BARBOSA, 2018 - Tendencias Nas Horas Dedicadas Ao Trabalho e Lazer - Uma Analise Da Alocaçao Do Tempo No Brasil
BARBOSA, 2018 - Tendencias Nas Horas Dedicadas Ao Trabalho e Lazer - Uma Analise Da Alocaçao Do Tempo No Brasil
BARBOSA, 2018 - Tendencias Nas Horas Dedicadas Ao Trabalho e Lazer - Uma Analise Da Alocaçao Do Tempo No Brasil
1. A autora agradece as sugestões e os comentários de Carlos Eugênio Ellery Lustosa da Costa, Carlos Henrique Leite
Corseuil e Maurício Cortez Reis, isentando-os de quaisquer erros remanescentes.
2. Técnica de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea; e professora do Instituto
Brasileiro de Mercado de Capitais do Rio de Janeiro (Ibmec-RJ). E-mail: <[email protected]>.
Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria
URL: http://www.ipea.gov.br
SINOPSE
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................7
3 DEFINIÇÃO DE LAZER............................................................................................15
5 BASE DE DADOS....................................................................................................21
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................48
REFERÊNCIAS...........................................................................................................49
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR...............................................................................52
APÊNDICE B.............................................................................................................57
ABSTRACT
In this study we document trends in the allocation of time by gender in Brazil. In particular,
we analyze trends in market work hours, home work hours (household chores), commute
and leisure times in Brazil along 2001-2015. Analysis is made by gender and is based on the
National Household Survey (PNAD). Results show that men enjoy more time of leisure
than women, although this difference is reducing over time. For both men and women,
there is an increase in leisure time. Specifically, we show that leisure for men increased by
4 hours per week (driven by a decline in market work hours) and for women by 7 hours
per week (driven by a decline in home production work hours).
Keywords: time use; leisure; labor supply; gender.
1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos últimos anos, algumas mudanças importantes foram observadas com
relação ao uso do tempo dedicado ao trabalho remunerado (no mercado) e ao não
remunerado (em afazeres domésticos). No Brasil, por exemplo, entre as mulheres,
nota-se um leve aumento nas horas trabalhadas no mercado, enquanto entre os
homens ocorreu uma expressiva redução, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD). Nas horas despendidas em afazeres domésticos, verifica-se uma
queda acentuada para as mulheres e um leve aumento para os homens. Portanto, as
diferenças por gênero sobre o uso do tempo com relação ao trabalho doméstico têm se
estreitado nos últimos anos.1
1. Essa redução da desigualdade de horas despendidas no trabalho doméstico ocorre na maior parte dos países ocidentais. Vale
observar que, se a análise se restringir à população ocupada, a redução nessas disparidades é ainda maior (United Nations, 2015).
2. Greenwood e Vandenbroucke (2008) argumentam que o processo tecnológico foi o grande agente transformador na
redução da média do número de horas – tanto no trabalho no mercado quanto no doméstico – em uma análise de longo
prazo para os Estados Unidos.
3. Birch, Le e Miller (2009) fazem uma análise detalhada sobre pesquisas de uso do tempo, além de fornecerem uma visão
abrangente de como as informações sobre uso do tempo podem ser utilizadas em pesquisas empíricas. Para outra análise
a respeito dos avanços e das limitações deste tipo de pesquisa, ver Aguiar, Hurst e Karabarbounis (2012).
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Além desta introdução, este texto está organizado da seguinte forma: a seção 2
apresenta o arcabouço teórico utilizado nos estudos sobre alocação de uso do tempo.
A seção 3 aborda as diversas definições de lazer utilizadas na literatura. A seção 4 expõe as
principais características de pesquisas de uso do tempo, além de fazer uma breve resenha
da experiência internacional sobre o tema. A seção 5 trata da base de dados utilizada neste
trabalho. A seção 6 mostra a evolução do tempo dedicado ao trabalho no mercado, em
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Discussão
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O tempo é um recurso cada vez mais escasso nos dias atuais. Uma análise detalhada
do comportamento de uma economia de mercado e de suas implicações passa pelo
entendimento do comportamento do tempo fora do mercado (Aguiar e Hurst, 2007).
