Ordens Bandos e Fintas para Fazer A Crue
Ordens Bandos e Fintas para Fazer A Crue
Ordens Bandos e Fintas para Fazer A Crue
Instituto
Arqueológico,
Histórico e
Geográf ico
Pernambucano
REVISTA DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PERNAMBUCANO - IAHGP
Número 67. recife, 2014. iSSN 0103-1945.
cAPA: retrAto de Alfredo de cArvAlho (1870-1916). Óleo Sobre telA de bAl-
tAzAr dA câmArA. Acervo do iAhGP. fotoGrAfiA:
GeorGe f. cAbrAl de SouzA.
EDITORES
AlexANdre furtAdo de Albuquerque corrêA (uPe/iAhGP)
bruNo romero ferreirA mirANdA (ufrPe/iAhGP)
CONSELHO EDITORIAL
ANtôNio JorGe de SiqueirA (ufPe/iAhGP)
bruNo AuGuSto dorNelAS câmArA (uPe/iAhGP)
erNSt vAN deN booGAArt (iAhGP - PAíSeS bAixoS)
JoSé luiz motA meNezeS (ufPe/iAhGP)
mArcuS JoAquim mAciel de cArvAlho (ufPe/iAhGP)
oNéSimo JerôNimo SANtoS (iPhAN/iAhGP)
YoNY de Sá bArreto SAmPAio (ufPe/iAhGP)
CONSELHO CONSULTIVO
Acácio cAtAriNo (ufPb)
ANA lúciA do NAScimeNto oliveirA (ufrPe)
ANtôNio PAulo rezeNde (ufPe)
cArlA mArY dA SilvA oliveirA (ufPb)
dANiel de SouzA leão vieirA (ufPe)
GiSeldA brito SilvA (ufrPe)
JoSé mANuel SANtoS Pérez (uNiverSidAde de SAlAmANcA - eSPANhA)
mAriA âNGelA de fAriA Grillo (ufrPe)
mAriANA de cAmPoS frANçozo (uNiverSidAde de leideN - PAíSeS bAixoS)
rômulo luiz xAvier do NAScimeNto (uPe/iAhGP)
Scott JoSePh AlleN (ufPe)
SeveriNo viceNte dA SilvA (ufPe)
SuelY creuSA cordeiro de AlmeidA (ufrPe)
WelliNGtoN bArboSA dA SilvA (ufrPe)
SUPLENTES
GERALDO JOSÉ MARQUES PEREIRA
LUIZ JORGE LIRA NETO
YONY DE SÁ BARRETO SAMPAIO
Revista do
Instituto
Arqueológico,
Histórico e
Geográf ico
Pernambucano
Número 67
Recife, 2014
Sumário
ARTIGOS
ENSAIO
OLINDA: UM ROTEIRO
JOSÉ LUIZ MOTA MENEZES ....................................................................... 225
Os editores.
oS holANdeSeS e A
coNSolidAção do SiStemA
ecoNômico do AtlâNtico Sul
SeiSceNtiStA, c. 1630-16541
Abstract: This article looks at the seventeenth century South Atlantic and
explores the role played by the Dutch private merchants based in Brazil
and by the Dutch West India Company for the consolidation of the South
Atlantic. To do so, we will focus on the political, military and commercial
exchanges between the North-eastern Brazilian captaincies and Angola du-
ring the years 1630 and 1654.
1
Artigo recebido e aprovado para publicação em abril de 2014.
2
Professora Assistente do Departamento de História da Faculdade de Ciências
Sociais da Universidade de Macau, SAR China.
iNtrodução
Nos últimos anos, a historiograia sobre a economia atlân-
tica tem claramente demonstrado que ao longo do Período
Moderno, o Atlântico Sul emergiu como um sistema econô-
mico, social, cultural e político próprio, e em muitas ocasiões
operando independentemente dos poderes coloniais sediados
na Europa (ELTIS, 2000:307; ALENCASTRO, 2000:62; Idem,
2007:118-119). Por outro lado, a informação recentemente re-
unida na base de dados do Tráico de Escravos Transatlântico
(TSTD) e os estudos sobre o tráico de escravos têm tam-
bém evidenciado que a formação do sistema econômico do
Atlântico Sul remonta à década de 1570 e a sua airmação na
globalidade da economia atlântica começa a tornar-se mais
patente a partir de meados do século XVII (DOMINGUES,
2007:477-501; SILVA, ELTIS, 2008:95-129; RIBEIRO, 2008:130-
154; MENDES, 2008:63-94).
Porém, a maior parte dos trabalhos sobre este sistema tem se
concentrado essencialmente nos séculos XVIII e XIX, que cor-
respondem ao período áureo das trocas no Atlântico Sul (CAN-
DIDO, 2008a:1-30, 2008b:63-84, 2011a:223-244, 2011b:239-272;
FERREIRA, 2006:66-99; LOPES, 2008:176; VERGER, 1997; FLO-
RENTINO, 1997; RIBEIRO, 2006:9-27; FLORY, 1978; DONOVAN,
1990), sendo as grandes exceções a esta tendência mais geral
os estudos de Alencastro e Puntoni, entre outros (ALENCAS-
TRO, 2000; PUNTONI, 1999, 1992). Sabemos, por isso, pouco
sobre o sistema do Atlântico Sul no período entre as décadas
de 1570 e 1650 e sobre o impacto da chegada dos mercadores
da Europa do Norte, em particular, das Províncias Unidas ao
Atlântico Sul e o papel que terão (ou não) desempenhado na
consolidação deste sistema econômico.
A chegada dos mercadores das Províncias Unidas ao Atlân-
tico Sul, e especialmente, da Companhia das Índias Ocidentais
Holandesa (WIC), é, frequentemente, retratada na historiograia
como um momento de intenso conlito, conduzindo a grandes
perdas no comércio e noutros tipos de trocas no Atlântico Sul,
e entre este espaço econômico e a Europa (BOXER, 1952; EM-
3
Edição Holandesa: De Braziliaanse affaire: Portugal, de Republiek der Verenig-
de Nederlanden en Noord-Oost Brazilië, 1641-1669. BAREL, Catherine (trans.).
BOOGAART, E. van den (ed.). Zutphen: Walburg Pers, 2005.
4
STADSARCHIEF AMSTERDAM (SAA) antigo Gemeente Archief van Amsterdam,
Notariële Archieven (Not. Arch.).
5
Nationaal Archief, Oude West-Indische Compagnie, (NA, OWIC).
6
Capítulos 1, 2, e 3.
7
Capítulos 3, 5 e 6.
8
Sobre os grupos mercantis das Províncias Unidas, ver, por exemplo: ANTUNES,
2004; GELDERBLOOM, 2000; LESGER, NOORDEGRAAF, (Eds.), 1995.
9
Sobre os Judeus Portugueses nas Províncias Unidas, na Europa do Norte e no
Atlântico em geral, ver: ISRAEL, 1998, 2002; KAPLAN, 2000; SWETSCHINSKI, 2000.
