O Sexo Dialógico - Um Conceito Facilitador

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

ARTIGO

O SEXO DIALÓGICO: UM CONCEITO FACILITADOR


PARA CONVERSAÇÕES SOBRE PRÁTICAS SEXUAIS

THE DIALOGICAL SEX: A FACILITATOR CONCEPT TO CONVERSATIONS


ABOUT SEXUAL PRACTICES

RESUMO: Frequentemente, em nossas práti- ABSTRACT: Frequently in our private practices, TELMA LENZI
cas clínicas, nos deparamos com clientes que we meet with clients who seek therapy with Movimento - Clínica e
buscam a terapia com temas relacionados às themes related to sexual practices, sexuality and Escola de Psicologia
práticas sexuais, à sexualidade e/ou ao gênero. genre. Weve developed with these clients dia- Sistêmica, Florianópolis/
Desenvolvemos com estes clientes um diálogo logues about de meaning that accompany these SC, Brasil
sobre os significados que acompanham estes issues, exploring and enriching knowledge, fa-
dilemas, explorando e enriquecendo conheci- voring transformation of ways of relating with the BRUNO LENZI
mentos, favorecendo a transformação das for- phenomenon and the coherence of problemat- Movimento - Clínica e
mas como nos relacionamos com o fenômeno ics. In this article, we would like to invite to dia- Escola de Psicologia
e a coerência da problematização. Neste artigo, logue some voices that participate in the mean- Sistêmica, Florianópolis/
gostaríamos de convidar ao diálogo algumas vo- ing making of sexual encounter, since ancient SC, Brasil
zes que participam da significação do encontro and rigid traditions, to liberal intelligibilities, and
sexual, desde tradições antigas e rígidas, a inte- cultural understandings to situated experiences.
ligibilidades liberais, de entendimentos culturais, Then we propose a new way of understanding
a experiências situadas. Então, propomos uma to sexual encounter, which we named dialogical
nova forma de entendimento do encontro sexual, sex, for its intrinsically associated characteris-
que nomeamos sexo dialógico por suas caracte- tics with dialogue and the transformations that
rísticas intrinsecamente associadas ao diálogo e it generates.
às transformações que ele gera.
KEYWORDS: sexual practice, sexuality, social
PALAVRAS-CHAVE: prática sexual, sexualidade, constructionism, couple therapy, dialogical col-
construcionismo social, terapia de casal, terapia laborative therapy.
dialógica colaborativa.

INTRODUÇÃO

Para entendermos a coerência dos significados experimentados no encontro


sexual, precisamos conhecer os discursos produzidos e produtores deste contexto
de entendimento, como ele influencia pessoas a viverem determinadas sexualida-
des legitimadas e como é sustentado pelas tradições delas. Faz-se necessário que
invoquemos a participação de nossa cultura ocidental, com os valores e tradições
que ela traz para o diálogo. Neste sentido construímos um diálogo entre as pers-
pectivas de gênero e sexualidade construcionistas sociais, do pós estruturalismo,
da teoria queer e da psicologia crítica, sem a intenção de reduzir toda a comple-
xidade de cada um destes movimentos, teorias e epistemologias, mas como um Recebido em: 09/05/2016
destaque aos pontos de encontro para complexificar sexualidade e práticas sexu- Aprovado em: 21/01/2018
ais, respondendo ao primeiro objetivo e experientes. Até o século XX, um
72 NPS 60 | Abril 2018
deste artigo: definir nosso entendi- homem ter relações sexuais ativas com
mento de sexo dialógico. outro não diminuía sua virilidade. No
Em seguida refletimos recursos caso de mulheres a intimidade sexual
para a prática dialógica colaborativa entre elas não era estranhada até muito
com nossos clientes no contexto da recentemente no século XX. Foi com
clínica psicológica, para responder ao o início da doutrinação da sexualida-
segundo objetivo: explorar as possibi- de que encerramos a sexualidade ao
lidades de transformação de significa- quarto dos pais, normatizado em prá-
dos para práticas sexuais com pessoas ticas reprodutoras, com espaço para
que vivem algum desconforto ou so- transgressão limitado aos prostíbulos
frimento nesse contexto. e à clandestinagem (Foucault, 2007).
E, finalmente, temos com os autores
do construcionismo social (Borges et
TRÊS INTELIGIBILIDADES PRESENTES al., 2013; Borges, 2014; Gergen, 1994;
EM NOSSAS REFLEXÕES Gergen, Hoffman, & Anderson, 1996;
Gergen & McNamee, 2010; McNamee
Louro (2000), representando a teo- & Gergen, 1999; Nogueira, 2001; Ra-
ria queer, participa desta busca cri- sera, Teixeira, & Rocha, 2014) os en-
ticando os discursos que carregam a tendimentos para sexualidade como
força de tradições, que incitam uma construção linguística não essencia-
legitimidade difícil de questionar, lista, em que, como profissionais, bus-
principalmente no contexto da ciência camos conhecer as formas singulares,
e saúde. Sendo seu principal argumen- histórica e socialmente situadas, para
to o da matriz biológica, supostamente conceitos de sexualidade, às vezes até
imutável, operando sob ótica essencia- conceitos conflitantes em um mesmo
lista, relacionando sexualidade a uma self relacional enquanto mantemos
busca inata pela reprodução. A partir uma posição cética quanto às genera-
do paradigma essencialista, identidade lizações, categorias, certos e errados,
é entendida como atribuição cultural, mesmo sabendo que, ingenuamente,
definida pelo contexto e corpos têm nossas performances de sexualidade
seus significados inerentes à matriz servem a uma regulação e normati-
biológica. Inteligibilidades específicas, zação social, ou seja, nossa expressão
como o Estado, igreja, ciência, deter- de sexualidade é política e serve a uma
minam padrões de normalidade, pure- hierarquia.
za e sanidade.
Outro autor com quem dialogamos
em nossas construções da sexualida- TRADIÇÕES DE SEXUALIDADE
de é Michel Foucault. Em sua análise
histórica da sexualidade, Foucault nos Precisamos deixar claro que, como
lembra que a sexualidade nem sempre Foucault (2007), percebemos a tradi-
foi o que vivemos hoje, ou nas últimas ção cultural ocidental não como re-
décadas. Na antiguidade se falava e pressora da sexualidade, mas como
praticava uma sexualidade diferente, doutrinadora, regulando e educando
o que entendemos por transgressões as práticas legitimadas do sexo, pesso-
eram vistas com frequência e natura- as e populações. Tradições repressoras
lidade, como a iniciação sexual de jo- entendem a prática sexual como es-
vens rapazes por homens mais velhos sencialmente indesejada, uma ativida-

