Decreto - Programa Estadual Diversidade Nas Escolas

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RIO GRANDE DO NORTE

DECRETO Nº XXXXX, DE XX DE XXXXXXXXXXXX DE 2022

Regulamenta a Lei Estadual Nº 8.805, de 24 de


fevereiro de 2006, que institui o Programa Estadual
Diversidade nas Escolas, o qual dispõe sobre o
reconhecimento da diversidade sexual e de gênero nas
Instituições de Ensino, e dá outras providências.

A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso das


atribuições que lhe confere o art. 64, inciso V, da Constituição Estadual, e com fundamento na Lei
Estadual nº 9.036, de 29 de novembro de 2007;
Considerando os conteúdos constantes nos documentos internacionais aos quais o Brasil
ratificou, a saber: a) Declaração Universal dos Direitos Humanos; b) Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos; c) Resoluções da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre
Direitos Humanos, orientação sexual e identidade de gênero: i) 2435/2008; ii) 2504/2009; iii)
2600/2010; iv) 2653/2011; v) 2721/2012; 2807/2013; e d) Declaração da ONU condenando violações
dos Direitos Humanos com base na orientação sexual e identidade de gênero – A/63/635, de 22 de
dezembro de 2008;
Considerando a adesão do Estado do Rio Grande do Norte ao Pacto Nacional de
Enfrentamento à Violência LGBTfóbica, instituído pela Portaria nº 202, de 10 de maio de 2018, do
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH);
Considerando o art. 3°, inciso IV, e art. 5°, caput, da Constituição Federal, que versam
respectivamente sobre a promoção do bem comum sem quaisquer tipos de discriminação, sendo um
dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, e a igualdade formal e material,
reconhecendo as particularidades de cada pessoa de modo a garantir a efetividade dos seus direitos
independentemente de gênero;
Considerando os arts. 205, 206, 210 e 214, da Constituição Federal, os quais referem-se à
educação, ratificando que é direito fundamental a garantia à educação de qualidade, incentivando e
propiciando o desenvolvimento pleno da pessoa humana, o exercício da cidadania, bem como a
qualificação para o mercado de trabalho baseados nos princípios da igualdade de condições, liberdade
em face da aprendizagem, ensino e pensamento, pluralismo de ideias, valorização dos profissionais
da educação, dentre outros, com vistas a promover uma formação humanística aos estudantes;
Considerando os documentos basilares, a saber: Portaria nº 33, de 17 de janeiro de 2018, do
Ministério da Educação, que homologa o Parecer CNE/CP nº 14/2017, aprovado em 12 de setembro
de 2017, definidor do uso do nome social de travestis e transexuais nos registros escolares da
Educação Básica para alunos maiores de 18 (dezoito) anos, os quais não precisam de representação
de responsável legal e da avaliação de múltiplos profissionais, para os menores de 18 (dezoito) anos
e maiores de 16 (dezesseis) anos, os quais não precisam da avaliação de múltiplos profissionais, mas
é necessária a representação de responsável legal, bem como para os menores de 16 (dezesseis) anos,
a estes faz-se necessária a avaliação de múltiplos profissionais (pedagogo, assistente social e
psicólogo) e a representação de responsável legal; Portaria nº 145/2019-GS/SEEC, de 25 de janeiro
de 2019, que homologa o Parecer nº 088/2018 do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do
Norte, que dispõe sobre a normatização do uso de prenome de alunos transgêneros da Educação
Básica do Sistema Estadual de Ensino, no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte, elaborado e
construído em consonância com as Diretrizes Específicas Estaduais e Nacionais; Decreto Estadual nº
28.059, de 11 de julho de 2018, que dispõe sobre a adoção e utilização do nome social por travestis e
transexuais, no âmbito da administração pública direta e indireta do Estado do Rio Grande do Norte;
Provimento nº 175, de 28 de maio de 2018, do Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte –
Corregedoria Geral de Justiça – que dispõe sobre a averbação da alteração de prenome e sexo
diretamente no Registro Civil de Pessoas Naturais, nas hipóteses previstas no julgamento da Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 4.275/DF – do Supremo Tribunal Federal; Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, no seu artigo 3º, baseada na
Carta Magna Brasileira, ratificando pontos importantes, como a igualdade de condições para o acesso
e permanência na escola, o respeito à liberdade, ao pluralismo de ideias e apreço à tolerância; e o
Plano Estadual de Educação do Rio Grande do Norte (2015-2025), conforme estabelecido na
Dimensão 8, Meta 1, Estratégia 10, que reitera o planejamento e execução de ações que visem o
desenvolvimento de uma cultura de paz articulada à comunidade escolar;
Considerando os conteúdos fundamentais constantes nos documentos a seguir, são
norteadores para a base legal desta Lei: a) Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra
GLTB (Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais) e de Promoção da Cidadania de Homossexuais,
denominado “Brasil Sem Homofobia”, que institui uma articulação entre Governo Federal e
Sociedade Civil Organizada em prol do direito à dignidade e respeito às diferenças; b) Programa
Saúde na Escola (PSE), que objetiva a integração e articulação permanente da educação e da saúde,
com objetivo de proporcionar melhoria em face da qualidade de vida dos estudantes, promovendo
ações de prevenção de doenças e agravos à saúde e de atenção à saúde direcionadas, prioritariamente,
a crianças e jovens da rede pública de ensino; c) Programa Maria da Penha vai às Escolas
(PROMAPE), que orienta sobre a igualdade de gênero juntamente à Lei Maria da Penha, de forma
contínua, nas escolas públicas do Rio Grande do Norte, com enfoque na prevenção da violência
doméstica; d) Lei Estadual n° 10.569/2019, que dispõe sobre a liberdade de expressão, opinião e
pensamento no ambiente escolar das redes pública e privada de ensino do Rio Grande do Norte; e)
Lei Estadual n° 8.814/2006, que dispõe sobre a criação do Programa “PAZ NA ESCOLA”, de ação
interdisciplinar e de participação comunitária para a prevenção e controle da violência nas escolas da
rede pública de ensino do Rio Grande do Norte, estimulando uma cultura de paz como condição
essencial para a promoção dos Direitos Humanos no cotidiano das pessoas, das escolas, bem como
das comunidades; f) Parecer nº 02/2021-CEE/CEB/RN, que dispõe sobre a aprovação do Referencial
Curricular do Ensino Médio Potiguar e das Estruturas Curriculares 2022 – Ensino Médio Potiguar e
Ensino Médio Profissional Potiguar; e g) Lei n° 13.185/2015, que institui o Programa de Combate à
Intimidação Sistemática (Bullying) e Cyberbullying, em todo território nacional, fazendo menção,
inclusive, ao combate nas próprias Instituições de Ensino.
D E C R E T A:

