Komatsu Et Al (2020) - Distribuição de Renda, Despesa e Poupança No Brasil Entre 2002 e 2018

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Distribuição de Renda, Despesa e

Poupança no Brasil entre 2002 e 2018


Bruno Kawaoka Komatsu,
Naercio Menezes-Filho, Pedro Gandra

CENTRO DE GESTÃO E
Policy Paper | Nº 47 POLÍTICAS PÚBLICAS
Julho, 2020
Distribuição de Renda, Despesa e Poupança no
Brasil entre 2002 e 2018

Bruno Kawaoka Komatsu

Naercio Menezes-Filho

Pedro Gandra

Bruno Kawaoka Komatsu


Insper Instituto de Ensino e Pesquisa
Cátedra Ruth Cardoso
Rua Quatá, nº300
04546-042 - São Paulo, SP - Brasil
[email protected]

Naercio A. Menezes Filho


Insper Instituto de Ensino e Pesquisa
Cátedra Ruth Cardoso
Rua Quatá, nº300
04546-042 - São Paulo, SP - Brasil
[email protected]

Pedro Gandra
Insper Instituto de Ensino e Pesquisa
Cátedra Ruth Cardoso
Rua Quatá, nº300
04546-042 - São Paulo, SP - Brasil
[email protected]

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Distribuição de Renda, Despesa e Poupança no Brasil
entre 2002 e 2018

Bruno Kawaoka Komatsu

Naercio Menezes Filho

Pedro Gandra

Cátedra Ruth Cardoso – Insper e FEA-USP

Resumo

Neste artigo investigamos as principais características das distribuições de


renda, despesa e poupança familiares per capita no Brasil. Utilizamos os
dados de 2002-2003, 2008-2009 e 2017-2018 da Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF), conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Os resultados mostram que as desigualdades de renda e
despesa diminuíram no período. Além disso, evidenciam que as famílias
mais pobres têm se endividado, o que pode ser explicado pelo elevado
percentual de sua despesa total destinado a gastos com alimentação,
habitação e transporte.

Abstract

In this article, we analyze the main characteristics from the distributions of


household’s income, expenditure and savings per capita in Brazil. We used
2002-2003, 2008-2009 and 2017-2018 data from the Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF), held by the Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) and that investigates expenditure and income of Brazilian
families. Our results show that expenditure and income inequalities have
decreased in the period. In addition, they show that the poorest families
have been in debt, which can be due to the high percentage of their total
expenditure on food, housing and transportation.

Classificações JEL - D13, D14, D31, D33.

Palavras chave - Renda. Despesa. Poupança. Distribuição. Desigualdade.


POF.

Key-Words Income. Expenses. Savings. Distribution. Inequalities. POF.

Área 12 – Economia Social e Demografia Econômica.


1. Introdução

Em 2019, o IBGE divulgou os microdados da edição de 2017 da POF.


A POF é uma pesquisa que procura mensurar as estruturas de consumo, dos
gastos, dos rendimentos e de parte da variação patrimonial das famílias.
Por isso, partindo da análise de seus orçamentos domésticos (IBGE, 2019),
ela permite traçar um perfil das condições de vida da população brasileira.

A POF 2017 foi a sexta pesquisa que o IBGE realizou sobre os


orçamentos familiares. As cinco anteriores foram o Estudo Nacional de
Despesa Familiar (ENDEF 1974) e as POFs 1987, 1995, 2002 e 2008. As
POFs dos anos 1980 e 1990 foram realizadas nas Regiões Metropolitanas de
Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São
Paulo, Curitiba e Porto Alegre, no Município de Goiânia e no Distrito Federal.
As POFs mais recentes, por sua vez, se aplicam a todo o território nacional
(IBGE, 2019).

Em cada edição da pesquisa, foram entrevistadas milhares de


famílias ou unidades de consumo, expressão adotada para se referir a um
morador ou conjunto de moradores que compartilham da mesma fonte de
alimentação (IBGE, 2019). A amostra da POF 2017 é composta por 58.039
unidades de consumo, um número maior que em 2008 (56.091) e 2002
(48.568).

Neste trabalho, usamos os dados das três POFs mais recentes para
estudar a distribuição da renda familiar per capita (RFPC), da despesa
familiar per capita (DFPC) e da poupança familiar per capita (PFPC) no
Brasil. Nosso objetivo é incrementar as contribuições de Hoffman (2010),
que analisa as desigualdades da renda e das despesas per capita brasileiras
a partir das POFs de 2002 e 2008. Sua abordagem nos serviu de ponto de
partida.

O artigo totaliza sete seções, incluída esta introdução. Na segunda,


descrevemos as principais características metodológicas da POF. Na
terceira, analisamos a distribuição da RFPC brasileira, considerando medidas
por áreas geográficas (urbanas e rurais), categorias de rendimentos e faixas
de RFPC e DFPC. De modo análogo, investigamos a distribuição da DFPC na
quarta seção e a da PFPC na quinta seção. Na sexta, sistematizamos as
nossas principais conclusões e, na sétima, apresentamos as referências

1
bibliográficas. Também disponibilizamos um apêndice estatístico no final do
estudo.