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


de marginal, digna de punição. O que gadas à sexualidade e ao prazer. Essa O sexo dialógico: um conceito
vivemos é uma educação para os es- é a razão pela qual questões tais como facilitador para conversações 73
sobre práticas sexuais
paços de legitimidade da sexualidade, a pornografia, que têm a ver com o Telma Lenzi

um direcionamento para sua prática impacto público do gosto e da fantasia Bruno Lenzi

encerrada ao casamento, monogâmi- privados, tornam-se tão controversas


ca, heterossexual. Neste sentido somos (Louro, 2000).
doutrinados a pensar este significa- Este período de transformação dos
do para sexualidade e prática sexual significados para sexualidade tem
como certo, desde que respeitando es- acentuado a discussão sobre como
tas fronteiras. Um convite possível regulá-la e controlá-la. Aquilo que
para o trabalho de transformação da acreditamos que o sexo é, ou o que ele
doutrinação é a ampliação das frontei- deveria ser, estrutura nossa resposta a
ras de certo e errado no sexo a partir essa questão. É difícil separar os signi-
do diálogo com as pessoas que vivem ficados particulares que damos à se-
estas práticas, uma subversão respei- xualidade das formas de controle que
tosa de dentro do sistema que, a cada defendemos. Se considerarmos o sexo
conversa, complexifica significados como perigoso, perturbador e funda-
legítimos para entendimentos de iden- mentalmente antissocial, então estare-
tidades e práticas sexuais mais singu- mos mais dispostos a adotar posições
lares e menos abstratas (Borges et al., morais que propõem um controle au-
2013; Foucault, 2007). toritário e rígido. A isso chamamos de
Podemos datar o início da doutri- abordagem absolutista. Se, por outro
nação da sexualidade ao século XVII, lado, acreditamos que o desejo sexual é
junto ao desenvolvimento do capitalis- fundamentalmente benigno, vitalizan-
mo e da classe burguesa. Isto em um te e liberador, estaremos mais dispos-
momento em que se explorava ao má- tos a adotar um conjunto de valores
ximo a força de trabalho, controlando morais radicalmente flexíveis, a apoiar
e direcionando a força dissipada com a posição libertária (Louro, 2000). En-
prazeres a espaços cada vez menores, tre estas duas posições, construímos
até alcançar o estado mínimo no qual com cada um dos nossos parceiros
o prazer era autorizado apenas quan- conversacionais, em práticas dialógi-
do acompanhado pela produtivida- cas, uma posição liberalista, fluída e
de da reprodução humana (Foucault, singular das formas mais qualitativas
2001). Neste caso, é fácil entender a de expressão de seus desejos e prazeres
homossexualidade como ameaçadora na sexualidade.
para aqueles ligados ao status quo cul- Buscando nos afastar do paradigma
tural (Louro, 2000; Rasera, Teixeira, & essencialista, nos engajamos aos pro-
Rocha, 2014), quando a prática de um cessos contextualizados de viver sexu-
prazer não reprodutivo prejudicaria a alidade, realidades locais influenciadas
esteira industrial. pela cultura. Este foi um movimento
Aquilo que consideramos como observado principalmente na antro-
legitimamente permitido no privado pologia, mesmo assim, era considera-
está controlado por interações com- da apenas a influência cultural sobre
plexas sobre o tipo de sociedade a a sexualidade, não a compreendendo
que queremos pertencer. Vivemos um como produto cultural. Destacamos
período em que estão cada vez mais a diferença entre influência e produ-
públicos os movimentos que atestam to nestas perspectivas. Em diferentes
à mudança nos valores e tradições li- sociedades, corpos ganham interpre-

