Apostila 0 - PRINCIPIOS
Apostila 0 - PRINCIPIOS
Apostila 0 - PRINCIPIOS
Autores:
Equipe Priscila Ferreira, Priscila
Ferreira
Aula 00
29 de Fevereiro de 2020
Equipe Priscila Ferreira, Priscila Ferreira
Aula 00
Sumário
Cronograma De Aulas........................................................................................................................................ 3
Iniciamos os estudos no Curso de 1ª Fase em Direito do Trabalho para o Exame da OAB, voltado para a
prova objetiva, a ser realizado pela FGV.
Antes de iniciarmos qualquer estudo, devemos nos ater a algumas dicas básicas, as quais serão essenciais
para o grande sucesso de vocês na prova. Vejamos:
A prova da 1ª Fase é composta de oitenta questões, devendo você atingir quarenta pontos para ter
autorização de caminhar ao próximo passo, qual seja, a segunda fase da OAB. As matérias de
direito e processo do trabalho irão compor em sua prova um total de onze questões, sendo, em
média, cinco questões de trabalho e seis de processo do trabalho.
Desta forma, as questões de direito e processo do trabalho são de grande valia para a sua
aprovação, logo, ainda que você não tenha uma grande afeição pela matéria, tente se dedicar a ela,
isso lhe garantirá alguns pontinhos rumo à segunda fase da OAB.
A grande atenção que deveremos ter a este edital refere-se a cobrança da matéria já sob a égide da
Reforma Trabalhista, Lei nº 13.467/2017, e das recentes alterações de 2019. Isso não lhe deverá
causar preocupações ou espanto, já que juntos conseguiremos ver as atualizações de forma clara e de
fácil entendimento, sempre ressaltando para vocês as possíveis “pegadinhas” que poderão ser
elaboradas, em comparação com as normas revogadas pela Lei nº 13.467/2017. Logo, utilize este
curso como forma de se atualizar perante a atual legislação, bem como para garantir o seu passaporte
para a segunda fase da OAB.
A estruturação do curso terá por base as videoaulas, disponibilizadas ao longo do curso, e sendo
mais precisa, totalizarão dez videoaulas. No mais, também disponibilizaremos, conforme
cronograma, os PDFs com toda a matéria elucidada nas aulas, os quais sempre aprofundarão um
pouco mais sobre o tema para a sua ampla compreensão.
O curso terá como objetivo, a abordagem dos principais pontos da matéria, de forma que iremos
percorrer nos estudos todos os tópicos já exigidos pela banca, mas sempre trazendo um maior
enfoque para aqueles que tiveram sua cobrança mais destacada na prova.
O estudo para primeira fase, em especial em direito do trabalho, exigirá do candidato o uso de uma
CLT atualizada - ano de 2020, já que estudaremos a reforma trabalhista, e o enfoque no texto legal
se revelará de extrema importância.
Por fim, destaco, neste momento, os principais temas já cobrados pela banca, em seu grau de
importância, e que você deverá se ater ao longo da nossa caminha de estuda:
CONTRATO DE TRABALHO;
SALÁRIO/REMUNERAÇÃO;
JORNADA/INTERVALO;
ESTABILIDADE;
DIREITO COLETIVO;
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE/INSALUBRIDADE;
VERBAS RESCISÓRIAS;
AVISO PRÉVIO;
EMPREGADO DOMÉSTICO;
FGTS;
EQUIPARAÇÃO SALARIAL;
ADICIONAL NOTURNO;
DISPENSA DISCRIMINATÓRIA;
FÉRIAS;
ACIDENTE DE TRABALHO;
HORAS IN ITINERE;
LICENÇA MATERNIDADE/PATERNIDADE;
PRESCRIÇÃO;
PROPRIEDADE INTELECTUAL;
RESPONSABILIDADE;
TERCEIRIZAÇÃO;
VINCULO DE EMPREGO;
ACUMULO / DESVIO DE FUNÇÃO;
COOPERATIVAS;
EMPREITADA E SUBEMPREITADA;
JUSTA CAUSA;
TELETRABALHO;
TRABALHO TEMPORÁRIO;
VALE TRANSPORTE;
VIGILANTES.