10
Para mais informação sobre as atividades desenvolvidas por estes mercadores em
ambas as margens do Atlântico Sul, ver: SILVA, 2011(capítulo 7).
11
NA, OWIC 8: 18 Dezembro 1640: “Les XIX au gouverneur et au conseil de Recife”
in JADIN [Ed.], 1975:I, 19 doc. 9.
12
NA, Staten Generaal (SG), 5773: 6 Fevereiro 1642: “Rapport de la commission
formé par les XIX pour étudier le pro et le contre de la séparation de Loanda avec
le Brésil” in JADIN [Ed.], 1975:I, 200-202, doc. 76.
13
NA, SG, no. 5773: 4 Março 1642: “Arguments des commissaires de XIX contre
un mémoire des États-Géneraux sur le gouvernement des nouvelles conquêtes
d’Afrique” in JADIN [Ed.], 1975:I, 237-239, doc. 84.
17
Para mais informação sobre as disputas entre as Câmaras de Amsterdã e da Ze-
lândia relativamente aos investimentos no Brasil e ao inanciamento dos conlitos
militares com Portugueses no Brasil-Colônia, ver, por exemplo: EMMER, 1981:71-
95 e DILLEN, 1970:160-170.
18
NA, OWIC 8: 3 Agosto 1643: “Les XIX au gouverneur et au Conseil du Recife
(extraits)” in JADIN [Ed.], 1975:I, 466-467, doc. 165.
coNcluSão
Os circuitos bilaterais entre o Brasil holandês e a Costa Oci-
dental Africana, mais precisamente o Loango, o Kongo e An-
gola, desempenharam um papel importante na consolidação
de um conjunto de práticas comerciais e trocas entre estes dois
territórios, que tiveram início anteriormente quando estes es-
paços estavam sob o controle dos Portugueses, como aliás a
informação reunida na TSTD sugere.
19
Ver também: RIBEIRO, 2008:140-145.
20
Idem.
referêNciAS
foNteS mANuScritAS
foNteS imPreSSAS
Andreas Josua Ulsheimer’s voyage of 1603-4. In: JONES, Adam (Ed.). 1983.
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ner, p. 21-29.
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ces for West African history, 1599-1669. Wiesbaden: Steiner, p. 45-96.
NA, SG, no. 5773: 4 Março 1642: “Arguments des commissaires de XIX con-
tre un mémoire des États-Géneraux sur le gouvernement des nouvelles
conquêtes d’Afrique” ”. In: JADIN. L’ancien Congo et l’Angola. v. 1, p.
237-239, doc. 84.
NA, SG, 5773: 19 Março 1642: “Les XIX aux États-Généraux”. In: JADIN.
L’ancien Congo et l’Angola. v. 1, p. 250-251, doc. 96.
NA, OWIC 9: 14 Junho 1642: “Les XIX aux directeurs de Loanda”. In: JADIN.
L’ancien Congo et l’Angola. v. 1, p. 296-302, doc. 112.
NA, OWIC 56, doc. 23: 28 Maio 1641: “Instruction du comte de Nassau et du
conseil secret du Brésil pour l’admiral Jol, P. Moortamer, C. Nieulant and J.
Henderson”. In: JADIN. L’ancien Congo et l’Angola. v. 1, p. 34-42, doc. 27.
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David (Eds.). Extending the Frontiers: Essays on the New Transatlantic
Slave Trade Database. New Haven, C.T.: Yale University Press, pp. 228-249.
Kleber Clementino2
Abstract: The present paper aims to examine in which way the seventeenth
century Portuguese chronicles of the “Dutch Brazil” approached some of the
tensions between the leaders of the movement to restore Pernambuco to the
Portuguese domain (1645-1654). One has adopted the perspective that such
books did not intend only to record the memory of such battles to posterity,
1
Artigo recebido em março de 2014 e aprovado para publicação em abril de 2014.
2
Doutorando do Programa de Pós-graduação em História da UFPE, linha Nor-
te-Nordeste no Mundo Atlântico. Bolsista CAPES. Orientadora: Dra. Marília de
Azambuja Ribeiro.
but rather seek immediate political goals regarding each historical context,
praising some characters and events, attenuating delicate passages, portray-
ing adversaries as anti-heroes with no dignity. The analysis scrutinizes the
works O valeroso Lucideno, written by friar Manuel Calado do Salvador,
and História da Guerra de Pernambuco, attributed to Diogo Lopes Santiago,
extracting from them the elements which allow to build up the argumenta-
tion and so to present the conclusions.
3
Koselleck aponta em Chladenius um pioneiro no reconhecimento não apenas
da subjetividade do historiador, mas na proposição de que também as fontes
expressam “pontos de vista” sobre os eventos, sendo esta a única forma possível
de apreendê-los.
4
A datação da História da Guerra de Pernambuco, que teria sido escrito em al-
gum momento do intervalo 1661-1675, foi realizada pelo professor José Antônio
Gonsalves de Mello, a partir de elementos intratextuais.
5
A tradição da narrativa pensada como exercício retórico remonta à Antiguidade,
encontrando sua mais consistente formulação no tratado De oratore, de Cícero.
Nele, o célebre romano pretendia que, em lugar de aplicar-se a uma narrativa
exaustiva, minuciosa, comprometida com a apresentação de episódios cotidianos
e de “pouca importância”, caberia ao historiador selecionar para sua narrativa
apenas eventos e personagens que, por sua grandeza, merecessem ecoar pela
posteridade. Em alguns casos, gestos de “vileza” poderiam também ser contados,
para ensinar o que não imitar. Respeita-se o princípio pedagógico dos exempla, e
os historiadores agora deveriam valer-se de topoi discursivos, formas de dizer ou
estratégias retóricas capazes de emocionar e engajar o público e, emocionando-
-o, educá-lo. Ainda na Antiguidade, autores como Salústio, Tito Lívio e Tácito
seguiriam a trilha aberta por Cícero, sendo a concepção da escrita histórica como
um exercício retórico continuada no Medievo por um autor como Froissart e,
no Renascimento, por diversos autores, entre os quais um historiador tão impor-
tante para Portugal quanto João de Barros (DOSSE, 2012; LOPES, SARAIVA, s/d;
BOURDÉ, MARTIN, s/d)
um momeNto delicAdo
7
Aludo ao conjunto de conceitos em torno da noção de economia das mercês, tão
explorado pela historiograia recente, tal como em HESPANHA (1998).
AmizAdeS iNimiGAS
9
ACIÓLI (1997:42). Vejam-se também, para a coletânia de alguns escritos contra
Fernandes Vieira, os papéis do Dr. Alberto Lamego em RIHGB (1913:33 e ss.).
À GuiSA de coNcluSão:
oS documeNtoS, A fAlSidAde
referêNciAS
biblioGrAfiA
BOURDÉ, Guy & MARTIN, Hervé. s/d. As escolas históricas. Sintra: Publi-
cações Europa-América.
