A Ideologia Do Trabalho

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A Ideologia do Trabalho

Paulo Sérgio do Carmo


Direito do Trabalho
Nome: Adrian Vinicius Majinski de Moraes
RA: 19056162 Turma: 4° NB
Inicia sua produção demonstrando como o termo “trabalho” é utilizado
em todas a situações possíveis e da mais diversas maneiras, ocorrendo assim
o esgotamento de seu sentido. O conceito de trabalho para o autor é:

toda atividade realizada pelo homem civilizado que transforma a


natureza pela inteligência. Há a mediação entre o homem e a
natureza: domando-a ele a seu desejo, visa extrair dela sua
subsistência. Realizando essa atividade, o homem se transforma, se
autoproduz e, ao se relacionar com outros homens, na realização da
atividade, estabelece a base das relações sociais. Dessa forma, a
diferença entre o homem e o animal fica evidente, pois o ninho do
pássaro ou a casa da abelha, por exemplo, são atividades regidas
pelo instinto. (grifado)

Ao tratar o trabalho em seu sentido estrito, traz o quesito de que é visto


atualmente como algo que valora o ser humano e que está ligado ao
julgamento de vencedor e perdedor.

Há a veneração ao trabalho, não sua valorização.

Quanto ao desemprego, traz nitidamente que é visto como uma


patologia que atinge pessoas e famílias, uma grave derrota daqueles sem
méritos e “sem vontade de trabalhar”. É venerado o trabalho servil e
desprezado o desemprego, ainda que deixem o trabalhador em situação
semelhante. Nesse sentido, cita estudo realizado pela ONU nos anos 80, onde
foi constatado que aproximadamente sessenta milhões de crianças
trabalhadoras sobrevivam em situação “piores que a dos antigos escravos”.

Cita os hippies, classe que contesta o trabalho e é criticada


massivamente em razão de priorizar o lazer.

A ideologia, termo relativo ao século XVIII e aplicável à todas as


sociedades, é a “visão de mundo (...) que uma sociedade, classe ou grupo
social tem da realidade da qual se serve para agir sobre essa realidade e
altera-la”. Considera que o homem não consegue libertar-se da ideologia, o
que pode fazer é a substituição. Coloca por exemplo, as visões revolucionárias
e as visões de veneração do trabalho no mesmo nível.

Inicia o estudo histórico na civilização grega, sociedade que venerava a


sabedoria e não o trabalho, ainda que Aristóteles considerasse “impossível a
vida sem o necessário para a sobrevivência, a humanidade não poderia abrir
mão dos escravos”. O trabalho escravo era utilizado para que os cidadãos
gregos pudessem se dedicar aos “prazeres do corpo ou à investigação e à
contemplação das coisas eternas do espírito”.

Em suma, ocorria a aversão pelo trabalho da elite grega. O mesmo pode


ser verificado nas civilizações egípcias e persas. Assim é possível verificar que
a veneração ao trabalho ocorre nos momentos de sua escassez, quando o
trabalho se torna “privilégio”.

Na Idade Média o trabalho era predominado pela servidão, no contexto


de feudos, autossuficiência e de sobrevivência. Não ocorria o excesso de
produção, era produzido o necessário para sobreviver e pagar os tributos
feudais, aliados à demonização do lucro, visão catolicista.

Foi superado pela urbanização, a criação de mecanismo de controle de


tempo e com inicio do sistema das corporações (ofícios, artesãos, habilidade
individual). A reforma protestante teve grande influencia ao retirar o pecado da
obtenção de lucro e com a ideia de vocação (Ética Protestante e o Espirito do
Capitalismo, Max Weber). Nesse contexto tem início a condenação da
ociosidade e das tentações da carne. O autor alinha também as seguintes
causas para o fim do sistema feudal: “a falta de um poder que centralizasse o
excesso de leis, impostos e taxas cobradas por feudo, dificultando o livre
trânsito do comerciante; a Peste Negra (...) e o êxodo rural.”

