Nefro - Resumo
Nefro - Resumo
Nefro - Resumo
NEFROLOGIA - 8º período
Prof.: Arnauld Kaufman e Fabrício Guimarães
RELAÇÕES ANATÔMICAS
Os rins são órgãos pares, em forma de grão de feijão,
localizados logo acima da cintura, entre o peritônio e a parede
posterior do abdome. Sua coloração é marrom avermelhado.
Os rins estão situados de cada lado da coluna vertebral, por
diante da região superior da parede posterior do abdome, estendendo-
se entre a 11ª costela e o processo transverso da 3ª vértebra lombar
(T12-L3). São descritos como órgãos retroperitoneais, por estarem
posicionados por trás do peritônio da cavidade abdominal.
Os rins são recobertos pelo peritônio e circundados por uma
massa de gordura e de tecido areolar frouxo. Cada rim tem cerca de
11-13 cm de comprimento, 5 a 7,5 cm de largura e um pouco mais que 3
cm de espessura. O esquerdo é um pouco mais comprido e mais estreito
do que o direito. O peso do rim do homem adulto varia entre 130 a
170 g. O rim direito normalmente situa-se ligeiramente abaixo do rim
esquerdo devido ao grande tamanho do lobo direito do fígado.
Fáscia de Gerota:
Possui importância estrutural apenas. Está fascia cria um
compartimento no peritônio, e o rim fica dentro. Em caso de
Secção Frontal
• Cápsula renal:
Membrana fina, transparente, lisa que recobre completamente o rim. É
facilmente destacável do parênquima renal. Em um paciente renal
crônico, a cápsula perde todas essas características ficando rugosa,
opaca e aderida ao parênquima renal.
• Córtex:
Uma área avermelhada de textura lisa, com cerca de 2cm de espessura.
- Colunas de Bertin: As partes do córtex renal que se estendem
entre as pirâmides renais.
• Medula:
Uma área marrom-avermelhada profunda.
- Pirâmides: estruturas cuneiformes, na parte interna da
medula, que possuem uma base larga voltada para o córtex, e o
vértice é voltado para as vias urinárias.
• Pelve Renal:
- Cálices: as pirâmides desaguam nos cálices, o qual vai para
pelve renal e logo para o ureter.
Vascularização renal
A vascularização arterial é dita terminal, não tem colaterais,
portanto se houver oclusão, resultará em isquemia. A artéria renal é
habitualmente única, saindo diretamente da aorta – há indivíduos que
têm duas ou três artérias renais, mas o comum é ter apenas uma.
Pode haver a artéria polar, que sai da aorta e irriga o polo
superior ou polo inferior. Como não há sistema colateral, caso um
dos ramos da artéria renal obstrua ocorrerá necrose da área que esse
vaso era responsável.
Nefrón
O néfron é a unidade morfofuncional ou a unidade produtora de
urina do rim. Cada rim contém cerca de um milhão de néfrons. A forma
do néfron é peculiar, inconfundível, e admiravelmente adequada para
sua função de produzir urina.
Ele é formado por dois componentes principais:
• Corpúsculo Renal:
- Cápsula Glomerular (de Bowman);
- Glomérulo – rede de capilares sanguíneos enovelados dentro da
cápsula glomerular.
• Túbulo Renal:
- Túbulo contorcido proximal;
- Alça do Néfron (de Henle);
- Túbulo contorcido distal;
- Túbulo coletor.
• Corpúsculo Renal:
- Cápsula de Bowman:
- Células epiteliais parietais.
- Espaço de Bowman:
- A cápsula determina um espaço entre a cápsula e o capilar –
pode também ser chamado de espaço urinário.
- Aparelho Justaglomerular:
- Mácula Densa (células que sinalizam fluxo de cloro, fluxo de
sódio; se está havendo fluxo renal intenso ou precário e sinalizam
questões de hemodinâmica sistêmica).
- Arteríola aferente e eferente.
- Região mesangial extraglomerular.
- Células granulares e agranulares.
• Glomérulo:
- Glomérulo:
- Mesângio
- Células Endoteliais
- Membrana Basal
- Células epiteliais
- Mesângio: responsável pela sustentação do glomérulo
- Célula mesangial
- Matriz mesangial
- Laminiina
- Fibronectina
- Glicosaminoglicanos
• Parede Glomerular
- Céls. Endoteliais
- Fenestrações
- Membrana Basal
FISIOLOGIA RENAL
FUNÇÕES DO RIM
1 - Excretar escórias metabólicas, restos do metabolismo lipídico,
proteico e glicídico.
2 - Manutenção da homeostase (manutenção do meio em que a célula
vive; essas células necessitam de osmolaridade estável, ph estável,
equilíbrio eletrolítico = homeostase).
3 - Eliminação de toxinas (medicamentos, drogas e até mesmo
alimentos).
4 - Regulação endócrina da pressão arterial.
5 - Controle da massa eritrocitária (produção da eritropoietina).
6 - Controle do metabolismo ósseo (1,25 diidroxicolecalciferol) –
ativação da vitamina D.
7 - Metabolismo de hormônios (insulina, glucagon, PTH, calcitonina,
etc.).
Autorregulação
Fluxo sanguíneo constante entre 80 a 180mmHg (limite estimado)
- Processo intrínseco (desnervado)
- Teoria miogênica e/ou “feedback” túbulo-glomerular
GLOMERULOPATIAS
São doenças que acometem o glomérulo, dividida em 5 síndromes
principais: síndrome nefrítica (glomerulonefrite difusa aguda),
glomerulonefrite rapidamente progressiva, síndrome nefrótica,
Síndrome Nefrítica
Habitualmente, as doenças que envolvem síndrome nefrítica são
doenças inflamatórias (doenças com complexo Ag-Ac). Há um processo
inflamatório no glomérulo, normalmente na região mesangial e esse
processo inflamatório no glomérulo irá alterar a permeabilidade de
filtração.
SINAIS E SINTOMAS
> Hematúria
- Cilindros hemáticos.
- Hemácias dismórficas.
> Proteinúria < 3g/dia ou 50mg/Kg/dia
- Cilindros.
- Aumento dos poros devido alteração nos podócitos (proteinúria não
seletiva).
> Hipertensão
- Retenção de sódio e água.
> Azotemia
- Oligúria.
- Invasão de células inflamatórias e contração do espaço mesangial.
> Redução da filtração glomerular
- Esclerose glomerular.
- Obstrução tubular ou necrose tubular, diminuindo a superfície e a
TFG.
> Edema
- Retenção de sódio e água.
- Vasodilataçao
FISIOPATOLOGIA
ETIOLOGIA
(Nefrítica + Hematúria e/ou proteinúria assintomática + GNRP)
> Primária: ocorrem por lesão primária nos rins:
- Glomerulonefrite pós-estreptocócica
- Nefropatia por IgA
- Síndrome de Goodpasture
- Glomerulonefrite crescêntica
> Secundárias: uma outra doença que está causando a lesão
glomerular, sobretudo as imunológicas
- Doenças imunológicas: LES e vasculites
- Doenças infecciosas: endocardite bacteriana
Síndrome Nefrótica
É mais abrupta, é decorrente do aumento exagerado da
permeabilidade dos glomérulos as proteínas levando a proteinúria
SINAIS E SINTOMAS
> Proteinúria > 3,5g/dia:
- Proteinúria seletiva (SNLM) → albumina e transferrina.
- Proteinúria não seletiva: aumento no tamanho e no número de
poros.
> Hipoalbuminemia
- Capacidade de produção é menor que a excreção.
> Edema
- Retenção de sódio
> Hiperlipidemia
- Inversamente a albumina (estímulo a síntese hepática).
- Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia.
> Lipidúria
> Hipercoagulabilidade
- ↓ antititrombina III
> Insuficiência renal
> Infecções
- ↓ IgG
FISIOPATOLOGIA
ETIOLOGIA
> Primária:
- Glomerulopatia de lesão mínima
- Glomeruloesclerose segmentar e focal
- Glomerulonefrite membranosa
- Glomerulonefrite membranoproliferativa
> Secundária:
- Doenças Imunológicas: Lupus, vasculites, diabetes e
amiloidose.
- Doenças Infecciosas: endocardite bacteriana, hepatite B e C,
HIV, hanseníase e esquistossomose.
- Neoplasias, alérgenos, venenos e medicamentos (AINH e
lítio).
SÍNDROMES GLOMERULARES
> GN Rapidamente Progressiva
- Rápida perda da função renal (oligúria)
- Proteinúria e hematúria leve
Diagnóstico
> Biópsia renal (microscopia com imunofluorescência):
Região mesangial fica expandida (aumento do tecido mesangial e
pode haver aumento das células mesangiais) e ao realizar
imunofluorescência haverá deposição de IgA na região mesangial.
Prognóstico
- Insuficiência renal terminal - 15% em 10 anos / 25% em 20 anos:
O grande problema é que uma boa parte dos pacientes podem
evoluir com insuficiência renal ao longo de 10 a 15 anos. Geralmente
são os pacientes que se apresentam com síndrome nefrítica, que é
mais grave. Pior o prognóstico se houver HAS, insuficiência renal e
proteinúria nefrótica.
Tratamento
Maior parte não vai precisar de nenhum tratamento, evolução
costuma ser benigna pois o processo inflamatório costuma ser leve e
em poucos casos é mais grave e leva a síndrome nefrítica.
> IECA ou BRA, manter PA < 130 x 80mmHg e PTN < 1g por dia
> Ômega-3: 6 a 12g ao dia, Vitamina E: 400UI ao dia,
> Dieta pobre em antígenos (glúten e ovos),
> Tonsilectomia.
FORMAS GRAVES:
> Imunossupressão: corticóide e/ou citostáticos.
Primeiro inicia terapêutica singular e acompanha,se a proteinúria,
creatinina começar a subir inicia esse tratamento.
Glomerulonefrite Crescêntica
Síndrome rapidamente progressiva.
Fisiopatologia
> TIPO I: Anticorpo Anti-MB
Doença do anticorpo anti membrana basal. Principal causa é a
Síndrome de Goodpasture ou Glomerulonefrite anti-membrana basal.
Haverá ruptura da membrana basal do glomérulo, pois os AC começam a
atacá-la (auto anticorpos da membrana basal glomerular – pode atacar
apenas a MB do rim, bem como a MB alveolar também), sendo uma doença
muito grave.
Quando esses anticorpos acometem ambos os órgãos (rim +
pulmão), denominamos de Síndrome Goodpasture e acarreta hemorragia
pulmonar; quando ataca apenas o rim chama-se Glomerulonefrite anti-
MBG.
Manifestações Clínicas
- Rápida perda da função renal (oligúria ou anúria)
- Hematúria e proteinúria não nefrótica.
- HAS quando presente é leve
- Manifestações da doença sistêmica associada.
Exames laboratoriais
- Ac Anti-MBG positivo: tipo I
- Queda de C3, C4 e CH50: tipo II
- ANCA positivo: tipo III
Tratamento
- Imediato.
- Pulsoterapia de corticosteróide.
- Pulsoterapia de ciclofosfamida.
- Dose altíssima, dose de pico e fica um tempo sem usar o
medicamento.
- Plasmaférese (Tipo I) – retirada do plasma. Retirada do anticorpo
da membrana basal.
Obs1: pode ser feita no tipo III, em casos graves, para retirar
ANCA, já que ele desregulados neutrófilos que atacam os rins.
> Primária
- Idiopática
> Secundária
- HIV.
- Hereditária (mutação nefrina, podocina).
- Hiperfluxo (rim único, obesidade).
- Lesão tubulointersticial (refluxo vesicoureteral, nefropatia
analgésico, anemia falciforme).
- Drogas (Heroína, pamidronato, InF-alfa).
Epidemiologia
- 10% a 15% das sínd. Nefrótica na infância.
- 20% a 25% das sínd. Nefrótica no adulto.
- Criança < 5 anos e adulto <40anos.
- Discreto predomínio do sexo masculino.
- Predomínio em negros.
Manifestações clínicas
- Síndrome Nefrótica
- Hematúria (65%)
- Hematúria e proteinúria assintomática (30%)
- Insuficiência renal (30% em 5 anos e 60% em 10 anos)
Fisiopatologia
> Alteração da permeabilidade da parede capilar glomerular: temos
vários mecanismos fisiopatológicos distintos e quase todos geral
aumento da permeabilidade capilar.
- Fator circulante secretado por linfócitos que lesa as
células epiteliais viscerais: há uma substância no sangue do
paciente que predispõe a proteinúria. Esse fator circulante está
relacionado a lesão mínima, então o mesmo mecanismo que leva a GN
por lesão mínima, se persistir pode evoluir para GN segmentar e
focal no adulto. Não existe teste screening, não tendo como saber
quais pacientes terão o fator circulante e quais não terão.
- Hiperfluxo e microtrombos: por exemplo, um paciente com rim
único ou com massa corporal muito grande, que fazem hiperfluxo
glomerular. Os microtrombos podem ocorrer por exemplo na anemia
falciforme.
- Sequela de lesões glomerulares e/ou túbulo-intersticiais:
paciente com lesão renal prévia, abuso de analgésicos, com lesão do
parênquima renal crônica, que a médio e longo prazo podem evoluir
com GESF.
Patologia
- Segmentar
- Expansão da matriz mesangial
- Colapso das alças capilar
- Hialinização
- Atrofia tubular e fibrose intersticial
Tratamento
- Corticoide oral:
Prednisona (1 mg/kg/dia - no mínimo 6 meses).
Glomerulonefrite Membranosa
Descrita como a principal causa de síndrome nefrótica em
adultos (textos antigos).
Avaliar causa secundária (neoplasia).
Manifestações Clínicas
Predomínio do sexo masculino (2:1), > 45 anos: são geralmente
pacientes mais velhos. Doença de instalação insidiosa.
Fisiopatologia
- Anticorpos contra antígenos, existem dois mecanismos. Como o
imunocomplexo na glomerulonefrite membranosa está na região
subepitelial, o anticorpo circulante se liga ao antígeno da região
subendotelial, podendo ser:
- Endógenos nos podócitos – primárias (anticorpos anti-
fosfolipase A2).
- Exógenos fixadas à MBG.
- Depósitos imunes sub-epiteliais.
- Ativação de resposta inflamatória.
- Anticorpo contra receptor da fosfolipase A2.
Tratamento
> Sintomático
- IECA
- Estatina
Glomerulonefrite Membranoproliferativa
- GN Mesangiocapilar
> Primária
> Secundária
- Hepatite C
- Esquistossomose
- Crioglobulinemia: Vasculite caracterizada por imunocomplexo
circulante.
- Sínd. Sjogren, Sarcoidose,
- Doença mielo linfoproliferativas
Manifestações Clínicas
- Síndrome Nefrítica e Nefrótica em 70% dos casos
- Sínd. Nefrítica - 20% - Tipo II
- Hipocomplementemia (↓C3)
Pela lesão ser subendotelial, fica muito próxima do sangue, e
portanto, a resposta inflamatória fica muito exacerbada. Portanto,
na GNMP teremos consumo e redução do complemento, sendo esse fator
diagnóstico o que orienta o nosso diagnóstico mais rapidamente.
Fisiopatologia
> Tipo I
- Imunocomplexos
- Depósitos imunes subendotelial e mesangial
- Ativação do complemento (clássica)
Temos formação de imunocomplexos, depósitos imunes na região
subendotelial e consequente ativação do complemento, e por isso ele
cai.