MELLO, Evaldo Cabral de. 1998. O negócio do Brasil: Portugal, Países Bai-
xos e o Nordeste (1641-1669). Rio de Janeiro: Topbooks.
Abstract: During the transition from the eighteenth to the nineteenth cen-
tury, several families have moved to villages and sites belonging to the ju-
risdiction of the town of Cimbres, in the Hinterland District. Some of these
1
Artigo recebido em março de 2014 e aprovado para publicação em maio de 2014.
2
Mestre em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco e Professor
da Rede Pública de Ensino do Governo do Estado de Pernambuco.
3
Doutora em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Arqueóloga
e Professora do Departamento de História da Universidade Federal Rural de
Pernambuco.
families belonged to the local elite and had some of its members occupying
public ofice, working as businessmen or else, exerting both functions at the
same time. Taking two different families who lived at the end of Cimbres
as an object of study, this paper aims to examine - through various sources
such as post mortem inventories, accounts of chroniclers and administrati-
ve documents – the family life and the material goods accumulated, which
among other things, contributed to make them members of a local elite.
iNtrodução
Nas primeiras décadas do século XIX veio a falecer Dona Cla-
ra Coelho Leite dos Santos, moradora do “sítio Pesqueiro”, e tam-
bém Gonçalo Antunes Bezerra, residente no “sítio Alagoinhas”.
Habitando em diferentes localidades situadas no termo da vila
de Cimbres, nos sertões de Ararobá de Pernambuco, essas duas
pessoas tiveram em comum o fato de pertencerem a uma elite
local e de terem deixados seus bens inventariados e partilhados
para com seus herdeiros.4 Entretanto, mesmo sendo parte da
elite, essas pessoas e seus respectivos parentes possuíam deter-
minadas diferenças entre si, como, por exemplo, acúmulos de
bens materiais. Nesse sentido, o presente artigo tem por objetivo
analisar o patrimônio e a vida em família desenvolvida durante a
passagem do século XVIII para o XIX, tomando como objeto de
pesquisa duas famílias distintas que habitavam duas localidades
diferentes inseridas na jurisdição de Cimbres.
4
Existe uma ampla e complexa discussão a respeito do conceito de “família”. No
presente trabalho, adotaremos o conceito antropológico-social utilizado por Ta-
-nya Maria Pires Brandão, que conceitua a “família” como um “vínculo de paren-
tesco, estabelecido a partir dos laços de sangue e de casamento”. Tomando como
amostra a Capitânia do Piauí, Brandão também analisa que o caráter elitista da
família colonial da América portuguesa se dá através das condições econômico-
-inanceiras suicientes para deixar bens materiais a seus descendentes. (BRAN-
DÃO, 2012: 117, 122). Para uma discussão do conceito de família, ver os textos de
Leila Mezan Algranti (ALGRANTI, 1997), de Françoise Choay e de Allain Collomp
(CHOAY, 2001; COLLOMP, 2009).
5
A área de abrangência de uma vila era chamada de município ou termo. De
acordo com Graça Salgado, o município ou termo era considerado a menor
divisão administrativa da Colônia, sendo dirigida por um órgão colegiado, a
Câmara Municipal, que exercia as funções político-administrativas, judiciais, fa-
zendárias e de polícia (SALGADO, 1985: 69). Para Cláudia Damasceno Fonseca,
na América portuguesa a vila era o núcleo urbano principal, onde se reunia a
câmara. Já o termo da vila era o território de jurisdição dos oiciais camarários,
que incluía geralmente várias outras localidades, como sítios, povoações, ar-
raias (FONSECA, 2011).
6
Os inventários post mortem pesquisados no presente trabalho fazem parte do
Acervo Orlando Cavalcanti, pertencente ao Instituto Arqueológico Histórico Geo-
gráico de Pernambuco (IAHGP).
7
O livro é uma compilação de vários tipos de documentos manuscritos - petições,
ofícios, cartas, etc - que foram produzidos no período de 1762 – 1867. No ano
de 1985, cópias impressas do Livro da Criação da Vila de Cimbres passaram a
9
De acordo José Carlos Reis, o “processo colonizador” colocava os não europeus
como o ‘outro’, isto é, aqueles que deviam ser “civilizados”, europeizados. Este “ou-
tro” aparece como “sub-homens, sub-raças, bárbaros, primitivos, inferiores, homens-
-criança, homens-fera, homens-natureza, pagãos, selvagens, indígenas, homens-
-loresta, incultos, iletrados, supersticiosos...”. Logo, os que possuíam os valores
europeus eram tidos como racionais. Segundo Eni Orlandi, “falar sobre o ‘outro’
para instituir a imagem de ‘si’, cria sua tradição (sou-sempre-já), além de sua imagem
(como deve ser)”. (REIS, 2011: 30; ORLANDI, 2008: 52). Em relação à dicotomia en-
tre bárbaro e civilizado nos sertões de Pernambuco, ver Kalina Silva (SILVA, 2010).
10
Segundo Cláudia Fonseca, o Estado português procurava se impor nas áreas
que correspondiam os sertões da América portuguesa, isto é, ele intervinha nas
áreas do interior através do desenvolvimento de vilas e povoações, pois na visão
etnocêntrica dos colonizadores os sertões seriam os “espaços caóticos” (sem lei e
administração), portanto era necessário levar a “civitatis” (conjunto de habitantes
regidos por regras e leis) através do estabelecimento de núcleos urbanos. Ela
também airma que se deve ter cuidado ao avaliar um surgimento de um po-
voado como “espontâneo”, pois mesmo os mais “insigniicantes” deles, fundados
por humildes colonos, poderiam de alguma forma ter sidos inluenciados pelo
processo de intervenção do Estado na região. (FONSECA, 2011).
11
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
12
Nos sertões do Ceará-Mirim Koster presenciou a situação desoladora de famílias
que moravam em choupanas (KOSTER, 2003:131).
13
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
14
IAHGP. Inventário post mortem de Clara Coelho Leite dos Santos, 1814. Acervo
Orlando Cavalcanti, Caixa. 107.
15
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
16
IAHGP. Inventário post mortem de Clara Coelho Leite dos Santos, 1814. Acervo
Orlando Cavalcanti, Caixa. 107.
17
IAHGP. Inventário post mortem de Antônia Maria de Jesus. Acervo Orlando Ca-
valcanti. Caixa. 64.
18
IAHGP. Inventário post mortem de Clara Coelho Leite dos Santos, 1814. Acervo
Orlando Cavalcanti, Caixa. 107.
19
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
20
Como por exemplo, o Inventário de José dos Reis Lima. IAHGP. Inventário post
mortem de José dos Reis Lima. Acervo Orlando Cavalcanti. Caixa. 40.
21
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
22
IAHGP. Inventário post mortem de Clara Coelho Leite dos Santos, 1814. Acervo
Orlando Cavalcanti, Caixa. 107.
23
Idem.