Seu uso pode se dar das mais diversas formas: dedicado ao cuidado dos filhos ou
dependentes, aos afazeres domésticos, às atividades fisiológicas e de higiene pessoal, ao
cuidado com a saúde e ao lazer. Nesse contexto, a dicotomia padrão entre trabalho de
mercado e o termo “lazer” não distingue se a hora não dedicada ao trabalho de mercado
é despendida em cozinhar ou assistir televisão, por exemplo. Não distingue também
o fato de que o produto consumido ou qualquer atividade realizada fora do mercado
pode ser (e, em geral, é) fruto de uma combinação da utilização de dois insumos: de
bens de mercado e do uso do tempo.4
4. Ao cozinhar, por exemplo, uma pessoa certamente utiliza tanto alimentos e ingredientes (entre outros bens de mercado)
quanto um determinado tempo dedicado à atividade em questão.
5. Vale ressaltar a importância e a contribuição de Jacob Mincer nessa área. Em Mincer (1962; 1993), já havia um
reconhecimento de que o tempo não gasto na força de trabalho inclui não somente lazer, mas também tempo devotado
a produção doméstica, cuidado infantil, educação, entre outras atividades. A demanda por produção doméstica influencia
o valor do tempo em casa e, portanto, o salário de reserva nas decisões de oferta de trabalho. Cabe ressaltar também que
este estudo já destacava o fato de que as decisões de oferta de trabalho são feitas em um contexto familiar. Com base
nesses insights, Mincer e outros seguidores aprimoram os estudos para explicação na variação da oferta de trabalho das
mulheres ao longo do tempo ou em um determinado período. Mincer (1963) contém a maior parte das ideias analisadas
no famoso estudo de Becker (1965) sobre a alocação do tempo, incluindo os insights sobre a fecundidade ser uma função
negativa do custo de oportunidade do tempo na produção doméstica (e, portanto, uma função negativa de salários) e sobre
como os custos de oportunidade do tempo afetam a demanda por transporte e de serviços domésticos, a oferta de trabalho
e a demanda de serviços, além de os efeitos dos salários diferirem dos efeitos puros de renda.
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O ponto central desta teoria é que um indivíduo (ou família) é tanto consumidor
quanto produtor de produtos e/ou atividades. O consumidor, portanto, consome não
só produtos como também atividades, ambos produzidos pelo próprio com base em
dois tipos de insumos: bens de mercado e tempo. Neste contexto, entender como o
tempo é alocado fora do mercado de trabalho é especialmente importante na medida
em que a elasticidade de substituição entre o insumo bem de mercado e o insumo
tempo pode divergir de forma significativa entre funções de produção dos diferentes
produtos ou atividades que geram utilidade ao consumidor. A definição da atividade
“lazer” depende, portanto, do grau de substituição entre esses dois insumos. De outra
forma, o lazer é muito mais uma função da tecnologia do que das preferências.
(1)
6. O arcabouço analítico da teoria da produção doméstica desenvolvida por Becker foi um dos pilares para estudos sobre
alocação do tempo e para a chamada Economia da Família (Browning, Chiappori e Weiss, 2014). Ele permitiu também um
entendimento mais aprofundado dos mecanismos da escolha do consumidor e dos efeitos renda e substituição. Heckman
(2014) faz uma sucinta e interessante descrição do modelo de Becker (1965).
7. Becker (1965; 1976) e Gronau (1986) sugerem que a decisão de quanto tempo alocar em trabalho no mercado é
baseada no salário total, no valor da hora de trabalho, na renda não relacionada com o trabalho (benefícios sociais,
herança, transferências etc) e na função de produção doméstica, ou seja, na divisão do trabalho entre membros da família.
8. Este exemplo é apresentado em Aguiar e Hurst (2007), com algumas pequenas modificações na notação.
9. Vale observar uma restrição desse modelo: a hipótese implícita é de modelo unitário, ou seja, não se considera a
possibilidade de alocação intrafamiliar de recursos.
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(2)
Assume-se que s > 1 e h < 1. Com isso, o bem de mercado x1, substituto
relativamente próximo à unidade de tempo h1, faz com que a atividade Z1 seja similar
à produção doméstica, e o bem de mercado x2, substituto próximo à unidade de tempo
h2, faz com que a atividade Z2 seja similar à atividade de lazer.
