Cuidados Paliativos Sob A Perspectiva Dos Profissionais Da Saude TCC
Cuidados Paliativos Sob A Perspectiva Dos Profissionais Da Saude TCC
Cuidados Paliativos Sob A Perspectiva Dos Profissionais Da Saude TCC
Tatiana Paranhos
1 ARTIGO ............................................................................................................................... 4
ANEXO A – Normas para publicação na Revista Eletrônica de Enfermagem ........... 13
ANEXO B – Parecer de aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa ... 22
APÊNDICE A – Projeto de Pesquisa ............................................................................... 25
4
1 ARTIGO
Tatiana Paranhos¹
Maristela Soares de Rezende²
RESUMO
Objetivando identificar os enfrentamentos e as estratégias dos profissionais da saúde que
assistem pacientes que necessitam de cuidados paliativos, realizou-se uma pesquisa
qualitativa exploratória, entrevistando 20 profissionais da saúde atuantes num hospital
do Estado do Rio Grande do Sul. Os dados coletados foram submetidos à Análise de
Conteúdo. Identificou-se que os principais enfrentamentos dos entrevistados são o
desconhecimento do objetivo dos cuidados paliativos e a assistência centrada na cura,
gerando sentimento de impotência. Em relação as estratégias utilizadas, os sujeitos, a
pesar de enfatizarem o cuidado humanizado, referem fragmentar o cuidado, apoiar-se na
religiosidade e fazer psicoterapia fora da instituição. Entende-se que a formação
profissional biologicista, direcionada à cura dificulta vislumbrar a amplitude dos cuidados
paliativos que exigem ações de uma equipe de saúde multiprofissional qualificada, com
objetivo de tratamento comum e olhar diferenciado para o paciente e sua família,
centrando o cuidado na qualidade de vida, não na doença.
Descritores: Enfermagem de Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida; Cuidados
Paliativos; atitude frente à morte.
INTRODUÇÃO
A enfermagem tem como essência o cuidado integral de seus pacientes, e, na fase
terminal da doença, a exigência de habilidades e competências diferenciadas da equipe
de saúde é fundamental. Nessa fase da doença, são importantes os cuidados paliativos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cuidados paliativos trata-se de uma
assistência multidisciplinar que busca proporcionar a qualidade de vida aos pacientes
sem perspectiva de cura. No entanto, a sua abrangência não envolve somente o alivio da
5
MÉTODOS
Essa pesquisa tem uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. Foi
realizada em um hospital do interior do Estado do Rio Grande do Sul, em uma unidade de
internação aberta e outra de atendimento ambulatorial, que atende pacientes com
necessidades de cuidados paliativos. Os sujeitos do estudo foram profissionais da área da
saúde que obedeceram os seguintes critérios: ter realizado assistência com contato
direto e diário junto a pacientes que necessitam de cuidados paliativos; atuar na
instituição e nas unidades eleitas para o estudo, realizando essa assistência há, pelo
menos, seis meses; aceitar participar da pesquisa com a gravação em áudio das
entrevistas; e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias.
Quanto aos critérios de exclusão, estes foram: ser profissionais da área da saúde, mas
não realizar assistência com contato direto e diária junto a pacientes que necessitam de
cuidados paliativos; profissionais que não atuem na instituição e nas unidades eleitas
para o estudo, profissionais afastados do serviço durante o período da coleta; que atuem
6
por menos de seis meses na instituição, realizando assistência com contato direto e
diário junto a pacientes que necessitam de cuidados paliativos, e não aceitarem
participar da pesquisa com a gravação em áudio das entrevistas.
Para dar suporte ao estudo e embasar a elaboração do instrumento de coleta,
realizou-se uma revisão bibliográfica. Posteriormente, foi encaminhado, junto ao projeto,
uma solicitação formal de desenvolvimento do estudo à instituição, explicando a
justificativa, a relevância, os objetivos e a metodologia, bem como ressaltando a
manutenção do anonimato tanto dos sujeitos quanto do hospital e do município.
Após a aprovação da instituição e do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), Protocolo
nº 1.640.727, ocorreu um contato com o responsável pela instituição para declarar e
apresentar o parecer favorável concedido pelo CEP, agendando o início preciso da coleta.