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


tações diferentes. Como o pós-moder- rando características singulares para
74 NPS 60 | Abril 2018
nismo convida, precisamos perturbar pertencer a um grupo específico. A
verdades absolutas através do nosso posição liberalista nos autoriza a re-
interesse na cultura e suas representa- conhecer as singularidades das pesso-
ções (Louro, 2000; Rasera, Teixeira, & as de forma a legitimar suas escolhas,
Rocha, 2014). seus desejos, seu desenvolvimento hu-
Foucault (2001) propõe que o sexo mano através de uma postura política
foi colocado no discurso nos últimos e curiosa.
três séculos, em oposição aos mecanis- Com o construcionismo social
mos de repressão sobre a sexualidade. continuamos nos distanciando do
Iniciou-se um processo de afastamen- essencialismo e nos voltamos para a
to do saber do desejo, para uma apro- forma como a sexualidade é produto
ximação ao saber do prazer e ao pra- das trocas históricas e culturalmente
zer de saber, na forma de descrições, situadas – ressaltando como práticas
explicações, regulações, indicações e sexuais aparentemente semelhantes
normatizações quanto às possibilida- têm significados distintos em culturas
des de experimentação sexual. diversas, coletiva ou subjetivamente.
Hoje temos novos movimentos so- Concordamos com alguns autores do
ciais conquistando espaço na cons- construcionismo ao pensar que não
trução de saberes sobre sexualidade, existe qualquer predisposição inata,
como feministas e minorias sexuais seja biológica ou psicológica, na for-
revitalizando o diálogo com novas mulação de uma identidade sexual. O
concepções, discursos e ética (Louro, direcionamento é resultante de expe-
2000). A teoria Queer, como uma voz riência com histórias pessoais e subje-
participante deste movimento, pre- tivas e da interação com a inteligibili-
tende desarranjar e subverter noções dade cultural. Mesmo o desejo sexual
e expectativas para o gênero e a sexu- é socialmente construído, fruto de um
alidade. Para isso encontra na teoria processo histórico e cultural, negando
performática, desenvolvida por Judith a possibilidade de um desejo latente,
Butler, o conceito de performativida- a ser desperto. Lembramos os exem-
de, proveniente da linguística, utiliza- plos citados anteriormente de práticas
do para identificar os modos como os sexuais na antiguidade e até o século
corpos e os sujeitos são construídos no XVII. Para entendermos a sexualida-
discurso. Não nos interessamos mais de, precisamos entender os discursos
por diferenças sexuais orgânicas, nos produzidos e produtores desta reali-
engajamos no processo de como são dade (Anderson, 2009; Gergen, 1994;
nomeados estes corpos e sujeitos (Bor- Gergen & McNamee, 2010; Lenzi,
ges et al., 2013; Gergen, 1994; Louro, 2013; McNamee & Gergen, 1999; Ra-
2004). Em nossa prática profissional sera, Teixeira, & Rocha, 2014 ).
e vidas cotidianas estamos abertos à O sexo colocado no discurso visa
transformação e não mais restritos complexificar o conceito de sexuali-
a rótulos permanentes de heterosse- dade. É reducionista pensar sexuali-
xualidade ou homossexualidade, por dade como essencialmente biológica
exemplo. Significados não estão fecha- e é impossível negar o envolvimento
dos, estamos sempre nos transforman- do corpo, ela é exercida por ele. Mas
do e nossa identidade está aberta para mesmo o corpo não pode ser reduzi-
o novo. Não precisamos nos adequar do ao biológico, quando é a partir da
a identidades pré-concebidas, igno- cultura que buscamos seus moldes e

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


identidade. Passamos a entender estes saber, de conhecimento que nos pro- O sexo dialógico: um conceito
conceitos como construídos nas rela- pomos a construir. Não é um saber facilitador para conversações 75
sobre práticas sexuais
ções imbuídas de poder (Louro, 2000). teórico, ou “saber o que é”, também Telma Lenzi

