Decreto - Programa Estadual Diversidade Nas Escolas
Decreto - Programa Estadual Diversidade Nas Escolas
Decreto - Programa Estadual Diversidade Nas Escolas
Art. 7° Para concretizar os eixos deste Programa, devem ser aplicadas as seguintes medidas
na gestão da política de educação:
I - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
elaborar estratégias de formação continuada voltadas para os profissionais educação, de
acordo com as demandas apresentadas para o exercício de suas funções no que tange a
temática da diversidade sócio-humana em suas múltiplas vertentes, visando a promoção da
empatia, do respeito, da tolerância e da equidade entre as pessoas, não realizando qualquer
tipo de distinção, propondo a sua implementação mediante o uso de metodologias ativas e
aprofundadas nas discussões relativas ao respeito à diversidade sexual e de gênero;
II - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
planejar, monitorar e avaliar o Programa Estadual Diversidade nas Escolas, com vistas a
prevenir e enfrentar as violências no contexto escolar, promovendo uma cultura de paz e
respeito aos Direitos Humanos;
III - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
promover apoio técnico e administrativo às Escolas na execução e manutenção do Programa
Estadual Diversidade nas Escolas;
IV - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
firmar parcerias com Instituições de Ensino Superior (IES), mediante convênio, contrato ou
termo de cooperação, a fim de qualificar a comunidade escolar em relação aos temas da
diversidade sexual e de gênero;
V - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
efetivar a implementação do currículo escolar, considerando o desenvolvimento dos temas
contemporâneos previstos no Referencial Curricular do Ensino Médio Potiguar que se
relacionam às temáticas da diversidade sócio-humana, quais sejam: relações de gênero,
expressão da sexualidade e sua inter-relação com fatores biológicos, sociais, psicológicos,
religiosos, econômicos e legais; gênero, sexualidade e sociabilidade humana; questão de
gênero e a inter-relação com os determinantes sociais de classe, de raça, de etnia e da condição
humana nos aspectos físicos, sensoriais e cognitivos da pessoa com deficiência; diversidade
sexual e de gênero e a promoção da cidadania e dos direitos humano; gênero, sexualidade e
sua inter-relação com os aspectos históricos, filosóficos, políticos, sociais, econômicos e
culturais que constituem a sociedade brasileira e potiguar.
Art. 8° Para concretizar os eixos deste Programa, devem ser aplicadas as seguintes medidas
na implementação da política de educação nas Instituições de Ensino:
I - Compete à Instituição de Ensino planejar, executar e avaliar, dentro de suas atribuições, o
Programa Estadual Diversidade nas Escolas mediante o estabelecimento de medidas e ações
voltadas para a prevenção e o enfrentamento aos atos de discriminação, desrespeito,
intolerância e violências como bullying e cyberbullying nas escolas contra pessoas LGBTI+
em decorrência de sua orientação sexual e identidade de gênero;
II - Compete à Instituição de Ensino desenvolver projetos educacionais envolvendo a
interdisciplinaridade entre as Unidades Curriculares ofertadas e sua relação com a diversidade
sexual e de gênero, promovendo a inclusão efetiva dessa temática no Currículo Escolar;
III - Compete à Instituição de Ensino instruir a comunidade escolar informando que não
haverá nenhum tipo de penalização das e dos integrantes que assim desejarem trabalhar a
temática da diversidade sexual e de gênero no âmbito da educação, bem como instruir a
comunidade escolar sobre os direitos da população LGBTI+, visando a Promoção da
Cidadania e dos Direitos Humanos no ambiente da educação;
IV - Fica recomendado à Instituição de Ensino abordar a temática da diversidade sexual e de
gênero fundamentada nos parâmetros do conhecimento científico; com resgate dos aspectos
históricos, filosóficos, políticos, sociais, econômicos e culturais que constituem a sociedade
brasileira e potiguar; bem como assumindo o compromisso com os valores humanísticos,
democráticos e do respeito à diversidade sócio-humana;
V - Fica recomendado à Instituição de Ensino abordar a temática da diversidade sexual e de
gênero mediante a utilização de metodologias ativas as quais contribuam para que toda
comunidade escolar se reconheça como participante da construção do conhecimento;
VI - Fica recomendado à Instituição de Ensino abordar a temática da diversidade sexual e de
gênero comprometida com a educação popular e seu papel em refletir criticamente sobre a
realidade do território;
VII - Fica recomendado à Instituição de Ensino abordar a temática da diversidade sexual e de
gênero vinculada à promoção de ações artísticas e culturais, sociais e desportivas voltadas
para toda a comunidade escolar;
VIII - Fica recomendado à Instituição de Ensino inserir o compromisso com o respeito à
diversidade sócio-humana, bem como com a diversidade sexual e de gênero em seus
documentos orientadores, a saber: o Projeto Político Pedagógico, o Currículo Escolar, o
Regimento Escolar e o Calendário Escolar, elencando diretrizes, iniciativas, habilidades e
ações correspondentes com tal medida;
IX - Fica recomendado à Instituição de Ensino estabelecer como será realizada a escrituração
escolar do Nome Social nos Regimentos Escolares das escolas, dada às normativas
estabelecidas na Portaria nº 33/2018, do Ministério da Educação; do Parecer CNE/CP nº
14/2017; do Parecer nº 088/2018 do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte
e dos conteúdos constantes neste Decreto;
X - Fica garantida à Instituição de Ensino a autonomia para definir o caráter metodológico de
trabalho dos conteúdos referentes à temática da diversidade sexual e de gênero nas unidades
curriculares, no ensino regular e nas diversas modalidades de ensino da educação básica, a
saber: Educação Profissional e Tecnológica, Educação Especial, Educação do Campo,
Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação para Populações em
Situação de Itinerância, e Educação de Jovens e Adultos;
XI - Fica recomendado às Instituições de Ensino abordar temáticas relacionadas à saúde das
e dos estudantes no que tange aos temas da educação sexual e da prevenção de Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST’s), de acordo com o seu Projeto Político Pedagógico, a
partir da inclusão da temática no Currículo Escolar, podendo ser realizadas parcerias com
Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centro de Referências de Assistência Social (CRAS),
Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e demais órgãos e
serviços públicos do território que avaliarem ser oportuno e necessário.
