8 o Tráfico Transatlântico para Terras Pernambucanas

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A ESCRAVIDÃO INDÍGENA

❑ De modo a inserir o índio no processo de colonização os portugueses


recorreram a três métodos.

❑ O primeiro consistia na escravização pura e simples, na base da força,


empregada normalmente pelos colonos.

❑ O outro criava um campesinato indígena por meio da aculturação e


destribalização, praticadas primeiramente pelos jesuítas, e depois pelas
demais ordens religiosas.

❑ O terceiro buscava a integração gradual do índio como trabalhador


assalariado, medida adotada tanto por leigos como pelos religiosos.

❑ Durante todo o século XVI e início do XVII os portugueses aplicaram


simultaneamente esses métodos. Naquele momento consideravam a mão de
obra indígena indispensável aos negócios açucareiros.
A ESCRAVIDÃO INDÍGENA
A ESCRAVIDÃO INDÍGENA
❑ A Coroa portuguesa ficava dividida. Considerando os indígenas como
súditos, era legal e moralmente inaceitável escravizá-los.

❑ Mas a realidade ditava-lhe essa necessidade.

❑ O valor da Colônia centrava-se, cada vez mais, na grande produção


açucareira, e esta, para ser lucrativa, exigia um grande contingente de
trabalhadores escravos.

❑ Como no Brasil havia grande possibilidade de utilizar o indígena como mão


de obra, e os senhores de engenho não dispunham de recursos suficientes
para importar africanos, a melhor opção era mesmo usá-la.

❑ Assim, a Coroa portuguesa, apesar de ter começado a criar em 1570, uma


legislação para proibir a escravização indígena, deixou suficientes brechas na
lei para não extingui-la de vez, o que afetaria a produção açucareira e,
consequentemente, reduziria seus lucros.
A ESCRAVIDÃO INDÍGENA
❑ O período de 1540 até 1570 marcou o apogeu da escravidão indígena nos
engenhos brasileiros, especialmente naqueles localizados em Pernambuco
e na Bahia.

❑ Nessas capitanias os colonos conseguiam escravos índios roubando-os de


tribos que os tinham aprisionado em suas guerras e, também, atacando as
próprias tribos aliadas.

❑ Essas incursões às tribos, conhecidas como "saltos", foram consideradas


ilegais, tanto pelos jesuítas como pela Coroa. Mas o interesse econômico
falou mais alto e, dessa forma, fazia-se vista grossa às investidas.

❑ O regime de trabalho nos canaviais era árduo.


A MÃO DE OBRA

AFRICANA

INDÍGENA
A ESCRAVIDÃO INDÍGENA
❑ Os jesuítas pressionaram a Coroa e conseguiram que os senhores dessem
folga aos índios aos domingos, com o objetivo de que assistissem à missa.

❑ Mas, esgotados pelo ritmo de trabalho, eles preferiam descansar ou ir caçar e


pescar, como forma de suplementar sua alimentação.

❑ Muitos senhores não atenderam a essa determinação régia e os índios


continuaram trabalhando aos domingos e dias santos.

❑ Tentando resolver essa situação, os jesuítas intensificaram as ações contra a


escravidão, promovendo intenso programa de catequização nos pequenos
povoados e aldeias da região.
A ESCRAVIDÃO AFRICANA
❑ A substituição da mão-de-obra escrava indígena pela africana ocorreu,
progressivamente, a partir de 1570.
❑ As principais formas de resistência indígena à escravidão foram as guerras,
as fugas e a recusa ao trabalho, além da morte de uma parcela significativa
deles.
❑ Segundo o historiador Boris Fausto, morreram em torno de 60 mil índios,
entre os anos de 1562 e 1563.
❑ As causas eram doenças contraídas pelo contato com os brancos,
especialmente os jesuítas: sarampo, varíola e gripe, para as quais não
tinham defesa biológica.

❑ Outro fator bastante importante, se não o mais importante, na substituição


de mão de obra indígena pela africana, era a necessidade de uma melhor
organização da produção açucareira, que assumia um papel cada vez mais
importante na economia colonial.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO

A LÓGICA DO A ESCRAVIDÃO A ASCENSÃO DA


MERCANTILISMO MODERNA BURGUESIA

OS
AS ESCRAVIZADOS
NEGOCIAÇÕES
AFRICANOS
A ESCRAVIDÃO AFRICANA
❑ Para conseguir dar conta dessa expansão e demanda externa, tornou-se
necessária uma mão de obra cada vez mais especializada, como a dos
africanos, que já lidavam com essa atividade nas propriedades dos
portugueses, na Ilha da Madeira, litoral da África.