24
Registro de um requerimento e atestação feito pelo sargento mor Manuel José de
Serqueira. Livro da Criação da Vila de Cimbres (1762-1867). p. 229.
25
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
26
Idem.
27
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
28
IAHGP. Inventário post mortem de Clara Coelho Leite dos Santos, 1814. Acervo
Orlando Cavalcanti, Caixa. 107.
29
Os armazéns eram anexos das moradas, naquilo que Leila Algranti se refere
como sendo encontrado de norte a sul do território brasileiro no período colonial
(ALGRANTI, 1997).
32
Em relação ao uso do milho na alimentação da sociedade colonial ver Mary Del
Priore, Renato Venâncio e Paula Silva (DEL PRIORE, VENÂNCIO, 2006; SILVA, 2005).
33
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
34
Idem.
35
Idem.
36
IAHGP. Inventário post mortem de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlan-
do Cavalcanti. Caixa 61.
37
IAHGP. Inventário post mortem de Clara Coelho Leite dos Santos, 1814. Acervo
Orlando Cavalcanti, Caixa. 107.
38
Nas viagens promovidas aos sertões, Koster e Martius visitaram diversas fazendas
de gado e algodão, onde presenciaram o uso do trabalho escravo nesses locais
(KOSTER, 2003; SPIX, MARTIUS, 1938).
39
Existe uma ressalva em relação a uma comparação entre os valores e idades
dos citados escravos dos dois casais proprietários. Apesar de ter praticamente
metade da idade dos dois escravos pertencentes ao casal Gonçalo e Antonia, a
escrava Luzia, de propriedade do casal Clara e Manoel, possuía valor mais baixo
que os dois primeiros. Geralmente, naquela época, escravos adultos mais velhos
tinham seu valor reduzido frente aos adultos mais novos, o que não aconteceu
ao se comparar os exemplos acima. Estudos futuros podem contribuir para uma
melhor compreensão dessa exceção.
40
IAHGP. Testamento de Gonçalo Antunes Bezerra, 1835. Acervo Orlando Caval-
canti. Caixa. 61.
referêNciAS
foNteS mANuScritAS
IAHGP. Inventário post-mortem de Clara Coelho Leite dos Santos, 1814. Acer-
vo Orlando Cavalcanti, Caixa. 107.
IAHGP. Inventário de José dos Reis Limas, 1820. Acervo Orlando Cavalcanti,
Caixa 40.
lAPeh – ufPe
Mapa que mostra o número dos habitantes das quatro capitanias deste go-
verno: a saber, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, o se-
guinte. Freguesias de que se compõem as cinco Comarcas Eclesiásticas. Mar-
tinho de Melo e Castro. A.H.U., PE, p.a., Caixa 73, 25 de setembro de 1782.
Mapa que mostra o número dos habitantes das quatro capitanias deste go-
verno: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, divididas nas
cinco Comarcas Eclesiásticas. Martinho de Melo e Castro. A.H.U., PE, p.a.,
Caixa 88, 25 de setembro de 1788.
foNteS imPreSSAS
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de), reminiscências e notas para sua história. 2. ed. Recife, Centro de Estudos
de História Municipal/ FIAM.
Abstract: This article looks back to the hospital history as a healing place,
also reviewing its image of a death or unhealthy place. It points out the ire
at Hôtel Dieu as a hallmark for a new perspective. It was Jacques Tenon
1
Artigo recebido em maio de 2014 e aprovado para publicação em junho de
2014. Texto produzido a partir do parecer de tombamento do bem histórico,
aprovado em sessão do pleno do Conselho Estadual de Cultura, em reunião de
25 de março de 2008 e homologado por ato do Senhor Governador do Estado de
Pernambuco, Eduardo Campos, através do decreto 31.573.
2
Geraldo José Marques Pereira é médico, Conselheiro do Conselho Estadual de
Cultura, membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográico Pernambucano
e da Academia Pernambucana de Letras.
the responsible for the nosocomial typology change. Pedro II Hospital was
built with this vision, designed by José Mamede Alves Ferreira. An interes-
ting fact was the ball that was offered for the Emperor Pedro II, aiming to
gather enough money, which was later informed in his diary. Opened on
Mach 10th 1861, the hospital started immediately its activities and was the
irst building in Recife with this purpose, following the pavilion style. In
2008, the Hospital was listed as a Cultural Heritage Monument by the State
Council of Culture.
3
Diario de Pernambuco, 6.vi.1982 01.viii.1982.
referêNciAS
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Processo Projetual no Brasil. Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro: UFRJ.
Jamerson Kemps
Abstract: This article aims to present the relationship established between the
Catholic Church and its worshipers in the Morro da Conceição, important pil-
grimage center of Recife, through a symbolic-analytic hierarchy process which
considers the spatial distribution of the various religious groups in this com-
munity around the image of the Holy Conception. From ethnographic ield re-
search, discourse analysis and quantitative methods, it was observed that dispu-
tes, tensions and conlicts involving the history of this centuries-old community
outweigh the political and ideological ield and present themselves in terms of
physical and territorial occupation during the construction of buildings, chur-
ches and monuments which made reference to the religious hierarchy.
1
Artigo recebido em fevereiro de 2014 e aprovado para publicação em maio de 2014.
Foto 3: Igreja-Galpão, construída em torno Foto 4: Reforma que construiu o teto em forma de Asa-delta
da Torre. A foto também evidencia a presen- e manteve a entrada voltada para a antiga Torre (acervo:
ça da polícia, logo após a expulsão de pe. antigo pároco).
Reginaldo (acervo: liderança comunitária).
coNSiderAçõeS fiNAiS
referêNciAS
biblioGrAfiA
MARIZ, Cecília L. & MACHADO, Maria das Dores C. 1988. Mudanças recen-
tes no campo religiosos brasileiro. Antropolítica: revista contemporânea de
antropologia e ciência política, UFF. Niterói: EdUFF.
1
Artigo recebido em maio de 2014 e aprovado para publicação em junho de 2014.
2
Doutorando em História da Universidade Federal de Pernambuco.
3
APEJE, Diário de Pernambuco, 9 de julho de 1831.
4
LAPEH – AHU_ACL_CU_015, Cx.224, D.15122. Pedido de Foro de Fidalgo Cava-
leiro de Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque.
5
IAHGP, Caixa 5, 669, 1817, Inventário de Dona Maria Rita de Albuquerque e Mel-
lo, senhora do Engenho Suassuna, p. 44.
6
IAHGP, Caixa 5, 669, 1817, Inventário de Dona Maria Rita de Albuquerque e Mel-
lo, senhora do Engenho Suassuna, p. 44 verso.
7
IAHGP – Caixa 023, TJR1, 1821 – Inventário de Francisco de Paula Cavalcanti de
Albuquerque: Senhor do Engenho Suassuna, pp. 55 verso – 57 verso.
8
IAHGP – Caixa 023, TJR1, 1821 – Inventário de Francisco de Paula Cavalcanti de
Albuquerque: Senhor do Engenho Suassuna, pp. 29 e 94.