Objeto e Âmbito de Aplicação


Art. 1º Fica instituído ao Poder Executivo a criação do Programa Estadual Diversidade nas
Escolas que visa reconhecer a diversidade em face da orientação sexual e identidade de gênero nas
Instituições de Ensino do Estado do Rio Grande do Norte, de forma a promover a inclusão, além de
formular e propor meios efetivos de enfrentamento a qualquer tipo de discriminação à população de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexuais e demais expressões de gênero e
sexualidade (LGBTI+).
Art. 2º O Programa Estadual Diversidade nas Escolas visa garantir a promoção e defesa dos
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo respeitados princípios elementares, como o
da Dignidade da Pessoa Humana, Igualdade e Cidadania, de maneira a propiciar também a garantia
de direitos essenciais, tais como o direito à liberdade, ao respeito e ao acesso à educação, promovendo
o exercício pleno da cidadania pautado na pluralidade de pessoas, pensamentos e opiniões nas
Instituições de Ensino no Estado do Rio Grande do Norte.
Art. 3° Para efeito desta Lei, entende-se por:
I - Sexo biológico: conjunto de características genéticas, morfológicas e fisiológicas
relacionadas a constituição e funcionamento dos órgãos sexuais e reprodutivos dos indivíduos
de uma determinada espécie, podendo, na espécie humana, ser classificado em sexo
masculino, sexo feminino e intersexo;
II - Orientação sexual: desejo sexual ou ligação afetiva que se sente por outra pessoa, podendo
ser do mesmo sexo biológico, de sexo biológico diferente ou ambos;
III - Identidade de gênero: gênero com o qual uma pessoa se identifica e expressa social e
culturalmente, que pode ou não concordar com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu
nascimento;
IV - Discriminação por orientação sexual e identidade de gênero: toda e qualquer conduta
baseada no preconceito e intolerância que ocasione violação de direitos de lésbicas, gays,
bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais (LGBTI+), motivada por orientação sexual e
identidade de gênero.