❑ Nessa época, a Coroa começou a tomar medidas contra a escravização


dos indígenas, restringindo as situações em que isso poderia ocorrer,
como: em "guerras justas", isto é, conflitos considerados necessários à
defesa dos colonos, que assim, poderiam aprisionar e escravizar os
indígenas, ou ainda a título de punição pela prática da antropofagia.
❑ Podia-se escravizá-los, também, como forma de "resgate", isto é, comprando
os indígenas aprisionados por tribos inimigas, que estavam prontas a devorá-
los.
❑ Ao longo desse processo os portugueses já tinham percebido a maior
habilidade dos africanos, tanto no trato com a agricultura em geral, quanto
em atividades especializadas, como o fabrico do açúcar e trabalhos com ferro
e gado.
Negros no Fundo do Porão é uma obra do pintor alemão Johann Moritz
Rugendas, publicada no livro Voyage Pittoresque dans le Brésil (Viagem
Pitoresca Através do Brasil), de 1835, que reunia cem litografias produzidas
durante as viagens de Rugendas pelo Brasil
A ESCRAVIDÃO AFRICANA
❑ Além disso havia o fato de que, enquanto os portugueses utilizaram a mão de
obra indígena, puderam acumular os recursos necessários para comprar os
africanos.

❑ Essa aquisição era considerada investimento bastante lucrativo, pois os


escravos negros tinham um excelente rendimento no trabalho.
Esquema de armazenamento de
escravos em navio negreiro, por
Thomas Clarkson, 1822. Domínio
público, Peace Palace Library
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Os navios negreiros que transportavam africanos até o Brasil eram
chamados de tumbeiros, porque grande parte dos negros, amontoados nos
porões, morria durante a viagem.

❑ O banzo (melancolia), causado pela saudade da sua terra e de sua gente,


era outra causa que os levava à morte.

❑ Os sobreviventes eram desembarcados e vendidos nos principais portos da


Colônia, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro.

❑ Os escravos africanos eram, de forma geral, bastante explorados e


maltratados e, em média, não aguentavam trabalhar mais do que dez anos.

❑ Como reação a essa situação, durante todo o período colonial foram


constantes os atos de resistência, desde fugas, tentativas de assassinatos do
senhor e do feitor, até suicídios.
O tráfico de escravos era parte fundamental do comércio
triangular entre a Europa, a África e as Américas. Mapa de Al
MacDonald e Jon C. Wikimedia Commons
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Durante o tráfico atlântico, Pernambuco recebeu cerca de novecentos
mil indivíduos, ficando atrás do Rio de Janeiro, onde localizava-se a Corte;
e da Bahia, antiga sede do governo colonial.

❑ Recife se tornou, assim, a terceira capital imperial onde as diferentes marcas


e falas dos africanos eram preponderantes.

❑ Dados apurados na última década mostram que Recife foi o quinto maior
centro mundial de tráfico escravista (No ranking, ficaria atrás de Rio de
Janeiro, Liverpool, Bahia e Londres, conforme Silva & Eltis (2008:122)

❑ Até a primeira metade do século XIX, as pessoas da África eram maioria


entre os escravizados na cidade e a manutenção do sistema escravista se
dava pelas incessantes importações, sobretudo entre as décadas de 1830-
40.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ O comércio Atlântico de escravos foi um dos mais complexos negócios
conhecidos e envolveu a maior migração transoceânica na história até aquele
momento

❑ Ao todo, embarcaram em navios negreiros mais de 12 milhões e meio de


africanos e, com destino o Brasil, foram mais de 5 milhões e meio de
embarcados.

❑ Esse tráfico movimentava, entre outras atividades, a indústria naval, o


sistema financeiro e de crédito europeu além da indústria armamentista
francesa

❑ muitos traficantes vendiam ações de seu negócio e procuravam sócios para


ratear os custos envolvidos nessa atividade
O ESCAMBO
❑ Na Colônia, ainda no século XVI, os portugueses já haviam dado início ao
tráfico negreiro, atividade comercial bastante lucrativa.

❑ Os traficantes de escravos negros, interessados em ampliar esse rendoso


negócio, firmaram alianças com os chefes tribais africanos.

❑ Estabeleceram com eles um comércio baseado no escambo, onde


trocavam tecidos de seda, joias, metais preciosos, armas, tabaco,
algodão e cachaça, por africanos capturados em guerras com tribos
inimigas.