2. Pesquisa de Orçamentos Familiares

A POF tem por objetivo principal disponibilizar informações sobre a


composição orçamentária doméstica e as condições de vida da população
brasileira. As informações da POF 2017 foram obtidas diretamente nos
domicílios particulares selecionados, por meio de entrevistas junto aos seus
moradores, durante um período de nove dias consecutivos. Foram utilizados
tablets para o registro das informações (IBGE, 2019).

A operação de coleta dos dados da POF 2017 teve duração de 12


meses, tendo em vista as alterações no consumo que ocorrem nas
diferentes épocas do ano. A pesquisa foi realizada nas áreas urbana e rural
de todo o território brasileiro, entre junho de 2017 e julho de 2018.
Inicialmente foram identificados o domicílio e seus moradores, além de
levantadas informações sobre as características de todas as pessoas
moradoras. Em seguida, foram realizados os preenchimentos dos
questionários de coleta das informações do domicílio, relativos às despesas
e rendimentos (IBGE, 2019).

Como em edições anteriores da pesquisa, na POF 2017 foram


adotados diversos procedimentos metodológicos para o tratamento das
informações coletadas, com o objetivo de controlar a qualidade das
informações. Desses procedimentos, destaca-se uma grande etapa de
“codificação dos dados e críticas de consistência”, que englobou a
codificação dos produtos e serviços registrados, críticas de entrada de dados
e críticas por variável e entre variáveis. Foi utilizado procedimento de
imputação para tratar a não resposta total ou parcial e também foram
tratados os erros de resposta associados a valores rejeitados na etapa de
crítica. (IBGE, 2019).

Cada domicílio pertencente à amostra da POF representa um


determinado número de domicílios particulares permanentes da população
(universo) de onde a amostra foi selecionada. Desse modo, a cada domicílio
da amostra está associado um peso amostral ou fator de expansão que

2
permite a obtenção de estimativas das quantidades de interesse para o
universo da pesquisa (IBGE, 2019).

Foram adotados períodos de referência para as informações de


despesas, que podiam ser de sete dias, 30 dias, 90 dias e 12 meses,
conforme a frequência de aquisições dos bens e serviços pesquisados. Para
as informações de rendimentos, considerou-se o período de referência de
12 meses. O método utilizado para o tratamento do efeito inflacionário
possibilitou o ajuste dos valores monetário e não monetário corrente de
despesas e rendimentos, valorando-os a preços de uma data referencial
preestabelecida – 15 de janeiro de 2018 (IBGE, 2019).

3. Distribuição da renda familiar per capita

Todos os valores monetários deste trabalho estão expressos em reais


de 15 de janeiro de 2018, levando em consideração a inflação ocorrida
entre os meses de referência das pesquisas. O deflator adotado foi o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Isso implicou em dividir os
valores correntes das POFs 2002 e 2008 por, respectivamente, 0,421047 e
0,591163.

A RFPC foi obtida pela divisão entre o rendimento bruto total mensal
e o número de pessoas da unidade de consumo. O rendimento bruto total
da unidade de consumo corresponde ao somatório dos rendimentos brutos
monetários de seus componentes (exclusive os empregados domésticos e
seus parentes) acrescido do total dos rendimentos não monetários (IBGE,
2019).

A figura 1 mostra a evolução da RFPC média no Brasil segundo as


três POFs mais recentes. Nota-se que a RFPC aumentou 18% entre 2002 e
2008, passando de R$ 1.505 a R$1.776. Em 2017, o valor registrado foi de
R$2.251, consolidando um crescimento de 27% em relação à pesquisa
imediatamente anterior.

3
Figura 1 – Renda familiar per capita média (Brasil)

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Outros aspectos relevantes acerca da distribuição da RFPC no Brasil


estão sistematizados na tabela 1. A desigualdade de RFPC, medida pelo
indicador de Gini, demonstra nítida trajetória de queda no período
considerado, quando também se constata a diminuição do tamanho médio
das famílias. Em 2002 (3,62) e 2008 (3,30), o número de pessoas por
família era maior que em 2017 (3,0), o que também ajuda a explicar a
elevação da RFPC média no período.