Para seleção dos sujeitos foram abordados cada um dos profissionais dos espaços
eleitos. Nesse momento, a coletadora apresentou-se aos sujeitos, os convidando a
participar da pesquisa, informando-os quanto ao objetivo, a relevância e a forma de
coleta, bem como que a sua participação ou não, neste estudo, não implicaria em riscos
ou prejuízos, sendo respeitados os seus costumes, sua religião, conceitos morais e
éticos, conforme preconiza a Resolução 466/12 que versa sobre a pesquisa com seres
humanos(5). Aos profissionais que aceitaram participar do estudo foi apresentado e lido
um Consentimento Livre e Esclarecido, o qual foi assinado em duas vias pelo
respondente e pelo pesquisador. Uma via permaneceu com o sujeito e outra
permanecerá guardada pelo pesquisador em local seguro por cinco anos.
Uma entrevista semiestruturada para coletar os dados foi aplicada,
individualmente, junto aos sujeitos. Essa entrevista apresentava em um roteiro geral de
perguntas, sendo que o entrevistador dispunha de autonomia para realizar outros
questionamentos que considerava necessário, porém que mantinham o foco no tema a
fim de atingir o objetivo do estudo(6).
A análise dos dados coletados foi realizada após a organização e transcrição das
entrevistas gravadas, realizando-se a interpretação a partir da análise de conteúdo. Esse
tipo de análise é realizado através de um conjunto de técnicas da comunicação,
buscando assim procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das
mensagens. Valoriza indicadores qualitativos que permitem concluir conhecimentos
relativos as condições de produção e recepção dessas mensagens(7).
Para realizar o levantamento e a organização dos conteúdos, a análise de conteúdo
permite ao pesquisador trabalhar com os dados em três etapas, que são: a pré-análise,
caracterizada pela organização de todos os dados; a análise, propriamente dita, na qual
emergem as categorias; e a terceira etapa, o tratamento dos dados, que permite
interpretar e discutir os dados(7). Dessa forma, destacaram-se duas categorias: as
7
sentir despreparados por não saberem como agir quando o paciente questionar se irá
morrer. Normalmente, não sabe o que responder, mudam de assunto rapidamente,
desfocando da pergunta, deixando o paciente angustiado e em busca de uma resposta,
mesmo que esta não seja aquela que gostariam de ouvir. Muitos dos profissionais da
saúde, nesses momentos, se deparam com sentimentos de impotência, culpa, como se
lhes faltassem conhecimento. Dessa forma, entende-se a premência da instituição
valorizar um espaço para a equipe refletir, discutir, expor, seus medos, dificuldades,
permitindo um desenvolvimento e, ou fortalecimento em conjunto(10-11).
É complexo para os profissionais da saúde cuidar de pacientes em que a cura é
impossível e o objetivo é proporcionar dignidade e ausência de dor no momento da
morte. Ao cuidar de um paciente que está enfrentando o processo de finitude, é
importante lembrar que o mesmo precisa ter autonomia, ser respeitada a sua vontade,
bem como valorizar a relação e fortalecer a confiança entre paciente e equipe
multiprofissional. Sabe-se, também que a relação de trabalho entre a equipe influência
de maneira decisiva na assistência prestada ao paciente(10-11).
A formação acadêmica ainda é centrada no cuidado biologicista, sendo que a
atividade médica mantem o viés de combate à morte a todo custo. Nessa perspectiva, os
cuidado paliativos podem perder sua real identidade, melhorar a qualidade de vida desse
paciente. É importante, nesse momento, manter o foco na pessoa e não mais na doença.
Caso contrário, esses pacientes podem ser encaminhados tardiamente aos cuidados
paliativos, ou seja, quando estão em seu processo de finitude(12).
Observa-se que o modelo biomédico, culturalmente, muito forte, em geral, não
prioriza cuidados relacionados às questões dos planos emocional, espiritual e social. A
busca incansável pela cura e o prolongamento da vida independente de sua qualidade
denunciam a carência de especializações em cuidados paliativos para os profissionais da
saúde, comprometendo a assistência aos pacientes sem perspectiva de cura e aos seus
familiares, gerando uma dificuldade na compreensão da importância do processo
paliativo(12).
