Boletim Alface
Boletim Alface
Boletim Alface
Aspectos
Fitossanitários da
Cultura da Alface
Instituto Biológico
Julho/2017
Número 29
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Agricultura e Abastecimento
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
Instituto Biológico
Governador do Estado
Geraldo Alckmin
Secretário-Adjunto
Rubens Naman Rizek Junior
Chefe de Gabinete
Omar Cassim Neto
Boletim Técnico
Instituto Biológico
São Paulo - SP
Nº 29 - págs. 1-126
Julho/2017
Boletim Técnico Aspectos Fitossanitários da Cultura da Alface.
Instituto Biológico. n. 29 (julho 2017)
Editora-chefe
Tânia Cristina Penido Paes Manso
Editores
Adriana H. de Campos Nogueira Romaldini
Cristina Corsi Dib
Dalva Gabriel
Eliana Borges Rivas
Jesus Guerino Töfoli
Lia Emi Nakagawa
Renato Akio Ogata
Ricardo José Domingues
Simone Bacilieri
Equipe Técnica
Roberto Tadeu da Silva – Bibliotecário
SUMÁRIO
PREFÁCIO...........................................................................................7
A CULTURA DA ALFACE.................................................................. 9
NEMATOIDES.................................................................................. 67
PRAGAS DA ALFACE...................................................................... 78
Este é o nosso objetivo com o Prosaf, auxiliar quem mais precisa, quem tem menos
contato com as novidades de controle de pragas e doenças, aumento de produtividade
e conservação ambiental. A cada novo material, em cada novo evento promovido,
nosso entusiasmo só aumenta – e nossa vontade de trabalhar ainda mais também.
É por isso que damos continuidade às publicações que orientam o agricultor familiar e
auxiliam sua geração de renda, aumentam sua produtividade e garantem a continuidade
de sua atividade e sua permanência no campo.
Neste Boletim Técnico sobre a Cultura da Alface, o foco é a atenção aos aspectos
fitossanitários – o que pode ser alcançado com o compromisso e a seriedade já
característicos do nosso agricultor, unidos à experiência exitosa da pesquisa paulista
aqui representada pela equipe do Instituto Biológico.
Arnaldo Jardim
Secretário de Agricultura e Abastecimento
do Estado de São Paulo
Coordenadores
Addolorata Colariccio
Alexandre Levi Rodrigues Chaves
Apresentação
O diagnóstico precoce da manifestação das pragas e doenças no campo
permite ao produtor a adoção de medidas adequadas de controle, com conse-
quente redução de aplicações de produtos químicos. Alternativas mais susten-
táveis de controle de pragas e doenças também têm sido intensificadas, em
substituição aos métodos tradicionais, que seguem calendário de aplicações e
uso excessivo de agrotóxicos. Outro aspecto importante que deve ser ressal-
tado é o uso de mudas e sementes de procedência conhecida, com sanidade
comprovada, mitigando assim a presença de patógenos veiculados via semen-
tes e também pelas mudas no início do cultivo.
O objetivo principal deste Boletim é abordar os aspectos fitossanitários da
cultura da alface e fornecer informações atualizadas sobre as pragas e doenças
que comumente acometem a cultura, bem como as diferentes possibilidades
de manejo para o seu controle. No segmento das olerícolas, está entre as três
mais importantes, com uma área plantada de 10.775 ha e produção anual de
14.775 engradados, contribuindo para a manutenção de mão de obra no campo
e o aumento da renda de agricultores familiares. Além disso, atualmente, tam-
bém pode ser considerada uma prática empresarial, devido à profissionaliza-
ção da atividade, à produção intensiva durante todo ano, graças à utilização de
variedades ou híbridos adaptados às diferentes condições ambientais.
Neste Boletim, os autores compilaram os resultados obtidos durante anos
de pesquisas referentes à sanidade da cultura da alface, disponibilizando seus
conhecimentos e arquivos de imagens, que poderão auxiliar produtores, técni-
cos agrícolas, estudantes e engenheiros agrônomos extensionistas no reconhe-
cimento de doenças e pragas, bem como o seu controle.
1. Clima
A alface apresenta melhor desenvolvimento em condições de temperatu-
ras amenas entre 18 a 25°C. Na região Sudeste, este regime de temperaturas
ocorre principalmente em locais de baixa altitude nos períodos de outono e
inverno. Regiões com altitude elevada são mais propícias ao cultivo e pode ser
realizado durante o ano todo. Entretanto, a partir do desenvolvimento de tra-
balhos de melhoramento genético, iniciados no Instituto Agronômico (IAC),
visando obter cultivares resistentes à fitopatógenos e com tolerância às condi-
ções de alta temperatura, atualmente o cultivo da alface é factível durante todo
o ano na região sudeste.
5. Adubação de plantio
Em solos propícios ao cultivo da alface é recomendada a utilização de
200 g de composto orgânico ou esterco de vaca curtido por planta. A aplica-
ção poderá ser feita a lanço antes ou após o preparo dos canteiros devendo-se,
logo em seguida, incorporá-los ao solo. Em solos com baixa fertilidade e/ou
baixo teor de matéria orgânica, a adubação deverá ser localizada em pequenas
“covas”, próximo às mudas. Para o plantio convencional, com a utilização de
adubos químicos, seguir as recomendações do Boletim 200 do IAC.