9
APEJE – PC2, p. 348.
10
APEJE – PC2, p. 191.
11
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Rio de Janeiro, 27 de novembro de 1824: carta de Antonio Francisco de
Paula Hollanda Cavalcanti de Albuquerque para Pedro Francisco de Paula Caval-
canti de Albuquerque.
12
Câmara dos Senhores Deputados. Sessão em 25 de junho de 1846. p. 455. Dis-
ponível em: imagem.camara.gov.br/dc_20b.asp?se/CodColecaoCsv=A&Data
in=25/6/1846. Acesso em 16 de nov. de 2013.
13
Idem.
14
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Moçambique, 5 de janeiro de 1820: Carta de Antonio José de Lima Leitão
para Antonio Francisco de Paula e Hollanda Cavalcanti de Albuquerque.
15
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Recife, 11 de maio de 1825: carta de Luiz Francisco de Paula Cavalcanti de
Albuquerque para Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque.
16
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Rio de Janeiro, 08 de junho de 1831: carta de Luiz Francisco de Paula Caval-
canti de Albuquerque para Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque.
17
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Rio de Janeiro, 27 de novembro de 1824: carta de Antonio Francisco de
Paula e Hollanda Cavalcanti de Albuquerque para Pedro Francisco de Paula Ca-
valcanti de Albuquerque.
18
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Rio de Janeiro, 1º de novembro de 1824: carta de Antonio Francisco de
20
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Bahia, 2 de abril de 1837: Carta de Miguel Calmon du Pin para Pedro Fran-
cisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque.
21
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Rio de Janeiro, 08 de julho de 1831: carta de Luiz Francisco de Paula Caval-
canti de Albuquerque para Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque.
22
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Rio de Janeiro, 08 de julho de 1831: carta de Luiz Francisco de Paula Caval-
canti de Albuquerque para Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque.
23
APEJE, Diário de Pernambuco, 26 de fevereiro de 1835.
24
Câmara dos Senhores Deputados. Sessão em 08 de julho de 1837. p. 63. Dis-
ponível em http://imagem.camara.gov.br/dc_20b.asp?selCodColecaoCsv=A&Dat
ain=8/7/1837. Acesso em 09 de maio de 2011.
25
APEJE, O Echo da Religião e do Império, 23 de março de 1838.
26
APEJE, Diário de Pernambuco, 18 de abril de 1838.
27
APEJE, O Echo da Religião e do Império, 20 de abril de 1838.
28
Câmara dos Senhores Deputados. Sessão em 06 de outubro de 1838. p. 63. Dis-
ponível em http://imagem.camara.gov.br/dc_20b.asp?selCodColecaoCsv=A&Dat
ain=7/10/1838. Acesso em 09 de maio de 2011.
ser relexo das boas relações de Nunes com Rego Barros, que
mesmo sendo primo de Hollanda e Francisco, era apadrinhado
de Araújo Lima. Ficava clara a cisão nas alianças. Mas, iam se
resolvendo em família (CADENA, 2013:163-164).
Quando Araújo Lima colocou Francisco do Rego Barros, Ba-
rão da Boa Vista, na presidência da Província de Pernambuco,
um grupo de bacharéis se posicionara ao lado dele. Dentre
eles, estavam Joaquim Nunes Machado, Urbano Sabino e Anto-
nio Affonso. Eram esses os futuros líderes do Partido da Praia
(MARSON, 1987:191). Fora através dos arranjos de Boa Vista e
dos Cavalcanti, que esses jovens bacharéis conseguiam subir a
Assembleia Geral em 1838. Mas, Boa Vista, aos poucos, como
disseram Bruno Câmara e Marcus Carvalho, ia se distanciando
ainda mais dos seus primos. Buscava seu próprio espaço po-
lítico. O problema era que Pedro Francisco ia ofuscando Boa
Vista com sua inluência entre os conservadores da província
(CÂMARA, CARVALHO, 2008:15).
A partir de 1842, a política conciliatória do Barão da Boa Vis-
ta ia se desfazendo. Poucos cargos para uma grande parentela,
não dava para quem queria. Como lembrou Marcus Carvalho:
“a distribuição de favores e benesses, contudo, não é ilimita-
da. Alguém sempre ica excluído” (CARVALHO, 2009:161). Nas
eleições gerais de 1842, subiam a Assembleia Geral Pedro Fran-
cisco, o Barão da Boa Vista e Sebastião do Rego Barros. Os
jovens bacharéis icavam fora da Assembleia Geral e dos Cargos
Provinciais (CADENA, 2013:166).
Com tal desconforto, nascia o Partido Nacional de Pernam-
buco, ou da Praia, como costumaram chamar os “guabirus”,
pejorativamente. Brigavam por parcelas do poder, e metiam a
“populaça” no meio de toda essa confusão. Dessa forma, Nunes
Machado se articulava, na Corte, com Aureliano de Souza Couti-
nho, o desafeto de Hollanda: “o Ministro do Império com quem
nunca tive nem quero ter relações”.29 A aliança entre Aureliano
29
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Rio de Janeiro, 09 de outubro de 1833: carta sem remetente (talvez Hollan-
da) para “Meu Mano e Amº do C.”.
30
APEJE, Diário Novo, 30 de setembro de 1843.
31
IAHGP – Arquivo Orlando Cavalcanti – Fundo Visconde de Camaragibe – Caixa
223 – Recife, 13 de setembro de 1844: Carta de “O Miguel” para Hollanda.
referêNciAS
documeNtoS mANuScritoS
documeNtoS imPreSSoS
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saios. Recife: Massangana.
SOUSA, Octávio Tarquínio de. 1988. Diogo Antonio Feijó. Belo Horizonte/
São Paulo: Itatiaia/ USP.
Franz Post and the Ox Cart: The imaginary of Dutch Brazilian landscape
Abstract: Most of Art History literature on Frans Post (1612-1680) was li-
mited to the discourses of realism and exoticism. On the other side, his-
toriography that mentions or reproduces his images only considered it as
illustration of written documents or mere visual records of everyday life.
Both perspectives lack the question about the relation between history and
image within his visual production. From this debate, we propose a formal
analysis of Ox cart (1638), in order to, after an iconographical comparison
to his “Brazilian” canvases and drawings, proceed to an interpretation of
1
Artigo recebido em maio de 2014 e aprovado para publicação em julho de 2014.
2
Doutor em Humanidades pela Universiteit Leiden. Professor Adjunto do Departa-
mento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco.
the relation between them and the Dutch imaginaries about Brazilian land,
linked to different State ideologies.
3
É importante frisar que a imagem e o visível não são necessariamente coinciden-
tes. Para uma tipologia das “famílias de imagens” (gráicas, óticas, perceptivas,
mentais ou mesmo verbais), ver MITCHELL, 1986:10.