CRONOGRAMA DE AULAS
O curso compreenderá um total de oito aulas em PDF, juntamente desta aula demonstrativa, sendo
distribuídas conforme cronograma abaixo, o qual poderá sofrer algumas alterações no transcorrer no curso:
2. Relação de Trabalho
01 16/03
3. Relação de Emprego
6. Contrato de Trabalho
11. Férias
15. Estabilidades;
Tente fazer uma organização de seu estudo através de uma sistemática diária, de forma que você
estude de duas a três matérias por dia, a depender do tempo disponível em sua rotina diária. Tal
sistematização poderá ser realizada de forma simples, mas que lhe garantirá a passagem por todos os
conteúdos necessários para sua aprovação. Veja, a título de exemplificação:
O seu estudo não deve se consubstanciar apenas na visualização das videoaulas, você deve tentar ler
os PDF, em especial aqueles em que destacamos o maior grau de importância pela sistemática de
cores, quais sejam:
Durante o curso, teremos alguns simulados, aos quais você deverá sempre realizar, como forma de
auto avaliar nas matérias e, inclusive, perceber em quais conteúdos você deve ter um maior enfoque;
Por fim, tenha consciência de que você é o único responsável pela sua aprovação, então, não deixe
para estudar e rever todo conteúdo na véspera da prova, isto lhe prejudicará. Tenha foco no seu
objetivo, a APROVAÇÃO !
METODOLOGIA DO CURSO
Diante desses aspectos iniciais, vamos observar e compreender a estruturação do nosso curso, conforme as
considerações realizadas abaixo:
PRIMEIRA: Como a disciplina possui certo grau de importância perante a prova de primeira fase da OAB,
teremos videoaulas a serem disponibilizadas ao longo do curso, e com destaque aos pontos mais relevantes
da matéria.
SEGUNDA: Toda aula será acompanhada de um arquivo em PDF, o qual apresentará conteúdo e questões
já exigidas pela banca examinadora, sendo estas gabaritadas e comentadas, de forma a facilitar os seus
estudos.
A sistemática das aulas estará com enfoque nos temas mais recorrentes em provas, além de alguns inéditos
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que poderão ser exigidos do candidato, e que faremos questão de repassar para vocês.
TERCEIRA: As questões conexas ao conteúdo estarão no transcorrer do material, PDF, então, após todo o
estudo do conteúdo, as faça para treinar. Isto lhe garantirá uma análise se de fato você compreendeu ou não
o conteúdo.
APRESENTAÇÃO PESSOAL
Por fim, farei uma breve apresentação pessoal, com intuito de que vocês possam conhecer mais um pouco
desta professora para fins de estreitarmos os nossos laços.
Logo abaixo, deixo os meus contatos para que vocês possam solucionar qualquer dúvida sobre o curso,
matéria, ou ainda, fazer qualquer sugestão.
Terei um enorme prazer em auxiliá-los nesta caminhada que será de grade sucesso.
Contem comigo!!!
DIREITO DO TRABALHO
1 - Considerações Iniciais
O nosso estudo começará por Direito do Trabalho, analisando diversos temas importantes, de forma a se
estruturar toda a matéria, desde a base principiológica do direito do trabalho até os seus aspectos mais
aprofundados.
Partindo desta premissa, vamos começar analisando a natureza jurídica do direito do trabalho, fundada no
direito privado, e tendo como competente para legislar acerca da matéria a União, a qual, por meio de Lei
Complementar, poderá delegar aos Estados questões específicas.
Desta forma, vamos ao estudo!!!
O direito do trabalho, assim como outros ramos do direito, funda-se em princípios básicos, os quais nos
fazem entender determinadas situações da matéria, e ver a clara dicotomia existente entre a figura do
empregado e empregador, aquele hipossuficiente na relação justrabalhista.
Sob tal prisma, a doutrina traz como uma de suas fontes formais do Direito do Trabalho, os princípios, os
quais possuem uma tríplice função: Informativa, Integrativa e Interpretativa.
A função informativa se refere ao fato de os princípios inspirarem e informarem o legislador na criação das
normas; a função integrativa objetiva que os princípios criem um sistema jurídico coeso, de forma que as
lacunas da lei (ausência de regulamentação) sejam superadas, não deixando nenhum caso sem solução,
conforme preconizado no artigo 8º da CLT; por fim, a função interpretativa refere-se ao fato de os princípios
permitirem aos aplicadores do direito uma melhor interpretação às normas jurídicas.
Anteriormente à reforma, o direito comum seria fonte subsidiária do direito do trabalho, sempre que
estivéssemos diante de uma ausência de regulamentação, lacuna, bem como diante de uma compatibilidade
sistêmica, ou seja, diante de um binômio: Compatibilidade + Lacuna.
Agora, com a reforma trabalhista, nos termos da lei, exige-se tão somente a ausência de regulamentação
para aplicação subsidiária do direito comum, este que em regra, na seara trabalhista, será o Direito Civil.
Nesse sentido, observe todo contexto legal trazido no Artigo 8º da CLT:
O art. 8º, § 2º, da CLT, acrescidos pela Lei 13.467/2017, proíbe os tribunais de criar ou restringir direitos
por meio das súmulas ou outros enunciados de jurisprudência.
A Lei 13.467/2017 dificultou, ainda, ao máximo, a intervenção do Judiciário na validade das normas
coletivas, limitando sua atuação, adotando como princípio a intervenção mínima na autonomia da vontade
coletiva, dando maior segurança às convenções e acordos coletivos e aos seres coletivos.