> Tipo II
- Depósitos densos não-imunes
- Mecanismo Anticorpo anti-C3 convertase
Biópsia
- Espessamento da membrana: DUPLO CONTORNO.
- Proliferação de células inflamatórias.
Tratamento
> GNMP secundária
- Hepatite C – Tratar o vírus (interferon e ribavirina).
- Esquistossomose – não responde ao tratamento.
Na esquistossomose é mais complicado, pois o tratamento da
doença não melhora a glomerulopatia, pois alguns antígenos
continuam. Os ovos ficam impactados nos capilares mesentéricos, ao
tratar, os ovos morrem, mas permanecem no local sendo foco de
antígenos, estimulando constantemente o sistema imune.
Prognóstico
- 10% remissão espontânea.
- 50 – 60% evoluem com perda da função renal em 10 a 15 anos.
● GN segmentar e focal:
- Nefrótica e Nefrítica.
- Nefrítica.
● GN membranoso:
- Nefrótica.
- Hematúria assintomática.
● GN membranoproliferativa:
- Nefrítica e nefrótica.
● GN pós infecciosa:
- Nefrítica.
- Rapidamente progressiva.
- Hematúria assintomática.
- Nefrítica.
- Rapidamente progressiva.
● GN crescêntica:
- Rapidamente progressiva.
PROTEINÚRIA
A proteinúria tem valor no prognóstico da doença. Quanto pior
a proteinúria, maior a lesão, mais rápido perde a função, e
consequentemente mais rápido ele irá necessitar de diálise.
Isso ocorre porque as células tubulares tentam reabsorver mais
rapidamente essas proteínas, e isso acelera o processo de destruição
do interstício renal. Portanto, mesmo que não se trate a doença de
base, existem medidas que devem ser estabelecidas em todos os
pacientes com proteinúria glomerular.
SÍNDROME NEFRÍTICA
Quadro de início súbito com graus variados de:
- Hematúria (glomerular, cilindros hemáticos).
- Hemácias dismórficas.
- Hipertensão (retenção de sódio e água).
- Insuficiência renal.
- Aumento de creatinina e ureia (azotenia).
- Proteinúria patológica (menor que 50mg/kg/dia).
- Edema.
Agentes Etiológicos:
> Bactérias: Streptococcus B-hemolítico do grupo A, S. viridans, S.
pneumoniae, S. aureus, S. epidermidis, Klebsiella sp, Meningococcus
sp., Salmonella tiphi, Micoplasma pneumoniae, Corynebacterium.
> Vírus: Echo, Coxsackie B4, Epstein-Baar, CMV, Influenza, A2,
caxumba, rubéola, varicela, hepatite B, herpes.
> Protozoários: Plasmódio, Toxoplasma, Trichinella, Ricketsia.
> Fungos.
> Drogas: penicilina, sulfonamidas, sais de mercúrio e sais de iodo,
sais de ouro.
> Vacinação: tríplice, antitoxinas, antígenos exógenos,
tireoglobulinas.
Fisiopatologia:
- Depósito de imunocomplexos.
- Antígeno-endostreptosina.
- Ativação do complemento.
A cascata do complemento que vai fazer o complexo de ataque a
membrana.
- Atividade inflamatória no glomérulo.
Quadro Clínico:
- Crianças de 7 a 10 anos de idade – sexo masculino.
- Contato interpessoal, locais fechados, crianças em idade escolar.
- Infecções de vias respiratórias e pele.
- Período de latência > 3 semanas.
- Hematúria, edema e oligúria.
- Hipertensão arterial.
- Clinicamente hipertensa + edema discreto.
Exames Laboratoriais:
- Sedimento urinário – cilindros hemáticos e leucócitos (EAS)
- Proteinúria – menor que 3g/24h
- Aumento da ureia e creatinina (< FG)
- Diminuição do complemento sérico – C3
- Prova de infecção estreptocócica – ASO (antiestreptolisina O):
pode se negativo por ser causado por outra bactéria ou por já ter
resolvido.
Evolução:
- Recuperação na maioria dos casos:
Cerca de 90 a 95% das crianças tem recuperação espontânea –
restrição de volume, diurético, pressão controla, hematúria é
resolvida, a disfunção renal será resolvida, resolução da síndrome
nefrítica.
Em 5% das crianças não é assim, essas crianças acabam
evoluindo para uma síndrome rapidamente progressiva e o tratamento
será através de pulsoterapia com corticoides, internação, realiza-se
biópsia renal.
- Mortalidade menor que 1%.
- EAS alterado por 1 a 2 anos.
Histologia:
- A biópsia renal não está indicada na maioria dos casos devido a %
de recuperação.
- Deve ser feita nos casos de evolução lenta ou com grande
comprometimento da função renal.
- Indicações de Biópsia:
> Hematúria macroscópica, hipertensão e retenção de escórias
persistentes por mais de 3 a 4 semanas.
> Oliguanúria persistente por mais de 48 a 72 horas:
diminuição do débito urinário sem responder a volume (desidratação)
e a diurético (hipervolêmico).
> Proteinúria e hematúria microscópica duradouras por mais de
12 a 18 meses.
> Associação com síndrome nefrótica de longa duração por mais
de 4 a 6 semanas: presença de hipoalbuminemia.
> Complemento sérico persistentemente baixo por mais de 2
meses.
Tratamento:
- Restrição de sal, líquidos e proteínas.
- Hipotensores: IECA, BRA, BB.
- Diuréticos – furosemida, BCC, IECA.
Principal mecanismo é retenção de água e sal. O melhor
tratamento é o diurético de alça. Diurético é pra resolver a
hipervolemia do paciente. Se resolveu não é pra continuar usando
diurético.
- Não há necessidade de erradicar Strepto com antibioticoterapia –
não tem indicação por conta da resolução da doença.
- Sintomática, não se usa corticosteróide.
SÍNDROME NEFRÓTICA
Pouco comum na infância. Cerca de 80 a 90% das síndromes
nefróticas na infância estão associadas a lesão mínima (cortiço-
sensíveis na prática). Acomete principalmente pré-escolar 2 a 6
anos, sendo que no sexo masculino a incidência é maior que no sexo
feminino.
Quadro clínico:
- Edema
- Proteinúria maior que 3,0 g/dia ou 50mg/kg/dia
- Hipoalbuminemia
- Hipercolesterolemia
- Oligúria
- Lipidúria
Fisiopatologia:
- Reação Ag-Ac + C _ diminuição C1q.
- Disfunção de célula T - (altera a carga da membrana basal e dos
podócitos).
Patogenia:
> Proteinúria: aumenta a taxa de filtração, aumenta concentração
plasmática, aumento de permeabilidade glomerular.
- Inicialmente a criança vai urinar muito e a proteína é
osmoticamente ativa.
- Até um segundo momento em que o meio intravascular diminui a
volemia e o doente começa a ter menor filtração e irá ativar o
sistema renina angiotensina aldosterona.
Por conta da hipovolemia e redução da pressão oncótica, perfunde
menos a mácula densa a nível do aparelho justaglomerular, renina-
angiotensina-aldosterona, retenção de sal e água, refaz o
intravascular, pouca proteína levando a edema periorbitário,
ascético, de bolsa escrotal.
> Hiperlipidemia.
– Papel da hipoalbuminemia.
> Hipercoagulabilidade.
Exames Laboratoriais:
> Sangue:
- aumento do colesterol, triglicerídeos e lipídios séricos;
- redução da albumina (abaixo de 2,5).
> EAS:
- cilindros hialinos e graxos, proteinúria (3+/4+).
> Urina de 24 horas:
– proteinúria nefrótica.
> Complemento sérico normal.
Evolução:
Em pediatria a Síndrome Nefrótica é classificada de acordo com
a resposta ao corticóide:
Resposta ao tratamento:
Iniciou o tratamento com corticoide (dose de 2mg/kg/dia ou
60mg/m² de substância corpórea em uma criança maior) e ela entrou em
remissão. Mais ou menos por volta da 4ª a 6ª semana da doença começo
a retirada do corticoide até suspender.
15 dias após a suspensão do corticóide, se o doente permanece
em remissão ele é classificado como córtico-sensível. Ele
classifica-se como córtico-sensível quando ele permanece em remissão
da síndrome nefrótica após 15 dias de suspensão do tratamento. Ela
pode até ter recidivas algum tempo depois, mas ela é córtico-
sensível.
Biópsia Renal:
- Início no 1º ano de vida:
Em crianças menores de 1 ano, normalmente tenho síndrome
nefrótica associada a doenças infecciosas (citomegalovírus e herpes
por exemplo) ou temos as formas congênitas.
- Hematúria, principalmente associada com hipertensão arterial:
Tratamento:
> Hospitalização:
- Quase frequente a hospitalização, pois devido ao tratamento
fica imunossuprimido ficando propensa a infecções.
> Atividade normal.
> Restrição de sal e aumento de ingesta de proteínas:
- Restrição de sal para aldosterona e não aumentar o edema.
> Diuréticos:
- Por conta da hipovolemia, utilizar com cautela.
> Corticoide – prednisona 2mg/kg/dia ou 60mg/m²/dia.
> Citostáticos quando for corticorresistente: ciclosporina e
micofenolato induzem a cortico sensibilidade.
GLOMERULOPATIAS SECUNDÁRIAS
Uma série de doenças que podem cursar com glomerulonefrites
secundárias. A grande maioria está agrupada nas doenças
reumatológicas (como Lúpus; vasculites; glomerulomatose de Wergener;
Esclerodermia; Sd de Sjogren; artrite reumatoide; sarcoidose, essas
3 ultimas dão mais alterações intersticiais do que glomerular),
doenças infecciosas (esquistossomose, HIV, hepatite B, hepatite C,
malária, esquistossomose, hanseníase, sífilis; as pós infecciosas
como a estreptocócica, endocardite, etc.) e neoplasias (tanto os
Nefrite Lúpica
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória
multissistêmica auto-imune. O rim é um dos principais órgãos-alvo do
LES. Até 60% dos pacientes adultos com LES apresentam envolvimento
renal. A nefrite lúpica pode apresentar-se como a única manifestação
clínica do LES ou, mais comumente, como parte de um acometimento de
múltiplos órgãos. A severidade da nefrite varia muito, indo desde
lesões discretas com doença subclínica a formas proliferativas
difusas, com potencial de progredir para IRC terminal.
A biópsia renal é necessária para que se faça um diagnóstico
preciso da nefrite lúpica, mas a sua realização ainda é motivo de
controvérsias. O envolvimento renal é a principal causa de morbidade
e mortalidade em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES).
Fisiopatologia:
O LES é uma doença autoimune, em que a pessoa produz auto
anticorpos. Há produção de AC contra estruturas de núcleo celular
próprias, geralmente estruturas nucleares (anti-DNA, Anti-histona,
são todas moléculas de DNA e RNA). Os Anticorpos começam a atacar as
estruturas celulares e com isso o paciente apresentará manifestações
clínica variáveis, dentre elas temos as: pulmonares, cardíacas,
hematológicas, neurológicas, dermatológicas, reumatológicas,
nefrológicas.
A manifestação renal é muito variável – há pacientes lúpicos
que faz hematúria mínima durante a vida toda e há pacientes lúpicos
que em poucas semanas perde o rim. O resultado da biópsia é muito
variável. A medida que o paciente vai fazendo nefrites sucessivas,
vai perdendo um pouco da função, e grande parte dos pacientes acabam
evoluindo para diálise.
Classificação da OMS:
Essa é uma classificação histológica (não é clínica),
portanto, só classificar o paciente se fizer biópsia renal.
- Divisão em seis classes:
Características clínicas:
Tratamento:
A abordagem terapêutica ideal nos casos de nefrite lúpica
ainda é um desafio, devido à heterogeneidade da doença quando de sua
apresentação e ao curso imprevisível.
O tratamento da nefrite lúpica tem por metas resultados
imediatos e a longo prazo, como:
(1) remissão da atividade renal, de modo mais rápido possível;
(2) prevenção das reativações renais;
(3) prevenção ou interrupção da perda crônica da função renal;
Obs1: Classe III com menos de 25% dos glomérulos afetados podem ser
tratados como classe II (inibidores de ECA), no tipo IV sempre
inicia a pulsoterapia com corticoides.
Nefropatia Diabética
Lesão renal causada pelo diabetes mellitus caracterizada por
proteinúria e perda progressiva da função renal. Se não tiver
proteinúria, não é nefropatia diabética. Diferentemente do lúpus,
onde o paciente apresenta vários tipos de nefrites, no diabetes
todos os pacientes se apresentam da mesma forma, a lesão é a mesma.
Associada à elevada morbidade e mortalidade nesta população. A
nefropatia aumenta a mortalidade cardiovascular, esses pacientes,
normalmente, não morrem do rim, morrem de eventos cardiovasculares.
Epidemiologia:
Incidência cumulativa similar em DM tipo I e tipo II:
- DM Tipo I: 30 a 40%;
- DM Tipo II: 20 a 35%;
Fisiopatologia:
- Fatores Genéticos:
- Fatores Metabólicos:
Vários mecanismos que podem ser alterados pela hiperglicemia e
ausência de insulina. Cada comorbidade associada ao diabetes
apresenta fisiopatologia diferente. Para a nefropatia, o processo
fisiopatológico importante é a glicosilação não enzimática ou
glicação, que se refere à ligação irreversível da glicose a
proteínas (hemoglobina, albumina, proteínas de tecido e matriz) de
todos os tipos (ex: ligação à hemoglobina que pode ser dosada no
teste de hemoglobina glicada).
A lesão renal está relacionada à ligação da glicose a
proteínas da matriz mesangial. Ocorre glicosilação das proteínas
dessa região, e isso estimula as células a produzirem mais mesângio
(matriz mesangial), gerando proliferação dessa região do glomérulo.
A glicosilação é irreversível, por isso a Hb glicada dura por 3
meses, porque ela só irá se soltar quando as hemácias forem
eliminadas.
- Fatores Hemodinâmicos:
A grande maioria dos diabéticos, quando abrem a doença,
desenvolvem uma hiperfiltração (isso ocorre em praticamente 100% dos
diabéticos no início da sua doença). A filtração glomerular normal é
de 100-120 ml/minuto, e esses pacientes podem chegar 150-170
ml/minuto.
Não relacionado com a poliúria, que ocorre devido à diurese
osmótica causada pela glicose. Antigamente pensava-se que essa
hiperfiltração ocorria por esse efeito osmótico da glicose no
glomérulo, mas atualmente sabemos que não é isso que causa o
processo, mas sim alterações hemodinâmicas e nos contornos das
arteríolas aferente e eferente. Quase todos os pacientes diabéticos
entram em hiperfiltração já no início da doença. Essa hiperfiltração
não significa que esse paciente irá evoluir com nefropatia
diabética. Ela ocorre de maneira geral, mas nos pacientes
predisponentes, ela pode colaborar com o processo de nefropatia
diabética, principalmente se ocorre por um tempo mais prolongado.
Patologia:
• Glomeruloesclerose Difusa:
- Acometimento ocorre em todo o glomérulo.
Manifestações Clínicas:
I - Fase Inicial:
- Hiperfiltração glomerular;
- Clearance da creatinina aumentado;
- Ocorre em todos os diabéticos;
- Sem valor prognóstico;
- A primeira fase é a de hiperfiltração, é a que ocorre em quase
100% dos diabéticos. Ela não tem valor prognóstico, não quer dizer
que vai fazer nefropatia.