Art. 4° Para efeito deste Decreto, entende-se por:


§ 1º Bullying: qualquer ação ou conduta que configure violência física ou psicológica, visando a
intimidação, humilhação ou discriminação, ou ainda, que caracterize insultos pessoais, expressões
preconceituosas e ameaças, bem como apelidação com intuito de expor à pessoa em situação
vexatória e isolar socialmente outrem de forma consciente e intencional.

§ 2º O bullying pode ser classificado de acordo com as ações cometidas, a saber:


I - Violência física: qualquer conduta que ofenda a integridade física da pessoa ou sua saúde
corporal mediante atos como beliscar, bater, socar, chutar etc.;
II - Violência psicológica: qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da
autoestima da pessoa, que prejudique e perturbe o seu pleno desenvolvimento, ou ainda, que
vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
psicológica e à autodeterminação;
III - Violência moral: qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria, como
xingar, apelidar de forma ofensiva, proferir palavras de baixo calão, menosprezar, dentre
outros;
IV - Violência sexual: qualquer conduta que constranja a pessoa a presenciar, manter ou
participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação, uso da força,
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça
de utilizar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto
ou à prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação; que limite ou
anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos, dentre outros meios impeditivos que
dificultem a sua livre manifestação de vontade;
V - Violência patrimonial: qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição
parcial ou total de objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e
direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer as necessidades pessoais.

§ 3º Cyberbullying: quaisquer condutas que aconteçam no âmbito da rede mundial de computadores


referentes, à título deste Decreto, ao ambiente escolar, que exponham à pessoa ao constrangimento,
seja incitando a violência, adulterando dados pessoais, intimidando, ou ainda, humilhando.
§ 4º Violência Autoprovocada: ocorre quando uma pessoa pratica a ação consciente da sua
autodestruição, esta subdividida em autoagressão (automutilação e agressões a si próprio) e
comportamento suicida (ideação suicida, tentativas de suicídio e suicídio propriamente dito).
§ 5º A violência autoprovocada será tratada para os fins a que compete este Decreto como questão de
saúde pública e relacionada aos determinantes sociais em saúde, ao que fica sobre responsabilidade
da Instituição de Ensino, quando ocorrido no ambiente escolar, o acionamento imediato da Rede de
Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS) existente no território.

Art. 5° São objetivos do Programa:


I - Qualificar as e os integrantes da comunidade escolar, de acordo com as demandas
apresentadas para o pleno exercício de suas funções, no que tange a temática da diversidade
sócio-humana em suas múltiplas vertentes, visando a promoção da empatia, do respeito, da
tolerância e da equidade entre as pessoas, inexistindo qualquer tipo de distinção;
II - Prevenir e enfrentar quaisquer tipos de discriminação, intolerância e preconceito, bem
como viabilizar medidas que auxiliem na diminuição, ou ainda, que contenham de forma total
todos os tipos de violência, inclusive as possíveis práticas de bullying e cyberbullying no seio
das Instituições de Ensino, objetivando a construção de uma cultura de paz nas escolas;
III - Garantir aos estudantes autodeclarados transexuais e travestis que assim solicitarem, o
direito ao nome social nos registros escolares, sendo este respeitado em todas as dinâmicas
escolares, tais como chamadas orais, matrículas, sistemas diversos, documentos escritos,
inclusive nos grêmios estudantis;
IV - Garantir o direito, nas Instituições de Ensino ou dependências que estejam relacionadas
ao ambiente escolar, ao uso dos banheiros, vestiários e demais espaços segregados por gênero
em concordância com a identidade de gênero de cada pessoa, não havendo a necessidade de
criação ou adaptação de um novo banheiro ou vestiário, excepcionalmente quando pactuado
em comum acordo com as pessoas transexuais e travestis;
V - Planejar de forma estratégica medidas que discutam sobre temáticas voltadas para a saúde
das e dos estudantes, enfatizando o conhecimento científico acerca das Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST's).