7. Plantio e espaçamento
Em regiões que apresentam condições ambientais apropriadas para o cul-
tivo da alface, o plantio pode ser realizado durante todo o ano. Caso contrário,
é recomendada a utilização de cultivares apropriadas para cada época do ano
(inverno e verão). O espaçamento varia de acordo com a cultivar e época de
plantio podendo variar de 25 x 25 cm para cultivares de porte pequeno indi-
cadas para o plantio durante o verão, até 30 x 40 cm para cultivares de porte
grande indicadas para o plantio durante o inverno.
8. Tratos culturais
A) Irrigação: mudas de alface obtidas a partir de bandejas possuem sistema
radicular muito ramificado e superficial. Esta característica exige irriga-
ção diária para manter a umidade nas primeiras camadas do substrato.
B) Cobertura morta: A utilização de cobertura morta promove o melhor de-
senvolvimento das plantas, seja pela redução da competição com plantas
invasoras; redução da erosão; manutenção da umidade do solo; redução
da evaporação; redução da germinação de plantas invasoras; diminuição
do aquecimento do solo e a consequente queima da matéria orgânica; e
o desenvolvimento de micro-organismos benéficos. Para tanto, é reco-
mendada a utilização de bagaço de cana, capim ‘Napier’ picado, grama,
casca de arroz, casca de amendoim, entre outros.
9. Colheita
Ocorre de 50 a 70 dias após o transplante, variando conforme a cultivar,
a época do ano, e também os tratos culturais utilizados. A produtividade espe-
rada é de 60-80 mil plantas/ha.
1. Introdução
Na literatura internacional há uma série de bactérias descritas como pató-
genos da alface, incluindo: Petobacterium carotovorum subsp. carotovorum
(sin.: Erwinia carotovora subsp. carotovora), Dickeya sp. (sin.: Pectobac-
teriumchrysanthemi pv. chrysanthemi, Erwinia chrysanthemi pv. chrysan-
themi), Pseudomonas cichorii, Pseudomonas marginalis pv. marginalis, P.
marginalis pv. pastinacae, P. syringae pv. aptata, P. s. pv. syringae, P. s. pv.
tagetis, P. viridiflava e Xanthomonas axonopodis pv. vitians (sin. X. campes-
tris pv. vitians, X. vitians).
No Brasil já foram descritas as seguintes espécies de bactérias em alface:
Burkholderia cepacia, Dickeya sp., Enterobacter cloacae, Pantoea agglome-
rans (sin.: Erwinia herbicola), Pectobacterium atrosepticum (sin.: Erwinia
carotovora subsp. atroseptica), P. carotovorum subsp. carotovorum Pseudo-
monas aeruginosa, P. cichorii, P. fluorescens, P. marginalis, P. viridiflava, P.
viridilivida, Rhyzobium radiobacter (sin.: Agrobacterium tumefaciens), Ser-
ratia marcescens e Xanthomonas axonopodis pv. vitians.
De todas estas espécies listadas, seguramente as que causam os principais
danos são aquelas relacionadas aos sintomas de podridão mole causados pelos
gêneros Dickeya, Pectobacterium, Enterobacter e Serratia e também Pseudo-
monas cichorii, agente causal de principal doença bacteriana da alface.
A seguir, serão relacionadas as principais doenças bacterianas que ocor-
rem na alface, com descrição da sintomatologia, do agente causal, das princi-
pais formas de disseminação e, quando pertinente, medidas de manejo visan-
do à mitigação ou mesmo a eliminação do problema.
3. Medidas de controle
Doenças causadas por fitobactérias ocasionam perdas na qualidade e na
produtividade de plantas de interesse econômico e, portanto o conhecimento
dos sintomas causados por esses patógenos e de seu período de sobrevivência
podem propiciar a adoção de medidas de controle adequadas, visando à dimi-
nuição das perdas.
A mais importante medida de controle é a prevenção da contaminação
da cultura pelo uso de material propagativo sadio e de boa qualidade. Após o
estabelecimento de bactérias em uma cultura ou em um local, o seu controle é
praticamente impossível ou de custo muito elevado.
A água constitui um dos principais fatores envolvidos na disseminação e
expressão de sintomas causados por fitobactérias. As diminuições da umidade
relativa e do molhamento das folhas contribuem para a redução da incidência
de doenças bacterianas, especialmente as da parte aérea. Em condições de alta
umidade, pode ocorrer exsudação bacteriana nas partes infectadas e, através
do manuseio dessas plantas ou de respingos da água de irrigação, dar-se a dis-
seminação para outras plantas. O contágio pode ocorrer também por meio de
implementos e mãos das pessoas que estejam manipulando as plantas. Portan-
to, o manejo da água de irrigação, bem como a procedência da água utilizada,
é também importante para evitar a disseminação das doenças bacterianas.
