Figuras de Linguagem - Resumo e Exemplos - Norma Culta

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ESTILÍSTICA

Figuras de linguagem
Flávia Neves
Professora de Português

Figuras de linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos utilizados na
linguagem oral e escrita que aumentam a expressividade da mensagem.

Existem várias figuras de linguagem: umas são mais conhecidas; outras, menos conhecidas. Umas são
mais utilizadas na linguagem oral; outras, na linguagem escrita. Umas são mais usadas na prosa;
outras, na poesia.

Quais são todas as figuras de linguagem?

Existem diversas figuras de linguagem. Estão subdivididas em: figuras de palavra, figuras de
construção, figuras de pensamento e figuras de som.

Figuras de Alegoria, perífrase ou antonomásia, catacrese, comparação ou símile, metáfora,


palavras metonímia, sinédoque, sinestesia.

Figuras de Anacoluto, anáfora, anástrofe ou inversão, hipérbato, sínquise, assíndeto,


construção polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo ou redundância.

Figuras de Antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação ou clímax, hipérbole, ironia, paradoxo ou


pensamento oxímoro, prosopopeia ou personificação.

Figuras de
Aliteração, assonância, onomatopeia, paronomásia.
som

Conheça cada figura de linguagem de forma pormenorizada:

Paradoxo

No paradoxo (ou oxímoro) ocorre a associação de conceitos contraditórios na representação de uma só


ideia, passível de ser real, mesmo que antagônica.

“É ferida que dói e não se sente./É um contentamento descontente.” (Luís de Camões)


“Sendo a sua liberdade/Era a sua escravidão.” (Vinicius de Moraes)

Leia mais sobre o paradoxo ou oxímoro.


Pleonasmo

No pleonasmo (ou redundância) ocorre repetição de ideias, havendo um uso excessivo de palavras na
transmissão de uma mensagem. Sendo um pleonasmo literário, a repetição de ideias é intencional,
visando intensificar o valor expressivo das palavras.

“Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!” (Fernando Pessoa)
“E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Morais)

Leia mais sobre o pleonasmo ou redundância.

Metáfora

Na metáfora ocorre uma comparação entre dois elementos com características em comum. Essa
característica não se encontra, contudo, salientada, estando a comparação implícita.

“As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente.” (Mário Quintana)
“Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas.” (Clarice Lispector)

Leia mais sobre a metáfora.

Metonímia

Na metonímia ocorre a substituição de palavras com sentidos próximos, ou seja, que partilham uma
relação de contiguidade ou proximidade de sentido. Pode haver troca do efeito pela causa, da parte
pelo todo, do autor pela obra, da marca pelo produto,...

“E o médico veio de Chevrolé” (Oswaldo de Andrade)


“Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda os estudos deCzerny.” (Murilo Mendes)

Leia mais sobre a metonímia.

Eufemismo

No eufemismo ocorre a utilização de palavras agradáveis em substituição de outras mais chocantes, de


forma a suavizar o discurso e evitar assuntos desagradáveis.

“Quando a Indesejada das gentes chegar (…)” (Manuel Bandeira)


“Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim... Descolorirá”. (Vinicius de
Moraes)

Leia mais sobre o eufemismo.

Elipse
Na elipse ocorre a omissão de termos da oração. Essa omissão não prejudica, contudo, a compreensão
da mensagem. Pode haver elipse de sujeito, elipse de verbos, elipse de preposições,...

“No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Luís de Camões)


“Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.” (Antônio Olavo Pereira)

Leia mais sobre a elipse.

Onomatopeia

Onomatopeias são palavras que reproduzem sons, indicando de forma escrita os ruídos produzidos
pelo ser humano, pelos animais, por objetos e na natureza.

O bum da explosão foi ouvido em toda a cidade.


O ovo caiu da mesa e fez ploft no chão.

Leia mais sobre a onomatopeia.

Ironia

Através da ironia transmite-se, de forma intencional, o oposto do que se pretende realmente


transmitir, visando satirizar uma determinada situação.

“Moça linda bem tratada,/três séculos de família,/burra como uma porta: um amor!” (Mário de
Andrade)
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.” (Monteiro Lobato)

Leia mais sobre a ironia.

Hipérbole

Na hipérbole ocorre a intensificação de uma sentimento ou ação, que se traduz num grande exagero da
realidade.

“Rios te correrão dos olhos, se chorares!.” (Olavo Bilac)


Já te disse um milhão de vezes para irmos embora.
Estou morrendo de fome.

Leia mais sobre a hipérbole.

Sinestesia

Na sinestesia ocorre a combinação de diferentes sensações numa só sensação, ou seja, ocorre a mistura
de sensações provenientes de diferentes sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição).
“É uma sombra verde, macia e vã.” (Carlos Drummond de Andrade)
“Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.” (Carlos Drummond de Andrade)

Leia mais sobre a sinestesia.

Antítese

Na antítese ocorre a aproximação de conceitos contrários, sendo enfatizada essa relação de


antagonismo.

“Tristeza não tem fim,/Felicidade, sim.” (Vinicius de Moraes)


“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)

Leia mais sobre a antítese.