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Com base nesta premissa conceitual, passamos a estudar os princípios reguladores do direito do trabalho,
valendo lembrar que não há um rol taxativo de princípios, podendo variar de autor para autor este rol. No
entanto, devemos nos ater aos principais princípios mencionados pela doutrina, bem como aos que, de forma
reincidente, tornam-se exigidos pela banca examinadora:3.1 - Princípio da Proteção
O PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO, também conhecido como princípio protetivo, tutelar ou tuitivo, revela-se
como um dos principais princípios trabalhistas, sendo ainda desmembrado em outros três âmbitos: Princípio
do In Dubio Pro Operario (ou in dubio pro misero), Princípio da norma mais favorável e Princípio da
Condição mais benéfica.
Iniciando pelo princípio alicerce do direito do trabalho, o protetivo, verifica-se que o direito do trabalho se
revela extremamente protetivo a uma das partes envolvidas na relação laboral, qual seja, o empregado, que
se demonstra a parte hipossuficiente desta relação, de forma a criar-se um sistema jurídico em prol da parte
hipossuficiente. Tal medida revelou-se necessária, em razão da latente desigualdade existente entre
empregado e empregador, este com maior poderio econômico, e aquele desprovido de diversos direitos
mínimos e subordinado ao empregador, tornando-se, consequentemente, a parte hipossuficiente da relação.
Com a finalidade de restabelecer este equilíbrio que se passou a balizar o direito do trabalho neste princípio,
para que frente à superioridade econômica do empregador pudesse se contrapor uma superioridade jurídica
do empregado, houve a necessidade de proteção do empregado por meio de uma legislação protetiva no
âmbito laboral.
Em contraponto, devemos lembrar que a reforma trabalhista mitigou um pouco a ideia de o trabalhador
ser hipossuficiente, uma vez que criou a figura do trabalhador “hipersuficiente”, este caracterizado por ser
o empregado detentor de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas
vezes o limite máximo dos benefícios da Previdência Social.
Neste sentido, veja:
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das
partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao
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trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades
competentes.
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às
hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e
preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de
diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Logo, o empregado que preencher estes requisitos legais poderá negociar individualmente com o seu
empregador, e com a mesma “força” normativa contida em um instrumento coletivo e, inclusive, se
sobrepondo à lei, quando se tratar de qualquer dos temas abordados pelo artigo 611-A da CLT, tais como,
banco de horas anual, teletrabalho, sobreaviso, intervalo intrajornada etc.
Assim...
HIPERSUFICIENTE
Na atual situação econômica enfrentada pelo país, tal princípio revelou-se necessário de ser mitigado, ou
seja, a sua aplicabilidade frente às normas trabalhistas deve ser mais tênue, como se tem verificado através
do fenômeno jurídico da flexibilização dos direitos trabalhista, como explica José Francisco Siqueira
Neto:
A exemplo desta flexibilização, temos a criação do Programa Seguro-Emprego - PSE, Lei nº 13.189/2015,
que objetiva atenuar os encargos trabalhista do empregador, através de uma parceria com o Poder Executivo
Federal, por meio de um custeio pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, permitindo, assim, uma
redução salarial, bem como da jornada de trabalho, em até 30% (trinta por cento). A legislação em questão
revela-se antagônica aos preceitos mais protetivos do direito do trabalho em favor da parte hipossuficiente,
mas também não deixa de ampará-lo ao garantir que mantenha seu emprego e a forma de sustento própria.
E, claro, a grande flexibilização surge com a reforma trabalhista, na qual torna-se o clássico exemplo na
nova ordem jurídica, flexibilizando direitos, como jornada de trabalho, intervalo intrajornada, rescisão
contratual etc.
Diante do exposto, passamos ao estudo das vertentes do princípio protetivo, como se verifica:
O referido princípio prega que diante de uma norma trabalhista poderá haver diferentes interpretações,
algumas mais benéficas ao trabalhador, outras nem tanto. Nesta toada, e com a aplicação deste princípio,
havendo interpretações divergentes frente a uma mesma norma, deverá se aplicar aquela que for mais
benéfica ao operário, ou seja, ao trabalhador.
Como exemplo, podemos mencionar a hipótese de a empresa prever em norma regulamentar uma
gratificação a ser paga aos seus empregados sobre o salário, este que é passível de diferentes interpretações
como base de cálculo, podendo pensá-lo como salário mínimo, piso salarial, salário básico, salário
contratual, entre outros. Nessa situação, o intérprete deverá usar como base de cálculo para gratificação o
que for mais benéfico ao trabalhador, em regra, o salário contratual.