As medidas de controle para P. cichorii envolvem a escolha da área para
o plantio, dando preferência para terrenos bem drenados, e a utilização de se-
mentes de boa qualidade e sanidade. Deve-se ainda evitar o plantio continua-
do nas mesmas áreas e proporcionar o arejamento entre plantas. A remoção de
folhas infectadas durante a colheita pode diminuir os danos em pós-colheita,
4. Bibliografia consultada
ALMEIDA, I.M.G.; MACIEL, K.W.; RODRIGUES, L.M.R.; BERIAM,
L.O.S. Colo preto em alface hidropônica causado por Pseudomonas cichorii
no Estado da Bahia. Summa Phytopathologica, Botucatu, v. 38, supl., 2012.
1 CD.
FREIRE, J.R.J. Uma bacteriose em alface (Lactuca sativa L.) causada por
Pseudomonas cichorii (Swingle) Stapp. Revista Agronômica, Porto Alegre, v.
17, p. 36-40, 1954.
ROBBS, C.F. Uma doença bacteriana da alface (Lactuca sativa L.), nova para
o Brasil. Olericultura, Brasília, v. 2, p. 150-153, 1962.
A B
C D
E F
Figura 4: Sintomas de manchas foliares com podridão causadas por bactérias dos
gêneros Pectobacterium e Dickeya.
(Foto: Valdemar A. Malavolta Jr.)
Ricardo J. Domingues
1. Introdução
As doenças fúngicas na cultura da alface podem reduzir a produção, a
qualidade e, em algumas situações, inviabilizar o cultivo. Os sintomas podem
variar de falhas na germinação, murchas, tombamento, manchas foliares, me-
las até a morte generalizada.
O conhecimento da sintomatologia, etiologia e práticas de manejo é fun-
damental para a implementação de sistemas sustentáveis de produção.
2. Doenças foliares
2.1. MÍLDIO - Bremia lactucae Regel
O míldio representa uma das maiores ameaças ao cultivo da alface,
podendo causar perdas superiores a 80%.
Inicialmente, a doença se manifesta por meio de manchas foliares verde-
claras ou amarelas, úmidas e de tamanho variável. Elas apresentam aspecto
angular, sendo delimitadas pelas nervuras e ao evoluírem tornam-se necróticas,
pardas e recobertas por um crescimento branco na face inferior (Figs. 1 a 5).
A doença pode ocorrer em qualquer fase da cultura. Logo após a
germinação, ela pode infectar os cotilédones das plântulas causando a sua
morte. Na fase de mudas afeta principalmente as folhas basais, apresentando
sintomas semelhantes aos descritos anteriormente. No campo e cultivo
hidropônico, a doença é mais frequente após o fechamento da cultura.
O agente causal do míldio, o Oomycota Bremia lactucae, produz
esporângios em esporangióforos que possuem de 4 a 6 ramificações dicotômicas.
Os esporangióforos apresentam dimensões que variam de 430-990 x 7-16
µm, terminando em extremidades dilatadas (apófise) em forma de taça, cada
uma contendo 4-5 esterigmas nos quais os esporângios são formados (Fig. 6).
Os esporangióforos são finos, longos, com coloração que varia do branco ao
marrom escuro e emergem no tecido lesionado através dos estômatos.
4. Medidas de controle
o manejo de doenças fúngicas na cultura da alface deve ser baseado em
programas multidisciplinares, que integrem diferentes estratégias, com os
objetivos de otimizar o controle, reduzir os custos e promover a sustentabilidade
da cadeia produtiva.
Entre os fatores a serem considerados em programas de produção
integrada destacam-se:
4.6. ESPAÇAMENTO
Evitar plantios adensados, pois eles permitem o acúmulo de umidade e
a má circulação de ar entre as plantas favorecendo a ocorrência de doenças.
4.11. SOLARIZAÇÃO
A solarização consiste na utilização da energia solar para o controle de
fungos fitopatogênicos presentes no solo/substrato. A técnica consiste na
cobertura do solo infestado com plástico transparente de forma que a radiação,
ao atravessar o plástico, é armazenada, promovendo o aquecimento do solo
e, consequentemente, a eliminação ou diminuição do inóculo. Além disso, a
técnica tem efeitos positivos no controle de plantas daninhas, pragas de solo,
na fertilidade, vigor das plantas e na restauração da microflora do solo. A
prática deve ser utilizada em períodos de alta radiação solar por períodos de
30 a 60 dias.
5. Bibliografia consultada
Figura 11: Mofo cinzento em mudas Figura 12: Sintoma inicial de mofo
de alface. (Foto: Ricardo J. Domingues) cinzento em folha de alface.