- Já há espessamento da membrana basal glomerular.
II - Fase silenciosa:
- Persistência do Clearance de creatinina elevado;
- Duração de 8 a 10 anos - Hiperfiltração glomerular;
- Alguns pacientes permanecem hiperfiltrando por muito tempo, parece
que esses pacientes têm mais risco de fazer nefropatia – seria outro
fator de risco.
Valores de albuminúria:
- Normal < 30mg/dia
- Microalbuminúria 30 a 300mg/dia
- Nefropatia > 300mg/dia
- 30% dos DM;
- Screening (anual):
- Amostra de urina da manhã = 30 a 300 Alb(mg)/Cr(g)
- Urina noturna 8 a 10h = 20 a 200 microgramas/min
- Urina 24 horas = 30 a 300mg/24h
IV - Nefropatia Clínica:
Nessa fase pode surgir a HAS, a retinopatia, e o paciente
evolui com insuficiência renal progressiva, onde a creatinina começa
a subir. Os pacientes nessa fase de nefropatia clínica perdem 1ml de
urina por mês. Se o paciente tiver um clearance de 120ml/24h, vão
chegar a zero de filtração em aproximadamente 10 anos, perdendo de
10 a 12ml/ano.
Diagnóstico:
- Diagnóstico é clínico sem necessidade de biópsia.
Tratamento:
– Hipoglicemiantes
• Restrição ao uso:
> Sulfoniluréias:
Eliminação renal.
> Metformina:
Risco de acidose lática.
Clearance < 60ml/min (metade dose máxima).
Clearance < 30ml/min (não usar).
Risco é muito maior em pacientes com insuficiência renal.
Hoje é avaliado o risco benéfico, pois a chance de acidose láctica é
muito pequeno e não há outra droga com poder de substituição.
> Acarbose:
Eliminação renal.
Eleva nível plasmático com a perda da função renal.
Não recomendado se clearance < 30ml/min.
• Uso Permitido:
> Glitazonas:
- Podem utilizados sem ajuste de dose
- Metabolismo hepático
> Sulfoniluréias:
- Glimepirida, gliclazida, glipizida
- Metabolismo hepático
> DPP4-gliptina
- Clearance < 60 ml/min
- Não precisa nem de ajuste de dose, independente da TFG.
> Insulina
- Prevenção Primária:
> Controle glicêmico rigoroso:
- Glicemia de jejum 80 – 120 mg/dl
- HgA1c < 7% - existe a questão para baixar para 6,5.
Obs1: Do ponto de vista renal não faz diferença ser HgA1c 8% ou 13%.
> IECA:
- Só se o paciente for hipertenso, sendo a droga de escolha o IECA
ou o BRA.
- Tratamento da nefropatia:
- Controle glicêmico (HgA1c < 7%).
- Controle da dislipidemia (LDL < 100 mg/dl).
- Dieta:
Hipoproteica (0,8 g/Kg): 0,8 é levemente hipoproteica.
- Controle da pressão (<140x90 mmHg)
IECA ou BRA (creatinina >2,5-3 mg/dL deve tomar cuidado/não
usar).
- Transplante
Quando é indicado transplante renal é feito troca do pâncreas
também. Não se faz apenas transplante do pâncreas porque não valeria
a pena trocar a diabetes pela imunossupressão (obrigatória após o
CLASSIFICAÇÃO
> Típica (clássica): pós diarreica
- Na maioria das vezes cursa com diarreia, mas também pode abrir
quadro com infecção pulmonar.
Etiopatogenia
A Escherichia coli e a Shigella que vão causar a diarréia.
Essas bactérias vão produzir toxinas Shiga-like toxina ou Verotoxina
(*toxina semelhante a Shiga), que vão levar a lesão do trato
intestinal fazendo uma colite hemorrágica em cerca de 40-50% dos
casos nessas infecções bacterianas gastrointestinais com diarreia, e
desses 50% temos 5% evoluindo para SHU típica.
Como a toxina atua: ela se liga a um receptor e inibe a
síntese de DNA, diminuindo a síntese proteica, levando a apoptose da
célula renal.
Fisiopatologia
Impedimento a regulação do complemento nas superfícies celulares
por:
- Perda da atividade do fator H ou fator I no plasma;
- Perda da atividade do MCP na superfície celular;
Fatores Desencadeantes:
- Infecção aparelho respiratório:
Paciente que apresenta pneumonia, IVAS ou outras doenças no
paciente que tem predisposição a SHU atípica.
- Drogas imunossupressoras:
Ex. Tracolimus, que é uma droga usada em transplante.
Ciclosporina, citostático usado na Sind. Nefrótica.
- Tratamento antineoplásico:
Paciente na quimioterapia.
- Anticoncepcional oral.
- Gravidez.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Na SHU tenho uma fase inicial prodrômica e uma fase efetiva de
SHU. Essas fases apresentam os seguintes sintomas:
DIAGNÓSTICO
- Clínico
- Hemograma:
Anemia (hemoglobina 3-4g/dL )
Trombocitopenia (10.000-50.000), leucocitose, reticulocitose
- Teste de Coombs negativo na forma típica:
O Teste de Coombs mede a imunidade contra hemácias. Se na
hemolítica urêmica típica não há imunidade contra hemácias, o teste
de Coombs é negativo.
- Aumento de LDH, redução de haptoglobin (Lise mecânica),
hiperbilirrubinemia direta.
- Esquizócitos no sangue periférico – esquizócitos são hemácias de
diversas formatos diferentes.
- Aumento de ureia e creatinina, hipercalemia, hiponatremia,
hiperfosfatemia, acidose metabólica.
- EAS: Hematúria, proteinúria, cilindrúria.
- USG renal: hiperecogenicidade, aumento de volume.
TRATAMENTO
Da forma TÍPICA e ATÍPICA
> Anemia:
Concentrado de hemácias, se Hb <6 g/dL ou Ht < 15%.
Precisa repor hemácias para evitar disfunção cardíaca e respiratória
(transporte de oxigênio para órgãos nobres).
> HAS:
Vasodilatadores x IECA.
Se o paciente tiver diurese, dar diurético (não é contraindicado).
> Plasmaférese:
Retira o soro do paciente e substitui por Ringer Albuminado ou
Plasma fresco. Neste procedimento retira-se do paciente anticorpos
circulantes que podem estar presentes levando a SHU, além de fatores
alterados que podem estar inibindo a cascata do complemento em
paciente de forma atípica. E com isso bloqueia a progressão da SHU
(principalmente forma atípica e PTT).
Prognóstico:
Apresentam pior prognóstico:
- Menores de 2 anos de idade
- Doença neurológica grave
- Anúria na fase prodrômica
- Anúria > 8 dias
- Oligúria > 15 dias
- Pródromo gastrointestinal grave
- Proteinúria persistente
FUNÇÃO TUBULAR
O filtrado glomerular que alcança os túbulos do néfron flui
através do túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal e canal
coletor, até atingir a pelve renal. Ao longo desse trajeto mais de
99% da água filtrada no glomérulo é reabsorvida, e o líquido que
penetra na pelve renal constitui a urina propriamente dita.
- Reabsorção:
Ultrafiltrado 180L → Urina 2L (1,2%).
- Secreção:
Drogas.
Transporte Tubular
> Epitélio Polarizado:
A célula epitelial tubular é uma célula polarizada, pois ela
têm pólos, um lado é diferente do outro. As características da
membrana são diferentes nos lados, os transportadores que existem em
> Mecanismos:
- Ativos: há gasto de energia.
- Passivos: não há gasto de energia.
Obs:
1 - O Transporte de Sódio no Túbulo Proximal pode ser pela Bomba
Na+/K+ ou por Proteínas Carreadoras, associadas ao Co-transporte de
Glicose e Aminoácidos.
2 - A Água é sempre transportada por Transporte Passivo (Osmose) e
está ligada à reabsorção do Sódio.
Túbulo Proximal
RESUMINDO:
Reabsorção de glicose, aminoácido, fosfato, aminoácido, bicarbonato.
Reabsorve sódio por transporte ativo e água por osmose.
Alça de Henle
RESUMINDO:
Os tiazídicos aumentam a reabsorção de cálcio, diminuindo a
sua quantidade na urina, pois entra menos sódio na célula e facilita
a bomba Na-Ca que manda sódio para dentro, ou seja, aumenta a
reabsorção de cálcio.
Túbulo Coletor
- Acidificação:
- Tampão fosfato
- Tampão amônia: principal mecanismo
- Fatores (aldosterona)
Tampona para a quantidade de H+ livre não subir e continuar
excretando.
O NH3 gerado pelos aminoácidos (glutamina) atravessa membrana por se
gás e se liga ao H+ formando NH4.
DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO
O potássio é o mais abundante cátion do corpo humano com cerca
de 3500 mEq. Temos mais potássio que sódio no corpo. Ele é o mais
abundante, mas está no meio intracelular (95%). Regula diversas
funções tubulares, como o controle da excitabilidade neuromuscular e
o potencial de membrana. Composição iônica dos compartimentos
líquidos corporais (mEq/L).
Fisiologia
HIPOPOTASSEMIA
K < 3,5 mEq/L
Causas:
> Redistribuição (jogam K+ para dentro da célula):
- alcalose
- insulina
- estímulo beta-agonista
- leucoses (leucócitos capturam potássio plasmático).
O perigo das leucoses é que alguns tipos podem diminuir o K+
absoluto, mas na hora da coleta sanguínea, se tiver muita lise de
leucócitos ou trombocitopenia, pode aumentar o potássio da amostra.
- vômitos
Perda de potássio pelo rim devido à desidratação (estimulando
aumento de aldosterona – retenção de sódio - perde H+ e potássio e
causa alcalose).
Manifestações clínicas:
> Neuromusculares:
> Cardíacas:
- Arritmia, predisposição a intoxicação digitálica.
- Alteração da função miocárdica.
ECG:
A hipocalemia causa alterações eletrocardiográficas:
- Aumento do intervalo P-R: vai ocorrendo maior espaçamento entre o
intervalo P-R.
- Depressão de S-T nas precordiais – o segmento S-T vai ficando
deprimido entre o final do QRS até o final da onda T ( semelhante ao
infra).
- Ondas T deprimidas – a onda T ai ficando cada vez mais baixinha e
pode haver o surgimento da onda U.
- Ondas U proeminentes – segunda onda depois da onda T. a onda T vai
ficando fraca e vai surgindo a onda U. a onda parece que está
duplicada, mas é a onda T e a onda U.
- QT alongado em algumas derivações.
Diagnóstico:
> Avaliar:
- Pressão arterial para avaliar a aldosterona
- Estado ácido-básico
- Potássio urinário
- Cloro urinário, se tiver alcalose
Tratamento:
HIPERPOTASSEMIA
K > 5,5 mEq/L
Etiologia:
> Excreção Renal Diminuída:
- Redução da função renal (IRC e IRA)
- Doença de Addison
- Hipoaldosteronismo
- Diurético retentor de K+
- IECA
- Acidose tubular renal (IV)
> Redistriuição:
- Acidose
- Bloqueador β-adrenérgico
- Succinilcolina
- Intoxicação digitálica
- Lise celular, pois a célula é rica em potássio (trauma,
queimadura, hemólise, rabdomiólise, lise tumoral).
Manifestações Clínicas:
> Parestesia, fraqueza, arreflexia e paralisia muscular.
Tratamento:
> Gluconato de cálcio
> Glicoinsulinoterapia IV
O objetivo é dar insulina para que o K+ seja transferido para
dentro da célula. Como a insulina em pacientes não diabéticos causa
hipoglicemia, oferecemos a glicose junto com a insulina.
Habitualmente, são 5 UI de insulina para cada 25g de glicose.
> Furosemida
Diurético de alça para espoliar potássio em pacientes que
urinam.
DISTÚRBIO ELETROLÍTICO
Distribuição da água corporal:
A maior parte da água corporal é intracelular. Exemplo:
indivíduo de 70kg vai ter entre 50-60% de água, logo tem 42L de
água. Se 2/3 é intracelular, tem-se 28L de água intracelular, e 14L
extracelular. E 1/3 é extracelular, o extracelular tem dois
componentes: o plasmático (3L), e intersticial (11L).
O plasma é a metade da volemia sanguínea, a outra metade está
na água intracelular. A tonicidade é feita em relação ao plasma.
> Distúrbio:
- Excesso de sódio = estado edematoso
- Falta de sódio = depleção de LEC
- Excesso de água = hiponatremia
- Falta de água = hipernatremia
HIPONATREMIA
Na < 135mEq/L
> Causas:
Obs1: Para cada 100 unidades de glicose acima deve ter uma queda de
2,4 no sódio.
Obs2: o manitol é usado para puxar água, mas seu feito não é
prolongado pois a célula consegue entrar em equilíbrio com o meio.
- Manifestação:
- Hiponatremia
- Expansão volêmica, ou volemia inalterada
- Sem edema
- Sem hipertensão porque só terem água e não sodio
- Osmolaridade urinária alta devido ao soído urinário elevado
- Tratamento:
- Diminuir a água
> Avaliação:
- História
- Outros distúrbios: glicemia, função renal, equilíbrio ácido-base
- Estado volêmico
- Medida de osmolalidade: difícil conseguir esse exame, por isso faz
a estimativa. É diferente da osmolaridade urinária.
- Na+ urinário
- EAS (densidade urinária): pegar os dois últimos números e
multiplicar por 35.
Prejudicada se houver proteinúria ou glicosúria.
Velocidade de correção:
Lenta : - 8 mEq em 24h
- 14 mEq em 48h
- 16 mEq em 72h
4º) Neste caso, o aumento de Na + final seria de 9,3. Como é < 8 mEq
deve-se diminuir a quantidade:
HIPERNATREMIA
Na+ > 145 mEq/L
Toda hipernatremia é hipertônica.
Menos frequente do que a hiponatremia. É mais difícil fazer
hipernatremia devido à sede.
> Etiologias:
- Distúrbio da sede:
- Coma, idoso, criança.
- Excesso de sódio:
- Hiperaldosteronismo, iatrogênico (NaHCO3) - costuma ser
associado ao distúrbio da sede.
- Perda de água:
- Extrarrenal: sudorese, diarreia, vômito, taquipneia.
- Renais: diurese osmótica (hiperglicemia, manitol), diabetes
insipidus central ou nefrogênico.
Diabetes Insipidus
- Central - ↓ ADH (no geral não tem hipernatremia).
- Nefrogênico – ausência de resposta renal ao ADH.
* Manifestações:
- Poliúria
- Osm urinária baixa
- Hipernatremia
> Tratamento:
* Hidratação com:
- Soro Fisiol - 154 mEq/L
- Soro 0,45% - 77 mEq/L
- Soro Glicosado
* Diabetes Insipidus:
- Central: DDAVP
- Nefrogênico: Tiazídico e AINH
DISTÚRBIO ÁCIDO-BASE
DEFINIÇÕES
> pH: log negativo [H+]
40 nanomoles/litro (10-9)
> Ácido: doa H+ (prótons).
> Base: recebe H+.
> Acidemia: quando se tem valores de pH < 7,35.
> Alcalemia: quando se tem valores de pH > 7,45.
> Acidose metabólica: bicarbonato baixo.
> Alcalose metabólica: bicarbonato elevado.
> Alcalose respiratória: PaCo2 baixa.
> Acidose respiratória: PaCO2 elevada.
