Introdução Ao Estudo Da História

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Tema:

História como Ciência-actividade Prática

Nome: Fátima Luzia Mangurana

Código: 708224006

Curso: Licenciatura em Ensino de História

Disciplina: Introdução Ao Estudo Da História

Ano de Frequência: 1˚ Ano

Beira, Maio de 2022


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Tema:

História como Ciência-actividade Prática

Nome: Fátima Luzia Mangurana

Código: 708224006

Curso: Licenciatura em Ensino de História

Disciplina: Introdução Ao Estudo Da História

Ano de Frequência: 1˚ Ano

Tutor:

Beira, Maio de 2022


Índice
1. Introdução...............................................................................................................................4

2. História como Ciência-actividade Prática...............................................................................5

Processo da consolidação da História como ciência...................................................................5

3. Elementos da cientificidade da história..................................................................................6

3.1. Os historiadores antigos e as concepções da história: séculos XVI-XVIII.........................6

2.2. A história humanista............................................................................................................7

3.3. A história “mestra da vida”..................................................................................................7

3.4. A história como género retórico..........................................................................................7

4. A história erudita.....................................................................................................................7

5. A constituição da história como ciência e o estatuto dos historiadores antigos.....................9

6. A história como ciência: pontos de encontro com Tucídides.................................................9

7. Conclusão..............................................................................................................................10

8. Referências bibliográficas.....................................................................................................11
1. Introdução

A história é uma ciência que estuda o passado, analisando as transformações, para


entender o presente. Assim, ao resgatar o passado, a história tentaria conferir sentido ao
presente, ajudando a transformar a realidade a partir de sua própria compreensão, podendo até
mesmo guiar ao futuro.

A História cujo renascimento se organiza e estrutura na passagem do Iluminismo para


o Romantismo e se consolida ao longo do século XIX nos cenários do positivismo, do
historicismo, das escolas metódicas é a História como ciência. História como ciência, cujos
resultados historiográficos são expressos em narrativas que encerram argumentos
demonstrativos articuladores da base empírica da pesquisa e da interpretação do historiador
em seu contexto. A historiografia, assim, encerra em si as características de ser empiricamente
pertinente, argumentativa mente plausível e demonstrativamente convincente.

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2. História como Ciência-actividade Prática

A História é uma ciência social e humana. É social porque estuda aspectos da


sociedade humana, as relações entre os seres humanos.

Segundo Jacques Le Goff citado por Mendes (1993: 15) explica que a melhor prova de
que a história, é e deve ser ciência, é o facto de precisar de técnicas, de métodos e de ser
ensinada.

A história era definida como “ciência” e essa ciência nova se inscrevia, de acordo com
a ideologia herdada das Luzes e da Revolução Francesa, na linha de um progresso. Este, de
acordo com Monod, estava situado em uma dupla perspectiva: por um lado, o progresso
desinteressado, na medida em que ilustrava o “espírito científico” próprio às “ciências
morais” – diríamos, hoje, ciências humanas e sociais –; por outro, o progresso útil, e mesmo
utilitário, na medida em que não podia ser separado de sua contribuição à “direcção da
sociedade moderna”.

Já em 1756, na obra Ensaio sobre os costumes e o espírito das nações, dedicada à


filosofia e ao método da história, Voltaire insistia sobre a necessidade de se “delimitar e
escolher” para se “ter uma ideia geral das nações que habitam e desolam a terra” (VOLTAIRE
1878, p. 157).

Processo da consolidação da História como ciência

Uma definição contemporânea de senso comum, afirmaria que a história é uma ciência
que estuda o passado, analisando as transformações, para entender o presente.

Assim, ao resgatar o passado, a história tentaria conferir sentido ao presente, ajudando


a transformar a realidade a partir de sua própria compreensão, podendo até mesmo guiar ao
futuro. Todavia, uma análise mais detalhada demonstra que o conceito de história comporta
múltiplas definições, cada qual adequada ao seu conjunto teórico. Não é possível falar de uma
história singular, já que, ao invés de uma teoria da história teríamos múltiplas teorias da
história.

A natureza e a evolução das outras ciências durante o século XVIII, não confere a
história menor importância ou menor dignidade. O que deve ser percebido é que a história é
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naturalmente, diferente. Contudo, quando se busca a afirmação da história como ciência, nota-
se que esta apresenta-se com alguma complexidade e dificuldade.