Ainda, devemos observar o entendimento majoritário na doutrina pela inaplicabilidade da regra do in
dubio pro operário no âmbito processual, haja vista que todas as partes devem ser tidas como iguais para
fins processuais.
A regra contida no art. 8º, § 2º, da CLT, impede o Judiciário Trabalhista, por meio das Súmulas e
enunciados de jurisprudência, de criar ou restringir direitos, o que não abalou o princípio in dubio pro
operário, pois este constitui método de interpretação e integração da lei.
No campo probatório, não se aplica o princípio in dubio pro operário, pois o Direito Processual (CLT, art.
818; CPC, art. 373) impõe ao autor a prova do fato constitutivo do direito, e, ao réu, a prova do fato
modificativo, extintivo ou impeditivo do direito.
O princípio da norma mais favorável estabelece que havendo mais de uma norma aplicável a um
determinado caso em concreto, deverá se aplicar aquela que se revelar em sua amplitude mais benéfica
ao empregado, independente da hierarquia desta norma.
No direito do trabalho há uma flexibilização da hierarquia das normas, contrapondo-se à rígida e inflexível
hierarquia das normas previstas nos demais ramos do direito, conforme Pirâmide de Hans Kelsen.
Logo, no direito do trabalho não se aponta a ilegalidade ou inconstitucionalidade de uma norma, por essa
não encontrar seu fundamento de validade, ou seja, estar em plena compatibilidade com uma norma de
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hierarquia superior, desde que não haja com esta norma qualquer supressão ou redução de direitos
trabalhistas.
Com intuito de clarear este princípio, observemos o exemplo a seguir: Supondo que haja um Acordo
Coletivo de Trabalho (ACT) prevendo um adicional de hora extra em 100%, em contraponto à Constituição
Federal (localizada no ápice de hierarquia da pirâmide de Hans Kelsen), a qual prevê um adicional, no
mínimo, de 50% sobre o valor da hora normal (Artigo 7º, XVI, CF/1988). Nesta situação, o intérprete do
direito deverá aplicar ao trabalhador que faz jus a horas extras, a norma que lhe for mais favorável,
independente de qualquer hierarquia, qual seja, o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
Ainda, havendo conflito entre Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e Convenção Coletiva de Trabalho
(CCT), a aplicação de uma perante a outra não gera nulidade daquela que não foi aplicada, o que depende de
uma averiguação casuística. No entanto, devemos ressaltar que, com a vigência da reforma trabalhista, o
artigo 620 da CLT passou a prever que os Acordos Coletivos de Trabalho sempre prevalecerão sob as
Convenções Coletivas de Trabalho.
Logo, tal prerrogativa vai de encontro ao princípio abordado, já que o ACT será aplicado, ainda que mais
prejudicial que a CCT.
Veja:
Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão
sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.
Por fim, observa-se que este princípio não possui aplicabilidade absoluta, ou seja, encontra alguns limites de
aplicabilidade quando se tratar de normas proibitivas governamentais de politica econômica e salarial,
conforme teor do artigo 623, “caput” e parágrafo único da CLT:
Art. 623. Será nula de pleno direito disposição de Convenção ou Acordo que, direta ou
indiretamente, contrarie proibição ou norma disciplinadora da política econômico-
financeira do Governo ou concernente à política salarial vigente, não produzindo quaisquer
efeitos perante autoridades e repartições públicas, inclusive para fins de revisão de preços
e tarifas de mercadorias e serviços.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a nulidade será declarada, de ofício ou mediante
representação, pelo Ministro do Trabalho e Previdência Social, ou pela Justiça do Trabalho
em processo submetido ao seu julgamento.
(FGV – OAB - 2018) Em determinada localidade, existe a seguinte situação: a convenção coletiva da
categoria para o período 2018/2019 prevê o pagamento de adicional de 70% sobre as horas extras realizadas
de segunda-feira a sábado. Ocorre que a sociedade empresária Beta havia assinado um acordo coletivo para
o mesmo período, porém alguns dias antes, prevendo o pagamento dessas horas extras com adicional de
60%%. De acordo com a CLT, assinale a opção que indica o adicional que deverá prevalecer.
A)Prevalecerá o adicional de 70%, por ser mais benéfico aos empregados.
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O princípio da condição mais benéfica prevê que havendo alguma vantagem concedida ao empregado, quer
por contrato de trabalho, quer por regulamento empresarial, essa passará a ser integrada de forma definitiva
ao contrato de trabalho, não sendo mais possível a sua redução ou supressão ao longo da relação laboral,
conforme artigo 468, “caput” e parágrafo primeiro da CLT:
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
garantia.
§ 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o
respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o
exercício de função de confiança.
§ 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura
ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que
não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.