Porém, também foi destacado o quanto é gratificante cuidar de pacientes com
necessidades de cuidados paliativos, argumentando que lhes permite reflexões quanto á
vida e o assistir, lhes instiga a ser uma pessoa e um profissional melhor, podendo fazer a
diferença na vida desses pacientes. Esse sentimento é reforçado pelas manifestações de
gratidão dos pacientes e de seus familiares, na medida em que reconhecem a sua forma
de cuidar. Os profissionais buscam constantemente o prazer em sua assistência. Ao
comprometer-se e envolver-se com o cuidado do paciente e sua família, o profissional
pode encontrar sentimentos de satisfação e realização profissional. Nesse ínterim, surge
o reconhecimento dos assistidos o qual é gratificante ao profissional(4,13).
9
CONCLUSÃO
Identificou-se, nesse estudo, que os principais enfrentamentos da maioria dos
profissionais da saúde que assistem pacientes que necessitam de cuidados paliativos, são
o desconhecimento do objetivo dessa forma de cuidar e a assistência centrada na cura.
Por conseguinte, ao assistirem esses pacientes, emergem sentimentos de impotência e
fracasso. Para suportar esse desafio, referem que, mesmo primando pelo cuidado
humanizado, estabelecem estratégias como separar situações pessoais das profissionais,
apoiar-se na religiosidade e fazer psicoterapia fora da instituição. A fragmentação do
cuidado também é citada como produto de uma assistência cujo o objetivo é
desconhecido.
10
REFERÊNCIAS
1. Machado JH, Silveira RS, Lunardi VL, Fernandes GFM, Gonçalves NGC, Prestes RC.
Paciente que requer cuidados paliativos: percepção de enfermeiras. Enferm Foco
[Internet]. 2013 [acesso em: 17 mar. 2016];4(2):102-5. Disponível em:
http://revista.portalcofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/534.
2. Carvalho RT, Parsons HA (Org.). Manual de cuidados paliativos. Academia Nacional de
Cuidados Paliativos. 2.ed. São Paulo: Solo; 2012
3. Vasques TCS, Lunardi VL, Silveira RS, Lunardi Filho WD, Gomes GC, Pintanel AC.
Percepção dos trabalhadores de enfermagem acerca de cuidados paliativos. Rev. Eletr.
Enf. [Internet]. 2013 [acesso em: 17 mar. 2016];15(3):772-9. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.5216/ree.v15i3.20811.
4. Silveira MH, Ciampone MHT, Gutierrez BAO. Percepção da equipe multiprofissional
sobre cuidados paliativos. Rev. bras. geriatr. gerontol. [Internet]. 2014 [acesso em: 17
mar. 2016];17(1):7-16. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1809-
98232014000100002.
11
16. Silva TO, Silva ALF, Barbosa AC, Campos Júnior AP. Morte: percepção de enfermeiros
que atuam na unidade de terapia intensiva do Hospital Municipal Milton Pessoal Morbeck.
Rev. Eletr. Interd. [Internet]. 2014 [acesso em: 30 nov. 2016];1(11):102-6.
13
ESTRUTURA DO ARTIGO
Introdução
Métodos
Definir tipo de estudo, local e período em que a pesquisa foi realizada. Apresentar
fonte de dados, delimitando, no caso da população estudada, os critérios para inclusão e
exclusão e seleção do número de sujeitos. Detalhar procedimentos de coleta e fundamentos da
análise de dados, incluindo o conteúdo dos instrumentos de coleta de dados. Pesquisas
realizadas no Brasil devem explicitar cuidados éticos, informando aplicação do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para pesquisas com seres humanos e número de aprovação
da pesquisa em comitê de ética em pesquisa. Autores estrangeiros devem informar os
procedimentos adotados no país de origem da pesquisa.
14
Resultados
Discussão
Deve ser concebida a partir dos dados e resultados obtidos, enfatizando as inovações
decorrentes da investigação e evitando a repetição de informações apresentadas em seções
anteriores (introdução, método e resultados). Todos os resultados devem ser discutidos, tendo
como apoio em referencial teórico estritamente pertinente, atualizado e que permita identificar
diálogo com outras pesquisas já publicadas.