(Foto: Jesus G. Töfoli)
Figura 19: Folha basal atacada por R. Figura 20: Micélio de R. solani.
solani. (Foto: Ricardo J. Domingues) (Foto: Ricardo J. Domingues)
1. Introdução
Dentre os fitopatógenos descritos em alface, os vírus merecem destaque,
sendo já relatadas, em diferentes regiões produtoras do mundo, as seguin-
tes espécies: Alfalfa mosaic virus (AMV, Alfamovirus); Arabis mosaic virus
(ArMV, Comovirus); Beet western yellows (BWYV, Luteovirus); Beet yellow
stunt virus (BYSV, Closterovirus); Bidens mottle virus (BiMoV, Potyvirus);
Bidens mosaic virus (BiMV, Potyvirus); Broad bean wilt virus (BBWV, Fa-
bavirus); Cucumber mosaic virus (CMV, Cucumovirus); Dandelion yellow
mosaic virus (DYMV, Sequivirus); Lettuce big-vein associated virus (LB-
VaV, Varicosavirus); Mirafiori lettuce big-vein virus (MLBVV, Ophiovirus);
Lettuce chlorosis virus (LCCV, Closterovirus); Lettuce infectious yellows vi-
rus (LIYV, Closterovirus); Lettuce mosaic virus (LMV, Potyvirus); Lettuce
mottle virus (LeMoV, um possível Sequivirus); Lettuce necrotic yellow virus
(LNYV, Cytorhabdovirus); Lettuce speckles mottle (LSMV, Umbravirus);
Sonchus yellow net virus (SYNV, Nucleorhabdovirus); Sowthistle yellow vein
virus (SYVV, Nucleorhabdovirus); Tobacco rattle virus (TRV, Tobravirus);
Tobacco ringspot virus (TRSV, Nepovirus); Tobacco streak virus (TSV, Ilar-
virus); Tomato spotted wilt virus (TSWV, Tospovirus); Tomato chlorotic spot
virus (TCSV, Tospovirus) e Turnip mosaic virus (TuMV, Potyvirus).
No estado de São Paulo, por ser o maior produtor nacional e, consequen-
temente, possuir extensas áreas de produção intensiva de alface, são recor-
rentes os relatos de epidemias de viroses. Os relatos de elevados índices de
viroses no campo são influenciados pelas oscilações das condições climáticas,
que interferem diretamente sobre os vetores específicos de cada espécie de
vírus. Nos últimos anos, principalmente no período da primavera, observa-se
uma predominância da ocorrência do LMV sobre as demais espécies de vírus.
Porém, infecções mistas de LMV com outras espécies como o LeMoV, BiMV
ou TCSV também são recorrentes. No inverno, os relatos de infecções simples
ou mistas de LBVaV e MLBVV são comuns, principalmente nas regiões em
que as temperaturas médias diárias são mais baixas.
2.1.1. DISTRIBUIÇÃO
O LMV, em alface, foi descrito pela primeira vez na Florida (EUA), em
1921. No Brasil, o seu primeiro relato data de 1945.Apresenta, atualmente,
distribuiçãomundial, sendo relatado na Europa (Alemanha, Áustria, Dinamar-
ca, França, Holanda, Hungria, Inglaterra, Itália, Portugal e Suíça), Américas
(Argentina, Brasil, Chile, EUA, México e Uruguai), Índias Ocidentais (Ber-
mudas), África (Gana, Serra Leoa, Tanzânia e Zimbabwe), Ásia (China, Ja-
pão, Síria) e Oceania (Austrália, Nova Zelândia e Tasmânia).
2.1.3. EPIDEMIOLOGIA
A disseminação generalizada, favorecida pela capacidade de infectar se-
mentes, e a eficiente dispersão no campo por afídeos vetores confirmam a
complexidade da epidemiologia do LMV. Assim, alguns fatores que favo-
recem a frequência e distribuição do LMV em áreas cultivadas devem ser
considerados. Quanto à transmissão via sementes, deve-se considerar que,
atualmente, as duas fontes de resistência utilizadas para o LMV são prove-
nientes de dois genes recessivos denominados mol1 e mol2. Estes genes estão
2.2.3. EPIDEMIOLOGIA
No Brasil, além do número de espécies de tripes descritas como vetores,
outro fator a ser considerado para o estabelecimento e manutenção dos tospo-
vírus no campo é a elevada variedade de espécies de interesse econômico e a
diversidade de plantas da vegetação espontânea suscetíveis aos tospovírus e
que compartilham as áreas de cultivo (Tabela 1). Esta condição contribui não
somente para a manutenção de altas populações de tripes, como também pro-
picia a manutenção da fonte de inóculo de tospovírus no campo.
Tabela 1: Número de espécies de tripes associado às culturas de interesse
econômico no Brasil.
Família botânica Número de espécies de tripes associado
Asteraceae (Compositae) 31
Fabaceae (Leguminosae) 24
Solanaceae 18
Euphorbiaceae 13
Cucurbitaceae 6
Malvaceae 5
Espécies de tospovírus: Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV), Groundnut ringspot virus (GRSV),
Iris yellow spot virus (IYSV), Tomato chlorotic spot virus (TCSV), Tomato spotted wilt virus (TSWV) e
Zucchini lethal chlorosis virus (ZLYV).