4
A expressão “iconicidade” é um neologismo derivado da palavra “ícone”, adap-
tação para o português da expressão grega eikon. Tem havido um certo engano
no uso desse último vocábulo por parte da historiograia brasileira, mesmo em
autores sérios como PAIVA, 2004:14; e MENESES, 2012:244, uma vez que ambos
tomam eikon e “imagem” como sinônimos. Em verdade, o termo grego para
imagem é eidolon, daí derivando a nossa palavra “ídolo”. O termo grego eikon
se refere à noção de semelhança. Para um debate sobre esses conceitos, ver RI-
COEUR, 2007:27-34.
5
Sobre Eckhout, cf. MASON, 1998; RAMINELLI, 1999; DE VRIES, 2002; BUVELOT,
2004 e BRIENEN, 2006.
6
Cf. LEITE, 1967; SILVA, 2000; e LAGO, 2006.
7
Cf. Dutch Brazil, 1997; e NOVAIS, 1997.
8
Para uma apreciação crítica dos autores citados às duas últimas notas, cf. VIEIRA,
2010.
9
ORAMAS, 1999; PESAVANTO, 2004; OLIVEIRA, 2006; SOARES, 2009; VIEIRA,
2009, 2011, 2012a, 2012b e 2012c; BOOGAART, 2011; OLIVEIRA, 2012; e ERKAN,
2012.
10
Para não nos alongarmos sobre um assunto que exigiria um minucioso exame,
não entraremos aqui no debate sobre arte e cultura nos Países Baixos do século
XVII. Para tal debate, com suas respectivas implicações sobre o conceito de pai-
sagem, ver VIEIRA, 2013.
Imagem 1: Frans Post. O carro de bois. Óleo sobre tela, 62 x 95 cm. Datado e assinado: “F. Post 1638 8 / 15”.
Paris: Musée du Louvre.
Imagem 3: Frans Post, Serinhaim, gravura em cobre, 31 x 50 cm. Assinado e datado: “F. Post 1645”. In:
BARLAEUS, 1647,Tabula 12.
11
Esse argumento foi retomado em LAGO; DUCOS, 2005; e em LAGO, 2006. Sem-
pre que precisar fazer referência ao assunto, citaremos a última publicação.
Imagens 4 e 5: À Esquerda: Detalhe de Frans Post, O carro de bois; à direita: Detalhe de Frans Post, Caput S.
Augustini, 31 x 50 cm, gravura sobre cobre. Assinado e datado: “F. Post 1645” In: BARLAEUS, 1647, Tabula 37.
12
Sobre a expressão de Manuel de Morais, ver MELLO, 1998[1975]:217; já a ex-
pressão “Matam do Brasil” foi usada por Johanes de Laet, quando esse editou
postumamente os manuscritos de Georg Marcgraf para a publicação de Historia
naturalis Brasiliae em 1648. A esse respeito, ver VIEIRA, 2012c.
13
Sobre a preferência pelo boi ao cavalo na moagem da cana, ver MELLO,
1998[1975]:327.
14
Reproduzidas em LEVESQUE, 1994; iguras 16 e 17.
15
Do tupi “caa”, mato, mata; e do tupi “etê”, verdadeiro, referindo-se à mata não
inundável, em terra irme, e sempre verde. Cf. verbete “caaetê” in: Dicionário
Houaiss; p. 538.
Imagem 6: Georg Marcgraf[?], Civitas Formosa Serinhaemensis, gravura sobre cobre em 31 x 50 cm. s/d e
s/a. In: BARLAEUS, 1647, Tabula 13.
hiStoricizANdo A rePreSeNtAção
de PAiSAGem No brASil holANdêS
A análise formal e iconográica dos desenhos que Frans Post
preparou, em 1645, para as gravuras do livro Rerum per oc-
tennium in Brasilia, 1647, de Caspar Barlaeus, sobre o gover-
no de João Maurício de Nassau no Brasil, demonstrou que as
composições foram feitas nos moldes das vistas topográicas
de lugares pátrios, relativas à cultura visual neerlandesa do sé-
culo XVII. Tratou-se, portanto, da estruturação de uma visão
da Nova Holanda através de uma retórica visual associada à
paisagem política.
Porém, os resultados dessa análise põem um problema histo-
riográico, uma vez que a representação da topograia da Nova
Holanda, construída como imagens da Pax Nassoviana, não
tinha correspondência com a realidade social vivida. Ao contrá-
rio de seus antecedentes iconográicos - as séries de gravuras
paisagísticas holandesas relacionadas ao contexto da Trégua
dos Doze Anos com a Espanha, de 1609 a 1621, o conjunto
de vistas topográicas de Frans Post representava uma paz que
não existia de fato. Sabe-se que o período histórico de que elas
tratam – o governo de Nassau, não deixou de conhecer conli-
tos armados, pois que eram constantes as incursões dos guer-
rilheiros luso-brasileiros, pelo menos até ins de 1640. Para não
mencionar o fato de que Frans Post executava os desenhos e
ajudava Jan van Brosterhuyzen a preparar as gravuras ao tempo
em que o território representado caía sob o cerco dos insurre-
tos pernambucanos (BOOGAART, 2011:236-271).
16
Sobre os dados acerca das safras, cf. MELLO, 1998[1975]. Sobre a relação entre a
tela de Frans Post e a safra de 1638, cf. LAGO, 2006.
17
Sousa-Leão já havia sublinhado essa característica da “primeira fase” da obra de
Post. Fazendo uma comparação entre a obra desse último e a de Eckhout, ele
escreveu: “In fact, they only have in common, a gray, rainy sky, with muddy wa-
ters, both preferring the wintry season to paint when the cashews were ripe, the
papayas and kapok trees and bloom.” (1973:25-26).
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1
Artigo recebido em junho de 2014 e aprovado para publicação em julho de 2014.
2
Mestre em História pela UFPE. Doutorando pelo Instituto de Ciências Sociais da
Universidade de Lisboa. Bolsista CAPES/Programa de Doutoramento Pleno no Ex-
terior. Agradeço à CAPES pela concessão da bolsa de doutoramento pleno no ex-
terior e pelo inanciamento da pesquisa. Este artigo é fruto de duas comunicações
anteriores, publicadas nos anais do IV Encontro Internacional de História Colonial
e nos anais do IV Encontro Nacional de História da UFAL, bem como de alguns
trechos de minha dissertação de mestrado, “O senado da câmara de Alagoas do
Sul: governança e poder local no sul de Pernambuco (1654-1751)”, devidamente
ampliados e revisados. Sou grato a Alex Rolim pela revisão atenta e contribuições
valorosas a este texto, isento-o de qualquer omissão ou erro, que caem, portanto
em minha inteira responsabilidade. Da mesma forma, sou grato (a)ao parecerista
anônimo(a) pelas contribuições oferecidas ao aprimoramento do artigo.
Ordinances, acts and taxes to make “the cruel war”: the governors of Per-
nambuco, the chamber of Alagoas and the “entradas” in Palmares in the
second half of the seventeenth century.