Conclusão
FORMATAÇÃO DO MANUSCRITO
Título
Deve ser apresentado no idioma que foi escrito o texto na íntegra, em alinhamento
justificado, em negrito, conciso, informativo, com até 15 palavras. Usar maiúscula somente na
primeira letra do título. Não utilizar abreviações.
Autoria
Os autores devem ser identificados após o título, por ordem de autoria (se houver mais
de um), com credencial na sequência do nome. Devem constar as seguintes informações:
nome completo, formação universitária, titulação, instituição de origem e e-mail –
preferencialmente, institucional.
A autoria dos manuscritos deve expressar a contribuição de cada uma das pessoas
listadas como autor no que se refere à concepção e planejamento do projeto de pesquisa,
obtenção ou análise e interpretação dos dados, redação e revisão crítica.
Resumo
Deve ser apresentado na primeira página do trabalho, conter entre 100 e 150 palavras,
apenas no idioma que foi escrito o texto na íntegra. Quando da aprovação do artigo para a
publicação será solicitada a tradução para a versão do texto em inglês, quando este for
apresentado em português ou espanhol, ou para o português quando o idioma do texto original
for em espanhol ou inglês.
Descritores
Ao final do resumo devem ser apontados de 3 (três) a 5 (cinco) descritores que servirão
para indexação dos trabalhos. Para tanto os autores devem utilizar os “Descritores em
Ciências da Saúde” da Biblioteca Virtual em Saúde (http://decs.bvs.br/), usando o descritor
exato.
16
Siglas e abreviações
Notas de rodapé
Devem ser indicadas por asteriscos, iniciadas a cada página e restritas ao mínimo
indispensável.
Ilustrações
São permitidas tabelas ou figuras (quadros, gráficos, desenhos, fluxogramas e fotos) que
devem estar inseridas no corpo do texto logo após terem sido mencionadas pela primeira vez.
As tabelas devem ser apresentadas conforme as Normas de Apresentação Tabular, da
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponível em:
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv23907.pdf;
Os títulos de tabelas devem ser concisos e precisos indicando o local do estudo e ano a
que se referem os dados e apresentados acima da tabela.
Os títulos das figuras devem ser concisos e precisos, apresentados abaixo da figura;
Citações
Para citações “ipsis literis” de referências devem-se usar aspas na sequência do texto.
As citações de falas/depoimentos dos sujeitos da pesquisa devem ser apresentadas em estilo
itálico e na sequência do texto.
Referências
São permitidas até 25 referências em artigos originais e livre para artigos de revisão.
Devem representar e sustentar o estado da arte sobre o tema, ser atualizadas e procedentes,
preferencialmente, de periódicos qualificados.
17
Agradecimentos e Financiamentos
Agradecimentos e/ou indicação das fontes de apoio da pesquisa, devem ser informados
ao final do artigo.
EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS
Orientações gerais
Capítulo de livro
Medeiros M, Munari DB, Bezerra ALQ, Alves MA. Pesquisa qualitativa em saúde:
implicações éticas. In: Ghilhem D, Zicker F, editors. Ética na pesquisa em saúde: avanços e
desafios. Brasília: Letras Livres UnB; 2007. p. 99-118.
Rice AS, Farquhar-Smith WP, Bridges D, Brooks JW. Canabinoids and pain. In: Dostorovsky
JO, Carr DB, Koltzenburg M, editors. Proceedings of the 10th World Congress on Pain, 2002,
San Diego, CA. Seattle (WA): IASP Press; c2003. p. 437-68.
[Internet]. Hoboken (NJ): John Wiley & Sons, Ltd. c1999 – . Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1002/14651858.CD004950.pub3. Record No.: CD004950.
Legislação
Resolução Nº 466 do Conselho Nacional de Saúde, de 12 de dezembro de 2012 (BR). Aprova
as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário
Oficial da União. 12 dez 2012.
Matéria de jornal
Souza H, Pereira JLP. O orçamento da criança. Folha de São Paulo. 1995 maio 02; Opinião:
1º Caderno.
