
Portanto, o valor de corrente eficaz que as chaves deviam suportar é:
𝐼𝑜𝑢𝑡 𝑅𝑀𝑆
𝐼𝑆 𝑅𝑀𝑆 = (53)
2
𝐼𝑜𝑢𝑡 𝑝𝑒𝑎𝑘
𝐼𝑆 𝑝𝑒𝑎𝑘 = (55)
2
Ainda, além dos esforços de corrente e tensão aos quais os dispositivos foram
submetidos, foi selecionado uma tecnologia de chave que suporta a frequência de comutação
pretendida. Como já fora mencionado, a frequência de chaveamento do projeto foi fixada em
20kHz para maximizar a redução dos elementos de filtro na saída do inversor.
O modelo de dispositivo semicondutor adotado no projeto é o IGBT IRG4PC50UD da
fabricante International Rectifier. Esta chave tem características relevantes ao projeto, como
sua frequência de comutação indicada entre 8-40 kHz, tensão de bloqueio de 600V e capacidade
máxima de condução contínua de corrente de 27 A à 100°C de temperatura no case da chave.
utilizar um filtro passa-baixas. O inversor proposto nesse trabalho é um inversor fonte de tensão
e para isto foi projetado um filtro LC conectado à saída.
Porém, antes de tudo, para realizar o projeto do filtro, foi necessário definir alguns
parâmetros como a ondulação de corrente no indutor e de tensão sobre o capacitor de filtro.
Como esses valores não estavam nas especificações do projeto, eles foram definidos
arbitrariamente, sendo então escolhido uma ondulação de corrente no indutor de 30% e uma
ondulação de tensão na saída sobre o capacitor de até 3,5%.
Havendo essas as condições definidas, temos que para corrente e para a tensão de saída,
os máximos valores das ondulações foram:
Para definir a indutância própria dos indutores acoplados, o projeto seguiu as mesmas
diretrizes de Boillat e Kollar (2012), onde após calculado o valor de indutância de filtro, que
neste caso utiliza-se a equação (6) reescrita novamente logo abaixo, os autores calculam uma
indutância necessária para filtrar a corrente de modo diferencial igual a metade da calculada
pela equação (59).
𝑉𝑖
𝐿𝑓 = (59)
32𝑓𝑠 𝛥𝐼𝐿
𝐿𝑓
𝐿𝐷𝑀 = (60)
2
Com isso, a indutância própria dos indutores acoplados, com base na parte experimental
do trabalho mencionado, é definida como 10 vezes maior que a calculada na equação (60).
𝐿 = 10 ∙ 𝐿𝐷𝑀 (61)
Logo, para este projeto, os valores calculados por essas equações são dispostos através
das equações (62), (63) e (64).
𝐿𝑓 = 0,199𝑚𝐻 (62)
𝐿 = 994,37𝜇𝐻 (64)
52
Como a proposta deste trabalho foi não utilizar este indutor para filtro da corrente de
modo diferencial na saída, o valor da equação (63) serve apenas como parte da definição da
indutância própria dos indutores acoplados.
A topologia adotada necessitou de um indutor acoplado para conexão das duas pontes
inversoras, e como já mencionado anteriormente, o presente trabalho propôs utilizar o próprio
indutor acoplado como filtro da corrente de saída, diferentemente de como é abordado em
outros trabalhos como por exemplo, o de Boillat e Kolar (2012) onde são utilizados indutores
acoplados com fator de acoplamento próximo a 1, necessitando a utilização de mais outro
indutor separadamente para filtrar a corrente de modo diferencial na saída.
Conforme apresentado na seção 2.4 deste trabalho, a parcela de indutância do indutor
acoplado que contribui para filtrar a corrente de modo comum (corrente circulante entre as
pernas do inversor), ou a corrente de modo diferencial (corrente de saída), depende do seu fator
de acoplamento, sendo que a responsável pela filtragem da corrente de saída é a indutância de
dispersão.