❑ Segundo o historiador Arno Wehling, "a ampliação do tráfico e sua


organização em sólidas bases empresariais permitiram criar um mercado
negreiro transatlântico que deu estabilidade ao fluxo de mão-de-obra,
aumentando a oferta, ao contrário da oscilação no fornecimento de
indígenas, ocasionada pela dizimação das tribos mais próximas e pela fuga
de outras para o interior da Colônia".
O ESCAMBO
❑ Por outro lado, a Igreja, que tinha se manifestado contra a escravidão dos
indígenas, não se opôs à escravização dos africanos.

❑ Dessa maneira, a utilização da mão de obra escrava africana tornou-se a


melhor solução para a atividade açucareira.

❑ Os negros trazidos para o Brasil pertenciam, principalmente, a dois grandes


grupos étnicos: os sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do
Marfim, e os bantos, capturados no Congo, Angola e Moçambique.

❑ Estes foram desembarcados, em sua maioria, em Pernambuco, Minas


Gerais e no Rio de Janeiro.
❑ Os sudaneses ficaram na Bahia.
❑ Calcula-se que entre 1550 e 1855 entraram nos portos brasileiros cerca de
quatro milhões de africanos, na sua maioria jovens do sexo masculino.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Nos séculos XVIII e XIX, em todas as operações de compra e venda
relacionadas à operação do comércio negreiro havia pagamentos futuros.

❑ Muitas vezes tal relação entre credor e devedor durava anos.

❑ Os ganhos advindos desse negócio nem sempre eram altos.

❑ Alguns investidores brasileiros chegavam a ganhar bem exercendo a


atividade do comércio transatlântico enquanto outros tinham prejuízos e
perdas com isso.

❑ o primeiro navio a desembarcar no Brasil, fruto de um pedido de Duarte


Coelho, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco ao Rei de Portugal,
em 1560 até o último a trazer cativos para Pernambuco, em 1851.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ No período de vigência do tráfico no Brasil (1560-1856) desembarcaram
4.864.374 africanos no país e 853.833 africanos em Pernambuco .

❑ No Brasil, 2.054.725, ou 42%, desembarcaram no período de 1801 a 1850.

❑ Em Pernambuco, 259.054 ou 30%, desembarcaram entre 1801 e 1850,


perfazendo uma média de 5 mil desembarcados por ano. Comparativamente,
nos séculos XVII e XVIII a média era de 2.500 e 3.300 ao ano,
respectivamente.

❑ O fato de o volume de importação de escravos no século XIX ser bem mais


expressivo que o volume de importação de escravos nos séculos anteriores
em Pernambuco, sugere que as atividades econômicas nessa região
estavam aquecidas.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Os dados não nos deixam dúvida de que Pernambuco foi a terceira capital
africana do Império.
❑ A província chegou a ter um prejuízo de 11,1% ao longo de toda a sua
trajetória nesta agência.

❑ A dinâmica econômica da província era inferior à da Bahia, que chegou a ser


centro de distribuição de cativos para outras regiões, inclusive Pernambuco,
entre 1831 e 1838.
❑ Comparações com o Rio de Janeiro (centro do tráfico no Sudeste) se fazem
desnecessárias, pois o centro econômico e político do Brasil estava
localizado ali.

❑ Desde o século XVIII, o Rio liderava as importações da África Centro-


Ocidental.
❑ Por outro lado, a instabilidade política na primeira metade do século XIX
afetou a entrada de africanos em Pernambuco.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO

LÓGICA DO O TRÁFICO PROJETO DA


LUCRO NEGREIRO IGREJA

MODO DE
RESISTÊNCIA TRABALHO
INDÍGENA DOS
INDÍGENAS
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO

O LUCRO

AS
NEGOCIAÇÕES
OS
TRAFICANTES
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Diante da demanda por mão de obra africana dos colonos do Brasil, em
1559, a rainha regente de Portugal assinou um decreto real autorizando o
governador de São Tomé a vender até 120 escravos do Congo para cada
senhor de engenho que apresentasse um alvará emitido no Brasil.
❑ Dessa forma, a Coroa atendia os rogos dos colonos do Brasil; em particular
aos de Duarte Coelho, primeiro donatário de Pernambuco, que pelo menos
desde 1542 reclamava à Coroa por escravos negros.