2.3.2. EPIDEMIOLOGIA
Tanto o LBVaV quanto o MLBVV são transmitidos pelo fungo Olpidium
brassicae, sendo esta transmissão muito estudada nos países europeus, Estados
Unidos e Japão. O. brassicae é um patógeno zoospórico presente no solo, que
possui em seu ciclo de vida esporos flagelados (estágio móvel - monoflagelado
ou biflagelado) que, na presença de água (chuva, orvalho ou irrigação), nadam
por minutos ou horas até localizarem a raiz de uma planta hospedeira. É neste
período que ocorrerá a aquisição e transmissão do LBVaV e MLBVV. Quanto
ao potencial de reservatórios naturais destes vírus, no Brasil, até o momento,
só há o relato de Sonchus oleraceus (serralha-lisa) como hospedeira natural do
LBVaV. No entanto, na Europa, S. oleraceus se caracteriza como a principal
hospedeira natural do LBVaV e MLBVV e também do fungo vetor, sendo a
responsável direta pela manutenção e dispersão da virose em plantações de
alface. Os sintomas induzidos em plantas de S. oleraceus são semelhantes aos
observados em alface. Plantas de alface também são potenciais reservatórios,
uma vez que não há variedades tolerantes ou resistentes de alface disponíveis.
Em nossas condições climáticas é observada a presença dos dois vírus em
todos os períodos do ano. Porém, durante as estações mais quentes (verão), os
sintomas não são evidenciados.
2.4.2.EPIDEMIOLOGIA
O LeMoV parece ser restrito às espécies de plantas pertencentes à famí-
la Asteraceae. Não é trasnsmitido por sementes e estudos de sua epidemio-
logia ainda são inexistentes. Em ensaios experimentais, a espécie de afídeo
Hyperomyzus lactucae revelou-se como potencial vetor, sendo a transmissão
realizada de maneira semipersistente, ou seja, a aquisição do vírus ocorre em
minutos e a transmissão pode perdurar por algumas horas. Estudos prelimina-
res indicam as variedades de alface ‘Vanguard 75’ e ‘Elisa’ como tolerantes
ao LeMoV.
3. Medidas de controle
para atender a demanda e exigências do mercado consumidor, inúme-
ros programas de melhoramento desenvolvem incessantes trabalhos para a
identificação e incorporação de genes específicos que confiram às variedades
de alface uma série de características desejáveis como: novidade, aparência,
adaptação climática (tropicalização) e, sobretudo , resistência a fitopatógenos,
em especial aos vírus.
Tomato spotted wilt virus (TSWV), Tomato chlorotic spot virus (TCSV) e
Groundnut ringspot virus (GRSV) – Tospovirus:
a) Produção de mudas em condições protegidas (estufas ou telados), que não
permitam a entrada de tripes vetores, e que estejam distantes das áreas de
produção intensiva de alface. Como os tospovírus não são transmitidos
por sementes, a utilização de sementes certificadas é aconselhada para
manter o vigor e padrão da produção;
b) A utilização de variedades resistentes ainda é uma incógnita, uma vez
que não há genes efetivos de resistência às espécies de tospovírus que
infectam a alface. Genes de resistência ao TSWV foram descritos nas
cultivares de alface ‘Tinto’ e ‘PI 342517’ (‘Ancora’). Porém, ainda não
há evidências de sua efetiva proteção;
c) Eliminação e distruição de plantas velhas de alface (hospedeiras faculta-
tivas), que permanecem em canteiros desativados após a colheita, e que
atuam como fontes de manutenção de inóculo de tospovírus nas áreas
cultivadas;
d) Controle das plantas invasoras presentes nas áreas de produção, princi-
palmente aquelas espécies pertencentes às famílias Asteraceae e Solana-
ceae;
e) O manejo preventivo da população dos tripes com a aplicação de inseti-
cidas específicos antes e durante o período de plantio é recomenadado,
4. Bibliografia consultada
BOS, L.; HUIJBERTS, N.; HUTTINGA, H.; MAAT, D.Z. Further character-
ization of Dandellion yellow mosaic virus from lettuce and dandelion. Neth-
erland Journal Plant, Gueldres, v. 89, p. 207-222, 1983.
BRAGARD, C.; CACIAGLI, P.; LEMAIRE, O.; LOPEZ-MOYA, J.J.; MAC
FARLANE, S.; PETERS, D.; SUSI, P.; TORRANCE, L. Status and Prospects
of Plant Virus Control Through Interference with Vector Transmission. Annu-
al. Review. Phytopathology, Palo Alto, v. 51, p. 177–201, 2013.
1. Introdução
O Filo Nematoda é altamente diverso em termos de número de espécies,
além de ser um dos mais abundantes grupos de metazoários da Terra. Estima-
-se que os nematoides compõem aproximadamente 90% de todos os organis-
mos celulares. Nematoides são essencialmente organismos aquáticos, a maio-
ria de tamanho microscópico (0,3-3,0 mm), que sobrevivem em diferentes
habitats, desde os oceanos até nos filmes de água que recobrem as partículas
de solo. Baseando-se nos seus diferentes hábitos de alimentação, os nematoi-
des terrestres e marinhos podem ser divididos em diferentes grupos funcionais
(tróficos). A maioria alimenta-se de bactérias, fungos, algas, protozoários,
oligoquetas microscópicos e outros nematoides; todos esses são conhecidos
como de vida livre. Uma pequena parcela parasita animais, incluindo o ho-
mem, sendo chamados de zooparasitas, e uma minoria é parasita de vegetais,
sendo denominados fitonematoides ou nematoides parasitas de plantas.