Diante deste panorama jurídico apontado, verifica-se que este princípio preconiza a chamada Teoria do
Direito Adquirido (Art. 5º, XXXVI, CF), ou seja, aquele direito angariado pelo trabalhador incorporará de
forma definitiva ao seu patrimônio jurídico.
No entanto, observe que a Súmula nº 51, II, do TST prevê uma possibilidade de renúncia, em exceção ao
princípio da irrenunciabilidade, haja vista que o empregado entendendo haver regulamento vigente na
empresa e que a ele seria mais vantajoso, poderá optar por este, em renúncia ao outro, que entende não ser
tão vantajoso para si.
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A dúvida que pode surgir ao estudar estes aspectos, acima mencionados, se referirá quanto à incorporação de
direitos de forma definitiva, quando tratar-se de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) ou Convenção
Coletiva de Trabalho (CCT). Com intuito de sanar qualquer dúvida, a reforma trabalhista alterou o
entendimento consubstanciado na Súmula nº 277 do TST, a qual deverá ser cancelada, de forma que:
Art. 614, § 3o da CLT - Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou
acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade.
Nesta toada, os direitos consignado em clausulas normativas terão prazo de vigência, qual seja, até 2 anos,
não integrando ao contrato de trabalho em nenhuma hipótese.
Assim, podemos afirma pela não aplicabilidade da Teoria da Ultratividade aos instrumentos de negociação
coletiva, o qual trazia a ideia de que em havendo cláusulas normativas em ACT ou CCT se teria a integração
ao contrato de trabalho por prazo indeterminado, ou seja, além do seu prazo de vigência. Tal situação
perduraria até que se fosse realizada nova negociação coletiva modificando ou suprimindo os direitos no
instrumento estabelecidos.
Além disso, outras foram as modificações trazidas pela Reforma Trabalhista, de forma que o § 2º do art. 468
da CLT autoriza a supressão da gratificação de função de confiança quando o empregado é revertido ao
cargo efetivo, mesmo que tenha exercido a função de confiança por dez ou mais anos, contrariando o inciso
I da Súmula 372 do TST, que também deverá ser cancelado. Mais uma vez NÃO prevalece o tratamento
mais benéfico ao trabalhador.
Ainda, o § 2º do art. 457 da CLT autoriza indiretamente a supressão do auxílio-alimentação, dos
prêmios, das diárias de viagem e abonos, mesmo que antes concedidos habitualmente por liberalidade do
empregador, pois expressamente afirma que tais benefícios não se incorporam ao contrato de trabalho.
Passaremos à análise de alguns outros princípios, inclusive afetados pela reforma trabalhista. São eles:
O princípio da primazia da realidade pode ser traduzido nas relações jurídico trabalhistas ao se verificar
que no âmbito do direito do trabalho o que prepondera são os fatos (realidade), independente de qualquer
ficção jurídica criada através de disposições contratuais escritas, por exemplo. Logo, caso o empregador
apresente comprovante de pagamento do salário, mas o empregado demonstre depósitos mensais de parte do
salário tendo sido pago “por fora”, o que prepondera é a realidade dos fatos sobre os holerites de
pagamentos mensais apresentados.
Outro exemplo prático facilmente identificado, quando o empregado “X” é contratado na condição de
autônomo, constituindo uma relação de trabalho, sendo que os fatos preenchem todos os requisitos típicos de
uma relação de emprego (“SHOPP” – subordinação, habitualidade, onerosidade, pessoalidade e pessoa
física).
Neste sentido, observe o teor do artigo 9º, “caput”, da CLT:
Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou
fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Assim, conclui-se que não importa a nome dado à situação pelo direito ou tipificada pelo empregador a seu
cargo, o que se caracteriza para análise do direito do trabalho são os fatos práticos e sua realidade.
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
garantia
De acordo com esse preceito legal, o empregador não poderá fazer qualquer alteração contratual que
ocasione prejuízo ao empregado, seja esse direto ou indireto, com ou sem consentimento.
No mais, ao empregador cabe assumir os riscos de empreendimento (Princípio da Alteridade), de forma a
receber os bônus e os ônus de seu negócio, e de nenhuma forma isso pode ser repassado para o empregado,
conforme artigo 2º da CLT.
No entanto, algumas exceções a este princípio surgem, em razão da reforma trabalhista, as quais devemos
destacar:
Alteração do contrato de trabalho do regime de teletrabalho para o presencial, mediante aviso
prévio de quinze dias;
Flexibilização dos direitos trabalhistas por meio de norma coletiva, nos termos do artigo 611-A da
CLT.