O agente vive em um período com a dotação de tempo igual a um, que é alocado
em trabalho no mercado L, h1, e h2. O agente se defronta com um salário de mercado
w e preços p1 e p2.
sujeito a: (3)
sujeito a: (4)
11
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(5)
(6)
(8)
e (9)
12
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(10)
(11)
L = 1 - h1 - h2 (12)
(13)
13
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(h1) é o que faz com que a elasticidade de oferta de trabalho não compensada (xL) seja
positiva.10 De forma alternativa, se s = 1 e h < 1, tem-se que:
(14)
O exemplo apresentado nesta seção tenta mostrar que a forma como agentes alocam
o seu tempo fora do trabalho no mercado tem um peso direto na oferta de trabalho no
mercado. Em particular, faz diferença se as atividades não associadas ao mercado têm
10. Benhabib, Rogerson e Wright (1991) sugerem que a produção doméstica com um alto grau de substituição gera
uma oferta de trabalho elástica ao longo do ciclo econômico. Neste contexto, Greenwood, Seshadri e Yorukoglu (2005)
explicam em parte por que a participação da força de trabalho feminina aumentou de forma significativa ao longo do
século XX. Os autores sugerem que a elevação dos salários de mercado para as mulheres, o progresso tecnológico e a
adoção dos eletrodomésticos pelas famílias americanas contribuíram para o aumento da participação das mulheres no
último século. Greenwood et al. (2016) propõem ainda que o progresso tecnológico, ao reduzir drasticamente o valor
do trabalho das mulheres nos cuidados domésticos, não só impulsionou a entrada das mulheres casadas no mercado de
trabalho americano, mas também retardou a idade do casamento entre os indivíduos.
11. Kopecky (2011) e Vandenbroucke (2005) exploram de forma mais detalhada essa característica ao explicarem a
redução significativa da jornada de trabalho no mercado ao longo do século XX. Greenwood e Vandenbroucke (2008), por
sua vez, fornecem uma ótima síntese de modelos que envolvem alocação de tempo no contexto das tendências de longo
prazo no mercado de trabalho. Estes últimos autores mostram que, por quase duzentos anos (de 1830 a 2000), a média
de horas trabalhadas declinou, tanto no mercado quanto em casa – segundo eles, o progresso tecnológico é o responsável
por tal transformação. Três mecanismos são apontados como causas desta mudança: i) o aumento nos salários reais e o
seu correspondente efeito riqueza; ii) o aumento do valor do tempo fora do trabalho, devido ao advento de bens de lazer
intensivos em uso do tempo; e iii) a necessidade reduzida de trabalho doméstico, devido à introdução de eletrodomésticos
ou bens poupadores de tempo.
12. Como Aguiar e Hurst (2007) chamam a atenção, os parâmetros de preferência estão implícitos na forma reduzida
devido à natureza (formato) log-log da função utilidade. Com funções de utilidade mais gerais, parâmetros da função
utilidade entrariam na expressão da elasticidade de oferta de trabalho de forma explícita.
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ou não substitutos próximos. Esta análise ajuda no entendimento dos fatores que geram
mudanças das elasticidades de oferta de trabalho ao longo do tempo ou entre grupos
demográficos e variações das jornadas e do nível de emprego. É importante também
considerar os choques tecnológicos na produção doméstica ou de bens de mercado que
influenciam o produto total. Por exemplo, se mulheres são mais propensas a alocarem o
tempo não dedicado ao mercado à produção doméstica, tal análise sugere que elas têm
elasticidades de oferta de trabalho mais altas do que os homens (Mincer, 1962). Além
disso, a compreensão da alocação do tempo é importante para distinguir o consumo
efetivo à la Becker (1965), resultante de uma função de produção doméstica que usa
despesas com bens de mercado e o tempo como insumos, além da despesa (gasto) com
bens de mercado (Aguiar e Hurst, 2005a; 2005b). De forma geral, as tendências descritas
nas próximas seções são úteis para direcionar a escolha dos parâmetros para as funções
utilidade e produção doméstica em modelos calibrados.
3 DEFINIÇÃO DE LAZER
13. Por exemplo, o tempo gasto na educação é um investimento no capital humano, que gera o consumo adicional de
bens no futuro.