Economicamente, o grupo de maior importância são os parasitas de plan-
tas, que causam perdas principalmente na forma de redução de produção.
Além disso, na tentativa de minimizar o prejuízo e controlar o nematoide, o
agricultor tem gastos adicionais com fertilizantes, defensivos e outras práticas.
4. Bibliografia consultada
AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. In: Relatório de pragas
e doenças. Diponível em: http://bi.agricultura.gov.br/reports/rwservlet?agro-
fit_cons&pragas.rdf&p_script_body=&p_id_cultura_praga=3806¶m-
form=no. Acesso em: 06 nov. 2014.
CHARCHAR, J.M. Meloidogyne em hortaliças. In: CONGRESSO INTER-
NACIONAL DE NEMATOLOGIA TROPICAL, 19, 1995., Rio Quente. Re-
sumos. Rio Quente: SBN, 1995. p. 149-153.
CHARCHAR, J.M.; MOITA, A.W. Metodologia para seleção de hortaliças
com resistência a nematoides: Alface/Meloidogyne spp. Brasilia: Embrapa
Hortaliças,, 2005.
1. Introdução
A alface é acometida por diversas pragas que causam danos tanto ao sis-
tema radicular quanto à parte aérea da planta. Devido ao hábito alimentar
sugador ou mastigador, a maioria das espécies de artrópodes relatada como
praga na cultura da alface causa danos principalmente à parte aérea da planta.
Dentre as espécies sugadoras, destacam-se aquelas pertencentes às Ordens
Diptera (Agromyzidae), Hemiptera (Aphididae e Aleyrodidae) e Thysanop-
tera (Thripidae). As espécies mastigadoras pertencem às Ordens Coleoptera
(Chrysomelidae) e Orthoptera (Gryllotalpidae e Gryllidae) e também formas
imaturas de Lepidoptera (Noctuidae). É importante mencionar que as pragas
registradas na alface também são comuns em outras olerícolas folhosas como
almeirão, chicória, escarola, acelga e agrião. O ataque das espécies sugadoras
induz anomalias de caráter sistêmico como o enfezamento das plantas, que
apresentam folíolos enrolados ou arqueados devido à introdução de substân-
cias tóxicas durante a alimentação. Indiretamente, a alimentação dos insetos
sugadores é uma das principais vias de transmissão de muitas espécies de
vírus no campo. Já os insetos mastigadores são responsáveis pela redução da
área fotossintética ocasionando, consequentemente, a depreciação comercial.
2. Pragas de solo
2.1. LAGARTA-ROSCA - Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1767)
Lepidoptera: Noctuidae
Os adultos são mariposas com 35 mm de envergadura, com asas
anteriores marrons e manchas pretas, as posteriores são semitransparentes. Os
ovos possuem coloração branca, sendo a oviposição realizada nas folhas das
quais eclodem lagartas de coloração marrom acinzentada escura com tamanho
máximo de 45 mm. Estas lagartas possuem hábitos noturnos, ficando abrigadas
no solo durante o dia. Possui o hábito de se enrolar, fato que originou o seu
nome popular de lagarta-rosca (Fig. 1).
4. Medidas de controle
4.1. CONTROLE ALTERNATIVO
Para pequenas hortas domésticas ou orgânicas é recomendado o emprego
de métodos alternativos como a mistura de 5 g de sal de cozinha (1 colher de
chá) para 20 mL de vinagre (1 colher de sopa) em 1 L de água. Acrescentar 2,5
mL (meia colher de chá) de detergente líquido. Pulverizar as plantas atacadas
a cada 5 a 7 dias.
Extrato de sementes de Nim também pode ser aplicado na cultura. É re-
comendado utilizar 15 g a 50 g de sementes moídas envolvidas em um pano
e submergi-las em 1 L de água. Aguardar por 24 horas e, em seguida, realizar
a pulverização das plantas. Se as sementes não estiverem disponíveis para o
horticultor, pode-se lançar mão de produtos formulados à base de Nim.
Para proporcionar uma maior tolerância das plantas de alface contra pra-
gas, também é recomendado pulverizar um extrato obtido a partir da macera-
ção de cavalinha (100 g de material fresco ou 300 g de material seco) em 10
L de água. Deixar o extrato em descanso por 24 horas, em seguida, ferver por
1. Introdução
A alface pode ser cultivada em diversos sistemas de plantio: convencio-
nal, direto e por hidroponia. Em todos estes sistemas ocorre a convivência
com as plantas daninhas.