3. Elementos da cientificidade da história

Segundo Marc Bloch (1965) a Historia é uma ciência que estuda o Homem no espaço
e no tempo. O debate que sempre houve, foi no sentido de retirar o cunho de ciência à
história. De referir que este posicionamento deve-se ao facto de se querer ver na História o
modelo de actuação das ditas ciências exactas. Aliás, e como bem o diz Boaventura Sousa
Santos (1987), não existem ciências exactas, pois a teoria da relatividade de Einstein acabou
com o determinismo que se pensava existir nas então ciências exactas, demonstrando a
relatividade da verdade científica.

Portanto, a Historia não é, efectivamente, uma ciência como as “ciências exactas” e da


natureza (matemática, física, química, biológica, etc.).

O conceito que se tornou muito utilizado na academia de que História é uma ciência
que estuda o homem e as sociedades humanas no tempo.

A história era definida como “ciência” e essa ciência nova se inscrevia, de acordo com
a ideologia herdada das Luzes e da Revolução Francesa, na linha de um progresso. Este, de
acordo com Monod, estava situado em uma dupla perspectiva: por um lado, o progresso
desinteressado, na medida em que ilustrava o “espírito científico” próprio às “ciências
morais” – diríamos, hoje, ciências humanas e sociais –; por outro, o progresso útil, e mesmo
utilitário, na medida em que não podia ser separado de sua contribuição à “direcção da
sociedade moderna”.

3.1. Os historiadores antigos e as concepções da história: séculos XVI-XVIII

Os modelos antigos moldaram a herança que a época moderna legou, entre os séculos
XVI e XVIII, em relação às concepções da história. Três grandes correntes, nas quais os
historiadores antigos ocuparam uma função essencial, formaram-se, coincidindo,
parcialmente, de modo sincrónico: a história humanista, a história erudita e a história
filosófica.

2.2. A história humanista


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A primeira a tomar forma, desde a redescoberta da literatura antiga, foi a história
humanista, essencialmente, de inspiração ciceroniana. As obras completas de Cícero foram
editadas, a partir de 1465, na Itália, pouco depois do aparecimento da tipografia (1436).
Cícero foi o autor antigo mais lido, mais estudado e mais editado até a Revolução Francesa. A
história humanista, que ele inspirou, abrangia dois aspectos, estreitamente, ligados.

3.3. A história “mestra da vida”

A história era, antes de mais nada, percebida como provedora de modelos de


comportamentos. Com razão, a história foi chamada de testemunha dos tempos, de tocha da
verdade, de escola da virtude, de guardiã dos acontecimentos e, se fosse permitido falar assim,
de fiel mensageira da Antiguidade. (ROLIN 1821-1825, livro 27, tomo IX, p. 208

3.4. A história como género retórico

Foi ainda, através dos tratados de Cícero, que se impôs, sempre dentro da tradição
humanista, uma concepção da história considerada como um género retórico, do duplo ponto
de vista da narração (narrare) e do estilo (ornare, exornare).

A história dominava então a busca da perfeição de uma arte oratória que repousava
sobre um ideal de simplicidade. Tratava-se de um ideal cultural proveniente da Antiguidade e,
para a história, essencialmente, de Cícero (esse ideal exprimia-se também – com nuances que
não vamos analisar aqui – em Dionísio de Halicarnasso e em Quintiliano).

4. A história erudita

A segunda grande concepção da história – a história erudita –, que se desenvolveu a


partir do século XV, também era inseparável da redescoberta dos Antigos. Ler suas obras
implicava um conhecimento erudito da língua e dos textos. Desde a primeira metade do
século XV, Leonardo Bruni e Lorenzo Valla estavam entre os primeiros a insistir sobre esse
aspecto e a testar os seus limites (Valla traduziu Heródoto e Tucídides para o latim).

Os trabalhos de erudição – sem que tratassem, exatamente, da história – tiveram um


segundo período de grande desenvolvimento, no fim do século XVII e no início do século
XVIII, com os “antiquários”

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preciso, porém, observar que a tradição da história erudita não se desenvolveu de
maneira uniforme na Europa. Ela foi estimada, nos países do Norte, de tradição protestante,
como Alemanha, Países Baixos e Inglaterra. Contudo, a França manteve-se distante dessa
vasta corrente por duas razões. Por um lado, os protestantes, ameaçados pelo poder real no
século XVII, tomaram o caminho do exílio, um exílio obrigatório a partir da revogação do
Édito de Nantes em 1685.