Tabela 1 – Renda familiar per capita média

POF de 2002 POF de 2008 POF de 2017


Brasil Urbano Rural Brasil Urbano Rural Brasil Urbano Rural
Pessoas/família 3,62 3,55 4,05 3,30 3,24 3,60 3,00 2,97 3,21
RFPC média 1.505 1.657 663 1.776 1.944 876 2.251 2.416 1.216
Índice de Gini 0,60 0,59 0,54 0,57 0,56 0,52 0,54 0,53 0,50
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

A tabela 1 também contrasta os dados de áreas urbanas e rurais do


país. De 2002 a 2018, a RFPC média cresceu mais nas zonas rurais (+83%)
que urbanas (+46%). Além disso, percebe-se que o Brasil rural é mais
pobre, mas menos desigual que o Brasil urbano. Isso porque, nas três
pesquisas consideradas, o Gini e a renda média urbana foram maiores que
os valores correspondentes para o campo. O número médio de pessoas por
4
agrupamento familiar também é maior no campo (3,21) que na cidade
(2,97).

A figura 2 evidencia que a RFPC média cresceu em todos os grupos


de renda estudados. O maior crescimento percentual da renda foi registrado
pelos 10% mais pobres da amostra. A RFPC média desse grupo passou de
R$ 130 em 2002 a R$261 em 2017, um incremento de mais de 100%. A
RFPC média do percentil 25-50% cresceu 86% no mesmo período.

Figura 2 – Renda familiar per capita por percentis

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

A tabela 2 sistematiza os dados apresentados na figura acima e exibe


a distribuição da RFPC brasileira por percentis de RFPC e DFPC. Ordenando
as unidades de consumo por percentis de DFPC, obtivemos estimativas
semelhantes às quando se ordena por RFPC. Entre 2002 e 2018, a RFPC dos
percentis de DFPC 10%, 25-50% e 90-99% cresceu, nessa ordem, 94%,
77% e 38%. Nas tabelas 13 e 14 do apêndice, disponibilizamos dados
análogos a esses para áreas rurais e urbanas.

O crescimento percentual da RFPC mediana foi maior que o da RFPC


média tanto entre 2002 e 2008 (32% ante 18%) quanto entre 2008 e 2017
(41% ante 27%). Como aponta Hoffman (2010), esse resultado é
compatível com a redução da desigualdade que foi detectada, porque a
assimetria da distribuição tenderia a variar nesse mesmo sentido.

5
Tabela 2 – Renda familiar per capita por percentis (Brasil)

Percentis POF 2002 POF 2008 POF 2017


RFPC 0-10% 130 182 261
10-25% 288 390 567
25-50% 545 720 1.013
50-75% 1.062 1.336 1.739
75-90% 2.166 2.523 3.158
90-99% 5.644 6.252 7.678
CFPC 0-10% 218 287 424
10-25% 386 504 719
25-50% 640 816 1.132
50-75% 1.163 1.404 1.825
75-90% 2.215 2.619 3.137
90-99% 5.326 6.034 7.371
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Embora os dados da POF mais recente sugiram um cenário de


menores desigualdades, eles também mostram que persiste uma forte
concentração de renda no país. A RFPC média calculada para os 10% mais
pobres equivale a apenas 3% da que foi apurada para o percentil 90-99%
segundo essa pesquisa. A RFPC média do percentil 50-75% corresponde a
somente 23% desse montante.

Tabela 3 – Renda familiar per capita por categorias (POF 2017)

Percentil de RFPC
RFPC
média 0- 10 - 25 - 50 - 75 - 90 -
10% 25% 50% 75% 90% 99%
1. Empregado 717 66 187 337 584 1.071 2.547

2. Empregador 132 1 3 11 38 117 583

3. Conta própria 26 40 83 127 203 354 610

4. Aposentadoria e pensão INSS 258 14 62 173 291 450 627

5. Aposentadoria e pensão pública 142 0,68 3 10 38 155 819

6. Programas sociais federais 19 31 27 30 17 4 1

7. Pensão alimentícia, mesada ou doação 21 7 11 12 19 25 72

8. Outras transferências 14 3 7 14 18 20 15

9. Rendimento de aluguel 40 0 1 4 14 43 221

10. Outras rendas 10 2 4 7 11 12 38

11. Rendimento não monetário 329 83 136 201 324 491 830

12. Variação patrimonial 338 10 37 83 177 411 1.310

Total 2.251 261 567 1.013 1.739 3.158 7.678

Fonte: POF 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos omitidos.

6
A tabela 3 mostra a distribuição da RFPC média na POF 2017 por
categorias. As rendas foram divididas em 12 categorias, de acordo com o
plano tabular da pesquisa: empregado, empregador, conta própria,
aposentadoria e pensão do INSS, aposentadoria e pensão previdenciária
pública, programas sociais federais, pensão alimentícia e mesada ou
doação, outras transferências, aluguel, outros rendimentos, renda não-
monetária, variação patrimonial (IBGE, 2019).

As categorias de RFPC média com maior expressividade no


orçamento das famílias brasileiras são a RFPC média de empregado (32%),
a variação patrimonial (15%) e o rendimento não monetário (14%). A
participação da RFPC derivada de transferências (categorias 4 a 8) também
é elevada (20%).