Art. 9° Para concretizar os eixos deste Programa, devem ser aplicadas as seguintes medidas
de garantia de direitos das e dos estudantes no ambiente escolar:
I - Fica garantido aos estudantes autodeclarados transexuais e travestis que assim solicitarem
o direito ao nome social em todos os registros e dinâmicas escolares, desde que: os mesmos
sejam maiores de 18 (dezoito) anos, aos quais não se faz necessária a avaliação de múltiplos
profissionais ou representação de responsável legal; aos menores de 18 (dezoito) anos e
maiores de 16 (dezesseis) anos, aos quais não se faz necessária a avaliação de múltiplos
profissionais, mas é indispensável a representação de responsável legal; e aos menores de 16
(dezesseis) anos, aos quais se faz necessária a avaliação de múltiplos profissionais (pedagogo,
assistente social e psicólogo), bem como a representação de responsável legal; em
consonância com a Portaria nº 33/2018, do Ministério da Educação; o Parecer CNE/CP nº
14/2017; e o Parecer nº 088/2018, do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte;
II - Fica autorizado ao grêmio estudantil e ao Conselho Escolar solicitar apoio logístico e
institucional à Instituição de Ensino, bem como à Secretaria de Estado da Educação, da
Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC), a fim de realizarem atividades educativas, artístico-
culturais, desportivas e de lazer que se proponham a abordar a temática da diversidade sexual
e de gênero.
Do Procedimento Administrativo
Art. 11° Quando se tratando de um estudante matriculado na Rede Pública Estadual a realizar
as ações vedadas neste Decreto, compete à Instituição de Ensino, juntamente à Diretoria Regional de
Educação e Cultura (DIREC) responsável pelo território da ocorrência, verificar, apurar, coibir e sanar
os atos previstos nos incisos do art. 10º, deste Decreto, de maneira a escolherem a melhor forma de
fazê-los.
Art. 12° Quando se tratando de um estudante matriculado na Rede Pública Estadual a realizar
as ações vedadas neste Decreto, compete à Instituição de Ensino, juntamente à Diretoria Regional de
Educação e Cultura (DIREC) responsável pelo território da ocorrência, o desenvolvimento de
medidas de responsabilização do ator da violência, bem como dos mecanismos de reparação do dano
junto à vítima ou à comunidade escolar, mediante a descrição dos atos previstos nos incisos do art.
10º, deste Decreto; para tanto, recomenda-se a inserção dessas medidas no Regimento Escolar das
Instituições de Ensino.
Art. 13° A cópia, em sua integralidade, dos casos elencados nos arts. 11º e 12º, deverá ser
enviada pela Instituição de Ensino à Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+) para
registro, elaboração de indicadores, acompanhamento técnico e administrativo.
Art. 14° São passíveis de sanções administrativas os servidores públicos e demais
profissionais da educação que praticarem as condutas descritas nos incisos I ao VIII, do art. 10°, deste
Decreto, sem prejuízo das punições civis e criminais correspondentes.
Art. 15° Aos servidores públicos estaduais que, no exercício de suas funções, por ação ou
omissão, atentarem contra o que dispõe este Decreto, serão aplicadas as sanções cabíveis nos termos
do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado e das Autarquias e Fundações
Públicas Estaduais do Rio Grande do Norte - Lei Complementar Nº 122, de 30 de junho de 1994, sem
prejuízo das punições civis e criminais correspondentes.