❑ Esse registro deve ter sido antecedido por, pelos menos, mais dois, pois em
1575 Pedro de Noronha era ressarcido em 284 mil-réis erroneamente ou
ilegalmente cobrados ao introduzir 142 escravos de São Tomé na alfândega
da vila de Olinda
❑ Aparentemente, sob a mesma circunstância, Francisco Mendes e Garcia
Mendes, residentes no Porto, eram ressarcidos por dividendos cobrados
erroneamente ou ilegalmente ao introduzirem na alfândega de Olinda 48
escravos despachados de São Tomé.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Já se assinalou que São Tomé serviu de base para muito do que se
desenvolveu no Brasil,15 por isso a constante referência à ilha como porto
provedor de escravos para a colônia portuguesa na América não deve ser
vista com desdém.

❑ Em verdade, a ilha havia criado intimidade com a costa africana desde de fins
do século XV

❑ Com o desenvolvimento da plantação e comércio do açúcar durante o século


XVI, a ilha passou a concentrar ao seu redor não apenas os mercados
negreiros do Benim, mas os do Congo também.

❑ Em pouco tempo, São Tomé tornou-se o maior porto traficante de escravos e


produtor de açúcar do império português.
Embarque de africanos escravizados na Nigéria em meados
do século XIX. Nessa época, o tráfico na região já era ilegal
e, por isso, feito em lugares remotos para burlar a vigilância
inglesa. Gravura publicada em 1856 no Journal of Missionary
Information, vol. 7. Domínio público
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Para além dos números, esses dados oferecem possibilidades de entender a
cartografia cultural que contribuiu em parte com as reinvenções de
identidades dos africanos na área urbana do Recife.

❑ O golfo do Benim (antiga Costa da Mina) abrange atualmente Togo, as


cidades de Porto Novo e Uidá no Benim e a parte ocidental da Nigéria.

❑ Constituiu importante área no fornecimento de cativos no século XVIII, depois


de Angola/Congo, de onde foram embarcados grupos humanos que em
Pernambuco foram identificados como nagô, savalu, calabar.

❑ Para Arthur Ramos, as trocas culturais entre os povos deste território


influenciaram de forma decisiva o complexo religioso dos xangôs no Recife
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Deste modo, a ilha oferecia condições excelentes de fornecer escravos
africanos para os engenhos que floresciam no Brasil.

❑ Ao cabo do século XVI, Pernambuco, assim como a Bahia, contavam com


escravos africanos junto a indígenas nas suas plantações de cana-de-açúcar.

❑ Em 1577, por exemplo, o Engenho São Pantaleão do Monteiro, situado na


várzea do rio Capibaribe, em Olinda, possuía 15 escravos da África em seu
plantel de 40 cativos

❑ À lenta transição da mão de obra indígena para a africana seguiu o rápido


desenvolvimento da produção açucareira, e em consequência o do tráfico de
africanos.

❑ Os números que podem dar uma noção dessa produção para Pernambuco
referentes ao século XVI são bem conhecidos.
O TRÁFICO NEGREIRO

DIVERSOS GRUPOS ÉTNICOS

O DESPREZO AO TRABALHO BRAÇAL

OS BANTOS, OS MALÊS E OS SUDANESES


O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ A primeira notícia de açúcar pernambucano entrando em Lisboa data entre
1516 e 1526, produzido aparentemente de modo artesanal por um certo
capitão Pero Capico

❑ Em 1542, surge o primeiro engenho-de-açúcar próximo a Olinda de nome


Engenho Nossa Senhora da Ajuda, que pertencia a Jerônimo de
Albuquerque, cunhado de Duarte Coelho

❑ No entanto, ao findar esse ano, Duarte Coelho informou ao rei que


Pernambuco já possuía dois engenhos.

❑ Oito anos depois, cinco engenhos operavam na capitania e, em cerca de


1570, Pero de Magalhães Gândavo informava que nela havia “vinte e três
engenhos-de-açúcar, dos quais três ou quatro ainda não estão
completos”
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ Por volta de 1587, de acordo com Gabriel Soares de Souza, o número de
engenhos subiu para 50, os quais rendiam uma dízima de “dezenove mil
cruzados todo ano”.

❑ Finalmente, no início do século XVI, Domingos de Abreu de Brito


declarava ter Pernambuco 63 engenhos.

❑ O aumento da produção açucareira demandava cada vez mais braços


africanos, que por sua vez expandiam as fronteiras dos engenhos de cana-
de-açúcar.

❑ Estima-se que no início dos Seiscentos Pernambuco já possuía 120


engenhos, e ao tempo que os holandeses chegaram, em 1630, tinha mais de
160, dos quais 60 foram logo queimados durante a guerra de ocupação (1630
e 1637)
O TRÁFICO NEGREIRO

•RECIFE
PORTOS
•SALVADOR

AS •UMA COISA
“PEÇAS” •UM OBJETO
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
❑ A esse ponto, dados com relação ao número de escravos importados são
escassos.