O percentual da RFPC relativo a programas sociais federais exibe


perfil decrescente com as receitas, sendo mais elevado nas famílias 10%
mais pobres da amostra (12%) que nos demais percentis. Essa mesma
tendência se verifica para as receitas de conta própria (15% da RFPC média
dos 10% mais pobres) e o rendimento não monetário (32% disso).

Em contraposição, o percentual da RFPC relativo à variação


patrimonial e aos rendimentos de empregador é crescente com a renda. A
variação patrimonial equivale a 4% da renda dos 10% mais pobres, 8% dos
25-50% mais pobres e 17% dos 90-99% mais pobres. Os rendimentos de
empregador correspondem a 0,43% da renda dos 10% mais pobres e a 4%
dos 75-90% mais pobres.

4. Distribuição da despesa familiar per capita

Embora a distribuição de renda seja amplamente empregada em


estudos sobre bem-estar, a RFPC é uma variável cuja flutuação cíclica pode
criar obstáculos à precisa avaliação do grau de carência familiar, sobretudo
porque possui uma parcela transitória que sofre efeitos de choques
aleatórios. Nesse sentido, a utilização da DFPC invés da RFPC como
indicador de bem estar é benéfica por evitar os efeitos gerados por choques
aleatórios sobre a parcela transitória da renda (Firpo, 2000).

Supondo a validade da hipótese da renda permanente de Friedman


(1957), que estabelece que os indivíduos tentam suavizar o consumo e não

7
deixá-lo flutuar frente a variações de curto prazo na renda (Meghir, 2004),
a desigualdade de consumo pode ser considerada uma medida bem mais
fiel da desigualdade permanente de renda. Hoffman (2010) considera
interessante analisar a evolução da despesa das famílias por ela poder ser
considerada uma medida da sua renda permanente. Além disso, como
pontuam Campelo et al. (2017), o olhar sobre a desigualdade não pode
ignorar a necessidade de se superar a assimetria de acesso a bens e
serviços.

A DFPC média foi obtida pela divisão da despesa total pelo número de
pessoas da unidade de consumo. A despesa total inclui todas as despesas
monetárias realizadas pela família na aquisição de produtos, serviços e bens
de qualquer espécie e natureza, e também as despesas não monetárias com
produtos e bens, além do serviço de aluguel (IBGE, 2019).

Segundo a POF 2017, o valor médio da RFPC (R$2.251) é maior que


o da DFPC (R$1.850). Nas duas edições anteriores da pesquisa, as rendas
também foram maiores que as despesas, como podemos observar na figura
3. Ainda é possível verificar nela que a DFPC média cresceu no período
estudado.

Nas áreas urbanas (figura 4) e rurais (figura 5), as rendas também


superam as despesas. Entre 2002 e 2008, o crescimento da DFPC se deu
tanto nas áreas urbanas (+15%) quanto rurais (+26%). De 2008 a 2017, o
crescimento se manteve na cidade (+16%) e no campo (+20%).

8
Figura 3 – Renda e despesa familiar per capita média (Brasil)

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Figura 4 - Renda e despesa familiar per capita média (áreas urbanas)

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

9
Figura 5 - Renda e despesa familiar per capita média (áreas rurais)

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

A tabela 4 compila os dados apresentados nos dois gráficos acima,


exibindo, para a distribuição da DFPC média, as mesmas medidas
calculadas na tabela 1 para a da RFPC média. A esse respeito, constata-se
que a desigualdade da DFPC se manteve estável entre 2002 (0,55) e 2008
(0,55), depois caiu em 2017 (0,52).

Tabela 4 – despesa familiar per capita

POF de 2002 POF de 2008 POF de 2017


Brasil Urbano Rural Brasil Urbano Rural Brasil Urbano Rural
Pessoas/família 3,62 3,55 4,05 3,30 3,24 3,60 3,00 2,97 3,21
Despesa média 1.369 1.503 624 1.578 1.726 790 1.850 1.994 948
Índice de Gini 0,55 0,54 0,50 0,55 0,54 0,51 0,52 0,51 0,48
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Na figura 6, comparamos a evolução dos índices de Gini da renda e


da despesa familiar per capita no país. Observa-se, de modo análogo a
Hoffman (2010), que as medidas de desigualdade da DFPC são sempre
inferiores às medidas correspondentes da RFPC. Adicionalmente, nota-se
que a redução da desigualdade de renda no período (-10%) foi maior que
da despesa (-6%).

10
Pela figura 7 podemos notar que a desigualdade de despesa em áreas
urbanas se manteve estável em 2008 na comparação com 2002, mas caiu
em 2017 em relação à POF imediatamente anterior (-6%).

Figura 6 – Indice de Gini de renda e despesa familiares per capita (Brasil)

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017.

Figura 7 – índice de Gini de renda e despesa familiares per capita (áreas urbanas)

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017.