SISTEMA TAMPÃO
O tampão atenua a queda do pH da solução.
> O que acontece com o tampão?
Parte dos H+ que ficariam livres vão se ligar a solução tampão
e vão haver menos H+ livre. O tampão sempre funciona nos dois
sentindo (ácido e básico). Se o tampão está cheio de H+ ligado a ele
e resolver alcalinizar a substância o tampão vai liberar o
hidrogênio e minimiza o processo de alcalinização. Então, o tampão
libera H+ quando o meio está ficando mais alcalino e recebe H+
quando o meio está ficando mais ácido.
* Exemplo 1:
pH (7,35 a 7,45) = 7,1
HCO3 (22 a 26 mEq/L) = 10 mEq/L
PaCO2 (35 a 45 mmHg) = 32 mmHg
ACIDOSE METABÓLICA
- Acúmulo de ácidos ou redução de bases (bicarbonato)
- “Anion Gap”= Na+ – (Cl- + HCO3-) = 12 (< 16)
- Compensação (respiração de Kussmaul)
> Etiologia:
O ânion gap direciona a investigação etiológica:
* AG aumentado
- Acidose láctica
- Cetoacidose (diabética, jejum, alcoólica)
- Insuficiência renal
- Intoxicação exógena (etanol, metanol, salicilato,
etilenoglicol).
* AG normal:
Obs1: Anion Gap e a soma dos cátions e dos ânions (Na - HCO3 = AG);
Se o bicarbonato cai o equilíbrio precisa ser mantido: sódio desce
ou ânion sobe (anion Gap ou cloro).
Todas têm em comum que são um ácido, então quando liberam H+ liberam
também um ânion.
> Tratamento:
- Tratar doença de base.
- Solução de Shohl – soluções alcalinizantes de uso oral.
- Reposição de bicarbonato – deve ser sempre lenta essa reposição.
- Diálise.
- Hiperosmolaridade.
- Perda de minerais (cálcio e fosfato pela diurese).
- Acidose paradoxal do SNC:
O indivíduo alcaliniza o plasma mais rápido do que o SNC e
isso pode gerar um desequilíbrio, pode piorar o quadro neurológico
do paciente. Acidose paradoxal do SNC ocorre porque o bicarbonato
passa lentamente para o SNC por causa da barreira hematoencefálica.
- Hipóxia tecidual e catabolismo:
Em pacientes chocados o pH ácido tem uma vantagem, ele
facilita a dissociação do O2 da hemoglobina. Então quando
alcaliniza, piora um pouco essa disponibilidade de O2 a periferia,
por dificultar a liberação do O2 da hemoglobina.
- Tetania.
ALCALOSE METABÓLICA
- Bicarbonato elevado com pH alcalino.
- Compensação: discreto aumento do CO2.
- A causa mais clássica de alcalose é o vômito com desidratação
associada.
> Etiologia:
A investigação da etiologia é feita a partir da dosagem do
cloro urinário:
- Cl urinário < 25 mEq/l (alcalose Cl sensível):
Perdas líquidas (gástricas, intestinais, diuréticos).
Baixa ingestão de Cl e Fibrose cística.
- Cl urinário > 40 mEq/l (alcalose Cl resistente):
Diuréticos, hiperreninismo, hiperaldosteronismo, excesso de
mineralocorticóides.
Sd. de Cushing, Síndrome de Liddle e Bartter.
> Tratamento:
* “Cloreto de sódio sensível” – se hidratar o paciente e alcalose
acaba:
- Repor Volume: NaCl + H2O + K
Com perdas de água, repor com cloreto de sódio. Tem que repor K
também. Dizemos que é cloro sensível.
Acetazolamida faz o rim perder bicarbonato.
Geralmente não se vê alcalose que tenha que repor ácido.
A incidência tem uma curva que varia com faixa etária e gênero
do paciente. A infecção urinária é bem mais comum na mulher, mas há
exceções, como no primeiro ano de vida em que há maior incidência no
sexo masculino.
A infecção urinária em neonatos é conduzida como sepses, após
essa faixa etária há um predomínio de infecção urinária em mulheres,
predominando no período sexualmente ativo, em problemas de bexiga,
devido a anatomia da pelve, incontinência.
Homem quase não tem infecção urinária na vida adulta, e quando
idoso aumenta a incidência de infecção devido às doenças da
próstata. Bacteriúria assintomática praticamente não ocorre em
homens, só quando idoso por conta da hiperplasia prostática.
Mulheres podem ter bacteriúria assintomática em qualquer época da
vida. Quanto mais idade, maior incidência de bacteriúria
assintomática.
EPIDEMIOLOGIA
CLASSIFICAÇÃO
- Aguda x crônica:
Essa distinção não é muito usada, não existe nem um ponto de
corte. Algumas infecções urinárias são consideradas crônicas, como a
tuberculose urinária; quando a pielonefrite começa a levar a IRC,
chamamos de pielonefrite crônica – pielonefrite de repetição, vários
surtos que levam à cronicidade e atrofia renal.
- Altas x baixas:
O que separa a ITU baixa da alta é em função da localização
vesico-ureteral (bexiga e ureter); consideramos baixa quando é da
bexiga para baixo, e alta quando é do ureter para cima.
É importante ressaltar que a maioria das infecções urinárias
se manifesta sob a forma de infecção baixa não complicada e afebril,
classicamente, a cistite aguda da mulher. Já a infecção do trato
urinário alto, a pielonefrite, vem frequentemente associada a
fatores complicadores (urológicos ou não), sendo uma entidade mais
grave, que traz maior repercussão à saúde e, geralmente, aspira por
maior cuidado.
Lembrar que homens jovens e saudáveis que se apresentam com
infecção urinária devem sempre ser avaliados com cautela, já que a
ocorrência desta afecção é incomum na ausência de fatores
predisponentes.
ETIOLOGIA
- Bactérias gram-negativas → E. coli (60 a 80% dos casos).
Principal causa de ITU na comunidade.
Principal causa de pielonefrite na comunidade.
Mais frequente em todos os locais.
- Proteus vulgaris, Aerobacter aerogenes, Pseudomonas aeruginosa,
Streptococcus fecalis, Klebsiella sp.: esses são outros agentes que
encontramos nas infecções urinárias.
Em torno de 80-90% das infecções ocorre por E. coli, depois e
menos frequente tem aqueles germes citados anteriormente como
Proteus, Klebisiella.
- A urina é isenta de bactérias, exceto na porção terminal da
uretra.
Etiologia Cistite
Na cistite, a nível ambulatorial, o principal agente
etiológico é a E. coli.
Etiologia Pielonefrite
- A incidência de E. coli é maior no ambulatório.
- Quando o indivíduo faz pielonefrite, a incidência de outros
agentes aumentou bastante, mas mesmo assim não ultrapassou a
incidência da E. coli.
- É mais provável encontrar uma infecção de vias urinárias em
ambiente hospitalar causada por outros agentes, do que a nível
ambulatorial. Entretanto, a E. coli continua sendo o agente mais
prevalente.
PATOGENIA
> Via Hematogênica:
- RN;
FISIOPATOLOGIA
QUADRO CLÍNICO
Varia com a faixa etária.
- Febre, anorexia, vômitos, irritabilidade, meningismo, desidratação
(lactentes, crianças pequenas):
São sintomas atípicos, inespecíficos.
Cistite x Pielonefrite
Cistite trata-se de infecção aguda geralmente não complicada
que acomete o trato urinário baixo. É comum em indivíduos saudáveis,
especialmente mulheres. A maioria dos casos se dá a partir da
adolescência e na fase adulta, ocorrendo ocasionalmente em meninas
pré-púberes. É bem menos comum em homens sem alterações estruturais
do trato urinário, de modo que sua ocorrência deve motivar
investigação etiológica.
A cistite geralmente se manifesta com disúria, urgência
miccional, aumento da frequência urinária, polaciúria e dor
suprapúbica. Informações referentes ao aspecto da urina, tais como
odor forte, aspecto avermelhado ou turvo, devem ser consideradas.
Como o processo inflamatório-infeccioso se restringe à mucosa
vesical, sintomas sistêmicos como febre e calafrio são incomuns.
O acometimento renal pela infecção é uma entidade mais grave
que, geralmente, acomete o indivíduo sistemicamente. Pode estar ou
não associada aos fatores complicadores, que invariavelmente devem
ser pesquisados. A presença destes agrava sobremaneira o quadro, de
DIAGNÓSTICO
Principal método de diagnóstico é o EAS. É a principal
referência inicial, o padrão ouro é a urinocultura.
Avaliação Laboratorial:
- Nitrito:
Habitualmente a urina não tem nitrito, ela tem nitrato.
Algumas bactérias transformam o nitrato urinário em nitrito; caso
exista nitrito na urina podemos suspeitar da presença de bactérias,
ou seja, é um sinal de que o paciente possa estar com ITU.
Tem boa especificidade, mas não tem boa sensibilidade, pois a
ausência de nitrito na urina não exclui o diagnóstico, pois algumas
bactérias não fazem essa conversão.
É um sinal em um exame bem feito, pois se a urina for coletada
e demorar para ser avaliada, ocorre proliferação bacteriana e essas
bactérias podem converter o nitrato em nitrito, trazendo falsos
negativos para a presença de nitrito. Então o nitrito + tem um valor
preditivo razoável, mas o valor preditivo negativo é baixo.
Não é feita por todos os EAS. Não são os leucócitos que são
medidos, mas sim enzimas que existem nos leucócitos, chamada de
enzima estearase. Se tiver um valor elevado dessa enzima, é sinal de
que há muitos leucócitos na urina. Também avaliada em cruzes. O
achado de leucócito também é um problema, pois algumas vezes eles
estão muito degradados que não são vistos muitos leucócitos na
urina, por isso que a estearase leucocitária é uma “pista” de
presença de leucócitos.
Na avaliação do microscópio, podemos encontrar a presença de
leucócitos – leucócito aumentado na urina é a referência mais
utilizada para diagnóstico da infecção urinária.
Não é o mais sensível e nem o mais específico, porque existem
outras causas de leucocitúria que não são infecções urinárias (todas
as glomerulonefrites por exemplo, principalmente as nefróticas
puras; doenças inflamatórias não infecciosas; doenças
imunológicas;), mas é o mais utilizado na prática clínica.
- Piúria:
É a quantidade de leucócitos na urina ou de piócitos na urina,
o normal de leucócitos é até 5 leucócitos/campo de aumento.
- Gram:
É pouco utilizado na prática, ajuda mais a direcionar o
antibiótico. Ele é feito diretamente sem fazer cultura da urina.
- Urinocultura:
É o método de coleta mais utilizado é o jato médio
(desconsidera o primeiro jato); cateterismo vesical; ou por punção
supra púbica (método de coleta estéril) – nesse caso, qualquer
crescimento é considerado infecção, pois é uma coleta estéril.
Consideramos ITU quando na urinocultura, por coleta do método
tradicional ou cateterismo vem o achado >100.000 colônias/ml.
Químico
Microscópico
Gram 90% - -
Bacteriológico
EAS:
- Presença de leucócitos (piócitos):
Até 5 leucócitos/campo em urina não centrifugada ou superior a
10 leucócitos/campo em urina centrifugada.
Exames de Imagem:
- Indicações absolutas:
Pielonefrite aguda
Primeira ITU em meninos
Primeira ITU em meninas < 3 anos de idade
- Ultrassonografia de vias urinárias: exame inicial de rastreio.
- Urografia excretora: não é mais utilizada, pois a TC substitui a
urografia excretora.
- Uretrocistografia miccional: é para investigação de refluxo.
- Cintilografia renal DMSA e DTPA.
- Tomografia: é utilizado para avaliação de imagem. Rim maior e
veremos mais escuras (hipocaptantes de contraste).
- Uretrocistoscopia: é utilizado em casos mais graves, geralmente
para investigação de infecção de repetição, quando se tem outras
situações mais complexas que é necessário faz o estudo da bexiga.
Obs1: Homem com cistite tem que fazer imagem. Mulher jovem com
cistite não precisa de exame de imagem, principalmente se for com
apresentação clássica, ela só precisa de antibiótico.
Obs2: Suspeita de pielonefrite: Hemograma, EAS, urinocultura, USG.
Obs3: Cistite – empírico ou EAS, urinocultura. Na criança pode dar
febre, então pedir hemograma, pois dá leucocitose.
Cistite x Pielonefrite:
O diagnóstico laboratorial da cistite não complicada é
fortalecido por meio do exame clássico da urina (urina 1, urina
rotina ou EAS – sedimentos e elementos anormais). O exame geralmente
detecta piúria, bacteriúria e hematúria. Além disso, alterações que
reforçam o diagnóstico de infecção do trato urinário incluem a
positividade para o nitrito e para esterase leucocitária. A presença
de nitrito no exame bioquímico da urina é específica para infecção
do trato urinário. Indica a presença de esterase leucocitária
(ocorre quando há leucocitúria) ou atividade redutora de nitrato
(causada por enterobactérias).
Obs2: mulher, 27 anos, dor lombar, febre há dois dias com disúria.
Qual conduta?
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Cistite Aguda.
- Síndrome Uretra: sintomas de uretrite crônica, sem agente
etiológico.
- Pielonefrite Aguda.
- Uretrite: uretrite por DST
- Vulvovaginites com ou sem uretrites.
TRATAMENTO
- Antibióticos bactericidas ou bacteriostáticos de ação na urina em
doses menores.
- Eficácia - resposta clínica, normalização da leucocitúria,
desaparecimento do germe na urina.
- Antibiograma útil, mas não indispensável.
Antibióticos:
- SMZ/TMP: bactrim está em baixa por apresentar resistência.
- Quinolonas:
Cistite = norfloxacino
Pielonefrite = ciprofloxacino
- Cefalosporina
- Nitrofurantoína: não age na próstata, efeito no TGI, tomar por 5
dias.
- Beta-Lactâmicos (clavulin): gravidez
- Aminoglicosídeos
- Fosfomicina: dose única, mas como pega multirresistente não deve
ser “gasta”.
Resumo:
> CISTITE NÃO COMPLICADA:
- quinolona (norfloxacino).
- nitrofurantoína em mulheres.
- fosfomicina não age na próstata.
- Por 3 dias.
Esquemas:
- Esquemas de três dias só valem para cistites não complicadas.
- As cistites de homens, crianças, grávidas, idosos, terão esquemas
a partir de 7 dias.
- Em pielonefrite entre 7 a 14 dias, em casos mais leves poderia ser
feito de 7 dias.
- Pielonefrite mais importante faz 14 dias.
Falha Terapêutica
- Droga ineficaz.
- Substâncias interferindo na ação da droga.
- Germe inacessível à droga:
Em casos de obstrução de vias urinárias, devido a uma
pionefrose ou abscesso, ocorre uma dilatação do ureter e acima dele
está tudo infeccionado, o antibiótico não chega devido a obstrução,
neste caso temos que associar o tratamento cirúrgico, tem que drenar
o abcesso, a pionefrose.
- Infecções mistas: ocorrem geralmente quando há infecção fúngica
associada, damos o antibiótico, melhora um pouco e depois retorna,
porque tem fungos na urina.
- Implantação de novas cepas: quando o paciente faz uso inadequado
do tratamento.
- Resistência dos germes – mais comum: 20-30% da população é
resistente a Bactrin.
- Falhas das defesas locais antimicrobianas.
- Obstáculo ao fluxo urinário.
- Meio de cultura urinário.