3
Doravante abreviada para “Alagoas do Sul”.
comuNicAção PolíticA
8
Tal esforço de categorização apresenta uma pequena imprecisão: uma mesma
carta apresenta mais de um assunto, e um mesmo assunto pode ser enquadrado
em mais de uma categoria como, por exemplo, uma resposta que Francisco de
Brito Freyre deu à uma carta da câmara Alagoas do Sul, datada de 1661 em que
solicitava a isenção do pagamento do soldo das tropas de primeira linha da Ca-
pitania, assunto que se inclui nas categorias “Jurisdição Militar” e “Administração
Passiva”. Cf.: BCUC, Cód. 31, l. 56.
VILAS DA
CAPITANIA
NO SÉCULO
XVII
PORTO ALAGOAS
ASSUNTOS OLINDA IGARASSU SIRINHAÉM PENEDO
CALVO DO SUL
Jurisdição 18% 5% 32% 39% 36% 31%
Militar
Donativos 13% 43% 26% 26% 29% 16%
Cargos e 5% 9% 6% 7% 13% 4%
Provimentos
Justiça 4% 9% 2% 2% 6% 3%
Administração 1% 19% 4% 2% 6% 12%
Passiva
Comércio 7% 5% - 5% 4% 11%
Impostos 11% - 4% - - 3%
Conlitos de 9% - 10% 7% - -
Jurisdição
Outros 32% 10% 16% 12% 6% 20%
Total de 139 20 48 39 41 50
Cartas (39%) (6%) (15%) (12%) (13% (15%)
10
O signiicado de “campanha” que melhor se ajusta ao contexto é o de “campo, ou
campos, por onde anda o exército”, segundo Raphael Bluteau. BLUTEAU, tomo
2, pp. 83-84.
11
BCUC, Cód. 31, l.65v.
12
Idem, Ibidem, l. 158v.
13
Idem, Ibidem l. 65v.
14
Idem, Ibidem.
15
Idem, l.194.
16
A deinição mais aproximada de “Bando” que se pode ter para a época está no
dicionário de Raphael Bluteau. Segundo ele: “Deriva-se do antigo vocábulo ale-
mão, Bam, que signiica pregão; do Bam dos alemães izeram os italianos o seu
Bandire, que quer dizer ‘Publicar por bando’, como quando se declara publica-
mente um decreto, uma lei”. In: BLUTEAU, tomo 2, p. 31.
17
Segundo Livro de Vereações... l.31 e v (intervenção do autor).
18
Idem, l. 53v. e 54. É lamentável que os Livros de Matrícula das Ordenanças e das
Tropas Auxiliares estejam perdidos, pois só com eles poderíamos ter noção de
quantas pessoas se alistaram para aquela empresa e a que grupos sociais elas
pertenciam. No entanto, os trabalhos de Kalina Vanderlei Silva, que têm enfatiza-
do a composição mestiça e pobre dos corpos militares de Pernambuco, permitem
deduzir que as tropas recrutadas em Lagoa do Sul não eram diferentes. Cf. SILVA,
2001 e 2010.
19
Idem. Por “peças”, devem ser entendidas as pessoas que habitavam os mocam-
bos, a quem se intencionava escravizar ou reescravizar (intervenção do autor).
20
BCUC, Cód. 31, l. 151.
21
Para a lista desses seis engenhos, ver: “Uma relação dos engenhos de Pernambu-
co em 1655”. In: MELLO, 1981: I, 233-243; quanto à primeira vocação econômica
da localidade ser voltada à subsistência, ver: AZEVEDO, 2002.
24
Idem, l. 158v.
25
Idem, l. 194.
26
BCUC, Cód. 31, l. 254.
27
Idem, l.275.
28
Segundo Livro de Vereações... l.132.
29
Segundo Livro de Vereações.... l. 132.
30
Essa comissão ica evidente quando se observa um Rol da Finta que se fez na
povoação do Cabo de Santo Agostinho, que além dos nomes de quase 350 mo-
radores que contribuíram, traz a indicação de 30 réis (comissionados de um total
de 996.780 réis) “Pelo que se deu ao comissário que Vossa Mercê foi consignado
pelo trabalho de correr com esta inta dando quitações e tudo o mais”. Ver FREI-
TAS, 2004:57.
31
Segundo Livro de Vereações..., l.5
32
Idem, l.59-60.
33
Idem, Ibidem.
34
BCUC, Cód. 31, l. 276.
35
Segundo Livro de Vereações..., l.191v. Apesar disso, não há registro da aplicação
das penas, que provavelmente icariam registradas no Livro do Judicial e Notas,
perdido ou destruído, no nosso caso.
36
Segundo livro de vereações... l. 37v.
37
“Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no tempo do governa-
dor D. Pedro de Almeida”. In: CARNEIRO, 2011:163.
38
Idem, Ibidem, l. 165 e 165 v.
39
Arquivo do IHGAL 00007-Cx-01-Pac-02-a-Diversos - 96 cópias extraídas do 2º
Livro de Vereações da Câmara de Alagoas do Sul, l. 53v.
40
Idem, l.184 v. A respeito de “desprezar” e “ir fora da terra”, Edison Carneiro en-
tendeu que os próprios moradores estavam ameaçando deixar a vila. Mas ao que
parece, estavam receosos de que seus escravos a desprezassem e, por ventura,
escapassem para os mocambos. Tratava-se antes de mera precaução contra mais
fugas de seus cativos do que ameaças de abandono e despovoamento da vila.
CARNEIRO, 2011:83.
41
“Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no tempo do governa-
dor D. Pedro de Almeida”. In: CARNEIRO, 2011:161.
42
Segundo Livro de Vereações... l.140. Ao que parece, comprava-se farinha em
alguma freguesia próxima e se acrescia o preço pela cabotagem.
43
Idem, l.156 v.
44
Idem, l.159 v.
45
AHU, Pernambuco Avulsos, cx. 130, D. 9837, l. 29 v..
46
Segundo Livro de Vereações... l. 29.
47
Idem, Ibidem. Apesar da queixa, os homens ali reunidos deixaram uma contribui-
ção de 170.000 réis.
48
Idem, l.62.
49
AHU, Pernambuco Avulsos, cx. 11, d. 1103. (04 de fevereiro de 1674) (grifo do
autor).
50
Idem, Ibidem.
51
Só para citar alguns: Lázaro Coelho de Eça, Manuel Cubas Frazão, João da
Fonseca, Manuel Lopes, Manuel Nunes. Cf. AHU, Alagoas Avulsos, cx. 2, d. 145.;
AHU, Pernambuco Avulsos, cx. 10, d. 1022; cx.12, d. 1212 e d. 1230 (ver referên-
cias completas ao inal).
coNSiderAçõeS fiNAiS
referêNciAS
foNteS mANuScritAS
foNteS imPreSSAS
biblioGrAfiA
LARA, Sílvia Hunold. 2010. “Com fé, lei e rei: um sobado africano em Per-
nambuco no século XVII”. In: GOMES, Flávio. (org.). Mocambos de Palma-
res: histórias e fontes (século XVI-XIX). Rio de Janeiro: 7 Letras, pp. 90-118.