11
Figura 8 – Índice de Gini de renda e despesa familiares per capita (áreas rurais)

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017.

A figura 8 evidencia que a desigualdade de DFPC no campo, que


aumentara em 2008 (+3%), caiu em 2017 (-6%). Tal como a desigualdade
de renda, a desigualdade de despesa parece ser maior nas áreas urbanas. A
figura 9 mostra a evolução da DFPC média por percentis de RFPC. O
crescimento percentual experimentado pela DFPC dos 10% mais pobres
entre 2002 e 2017 (+48%) foi mais expressivo que o dos 90-99% mais
pobres (+31%) no mesmo período. A despesa mediana cresceu mais que a
média: 50% contra 35%, indicando diminuição da assimetria da
distribuição.

12
Figura 9 – Despesa familiar per capita por percentis

Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

A tabela 5 mostra a distribuição da DFPC média entre percentis de


RFPC e DFPC. Assim como a RFPC, a DFPC cresceu por todos os percentis
de RFPC e DFPC. As distribuições da DFPC por percentis em áreas urbanas e
rurais estão nas tabelas 13 e 14 do apêndice. Nas tabelas 6 e 7, temos a
distribuição da despesa total per capita por categorias na POF mais recente.
As despesas foram dispostas em 14 categorias: alimentação, habitação,
vestuário, transporte, higiene e cuidados pessoais, saúde, educação,
recreação, fumo, serviços pessoais, outras despesas, despesas correntes,
aumento de ativo, diminuição de passivo (IBGE, 2019).

Verificamos que as famílias brasileiras gastam proporcionalmente


mais com alimentação (14%), habitação (30%) e transporte (14%). Essas
categorias correspondem a uma parte significativa das despesas das
famílias mais pobres, o que ajuda a entender a sua dificuldade em financiar
as despesas. Ordenando os domicílios por RFPC, alimentação, habitação e
transporte representam somadas 71% da despesa total dos 10% mais
pobres. No caso dos 50-75% mais pobres, isso corresponde a 65% da
despesa e, no dos 90-99% mais pobres, 51%.

13
Tabela 5 – Despesa familiar per capita por percentis (Brasil)

POF 2002 POF 2008 POF 2017


Percentil de RFPC 0-10% 261 310 387
10-25% 395 475 622
25-50% 641 752 961
50-75% 1.117 1.277 1.548
75-90% 2.062 2.350 2.654
90-99% 4.527 5.215 5.953
Percentil de CFPC 0-10% 151 178 248
10-25% 305 365 487
25-50% 559 659 843
50-75% 1.067 1.228 1.501
75-90% 2.079 2.339 2.747
90-99% 4.822 5.418 6.198
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Tabela 6 – Despesa familiar per capita (POF 2017)

DFPC Percentil de RFPC


média 0-10% 10-25% 25-50% 50-75% 75-90% 90-99%
1. Alimentação 258 94 130 177 252 365 620
2. Habitação 546 143 222 331 515 796 1.496
3. Vestuário 58 19 27 39 55 83 151
4. Transporte 260 37 69 118 212 392 937
5. Higiene 50 22 31 40 52 68 98
6. Saúde 125 19 36 64 107 193 411
7. Educação 56 10 16 25 45 88 197
8. Recreação 36 6 11 18 27 52 128
9. Fumo 7 2 4 5 8 9 10
10. Serviços pessoais 18 4 6 10 16 28 56
11. Despesas diversas 46 5 9 16 33 69 169
12. Outras despesas correntes 245 12 31 67 137 331 1.125
13. Aumento de ativo 79 4 8 18 35 76 328
14. Diminuição de passivo 60 5 14 26 47 98 220
15. Total 1.850 387 622 961 1.548 2.654 5.953
Fonte: POF 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos omitidos.

O percentual das despesas com alimentação, habitação e higiene


apresenta um padrão claramente decrescente com a renda (ou despesa).
Por outro lado, o percentual dos gastos com transporte, despesas diversas,
aumento de ativo e diminuição de passivo é crescente com a renda (ou
despesa).

14
Tabela 7 – Despesa familiar per capita (POF 2017)

DFPC Percentil de DFPC


média 0-10% 10-25% 25-50% 50-75% 75-90% 90-99%
1. Alimentação 258 49 94 156 259 411 678
2. Habitação 546 116 206 326 506 802 1557
3. Vestuário 59 12 22 35 57 88 166
4. Transporte 260 15 39 83 185 425 1038
5. Higiene 51 15 25 38 55 74 109
6. Saúde 125 14 28 57 107 193 441
7. Educação 56 5 10 19 42 91 222
8. Recreação 36 3 7 14 28 55 135
9. Fumo 7 2 3 6 8 10 12
10. Serviços pessoais 19 3 5 9 16 29 62
11. Despesas diversas 47 2 6 12 29 71 191
12. Outras despesas correntes 246 9 27 61 138 334 1121
13. Aumento de ativo 80 2 5 10 25 70 215
14. Diminuição de passivo 60 3 10 20 45 95 251
15. Total 1850 249 487 844 1502 2747 6199

Fonte: POF 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos omitidos.