Neste trabalho foi proposto realizar o projeto dos indutores acoplados de tal forma que
o fator de acoplamento ficasse próximo de 0,5 para que a indutância de dispersão do indutor
fosse elevada o suficiente para filtrar a corrente de saída do inversor sem a necessidade de um
indutor a mais em série.
Técnicas como a sobreposição dos enrolamentos das duas bobinas em duas camadas
separadas, Figura 25 (a), ou a distribuição dos enrolamentos de cada bobina entre as duas
camadas do indutor, Figura 25 (b), são utilizadas para reduzir a indutância de dispersão
(PRIETO et al., 1997). Entretanto, a separação das bobinas, Figura 26, ou a não distribuição
dos enrolamentos por toda a volta do núcleo são técnicas que apresentam uma indutância de
dispersão maior em comparação às citadas anteriormente (DE LEÓN; PURUSHOTHAMAN;
QASEER, 2013; PRIETO et al., 1998). Logo, a técnica utilizada para alcançar o objetivo de
uma indutância de dispersão mais elevada foi a mesma apresentada na Figura 26.
53
𝑙
𝐿 ( 2𝑐 ) 107
𝑁=√
(65)
4𝜋𝜇𝑐 𝐴𝑒
125
(994,37𝑥10−6 ) ( −3 7
𝑁=√ 2 𝑥10 ) 10 ≅ 92 (66)
4𝜋26(229𝑥10−6 )
𝐿112 𝐿121
𝑘 = 1− = 1− (67)
𝐿111 𝐿122
Os valores calculados por estas duas equações, bem como os valores medidos com o
medidor LCR são apresentados na Tabela 6.
55
Fonte: Autor.
Pela equação (42), nota-se que as indutâncias que aparecem na Figura 27 representam
as indutâncias de dispersão de cada enrolamento. Deste modo, com os valores dados na Tabela
6 e realizando o cálculo destas indutâncias em paralelo, foi obtida a indutância de dispersão
equivalente para o circuito completo, dada por:
Logo, esta é a indutância de filtro da corrente que irá para a carga. Sendo assim, a
ondulação da corrente sobre o indutor de filtro foi:
𝑉𝑖
𝛥𝐼𝐿 = (71)
32𝑓𝑠 𝐿𝜎𝑒𝑞
Comparando a equação (57) com o valor calculado pela equação (72), nota-se que a
variação de corrente sobre o indutor ficou consideravelmente menor que o estabelecido no
começo do projeto, isto deve-se ao fator de acoplamento reduzido próximo a 0,5. Para atingir a
mesma ondulação de corrente definida anteriormente de 30% da corrente de saída, o projeto
dos indutores acoplados deveria ser refeito com objetivo de obter um fator de acoplamento
maior. Porém isto não é um problema já que a ondulação da corrente não ultrapassou o valor
determinado.
Para o cálculo do capacitor de filtro, foi utilizada a equação (10) mencionada na seção
2.2, que define a capacitância necessária para filtrar a saída de um inversor de cinco níveis a
57
partir da máxima ondulação de tensão sobre o capacitor. Essa equação que calcula o capacitor
de filtro é apresentada novamente a seguir:
𝑉𝐶𝐶
𝐶𝑓 = 2 (73)
128(2𝑓𝑠 )2 𝐿𝜎 𝛥𝑉𝐶
𝐶𝑓 = 0,153𝜇𝐹 (74)
1
𝑓𝑐 = (75)
2𝜋√𝐿𝐶
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
60
Fonte: Autor.
Na Figura 32 temos a tensão na saída de cada uma das pontes, VAB_1 e VAB_2 , que serão
aplicadas sobre os terminais dos indutores acoplados, e a tensão de saída com cinco níveis dada
após os indutores acoplados. Confirma-se que os níveis de tensão na saída de cada ponte são
+VCC , 0V e -VCC , enquanto que após os indutores acoplados, o sinal apresenta degraus de
amplitude VCC /2.
Com a Figura 33, verificando a tensão separadamente sobre cada enrolamento de um
mesmo indutor acoplado, percebe-se uma forma de onda em degraus de VCC /2. Isto confirma o
fato de que os enrolamentos possuem a mesma indutância, logo, dividem por igual a tensão de
saída da ponte completa como já foi explicado anteriormente durante os capítulos da revisão
bibliográfica.