- Doença imunológica – imunodeficiência.
Profilaxia
> Quando fazer?
- ITU recorrente (fazer antibiograma a cada nova recorrência).
- 3 episódios de infecção em um ano.
- 2 episódios em seis meses.
- Litíase por bactérias produtoras de urease.
Prognóstico
- RN - Alta mortalidade por septicemia.
- Não associada a obstruções - melhor prognóstico e tratamento.
- Cicatriz renal pielonefrítica - bactérias de baixa virulência.
Situações Especiais
- Bacteriúria assintomática:
Duas urinoculturas positivas com o mesmo germe é determinado
como bacteriúria assintomática.
Situações em que devem ser tratados: gestantes,
imunodeprimidos de transplante renal (em estudos), paciente que irá
ser submetido a procedimentos/intervenções de vias urinárias ou pré-
operatório de manipulação cirúrgica com endoscópio em vias
urinárias.
Diabéticos, HIV positivo não trata.
A situação mais comum de bacteriúria assintomático em idosos,
geralmente têm dificuldade de esvaziamento da bexiga, mulheres com
alterações na bexiga devido ao parto, então estes pacientes têm
esvaziamento incompleto da bexiga e a bactéria fica na urina.
Essas bactérias que causam a bacteriúria assintomática
geralmente são aquelas que não tem a capacidade de invadir o
Exemplos:
Ex1: Paciente mulher, 27 anos, chega ao ambulatório, com queixa de
disúria, desconforto supra púbico, polaciúria, evoluindo há três
dias, sem febre. Não há comorbidades prévias. Conduta diagnóstica ou
conduta terapêutica?
Na verdade, não há necessidade de solicitar exames (EAS,
urinocultura) quando há descrição clássica de cistite em uma mulher
jovem, idade fértil podemos tratar direto. Se optar por fazer o EAS
ou urinocultura não está errado, desde que o paciente não tenha
demora ou dificuldade para coletar o material para o exame.
É CERTO de que essa paciente precisa de tratamento imediato,
não esperamos resultados de exames para começar o tratamento:
quinolona (norfloxacino), durante 3 dias.
Bactrim, nitrofurantoína, e quinolona podem ser feitos por 3
dias. Fosfomicina pode ser feito dose única.
Esses esquemas são apenas válidos em MULHER, JOVEM, IDADE
FÉRTIL e SEM HISTÓRIA DE REPETIÇÃO – cistite não complicada, cistite
da mulher jovem.
Obs1: Terminologia:
- Azotemia: aumento de ureia e creatinina.
- Anúria: < 100mL/24h.
- Oligúria: <400ml/24h OU <0,3ml/kg/h por 24 h (mais atual).
- Poliúria: >2500ml/24h (no entanto é comum haver indivíduo
que urine 3000 a 3500 ml e isso não indica doença, sendo considerada
significativa para se investigar alguma doença a poliúria > 4 L).
- Uremia = Síndrome urêmica (sinais e sintomas).
Obs2: Função renal:
- Filtração glomerular.
- Balanço hídrico-salino.
- Equilíbrio ácido-básico e eletrolítico.
- Alterações hormonais (EPO, catabolismo de diversos hormônios
relacionados às células renais).
Todas essas funções serão perdidas no indivíduo com perda de função
renal, crônica ou aguda.
Obs3: Insuficiência Renal Aguda X Injúria Renal Aguda:
Mesmo raciocínio pelo qual deixou de falar insuficiência renal
crônica e passou a chamar doença renal crônica. Insuficiência
significa falta de função, função ineficiente para manter o
indivíduo, porém existem situações em que o indivíduo já tem doença
crônica ou aguda, mas os marcadores não estão tão comprometidos.
Os novos termos (injúria renal aguda e doença renal crônica)
são mais amplos e abrangem tanto situações em que realmente há perda
de função de filtração quanto em situações que há perda de outras
funções, mas que a filtração ainda está razoavelmente preservada.
Obs4: A principal diferença entre injúria renal aguda e crônica é a
reversibilidade.
CLASSIFICAÇÃO
Redução da função renal é definida por:
Aumento na creatinina sérica > 0.3 mg/dl em um período de até 48h
ou
- Pré-renal:
Depleção absoluta de volume (hemorragia, desidratação, perda
renal, diurético).
Depleção relativa de volume (choque cardiogênico, séptico,
Insuf hepática, cirrose).
Oclusão arterial (trombose de artéria renal, drogas
vasoconstritoras).
O rim para filtrar precisa de sangue e pressão, se o sangue
não chegar com pressão suficiente a filtração diminui.
- Pós renal:
Obstrução ureteral (cálculo renal, tumor, fibrose
retroperitoneal).
Obstrução do colo vesical (tumores de bexiga, bexiga
neurogênica).
Obstrução uretral (hiperplasia prostática, tumor - tumores são
as maiores causas obstrutivas).
Obs1:
• Pré-renal: doenças que provocam hipoperfusão renal, sem
comprometer a integridade do parênquima, cerca de 55%.
• Renal: doenças que afetam diretamente o parênquima renal, cerca de
40%.
• Pós-renal: doenças associadas à obstrução do trato urinário, cerca
de 5%.
Nefrotoxicidade
Não é a droga que leva a injúria renal aguda. A droga leva à
rabdomiólise, que por sua vez vai levar a injúria renal aguda. Nem
todo paciente que faz rabdomiólise faz injúria renal aguda.
FATORES DE RISCO
FISIOPATOLOGIA
- Necrose tubular aguda:
Ocorrem alterações hemodinâmicas (vasoconstrição) que levam a
diminuição do fluxo sanguíneo renal (principalmente córtex renal) e
a um feedback túbulo glomerular, por isso o glomérulo para de
funcionar mesmo estando normal.
Também ocorre alteração da permeabilidade capilar e alterações
tubulares causadas pela obstrução tubular (células que descamam) e
retrodifusão (ultrafiltrado encontra túbulo sem epitélio e retorna).
O túbulo normal sofre injúria, algumas células sofrem apoptose
e outras necrose. Começam a descamar e por conta das moléculas de
adesão grudam uma na outra. Formam tampões, fazendo obstrução
tubular. O filtrado glomerular encontra essa obstrução e não passa.
Obs1: O resultado disso é a maioria dos pacientes com NTA ficam
anúricos, principalmente nas isquêmicas. Nas nefrotóxicas às vezes
mantém a diurese.
- Sepse:
Ocorre vasodilatação, inflamação por conta das citocinas
liberadas e coagulação (fatores pró coagulação).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
> Fase Inicial (pode ser de horas a meses):
- Exposição ao agente agressor.
- Recuperação funcional.
- Identificar a causa:
USG
DIAGNÓSTICO
> IR é realmente aguda?
> EAS:
- Pré-renal: normal (provavelmente apresentando alta densidade
urinária).
- NTA – células epiteliais, cilindros granulosos ou normais.
PREVENÇÃO
- Hidratação:
Para casos de droga nefrotóxica, procedimento cirúrgico,
procedimento radiológico, etc.
- Identificar fatores de risco.
- Evitar ou ajustar as doses dos medicamentos nefrotóxicos.
- Para os grupos de risco ou que já têm doença renal crônica:
Nefropatia por contraste: Hidratação + N-acetilcisteina.
Rabdomiólise: Alcalinização e hidratação.
Síndrome lise tumoral: Alopurinol.
Aminoglicosídeo: Dose única diária.
TRATAMENTO
- Corrigir as causas reversíveis, tratar as doenças de base.
PROGNÓSTICO
Obs1: Lembrar que nem todo paciente que apresenta doença renal vai
dialisar, há estágios da DRC, e os estágio finais é que precisam de
diálise. O paciente pode apresentar perda de 20-60%, ser um grande
renal crônico, e não precisar de diálise. A diálise vai ser
necessária se a doença progredir para estágios finais da doença.
Obs2: Exemplo de anormalidade estrutural: rim atrofiado mostrado em
USG ou anormalidade funcional, aumento de creatinina, proteinúria,
hematúria, distúrbio hidroeletrolítico.
Obs3: Débito urinário não é um bom padrão de avaliação pois precisa
de 3 meses.
EPIDEMIOLOGIA
Relevância:
- Problema de saúde pública grave:
Gastos com Terapia Renal Substitutiva (TRS = diálise) > R$ 2
bilhões ao ano. No Brasil, 3-5% do dinheiro do Ministério da Saúde
são gastos por esse motivo. Cerca de 0,05 da população gasta quase
5% do total.
- Alta prevalência:
O Brasil tem 100 mil em TRS (cerca de 3 milhões pacientes em
estágio G3 e G4 de DRC).
- Alto risco cardiovascular:
DRC > Obeso, diabético, tabagista, dislipidêmico, HAS.
Maior probabilidade de evento cardiovascular do que qualquer
outra situação. Um paciente que tem creatinina alta tem mais chance
de infartar que um obeso.
- Alta taxa de mortalidade:
Nos pacientes em diálise é 25% da expectativa de vida normal.
É um comprometimento importante. Nos grupos de doentes renais
crônicos e comorbidades (diabéticos ou ICC) eles têm mortalidade
semelhante a de doença neoplásica. Por isso que o importante é
prevenir.
Incidência:
- TRS – Brasil (2011):
A incidência (casos novos/ano) em hemodiálise é em torno de
150/milhão.
Prevalência:
- No Brasil, a prevalência é de aproximadamente 500 indivíduos por
milhão. Para cada milhão de habitantes, há 500 pacientes em
hemodiálise.
- Nos EUA, a prevalência de habitantes em diálise é 2 mil/milhão.
São 400 mil em diálise por milhão de pessoas. E a incidência é de
367/milhão – mais que o dobro do Brasil.
FATORES DE RISCO
São basicamente os mesmos das doenças cardiovasculares. A
presença de fatores de risco cardiovascular aumenta também a chance
de DRC. Grande parte da população brasileira está sob risco de
desenvolver:
ETIOLOGIA
A DM é a principal causa de IRC nos países desenvolvidos, como
EUA e os países europeus. No Brasil ainda há muitas glomerulopatias,
HAS, e DM vem aumentando havendo uma tendência para que o DM seja a
principal causa de IRC no país.
PATOLOGIA
- Caracteriza-se pela atrofia renal.
- USG: rim atrofiado, com aumento da ecogenicidade (mais branco) e
perda de diferenciação com o córtex medular.
As causas de DRC que mantém tamanho normal ou aumentado são
DM, HIV, obstrução, rim policístico, amiloidose.
- Histologia: nefroesclerose - Túbulos atrofiados fibrosados com
presença de células inflamatórias. No indivíduo normal a biópsia
renal apresenta apenas glomérulo normal e túbulo.
No rim de DRC são encontrados glomérulos esclerosados -
fibrose, atrofia, célula inflamatória ocupando o espaço, e o
parênquima renal se destrói.
FISIOPATOLOGIA
- Néfrons remanescentes:
Hiperfiltração;
Hipertensão glomerular;
- Hipertrofia Glomerular.
- Proteinúria.
- Lesão Túbulo-Intersticial.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
> Síndrome urêmica:
O maior problema da insuficiência renal é o acúmulo de toxinas
(toxinas urêmicas) que geram sintomas urêmicos. O paciente pode
perder muito da função renal e continuar assintomático.
Isso porque o acúmulo significativo destas substâncias a ponto
de causar sintomas só ocorre na fase final da DRC. Na fase inicial
algumas das toxinas já começam a se acumular, podendo gerar alguns
sintomas que são muito inespecíficos, que não necessitam de diálise
(o paciente pode estar com filtração de 12ml/min e não sentir nada).
• Metabolismo hidroeletrolítico:
- Retenção hídrica.
- Retenção de sódio (edema, HAS), potássio.
- Diminuição do cálcio e aumento do fósforo:
- Acidose metabólica.
• Sistema Gastrintestinal:
- Soluços.
- Náuseas e vômitos.
- Hálito urêmico.
- Hemorragia digestiva.
• Sistema Respiratório:
- Pleurite e pulmão urêmico: raro hoje em dia, surgem muito
depois da necessidade de diálise.
- Edema agudo de pulmão: é visto constantemente. É aquele
paciente que não urina ou está com acúmulo de sal e água, e entra em
edema agudo de pulmão por hipervolemia e precisa entrar em diálise.
• Sistema Cardiovascular:
- HAS: porque retém sódio. 90% dos pacientes com IRC tem HAS.
- Insuficiência cardíaca: muito comum tanto pelo acúmulo de
líquido quanto pelas toxinas urêmicas.
- Pericardite: sozinha já é indicação de diálise. É do tipo
hemorrágica.
- Miocardite urêmica: inflamação do miocárdio, geralmente são
leves pelo contexto da disfunção miocárdica. É muito raro acontecer.
- Aterosclerose: no DRC é bastante acelerada, pois o estado
urêmico é inflamatório.
• Sistema Nervoso:
- Distúrbios do sono (insônia ou inversão do hábito – dorme
durante o dia e acorda a noite).
- “Flapping”: ocorre em qualquer tipo de encefalopatia
metabólica, não é exclusivo da encefalopatia hepática. Estimulamos
este paciente jogando a mão mais para trás ocorre um tremor amplo e
irregular.
- Polineuropatia periférica: diferente da diabética que é
muito sensitiva e menos motora. Na DRC é mais motora (apresenta
fraqueza, atrofia muscular) e menos sensitiva (não tem tanta
dormência, parestesia).
- Demência: presente no doente renal crônico avançado,
principalmente se o paciente apresentar doença vascular cerebral e
tem uma aceleração da doença vascular cerebral, este tipo de
apresentação neurológica é muito difícil de se ver atualmente.
- Coma: raro atualmente por ter melhor acesso a diálise.
• Sistema Hematológico:
- Anemia: por causa da deficiência de eritropoietina. Este não
é o único fator, há outros que também influenciam como a diminuição
da absorção de ferro, perdas sanguíneas continuas pelos métodos de
diálise, pelas coletas de exames, hemólise na máquina de diálise, as
inflamações aceleram a anemia, distúrbios do cálcio-fósforo-PTH
também provocam anemia.
- Disfunção leucocitária (pelo estado urêmico): o paciente é
imunodeprimido, mas não tem uma leucopenia ou outra alteração
documentada.
- Tendência ao sangramento: ocorre disfunção plaquetária, mas
não há alteração do número de plaquetas. DRC não dá plaquetopenia.
• Dermatológico:
- Prurido: é um sintoma bastante frequente, é multifatorial. O
DRC tende a ter a pele ressecada o que dá muito prurido. O acúmulo
de fósforo e PTH causam também e é um prurido que piora com o sol.
• Musculoesquelética:
- Fraqueza muscular: tendência a fazer atrofia principalmente
na musculatura proximal de membros (pélvica e escapular).
- Miopatia urêmica e neuropatia urêmica.
- Doença óssea (lesão chamada osteodistrofia): consequência do
aumento de PTH. Este PTH alto leva a retirada de cálcio ósseo,
melhora o cálcio sérico, mas destrói o osso deste paciente.
- Retardo no crescimento, atraso na puberdade: se criança.
Obs1: Vemos paciente com 20 anos, por exemplo, que aparentam ter 10
anos, isso é muito comum e por este motivo as crianças têm
prioridade na fila de transplante quando estão nessa fase.
• Sistema Endócrino:
- Hiperparatireoidismo: é pela retirada do cálcio ósseo.
- Amenorreia quando está em diálise.
- Infertilidade: em homens e mulheres.