Art. 16º As denúncias de atos discriminatórios a que se refere este Decreto, quando realizadas
por servidor público ou profissional da educação, poderão ser encaminhadas ao Disque Defesa
LGBTI+ por meio do contato telefônico 0800-281-1314, mediante iniciativa direta da parte ofendida,
por ato ou ofício de autoridade pública competente, por comunicado de organizações não-
governamentais de defesa da cidadania e direitos humanos, mediante relato oral, documento escrito
em formato físico ou virtual.
Parágrafo Único. O Disque Defesa LGBTI+ é um instrumento criado com objetivo de receber e
acolher denúncias, visando interromper a situação de violação de direitos de pessoas LGBTI+ em
razão de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, nos termos da Lei Estadual nº
8.225, de 12 de agosto de 2002 e do Decreto n° 31.516, de 17 de maio de 2022.
Art. 17º As denúncias de atos discriminatórios a que se refere este Decreto, quando realizadas
por servidor público ou profissional da educação, também poderão ser relatadas em formato virtual
direcionadas ao Gabinete da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer
(SEEC) pelo sítio eletrônico (http://www.educacao.rn.gov.br/), bem como à Controladoria Geral da
União (CGU), por meio da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação - Fala.BR, pelo
sítio eletrônico (https://falabr.cgu.gov.br/), mediante iniciativa direta da parte ofendida, por ato ou
ofício de autoridade pública competente, por comunicado de organizações não-governamentais de
defesa da cidadania e direitos humanos.
Art. 18º A denúncia deverá ser fundamentada com a descrição do fato ou do ato
discriminatório, seguida da identificação de quem realiza a denúncia, garantindo, na forma da lei, o
sigilo do denunciante em conformidade com a Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 e a
Lei Federal nº 13.709, de 14 de agosto de 2018.
Art. 19º Quando a denúncia tratar de ações realizadas por servidor público ou profissional
da educação, o Gabinete da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer
(SEEC) deverá encaminhá-la para a Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+) e
notificar a Diretoria Regional de Educação e Cultura (DIREC) responsável pelo território da
ocorrência, a fim de que sejam realizados os trâmites administrativos necessários.
Art. 20º Recebida a denúncia, conforme elencado no art. 19º, deste Decreto, compete à
Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+) registrar a manifestação e encaminhá-la
à Comissão Permanente de Sindicância (CPS/SEEC) para a instauração do processo administrativo
devido, a fim de que seja efetuada a apuração, o acompanhamento e, se necessária, a imposição das
sanções cabíveis, sendo observados os princípios da ampla defesa e do contraditório, nos termos da
Lei Federal nº 13.185/2015 e da Lei Estadual nº 9.036/2007.
Art. 21º Concluindo a Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+), em
análise preliminar, que o fato apurado trata-se de infração penal, a CEPLGBTI+ deverá remeter cópia
da integralidade do processo administrativo ao Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte
(MP/RN), à Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte (PC/RN), à Defensoria Pública do Estado
do Rio Grande do Norte (DPE/RN) e às demais autoridades competentes para as medidas cabíveis,
sem prejuízo das sanções administrativas previstas na Lei Estadual nº 9.036/2007.
Do Controle Social
Art. 26° Compete ao Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte (CEE/RN)
avaliar, monitorar e supervisionar os âmbitos de atuação do Programa voltados para a prática da
educação, formulando e propondo diretrizes para o enfrentamento à discriminação, como também
para a promoção e defesa dos direitos das pessoas LGBTI+.
Art. 27° Compete ao Comitê Estadual Intersetorial de Enfrentamento à LGBTfobia no Estado
do Rio Grande do Norte, como órgão colegiado consultivo, e ao Conselho Estadual de Políticas
Públicas de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais no Estado do Rio Grande do Norte
(CPP/LGBT), como órgão colegiado consultivo, deliberativo e fiscalizador, ambos vinculados à
Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos
(SEMJIDH), avaliar, monitorar e supervisionar todos os âmbitos de atuação do Programa, formulando
e propondo diretrizes voltadas para o enfrentamento à discriminação e para a promoção e defesa dos
direitos das pessoas LGBTI+.
Disposições Finais
Art. 28° Por meio de contrato ou convênio, o Estado do Rio Grande do Norte através da
Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC), poderá estender este
Programa às Instituições Municipais e Particulares de Ensino, observando-se, no que couber, as
atribuições que julgarem necessárias para a implementação do Programa, bem como o modo de
implementação e demais dinâmicas.
Art. 29° Compete ao Estado do Rio Grande do Norte a ampla divulgação do Programa
Estadual Diversidade nas Escolas.
Art. 30° Os recursos financeiros necessários à execução deste Programa serão oriundos:
I - do Orçamento Geral do Estado e de suas emendas;
II - de parcerias público-privadas;
III - de parcerias com a União, Estados e Municípios.
FÁTIMA BEZERRA
Governadora