CURSO DE ENFERMAGEM
Tatiana Paranhos
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3
2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 5
3 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 6
3.1 Terminalidade e morte ........................................................................................... 6
3.2 A equipe de saúde que assiste pacientes com necessidades de cuidados
paliativos .................................................................................................................. 7
3.3 A família e o paciente com necessidades de cuidados paliativos ......................... 8
3.4 Comunicação e cuidados paliativos ....................................................................... 9
4 METODOLOGIA DA PESQUISA ....................................................................... 10
4.1 Tipo de pesquisa ...................................................................................................... 10
4.2 Local de pesquisa ..................................................................................................... 10
4.3 Sujeitos da pesquisa ................................................................................................ 11
4.4 Coleta ........................................................................................................................ 12
4.5 Análise de dados ...................................................................................................... 13
5 ESTRUTURA PROVISÓRIA DA MONOGRAFIA ........................................... 14
6 CRONOGRAMA .................................................................................................... 15
7 ORÇAMENTO ........................................................................................................ 16
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 17
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......................... 19
APÊNDICE B – Ofício de solicitação junto à Instituição .................................... 21
APÊNDICE C – Entrevista Semiestruturada ....................................................... 23
APÊNDICE D – Carta de Aceite ........................................................................... 24
3
1 INTRODUÇÃO
A abrangência dos cuidados paliativos não envolve somente o alivio da dor e todos os
sintomas da doença terminal, pois engloba também as dimensões psicológicas, sociais e
espirituais do paciente e de sua família (MACHADO et al, 2013). Sabendo que a enfermagem
tem como essência o cuidado integral de seus pacientes, ressalta-se que, na fase terminal da
doença, a exigência de habilidades e competências diferenciadas da equipe de saúde é
fundamental.
Contudo, percebe-se que esta equipe, centrada na cura, apresenta dificuldade para lidar
com o processo de morte e terminalidade, haja vista a sua resistência para a implementação de
algumas medidas simples de terapêutica, ao compreender que estas não irão trazer a cura.
Essa postura pode estar relacionada à necessidade de enfrentamento do sentimento de
impotência e de fracasso por não conseguir proporcionar a cura aos seus pacientes
(VASQUES et al, 2013).
A busca incessante e constante pela cura pode, muitas vezes, atrapalhar no cuidado
paliativo e se tornar um cuidado curativo. Essa conduta se deve pela necessidade de pensar
que está fazendo algo por ele, seja por meio de intervenções cirúrgicas, medicações ou o uso
de diversas novas tecnologias. Precisa-se, no entanto, saber identificar o limite de até quando
pode-se intervir e prolongar a vida e o sofrimento em detrimento da qualidade de vida
(SILVEIRA; CIAMPONE; GUITIERREZ, 2014).
Existe uma carência na formação acadêmica relacionado a morte, terminalidade e
cuidados paliativos, pois aprende-se a salvar vidas, resultando, em uma dificuldade na atuação
profissional. É necessário, portanto que se busque aperfeiçoamentos e qualificações
constantemente, para adquirir conhecimento e desenvolver um cuidado holístico e apropriado.
O investimento em capacitações, treinamentos se torna instrumento essencial para se alcançar
a excelência no cuidado paliativo.
Frente a isso sentiu-se a necessidade de realizar uma pesquisa qualitativa exploratória,
entrevistando, nos meses de setembro e outubro de 2016, profissionais da saúde, de um
hospital do interior do Estado do Rio Grande do Sul, que assistem pacientes que necessitam
de cuidados paliativos, para identificar seus enfrentamentos e estratégias na realização dessa
assistência.
Acredita-se que o maior impasse das equipes de saúde para proporcionar um
atendimento adequado aos pacientes com necessidades de cuidados paliativos seja a barreira
de proteção criada para evitar sentimentos de frustação e fracasso. Dessa forma, o profissional
4
2 OBJETIVO GERAL
3 REVISÃO DE LITERATURA
O processo de morte ainda é um tema muito complexo e pouco discutido, seja entre as
equipes de saúde ou mesmo na sociedade. Sabe-se que se trata de um processo estreitamente
influenciado pela cultura, crenças e mitos (ELIAS, 2001 apud RODRIGUES; ZAGO 2012).