5. Distribuição da poupança familiar per capita

Segundo Menezes-Filho et al. (2018), a literatura de crescimento


econômico aponta a taxa de poupança como um dos determinantes da
renda per capita de longo prazo de uma economia. Mankiw, Romer e Weil
(1992) afirmam que a taxa de poupança impacta positivamente o nível da
renda per capita no longo prazo. Portanto, é interessante entender o
comportamento da poupança e sua evolução ao longo do tempo, a fim de
determinar a trajetória de crescimento de longo prazo que um país
apresentará.

Estimamos a poupança familiar enquanto resíduo da diferença entre


renda e despesa familiares e pela ótica da compra líquida de ativos reais e
financeiros – em que se consideram certos gastos das famílias como formas
de poupança. Para criar as variáveis de ativos reais e financeiros, nos
baseamos na metodologia proposta por Silveira e Moreira (2014), que
divide a poupança em cinco categorias.

A tabela 8 mostra a distribuição da PFPC calculada como resíduo


entre renda e despesa nas POFs consideradas. Os dados evidenciam que a
PFPC média tem crescido expressivamente. Entre 2002 e 2008, registrou-se
um crescimento de 45%, seguido por um de 103% entre 2008 e 2017. Os

15
resultados para áreas urbanas e rurais podem ser consultados nas tabelas
15 e 16 do apêndice.

A expansão da poupança se deu de modo significativo entre a maioria


dos percentis de RFPC. De 2002 a 2008, a poupança do percentil 50-75%
deixa de ser negativa (cresceu 208%), enquanto a do percentil 75-90%
cresce 66%. Entre 2008 e 2017, o crescimento é imenso nos percentis 25-
50% (+266%), 50-75% (+225%) e 75-90% (+198%).

Além disso, foram obtidos valores negativos para a PFPC dos


percentis 10% e 10-25%. Ou seja, essas famílias tendem a se endividar,
dado que sua renda não é suficiente para financiar suas despesas.
Inclusive, o crescimento da poupança no percentil 10% parece estar
estagnado, pois nota-se um incremento de apenas 3,32% considerando o
período como um todo.

Tabela 8 – Distribuição da poupança familiar per capita no Brasil

POF 2002 POF 2008 POF 2017


Pessoas/família 3,62 3,3 3
Poupança média 136 197 401
Percentil de RFPC 0-10% -130 -127 -126
10-25% -107 -85 -55
25-50% -96 -31 52
50-75% -54 59 191
75-90% 104 173 503
90-99% 1.116 1.037 1.724
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

A tabela 9 detalha a classificação de Silveira e Moreira (2014) para


medir a poupança sob a ótica de ativos financeiros. Essa classificação
permite observar que algumas despesas das famílias são, na verdade,
formas de poupança, indicando que a poupança calculada apenas pela
renda e pela despesa pode estar subestimada para alguns grupos.

16
Tabela 9 - metodologia de Silveira e Moreira para o cálculo da poupança

Categoria Classificação

Inclui o investimento líquido em caderneta de poupança, fundos de investimento,


S1
ações, previdência privada, títulos de capitalização e outros ativos.
Soma da poupança da categoria 1 com a compra líquida de bens imóveis, ou seja, a
S2
aquisição de imóveis e terrenos à vista ou a prazo, descontadas as vendas.

S3 Soma da categoria 2 com a compra líquida de automóveis.

S4 Soma da categoria 3 com a compra líquida de bens duráveis.

S5 Soma da categoria 4 com os gastos com capital humano (saúde e educação).

Fonte: Silveira e Moreira (2014). Extraído de Menezes-Filho et al. (2018).

Na tabela 10, estão os dados para a poupança das categorias S1 e


S4. Ao contrário de quando se adota a ótica da renda e da despesa para
calcular a poupança, nesse caso não se detecta uma clara trajetória de
crescimento. A PFPC da categoria S1 decresceu entre 2002 e 2008 (-17%)
e entre 2008 e 2017 (-7%). A S4 se elevou ligeiramente em 2008 (+1%),
mas diminuiu em 2017 (-39%). A queda da poupança S4 entre 2008 e 2017
se deu entre todas as faixas de renda. Os resultados detalhados para as
poupanças S1, S2, S3, S4 e S5, ano a ano, estão nas tabelas 17 a 19 do
apêndice.