Art. 6º O Programa de que trata este Decreto atua em três eixos:


I – Planejamento, organização, monitoramento e avaliação do Programa Estadual
Diversidade nas Escolas na gestão da política de educação;
II - Direção, controle, execução e avaliação do Programa Estadual Diversidade nas Escolas
na implementação da política de educação nas Escolas;
III - Diretrizes do Programa Estadual Diversidade nas Escolas na garantia de direitos das e
dos estudantes no ambiente escolar.

Art. 7° Para concretizar os eixos deste Programa, devem ser aplicadas as seguintes medidas
na gestão da política de educação:
I - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
elaborar estratégias de formação continuada voltadas para os profissionais educação, de
acordo com as demandas apresentadas para o exercício de suas funções no que tange a
temática da diversidade sócio-humana em suas múltiplas vertentes, visando a promoção da
empatia, do respeito, da tolerância e da equidade entre as pessoas, não realizando qualquer
tipo de distinção, propondo a sua implementação mediante o uso de metodologias ativas e
aprofundadas nas discussões relativas ao respeito à diversidade sexual e de gênero;
II - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
planejar, monitorar e avaliar o Programa Estadual Diversidade nas Escolas, com vistas a
prevenir e enfrentar as violências no contexto escolar, promovendo uma cultura de paz e
respeito aos Direitos Humanos;
III - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
promover apoio técnico e administrativo às Escolas na execução e manutenção do Programa
Estadual Diversidade nas Escolas;
IV - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
firmar parcerias com Instituições de Ensino Superior (IES), mediante convênio, contrato ou
termo de cooperação, a fim de qualificar a comunidade escolar em relação aos temas da
diversidade sexual e de gênero;
V - Compete à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC)
efetivar a implementação do currículo escolar, considerando o desenvolvimento dos temas
contemporâneos previstos no Referencial Curricular do Ensino Médio Potiguar que se
relacionam às temáticas da diversidade sócio-humana, quais sejam: relações de gênero,
expressão da sexualidade e sua inter-relação com fatores biológicos, sociais, psicológicos,
religiosos, econômicos e legais; gênero, sexualidade e sociabilidade humana; questão de
gênero e a inter-relação com os determinantes sociais de classe, de raça, de etnia e da condição
humana nos aspectos físicos, sensoriais e cognitivos da pessoa com deficiência; diversidade
sexual e de gênero e a promoção da cidadania e dos direitos humano; gênero, sexualidade e
sua inter-relação com os aspectos históricos, filosóficos, políticos, sociais, econômicos e
culturais que constituem a sociedade brasileira e potiguar.