Santana (2009) ressalta que no passado, a morte era vista como um processo natural, tanto que
ocorria nas residências. Porém, com o passar do tempo, essa tradição foi se perdendo, e a
família que antes ocupava o lugar de cuidadora, a passa delegar aos profissionais de saúde em
hospitais.
Acrescenta-se, ainda, que as condições socioeconômicas e a dificuldade de controle de
sintomas tornam-se obstáculos para a permanência do doente em seu lar, exigindo a
hospitalização. Assim, a tecnologia disponível nos hospitais gera uma dependência e
resistência sobre a morte, ocorrendo o prolongamento da vida. Essa tecnologia provoca uma
ilusão, como se todos os pacientes em cuidados paliativos pudessem ser curados, em
consequência a equipe acaba se distanciando do paciente. No entanto, é preciso lembrar de
acrescentar qualidade de vida aos dias e não dias a vida destes pacientes (QUINTANA 2006
apud SANTANA et al, 2009).
Outras vezes, a morte é vista como um incômodo, sendo ocultada, mascarada e
distanciada nos hospitais. Além disso, o crescimento tecnológico foi inversamente
proporcional à reflexão sobre o sentido da vida. Não é preciso desprezar a tecnologia nem
sequer tratar o paciente como um objeto, mantendo-o vivo mesmo que artificialmente, para
evitar a angustia de presenciar o sofrimento de pessoas no processo de finitude (SILVA,
2014).
Dessa forma, pode-se estar frente a uma ortotanásia, a qual é caracterizada como uma
forma de cuidar, porém não se exceder no tratamento, praticando medidas desproporcionais,
que não surtirão em benefícios, mas apenas prolongaram o processo de morte (XAVIER;
MIZIARA; MIZIARA, 2014).
Há também a distanásia, definida como o prolongamento do sofrimento, ocorrendo um
afastamento da morte e a tornando mais difícil e dolorosa, prolongando além do seu período
natural. Ocorre um aumento na sobrevivência, porém sem ter a qualidade de vida, sendo que o
paciente tem o direito de escolher entre submeter-se ou não a um tratamento. No código de
7
ética médica, o princípio da autonomia mantém o indivíduo como dono de sua própria vida,
podendo limitar as invasões a sua intimidade (XAVIER; MIZIARA; MIZIARA, 2014).
Temas relativos à terminalidade, ao processo de finitude e também aos cuidados
paliativos, são de extrema importância e precisam ser discutidos para melhor desempenho da
equipe. A elaboração do enfrentamento da morte e do luto é a etapa mais difícil para o
paciente e a família, pois a percepção da impossibilidade de cura é um momento muito
doloroso e a aceitação depende da conscientização da finitude humana. No sentido cultural, a
religião fornece respostas e sentido à vida de quem procura. A religiosidade permite que as
pessoas acreditem em uma força maior, com a crença que nada é por acaso (XAVIER;
MIZIARA; MIZIARA, 2014).
3.2 A equipe de saúde que assiste pacientes com necessidades de cuidados paliativos
Ao longo desse processo, é necessário que a equipe de saúde amplie sua concepção e
ressignifique o cuidado. Estes profissionais podem se sentir despreparados por não saberem
como agir quando o paciente questionar se irá morrer. Normalmente, não sabe o que
responder, mudam de assunto rapidamente, desfocando da pergunta, deixando o paciente
angustiado e em busca de uma resposta, mesmo que ruim. A maioria, nesses momentos, se
depara com sentimentos de impotência, culpa, como se lhes faltassem conhecimento. Dessa
forma, entende-se a premência de um espaço para a equipe refletir, discutir, expor, seus
medos, dificuldades, permitindo um desenvolvimento e, ou fortalecimento em conjunto
(RODRIGUES; ZAGO, 2012; CARDOSO et al, 2013).
Diversas vezes, a equipe prossegue com o pensamento de que esse paciente vai se
recuperar e alcançar a cura. Portanto, compreende-se este mecanismo como uma defesa, para
não encarar a realidade da situação (RODRIGUES; ZAGO, 2012).