não é um “saber como”, relacionado Bruno Lenzi

a uma habilidade, porque é singular a


SEXO COMO SIGNIFICADO SINGULAR cada situação.
Para entendermos o fenômeno da
Com estes conhecimentos para o sexualidade, nos remetemos a Shot-
desenvolvimento do eu e da constru- ter e a um terceiro tipo de saber, um
ção de significados de forma linguís- conhecimento que se tem quando se
tica, podemos entender identidade está dentro da situação, o que o autor
sexual e práticas sexuais como cons- chama de “saber desde” (1993, pp. 37-
truções sócio-históricas, singulares 38). Este “saber desde” demanda uma
a cada situação e a cada pessoa. Este investigação ativa, uma imersão no
saber fundamenta nosso entendi- processo do outro para a participação
mento de sexualidade como livre de nos seus processos de desenvolvimen-
categorias ou rótulos, nos desafiando to de si e do mundo, sua história pes-
a conhecer o único e o singular em soal, a partir de uma relação dialógica,
cada história, cada jogo de sexualida- onde não há espaço para a neutralida-
de. Toda a categoria é hierarquizada. de do observador, apenas para o co-
Para se fazer uma prática crítica preci- nhecimento relacionalmente situado.
samos reconhecer o único e a coerên- Assim, construímos o conhecimento
cia de cada realidade, respeitando seu “desde” a experiência do outro, alter-
processo de desenvolvimento e aten- nativo ao conhecimento externo, sur-
to à necessidade de atualização pelas do e mudo à realidade local, “sobre” o
respostas de quem a vive. Chamamos fenômeno e descontextualizado. Nos-
de prática dialógica colaborativa esta so conhecimento só tem sentido na-
postura filosófica (Anderson 2009; quele contexto, é situado.
Anderson & Gehart 2007) de acredi- Este conhecimento é construído na
tar no nosso cliente. Acompanhar seu relação através da linguagem no diálo-
processo confiante de que o seu saber go. Logo, nos interessamos pelas pala-
e a exploração das possibilidades no vras em seus enunciados, pelos fatores
diálogo conosco e com seus persona- práticos de seu uso, como meios para a
gens internos (Lenzi, 2013) promoverá realização de processos comunicativos
a sensação de autoria sobre sua vida e cotidianos, sua função modeladora e
a criatividade para desenvolver novos os processos em que acontecem. Desta
recursos na superação dos desafios forma, nestes processos construímos
cotidianos. Isto entendendo nosso de- não somente um significado para nos-
senvolvimento como dependente das sa identidade, mas também para nos-
relações que construímos com nossos sos mundos sociais (Lenzi et al., 2015).
pares e atentos para as formas como Este saber local, o saber desde a
podemos incentivar que estes relacio- experiência da pessoa, é o norte para
namentos invoquem novas formas de um convite à reflexão e atualização
ser no mundo (Lenzi, 2017; McNamee dos entendimentos ocidentais para o
& Gergen, 1999). saber do sexo. O paradigma empirista
Como autor protagonista do movi- defendeu a ideia de que poderíamos
mento construcionista, Shotter (1993) alcançar um conhecimento objetivo
propõe um questionamento do tipo de para os fenômenos que observávamos,

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


que poderíamos potencializar o pra- atuação. A esta inteligibilidade chama-
76 NPS 60 | Abril 2018
zer do sexo através do conhecimento mos ars erótica (Foucault, 2004), um
do sexo. Neste movimento, entende-se retorno à forma de experiência sexual
por conhecimento o saber generaliza- que se desenvolvia na antiga Grécia e o
do, quantificado, essencial a todos os entendimento vigente por muitos mais
seres humanos (Foucault, 2004). séculos no Oriente.
Podemos identificar à nossa vol- A partir destas reflexões e estudos
ta todas as fontes de pseudoconhe- construímos o que entendemos como
cimento que oferecem técnicas para sexo dialógico, um conceito para refle-
o aumento do prazer, para orgasmos xões quanto à prática sexual. Ele parte
múltiplos, posições estimulantes, ou da compreensão de que o corpo se ex-
seja, o conhecimento sobre um sexo pressa através de uma linguagem com-
genérico, uma fórmula que se aplica a plexa, que engloba sua integralidade.
quaisquer situações, um saber macro. Portanto, compartilha dos valores para
A este entendimento Foucault (2004) construção de diálogo, como simetria
nomeou scientia sexualis um fazer ge- (não há diálogo onde há jogo de po-
neralizado de saber do sexo para regu- der); interesse (para conhecer e explo-
lagem da intensificação do gozo. rar a linguagem corporificada); vulne-
Este saber do sexo não dá conta de rabilidade (para deixar-se conhecer e
toda a complexidade humana e margi- ser explorado em sua singularidade);
naliza pessoas ao não se enquadrarem e colaboração (para construção cria-
com a produção genérica. São pessoas tiva de uma experiência generativa
estigmatizadas por não se adequarem, aos participantes, seja a pessoa con-
por não fazerem a sua parte na susten- sigo mesma, com o outro, ou com os
tação da norma. Neste processo, estas outros). Sobretudo, o sexo dialógico
pessoas são diagnosticadas e patolo- é uma prática pacifista que demanda
gizadas em suas formas singulares de investimento e dedicação, enquanto
experiência sexual. Nosso momento recompensa os participantes com a
atual é de classificação a partir dos dé- experiência de uma relação construí-
ficits e desatenção aos potenciais. São da sob medida aos desejos e prazeres e
formas de dar identidade que alienam possibilidades de cada um.
pessoas de seus saberes, de sua auto-
nomia e as influenciam a buscar ajuda
profissional para tratamento de deter- PRÁTICAS DIALÓGICAS
minado problema (Gergen, Hoffman, COLABORATIVAS E SEXO DIALÓGICO
& Anderson, 1996; Gergen & McNa-
mee, 2010). Com estes conhecimentos explo-
É com esta maioria silenciada que rados, começamos a construção de
começamos a desenvolver um en- uma prática de ressignificação das ex-
tendimento alternativo à experiên- periências de sofrimento com o sexo
cia sexual, uma prática interessada e apresentadas por nossos clientes. A
legitimadora. Isto significa ingressar partir daqui começamos a exploração
em uma inteligibilidade que desconfia dos conceitos que nortearam nossa
da indústria da saúde, que não rotula prática.
pessoas, ou diagnostica condições e Em consonância à comunidade
que, por este posicionamento, repre- dialógico colaborativa, nos ocupamos
senta um importante movimento no em engajar nossos clientes no proces-
desenvolvimento do nosso campo de so das conversações terapêuticas,