Art. 8° Para concretizar os eixos deste Programa, devem ser aplicadas as seguintes medidas
na implementação da política de educação nas Instituições de Ensino:
I - Compete à Instituição de Ensino planejar, executar e avaliar, dentro de suas atribuições, o
Programa Estadual Diversidade nas Escolas mediante o estabelecimento de medidas e ações
voltadas para a prevenção e o enfrentamento aos atos de discriminação, desrespeito,
intolerância e violências como bullying e cyberbullying nas escolas contra pessoas LGBTI+
em decorrência de sua orientação sexual e identidade de gênero;
II - Compete à Instituição de Ensino desenvolver projetos educacionais envolvendo a
interdisciplinaridade entre as Unidades Curriculares ofertadas e sua relação com a diversidade
sexual e de gênero, promovendo a inclusão efetiva dessa temática no Currículo Escolar;
III - Compete à Instituição de Ensino instruir a comunidade escolar informando que não
haverá nenhum tipo de penalização das e dos integrantes que assim desejarem trabalhar a
temática da diversidade sexual e de gênero no âmbito da educação, bem como instruir a
comunidade escolar sobre os direitos da população LGBTI+, visando a Promoção da
Cidadania e dos Direitos Humanos no ambiente da educação;
IV - Fica recomendado à Instituição de Ensino abordar a temática da diversidade sexual e de
gênero fundamentada nos parâmetros do conhecimento científico; com resgate dos aspectos
históricos, filosóficos, políticos, sociais, econômicos e culturais que constituem a sociedade
brasileira e potiguar; bem como assumindo o compromisso com os valores humanísticos,
democráticos e do respeito à diversidade sócio-humana;
V - Fica recomendado à Instituição de Ensino abordar a temática da diversidade sexual e de
gênero mediante a utilização de metodologias ativas as quais contribuam para que toda
comunidade escolar se reconheça como participante da construção do conhecimento;
VI - Fica recomendado à Instituição de Ensino abordar a temática da diversidade sexual e de
gênero comprometida com a educação popular e seu papel em refletir criticamente sobre a
realidade do território;
VII - Fica recomendado à Instituição de Ensino abordar a temática da diversidade sexual e de
gênero vinculada à promoção de ações artísticas e culturais, sociais e desportivas voltadas
para toda a comunidade escolar;
VIII - Fica recomendado à Instituição de Ensino inserir o compromisso com o respeito à
diversidade sócio-humana, bem como com a diversidade sexual e de gênero em seus
documentos orientadores, a saber: o Projeto Político Pedagógico, o Currículo Escolar, o
Regimento Escolar e o Calendário Escolar, elencando diretrizes, iniciativas, habilidades e
ações correspondentes com tal medida;
IX - Fica recomendado à Instituição de Ensino estabelecer como será realizada a escrituração
escolar do Nome Social nos Regimentos Escolares das escolas, dada às normativas
estabelecidas na Portaria nº 33/2018, do Ministério da Educação; do Parecer CNE/CP nº
14/2017; do Parecer nº 088/2018 do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte
e dos conteúdos constantes neste Decreto;
X - Fica garantida à Instituição de Ensino a autonomia para definir o caráter metodológico de
trabalho dos conteúdos referentes à temática da diversidade sexual e de gênero nas unidades
curriculares, no ensino regular e nas diversas modalidades de ensino da educação básica, a
saber: Educação Profissional e Tecnológica, Educação Especial, Educação do Campo,
Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação para Populações em
Situação de Itinerância, e Educação de Jovens e Adultos;
XI - Fica recomendado às Instituições de Ensino abordar temáticas relacionadas à saúde das
e dos estudantes no que tange aos temas da educação sexual e da prevenção de Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST’s), de acordo com o seu Projeto Político Pedagógico, a
partir da inclusão da temática no Currículo Escolar, podendo ser realizadas parcerias com
Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centro de Referências de Assistência Social (CRAS),
Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e demais órgãos e
serviços públicos do território que avaliarem ser oportuno e necessário.

Art. 9° Para concretizar os eixos deste Programa, devem ser aplicadas as seguintes medidas
de garantia de direitos das e dos estudantes no ambiente escolar:
I - Fica garantido aos estudantes autodeclarados transexuais e travestis que assim solicitarem
o direito ao nome social em todos os registros e dinâmicas escolares, desde que: os mesmos
sejam maiores de 18 (dezoito) anos, aos quais não se faz necessária a avaliação de múltiplos
profissionais ou representação de responsável legal; aos menores de 18 (dezoito) anos e
maiores de 16 (dezesseis) anos, aos quais não se faz necessária a avaliação de múltiplos
profissionais, mas é indispensável a representação de responsável legal; e aos menores de 16
(dezesseis) anos, aos quais se faz necessária a avaliação de múltiplos profissionais (pedagogo,
assistente social e psicólogo), bem como a representação de responsável legal; em
consonância com a Portaria nº 33/2018, do Ministério da Educação; o Parecer CNE/CP nº
14/2017; e o Parecer nº 088/2018, do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte;
II - Fica autorizado ao grêmio estudantil e ao Conselho Escolar solicitar apoio logístico e
institucional à Instituição de Ensino, bem como à Secretaria de Estado da Educação, da
Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC), a fim de realizarem atividades educativas, artístico-
culturais, desportivas e de lazer que se proponham a abordar a temática da diversidade sexual
e de gênero.