MARQUES, Dimas Bezerra. 2012. “Por meus méritos as minhas mercês: elites
e distribuição de cargos (Comarca das Alagoas – século XVIII)”. In: CAE-
TANO, Antônio Filipe Pereira.(org). Alagoas colonial: construindo econo-
mias, tecendo redes de poder e fundando administrações (séculos XVII e
XVIII). Recife: Ed. Universitária da UFPE.
SILVA, Kalina Vanderlei. 2001. O miserável soldo & a boa ordem da so-
ciedade colonial. Recife: Prefeitura do Recife, Secretaria de Cultura, Funda-
ção de Cultura da Cidade do Recife.
Olinda: an itinerary
Abstract: Aiming to create an itinerary to visit Olinda, the author writes about
the history of the city, and calls attention to the most important facts of its
urban development, including the presence of some houses, belonging to The
Society of Jesus or other religious orders. The article describes the main artistic
inluences, as architecture deiners of family houses and other buildings. At
the end, the author suggests an artistic and historic itinerary through the city.
hiStÓriA
A criação de Olinda provavelmente ocorreu entre 1535 e
1537, respectivamente o ano em que Duarte Coelho, dona-
tário da Capitania de Pernambuco, tomou posse do território
1
Texto recebido e aprovado para publicação em abril de 2014.
2
É professor emérito do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universi-
dade Federal de Pernambuco e Presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e
Geográico Pernambucano.
3
No interesse de identiicar melhor os comentários foi confeccionada ilustração
que tomou por mapa referencial a Cidade de Olinda, no inal do século XIX, e
sobre ela se lançou as informações da estampa Marin d’ Olinda.
4
A documentação sobre as torres se encontra no Laboratório de Pesquisa e Ensino
de História (LAPEH), do Departamento de História da Universidade Federal de
Pernambuco.
5
Depoimento de André da Cruz, de 81 anos, em 1710: “O Monte em que o Foral
fala ouviu ele testemunha sempre dizer era donde, hoje chamam a Rua Nova,
que foi a parte mais povoada desta cidade, e donde ele testemunha ainda viu
muitos edifícios derrubados, vindo para esta Capitania há 46 anos [em 1664, por-
tanto], e na dita parte ouviu dizer morava o governador e na mesma rua ainda ele
testemunha conheceu a cadeia velha, em cujas casas ao presente vive António
Lopes Leitão, e às fraldas do dito monte também ele testemunha viu nelas muitos
edifícios derrubados, assim para a banda do norte como para a banda do sul,
pegando uma rua por detrás do Palácio onde hoje vive o Bispo e ia sair à Igreja
da Conceição e daí para baixo até as outras era muito povoado”. Depoimento de
José de Sá e Albuquerque, capitão mor de Olinda e um dos primeiros genealo-
gistas pernambucanos, então aos 80 anos de idade: “O monte, em que se achava
a maior parte do povoado que esta cidade teve, foi donde hoje chamam a Rua
Nova, donde ele testemunha viu as paredes das casas que se dizia, foram dos go-
vernadores e na dita rua ainda existiam as casas que foram cadeia”. Depoimento
de Francisco Berenguer de Andrade, de 74 anos, airmou que: “o monte em que
o Foral a princípio declara é aonde chamam a Rua Nova, donde ele testemunha
sempre ouviu dizer habitar o primeiro Donatário desta terra e povoador dela e
sua mãe (sic), Dona Brites” (MELLO, 1957). Ainda, segundo a Primeira Visitação
do Santo Ofício às Partes do Brasil (MENDONÇA, 1929) e as Conissões de Per-
nambuco, divulgadas por José Antônio Gonsalves de Mello (1984), considerando
os que foram chamados a depor junto ao Santo Ofício, moravam na Rua Nova,
entre 1593 e 1594: 1. Gaspar Fernandes e sua mulher Maria Francisca, ele barbei-
ro; 2. Antônia Bezerra, casada com Antônio Barbalho, dos da governança - em
casas fronteiras e coincidentes; 3. Balthazar Leitão, casado com Inez Fernandes;
4. João Nunes, mercador, em sobrado; 5. Mateus Fernandes, alfaiate; 6. Antônio
Correia, vinhateiro, morador defronte à casa de João Nunes; 7. Manoel de Oli-
veira, sisgueiro; 8. Henrique Afonso, Juiz Ordinário; 9. Diogo Fernandes, genro
de Branca Dias, mercador, casado com Ana; 10. Pero da Rua e Rafael da Matta,
este pedreiro; 11. Na Torre, morava Dona Breatiz D’ Albuquerque (MENDONÇA,
1929: 11, 26, 29, 59, 65, 74, 250-251, 335). Defronte à Misericórdia: 12. Gonçalo
Dias, alfaiate; 13. Luís Antunes, boticário - defronte à porta da Misericórdia, casa-
do com Maria Alvarez; 14. Rui Gomes, pai de Luís Antunes, ourives e seu vizinho;
15. Maria de Faria, casada com Francisco Cordeiro, que vive de sua indústria,
vizinha de Luís Antunes (MENDONÇA, 1929:103, 122, 316, 444). Junto da Mise-
ricórdia, no local onde hoje é a Academia Santa Gertrudes, eram moradores: 16.
Catarina Fernandes, mulher de Manuel Roiz; 17. Felipe Cavalcanti; 18. Pe. Tomé
da Rosa Baracho, indicado no processo de Rui Gomes (MENDONÇA, 1929:23,
450). Na Rua de Palhais, hoje Rua Bispo Coutinho, moravam: 19. Branca Dias,
em uma casa de dois andares (a casa é vista na gravura Marim d’ Olinda); 20.
Beatriz Luís, casada com Fernão de Afonso, carpinteiro (a Rua é chamada então
do Salvador); 21. Fernão de Afonso, carpinteiro (deve ser a mesma casa anterior);
22. Joana, escrava de Branca Dias; 23. Brasia Monteiro, casada com Domingos
Monteiro (MENDONÇA 1929:32, 150, 281). Detrás da Matriz de Salvador (seria
também Rua dos Palhais?): 24. Gaspar Rodrigues e D. Hieronimo de Almeida.
Na Rua da Conceição (hoje Largo da Conceição): 25. Licenciado André Magno
de Oliveira; 26. Francisco Camello e seu pai Jorge Camello; 27. Leça ou Lessa,
sapateiro (MENDONÇA 1929:97, 216, 278).
referêNciAS
biblioGrAfiA
1.1 Cada artigo deverá trazer, além do título em negrito com fonte Gara-
mond 14, o nome do autor à direita e informações particulares (titu-
laridade, função e instituição a que está ligado).
SOBRENOME, Nome. Ano. Título do capítulo do livro entre aspas. In: Título
do livro em negrito: subtítulo. Tradução. Edição. Cidade: Editora, p. xx-yy