❑ Todavia, o desenvolvimento da indústria açucareira sugere que o tráfico de


cativos deva tê-la acompanhado.

❑ Desse modo, podemos imaginar que a introdução acelerada de africanos


iniciada no século passado foi temporariamente interrompida com a chegada
dos holandeses.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
• durante o período de ocupação holandesa, 1630 a 1654, informações sobre
desembarque de africanos em Pernambuco provêm basicamente dos arquivos da
West-Indische Compagnie (WIC), ou Companhia holandesa das Índias Ocidentais.

• A obtenção desses dados deve-se principalmente a historiadores holandeses como


Pieter Emmer, Ernst van den Boogaart e Franz Binder.

• No entanto, a partir de 1637, tudo parece se normalizar novamente, mas dessa vez
sob a direção de João Maurício de Nassau (1637-1644).

• A produção açucareira voltou a prosperar e consequentemente mais escravos eram


necessários para levar a cabo a empresa holandesa, que nesse tempo inspirava
confiança aos agentes da WIC, uma vez que além de Pernambuco, as praças de El
Mina e Luanda, principais portos fornecedores de escravos na África, foram
igualmente subtraídas aos portugueses; em 1637 e 1641 respectivamente.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
• Em 1641, Pernambuco exportava cerca de 448 mil arrobas de açúcar, contra 66 mil em
1637.

• Esse ânimo na exportação de açúcar estimulou o tráfico de escravos que só veio a dar
uma reposta efetiva a partir de 1642 com a introdução de 2.400 escravos na capitania.

• O período entre 1760 e 1780, em que o porto de Recife vivia sob o monopólio do
comércio marítimo da companhia pombalina de Pernambuco e Paraíba, beneficiou-se
sobretudo do trabalho de António Carreira.

• Para fins do século XVIII até 1830, Herbert S. Klein forneceu alguns dados mediante a
sua pesquisa sobre o comércio transatlântico de escravos
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO

NA SUA CONDIÇÃO DE PROPRIEDADE, O ESCRAVO É UMA COISA, UM


BEM OBJETIVO. LEMBRANDO ARISTÓTELES, CONSIDERAMOS NOSSA
PROPRIEDADE O QUE ESTÁ FORA DE NÓS E NOS PERTENCE. NOSSO
CORPO, NOSSAS APTIDÕES INTELECTUAIS, NOSSA SUBJETIVIDADE
NÃO ENTRAM NO CONCEITO DE NOSSA PROPRIEDADE. MAS O
ESCRAVO, SENDO UMA PROPRIEDADE, TAMBÉM POSSUI CORPO,
APTIDÕES INTELECTUAIS, SUBJETIVIDADE – É, EM SUMA, UM SER
HUMANO. PODERÁ ELE O SER HUMANO AO SE TORNAR PROPRIEDADE,
AO SE COISIFICAR?
GORENDER, JACOB. O ESCRAVISMO COLONIAL. SÃO PAULO, ÁTICA, 1992. P. 63-65.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
• O auge de Pernambuco no comércio atlântico se deu nas duas primeiras
décadas do século XIX.

• Peter Eisenberg calculou uma entrada média anual de 3.846 africanos na


província entre 1801 e 1823, perfazendo 150.000 pessoas.

• No período 1831-43, teriam sido traficados anualmente 1.539 indivíduos, o que


corresponde a uma estimativa de 20.000 pessoas.

• Entre 1839 e 1850, ao menos 12.512 pessoas foram desembarcadas em


Pernambuco.
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
• As efervescências políticas na primeira metade do século também impactaram
o setor de exportações, provocando redução das importações de africanos.

• Entre 1811 e 1815, as guerras napoleônicas restringiram o volume – e


possivelmente o valor – das vendas dos produtos da cana-de-açúcar, que
caíram 27% abaixo da média do quinquênio anterior.

• A Confederação do Equador (1824) provocou perturbações que reduziram a


produção do açúcar no biênio 1825-26 para a metade do nível de 1824.