*Neste ponto, observa que alguns direitos trabalhistas não são passíveis de negociação,
conforme artigo 611-B da CLT;
Permissão para renúncia/transação feita por empregado que perceba salário igual ou superior a
duas vezes o limite máximo do benefício previdenciário, e ainda, possua diploma de curso
superior, de forma que a sua estipulação prevalecerá sobre a legislação, nos termos do artigo 611-A
da CLT e Artigo 444 da CLT; e
Supressão do auxílio-alimentação, diárias de viagem ou do prêmio por determinação do
empregador que antes os concedia por liberalidade – art. 457, parágrafo único, da CLT. O artigo
é expresso ao afirmar que tais benesses, mesmo que habitualmente concedidas, não se incorporam ao
contrato.
(FGV – OAB - 2018) O sindicato dos empregados em tinturaria de determinado município celebrou, em
2018, acordo coletivo com uma tinturaria, no qual, reconhecendo-se a condição financeira difícil da
empresa, aceitou a redução do percentual de FGTS para 3% durante 2 anos. Sobre o caso apresentado, de
acordo com a previsão da CLT, assinale a afirmativa correta.
A) É válido o acerto realizado porque fruto de negociação coletiva, ao qual a reforma trabalhista conferiu
força legal.
B) Somente se houver homologação do acordo coletivo pela Justiça do Trabalho é que ele terá validade em
relação ao FGTS.
C) A cláusula normativa em questão é nula, porque constitui objeto ilícito negociar percentual de FGTS.
D) A negociação acerca do FGTS exigiria que, ao menos, fosse pago metade do valor devido, o que não
aconteceu no caso apresentado.
Gabarito: C
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Comentários:
O artigo 611-B, III, da CLT aponta um rol de objetos ilícitos para fins de negociação coletiva e, dentre as
hipóteses, observamos como sendo ilícito para fins de negociação a flexibilização do recolhimento do
FGTS.
Objetivando o entendimento amplo deste princípio, devemos relembrar que o contrato de trabalho tem por
característica ser de trato sucessivo, o que quer dizer que ele se prolonga no tempo, e como regra, possui
um termo inicial, mas não possui um termo final (contrato por prazo indeterminado).
Nesta toada, sob um panorama geral, os contratos de trabalho podem ser vistos sobre a seguinte perspectiva:
TÁCITO
CONTRATO DE TRABALHO
EXPRESSO
POR PRAZO
DETERMINADO
POR PRAZO
INDETERMINADO
INTERMITENTE
Desta forma, sendo o contrato de trabalho, como regra, por prazo indeterminado, e, portanto, de trato
sucessivo, vigora sobre ele o princípio da continuidade da relação de emprego.
Ademais, este princípio ainda favorece o empregado quanto ao ônus da prova, como se constata através da
Súmula nº 212 do TST:
Diante deste preceito legal, verifica-se que, como regra, caberá ao empregador provar o término da relação
contratual de trabalho, havendo uma presunção relativa de que o empregado não deu causa a essa rescisão.
Ao se analisar o esquema acima realizado, verifica-se uma nova modalidade contratual que estudaremos nas
próximas aulas, qual seja, o contrato de trabalho intermitente, este é verificado pela prestação de serviço,
com registro na CTPS, sendo realizado mediante convocação, e cabendo ao empregado aceitar ou não o
chamado, quando laborará nas horas e dias determinados, percebendo remuneração proporcional ao período,
conforme artigo 443, § 3º da CLT.
Neste sentido:
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Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de
trabalho intermitente.
§ 3o Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de
serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de
prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses,
independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os
aeronautas, regidos por legislação própria.
3.5.1 - Renúncia
A renúncia caracteriza-se por um ato unilateral e voluntário de um direito que lhe é certo. Na Justiça do
Trabalho, há algumas hipóteses excepcionais em que a renúncia é admitida:
Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não
excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho.
§ 5º O banco de horas de que trata o § 2o deste artigo poderá ser pactuado por acordo
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individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses.
Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12
(doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito.
§ 1o Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até
três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os
demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um.
O item I da Súmula 51 do TST aponta que as cláusulas previstas no regulamento empresarial geram
direito adquirido aos empregados que delas se beneficiam, de forma que a sua alteração ou revogação só
será aplicável aos empregados contratados após tal mudança.
Tal item da Súmula nº 51 do TST traz uma exceção ao Princípio da Irrenunciabilidade aplicável ao
Direito do Trabalho, em razão do empregador poder renunciar ao regulamento a ele aplicável em prol de
outro que entender ser mais benéfico.
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Supondo que o Regulamento “I” traga a previsão de que os empregados no transcorrer do contrato farão jus
ao Auxílio Combustível. Nesta situação, todos os empregados admitidos entre 2010 e 2018 terão direito a
este benefício.
Já os novos contratos a partir da vigência do Regulamento “II”, 2018, farão jus tão somente a cesta básica,
não havendo que se cogitar o direito ao auxílio combustível.