É fundamental que os profissionais aceitem o processo de morte dos pacientes,
considerando-o não como uma falha, mas, sim, como sequência natural da vida, devendo a
tecnologia auxiliar, protegendo o indivíduo, possibilitando um tratamento digno e,
principalmente, respeitando o processo de finitude. É importante encarar a morte como um
processo natural da vida, como um ciclo que se fecha, para que ela ocorra da melhor forma
possível (RODRIGUES; ZAGO, 2012).
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
Esta pesquisa será realizada em uma unidade de internação aberta e em serviço que
atende pacientes exclusivamente oncológicos de um hospital do interior do Estado do Rio
Grande do Sul. A unidade de internação tem uma capacidade de aproximadamente 30 leitos,
cuja média de ocupação está em torno de 90%. Quanto ao serviço de oncologia, este atende
por mês, em média, 1500 pacientes oncológicos ambulatoriais. Nestes dois espaços, atuam
profissionais de saúde, entre eles aproximadamente 50 técnicos de enfermagem, 250 médicos,
11
4.4 Coleta
A análise dos dados coletados será após a organização e transcrição das entrevistas
gravadas, sendo realizada a interpretação a partir da análise de conteúdo. Esse tipo de análise
é realizado através de um conjunto de técnicas da comunicação, buscando assim
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens. Valoriza
indicadores qualitativos que permitem concluir conhecimentos relativos as condições de
produção e recepção dessas mensagens (BARDIN, 2010).
Para realizar o levantamento e a organização dos conteúdos, a análise de conteúdo
permite ao pesquisador trabalhar com os dados em três etapas, que são: a pré-análise,
caracterizada pela organização de todos os dados; a análise, propriamente dita, na qual
emergem as categorias; e a terceira etapa, o tratamento dos dados, que permite interpretar e
discutir os dados (BARDIN, 2010).
14
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVO GERAL
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Terminalidade e morte
3.2 A equipe de saúde que assiste pacientes com necessidades de cuidados paliativos
3.3 A família e o paciente com necessidades de cuidados paliativos
3.4 Comunicação e cuidados paliativos
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
4.1 Tipo de pesquisa
4.2 Local de pesquisa
4.3 Sujeitos da pesquisa
4.4 Coleta
4.5 Análise de dados
5 ESTRUTURA PROVISÓRIA DA MONOGRAFIA
6 CRONOGRAMA
7 ORÇAMENTO
REFERÊNCIAS
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APÊNDICE B – Ofício de solicitação junto à Instituição
APÊNDICE C – Entrevista Semiestruturada
15
6 CRONOGRAMA
Coleta X X
Revisão da Bibliografia X X X X
Metodologia X X X
Análise de Dados X X
Considerações Finais X X
Introdução X X
Resumo X
Abstract X
Apêndices X
Referências Bibliográficas X
Revisão Geral X
Apresentação X
16
7 ORÇAMENTO
TOTAL R$ 287,50
______________________________ ___________________________
Tatiana Paranhos Maristela Soares de Resende
Gestor Financeiro Pesquisadora Responsável
17
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
SAKS, M.; ALLSOP, J. Pesquisa em saúde métodos qualitativos, quantitativos e mistos. São
Paulo: Roca, 2011.
SILVA, José Antonio Cordero da. O fim da vida: uma questão de autonomia. Nascer e
crescer – revista de pediatria do centro hospitalar do porto, v. 23, n. 2, p. 100-105, 2014.
Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S0872-
07542014000300010&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 29 abr. 2016.
18
Em geral, a formação dos profissionais de saúde é centrada na cura, sendo que assistir
pacientes sem perspectiva de melhora pode significar um enfrentamento e exigir que os
profissionais estabeleçam estratégias para desenvolver essa assistência. Propõem-se assim,
identificar os enfrentamentos e as estratégias dos profissionais de saúde que assistem
pacientes que necessitam de cuidados paliativos. Para tanto, será realizada uma entrevista
cujas respostas serão gravadas em áudio, em um espaço reservado de um hospital do interior
do Estado do Rio Grande do Sul, nos meses de setembro e outubro de 2016.