• O período da Cabanada (1832-36) desestruturou tanto o comércio açucareiro,


que a produção média anual sofreu uma redução de 25%, pelo fato desta
insurreição ter ocorrido nas regiões fronteiriças de grande parte dos engenhos
pernambucanos, cujos donos eram também envolvidos com o comércio
negreiro
O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO
RESOLUÇÃO DE
QUESTÕES
QUESTÃO 1 EP QUESTÕES
É correto dizer que o tráfico negreiro transatlântico para terras
pernambucanas contou, em grande parte, com a participação decisiva:
A) dos nativos africanos que, voluntariamente, ofereciam-se ao processo de
escravidão.
B) dos poderosos reinos africanos, que já praticavam a escravidão há séculos.
C) dos poderosos reinos pré-colombianos, que já haviam dado início à
escravização de africanos antes mesmo do descobrimento da América.
D) dos chineses, que também tinham interesse no uso da mão de obra escrava
negra em suas plantações de soja.
E) dos japoneses, que também tinham interesse no uso da mão de obra escrava
negra em suas plantações de arroz.
QUESTÃO 2 UNESP
Os africanos não escravizavam africanos, nem se reconheciam então como
africanos. Eles se viam como membros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias,
de um reino e de um grupo que falava a mesma língua, tinha os mesmos costumes
e adorava os mesmos deuses. (...) Quando um chefe (...) entregava a um navio
europeu um grupo de cativos, não estava vendendo africanos nem negros, mas (...)
uma gente que, por ser considerada por ele inimiga e bárbara, podia ser
escravizada. (...) O comércio transatlântico (...) fazia parte de um processo de
integração econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a comercialização,
em grande escala, de açúcar, algodão, tabaco, café e outros bens tropicais, um
processo no qual a Europa entrava com o capital, as Américas com a terra e a África
com o trabalho, isto é, com a mão de obra cativa.
(Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos, 2008. Adaptado.)
Ao caracterizar a escravidão na África e a venda de escravos por africanos
para europeus nos séculos XVI a XIX, o texto:
QUESTÃO 2 UNESP
A) reconhece que a escravidão era uma instituição presente em todo o planeta e
que a diferenciação entre homens livres e homens escravos era definida pelas
características raciais dos indivíduos.
B) critica a interferência europeia nas disputas internas do continente africano e
demonstra a rejeição do comércio escravagista pelos líderes dos reinos e
aldeias então existentes na África.
C) diferencia a escravidão que havia na África da que existia na Europa ou nas
colônias americanas, a partir da constatação da heterogeneidade do continente
africano e dos povos que lá viviam.
D) afirma que a presença europeia na África e na América provocou profundas
mudanças nas relações entre os povos nativos desses continentes e permitiu
maior integração e colaboração interna.
E) considera que os únicos responsáveis pela escravização de africanos foram os
próprios África
QUESTÃO 3 FUVEST
“Os indígenas foram também utilizados em determinados momentos, e sobretudo na fase
inicial [da colonização do Brasil]; nem se podia colocar problema nenhum de maior ou
melhor “aptidão” ao trabalho escravo (...). O que talvez tenha importado é a rarefação
demográfica dos aborígines, e as dificuldades de seu apresamento, transporte, etc. Mas na
'preferência' pelo africano revela-se, mais uma vez, a engrenagem do sistema mercantilista
de colonização; esta se processa num sistema de relações tendentes a promover a
acumulação primitiva de capitais na metrópole; ora, o tráfico negreiro, isto é, o
abastecimento das colônias com escravos, abria um novo e importante setor do comércio
colonial, enquanto o apresamento dos indígenas era um negócio interno da colônia. Assim,
os ganhos comerciais resultantes da preação dos aborígines mantinham-se na colônia, com
os colonos empenhados nesse 'gênero de vida'; a acumulação gerada no comércio de
africanos, entretanto, fluía para a metrópole; realizavam-na os mercadores metropolitanos,
engajados no abastecimento dessa 'mercadoria'. Esse talvez seja o segredo da melhor
'adaptação' do negro à lavoura... escravista. Paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro
que se pode entender a escravidão africana colonial, e não o contrário.”
(Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1979, p.
105. Adaptado).
QUESTÃO 3 FUVEST
Nesse trecho, o autor afirma que, na América portuguesa:
A) os escravos indígenas eram de mais fácil obtenção do que os de origem africana, e
por isso a metrópole optou pelo uso dos primeiros, já que eram mais produtivos e
mais rentáveis.
B) os escravos africanos aceitavam melhor o trabalho duro dos canaviais do que os
indígenas, o que justificava o empenho de comerciantes metropolitanos em gastar
mais para a obtenção, na África, daqueles trabalhadores.
C) o comércio negreiro só pôde prosperar porque alguns mercadores metropolitanos
preocupavam-se com as condições de vida dos trabalhadores africanos, enquanto
que outros os consideravam uma “mercadoria”.
D) a rentabilidade propiciada pelo emprego da mão de obra indígena contribuiu
decisivamente para que, a partir de certo momento, também escravos africanos
fossem empregados na lavoura, o que resultou em um lucrativo comércio de
pessoas.
E) o principal motivo da adoção da mão de obra de origem africana era o fato de que
esta precisava ser transportada de outro continente, o que implicava a abertura de
um rentável comércio para a metrópole, que se articulava perfeitamente às
estruturas do sistema de colonização.
QUESTÃO 4 EP QUESTÕES
Leia o poema a seguir:
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Essa é uma das estrofes do poema “O Navio Negreiro”, do poeta baiano Castro
Alves, escrito em 1869.
QUESTÃO 4 EP QUESTÕES
Considerando que a lei Eusébio de Queiroz, que proibiu o tráfico negreiro
transatlântico, foi promulgada em 1850, Castro Alves, que apoiava a causa
abolicionista, teria escrito esse poema dezenove anos depois da referida
lei, com o objetivo de:
A) Impedir a revogação da lei que proibiu o tráfico transatlântico de negros
africanos.
B) Abolir a escravidão, ao menos, na região onde nasceu, a Bahia.
C) Persuadir intelectuais que eram seus contemporâneos a aderirem à causa
abolicionista, como Joaquim Nabuco, que era escravocrata.
D) dramatizar em versos o sofrimento dos negros africanos no momento em
que tiveram que sair de sua terra em direção ao Brasil, transportados nos
porões dos navios negreiros, para contribuir assim com a luta pelo fim da
escravidão.
E) Apenas preservar a memória do sofrimento dos negros, pois, em 1869, o
Brasil já havia abolido a escravidão.
QUESTÃO 5 UEA
O longo passado da África Negra é pouco conhecido, como ocorre com todos os povos que
desconheceram a escrita e cuja história chega até nós por meio da tradição oral, das
pesquisas arqueológicas ou de testemunhos ocasionais. Um fato emerge, entretanto, deste
passado confuso: o tráfico negreiro que, dirigido para o continente americano, ganhou
proporções diabólicas a partir do século XVI. Há muitos documentos sobre o tráfico negreiro,
tanto nos arquivos europeus quanto nos arquivos do Novo Mundo.
(Fernand Braudel. Gramática das civilizações, 1987. Adaptado.)
Essencial na montagem do complexo açucareiro no Pernambuco Colonial, o tráfico
negreiro era, além disso, uma atividade
A) Imposta pela burguesia metropolitana e contrária aos interesses das monarquias dos
países colonizadores.
B) Desconhecida na África até a chegada ao continente de traficantes portugueses,
ingleses e espanhóis.
C) Rentável e promotora de acumulação de capital nas mãos da burguesia mercantil
metropolitana.
D) Aceita pelo conjunto das populações das sociedades europeias e americanas no longo
período de sua vigência.
E) Ilegal e de contrabando, pois combatida pelas religiões cristãs europeias e pelas Bulas
papais.
QUESTÃO 6 UCS
Analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das proposições abaixo, sobre o tráfico
negreiro, que deslocou para o Brasil cerca de 4 milhões de africanos, durante mais de
três séculos de escravidão.
( ) Representou um amplo esquema de negócios, recebendo inclusive apoio de alguns
povos africanos, que passaram a se especializar na captura e venda de escravos aos
europeus.
( ) O continente africano, antes da chegada dos europeus, conhecia diversas formas de
escravidão, como, por exemplo, a doméstica e a decorrente de fome, dívida e guerra.
( ) Os escravos, como mercadorias, eram embarcados em navios denominados tumbeiros,
onde muitos morriam, durante a travessia do Atlântico, em função de maus tratos, fome,
sede e doenças, como o sarampo e a varíola.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.
A) V – V – V
B) V – V – F
C) F – V – V
D) F – F – V
E) V – F – F
QUESTÃO 7 UEFS
Mais da metade de todo tráfico de escravos da África para o Brasil era realizado por
traficantes do Brasil. Isso mesmo, uma parte enorme dos lucros com o tráfico negreiro