De forma geral, as principais plantas daninhas associadas à cultura da
alface são:
2.1. MONOCOTILEDÔNEAS
Folhas estreitas
Poaceae: capim-arroz (Echinochloa sp.), capim-colchão (Digitaria san-
guinalis) (Fig.1A), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), capim-marmela-
da (Brachiaria plantaginea) (Fig.1B), capim-colchão (Digitaria horizontalis),
capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) (Fig.1C), capim-braquiária (Brachia-
ria decumbens)
Commelinaceae: trapoeraba (Commelina benghalensis) (Fig. 1D), tra-
poerabinha (Murdania nudiflora)
Cyperacea: tiririca (Cyperus rotundus)
2.2. DICOTILEDÔNEAS
Folhas largas (Latifoliadas)
Asteraceae: mentrasto (Ageratum conyzoides), picão-preto (Bidens pi-
losa), falsa-serralha (Eleusine indica), picão-branco (Galinsoga parviflora),
serralha (Sonchus olraceus), botão-de-ouro (Siegesbeckia orientalis), macela
(Gnaphallium spicatum), losna-branca (Parthenium hysterophorus)
3. Medidas de controle
Didaticamente, o controle das plantas daninhas pode ser dividido em qua-
tro métodos: preventivo, cultural, capinas e químico. Objetivando a redução
de custos e a minimização do risco de contaminação ambiental e, assim, ma-
ximizar o controle das plantas daninhas, as ações destes métodos devem ser
tomadas de forma planejada e conjunta (manejo integrado).
Ingrediente
Ingrediente Marca
Marca Doses:3 3
Doses: Mecanismo Observações
Modo4 4
Modo Controle5 5 Mecanismo
Controle
Observações
Ativo
Ativo Comercial
Comercial kgou
kg ouLL deação
de ação
Aplicarem
Aplicar emárea
áreatotal,
total,
protegendoasasmudas
protegendo mudascomcom
coposplásticos,
copos plásticos,eeasasplantas
plantas
daninhascom
daninhas com22aa44folhas.
folhas.
Inibidores
Inibidores
POA
POA Chuva antes de 6 horas da
Amônio-
Amônio- glutamina Chuva antes de 6 horas da
daglutamina
da
Finale
Finale 2,00
2,00 PÓS
PÓS LAT
LAT aplicaçãopode
aplicação podeprejudicar
prejudicaroo
glufosinato
glufosinato sintetase
sintetase
COM
COM desempenho do herbicida.
desempenho do herbicida.
(GS)
(GS) Utilizar 0,2% (v/v)
Utilizar 0,2% (v/v) dede
espalhante adesivo, lauril
espalhante adesivo, lauril
étersulfato
éter sulfatode
desódio.
sódio.
Aplicarquando
Aplicar quandoasasplantas
plantas
daninhas estiverem
daninhas estiverem dede22aa44
perfilhoseeaaalface
perfilhos alfacecom
com55aa
Fenoxaprop
Fenoxaprop Inibidores
Inibidores
Podium
Podium 1,00
1,00 PÓS
PÓS POA
POA 10 cm.
10 cm.
-p-ethyl
-p-ethyl daACCase
da ACCase
Nãoaplicar
Não aplicarcom
comaaumidade
umidade
do ar baixa.
do ar baixa.
Aplicarquando
Aplicar quandoasasplantas
plantas
daninhasestiverem
daninhas estiveremdede22aa44
Fluazifop-p-
Fluazifop-p- Inibidores
Inibidores perfilhoseeaaalface
perfilhos alfacecom
com55aa
Fusilade
Fusilade 1,00
1,00 PÓS
PÓS POA
POA
butyl
butyl daACCase
da ACCase 10 cm.
10 cm.
Aplicarquando
Aplicar quandoaaumidade
umidade
do ar for ≥ 70%
do ar for ≥ 70%
A ordem dos produtos, por ingrediente ativo, não representa qualquer tipo
de preferência de uso. As observações apresentadas na Tabela 1 são apenas
indicações gerais, que deverão ser ratificadas ou retificadas após criteriosa
análise realizada por um engenheiro agrônomo habilitado e responsável pela
implantação de programas de manejo integrado.
3
3
Produto comercial: dose máxima indicada.
Produto comercial: dose máxima indicada.
4
4
Modo de aplicação: PÓS – aplicado após a emergência da cultura e das plantas daninhas.
Modo de aplicação: PÓS – aplicado após a emergência da cultura e das plantas daninhas.
5 Grupo em que a ação do herbicida é mais efetiva: POA – Poaceae (monocotiledôneas), LAT –
5
Grupo em que a ação do herbicida é mais efetiva: POA – Poaceae (monocotiledôneas), LAT –
latifoliadas, folhas largas (dicotiledôneas), COM – Comelina (Commelina benghalensis, trapoeraba).
latifoliadas, folhas largas (dicotiledôneas), COM – Comelina (Commelina benghalensis, trapoeraba).
4. Bibliografia consultada
APPEZZATO, B.; TERAO, D.; CHRISTOFOLETI, P. J.; PIEDADE, S. M.
S.; VICTORIA FILHO, R.; MINAMI, K. Competição de plantas daninhas
com a cultura da alface (Lactuca sativa cv. Babá). O Solo, Piracicaba, v. 75,
n. 2, p.5-10, 1983.
BLANCO, F. M. G.; CAETANO, G, A. Avaliação do extrato aquoso de
Cyperus rotundus sobre a germinação e o crescimento de plântulas de Lactuca
sativa, Raphanus sativus e Solanum gilo raddi. In: CONGRESSO BRASILEI-
RO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 27., 2010, Ribeirão Preto.
Anais...Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas,
2010. p. 315-319. 2010.