15
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O já citado estudo de Aguiar e Hurst (2007) faz uso de quatro medidas de lazer:
i) atividades que geram utilidade direta ao consumidor – tempo dedicado a atividades de
entretenimento/sociais e de recreação ativa; ii) atividades que geram utilidade direta ao
consumidor e que podem servir de insumos intermediários, como as fisiológicas/biológicas
e de cuidados pessoais; iii) atividades que geram utilidade direta ao consumidor, que
servem como insumos intermediários, e tempo gasto diretamente no cuidado primário e
educacional dos filhos; e iv) tempo não dedicado a atividades do trabalho em mercado e ao
trabalho em afazeres domésticos.
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14. Biddle e Hamermesh (1990) ressaltam que determinadas atividades de tempo podem aumentar a produção dentro
e fora do mercado. Os autores constroem um modelo no qual o tempo gasto em dormir, por exemplo, é uma variável
de escolha que aumenta a produtividade e entra diretamente na função utilidade. Além disso, eles dão forte evidência
empírica mostrando que dormir é, de fato, uma variável de escolha na qual os indivíduos otimizam. Por exemplo, indivíduos
dormem mais nos fins de semana e em férias. Questões semelhantes se aplicam amplamente a tempo gasto em comer e
em cuidados pessoais.
15. Os autores chamam a atenção de que esse aumento ao longo de quase cinquenta anos (1965 a 2003), entretanto,
pode ser maior. Essa subestimação do lazer pode ser explicada por três fatores: i) só foram considerados os indivíduos
que não estavam aposentados; ii) não se considera a mudança na natureza do tempo gasto em trabalho – ocorrida,
principalmente, na última década de análise; e iii) o uso do método de diário pode deixar de captar informações de uma
ampla proporção de famílias que estejam em tempo de férias.
16. Birch, Le e Miller (2009) fazem uma análise detalhada sobre pesquisas de uso do tempo, além de fornecerem uma visão
abrangente de como estas informações podem ser utilizadas em pesquisas empíricas. Para outra análise sobre os avanços
e limitações sobre este tipo de pesquisa, ver Aguiar, Hurst e Karabarbounis (2012).
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17. Com relação a este último tópico – cálculo de produto nacional –, ver o estudo de Melo, Considera e Di Sabbato
(2007). Os autores propõem uma medida de valor para as atividades em afazeres domésticos, não remuneradas, e não
contabilizadas no cálculo do produto interno bruto (PIB) brasileiro. A base de dados utilizada no estudo tem como fonte a
PNAD, que, embora não seja uma pesquisa específica de uso do tempo, divulga dados sobre as horas semanais dedicadas
a afazeres domésticos desde 2001.
18. Os autores observam, porém, que pesquisas de uso do tempo com base em diários das atividades podem apresentar
muitos valores iguais a zero para determinadas atividades, o que sugeriria o uso do método de estimação Tobit para corrigir
o problema. Stewart (2009), no entanto, argumenta que a questão dos zeros em pesquisas de uso do tempo se deve muito
mais à diferença entre o período em que os dados são obtidos (por meio dos diários) e o período de referência da pesquisa,
que costuma ser muito mais longo do que o primeiro. Como resultado, uma ampla parcela de observações tem valor zero
para o tempo gasto em muitas atividades, mesmo se os indivíduos realizam tais atividades de forma regular. O autor sugere
que modelos em dois estágios (de duas partes) ou de mínimos quadrados ordinários são preferíveis ao método Tobit.
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Ao longo das últimas décadas, inúmeros países têm desenvolvido pesquisas específicas
para o uso do tempo (National Time Use Surveys).20 Muitas dessas pesquisas se baseiam na
Classificação Internacional de Uso do Tempo (International Classification of Activities for
Time-Use Statistics – ICATUS), proposta pela primeira vez em 1997 e revisada em 2001,
elaborada pela Divisão de Estatística das Nações Unidas, com o objetivo de apoiar os países
interessados na realização de pesquisas de uso do tempo, fornecendo-lhes a estrutura de uma
classificação que pode ser adaptada de acordo com as suas características específicas e que
possibilita a comparação internacional (ONU, 1995). Soares e Saboia (2007) destacam
que outro importante instrumento para a uniformização das informações sobre o
uso do tempo entre países é a classificação para atividades econômicas International
Standard Industrial Classification (ISIC).21
19. Por sua vez, Birch, Le e Miller (2009) mencionam o estudo de Siminski (2006), que, ao comparar pesquisas de uso do
tempo para a Austrália com base nos dois instrumentos de coleta, não encontra muita variação (em termos do tamanho
relativo dos impactos estimados) nos determinantes do tempo alocado para atividades em afazeres domésticos.