acabava ficando com os habitantes da própria colônia! Os mais ricos traficantes de escravos
moravam em Salvador e no Rio de Janeiro. Alguns tinham acumulado tanta fortuna que
possuíam mais riquezas que os latifundiários. Chegavam a agir como banqueiros,
emprestando dinheiro aos fazendeiros da colônia. (SCHMIDT, 2005, p. 197).
De acordo com o texto, é correto afirmar que os principais interessados na
manutenção do tráfico de africanos escravizados, no período colonial pernambucano,
eram
A) os Senhores de currais e tropeiros, que faziam o transporte de escravos para o interior.
B) Tumbeiros e retornados, que organizavam o tráfico nos portos de embarque africanos.
C) Líderes da Igreja, interessados em reforçar o trabalho dos escravos indígenas nas
propriedades eclesiásticas.
D) Funcionários portugueses que controlavam, nos portos da metrópole, o movimento de
entrada e saída de navios negreiros.
E) Traficantes e latifundiários, que se beneficiavam dos lucros e da força do trabalho
escravo, respectivamente.
QUESTÃO 8 EP QUESTÕES
Sobre o tráfico negreiro, consolidado pelos portugueses no Atlântico, são
apresentadas as seguintes afirmações.
1. Garantiu o poder da metrópole em Pernambuco, assegurando a transferência da
renda do setor produtivo para o setor mercantil.
2. Reduziu-se ao comércio de africanos entre a África e a América, sem modelar o
conjunto da economia, da sociedade ou da política da América Portuguesa.
3. Estimulou o intercâmbio socioeconômico e cultural entre a África e a América.
Estão corretas as afirmações
A) 1 e 2 apenas.
B) 1 e 3 apenas.
C) 2 e 3 apenas.
D) 1, 2 e 3.
E) 2 apenas.
QUESTÃO 9 UFPE
As razões que fizeram com que no Brasil colonial e mesmo durante o império a
escravidão africana predominasse em lugar da escravidão dos povos indígenas
podem ser atribuídas a (à):
A) setores da Igreja e da Coroa que se opunham à escravização indígena; fugas,
epidemias e legislação antiescravista indígena que a tornaram menos atraente e
lucrativa.
B) religião dos povos indígenas, que proibia o trabalho escravo. Preferiam morrer a ter
que se se submeterem às agruras da escravidão que lhes era imposta nos
engenhos de açúcar ou mesmo em outros trabalhos.
C) reação dos povos indígenas, que, por serem bastante organizados e unidos, toda
vez que se tentou capturá-los, eles encontravam alguma forma de escapar ao cerco
dos portugueses.
D) ausência de comunicação entre os portugueses e os povos indígenas e à dificuldade
de acesso ao interior do continente, face ao pouco conhecimento que se tinha do
território e das línguas indígenas.
E) um enorme preconceito que existia do europeu em relação ao indígena, e não em
relação ao africano, o que dificultava enormemente o aproveitamento do indígena
em qualquer atividade.
QUESTÃO 10 EP QUESTÕES
Leia os versos: “Seiscentas peças barganhei:
— Que Pechincha!
— no Senegal A carne é rija, os músculos de aço, Boa liga do melhor metal.
Em troca dei só aguardente, Contas, latão
– um peso morto!
Eu ganho oitocentos por cento Se a metade chegar ao porto.”
HEINE, Heinrich. Citado em: BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
O trecho do poema acima citado refere-se:
A) aos grandes lucros conseguidos pelos chefes tribais africanos na venda de escravos
aos europeus.
B) à forma pela qual os europeus conseguiam adquirir metais preciosos em solo
africano.
C) ao comércio de escravos no continente africano e os altos lucros proporcionados
aos europeus em decorrência dos produtos dados em troca.
D) ao comércio de carne realizado na África mediante o escambo.
QUESTÃO 11 UFSCar
Sobre o tráfico negreiro, consolidado pelos portugueses no Atlântico, são
apresentadas as afirmações seguintes.
I. Garantiu o poder da Metrópole no Brasil, assegurando a transferência da renda do
setor produtivo para o setor mercantil.
II. Reduziu-se ao comércio de africanos entre a África e a América, sem modelar o
conjunto da economia, da sociedade ou da política da América portuguesa.
III. Na América, a Coroa portuguesa reconheceu a liberdade dos índios, mas na África
estimulou os negócios negreiros.
IV. Possibilitou a colonização da África como concorrencial à colonização do Brasil.
V. Estimulou o intercâmbio alimentar e de costumes entre a África e a América.
Estão corretas as afirmações:
A) I, II, e III, apenas.
B) II, III, e IV, apenas.
C) I, III, e V, apenas.
D) II, III, IV e V, apenas.
E) I, II, IV e V, apenas.
GABARITO
1.B
2.C
3.E
4.D
5.C
6.A
7.E
8.B
9.A
10.C
11.C

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