Das Condutas Vedadas


Art. 10° Em conformidade com a Lei Federal nº 13.185/2015 e Lei Estadual nº 9.036/2007,
ficam proibidas em todo o território do Estado do Rio Grande do Norte, as seguintes práticas no
ambiente escolar:
I - Toda e qualquer conduta que configure prática de atos atentatórios aos direitos inerentes à
pessoa humana como discriminação, intolerância e/ou preconceito;
II - Praticar qualquer tipo de abordagem violenta, campanha midiática, publicidade ou
propaganda que ofenda sua integridade, cause dano mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, insulto, ridicularização, ou ainda, conduta que configure calúnia, difamação,
injúria e/ou outros atos infracionais;
III - Quaisquer condutas ou ações que impeçam ou dificultem total ou parcialmente a busca
pelo conhecimento, ensino e pesquisa, bem como impossibilitem a plenitude da divulgação
do pensamento e opinião, violando preceitos basilares que regem a educação nacional e
estadual, assim como valores considerados fundamentais, como a ética, equidade,
responsabilidade social, respeito às múltiplas identidades e diferenças;
IV - Não reconhecer a identidade de gênero e o nome retificado no registro civil de pessoas
transexuais e travestis, mediante veiculações em documentos escritos, sistemas de
informação, atos relacionados à atuação, registros cadastrais da instituição, chamadas orais ou
abordagens diretas;
V - Todo e qualquer ato que configure violência física e/ou psicológica, ou ainda, que
caracterize insultos pessoais, expondo a pessoa à humilhação;
VI - Apelidar com intuito de humilhar, ou ainda, de expor à pessoa em situação vexatória,
bem como isolar socialmente outrem de forma consciente e intencional;
VII - Quaisquer condutas que aconteçam no âmbito da rede mundial de computadores
referentes, à título deste Decreto, ao ambiente escolar, que exponham à pessoa ao
constrangimento, seja incitando a violência, adulterando dados pessoais, intimidando, ou
ainda, humilhando;
VIII - Toda e qualquer prática de bullying ou cyberbullying, já caracterizada nos §§§ 1º, 2º e
3º, do art. 4°, deste Decreto.