No contexto dos burgos, cidades fortaleza, constatou-se o surgimento de


mão de obra quase infinita. Todos que saíram dos feudos e foram às cidades
necessitavam de afazeres para sobreviver: homens, mulheres, crianças ou
qualquer um que conseguisse segurar um martelo. Isso fez com o ócio
passasse a ser visto negativamente, o trabalho fosse venerado e o lucro como
finalidade. Em sequência ao novo sistema, surgem liberalistas e em sua
oposição Karl Marx, dos quais os conceitos já são conhecidos.
Com o progresso do capitalismo ocorre a colonização dos novos povos,
a volta do trabalho serviu e escravo. Sistema que só foi superado pelo
entendimento inglês de que seria necessário remunerar os trabalhadores para
que houvesse a circulação da moeda, bens e mercadorias. O tempo passou a
ser mercadoria e surgiram novos modos de produção, o fordismo e o
taylorismo.

Essa corrente de pensamento é fundada nos EUA por Frederick Taylor


que era engenheiro de formação puritana, o mesmo começara a funda uma
nova organização do trabalho. Esse idealismo visa racionalização da produção
para aumentar a produtividade, evitando desperdício, economizando mão-de-
obra e retirando gestos desnecessários e comportamentos inadequados no
processo de produção trazendo consigo a noção de “tempo útil”. Para Taylor os
trabalhadores não poderiam ser administradores do processo de produção,
pois os mesmos estão apegados à tradição, ou seja, tem que haver a
separação entre o trabalho intelectual e o manual. Com essa separação o
homem passou a ser controlado pelo cronometro.

Para ele, o trabalhador não visualiza o trabalho como ato existencial,


mas sim como recurso à sobrevivência. Taylor pensou que tanto o trabalhador
quanto o empregador iriam se beneficiar com o aumento da produtividade, mas
na prática não foi isso que aconteceu.
No século XX a sociedade europeia é dominada pelo nazi-fascismo,
sistema que funcionava em razão da burguesia anticomunista da época, que
temia uma revolução dos trabalhadores.

“Nós só queremos operários fiéis, que nos tenham no fundo do


coração pelo reconhecimento do pão que os deixamos ganhar”
(Alfred Krupp, industrial alemão).

Nesse mesmo período, a Rússia de 1917 era rica de paixão por sua
causa, ocorria o trabalho voluntário aos sábados, além do expediente normal
em prol da revolução. A desorganização resultou em fome e desemprego.

Ambos os sistemas eram mantidos pois educavam as massas a seguir


suas ideologias e na ausência de voz dos trabalhadores.
O estudo segue ao Japão, relacionando o trabalho ao passado feudal e
à falta de matéria prima. Há um verdadeiro apego entre trabalhadores e
trabalho, que trouxe notável desenvolvimento econômico em tempo recorde.
Trata-se de fenômeno psicológico em razão do “patriotismo” pela empresa em
que labora.

Ao analisar o Brasil, traz à tona o tardio fim das sociedades primitivas e


que forma superadas pelo escravagismo e suas consequências, como a
marginalização dos milhões de escravos. Desse modo, ocorreu a rejeição do
trabalho manual por lembrar o trabalho escravo, os patrões tratavam seus
subordinados nos mesmos moldes do tratamento escravo, o que estimulava
apenas o trabalho para sobrevivência.

O empresário brasileiro era de perfil conservador e reacionário, contrário


à direitos sociais e ignorando-os na prática.

Por conclusão, o livro aborda o desenvolvimento do trabalho nas


sociedades e suas relações, abordando o tema de maneira clara e concisa, rico
em aspectos e informações adicionais sobre o assunto. Durante a escrita,
trabalha com igual grandeza a visão do proletariado e da classe dominante,
conforme as classes e épocas.

Um desses momentos são vistos ao falar sobre o surgimento das


primeiras fábricas, que eram tratadas como instituições filantrópicas, pois
permitiam aqueles que não possuíam obrigações, o privilégio de trabalhar. No
mesmo sentido, a visão de que a humildade era privilégio religioso, valorizando
o ócio. Sendo nesse momento histórico o pior momento no que tange a
exploração do proletariado em geral, onde até a mão de obra infantil era
desregulada e utilizada em grande escala, em razão de terem “mais docilidade
e obediência, em virtude de sua fragilidade”. O mesmo era visto com a mão de
obra feminina.

O grande caminho histórico percorrido durante o livro tem início na


Grécia Antiga, finda-se no Brasil e com grande ênfase na sociedade europeia
do século XVIII, explorando os aspectos sociais, econômicos e culturais de
cada sociedade.

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