Assim, observe que temos dois regulamentos em vigência, sendo um deles aplicados aos antigos
empregados, e o novo, aplicado aos novos contratados. Nesta toada, nada impedirá que o empregado que
está sob a égide do Regulamento “I” renuncie em prol do regulamento “II”, sendo, inclusive, uma renúncia
legítima frente ao ordenamento jurídico.
(FGV – OAB - 2018) Uma sociedade empresária do ramo de informática, visando à redução de custos,
decidiu colocar metade de seus funcionários em teletrabalho, com possibilidade de revogação, caso não
desse certo. Sobre o regime de teletrabalho, com base na legislação trabalhista em vigor, assinale a
afirmativa correta.
A)Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do
empregador, garantido o prazo de transição mínimo de 15 dias, com correspondente registro em aditivo
contratual.
B)Os materiais fornecidos pelo empregador para a realização do teletrabalho representam utilidades e
integram a remuneração do empregado.
C)A jornada do empregado em teletrabalho que exceder o limite constitucional será paga como hora extra.
D)A empresa pode implementar, por vontade própria, o teletrabalho, sendo desnecessária a concordância
expressa do empregado, já que seria mais vantajoso para ele.
Gabarito: A
Comentários:
A: Correta – Nos termos do artigo 75-C da CLT, poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho
para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias,
com correspondente registro em aditivo contratual.
B: Errada – As utilidades fornecidas pelo empregador não integram a remuneração do empregado, conforme
artigo 75-D da CLT.
C: Errada – O teletrabalhador não está submetido a controle de jornada, logo, não faz jus a horas extras,
conforme artigo 62 da CLT.
D: Errada – Nos termos do artigo 75-C da CLT, poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de
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teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual.
3.5.2 – Transação
A transação revela-se por um ato bilateral envolvendo empregado e empregador, no qual fazem concessões
recíprocas acerca de um direito duvidoso, ou seja, não certo, a fim de evitar futuro litígio frente à Justiça do
Trabalho.
Adesão a plano de demissão incentivada – Artigo 477-B da CLT - Nesta modalidade observa-se a
possibilidade de o empregado aderir ao PDV (Programa de Demissão Voluntária), previsto em
norma coletiva, quando dará quitação geral ao empregador, este com eficácia liberatória geral. Veja:
Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual,
plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja
quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo
disposição em contrário estipulada entre as partes.
Quitação anual das obrigações trabalhistas – artigo 507-B da CLT – Agora, a CLT permite a
quitação anual perante o sindicato da categoria do obreiro, quando se gerará a eficácia liberatória
geral de todas as parcelas salariais envolventes naquele ano no contrato e constantes no termo de
quitação. Nesse sentido:
Nesse sentido:
Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas
vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência
Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por
iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na
Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996.
Até o momento da postagem desta aula, o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime
Geral de Previdência Social encontra-se amparado em R$5.839,45.
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Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição
conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado.
§ 1o As partes não poderão ser representadas por advogado comum.
§ 2o Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria.
Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo estabelecido no § 6o do art.
477 desta Consolidação e não afasta a aplicação da multa prevista no § 8o art. 477 desta
Consolidação.
Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o juiz analisará o
acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá sentença.
Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo
prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados.
Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do trânsito em
julgado da decisão que negar a homologação do acordo.
Por fim, os acordos judiciais e extrajudiciais, homologados em juízo, como regra, terão por base decisões
irrecorríveis.
Conciliação operada no âmbito das Comissões de Conciliação Prévia (CCP) – Art. 625-A a 625-H
da CLT – Quando realizada conciliação no âmbito da CCP será lavrado termo de conciliação, o qual
gera eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas (artigo 625-E,
parágrafo único da CLT).
Por fim, quando estudamos o princípio da irrenunciabilidade, devemos observar outros dois princípios
correlatados a este, quais sejam:
O referido princípio é consagrado na seara trabalhista por vedar a redução salarial, salvo quando disposto
em Acordo Coletivo de Trabalho ou Convenção Coletiva de Trabalho, conforme artigo 7º, inciso VI,
CF/1988.
O exemplo clássico em que o sindicato intervém na relação laboral é observado nas crises financeiras da
empresa/país, em que é preferível negociar o salário a perder o emprego.
Outro exemplo recente que podemos mencionar, refere-se à adesão do empregador ao Programa Seguro-
Emprego – PSE, este regido pela Lei nº 13.189/2015, com redação alterada pela Lei nº 13.456/2017.
No que tange ao princípio da intangibilidade salarial, observa-se que, em regra, é vedado descontos no
salário dos empregados, em razão de seu caráter alimentar.
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Adiantamentos;
Dispositivos de lei;
Norma coletiva.
Conforme preceituado no artigo 462 da CLT, observa-se:
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado,
salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
O princípio da boa-fé é aplicável ao direito do trabalho tanto no direito material, como no direito
processual, no que tange às partes envolvidas, empregado e empregador, os quais devem agir com lealdade,
cumprindo com suas obrigações, frente ao contrato de trabalho firmado, bem como a posteriori.