A história deveria ser reconhecida como um género literário que pertence à área das
belas-letras ou como uma ciência que teria seu lugar na árvore dos saberes? Os historiadores
humanistas jamais decidiriam. Como resultado disso, a história seria, ao menos na tradição
francesa, por muito tempo, confundida com uma arte retórica. Contudo, disso também
resultaria a permanência da questão da escrita no horizonte da reflexão dos historiadores,
mesmo quando a história tivesse a pretensão de se tornar uma disciplina científica nas
primeiras décadas do século XIX.

O estudo da história profana não mereceria que se lhe devotasse uma atenção
cuidadosa e um tempo considerável, caso se limitasse ao estéril conhecimento dos fatos da
Antiguidade e à sombria busca das datas e dos anos em que cada acontecimento ocorreu.
Importa-nos pouco saber que existiu no mundo um Alexandre, um César, um Aristides, um
Catão e que eles viveram neste ou naquele tempo; que o império dos assírios foi sucedido
pelo dos babilónios e, este último, pelo império dos medos e dos persas, que foram, por sua
vez, subjugados pelos macedónicos, e estes pelos romanos.

É de grande importância, porém, conhecer como esses impérios estabeleceram-se, por


quais etapas e por quais meios eles chegaram a esse ponto de grandeza que admiramos, o que
fez sua sólida glória e sua verdadeira ventura e quais foram as causas de sua decadência e de
sua queda.

5. A constituição da história como ciência e o estatuto dos historiadores antigos

A ocupação francesa provocou, igualmente, a perda da universidade de Halle, na


Vestfália, fundada em 1694 pelo eleitor8 Frederico III de Brandeburgo. Ora, na luta contra o
invasor e na obra de recuperação, imediatamente, empreendidas sob o nome de “guerras de
liberação” (Freiheitskriege), a reconstrução da universidade ocupou um lugar
importantíssimo.
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A história do passado acaba por adquirir uma influência sobre a própria política, pois
preside a esse movimento das nacionalidades que domina a política contemporânea. É pela
história que os povos tomam consciência de sua personalidade. O movimento nacional
alemão, o movimento nacional italiano, o movimento nacional tcheco, o movimento nacional
húngaro, o movimento nacional eslavo, embora não tenham sido criados pela erudição
histórica, nela encontraram, ao menos, um poderoso auxiliar, um núcleo de excitação, um
activo instrumento de propaganda [...] (MONOD 1889, t. XVIII, p. 587).

6. A história como ciência: pontos de encontro com Tucídides

Desde o começo do século XIX, Tucídides foi lido, com muita atenção, como
historiador político, pelos fundadores da universidade de Berlim, particularmente, por
Niebuhr, que, por sua vez, influenciou Ranke e o aluno deste, Wilhelm Roscher, autor de um
livro importante, Leben, Werk und Zeitalter des Thukydides, publicado em Göttingen em
1842.

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7. Conclusão

Conclui-se que a história deveria ser reconhecida como um género literário que
pertence à área das belas-letras ou como uma ciência que teria seu lugar na árvore dos
saberes? Os historiadores humanistas jamais decidiriam. resgatar o passado, a história tentaria
conferir sentido ao presente, ajudando a transformar a realidade a partir de sua própria
compreensão, podendo até mesmo guiar ao futuro. Todavia, uma análise mais detalhada
demonstra que o conceito de história comporta múltiplas definições, cada qual adequada ao
seu conjunto teórico

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8. Referências bibliográficas

AROUET, François Marie (VOLTAIRE). Histoire. Encyclopédie, t. VIII, 1765, p.

220-230. Oeuvres completes, Paris, Garnier, 1878.

BRAVO, Benedetto. Philologie, histoire, philosophie de l’histoire: étude sur

J. G. Droysen historein de l’Antiquité, 1968, rééd. Hildesheim, Georg Olms, 1988.

CREUZER, Georg Friedrich. Die historische Kunst der Grieschen in ihrer Entstehung
und Fortbildung. Leizig, G. J. Göschen, 1803, 2ème éd. 1845.

’ABLANCOURT, Nicolas Perrot. Préface. In L’Histoire de Thucydide, de la guerre


du Péloponnèse, continuée par Xénophon. Paris: A. Courbé, 1662.

DAUNOU, Pierre Claude François. Cours d’études historiques. T. VII. Paris: Didot,
1842.

GRELL, Chantal. L’Histoire entre Érudition et Philosophie: étude sur la Connaissance


Historique à l’Age des Lumières. Paris: PUF, 1993.

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