Do Procedimento Administrativo
Art. 11° Quando se tratando de um estudante matriculado na Rede Pública Estadual a realizar
as ações vedadas neste Decreto, compete à Instituição de Ensino, juntamente à Diretoria Regional de
Educação e Cultura (DIREC) responsável pelo território da ocorrência, verificar, apurar, coibir e sanar
os atos previstos nos incisos do art. 10º, deste Decreto, de maneira a escolherem a melhor forma de
fazê-los.
Art. 12° Quando se tratando de um estudante matriculado na Rede Pública Estadual a realizar
as ações vedadas neste Decreto, compete à Instituição de Ensino, juntamente à Diretoria Regional de
Educação e Cultura (DIREC) responsável pelo território da ocorrência, o desenvolvimento de
medidas de responsabilização do ator da violência, bem como dos mecanismos de reparação do dano
junto à vítima ou à comunidade escolar, mediante a descrição dos atos previstos nos incisos do art.
10º, deste Decreto; para tanto, recomenda-se a inserção dessas medidas no Regimento Escolar das
Instituições de Ensino.
Art. 13° A cópia, em sua integralidade, dos casos elencados nos arts. 11º e 12º, deverá ser
enviada pela Instituição de Ensino à Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+) para
registro, elaboração de indicadores, acompanhamento técnico e administrativo.
Art. 14° São passíveis de sanções administrativas os servidores públicos e demais
profissionais da educação que praticarem as condutas descritas nos incisos I ao VIII, do art. 10°, deste
Decreto, sem prejuízo das punições civis e criminais correspondentes.
Art. 15° Aos servidores públicos estaduais que, no exercício de suas funções, por ação ou
omissão, atentarem contra o que dispõe este Decreto, serão aplicadas as sanções cabíveis nos termos
do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado e das Autarquias e Fundações
Públicas Estaduais do Rio Grande do Norte - Lei Complementar Nº 122, de 30 de junho de 1994, sem
prejuízo das punições civis e criminais correspondentes.
Art. 16º As denúncias de atos discriminatórios a que se refere este Decreto, quando realizadas
por servidor público ou profissional da educação, poderão ser encaminhadas ao Disque Defesa
LGBTI+ por meio do contato telefônico 0800-281-1314, mediante iniciativa direta da parte ofendida,
por ato ou ofício de autoridade pública competente, por comunicado de organizações não-
governamentais de defesa da cidadania e direitos humanos, mediante relato oral, documento escrito
em formato físico ou virtual.
Parágrafo Único. O Disque Defesa LGBTI+ é um instrumento criado com objetivo de receber e
acolher denúncias, visando interromper a situação de violação de direitos de pessoas LGBTI+ em
razão de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, nos termos da Lei Estadual nº
8.225, de 12 de agosto de 2002 e do Decreto n° 31.516, de 17 de maio de 2022.
Art. 17º As denúncias de atos discriminatórios a que se refere este Decreto, quando realizadas
por servidor público ou profissional da educação, também poderão ser relatadas em formato virtual
direcionadas ao Gabinete da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer
(SEEC) pelo sítio eletrônico (http://www.educacao.rn.gov.br/), bem como à Controladoria Geral da
União (CGU), por meio da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação - Fala.BR, pelo
sítio eletrônico (https://falabr.cgu.gov.br/), mediante iniciativa direta da parte ofendida, por ato ou
ofício de autoridade pública competente, por comunicado de organizações não-governamentais de
defesa da cidadania e direitos humanos.
Art. 18º A denúncia deverá ser fundamentada com a descrição do fato ou do ato
discriminatório, seguida da identificação de quem realiza a denúncia, garantindo, na forma da lei, o
sigilo do denunciante em conformidade com a Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 e a
Lei Federal nº 13.709, de 14 de agosto de 2018.
Art. 19º Quando a denúncia tratar de ações realizadas por servidor público ou profissional
da educação, o Gabinete da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer
(SEEC) deverá encaminhá-la para a Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+) e
notificar a Diretoria Regional de Educação e Cultura (DIREC) responsável pelo território da
ocorrência, a fim de que sejam realizados os trâmites administrativos necessários.
Art. 20º Recebida a denúncia, conforme elencado no art. 19º, deste Decreto, compete à
Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+) registrar a manifestação e encaminhá-la
à Comissão Permanente de Sindicância (CPS/SEEC) para a instauração do processo administrativo
devido, a fim de que seja efetuada a apuração, o acompanhamento e, se necessária, a imposição das
sanções cabíveis, sendo observados os princípios da ampla defesa e do contraditório, nos termos da
Lei Federal nº 13.185/2015 e da Lei Estadual nº 9.036/2007.
Art. 21º Concluindo a Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+), em
análise preliminar, que o fato apurado trata-se de infração penal, a CEPLGBTI+ deverá remeter cópia
da integralidade do processo administrativo ao Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte
(MP/RN), à Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte (PC/RN), à Defensoria Pública do Estado
do Rio Grande do Norte (DPE/RN) e às demais autoridades competentes para as medidas cabíveis,
sem prejuízo das sanções administrativas previstas na Lei Estadual nº 9.036/2007.

Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+)


Art. 22º Fica instituída a Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+), órgão
permanente, autônomo, consultivo e deliberativo, coordenada pelo Núcleo Estadual de Educação para
a Paz e Direitos Humanos (NEEPDH), vinculado à Coordenadoria de Desenvolvimento Escolar
(CODESE), da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC), a quem
compete formalizar termos de cooperação com órgãos públicos, prover o apoio administrativo e os
meios necessários para o seu funcionamento.
Art. 23º Compete à CEPLGBTI+:
a) Monitorar as providências adotadas pela Instituição de Ensino, juntamente à Diretoria
Regional de Educação e Cultura (DIREC), e pela Comissão Permanente de Sindicância
(CPS/SEEC) frente às denúncias de violação de direitos em decorrência de discriminação
por orientação sexual e identidade de gênero;
b) Informar a pessoa denunciante sobre o que ocorreu com a denúncia, quando esta for
relacionada à ação de servidor público ou profissional da educação;
c) Fornecer relatórios aos órgãos de controle social, bem como à gestão para a produção de
dados estatísticos das denúncias acolhidas;
d) Articular, quando necessário, com outros órgãos da Rede Estadual de Proteção e
Enfrentamento à LGBTfobia;
e) Prestar assessoria técnica junto às Diretorias Regionais de Educação e Cultura (DIREC)
e às Instituições de Ensino na implementação e manutenção das medidas estabelecidas
neste Decreto, no que se refere aos eixos norteadores da gestão educacional, dos projetos
políticos pedagógicos, das diretrizes curriculares, dos planos de ensino, dos materiais
didáticos e dos processos de avaliação educacional;
f) Ofertar às Diretorias Regionais de Educação e Cultura (DIREC) e às Instituições de
Ensino a ferramenta da mediação de conflitos, com vistas à reparação do dano ocasionado
à vítima e à responsabilização do autor da violação;
g) Desenvolver os mecanismos de educação permanente junto às Diretorias Regionais de
Educação e Cultura (DIREC) e às Instituições de Ensino para qualificar os profissionais
da educação na temática da diversidade sexual e de gênero;
h) Elaborar diretrizes pedagógicas complementares para a plena execução das medidas
elencadas neste Decreto.