61
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
62
Por fim, foi adicionado o capacitor de filtro ao circuito junto com uma carga resistiva.
A carga é calculada para retirar a potência nominal do inversor, conforme o equacionamento a
seguir:
2
(𝑉𝑜𝑢𝑡𝑅𝑀𝑆 )
𝑅𝐿 = (77)
𝑃𝑜𝑢𝑡
2402
𝑅𝐿 = = 28,8𝛺 (78)
2000
Fonte: Autor.
Devido ao inversor operar em malha aberta, às quedas de tensões nas chaves e diodos e
ao tempo morto entre as comutações, a tensão de saída é menor do que a esperada, logo, como
a carga é uma resistência fixa, a corrente de saída também é reduzida.
Por último é medido a corrente circulante entre os braços do inversor e sua máxima
ondulação. Esta corrente foi obtida através da diferença entre as correntes de cada enrolamento
de um mesmo indutor acoplado, conforme a equação (27).
Fonte: Autor.
Desta simulação, são retirados os valores eficazes das três correntes mostradas:
𝐼𝑀 = 1,16 𝐴 (81)
Fonte: Autor.
65
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
67
Fonte: Autor.
Legenda: Tensão VGE da chave S1 (CH1); Tensão VGE da chave S2 (CH2); Tensão VGE da chave S3 (CH3); Tensão
VGE da chave S4 (CH4).
Fonte: Autor.
Legenda: Tensão VGE da chave S5 (CH1); Tensão VGE da chave S6 (CH2); Tensão VGE da chave S7 (CH3); Tensão
VGE da chave S8 (CH4).
Fonte: Autor.
69
Após a certificação de que as chaves de um mesmo braço estão com seus sinais
complementares e com um tempo morto adequado e verificado que as portadoras estão com a
defasagem correta, é necessário por fim confirmar a defasagem entre as referências que deve
ser de 180° entre as duas pontes do inversor. Para isso, foram medidos os sinais de todas as
chaves superiores (S1, S3, S5 e S7), Figura 42, e todas as chaves inferiores (S2, S4, S6 e S8) do
inversor, Figura 43.
Utilizando a medição da razão cíclica dos sinais do próprio osciloscópio, nota-se que
entre as chaves de uma mesma ponte em comparação com as chaves da outra, há uma inversão
na razão cíclica das chaves o que significa que o sinal da moduladora de cada ponte está
defasado 180° entre si.
Legenda: Tensão VGE da chave S1 (CH1); Tensão VGE da chave S3 (CH2); Tensão VGE da chave S5 (CH3); Tensão
VGE da chave S7 (CH4).
Fonte: Autor.
70
Legenda: Tensão VGE da chave S2 (CH1); Tensão VGE da chave S4 (CH2); Tensão VGE da chave S6 (CH3); Tensão
VGE da chave S8 (CH4).
Fonte: Autor.
Nesta etapa, os testes foram realizados com os indutores acoplados conectados, medindo
a tensão na saída do inversor sem carga, com tensão nominal no barramento de entrada igual a
450 V. Foram adicionados capacitores de 47nF em paralelo com o barramento, com função de
snubber para as sobretensões nas chaves, para reduzir a indutância do caminho da fonte até os
terminais das chaves e reduzir então os spikes de tensão nos terminais coletor e emissor, os
capacitores foram conectados o mais próximo possível das chaves.
A Figura 44 apresenta os 5 níveis sintetizados na saída do inversor. As tensões VCE das
chaves S1 e S2 são mostradas na Figura 45, verificando que não há picos de sobretensão sobre
as chaves durante as comutações.
71
Fonte: Autor.
Legenda: Tensão de saída Vout (CH1); Tensão VCE da chave S1 (CH2); Tensão VCE da chave S2 (CH3).
Fonte: Autor.
Como já dito anteriormente, um dos principais motivos para a escolha de uma topologia
multinível para este projeto é a multiplicação da frequência aparente do sinal de saída, que por
72
sua vez, nesta topologia utilizada é quatro vezes maior que a frequência de comutação das
chaves.