Prosopopeia ou personificação

Na prosopopeia ou personificação ocorre a atribuição de características, sentimentos e ações humanas


a seres inanimados e/ou irracionais.

“O cipreste inclina-se em fina reverência/e as margaridas estremecem, sobressaltadas.” (Cecília


Meireles)
“A água não pára de chorar.” (Manuel Bandeira)

Leia mais sobre a prosopopeia ou personificação.

Comparação

Na comparação (ou símile) ocorre, como o nome indica, a comparação entre elementos que
apresentam uma característica em comum. São utilizados conectivo comparativo (como, feito, tal qual,
que nem, igual a,…).

“Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela flecha de um caçador.” (Cecília
Meireles)
“A Via Láctea se desenrolava/Como um jorro de lágrimas ardentes.” (Olavo Bilac)

Leia mais sobre a comparação ou símile.

Aliteração

Na aliteração ocorre a repetição ritmada e harmônica de sons consonantais. Aparece,


predominantemente, nos fonemas iniciais das palavras.

“Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...” (Eugênio de Castro)


“Chove chuva, chove sem parar.” (Jorge Bem Jor)
O rato roeu a roupa do rei de Roma. (Trava-língua popular)

Leia mais sobre a aliteração.

Catacrese

Na catacrese são utilizadas palavras no seu sentido figurado por falta de outra palavra que corresponda
ao conceito que se pretende nomear. Frequentemente são atribuídas características de seres vivos a
seres inanimados.

“Dobrando o cotovelo da estrada, [...]” (Graciliano Ramos)


Você não retirou a pele do tomate?

Leia mais sobre a catacrese.

Silepse

Na silepse ocorre uma concordância com termos subentendidos ou com a ideia que se pretende
transmitir, não com as palavras que compõem a frase. Pode haver silepse de gênero, silepse de número
e silepse de pessoa.

“Conheci uma criança... mimos e castigos pouco podiam com ele.” (Almeida Garret)
“O casal de patos nada disse, (…). Mas espadanaram, ruflaram e voaram embora.” (Guimarães Rosa)

Leia mais sobre a silepse.

Anacoluto

O anacoluto é uma frase partida, ou seja, que apresenta uma quebra na sua estrutura sintática, sendo
concluída de forma alternativa.

“Eu, porque sou mole, você fica abusando.” (Rubem Braga)


Crianças, como ter paciência para elas?

Leia mais sobre o anacoluto.

Zeugma

No zeugma ocorre a omissão de um termo da oração anteriormente mencionado. Assim, essa omissão
não prejudica o entendimento da oração.

“O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano.”
(Chico Buarque)
“Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção de selos (...)” (José Lins do Rego).
Leia mais sobre o zeugma.

Gradação

Na gradação (ou clímax) ocorre a intensificação ou suavização progressiva da mensagem através do


encadeamento crescente ou decrescente de ideias.

“Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.”
(Machado de Assis)
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato)

Leia mais sobre a gradação ou clímax.

Hipérbato

No hipérbato ocorre uma inversão brusca na ordem normal das palavras numa frase.

“Mas, como o dele, batia/Dela o coração também.” (Manuel Bandeira)


“Não te esqueças daquele amor ardente/que já nos olhos meus tão puro viste.” (Camões)

Leia mais sobre o hipérbato.

Anáfora

Na anáfora ocorre a repetição de palavras no início de versos, orações ou períodos.

“É um caco de vidro, é a vida, é o sol/É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol.” (Tom Jobim)
“Era uma estrela tão alta!/Era uma estrela tão fria!/Era uma estrela sozinha/Luzindo no fim do dia.”
(Manuel Bandeira)

Leia mais sobre a anáfora.

Assonância

Na assonância ocorre a repetição harmônica e regular de sons vocálicos. Aparece, predominantemente,


na sílaba tônica da palavra.

A pálida lágrima da Flávia.


“Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...” (Eugênio de Castro)

Leia mais sobre a assonância.

Apóstrofe
A apóstrofe é o chamamento ou invocação de alguém ou de algo personificado. Equivale,
sintaticamente, ao vocativo.

“Pai, afasta de mim esse cálice, Pai” (Chico Buarque de Holanda)


“É, Senhor, o contrário que mais temo!” (Bocage)

Leia mais sobre a apóstrofe.

Polissíndeto

No polissíndeto ocorre o uso excessivo e repetitivo de conjunções entre palavras e orações.

“Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga)
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias
de cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas..." (Euclides da Cunha)

Leia mais sobre o polissíndeto.

Assíndeto

No assíndeto ocorre a ausência marcada de elementos de ligação entre palavras e orações, como
conectores e conjunções.

“Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, sondava os arredores, bradava com desespero, até
ouvia duas notas estridentes, localizava o fugitivo, saía de casa como (…)” (Graciliano Ramos)
“A tua raça quer partir,/guerrear, sofrer, vencer, voltar.” (Cecília Meireles)

Leia mais sobre o assíndeto.

Sinédoque

Na sinédoque ocorre a substituição de um termo por outro com sentido mais reduzido ou mais amplo,
havendo uma substituição desigual, como o singular pelo plural, a classe pelo indivíduo,...