- Disfunção sexual: mais comum em homens, e como qualquer
doença crônica a IRC interfere na função sexual, tem dificuldade de
ereção, diminuição do libido.
- Retardo no crescimento.
• Metabólicas:
- Intolerância aos carboidratos.
- Hiperlipidemia, hiperuricemia.
• Imunológico:
- Imunodepressão: faz mais infecção, mas não chega ao ponto de
se tornar a principal causa de mortalidade. A principal causa de
morte no DRC é doença cardiovascular.
- Remissão de doenças imunes: têm tendência a doença auto-
imune (Lúpus).
- Maior incidência de neoplasias.
Obs1: Este paciente chega ao ambulatório com poucas queixas, mas com
muitas alterações laboratoriais, tem potássio, cálcio, fósforo, PTH
muito elevados e como não tem muita sintomatologia, eles não têm
queixas. As alterações ocorrem progressivamente e de forma mais
lenta, então o paciente vai se adaptando, vai tolerando.
Obs2: As alterações como náuseas, vômitos, alterações neurológicas
graves vão aparecer quando o paciente tiver indicação de diálise. A
anemia aparece como o cansaço, mas como a maioria dos pacientes são
idosos esta não é uma queixa levada em consideração.
> Cintigrafia:
- Radioisótopo:
Cr-EDTA, Tc-DTPA ou MAG-3.
- Fazer em casos excepcionais uma vez só, pode em criança, usa na
estenose de artéria renal. Mas não serve para acompanhamento de
rotina, tem radiação, trabalhoso, caro.
> Depuração:
É semelhante ao clearance, mas com uma substância exógena
(injeta uma substância e depois acompanha a saída). Também é muito
trabalhoso.
- Inulina: padrão ouro de medida da FG – usada experimentalmente.
- Iohexol, Iothalamato: são usados como contraste em TC.
AVALIAÇÃO DA PROTEINÚRIA
Toda DRC tem que ter proteinúria avaliada.
DIAGNÓSTICO
- Uremia (fase tardia).
- Exames Complementares:
Ultrassonografia: sempre ver o aspecto do rim, se há atrofia
(rins contraídos com perda da relação córtico-medular e
ecogenicidade aumentada), se normais não exclui.
Fundoscopia (HAS e DM).
EAS, clearance de creatinina e proteinúria.
Biópsia renal: em casos relacionados as glomerulonefrites, sem
causa aparente com rim de tamanho normal, pois não pode fazer
biópsia de rim atrofiado.
- História Clínica:
O paciente chega com creatinina alta é preciso saber se é
aguda ou crônica.
Após o diagnóstico de DRC o primeiro passo é descobrir a
causa.
- Exame físico:
Tudo isso deve ser rastreado a fim de identificar a causa da
IR. O que ajuda a fechar a causa são os achados de outras
manifestações:
IRA X URC:
CLASSIFICAÇÃO
> G1: filtração maior que 90 com algum tipo de lesão renal
> G2: filtração maior que 60 e menor que 90 com marcador de lesão:
- Na classificação antiga o estágio 2 não precisava ter marcador de
lesão.
- A partir do estágio 3 não precisa ter marcador de lesão.
Obs1: Importante:
G1 e G2: deve-se ter algum marcador de lesão renal
(microalbuminúria, hematúria, nefrectomia, transplante, USG com rim
policístico ou atrofiado).
A partir de G3 não se faz necessário ter marcador de lesão
renal.
Albuminúria: com valor prognóstico.
MANUSEIO DE DRC
1. Diagnóstico e tratamento da doença de base:
- DRC sempre tem causa.
- Sempre fazer ultrassonografia – o exame de imagem é
mandatório quando o paciente chega na emergência com creatinina
alta.
- Restrição de proteínas:
Há benefício, mas esse não é tão claro.
A recomendação é DRC + DM ou DRC + FGR < 30 ml/min/1,73m 2,
fazer a restrição desde o início da doença
Restrição: ingestão proteica 0,8 g/Kg/dia. A ingestão normal é
de 1,2g/kg/dia.
Evitar ingestão > 1,3g/Kg/dia.
- Restrição de sódio:
Restrição < 90mEq/dia (2g sódio = 5g cloreto sódio - sal).
- Controle da Glicemia:
Com o controle glicêmico ocorre redução da progressão, da
creatinina, microalbuminúria.
HbA1c < 7%.
- Controle da dislipidemia:
Uso de estatina, mesmo se colesterol normal, pois ela diminui
os riscos de eventos cardiovasculares.
No doente em diálise o colesterol é fator protetor, então não
há indicação de fazer estatina.
- Tratamento da obesidade.
- Cessar tabagismo.
MÉTODOS DE DIÁLISE
Indicações de diálise
1. Uremia:
- Flapping, sonolência e coma.
- Náusea, vômitos, hálito urêmico e hemorragia digestiva.
- Pericardite urêmica: isoladamente já indica diálise.
- Emagrecimento (desnutrição).
2. Hipervolemia:
Edema pulmonar
3. Alterações metabólica:
- Hipercalemia (realizar manejo, se não responder dialisar).
- Acidose metabólica grave, associada à DRC avançada.
4. Clearance < 15ml/min:
TRANSPLANTE RENAL
Histórico:
Em 1901, Aexis Carrel, que é considerado o pai da cirurgia
vascular, descreveu todos os processos de suturas vasculares. Ganhou
um prêmio Nobel, pois a partir de anastomose vascular passou a ser
possível implantar órgãos em outras situações.
Em 1906 Mathieu Jaboulay transplantou um rim no pescoço de um
cachorro, mas não implantava dentro do corpo, deixava do lado de
fora. Chegou a ser feito em humano com rim de porco, ligava nos
vasos ilíacos, mas ficava para o lado de fora do corpo. Obviamente
nada disso funcionava.
Em 1933 Yuri Voronoy fez 1ª tentativa de transplante de doador
cadavérico, ou seja, no qual o doador era humano também. Implantou
um rim de um cadáver em um indivíduo com insuficiência renal, mas
também não funcionou.
Em 1944 foi descoberto o alo-reconhecimento e a rejeição. O
brasileiro, nascido em Petrópolis, Peter Medawar, filho de mãe
libanesa e pai inglês. Ele foi quem descreveu todos os princípios
imunológicos da rejeição, descobriu o alo-reconhecimento, produção
de anticorpos, reconhecimento retardado (primeira rejeição demorada
e segunda mais rápida).
Em 1953 Gean Hamburger fez o primeiro transplante haplo-
idêntico, ou seja, metade da carga genética semelhante (pais ou mães
para filhos – irmãos variam genética), que ainda tinha funcionamento
ruim, ainda usando cadáver.
Compatibilidade:
> Compatível:
- Que pode coexistir, conciliável, suportável.
- Número de semelhanças entre doador e receptor (idêntico,
semi-idêntico, totalmente diferente).
- MHC (antígenos do complexo principal de
histocompatibilidade)
Antígenos de histocompatibilidade que provocam uma resposta imune
muito forte e são muito importantes na rejeição.
- MiHA (antígenos de histocompatibilidade minor):
Antígenos codificados fora o MHC que estimulam a rejeição do
enxerto, mas não tão rapidamente como as moléculas de MHC.
- Ausência de anticorpos pré-formados, dirigidos contra as
“diferenças”.
- Outros fatores.
> Tempo de duração do enxerto.
> Qualidade da função do enxerto.
Rejeição imunológica:
- Maior obstáculo para os especialistas do transplante.
- Pode ser imediata ou muitos anos após o transplante, por isso deve
ser feita uma seleção pré-transplante e uma imunossupressão pós-
transplante.
- Pode-se não ter anticorpos circulantes contra determinado órgão,
mas o sistema imunológico pode desenvolver resposta conta o alvo
- Doenças autoimunes:
Frequência variada, reatividade a frio e auto reatividade.
Lúpus, por exemplo, pode gerar produção de auto-anticorpos que
funcionam como anticorpos pré-formados.
TRANSPLANTE RENAL
É feita a retirada do rim, que vai ser implantado na pelve
(não é implantado no local nativo), anastomosado nos vasos ilíacos,
já fica próximo à bexiga e traz seu próprio ureter. O transplante,
então, na verdade, é de rim e ureter, já que irrigação vem do rim.
Dura de 8-9 anos, mas se HLA é idêntico pode durar até 20
anos.
Morte cerebral:
1. Irreversibilidade:
- Sem uso de drogas tóxicas, sedativas ou paralisantes.
- Sem distúrbios eletrolíticos severos ou endócrinos.
- Sem profunda hipotermia.
2. Ausência de função cerebral:
- Sem convulsão ou postura.
- Sem resposta a dor nos pares cranianos.
3. Ausência de função no tronco cerebral:
- Apneia em resposta a acidose ou hipercarbia.
- Sem reflexo pupilar ou corneano, óculo-cefálico ou
vestibular e traqueo-brônquico.
- Protocolo
Doador vivo:
- Avaliação psicológica, história e exame físico.
- Tipagem sanguínea AB0, prova cruzada.
- Bioquímica, hematologia, sorologias, cultura de urina e urina de
24h.
- ECG.
- Radiografia de tórax, USG abdominal, urografia excretora,
arteriografia renal.
- Tipagem HLA, prova cruzada pré-transplante.
- Precisa ser parente pela lei, mas se entrar com recurso judicial
consegue a liberação.
Receptor:
- Avaliação psicológica, história e exame físico.
- Tipagem sanguínea AB0, prova cruzada.
- Bioquímica, hematologia, sorologias, cultura de urina e urina de
24h.
- ECG.
- Radiografia de tórax, USG abdominal, uretrocistografia miccional.
- Tipagem HLA, prova cruzada pré-transplante.
- Avaliar possível infecção, devido a imunossupressão futura, e
presença de neoplasias, já que o imunossupressor aumenta a chance de
câncer.
CONTRAINDICAÇÕES
> Doador vivo
- Idade < 18 anos (em hipótese nenhuma pode ser menor de idade).
- Idade > 65 anos (hoje já é uma contraindicação relativa, vem sendo
questionado).
- Hipertensão arterial (relativa, pois HAS leve não é
contraindicação, apenas grave).
- Diabetes mellitus.
- Proteinúria > 250 mg/24h.
- Litíase renal.
- Insuficiência renal.
- Anormalidades urológicas.
- Contraindicações psiquiátricas.
> Receptor
- Neoplasia disseminada.
- ICC refratária.
- Insuficiência respiratória crônica (DPOC grave).
- Hepatite progressiva.
- Doença vascular extensa (inviabiliza o implante).
- Infecção crônica não responsiva ao tratamento.
- Distúrbio de coagulação persistente.
- Retardo mental severo (é questionável).
- Psicose, alcoolismo, dependência às drogas (questionável).
DROGAS IMUNOSSUPRESSORAS
- Prednisona (começa com dose alta e depois reduz para 5 a 10 mg).
- Azatioprina.
- Micofenolato de mofetil (substituiu azatioprina).
- Ciclosporina (foi a droga que disparou a sobrevida do
transplante).
- Tacrolimus (substituiu a ciclosporina, tem ação análoga, mas menos
nefrotóxica).
- Rapamicina.
- OKT3.
- Basiliximab.
- Daclizumab.
SOBREVIDA
- Compatibilidade HLA.
- Episódios de rejeição aguda.
- Função tardia do enxerto.
- Manuseio da ciclosporina a longo termo (nefrotóxica).
- Paciente de alto risco (com comorbidades, etc).
- Rejeição crônica.
COMPLICAÇÕES
- Trombose vascular.
- Rejeição (do ponto de vista renal é a pior).
TROMBOEMBOLISMO RENAL
É um evento pouco comum, que pode estar associado a uma
variedade de doenças, como displasia fibromuscular, vasculites,
policitemia vera, tumores, trauma, cateterismo da artéria umbilical
e com estados hipercoaguláveis, como a síndrome do anticorpo
antifosfolipídeo.
Ocorre uma oclusão aguda da artéria renal que leva ao infarto
renal.
Etiologia:
> Oclusão Crônica:
- Trauma.
- Arritmia ou infarto que levam ao embolismo (trombo no
coração que se solta).
- Lesão endotelial (aterosclerose).
- Cateterismo intra-arterial.
Manifestações clínicas
- Crônico (HAS e insuficiência renal), caracteriza a doença
renovascular.
- Agudo (infarto renal): dor lombar, hematúria, náusea, vômitos e
febre.
- Elevação do LDH (aumento das enzimas devia a morte de muitas
células) e leucocitose.
Diagnóstico:
O diagnóstico é feito por exame de imagem:
- Cintilografia renal.
- Doppler.
- Tomografia computadorizada.
- Angiorressonância.
- Arteriografia (padrão ouro).
Tratamento:
- Trombólise, anticoagulação.
- Angioplastia (eventos crônicos).
- Cirúrgico (eventos agudos).
ATEROTROMBOEMBOLISMO RENAL
Pode ser definida como uma insuficiência renal secundária à
oclusão das artérias e arteríolas renais por êmbolos de colesterol
que se depositam na forma de cristais e leva a um infiltrado
inflamatório perivascular e pode ocorrer semanas ou mesmo meses após
o episódio embólico. O que leva ao dano renal é o processo
inflamatório que ocorre, não há necrose.
Etiologia:
- Anticoagulante e trombolítico.
- Cateterismo intra-arteriais (2-3 semanas após - complicação).
- Manipulação cirúrgica.
Manifestações clínicas
- HAS;
- Insuficiência Renal (subaguda 3-8 semanas após);
- AVC, déficits visuais, isquemia mesentérica, livedo reticular
(teia vermelha na pele, em membros inferiores) e síndrome do dedo
azul (cianose de extremidade muito semelhante à insuficiência
periférica, mas os pulsos são presentes - poplíteo, pedioso, femoral
normais). Isso ocorre na microcirculação arterial.
Obs1: Essa gordura não vai só para o rim, pode ir para o corpo todo.
Obs2: Pode ocorrer na Aorta descendente e ir para o intestino
causando isquemia mesentérica; na artéria femoral causa livedo e Sd.
do dedo azul;
Diagnóstico
- Biópsia:
É o padrão ouro e mostra cristais de colesterol ocluindo
artérias interlobulares e arteríolas, acompanhados de infiltrado
inflamatório mononuclear e eosinofílico.
Inflamação intersticial inespecífica + lesão da artéria renal.
Tratamento:
Não há tratamento, deve-se fazer o controle dos eventos
adversos que surgirem. Com frequência, se o arterioembolismo for
importante para o rim, esse paciente vai entrar em diálise e vai
virar renal crônico. Em casos mais leves o paciente fica com função
renal moderada e não vai direto para diálise, mas fica hipertenso,
com insuficiência renal. Para esses pacientes fazemos tratamento e
um renal crônico com IECA, controle da pressão, não há um tratamento
específico. Alguns estudos demonstram que o corticóide não adianta
muito.
Pode piorar a HAS pela liberação de renina e alguns pacientes
tem recuperação renal tardia, ou sejam, não precisam fazer diálise.
Etiologia:
- Proteinúria maciça (síndrome nefrótica).
- Trauma, desidratação (crianças principalmente), anticoncepcionais.
Manifestações clínicas:
- Dor lombar, febre, hematúria, leucocitose.
- Insuficiência renal (observar pelo clearance de creatinina).
- Principal complicação é a embolia pulmonar.
Diagnóstico:
Complicação:
- Embolia pulmonar
Tratamento:
- Anticoagulação.