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


tornando-o significativo aos envol- em entender e conhecer uns aos outros O sexo dialógico: um conceito
vidos. Investimos para que a relação e a si mesmos nas possibilidades de facilitador para conversações 77
sobre práticas sexuais
terapêutica possa colaborar com os desejo, prazer, respostas e performan- Telma Lenzi

objetivos do cliente, que seja feita sob ces. Isso é o que Lenise Borges (2014) Bruno Lenzi

medida às suas necessidades e espe- poderia chamar de ética na prática se-


cificações, sem entrar em discursos xual, uma experiência emancipadora e
culpabilizantes do cliente por falta de legitimadora das formas singulares de
um sucesso que é relacionalmente de- praticar sexo.
pendente. Buscamos desmitificar a sexualida-
Através de nossas perguntas curio- de como algo pertencente ao jovem,
sas incentivamos a reflexão e a possi- ao corpo esculpido,  às buscas de per-
bilidade de experimentarem e conhe- formances intensificadoras do prazer
cerem, em suas intimidades, o sexo e de orgasmos múltiplos. Ele também
através de sua própria prática cotidia- não está restrito a uma forma para ali-
na. E nesta disponibilidade de estar viar a ansiedade da vida rotineira ou
presente, na exploração do seu prazer a distrações de nossos próprios dile-
no encontro com o outro e na própria mas. Esta possibilidade de sexualida-
experiência vai-se construindo o co- de serve ao sistema que restringe o
nhecimento local da sexualidade para prazer a atividades rápidas, objetivas,
cada envolvido, significando o sexo insatisfatórias, que mantém as pessoas
como diálogo corporificado. Para co- numa busca incessante a um novo alí-
meçar a nos desenvolver desde esta vio orgástico, que direcionam apenas
inteligibilidade, precisamos acessar o a energia necessária para o sexo, sem
diálogo com quem nos busca como colocar em risco a energia de produ-
referência para a dissolução de sofri- ção laboral. A partir do paradigma au-
mentos nas questões deste tema. Te- toritário de entendimento do encontro
mos, todos nós, conceitos diversos de sexual e do prazer, foram construídas
sexualidade, às vezes antagônicos, às estas formas de entendimento sobre o
vezes paradoxais. O conhecimento de que é o sexo com as quais discordamos
seus significados e contexto histórico e convidamos à sua desconstrução e
de construção nos dá mais informa- ampliação do seu significado.
ções sobre as formas como podemos Convidamos a uma percepção livre
experimentar liberdade e prazer no de julgamentos ou conceitos absolutos.
sexo. Nossas conversas em clínica têm Sendo assim, o certo e o errado não ca-
alertado para o silêncio manifesto na bem no sexo dialógico, mas o que cada
experimentação sexual. Por outro lado, um escolhe, aceita, precisa e permite
o convite ao diálogo, a construção con- experimentar – acordados, conver-
junta de entendimento e possibilida- sados e entendidos na interação dos
des localmente legítimas para praticar participantes, atentos às legitimações
sexo e a curiosidade em conhecer dire- sociais que participam da validação de
cionam para uma conversa respeitosa, uma ou outra forma de encontro se-
promotora de singularidade. xual e nossa posição consciente e ela-
Esta exploração respeitosa das sin- borada para tais práticas legitimadas.
gularidades no diálogo com o sexo Lembramos que verdades sobre a se-
propicia encontros sexuais dialógicos xualidade são construções sociais que
em que os envolvidos, sejam pessoas se transformam, e que a homossexua-
consigo mesmas, casais, grupos ou ou- lidade, no nosso contexto, já foi uma
tras configurações, estejam engajados prática criminosa, punível pela lei, até