Para comprovar este resultado, a Figura 46 apresenta o sinal de comando de uma das
chaves (tensão VGE da chave S1), o sinal de saída de uma das pontes inversoras (VAB_1 ) e o sinal
de saída do inversor (Vout ). Pela figura, nota-se que a frequência de comutação da chave é
aproximadamente 20kHz, enquanto que a frequência de saída é 80kHz, esta multiplicação na
frequência deste sinal que resulta em uma grande redução no volume dos elementos passivos
de filtro.
Legenda: Tensão VGE da chave S1 (CH1); Tensão de saída da ponte S1-S4 VAB_1 (CH2); Tensão de saída Vout (CH3).
Fonte: Autor.
Legenda: Tensão de saída do inversor Vout (CH1); Tensão de saída da ponte S1-S4 VAB_1 (CH2); Tensão de saída
da ponte S5-S8 VAB_2 (CH3).
Fonte: Autor.
Para confirmar que a tensão de saída das pontes é dividida igualmente entre os
enrolamentos dos indutores acoplados, a Figura 48 apresenta a tensão de cada enrolamento do
indutor acoplado CI_1 que está conectado à saída da ponte inversora formada pelas chaves S 1,
S2, S3 e S4.
Por último, sem carga, é medido a corrente na entrada dos indutores acoplados que se
refere a corrente magnetizante, ou seja, a corrente circulante entre os braços do inversor
enquanto o inversor opera à vazio e é apresentada na Figura 49. A maior ondulação desta
corrente é medida e mostrada pela Figura 50.
74
Legenda: Tensão de saída da ponte S1-S4 VAB_1 (CH1), Tensão no enrolamento 1 do CI1 𝑉𝐿1 (CH2), Tensão no
enrolamento 2 do CI_1 𝑉𝐿2 (CH3).
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
75
Legenda: Tensão de saída da ponte S1-S4 (CH1), corrente magnetizante do indutor acoplado 1 (CH4).
Fonte: Autor.
240𝑉𝑅𝑀𝑆
𝐼𝑜𝑢𝑡𝑅𝑀𝑆 = = 2,82 𝐴𝑅𝑀𝑆 (85)
85𝛺
A tensão e a corrente filtradas aplicadas sobre a carga são mostradas na Figura 51. E
embora a tensão do barramento estivesse em 450V e o índice de modulação igual a 0,754, a
tensão eficaz de saída filtrada é inferior aos 240V pretendidos na especificação do projeto.
Porém esta redução no valor da tensão de saída deve-se às quedas de tensão das chaves e ao
76
tempo morto adicionado entre as comutações, e como o protótipo foi testado apenas em malha
aberta, não há nenhuma ação de controle que regule a tensão de saída. Entretanto este valor já
era esperado através das simulações realizadas anteriormente, onde o valor eficaz de saída foi
igual a 221V.
A partir do valor eficaz de tensão medido, a equação (85) pode ser recalculada para
confirmar o valor da corrente mostrado na Figura 51.
220,8
𝐼𝑜𝑢𝑡𝑅𝑀𝑆 = = 2,59 𝐴𝑅𝑀𝑆 (87)
85
Com os sinais de saída filtrados, a fim de validar o projeto do filtro LC, os máximos
valores para a ondulação de tensão e a ondulação de corrente da saída foram medidos durante
o pico da onda senoidal e apresentados na Figura 52 e Figura 53.
77
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
𝛥𝑉𝑜𝑢𝑡 = 20 𝑉 (88)
Legenda: Tensão de saída (CH1), Corrente do enrolamento 2 (CH3), Corrente do enrolamento 1 (CH4), corrente
circulante (M).
79
Fonte: Autor.
Legenda: Corrente no enrolamento 2 (CH3), Corrente no enrolamento 1 (CH4), Corrente circulante (M).
Fonte: Autor.
80
5 CONCLUSÃO
potência, como o proposto neste trabalho. Dessa forma, não foi calculado o volume do protótipo
como parte da validação do projeto.