Os sujeitos entrevistados serão profissionais da área da saúde; que tenham realizado
assistência com contato direto e diário junto a pacientes que necessitam de cuidados
paliativos; que atuem na instituição e na unidade de internação eleita para o estudo ou no
serviço de oncologia desta instituição, realizando essa assistência há, pelo menos, seis meses;
que aceitarem participar da pesquisa com a gravação em áudio das entrevistas e assinarem o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias. Acredita-se que esse estudo
possa, na medida que desvelar os enfrentamentos e estratégias dos profissionais que prestam
assistência a pacientes em cuidados paliativos, trazer benefícios a esses profissionais e à
instituição, pois poderá instigar discussões, reflexões e capacitações referentes ao tema, bem
como desenvolver métodos para cuidar de forma mais plena. Logo, além de valorizar o
trabalho em equipe, poderá fortalecer a equipe de multiprofissionais e, consequentemente, a
própria instituição. Porém, a pesar de respeitar-se a privacidade e o anonimato dos
envolvidos, teme-se que, ainda que de forma remota, possa ocorrer a exposição da instituição
e dos sujeitos, se alguma pessoa não participante da pesquisa, visualizar a pesquisadora e o
investigado durante a entrevista, e, ao ler o trabalho, relacionar com os sujeitos e o local da
pesquisa.
Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo a
minha participação neste projeto de pesquisa, pois fui informado, de forma clara e detalhada,
livre de qualquer forma de constrangimento e coerção, dos objetivos, da justificativa, dos
procedimentos que serei submetido, dos riscos, desconfortos e benefícios, assim como das
alternativas às quais poderia ser submetido, todos acima listados.
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Ademais, declaro que, quando for o caso, autorizo a utilização de minha imagem e voz
de forma gratuita pelo pesquisador, em quaisquer meios de comunicação, para fins de
publicação e divulgação da pesquisa.
Fui, igualmente, informado:
da garantia de receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a
qualquer dúvida a cerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos
relacionados com a pesquisa;
da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de
participar do estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu cuidado e
tratamento;
da garantia de que não serei identificado quando da divulgação dos resultados e
que as informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados ao
presente projeto de pesquisa;
do compromisso de proporcionar informação atualizada obtida durante o
estudo, ainda que esta possa afetar a minha vontade em continuar participando;
da disponibilidade de tratamento médico e indenização, conforme estabelece a
legislação, caso existam danos a minha saúde, diretamente causados por esta pesquisa;
de que se existirem gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da
pesquisa.
O Pesquisador Responsável por este Projeto de Pesquisa é Profª Enfª Ms. Maristela
Soares de Rezende (Fone 05121090932), sendo que Tatiana Paranhos (Fone: 05198923735) é
outro pesquisador deste estudo.
O presente documento foi assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o
voluntário da pesquisa ou seu representante legal e outra com o pesquisador responsável.
O Comitê de Ética em Pesquisa responsável pela apreciação do projeto pode ser
consultado, para fins de esclarecimento, através do telefone: 051 3717 7680.
Data __ / __ / ____
___________________________ __________________________________
Nome e assinatura do Nome e assinatura do responsável pela
Voluntário obtenção do presente consentimento
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DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
Profissão:
Idade:
Sexo:
Tempo de formação profissional:
Especialização? Qual?
Setor de atuação:
Tempo que atua junto a pacientes com necessidades de cuidados paliativos:
Prezados Senhores,
Declaramos para os devidos fins conhecer o protocolo de pesquisa intitulado:
“CUIDADOS PALIATIVOS: DESAFIO PARA OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE”,
desenvolvido pela acadêmica Tatiana Paranhos do Curso de Enfermagem, da Universidade de
Santa Cruz do Sul-UNISC, sob a orientação da professora Maristela Soares de Rezende, bem
como os objetivos e a metodologia de pesquisa e autorizamos o desenvolvimento no Hospital
Ana Nery.
Informamos concordar com o parecer ético que será emitido pelo CEP/UNISC,
conhecer e cumprir com a Resolução do CNS 466/12 e demais Resoluções Éticas Brasileiras.
Esta instituição está ciente das suas corresponsabilidades como instituição co-participante do
presente projeto de pesquisa e no seu compromisso do resguardo da segurança e bem estar dos
sujeitos de pesquisa nela recrutados, dispondo de infraestrutura necessária.
Atenciosamente,
_____________________________________________
Assinatura e carimbo do responsável institucional