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


ter seu significado transformado pela oferecemos esta pergunta, tornando
78 NPS 60 | Abril 2018
mobilização social. Ainda, em muitos público (Anderson, 2009) o proces-
contextos, a homossexualidade é de- so pelo qual passamos privadamente
monificada e tratada com violência. para construção e oferta desta pergun-
O conceito de sexo dialógico con- ta. Almejamos, com isso, que o cliente
vida os participantes à reflexão de sua entenda como funcionam nossos pen-
prática sexual em terapia, gerando no- samentos e processos privados e que-
vas formas de estar e responder aos remos participar com o nosso melhor
encontros sexuais dos clientes, com do diálogo. Quando explicamos o pro-
interesse nos significados de sexuali- cesso de construção da nossa resposta
dade, desejo e prazer dos envolvidos. e a oferecemos a ele estamos falando
Quando significamos as práticas se- do processo e evidenciando a impor-
xuais como um diálogo corporifica- tância que aquilo tem para nós, a par-
do, nos engajamos em um processo tir de nossa história pessoal e desen-
interativo de busca pelo entendimento volvimento singular, na esperança de
entre interlocutores. Através da explo- causar certa tensão que seja suficiente
ração da responsividade dos corpos, para convidar à reflexão e ao novo,
construímos novos significados. Por- àquilo que é suficientemente diferente
tanto, diálogo é um processo ativo de (Andersen, 2002).
escuta, interpretação, exploração do Precisamos nos posicionar com
interpretado e construção de novos respeito, convidando nosso cliente a
entendimentos. O resultado é a mútua contar sua história sem pressa de en-
ampliação do conhecimento e enri- tendermos, questionando nossa inter-
quecimento dos significados vividos, pretação, confirmando pela resposta
que, por sua vez, promovem o autoa- o conteúdo ouvido (Anderson, 2007).
genciamento e bem-estar dos envol- Precisamos acreditar no potencial do
vidos (Anderson, 2009; Anderson & cliente e acalmar nossa ansiedade em
Gehart, 2007). resolver problemas. Queremos conhe-
Remetemos-nos à produção de cer quem mais participa da sustenta-
Tom Andersen (2002) para o diálogo ção da realidade em que ele vive, quem
em terapia. Enquanto ouvimos nosso são as pessoas com quem se relaciona,
cliente, limpamos nossa mente de pen- quais suas posições, que papéis cum-
samentos, estamos presentes, com ele prem na manutenção da realidade
(Hoffmann, 2007), apenas observando (Gergen, 2009).
e ouvindo o fluxo do relato. Não nos Convidamos à complexidade de
preocupamos em construir reflexões todo conhecimento, queremos enri-
ou perguntas, mas nos compromete- quecer os processos, aumentar as in-
mos em escutar atentamente as men- formações, estranhar o familiar e ca-
sagens enunciadas – pelo relato, pelo racterizar os personagens internos no
corpo, pelo que nos mobiliza, por nos- cliente em busca de vozes que possam
sas respostas corporais. Ao final do trazer outro entendimento do mundo
relato nos engajamos aos pensamentos e entrar no diálogo da transformação
que surgem da escuta numa conversa humana. Então, com estes conceitos
interna, privada e silenciosa. Sentimos desenvolvidos, podemos acreditar que
e desenvolvemos aquele pensamento acessamos diálogo com nosso cliente.
que nos toca mais intensamente, nos E nossos clientes desenvolvem es-
comprometendo com uma linha de pontaneamente o recurso do diálogo
curiosidade e uma pergunta. Então para se relacionar com a vida e com

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


os outros. Sendo assim, os diálogos qualquer prática que não se caracte- O sexo dialógico: um conceito
da prática terapêutica que significa o riza como violência. O que propomos facilitador para conversações 79
sobre práticas sexuais
sexo como diálogo caracterizam-se são o destaque e o investimento rela- Telma Lenzi

pelo engajamento curioso dos parti- cional nestas práticas. Inspiramos-nos Bruno Lenzi

cipantes no processo de produção de no conceito de amor de Maturana e


conhecimento. Ele é aberto à diver- Rezepka (2008), amar é aceitar o ou-
sidade e não convida movimentos de tro como legítimo outro.
ataque ou defesa de ideias (Ander-
son, 2009; Anderson & Gehart, 2007;
Gergen, 1994; McNamee & Gergen, RELATO DA PRÁTICA
1999), da mesma forma que entende-
mos o encontro sexual. Para alcançar Um casal, ambos com 38 anos. Eles
este estado, nossa primeira tarefa é chegam a mim (Telma) com a história
criar um espaço de intimidade que in- do sucesso profissional como priori-
voque novas formas de pensar o sexo. dade em suas vidas. Optaram por não
Tudo pode ser conversado, não esta- ter filhos e mantêm um casamento de
mos defendendo teses, mas exploran- 13 anos com bastante investimento
do possibilidades e conhecimentos no na relação. Procuram terapia de casal
processo de construção de algo novo. com a narrativa de intenso fracasso em
Trazemos nossa estrutura, nosso co- sua sexualidade, pela baixa satisfação e
nhecimento de forma a ampliar a sig- frequência sexual, relatando que acon-
nificação da sexualidade, sem rejeitar tece a cada 15 ou 30 dias.
outras possibilidades de entendimen- Nas primeiras sessões conversamos
to. Queremos conhecer a história de sobre êxitos e fracassos. Objetivos de
nossos clientes e suas experiências vida e do que me apresentam como
neste campo. Cada experiência surge alto nível de exigência de ambos. Re-
como possibilidade, contextualizada e conheceram o quanto sentem orgulho
coerente apenas em um contexto es- pela relação construída de apoio mú-
pecífico, que pode inspirar o novo e a tuo e, no diálogo, foram percebendo
criatividade aos participantes do diá- que não há exatamente um fracasso,
logo, para posterior experimentação mas uma falta de compreensão de seus
em suas práticas sexuais. encontros sexuais.
Afastamo-nos do modelo de es- Conversamos sobre o sentido da
pecialistas no sexo, ou na psique sexualidade para cada um, possibili-
humana, do empírico e do positivis- dades, restrições e desenvolvemos o
mo. Como alternativa, legitimamos diálogo sobre as suas sexualidades e o
o saber local, a experiência singular conhecimento mútuo. Neste momen-
de cada pessoa, como recurso para a to senti a aproximação do conceito de
potencialização e transformação da sexo dialógico. Estava curiosa para co-
experiência na relação de troca dialó- nhecer as histórias vividas para as for-
gica entre pessoas. O respeito pelo jei- mas como entendem sua sexualidade,
to como o outro é, a aceitação de suas desejo e prazer.
possibilidades e restrições se tornam No decorrer das sessões aparece o
presentes no processo e convidam tema das diferenças e novos acordos
nossos clientes a refletirem, se engaja- de aceitação e respeito foram sendo
rem em momentos de intimidade dia- estabelecidos. Ambos concordaram
lógica e a construírem entendimento que o sexo para descarregar ansieda-
mútuo. Isso ocorre sutilmente em de e sobrecarga do dia a dia não trazia