- Trombolítico.
- Trombectomia (raro).
HIPERTENSÃO ARTERIAL
- Hipertensão primária ou essencial (90-95%): sem cura, o tratamento
é para controle.
- Hipertensão secundária (principal causa de DRC):
1- Renal: glomerulonefrites agudas e crônicas, pielonefrite crônica,
nefrite intersticial, nefropatia de refluxo, rins policísticos e
hidronefrose.
2- Renovascular: aterosclerose, displasia fibromuscular,
poliarterite nodosa, doença de Takayasu, fístula arteriovenosa,
compressões.
3- Endócrina: tireoide (hipertireoidismo, hipotireoidismo), supra-
renal (síndrome de Cushing, hiperaldosteronismo primário,
Obs2: Por isso que nem sempre a correção da estenose vai resolver a
hipertensão, se já for a longo prazo a vasculatura já está espessada
e aumenta a pressão independente da renina.
Ex: Jovem com EAR, desenvolve hipertensão e indicado angioplastia:
pressão vai melhorar. Se o mesmo paciente não for diagnóstico com
EAR, início tratamento para hipertensão, se torna refratária, toma 4
medicamentos, após 5 anos descobre a EAR. A angioplastia não terá
efeito de melhora na PA.
NEFROESCLEROSE HIPERTENSIVA
Nefroesclerose é o termo mais utilizado para designar o quadro
histológico renal relacionado a hipertensão arterial essencial.
Quadro clínico:
- Hematúria (40 a 50% dos casos, não é obrigatório).
- Proteinúria não nefrótica (até 1,5g).
- Insuficiência renal (lentamente progressiva).
Diagnóstico:
- Fundo de olho: Retinopatia hipertensiva.
- ECO: HVE.
- Clínico x biópsia: o diagnóstico é clínico, mas para os casos de
lesão renal primária pode-se fazer a biópsia para confirmar ou se há
dúvidas da causa secundária.
- USG renal: rins diminuídos.
Tratamento:
Medidas de nefroproteção básica: controle da PA (IECA ou BRA),
dieta com restrição proteica e hipossódica, controle da
dislipidemia.
HIPERTENSÃO RENOVASCULAR
É a hipertensão secundária a estenose uni ou bilateral da
artéria renal ou de seus ramos, desencadeada e mantida pela isquemia
do tecido renal.
A correção da estenose renal pode não reduzir a hipertensão,
pois a repercussão hemodinâmica só ocorre se houver uma oclusão de
Epidemiologia:
Representa 1% do total de causas de HAS:
Fisiopatologia:
- Mecanismos:
Ativação do sistema renina-angiotensina.
Retenção renal de sódio e água (aldosterona).
Hipoperfusão → ativação do SRAA → hipertensão grave.
Diagnóstico:
- USG com Doppler (primeiro a ser usado, por ser mais barato, ele
pode confirmar a estenose), mas é difícil realização, devido a
localização retroperitonial.
- Angioressonância magnética devido ao contraste nefrotóxico, não é
feito tanto.
- Arteriografia: padrão ouro, mas não é muito utilizado por ser um
exame invasivo e o contraste ser nefrotóxico.
- Renina periférica e/ou de veias renais: provar ativação do SRAA, é
pouco específico.
Tratamento:
> Angioplastia:
- ICC, EAP, displasia fibromuscular (jovem).
> Cirúrgico:
- Autotransplante.
> Clínico (doença aterosclerótica c/ ou s/ repercussão hemodinâmica,
principalmente se for idoso ):
NEFROPATIAS HEREDITÁRIAS
Definimos quatro nefropatias hereditárias que são tubulopatias
que ocorrem mais frequentemente em crianças, não necessariamente o
adulto não tenha, mas são mais frequentes na nefrologia pediátrica,
apesar de mesmo nela, não ser tão frequente.
SÍNDROME DE ALPORT
- Mais comum doença renal hereditária.
- > 70% casos acima dos 6 anos de idade.
- Doença autossômica ligada ao cromossomo X.
- Aumento de glomérulos imaturos até alterações inflamatórias
crônicas e processo cicatricial na microscopia óptica.
> Clínica:
- Nefrite progressiva com hematúria micro ou macroscópica
recorrente, proteinúria e IRC;
- Surdez neuro-sensorial; distúrbios oculares (catarata, nistagmo,
miopia); distúrbio plaquetário.
> Biópsia:
- Espessamento da membrana basal glomerular com contornos
irregulares e fendas na lâmina densa de Hall na M.E.
> Tratamento:
- Diálise;
- Transplante com doador não relacionado.
SÍNDROME DE BARTTER
- Doença autossômica recessiva.
- Alcalose metabólica hipocalêmica ou doença perdedora de sal.
- Mimetiza sobrecarga de diurético de alça ou vômitos incoercíveis.
- Defeito básico não absorção de sódio, potássio e cloro no segmento
espesso da AH.
- Aumento da reabsorção de sódio e perda de potássio e H+ no TCD.
- Perda de sal leva ao aumento do SRAA com hiperplasia
justaglomerular.
> Clínica:
- Poliúria e polidipsia, déficit de crescimento, baixa estatura e
dificuldade de aprendizado.
- Fraqueza muscular e cãibras (hipocalemia e hipocalcemia).
- Hipercalciúria – na reabsorção de sódio, ocorre perda de cálcio
também.
- Em RN pode haver polidramnia ou parto prematuro.
> Diagnóstico:
- Atividade plasmática de renina e aldosterona sérica aumentadas.
> Tratamento:
- Suplemento de potássio;
- Diurético poupador de potássio - espironolactona;
- IECA (cuidado com hipotensão);
- Inibidor da COX (AINE).
SÍNDROME DE FANCONI
> Clínica:
- Hiperaminoacidúria, acidose hiperclorêmica e hipocalêmica (menor
reabsorção de bicarbonato), hipofosfatemia, perda de sódio urinário,
glicosúria, proteinúria (estágio tardio ou em associação com
síndrome nefrótica).
- Poliúria, polidipsia e desidratação.
- Retardo no crescimento, raquitismo.
> Biópsia:
- Depósito intra-citoplasmático de cristais.
- TCP em pescoço de cisne.
> Tratamento:
- Altas doses de vitamina D;
- Fosfato oral;
- Altas doses de substâncias alcalinizantes.
> Clínica:
- Acidose, redução da reserva alcalina, hipercloremia, aumento da
perda urinária de cálcio com hipocalcemia levando ao raquitismo e
nefrocalcinose ou nefrolitíase, perda renal de sódio e potássio.
- Apatia, anorexia, irritabilidade, hipotonia muscular,
instabilidade térmica, vômitos, poliúria e polidipsia, perda
ponderal, dor óssea, raquitismo, cólica renal, IRC.
> Tratamento:
- Correção da acidose.
- Citrato de cálcio (via oral) ou bicarbonato (oral ou venosa).
> Clínica:
- Vômitos, retardo pôndero-estatural, acidose metabólica
hiperclorêmica e hipocalêmica.
> Tratamento:
- Solução alcalinizante; diurético tiazídico.
• ATR 3
- Acidose tubular renal distal com perda importante de bicarbonato.
- Desaparece com o crescimento, em torno dos 5 a 6 anos.
- Não é mais relatada na literatura.
> Tratamento:
- Correção da acidose; restrição de potássio;
- Sem doença do parênquima renal intrínseca (deficiência
glicocorticóide): mineralocorticóide;
- Pseudo-hipoaldosteronismo: cloreto de sódio.
CAUSAS
• Primárias:
- Sobrepeso ou obesidade e história familiar de HAS.
- Diagnóstico de exclusão.
• Secundárias:
- Nefropatias parenquimatosas, renovasculares e obstrutivas =
60 a 90%.
- Excesso de mineralocorticoide, corticoide ou catecolaminas,
doenças da tireoide e hipercalcemia associada ao
hiperparatireoidismo = 5%.
- Efeitos de drogas vasoativas e imunossupressores, abuso de
esteróides, alterações do sistema nervoso central e aumento da
pressão intracraniana = 5%.
- Coarctação de aorta = 2%.
RECOMENDAÇÕES
- As definições para adolescentes são as mesmas para os maiores
limites pressóricos para crianças.
- A PA deve ser aferida em todas as consultas anuais de rotina em
crianças > 3 anos de idade ou a cada visita em crianças obesas ou em
condições de risco para HAS (familiares hipertensos, crianças
obesas, sedentárias, dislipidemia).
- MAPA deve ser considerado em crianças > 5 anos de idade se elas
apresentam HAS com duração > 1 ano, suspeita de HAS do jaleco branco
ou outra condição de risco, ou se iniciou tratamento farmacológico.
- O monitoramento da PA domiciliar não deve ser utilizado para
diagnóstico de HAS.
- Avaliação extensa da HAS não está indicada para crianças > 6 anos
de idade se há história familiar de obesidade, ou se causa
secundária não é suspeitada.
- ECG não é recomendado para avaliação de criança HAS.
CATEGORIAS DE PA E ESTÁGIOS
EXAMES LABORATORIAIS
TRATAMENTO
- Reduzir os níveis pressóricos e risco de lesão de órgão alvo.
- Em crianças sem DRC ou DM reduzir PAS e PAD < percentil 90 ou
130x80 mmHg e não mais < percentil 95 pela redução de HVE observada.
- Mudança de estilo de vida familiar com atividade física vigorosa
por 3 a 5 vezes por semana no diagnóstico de PA elevada.
- A dieta DASH (rica em frutas, vegetais, grãos integrais e
alimentos lácteos com baixo teor de gordura; inclui carne, peixe,
• Atividade física:
O aumento da atividade física leva a redução da PA.
Atividade física recomendada para crianças e adolescentes com
obesidade: 40 minutos de atividade física aeróbica moderada e
rigorosa 3 a 5 dias/semana.
É benéfica qualquer atividade física: treinamento de
resistência e/ou aeróbico.
Programas que combinam dieta e atividade física podem ter
efeito positivo.
• Dieta:
- Restrição de sal:
O aumento da ingesta de sal está associada a HAS: em especial HAS
essencial e HAS na raça negra é mais sal sensível.
Recomendado para simplificar não adicionar sal na dieta.
Evitar alimentos processados, hiperprocessados: salgadinhos, etc.
• Tratamento da obesidade:
Redução de peso com:
Atividade física regular e restrição de vida sedentária.
Modificação da dieta.
Casos extremos cirurgia bariátrica.
• Redução do estresse:
Fatores que levam a estresse emocional e mental prolongado resulta
em liberação de epinefrina e cortisol, que resulta em um aumento da
pressão sistólica.
Recomendado:
Tratamento psicológico.
Meditação.
Se necessário com medicações ansiolíticas.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
> Critérios:
- HAS estágio I
- HAS estágio II
- HAS sintomática: irritabilidade, baixo peso, etc.
- HAS de causa secundária
- Evidência de dano em órgão alvo
- HAS associada a DM
- Presença de risco cardiovascular como: Dislipidemia, desordens CV,
obesidade severa.
DOENÇAS UROLÓGICAS
O trato urinário normal é constituído por dois rins supridos
por artéria e veia renais, pelve renal, ureteres, bexiga e uretra.
As principais anormalidades congênitas são:
✓ Estenose da JUP – estenose na junção ureteropélvica – é a principal causa de hidronefrose em
crianças (responde por 50% dos casos).
✓ Rim em ferradura – trata-se de uma fusão renal que pode ser completa ou incompleta (quando,
apesar da ligação, a vascularização e a fisiologia são independentes).
✓ Refluxo vesico-ureteral – presença de fluxo em sentido retrógrado (subindo pelo ureter).
✓ Agenesia renal – o outro rim acaba tendo que hiperfiltrar para compensar (rim vicariante).
✓ Duplicação ureteral.
✓ Hipoplasia renal - rim menor que o outro.
✓ Megaureter- dilatado com dificuldade de drenagem podendo levar a refluxo.
✓ Rim multicístico displásico.
✓ Válvula de uretra posterior (VUP)- meninos, hidronefrose e refluxo.
UROPATIA OBSTRUTIVA
É um distúrbio da relação entre a pressão e o fluxo no trato
urinário, pode ser uma obstrução completa, sendo mais incomum
(uretra + bexiga) e não há débito urinário, ou pode ser uma
obstrução parcial que é mais frequente, onde a obstrução pode ser
unilateral ou bilateral, mas parcial e há débito urinário.
A obstrução leva a uma diminuição do fluxo urinário e a uma
pressão contrária, causando lesão do trato urinário anterior.
Classificação
- Assintomática x Sintomática (IR).
- Aguda (até 3 semanas) x Crônica (>3 semanas).
- Completa x Parcial:
Completa: Sem débito urinário, exceto em idosos, sexo
masculino por obstruções prostáticas.
Parciais: Parciais mais comuns, pode ocorrer por cálculos
renais, obstruções anatômicas, neoplasias que comprimem o ureter,
gravidez no 3º trimestre (não tem clínica, assintomática, mas
favorece infecção, desconforto, gera > frequência miccional).
CAUSAS
1. Causas anatômicas:
- Obstrução da junção pieloureteral ou uretopélvica (JUP).
- Duplicação ureteral.
- Obstrução da junção vesicoureteral (JUV).
- VUP (válvula de uretra-posterior - meninos).
- Estreitamento/estenose uretral.
- Uretocele (ureter forma bolsa urinária fora da bexiga, mas dentro
da loja vesical).
- Ectopia ureteral (implantação do ureter quase na inserção da
uretra e não na bexiga).
2. Causas funcionais:
- Bexiga neurogênica (bexiga não tem inervação).
- Bexiga neurogênica não neurogênica (bexiga inervada, mas sem
resposta muscular).
- VUP (resposta incoordenada a dilatação da bexiga).
Hidronefrose
Como dito, as obstruções impedem a passagem da urina, essa
urina acumula, aumenta a pressão em toda a parte anterior à
obstrução e vai levar então à hidronefrose, que nada mais é que a
dilatação da pelve renal.
É uma afecção comum na criança e consiste na dilatação do
sistema coletor renal, podendo ser congênita (hidronefrose fetal) ou
pode ser adquirida, o que é menos frequente.
Podem ocorrer na criança devido a processos obstrutivos do
trato urinário ou, ainda, em casos graves de refluxo vesicoureteral.
A hidronefrose fetal pode ser diagnosticada ainda na vida intra
uterina, por meio da ultrassonografia obstétrica.
Dilatações leves a moderadas podem resolver-se espontaneamente
antes ou após o nascimento. Porém, dilatações maiores podem ser
causa de infecção urinária, causar dano ao parênquima renal e
provavelmente irão requerer tratamento cirúrgico.
As principais causas de hidronefrose fetal que persistem após
o nascimento são: estenose da junção ureteropélvica (JUP), rim em
ferradura, refluxo vesicoureteral, mega ureter, rim policístico,
válvula de uretra posterior, rim hipoplásico.
LOCALIZAÇÃO DA OBSTRUÇÃO
1. Pelve renal:
- Litíase (obstruindo a pelve renal).
- Infarto pélvico (pode ser causado por: anemia falciforme, DM –
pode causar necrose papilar).
- Estenose JUP: principal causa.
2. Ureter:
- Carcinoma da bexiga ou próstata, carcinoma pélvico.
- Litíase.
- Linfoma, carcinoma ou fibrose retroperitoneal.
- Ligação cirúrgica acidental.
- Edema na JUV após cateterização.