§ 1º Quando houver necessidade, a Comissão Educacional Permanente LGBTI+ (CEPLGBTI+)


poderá convidar outros órgãos e serviços públicos para participarem de suas reuniões, tendo estes o
direito à voz.
Art. 24º Os membros da CEPLGBTI+ serão indicados pelo dirigente da unidade ou do órgão
que representam e designados por Portaria publicada pela SEEC, para mandato de 2 (dois) anos, sendo
permitida a recondução.
Art. 25º A CEPLGBTI+ é composta por membros, titulares e igual número de suplentes, das
representações das seguintes unidades e órgãos:
a) Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC):
i. Coordenadoria de Órgãos Regionais de Educação (CORE);
ii. Coordenadoria de Desenvolvimento Escolar (CODESE);
iii. Núcleo Estadual de Educação para a Paz e Direitos Humanos (NEEPDH);
iv. Subcoordenadoria de Organização e Inspeção Escolar (SOINSPE);
v. Subcoordenador de Ensino Médio (SUEM);
vi. Subcoordenadoria de Ensino Fundamental (SUEF).
b) Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos
Humanos (SEMJIDH):
vii. Coordenadoria da Diversidade Sexual e de Gênero (CODIS).

Do Controle Social
Art. 26° Compete ao Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte (CEE/RN)
avaliar, monitorar e supervisionar os âmbitos de atuação do Programa voltados para a prática da
educação, formulando e propondo diretrizes para o enfrentamento à discriminação, como também
para a promoção e defesa dos direitos das pessoas LGBTI+.
Art. 27° Compete ao Comitê Estadual Intersetorial de Enfrentamento à LGBTfobia no Estado
do Rio Grande do Norte, como órgão colegiado consultivo, e ao Conselho Estadual de Políticas
Públicas de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais no Estado do Rio Grande do Norte
(CPP/LGBT), como órgão colegiado consultivo, deliberativo e fiscalizador, ambos vinculados à
Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos
(SEMJIDH), avaliar, monitorar e supervisionar todos os âmbitos de atuação do Programa, formulando
e propondo diretrizes voltadas para o enfrentamento à discriminação e para a promoção e defesa dos
direitos das pessoas LGBTI+.
Disposições Finais
Art. 28° Por meio de contrato ou convênio, o Estado do Rio Grande do Norte através da
Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC), poderá estender este
Programa às Instituições Municipais e Particulares de Ensino, observando-se, no que couber, as
atribuições que julgarem necessárias para a implementação do Programa, bem como o modo de
implementação e demais dinâmicas.
Art. 29° Compete ao Estado do Rio Grande do Norte a ampla divulgação do Programa
Estadual Diversidade nas Escolas.
Art. 30° Os recursos financeiros necessários à execução deste Programa serão oriundos:
I - do Orçamento Geral do Estado e de suas emendas;
II - de parcerias público-privadas;
III - de parcerias com a União, Estados e Municípios.

Art. 31º A Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC), no


âmbito de suas competências, fica autorizada a editar as normas complementares ao cumprimento do
disposto neste Decreto.
Art. 32° Os casos omissos neste Decreto serão dirimidos pela maioria dos integrantes
presentes à reunião da CEPLGBTI+, com base na Lei Federal nº 13.185/2015, na Lei Estadual nº
8.805/2006, na Lei Estadual nº 9.036/2007, e legislação correlata aplicável.
Art. 33° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal/RN, XX de XXXX de 2022, 200º da


Independência e 134º da República.

FÁTIMA BEZERRA
Governadora

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