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


bem estar para ambos e os mantinham ra de reflexividade e diálogo (Lenzi,
80 NPS 60 | Abril 2018
afastados com medo de que a aproxi- 2013). A fala de um grande fracasso
mação pudesse desencadear uma nova perdeu espaço para a aceitação dos
relação sexual, que segundo eles gera- tempos deles, de seus ritmos. A postu-
va um “grande vazio após o ato” – pa- ra crítica a si mesmos se transformou
lavras deles. Este foi um entendimento em profunda valorização de encontros
construído ao vivo, eu não sabia des- sexuais íntimos e qualitativos, ainda
tas sensações com o que chamaram que com a mesma frequência relatada
de sexo descarga e eles mesmos nunca no início do processo comigo.
haviam explorado este medo em suas Com o restabelecimento das pau-
conversas. A conversa com esta voz sas, da intimidade, o casal pôde co-
de medo do encontro sexual possibi- locar seus corpos em diálogo. Rela-
litou a ampliação do diálogo com seus tam que se tocavam mais, se olhavam
múltiplos entendimentos de relação mais, sem presa e sem obrigação de
sexual; a voz da cultura que regulava terem relações sexuais. Só o prazer
uma frequência semanal para o sexo do abraço, de retomarem adormecer
em nome da saúde e a voz de sucesso abraçados, de conhecerem o corpo e
na parceria do casal que passou a legi- as sensações corporais um do outro.
timar uma nova forma de intimidade, Sem certos e errados, buscaram en-
mais qualitativa, em seus entendimen- tender o caminho dos seus desejos. A
tos. Em uma sessão a esposa relata terapia era o momento de conversa, de
poucos momentos de pausa, descanso criação de intimidade deles. As sessões
e intimidade a dois. A pausa para este se tornaram um espaço de pausa, no
casal era um momento de reencontro significado deles, de diálogo, no nosso
em sua conjugalidade, algo cada vez entendimento.
mais raro em seus cotidianos. No final de um ano de psicoterapia
Nas conversações terapêuticas apa- relatavam mais afetividade, afinida-
receram outros arranjos para a rotina de, intimidade e satisfação em suas
do casal, criando mais momentos de explorações das sensações corporais.
pausa, reivindicados por ela, de esta- Relatavam também que a frequência
rem juntos sem tarefas e isso foi au- sexual não havia mudado, mas que
mentando o nível de intimidade. havia mudado o significado da intera-
Minha participação mais significa- ção sexual.
tiva foi buscar entender o significado
de fracasso na sexualidade deste casal.
Chamou minha atenção um tom rís- O SEXO DIALÓGICO E PENSAMENTOS
pido contra eles mesmos, diferente da FINAIS
forma como apresentavam o sucesso
em suas vidas. Então perguntei quem Esta não é uma proposta ideal, ela é
era a voz que criticava a vida sexual, uma proposta humana. Incentivamos
me interessei em conhecer sua origem o interesse entre as pessoas em se co-
sócio-histórica e dos discursos inter- nhecerem e estarem umas com as ou-
nalizados que legitimavam a crítica tras, criando espaços de intimidade,
causadora do mal-estar. Este trabalho respeito e curiosidade com suas pró-
se baseou no meu conceito de perso- prias sensações corporais e colocarem
nagens internos, uma possibilidade essas sensações no diálogo. Quando
para a prática desessencializadora da estamos interessados, podemos enten-
identidade das pessoas e promovedo- der quem é o nosso companheiro(a).

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


Podemos nos engajar no diálogo,  Anderson, H. (2009). Conversação, lin- O sexo dialógico: um conceito
guagem e possibilidades: um enfoque facilitador para conversações 81
aprender sobre ele, sua história e coe- sobre práticas sexuais
rências,  enquanto nos abrimos para pós-moderno da terapia. São Paulo: Telma Lenzi

sermos entendidos e conhecidos. Roca. Bruno Lenzi

Nesta prática do sexo dialógico, de Anderson, H. & Gehart, D. (Eds.). (2007).