Tabela 10 – Poupança familiar per capita (ativos financeiros)

POF 2002 POF 2008 POF 2017


S1 S4 S1 S4 S1 S4
Poupança média 111 381 93 386 86 237
Percentil de RFPC 0-10% 3 39 1 37 1 14
10-25% 4 47 4 65 3 29
25-50% 16 91 7 105 11 60
50-75% 34 202 25 202 21 119
75-90% 90 466 80 519 65 256
90-99% 472 1.553 500 1.758 487 1.109
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Sob essa ótica de ativos financeiros para o cálculo da poupança,


percebe-se que a poupança das famílias mais pobres apresenta nítida

17
trajetória de queda. No percentil de RFPC 10%, houve diminuição da
poupança S1 e S4 ao longo do tempo. No percentil 10-25%, a poupança
aumenta inicialmente, mas cai no intervalo mais recente.

6. Conclusões

Neste trabalho, procuramos analisar as distribuições de RFPC, DFPC e


PFPC no Brasil. Para isso, utilizamos os microdados das POFs 2002, 2008 e
2017, que investigam a estrutura das rendas e despesas das famílias
brasileiras. A esse respeito, alcançamos algumas conclusões, apresentadas
a seguir.

Nossos resultados indicam que a desigualdade da RFPC apresenta


trajetória de queda entre 2002 e 2008 e entre 2008 e 2017, tanto no Brasil
como um todo quanto em suas áreas rurais e urbanas. O crescimento da
RFPC mediana foi maior que o da RFPC média no período analisado,
indicando redução da assimetria da distribuição. A queda da desigualdade
da DFPC foi menos expressiva que a experimentada pela RFPC. O índice de
Gini de DFPC se manteve estável entre 2002-2003 e 2008-2009 (inclusive
aumentando no campo), voltando a cair somente em 2017-2018.

Constatamos que as famílias mais pobres tendem a se endividar, pois


sua renda não é suficiente para financiar as despesas correntes. Isso pode
ser explicado pelo elevado percentual de sua despesa total destinado a
gastos com alimentação, habitação e transporte. Calculando a poupança
pela ótica da compra líquida de ativos financeiros, também verificamos uma
tendência à redução da poupança por parte dessas famílias ao longo das
POFs consideradas.

As participações percentuais de programas sociais federais, de


receitas de conta própria e de rendimentos não monetários na RFPC são
decrescentes com a renda, enquanto as participações de rendimentos de
empregador e de variação patrimonial são crescentes com a renda. A
proporção da DFPC destinada a gastos com alimentação, habitação e
higiene decresce com a renda (ou despesa), ao passo que a proporção
destinada a gastos com vestuário, transporte, despesas diversas, aumento
de ativo e diminuição de passivo cresce com a renda (ou despesa).

18
A PFPC média apurada pela ótica da renda e despesa aumentou entre
as edições da POF observadas, de modo proporcionalmente maior nas áreas
rurais que urbanas. De 2008-2009 a 2017-2018, a poupança calculada pela
compra líquida de ativos financeiros diminuiu consideravelmente.

7. Referências

Campello, T.; Gentili, P.; Rodrigues, M.; Hoewell, G. R. “Faces da


desigualdade no Brasil: um olhar sobre os que ficam para trás”. Saúde em
Debate 42, no. 3, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-
11042018s305. Acesso em 04/07/2020.
Firpo, S. “A evolução das desigualdades de renda e consumo ao longo
do ciclo da vida”. Pesquisa e Planejamento Econômico, ed. 30, no. 1, 2000.
Friedman, M. “A Theory of the Consumption Function”. Princeton
University Press, 1957.
Hoffman, R. “Desigualdade da renda e das despesas per capita no
Brasil, em 2002-2003 e 2008-2009, e avaliação do grau de progressividade
ou regressividade de parcelas da renda familiar”. Economia e Sociedade 19,
no. 3, p. 647-661, 2010.
Mankiw, N. G.; Romer, D.; Weil, D. N. “A Contribution to the empirics
of economic growth”. Quarterly Journal of Economics 107, p. 407-437,
1992.
Meguir, C. “A retrospective on Friedman’s Theory of Permanent
Income”. University College London and Institute for Fiscal Studies, 2004.
Menezes-Filho, N.; Gandra, P. J. C. C.; Komatsu, B. K.; Rodrigues, M.
S. “O impacto da criação do BPC sobre a poupança familiar”. Policy paper no
39. Insper, Centro de Políticas Públicas, 2019.
Menezes-Filho, N.; Komatsu, B. K. “Quem poupa no Brasil?”. Policy
paper no 31. Insper, Centro de Políticas Públicas, 2019.
Moreira, A. R. B.; Silveira, M. A. C. “Taxa de poupança e consumo no
ciclo de vida das famílias brasileiras: evidência microeconômica”. Texto para
discussão no. 1997. Ipea, 2014.
______. Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2017-2018. Rio
de Janeiro: IBGE, 2019.
______. Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2008-2009. Rio
de Janeiro: IBGE, 2010.
______. Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2002-2003. Rio
de Janeiro: IBGE, 2004.
______. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: primeiros
resultados. Rio de Janeiro: IBGE, 2019.