Por esse motivo, algumas sugestões para trabalhos futuros podem ser listadas a fim de
mensurar realmente a contribuição das escolhas deste projeto para o aumento da densidade de
potência do inversor. Algumas das sugestões referentes a isso e também outras propostas para
aprimorar o trabalho desenvolvido são listadas abaixo:
REFERÊNCIAS
AHMED, A. Eletrônica de Potência. Tradução Bazán Tecnologia e Lingüística. São Paulo: Prentice
Hall, 2000.
AHN, J.; LEE, B.; KIM, J. Comparative analysis of GaN FET power system for maximizing system
benefit. 17th International Conference on Electrical Machines and Systems (ICEMS). IEEE,
Hangzhou, p. 1915-1920, Oct. 2014.
BOILLAT, D. O.; KOLAR, J. W. Modeling and experimental analysis of a Coupling Inductor employed
in a high-performance AC power source. International Conference on Renewable Energy
Research and Applications (ICRERA). IEEE, Nagasaki, p. 1-18, nov. 2012.
BORN, R. G. Soft-Switching, Interleaved Inverter for High Density Applications. 2016. Tese de
Doutorado – Virginia Tech, Blacksburg, VA, 2016.
DU, S. et al. Modular multilevel converters: analysis, control, and applications. John Wiley &
Sons, 2018.
FLORICAU, D.; FLORICAU, E.; GATEAU, G. New multilevel converters with coupled inductors:
Properties and control. IEEE Transactions on Industrial Electronics, v. 58, n. 12, p. 5344-5351,
Dec. 2011.
KIM, H.; SUL, S. A novel filter design for output LC filters of PWM inverters. Journal of Power
Electronics, v. 11, n. 1, p. 74-81, Jan. 2011.
PRIETO, R. et al. Influence of the winding strategy in toroidal transformers. IECON'98. Proceedings
of the 24th Annual Conference of the IEEE Industrial Electronics Society (Cat. No. 98CH36200).
IEEE, p. 359-364, Sept. 1998.
DAL PUPO, A. Estudo de metodologias de projeto para filtros de saída de inversores. 2015.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Pato Branco, PR, 2015.
83
SALCONE, M.l; BOND, J. Selecting film bus link capacitors for high performance inverter applications.
IEEE International Electric Machines and Drives Conference. IEEE, Miami, p. 1692-1699, May.
2009.
SALMON, J.; EWANCHUK, J.; KNIGHT, A. M. PWM inverters using split-wound coupled
inductors. IEEE Transactions on industry applications, v. 45, n. 6, p. 2001-2009, Nov. 2009.
SALMON, J.; KNIGHT, A. M.; EWANCHUK, J. Single-phase multilevel PWM inverter topologies using
coupled inductors. IEEE Transactions on Power Electronics, v. 24, n. 5, p. 1259-1266, May. 2009.
SAVULAK, S.; GUO, B.; KRISHNAMURTHY, S. Three-phase inverter employing PCB embedded GaN
FETs. IEEE Applied Power Electronics Conference and Exposition (APEC). IEEE, San Antonio, p.
1256-1260, Mar. 2018.
SHARIFABADI, K. et al. Design, control, and application of modular multilevel converters for
HVDC transmission systems. John Wiley & Sons, 2016.
VAHEDI, H.; AL-HADDAD, K. Half-bridge based multilevel inverter generating higher voltage and
power. IEEE Electrical Power & Energy Conference. IEEE, Halifax, p. 1-6, Aug. 2013.
WANG, H. Investigation of power semiconductor devices for high frequency high density
power converters. 2007. Tese de Doutorado – Virginia Tech, Blacksburg, VA, 2007.
WILL, N. F.; FISCHER, E. New electrolytic capacitors with low inductance simplify inverter.
Conference Record of the 2000 IEEE Industry Applications Conference. Thirty-Fifth IAS Annual
Meeting and World Conference on Industrial Applications of Electrical Energy (Cat. No. 00CH37129).
IEEE, Rome, p. 3059-3062, Oct. 2000.