aceitação e conhecimento de si e do Collaborative Therapy: Relationships
outro, enriquecemos nosso conheci- And Conversations That Make a Dif-
mento e nos transformamos,  dissol- ference. London: Routledge.
vendo julgamentos e construindo en- Borges, L. S., Canuto, A. A. A., Oliveira,
tendimento. Quaisquer práticas que D. P., & Vaz, R. P. (2013). Abordagens
não incluam julgamento,  desrespeito de gênero e sexualidade na psicolo-
e crítica se caracterizam como práticas gia: revendo conceitos, repensando
colaborativas de paz. práticas. Psicologia: ciência e profis-
O convite do sexo dialógico é por são. 33(3), 730-745.
reflexões em terapia que inspirem Borges, L. S. (2014). Feminismos, teo-
uma prática sexual interessada em ria queer e psicologia social crítica:
satisfazer os envolvidos. Um encon- (re) contando histórias. Psicologia
tro íntimo, no sentido em que há in- & Sociedade, 26(2), 280-289.
teresse e atenção entre os participan- Foucault, M. (2001). História da sexu-
tes, cada qual com seu significado e alidade I: a vontade de saber. Rio de
expectativas para o sexo. Eles dialo- Janeiro: Graal.
Foucault, M. (2004).  Ética, sexuali-
gam corporificadamente, se engran-
dade, política. São Paulo: Forense
decendo com o conhecimento mútuo, 
Universitária.
se transformam na intimidade do
Foucault, M. (2007). História da sexua-
sexo construído colaborativamente e
lidade, 2: o uso dos prazeres. Rio de
se exploram no corpo e na palavra, 
Janeiro: Graal.
aprendendo um com o outro sobre a
Gergen, K. J. (1994). Realities and re-
construção do prazer na relação e res-
lationships: soundings in social con-
pondendo com o outro na linguagem
struction. Cambridge: Harvard
em desenvolvimento para satisfação
University Press.
mútua. O resultado é a liberdade de
Gergen, K. J. (2009). Construção social
conhecer seus significados de sexua-
e comunicação terapêutica. Nova
lidade e prática sexual, enquanto os
Perspectiva Sistêmica, 33, 9-36.
experimenta e desenvolve com os
Gergen, K. J., Hoffmann, L., & Anderson,
participantes legítimos deste enten- H. (1996). Is diagnosis a disaster?
dimento. O sexo dialógico dissolve as A constructionist trialogue. In F.
possibilidades de violência sexual e W. Kaslow (Ed.), Handbook of re-
promove responsabilidade relacional lational diagnosis and dysfunctional
na busca de prazer. family patterns (pp. 102-118). New
Você aceita o convite para refletir as Jersey: Willey.
práticas sexuais como um diálogo? Gergen, K. J. & McNamee, S. (2010). Do
discurso sobre a desordem ao diálo-
go transformador. Nova Perspectiva
REFERÊNCIAS Sistêmica, 38, 47-62.
Hoffmann, L. (2007). The art of “with-
Andersen, T. (2002). Processos reflexivos ness”: A New Bright Edge. In H.
(2ª ed.). Rio de Janeiro: Noos. Anderson & D. Gehart (Eds.), Col-

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.


laborative Therapy: Relationships TELMA LENZI
82 NPS 60 | Abril 2018
And Conversations That Make a Movimento - Clínica e Escola de Psi-
Difference (pp. 63-80). London: cologia Sistêmica, Florianópolis/SC,
Routledge. Brasil.
Lenzi, B., Dos Anjos, A. C., Westphal, A. E-mail: [email protected]
C., Raffs, K. C., Gonçalves, L., Ger-
mani, M., Apóstolo, M. V., & Cichela,
V. (2015). A construção da postura BRUNO LENZI
profissional para o encontro tera- Movimento - Clínica e Escola de Psi-
pêutico. Nova Perspectiva Sistêmica, cologia Sistêmica, Florianópolis/SC,
53, 07-23. Brasil.
Lenzi, B. (2017). O fazer é o estar em E-mail: [email protected]
terapia dialógico colaborativa. Nova
Perspectiva Sistêmica, 57, 37-52.
Lenzi,T. (2013). Personagens internos.
Nova Perspectiva Sistêmica, 47,
86-98.
Louro, G. L. (2000). Escola e Identidade.
Educação & Realidade, 25(2), 59-76.
Louro, G. L. (2004). Um corpo estra-
nho: ensaios sobre sexualidade
e Teoria Queer. Belo Horizonte:
Autêntica.
Maturana, H. & Rezepka, S. N. (2008).
Formação humana e capacitação (5ª
ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
McNamee, S. & Gergen, K. J. (1999).
Relational Responsability. Resources
for sustainable dialogue. Thousand
Oaks, CA: Sage Publications.
Nogueira, C. (2001). Contribuições do
construcionismo social a uma nova
psicologia do gênero. Cadernos de
Pesquisa, 112, 137-153.
Rasera, E. F., Teixeira, F. B., & Rocha,
R. M. G. (2014). Construcionismo
social, comunidade e sexualidade:
trajando com travestis. In C. Gua-
naes-Lorenzi, M. S. Moscheta, C.
M. Corradi-Webster, & L. V. Sou-
za. (Orgs.), Construcionismo Social:
discurso, prática e produção de co-
nhecimento (pp. 289-301). Rio de
Janeiro: Noos.
Shotter, J. (1993). Conversational Re-
alities. Constructing life through lan-
guage. London: Sage.

Nova Perspectiva Sistêmica, n. 60, p. 71-82, abril 2018.

Você também pode gostar