BLANCO, H. G. Período de competição produzido por uma comunidade na-
tural de ervas dicotiledôneas em uma cultura de alface (Lactuca sativa L.). O
Biológico, São Paulo, v. 49, n. 9/10, p. 247-252. 1983.
BLANCO, M. C. S. G.; GROPPO, G. A.; TESSARIOLLI NETO, J. Alfa-
ce (Lactuca sativa L.). In: MANUAL técnico das culturas. 2. ed. Campinas:
CATI, 1997. p. 13-18, 2014. v. 1.
CARDONA, F. P.; ROMERO, M. C. E.; POLONIA, Z. Competência de ma-
lezas en lechuga (Lactuca sativa var. capitata). Revista ICA, Bogotá, v. 12, n.
4, p. 407-420, 1977.
Figura 2:
A) efeito do abafamento de espécies de plantas daninhas sobre a alface;
B) canteiro de alface sem capina após três semanas do transplante das mudas;
C) canteiro de alface capinado até o período de três semanas após o transplante
das mudas.
1. Introdução
A demanda por alimentos mais saudáveis e produzidos de forma susten-
tável cresce de maneira significativa no Brasil e no mundo. Como conseqüên-
cia, tem havido um aumento na procura, principalmente por parte dos sistemas
produtivos convencionais, de métodos de base ecológica para reduzir ou subs-
tituir o uso de agrotóxicos no controle de doenças.
O controle biológico se destaca como uma das estratégias mais promis-
soras e de maior interesse para o controle de doenças, principalmente as cau-
sadas por fitopatógenos de solo. De acordo com as estimativas do setor, o
faturamento irá igualar o do controle químico em 2020. A receita com os
bioprodutos dobrou de 2013 para 2014.
Além do uso de agentes de biocontrole, outras técnicas ambientalmente
corretas, tais como adubação verde, cobertura morta e uso de biofertilizan-
tes, caldas e extratos vegetais, comumente utilizadas na produção orgânica de
hortaliças, poderiam ser incorporadas aos sistemas de cultivos convencionais
para o controle de doenças.
A integração dessas práticas aos sistemas produtivos pode ajudar a man-
ter a biodiversidade nos agroecossistemas, evitar a perda de umidade e ferti-
lidade do solo e controlar plantas espontâneas e a população de fitopatógenos
no cultivo de alface.
2. Controle biólogico
Do ponto de vista agrícola, o controle biológico pode ser conservativo
ou aplicado. No controle biológico conservativo, o ambiente é alterado ou
manejado para manter ou aumentar as populações de antagonistas ou orga-
nismos nativos que atuam na redução da população de fitopatógenos, sendo
3. Bibliografia consultada
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),
2014. Sistemas de Agrotóxicos Fitossanitários – AGROFIT. Disponível em:
http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Aces-
sado em: 10 fev. 2015.
ALBUQUERQUE, J. A. A. A.; SEDIYAMA, T.; ALVES, J. M. A.; SILVA, A.
A.; UCHÔA, S. C. P. Cultivo de mandioca e feijão em sistemas consorciados
realizado em Coimbra, Minas Gerais, Brasil.Revista Ciência Agronômica,
Fortaleza, , v. 43, n. 3, p. 532-538, 2012.
1. Introdução
Os insetos e ácaros são considerados pragas na agricultura e atacam as
plantas de interesse econômico devido, principalmente, ao desequilíbrio cau-
sado pelo próprio homem ao aplicar diferentes técnicas culturais, e até mesmo
ao uso de defensivos químicos para o controle de pragas que matam os inimi-
gos naturais presentes.
Os principais agentes de controle biológico são: parasitoides (insetos pa-
rasitas de insetos), predadores, nematoides, fungos, bactérias e vírus entom-
patogênicos, presentes naturalmente no ambiente, mas que podem ser maneja-
dos de modo a proporcionar o controle das pragas de uma cultura.
A simples conservação dos agentes de controle biológico numa cultura,
por meio de técnicas culturais que proporcionem a manutenção desses orga-
nismos, defensivos químicos menos tóxicos ou seletivos, variedades resisten-
tes e controle da irrigação, traz um efeito benéfico no equilíbrio da popula-
ção de insetos e ácaros. Porém, é muito importante conhecer as pragas, assim
como os agentes de controle biológico.
Na cultura da alface, os mesmos conceitos devem ser empregados em
termos de Manejo Integrado de Pragas, buscando sempre práticas alternativas
aos químicos. As principais pragas da alface são os pulgões, tripes, grilos e
paquinhas.
PARASITOIDES
Parasitoides são organismos que parasitam seus hospedeiros provocando
a morte deles, sendo parasitas apenas no estágio de larva, desenvolvendo-se
em apenas um hospedeiro e os adultos possuem vida livre.
Os parasitoides das pragas da alface mais conhecidos são: Lysiphlebus
testaceips e Aphidius sp. que atacam principalmente pulgões, podendo causar
até 90% de mortalidade na população infestante (Fig. 3).
Instituto Biológico
• Eng. Agron. Maria Claúdia Silva Garcia Blanco - Fone: (19) 3743-3700
claudia@cati.sp.gov.br
Instituto Biológico
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Tel.: (11) 5087-1701
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