19
Apêndice

Tabela 11 – renda familiar per capita por percentis (áreas urbanas)

POF 2002 POF 2008 POF 2017


Percentil de RFPC 0-10% 133 188 266
10-25% 289 393 570
25-50% 547 722 1.014
50-75% 1.067 1.341 1.741
75-90% 2.171 2.526 3.166
90-99% 5.653 6.251 7.697
Percentil de DFPC 0-10% 218 301 437
10-25% 396 517 728
25-50% 648 826 1.136
50-75% 1.182 1.423 1.833
75-90% 2.234 2.643 3.149
90-99% 5.341 6.072 7.379
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Tabela 12 – renda familiar per capita por percentis (áreas rurais)

POF 2002 POF 2008 POF 2017


Percentil de RFPC 0-10% 126 171 250
10-25% 283 380 555
25-50% 536 709 1.010
50-75% 1.018 1.294 1.720
75-90% 2.079 2.476 3.038
90-99% 5.382 6.284 7.222
Percentil de DFPC 0-10% 219 263 398
10-25% 355 463 685
25-50% 596 765 1.109
50-75% 998 1.257 1.746
75-90% 1.883 2.275 2.924
90-99% 4.789 5.121 7.139
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

20
Tabela 13 – despesa familiar per capita por percentis (áreas urbanas)

POF 2002 POF 2008 POF 2017


Percentil de RFPC 0-10% 295 352 420
10-25% 409 490 644
25-50% 653 766 979
50-75% 1.132 1.293 1.567
75-90% 2.079 2.363 2.679
90-99% 4.570 5.243 6.011
Percentil de DFPC 0-10% 156 187 256
10-25% 307 368 490
25-50% 561 661 846
50-75% 1.072 1.233 1.505
75-90% 2.083 2.345 2.751
90-99% 4.826 5.422 6.216
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Tabela 14 – despesa familiar per capita por percentis (áreas rurais)

POF 2002 POF 2008 POF 2017


Percentil de RFPC 0-10% 203 239 318
10-25% 352 426 541
25-50% 585 685 851
50-75% 986 1.146 1.368
75-90% 1.734 2.147 2.260
90-99% 3.243 4.505 4.570
Percentil de DFPC 0-10% 143 165 233
10-25% 299 357 476
25-50% 545 651 824
50-75% 1.029 1.192 1.467
75-90% 2.011 2.259 2.670
90-99% 4.647 5.320 5.672
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

21
Tabela 15 – poupança familiar per capita (renda e despesa) em áreas urbanas

POF 2002 POF 2008 POF 2017


Pessoas/família 3,55 3,24 2,97
Poupança média 154 218,24 422,63
Percentil de RFPC 0-10% -162 -163 -153
10-25% -119 -97 -74
25-50% -106 -43 34
50-75% -64 47 174
75-90% 91 162 486
90-99% 1.082 1.008 1.685
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Tabela 16 – poupança familiar per capita (renda e despesa) em áreas rurais

POF 2002 POF 2008 POF 2017


Pessoas/família 4,05 3,6 3,21
PFPC média 38 86 268
Percentil de RFPC 0-10% -77 -68 -67
10-25% -68 -45 14
25-50% -48 24 158
50-75% 32 147 352
75-90% 345 328 778
90-99% 2.138 1.778 2.651
Fonte: POFs 2002, 2008 e 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos
omitidos.

Tabela 17 - poupança familiar per capita (ativos financeiros) na POF 2002

S1 S2 S3 S4 S5
Poupança média 11 163 271 381 553
Percentil de RFPC 0-10% 3 8 11 39 56
10-25% 4 6 13 47 76
25-50% 16 23 38 91 149
50-75% 34 56 105 202 322
75-90% 90 126 299 466 752
90-99% 472 658 1.197 1.553 2.192
Fonte: POF 2002. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos omitidos.

22
Tabela 18 - poupança familiar per capita (ativos financeiros) na POF 2008

S1 S2 S3 S4 S5
Poupança média 93 167 268 386 523
Percentil de RFPC 0-10% 1 4 7 37 58
10-25% 4 10 20 65 97
25-50% 7 18 37 105 160
50-75% 25 45 96 202 312
75-90% 80 183 340 519 740
90-99% 500 919 1.428 1.758 2.236
Fonte: POF 2008. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos omitidos.

Tabela 19 - poupança familiar per capita (ativos financeiros) na POF 2017

S1 S2 S3 S4 S5
Poupança média 86 130 219 237 418
Percentil de RFPC 0-10% 1 2 7 14 44
10-25% 3 7 20 29 83
25-50% 11 21 47 60 151
50-75% 21 35 102 119 272
75-90% 65 100 229 256 538
90-99% 487 711 1.073 1.109 1.718
Fonte: POF 2017. Valores monetários expressos em reais de janeiro de 2018 com centavos omitidos.

23

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