- Gravidez, coágulo, estenose.
3. Uretra ou bexiga:
- Hipertrofia prostática.
- Carcinoma da bexiga ou da próstata.
- Válvula uretral, estenose uretral ou estenose meatal.
- Bexiga neurogênica.
QUADRO CLÍNICO
- Alterações do fluxo urinário com possibilidade de infecção
(acúmulo de urina na bexiga) e IR.
- Enurese (perda urinária noturna), incontinência urinária (diurna e
noturna), infecção, disúria, hematúria, dor abdominal, distensão
vesical, hidronefrose.
DIAGNÓSTICO
- USG: exame para triagem, pois o diagnóstico é feito a partir de
exames contrastados.
- Uretrocistografia miccional (contraste na bexiga, com radiografia
sequencial): uretra em pião, pera.
- Urografia excretora.
- Uroressonância.
TRATAMENTO
- Profilaxia antibiótica evitando as infecções e as de repetição até
que sejam corrigidas as obstruções.
Pode ser cefalosporina 1ª geração, SMX-TMP, nitrofurantoína,
vai depender da clínica.
- Alívio sintomático com cateter ou sonda urinária.
- Retirada da causa da obstrução (retirada de tumor, retirada do
rim, drenagem de hidrocolpos).
- Desvio urinário temporário (nefrostomia, ureterostomia,
vesicostom, o ideal é reconstruir o mais rápido e como a morfologia
normal.
DISTÚRBIOS MICCIONAIS
FISIOPATOLOGIA
- Alterações neurológicas – bexiga neurogênica.
- Disrafismo espinhal – mielomeningocele, lipomeningocele, agenesia
sacral.
- Paralisia cerebral.
- Alterações funcionais.
- Alterações miccionais diurnas e noturnas.
- Infecções urinárias de repetição.
- Refluxo vesico ureteral.
- Disfunção do assoalho pélvico – disfunção vesico intestinal.
QUADRO CLÍNICO
> Queixas relatadas:
- Urge-incontinência diurna atribuída a preguiça da criança.
DIAGNÓSTICO
- Sintomas do trato urinário inferior após os 5 anos não é normal.
- Qualquer criança com disfunção do trato urinário inferior deve ser
investigada para constipação e vice-versa – USG revelando aumento da
espessura da parede vesical,distensão reta e fecaloma.
- Controle do volume de urina noturna: beber menos água antes de
dormir.
- Diário miccional ajuda no processo de educação micciona: após
diurese, beber água e após ⅔ hs,ir ao banheiro novamente.
Fazer sol para dias que não teve enurese e chuva para dia que teve
enurese, o normal são ½ noites de chuva por semana.
- Urofluxometria com avaliação de urina residual (recomendado).
- Considere avaliação psiquiátrica/psicológica.
TRATAMENTO
- Explicar e desmistificar.
- Programa individualizado com objetivos (uso de calendários etc).
- Orientar micção regular durante o dia, antes de deitar e ao
acordar.
- Posicionamento adequado ao sentar para urinar.
- Tratar constipação: água, fibra, lactulose.
- Acordar a criança à noite – é permitido, mas só serve para aquela
noite.
- Motivação.
- Alarme.
- Desmopressina.
- Anticolinérgicos com ou sem desmopressina – oxibutinina.
- Imipramina – cardiotoxicidade.
BEXIGA NEUROGÊNICA
Bexiga com defeito de inervação e, tão pois, dificuldade de
contração. Associada a espinha bífida, mielomeningocele (malformação
da coluna lombosacra com falta de inervação vesical) e também aos
traumatismos raquimedulares (não neurogênica).
É uma bexiga flácida e hiporreflexa, ela não tem capacidade de
contração, a micção se dá por transbordamento -> urinando por
transbordamento.
QUADRO CLÍNICO
- Aumento da frequência miccional.
- Hesitação miccional.
- Enurese.
- Incontinência.
TRATAMENTO
Drogas estimuladoras da contração vesical, cateterização
intermitente, vesicostomia. Drogas utilizadas:
- Colinérgico: betanecol.
- Anticolinérgico: propantelina, oxibutinina (1ª linha).
- Simpaticomimético: fenilpropanolamina(α), efedrina(α), pseudoefedrina(α).
- Simpaticolítico (2ª linha): prazosim(α), propranolol(β).
- Outros: imipramina.
NEFROPATIA DE REFLUXO
É a doença renal decorrente do refluxo vesico-ureteral. A
nefropatia de refluxo caracteriza-se pela presença de cicatrizes
renais, focais ou difusas, secundárias a lesões irreversíveis do
parênquima renal, são identificadas como zonas de hipocaptação na
cintilografia renal realizado com 99mTC-DMSA.
Podem ser lesões primárias/congênitas ou adquiridas. As
primeiras estão associadas a um desenvolvimento metanéfrico anormal
e surgem na ausência de infecção do trato urinário (ITU), e as
segundas são sequelas de um ou vários episódios de pielonefrite
aguda, na presença de RVU, com entrada de urina infectada no rim.
É uma causa importante de insuficiência renal crônica em idade
pediátrica e tem uma evolução clínica insidiosa.
EPIDEMIOLOGIA
- RVU: atinge 1% população pediátrica.
- Cerca de 30-40% das crianças com ITU apresentam refluxo
vesicoureteral, desde refluxos leves até refluxos graves.
ANATOMIA
Para entender como ocorre o refluxo:
> Junção ureterovesical:
- Local onde o ureter une-se a bexiga urinária. A junção
ureterovesical possui um mecanismo de válvula que permite a passagem
da urina do ureter para a bexiga, impedindo o fluxo contrário, ou
seja, da bexiga para o ureter.
- O RVU está relacionado a anatomia da junção vesicoureteral,
pacientes com trajeto mais curto vão ter maiores chances de ter um
refluxo que os pacientes que possuem um trajeto mais longo.
ETIOLOGIA
- Primário: Anomalia congênita da junção vesicoureteral, onde a
deficiência da musculatura longitudinal no trajeto intravesical do
ureter leva a um mecanismo valvular incompetente.
- Secundário: Associação com condições urológicas (causa urológica
obstrutiva) conjugados à fatores urodinâmicos:
Válvula de uretra posterior.
Hiperplasia prostática.
Neoplasia uterina.
Bexiga neurogênica.
Traumatismo raquimedular.
Obstruções do Trato Urinário inferior.
QUADRO CLÍNICO
> Refluxo vésico-ureteral
- ITU de repetição – febril, cultura de urina +, hidronefrose em
imagem.
- Enurese noturna.
- Anomalias congênitas (USG pré-natal).
- Dor lombar – pela pielonefrite.
- Pode ser um achado.
- História familiar.
Nefropatia de refluxo
- Com diversos estágio, podendo ser leve, severa ou terminal, evolui
dos polos e leva a diminuição do tamanho renal.
1. Mecanismos patogênicos:
- Fatores urodinâmicos, bacterianos.
- Cicatriz e sua progressão.
- Escape de urina para o parênquima renal.
2. Patologia:
- Esclerose segmentar e focal no rim contralateral ao refluxo.
- Lesão no rim contralateral ao refluxo.
3. Clínica da nefropatia:
- ITU complicada.
- HAS benigna ou acelerada durante gestação simulando pré-
eclâmpsia.
- Proteinúria (marcador de lesão renal).
- Insuficiência renal.
- Litíase.
- Enurese noturna.
- Anomalias congênitas.
4. Hipertensão arterial:
- Complicação tardia, sem o envolvimento do sistema renina-
angiotensina e sim de patologias da artéria renal.
- Nefrectomia preventiva: não há evidências de que melhore o
quadro.
- Gravidez - pré-eclâmpsia e RVU.
DIAGNÓSTICO
> Por quê investigar RVU?
- Alta prevalência (10% das crianças com hidronefrose e 30-40% das
crianças com infecção urinária tem RVU).
- Os dados clínicos são inespecíficos.
- Evolução assintomática.
- Há incidência de cicatriz renal.
TRATAMENTO
> Não cirúrgico:
- Profilaxia antibiótica (⅓ a ¼ da dose terapêutica a noite):
Para reduzir chance de lesão por pielonefrite.
> Cirúrgico:
- Grau I, II e II na maioria absoluta maioria das vezes tem
resolução espontânea.
- Grau IV na maioria não tem resolução espontânea (80-90%), sendo na
maioria dos casos indicado cirurgia.
- Grau V não tem resolução espontânea, sempre indicado cirurgia.
LITÍASE RENAL
A litíase urinária pode ser considerada uma doença crônica
pela sua taxa de recorrência de 50% dos casos em até 10 anos de
seguimento clínico. Como uma urgência médica, a ocorrência da cólica
renoureteral manifestada pela súbita obstrução do trato urinário
leva muitos pacientes ao pronto atendimento hospitalar e em
determinadas situações com elevado risco quando associado à infecção
do trato urinário e insuficiência renal.
Cólica Renal
Diagnóstico:
O diagnóstico da cólica renal pode ser suspeitado com base
apenas na avaliação clínica, porém a exploração laboratorial e
radiológica do paciente com cólica renal em unidade de emergência é
de fundamental importância, pois permite apurar o diagnóstico,
podendo identificar possíveis complicações, condições associadas e
diagnósticos diferenciais, além de contribuir para a definição
terapêutica e seguimento.
No EAS encontra-se hematúria, pois os cristais, o cálculo,
realmente corta o epitélio urinário e haverá um sangramento por
causa do cálculo. Aqueles cristais não têm significado nenhum. A
hematúria normalmente é microscópica, mas ela pode ser macroscópica
também.
A radiografia simples do abdome é o exame mais rápido e
apresenta sensibilidade para detecção de cálculos ureterais entre
45% e 59%.
Na USG irá ver a dilatação, mas ela tem que ser relativamente
grande também. A determinação do tamanho do cálculo pela USG é
imprecisa, não dá informações de densidade, informação quanto a
localização é imprecisa, é operador dependente.
Investigação de cólica renal é tomografia computadorizada. A
TC dá a posição exata da pedra, o tamanho exato, a densidade, e toda
conduta para a retirada do cálculo é feita pela TC.
Tratamento:
O tratamento visa primordialmente o alívio imediato da dor.
Objetivos secundários são a desobstrução urinária, a eliminação do
agente causador e a preservação da função renal, seja por medidas
clínicas ou cirúrgicas.
Litíase renal
A litíase urinária é uma afecção comum na atenção primária,
apresentando uma prevalência geral em torno de 5-10% da população,
em países desenvolvidos chega a 15% da população. Existem fatores
epidemiológicos importantes, um deles é o hereditário, esse fator é
muito perceptível quando o paciente apresenta cálculo de repetição,
nesse indivíduo é comum se encontrar alguém na família que tenha o
mesmo comportamento.
Países desenvolvidos (EUA, países europeus) tem mais litíase
devido à alimentação, ao alto consumo de proteína e sal, quando mais
pobre o país, menos proteína ele consome em sua alimentação, quanto
mais rico, mais proteína é consumida.
O sedentarismo, também, predispõe a formação de cálculo, não
se sabe exatamente o motivo. E a prática de atividade física diminui
a chance de litíase renal.
Antigamente algumas ocupações sem acesso a água também estavam
relacionadas, ou que manipulam substâncias que precipitam
(melamina).
Obs1: Por que o cloreto de sódio (NaCl) dá pedra nos rins? Não
existe nenhuma litíase de cloreto de sódio, na verdade esse composto
é facilmente solúvel, o aumento da oferta de sódio aos túbulos
distais joga cálcio na urina, o túbulo reabsorve o sódio e joga
cálcio para fora. Então, ingestão elevada de NaCl aumenta a
calciúria (o cálcio urinário), é por isso que o NaCl aumenta a
formação de litíase e está associado a osteoporose (vai jogando o
cálcio para fora e diminuindo o cálcio ósseo a longo prazo). Esta
mesma justificativa se aplica a osteopenia nos países Ocidentais que
ingerem muito sódio.
Obs2: Já a proteína (carne vermelha) está relacionada ao aumento de
ácido úrico, que são alimentos que possuem purinas, gerando ácido
úrico.
PATOGENIA
Formação do Cálculo:
- Supersaturação urinária;
- Nucleação (formação inicial do cálculo);
- Aderência ao epitélio;
- Redução dos fatores inibidores:
Citrato, magnésio.
ETIOLOGIA
A etiologia deve ser investigadas em casos de litíase de
repetição ou em casos de pacientes muitos jovem.
> Infecção:
Grumos bacterianos e leucocitários podem servir de núcleo.
Além disso, há bactérias que interferem na composição urinária e no
pH urinário, podendo facilitar a formação de cristais. A bactéria
associada ao crescimento de cálculo renal é o Proteus mirabillis.
> Alteração anatômica:
Predispõe a formação de cálculos renais, pois o que dificulta
o cristal a aderir ao epitélio é o fluxo contínuo. As alterações
urinárias geralmente são obstruções e dilatações. Se obstruir ou
dilatar as vias urinárias o fluxo diminui podendo ficar totalmente
parado se for uma obstrução completa ou apenas por lentificação.
Se deixar o fluxo muito tempo parado, o cristal ficará mais
tempo nas vias urinárias e poderá crescer. Portanto, qualquer
obstrução ou dilatação das vias urinárias ou complicações, tudo isso
predispõe a formação de cálculos.
> Baixo volume urinário:
A urina já é supersaturada, se o indivíduo bebe pouca água ela
fica mais supersaturada ainda, com isso acaba apresentando cálculos
de repetição.
> Fatores metabólicos:
- Hipercalciúria - excesso de cálcio na urina.
- Hiperuricosúria - excesso de ácido úrico na urina.
- Hiperoxalúria - excesso de oxalato na urina.
- Acidose tubular renal - principalmente a tipo I distal que está
associada à formação de cálculos.
- Cistinúria - é uma doença genética, que há um defeito no
transportador da cistina, havendo, assim há excesso de cistina na
urina, com isso ela irá precipitar e formar cálculos, comum em
crianças.
- Hipocitratúria - é deficiência de citrato na urina, que é um fator
inibidor da formação de cálculo.
DIAGNÓSTICO
Litíase:
> Quadro Clínico:
Cólica renal: que por definição não pode ser cólica, porque em
nenhum momento a dor some, apenas intensifica.
Localização: lombar, irradiando para flanco, fossa ilíaca ou
região genital, ou ainda segundo a mobilização do cálculo.
Disúria.
Associado à náusea, hipotensão e sudorese.
> EAS:
Hematúria: pela Lesão ao epitélio do ureter.
> Urinocultura: principalmente se tiver febre para diferenciar de
pielonefrite.
> Exames de imagem:
Rx simples do abdome
Ultra-sonografia
Urografia excretora
TC
Avaliação etiológica:
Pacientes com história de eliminação de cálculos ou de
procedimentos prévios de retirada ou fragmentação de cálculo estão
indicados exames para investigação metabólica e radiológica para
fins diagnósticos e de acompanhamento.
TRATAMENTO
> Medidas Gerais: independente da etiologia.
- Dieta: reduzir sódio e proteína animal, adequar ingestão de
cálcio.
- Líquidos: > 2500 ml e <4000 ml.
- Atividade física.
> Medicamentoso:
Quando há um distúrbio metabólico identificado.
Cólica renal:
- analgésicos venoso;
- Antiespasmódicos: buscopam;
- Anti-inflamatório: profernid, tilatil;
- Antiemético: em caso de náusea e vômitos.