O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca.


Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói.

Leia mais sobre a sinédoque.

Paronomásia

Na paranomásia são utilizadas palavras parônimas na realização de jogos de palavras.

“Exportar é o que importa.” (Delfim Netto)


O passarinho pousou e posou, sentindo-se uma águia.
Leia mais sobre a paranomásia.

Perífrase

Na perífrase (ou antonomásia) ocorre a identificação indireta de um ser ou objeto através da sua
caracterização, que é mais extensa e simbólica do que a simples utilização do termo correto.

“Cidade maravilhosa/Cheia de encantos mil/Cidade maravilhosa/Coração do meu Brasil.” (Rio de


Janeiro, por Caetano Veloso)
“Leia mais repercussões sobre a morte da Dama de Ferro.” (Margaret Thatcher, por Globo)

Leia mais sobre a perífrase ou antonomásia.

Alegoria

A alegoria é conjunto simbólico que visa transmitir uma mensagem com um segundo sentido, além do
sentido literal das palavras.

“A vida é uma ópera, é uma grande ópera. [...] Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é
excelente…” (Machado de Assis)
Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas. (provérbio popular)

Leia mais sobre a alegoria.

Anástrofe

Na anástrofe (ou inversão) ocorre uma leve inversão na ordem normal das palavras numa frase.

“Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)


“Memória em nós do instinto teu.” (Fernando Pessoa)

Leia mais sobre a anástrofe ou inversão.

Hipálage

Na hipálage ocorre a atribuição de uma característica de um ser ou objeto a outro ser ou objeto que se
encontra relacionado com ele ou próximo dele.

“Fumando um pensativo cigarro.” (Eça de Queirós)


“O silêncio desaprovador dos meus colegas.” (Camilo Castelo Branco)

Leia mais sobre a hipálage.

Sínquise
Na sínquise ocorre uma inversão de tal forma violenta na ordem normal das palavras na frase que leva
à desconstrução dessa frase.

“A grita se alevanta ao Céu, da gente.” (Camões).


“Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.” (Camões)

Leia mais sobre a sínquise.

Classificação das figuras de linguagem

Conforme o aspecto da linguagem a que se referem (fonológico, semântico ou sintático), as figuras de


linguagem podem ser classificadas em: figuras de palavra, figuras de construção, figuras de
pensamento e figuras de som.

Figuras de palavras

As figuras de palavras (ou semânticas, ou tropos) dão ênfase ao aspecto semântico da linguagem.
Caracterizam-se principalmente pela substituição, comparação e associação de palavras, enfatizando o
seu sentido figurado. São:

alegoria;
perífrase ou antonomásia;
catacrese;
comparação ou símile;
metáfora;
metonímia;
sinédoque;
sinestesia.

Figuras de construção

As figuras de construção (ou de sintaxe, ou de criação) dão ênfase ao aspecto sintático da linguagem.
Caracterizam-se principalmente por criarem uma mudança na estrutura natural da oração, como
inversão, repetição ou omissão de termos. São:

anacoluto;
anáfora;
anástrofe ou inversão;
hipérbato;
sínquise;
assíndeto;
polissíndeto;
elipse;
zeugma;
silepse;
hipálage;
pleonasmo ou redundância.

Figuras de pensamento

As figuras de pensamento dão ênfase ao aspecto semântico da linguagem. Caracterizam-se


principalmente pela exploração do sentido das palavras, usando-os para provocar emoções no leitor
através de: suavização de termos, enfatização de termos, junção de conceitos opostos,… São:

antítese;
apóstrofe;
eufemismo;
gradação ou clímax;
hipérbole;
ironia;
paradoxo ou oxímoro;
prosopopeia ou personificação.

Figuras de som

As figuras de som (ou de harmonia) dão ênfase ao aspecto fonológico da linguagem. Caracterizam-se
principalmente pela repetição ou imitação de sons. São:

aliteração;
assonância;
onomatopeia;
paronomásia.

Exercícios sobre figuras de linguagem

Teste os conhecimentos que aprendeu através da realização de diversos exercícios sobre as figuras de
linguagem!

1. Qual a figura de linguagem presente na frase “Meu pensamento é um rio


subterrâneo.", de Fernando Pessoa?

a) comparação

b) metonímia

c) metáfora

d) eufemismo

a) comparação
2. Indique a opção em que não ocorre paradoxo.

a) Ela vive sonhando acordada.

b) Vivemos numa época de liberdade escrava.

c) Teremos que repetir de novo todos os exercícios.

d) A professora exclamou: “Sábia ignorância!”.

c) Teremos que repetir de novo todos os exercícios.

3. Qual a figura de linguagem presente na frase “Vem da sala de linotipos a doce música
mecânica.”, de Carlos Drummond de Andrade?

a) comparação

b) sinestesia

c) metáfora

d) eufemismo

b) sinestesia

Realize mais exercícios sobre as figuras de linguagem no artigo Exercícios sobre figuras de linguagem.
No final, há gabarito com as respostas certas.

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Flávia Neves
Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto
m Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.

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