A boa-fé revela-se através dos empregados, em especial, nos contratos que demandam grande confiança,
como exemplo, dos bancários que manipulam grande quantia em dinheiro, os empregados domésticos que
laboram em âmbito residencial, ou ainda, nas hipóteses de cargos que exigem o sigilo profissional. Já em
relação ao empregador, este princípio fica nítido através dos poderes diretivos e disciplinares que o
empregador tem para com o empregado, mas que deve ser usado dentro da legalidade permitida.
Nesta toada, tome nota das questões já exigidas pela banca acerca do tema:
Gabarito: D.
Comentários: A questão envolve o princípio da irredutibilidade salarial, e a sua exceção, já que se autoriza
de forma excepcional a redução salarial, desde que, previsto em negociação coletiva, conforme artigo 7º, VI
da CF.
(FGV – OAB – 2017) Um grupo econômico é formado pelas sociedades empresárias X, Y e Z. Com a crise
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econômica que assolou o país, todas as empresas do grupo procuraram formas de reduzir o custo de mão de
obra. Para evitar dispensas, a sociedade empresária X acertou a redução de 10% dos salários dos seus
empregados por convenção coletiva; Y acertou a mesma redução em acordo coletivo; e Z fez a mesma
redução, por acordo individual escrito com os empregados.
Diante da situação retratada e da norma de regência, assinale a afirmativa correta.
(A) As empresas estão erradas, porque o salário é irredutível, conforme previsto na Constituição da
República.
(B) Não se pode acertar redução de salário por acordo coletivo nem por acordo individual, razão pela qual as
empresas Y e Z estão erradas.
(C) A empresa Z não acertou a redução salarial na forma da lei, tornando-a inválida.
(D) As reduções salariais em todas as empresas do grupo foram negociadas e, em razão disso, são válidas.
Gabarito: C.
Comentários: A questão cobrou a exceção à intangibilidade salarial. Segundo a CF, art. 7º, VI, a redução de
salários somente pode se dar por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho. A questão encontra
fundamento, ainda, no Art. 611-B, IV, da CLT:
“Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a
supressão ou a redução dos seguintes direitos: IV - salário mínimo”.
(FGV – OAB - 2010) Assinale a alternativa que indique o princípio do Direito do Trabalho que prevê a
proteção dos salários contra descontos não previstos em lei.
(A) Princípio da unidade salarial.
(B) Princípio da primazia da realidade.
(C) Princípio da materialidade salarial.
(D) Princípio da legalidade.
(E) Princípio da intangibilidade.
Gabarito: E.
Comentários: O princípio da intangibilidade salarial assegura a irredutibilidade salarial e garante ao
trabalhador receber a contraprestação a que faz jus de forma estável, impedindo o empregador de efetuar
qualquer desconto não previsto em lei, contrato coletivo, ou ainda, quando proveniente de adiantamentos
(Art. 462 da CLT).
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O Princípio in dubio pro operário induz o intérprete, ao analisar um preceito que disponha
sobre regra trabalhista, a optar, dentre duas ou mais interpretações possíveis, pela mais favorável ao
empregado.
A regra contida no art. 8º, § 2º, da CLT, impedindo o Judiciário Trabalhista, por meio das
Súmulas e enunciados de jurisprudência, de criarem ou restringirem direitos, não abalou o princípio
in dubio pro operário, pois este constitui método de interpretação e integração da lei. No campo
probatório, não se aplica o princípio in dubio pro operário, pois o Direito Processual (CLT, art. 818;
CPC, art. 373) impõe ao autor a prova do fato constitutivo do direito, e, ao réu, a prova do fato
modificativo, extintivo ou impeditivo do direito.
O Princípio da norma mais favorável traz a ideia de se aplicar a norma mais favorável ao
empregado, independentemente de sua posição na escala hierárquica. Entretanto, só importará em
exceção ao princípio quando o acordo coletivo contiver direitos menos favoráveis ao trabalhador que
a convenção coletiva prevalecerá.
A regra básica é: O acordo coletivo SEMPRE prevalecerá sobre a Convenção coletiva de Trabalho.
O princípio da primazia da realidade prescreve que a verdade real (verdade dos fatos)
prevalecerá sobre a verdade formal.
O princípio da inalterabilidade contratual lesiva não permite a alteração contratual que traga
prejuízos ao empregado (CLT, art. 468)
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Por fim, o Princípio da boa-fé prevê que as partes envolvidas, empregado e empregador, devem
agir com lealdade, cumprindo com suas obrigações, frente ao contrato de trabalho firmado, bem
como a posteriori.
@profpriscilaferreira
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