Folclore Com Flauta Doce - Quem Vai Querer

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GT 16

ARTES/EDUCAÇÃO

FOLCLORE COM FLAUTA DOCE:


QUEM VAI QUERER?

JEVISON CESÁRIO SANTA CRUZ


Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco - UF,
[email protected];

MARIA DO ROSÁRIO ALVES LEITE


Mestra em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco - UF,
[email protected];

LUIS FELIPE FERREIRA DE SOUZA


Graduando em Psicologia Fafire, Recife - PE, [email protected]

ISSN: 2176-8153 4740


GT 16 - ARTES/EDUCAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

A
história da educação musical no Brasil, especificamente na década
de 30 do século XX, nos remete a processos de interdependência
entre a música e o folclore, uma vez que para aperfeiçoamento
do método de musicalização nas escolas do país, o maestro Heitor Villa
Lobos viajou por diferentes estados brasileiros, a fim de compreender
um pouco sobre a cultura popular caracteristica de cada região e assim
utilizá-la no ensino musical, a exemplo do educador musical Zóltan Kodály
o qual desenvolveu sua obra baseado no folclóre hungáro (LOUREIRO,
2003).
Na prática da educação musical e de vivências no ambiente escolar,
um instrumento que pode ser utilizado é a flauta doce, como defende
Mendes (2010, p. 4): “o aluno desenvolve, além da habilidade musical,
a auto estima, a criatividade e a comunicação”. Outrossim, a flauta doce
traz atenuantes que facilitam sua aquisição, como: ser popular; ser um
instrumento pequeno; caber dentro da bolsa escolar e ter baixo preço de
mercado.
Por ser um instrumento relativamente fácil, o estudante através de
seu dedilhado pode executar melodias, comparar as notas musicais com
a voz humana devido a sua similiariedade e ser introduzido na prática
instrumental em conjunto. Entretanto, com relação ao repertório a ser
tocado, podemos reparar que quando o estudante chega à determinada
idade, apresenta alguma ressistência à prática de músicas folclóricas, por
considerá-las infantis. Daí surge uma questão a ser discutida: como utili-
zar melodias folclóricas na sala de aula, uma vez que há um preconceito
explícito por parte de alguns alunos de determinada faixa etária?
Como forma de refleir sobre essa postura diante da riqueza musical
do folclore brasileiro foi que o projeto “Folclore com Flauta Doce: quem
vai querer? “, intentou como objetivo geral reproduzir através da flauta
doce melodias folclóricas, que trouxessem em sua estrutura notas musi-
cais que se aproximassem dos sons graves. Dessa maneira, a exploração
desses sons contribuiriam no estudo do instrumento nas aulas de música.
Logo, uma vez que as notas médio graves do instrumento necessitavam
ser treinadas, as músicas folclóricas por fazerem parte da memória dos
estudantes, se mostravam mais adequadas para o aprendizado do que
estava sendo proposto.
Desta feita, como aporte metodológico utilizamos o caderno de
história e prática musical da flauta doce encontrado em Direne (2014)

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e utilizado como orientador do ensino de arte nas escolas públicas na


capital de Curitiba. Por conseguinte, para a prática de conjunto utilizamos
acompanhamento rítmo através do uso de ostinatos (MATEIRO; ILARI,
2011).

2. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

O projeto intitulado “Folclore com flauta doce: quem vai querer?”,


destinado a uma turma de 5° ano do ensino fundamental, foi realizado
numa escola da rede privada de ensino situada no bairro do Vasco da
Gama, zona norte do Recife/PE. Com essa proposta de trabalho consi-
derou-se como objetivos específicos: relembrar canções e articulá-las ao
estudo da flauta doce; identificar sons médio graves; registrar a produ-
ção musical da turma. Com início no mês de Junho do corrente ano, foi
concluído no mês de agosto, somando ao todo sete encontros. Aqueles
momentos deram-se uma vez na semana sempre às quartas feiras e tive-
ram a duração de 40 minutos, totalizando 4 horas e 40 minutos de prática
de repertório com a flauta doce. Sublinha-se que os docentes já tinham
algum conhecimento do instrumento, uma vez que também é utilizado
pelo professor de música da escola.
Como já sinalizado no objetivo geral, o repertório selecionado pro-
porcionou à prática de notas médio graves na flauta doce soprano, com
dedilhado aos moldes barroco, pois segundo Cuervo (2009, p. 26), esse
modelo apresenta”[...] parâmetros baseados em registros históricos de
fabricação artesanal, afinação e digitação”. Nessa flauta doce, as notas
que mais se aproximam dos sons graves são o Dó 3 e o Ré 3, posições
estas que requerem do estudante um pouco mais de dedicação, a fim
de que possa extrair um som agradável, para isso, o controle de ar dis-
pensado no tubo e o cuidado com os dedos para se evitar algum tipo de
abertura indesejada nos orifícios, são condições necessárias para o êxito.
Assim, escolhemos em parceria com os estudantes as seguin-
tes melodias folclórias: 1) Atirei o pau no gato, 2) Marcha Soldado e 3)
Ciranda cirandinha, todas na tonalidade de Dó Maior. É importante des-
tacar a importância da turma de 20 alunos na escolha do repertório,
evidentemente que imbricados aos objetivos traçados. De acordo com
Freire (1996) o diálogo entre docente e discentes deve ser encarado
como essencial no desenvolvimento da prática pedagógica, ou seja, cabe
ao professor transformar a sala de aula num ambiente democrático.
Ainda nessa perpectiva Cuervo e Pedrini (2010, p. 56) comentam:

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[...] que o repertório possui papel estruturante no plane-


jamento pedagógico-musical, e que precisamos construir
uma relação equilibrada entre as preferências musicais
dos alunos e a ampliação dessas preferências através da
ludicidade e do estudo dinâmico [...].

Como não poderia ser diferente, a priori, os estudantes apresen-


taram dificuldades na execução das notas musicais supracitadas, Dó 3
e Ré 3, contudo como um dos estudantes falou: “é só uma questão de
jeito”! Assim, a posteriori, conforme as aulas iam sendo desenvolvidas,
os mesmos encontraram a melhor maneira de fazer as notas soarem
adequadamente. Sobre a dinâmica das aulas, os estudantes receberam
uma ficha preparada pelo professor responsável pelo projeto, contendo
o repertório previamente acordado, como também às posições das notas
a serem utilizadas, às quais ainda não eram conhecidas pelos mesmos.
Como forma de mostrar avanços no aprendizado das melodias,
durante o tempo de aula, cada estudante exibia ao professor, indivi-
dualmente, suas construções; uma vez que a turma sendo pequena,
propriciava essa atenção particular. Cada melodia necessitou de duas
aulas para que pudesse ser executada pela turma, no entanto, no decor-
rer do projeto, sentiu-se a necessidade de inserir um acompanhemtno
percussivo para embelezar as melodias tocadas pelas flautas. Dessa feita
em comum acordo, alguns estudantes reversaram-se no uso de clavas,
prato e tambor, grande parte construídos com material reciclável, assim,
democraticamente todos desempenharam funções importantes no
desenvolvimento do projeto.
Por fim, no sétimo encontro pode-se realizar a culminância do projeto
com os alunos tocando em conjunto, porém mantendo o distanciamento
social necessário. Nessa dinâmica, foi gravado um pequeno vídeo e ende-
reçado à coordenação pedagógica da unidade escolar,via aplicativo de
mensagens, para que a mesma encaminhasse aos pais ou responsáveis
pelos estudantes a produção artística de suas crianças.

3. RESULTADOS

Através do projeto “Folclore com flauta doce: quem vai que-


rer?”observou-se que os estudantes obtiveram os seguintes resultados:
Conheceram e praticaram diferentes posições de notas no instrumento
musical; lograram êxito na retirada de sons médio graves do instru-
mento, considerados difíceis para iniciantes, até porque em alguns casos

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os estudantes só praticam o instrumento no horário da aula; relembra-


ram canções folclóricas, que não são ouvidas com frequência; decidiram,
de comum acordo, os melhores rumos para a execução e conclusão do
projeto, o que em música se caratceriza como prática de conjunto.
Portanto, a experiência mostrou-se exitosa, uma vez que, além de
valorizar o uso da flauta doce no ambiente escolar, sugeriu que a mesma
pode ser utilizada em diferentes projetos que dialoguem com a música,
considerando a criatividade e necessidades do professor frente a suas
propostas.

REFERÊNCIAS

CUERVO, Luciane da Costa. Musicalidade na Performance com a flauta


doce. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

CUERVO, Luciane; PEDRINI, Juliana. Flauteando e Criando: experiências e


reflexões sobre criatividade na aula de música. Música na Educação Básica.
Associação Brasileira de Educação Musical. Porto Alegre, v. 2, n. 2, set.
2010.

DIRENE, Regina Célia Pfutzenreuter. Caderno de história e prática musi-


cal da flauta Doce. In:Os desafios da escola pública paranaense na
Perspectiva do professor PDE - Produções Didático-Pedagógicas.
Paraná: Curitiba, 2014. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.
br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_unespar-
curitibai_arte_pdp_regina_celia_pfutzenreuter_direne.pdf. Acesso em: 14
mar. 2021.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática edu-


cativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MATEIRO, Teresa; ILARI, Beatriz Senoi. Pedagogias em educação musical.


Curitiba: Ibpex, 2011.

MENDES, Rosicléia Lopes Rodrigues; SILVA, Susie Barreto. A prática da flauta


doce na escola como instrumento educativo. Disponível em: https://www.
webartigos.com/artigos/a-pratica-da-flauta-doce-na-escola-como-instru-
mento-educativo/36663/ Acesso em: 30 de ago. 2021.

ISSN: 2176-8153 4744

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