20. Segundo Birch, Le e Miller (2009), as primeiras pesquisas de uso do tempo datam de 1913 e foram direcionadas ao
tempo dedicado ao trabalho não remunerado para pequenas amostras dos Estados Unidos e do Reino Unido.
21. No caso do Brasil, a classificação utilizada para investigação e análise das atividades econômicas é a Classificação
Nacional das Atividades Econômicas (CNAE).
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22. São elas: i) American’s Use of Time, entre 1965 e 1966; ii) Time Use in Economic and Social Accounts, entre 1975 e
1976; iii) American’s Use of Tim’, em 1985; iv) National Human Activity Pattern Survey, entre 1992 e 1994; e v) Family
Interaction, Social Capital, and Trends in Time Use Study, entre 1998 e 1999. Todas as pesquisas utilizaram um questionário
com perguntas sobre as atividades do dia anterior como instrumento de coleta. Para uma descrição mais detalhada de cada
uma dessas pesquisas, ver Aguiar, Hurst e Karabarbounis (2012).
23. A amostra de 2003 da ATUS foi um pouco maior (com 40.500 entrevistados) se comparada aos outros anos. Para mais
informação sobre a ATUS, ver a página da Bureau of Labor Statistics, disponível em: <https://www.bls.gov/tus/>.
24. Entre os diversos países pesquisados, constam: Austrália, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda,
Noruega e Reino Unido. A maior parte dos instrumentos de coleta utilizados são entrevistas com base nas atividades das
últimas 24 horas, semelhantes aos da ATUS, disponível em: <https://www.timeuse.org/mtus>.
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Na América Latina, por sua vez, diversos países têm realizado, nos últimos anos,
pesquisas independentes a respeito do uso do tempo ou acrescentaram módulos ou
baterias de perguntas sobre o tema nas pesquisas tradicionais de domicílios e emprego.
Em um levantamento feito por Barajas (2016), identifica-se que, entre dezenove países,
Brasil, México e Cuba foram os pioneiros no levantamento de informações sobre o
uso do tempo na América Latina e no Caribe, embora com diferentes instrumentos e
formas de coletar informações (Barajas, 2016, p. 28). Desde meados dos anos 2000,
tem havido um intenso esforço por parte de diversas instâncias oficiais para aprimorar e
harmonizar as pesquisas de uso do tempo entre países da região. Este esforço culminou
com a Classificação de Atividades de Uso do Tempo para a América Latina e o Caribe
(CAUTAL), adotada durante a VIII Reunião da Conferência Estatística das Américas
(CEA) da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), realizada
no Equador em novembro de 2015.26
5 BASE DE DADOS
O Brasil não possui ainda uma pesquisa específica em âmbito nacional sobre o uso do
tempo, embora algumas experiências tenham sido realizadas sobre o tema.27 Os primeiros
dados nacionais e oficiais sobre atividades do uso do tempo no Brasil começaram a ser
25. A Time Use Survey (TUS), conduzida pela Agência Estatística Oficial Australiana (Australian Bureau of Statistics – ABS),
é uma pesquisa específica sobre uso do tempo que utiliza o método de diário de atividades e tem periodicidade irregular
(1992, 1997 e 2006), disponível em: <www.abs.gov.au>. Já a Household, Income, and Labour Dynamics in Australia
(HILDA), conduzida pelo Melbourne Institute, é um painel iniciado em 2001 que capta informações dos mais diversos
tópicos, incluindo sobre o uso do tempo. O método utilizado pela HILDA para captar o uso do tempo é o questionário e a
sua periodicidade é anual, disponível em: <http://melbourneinstitute.unimelb.edu.au/hilda>.
26. A CAUTAL foi resultado de uma extensa atividade do Grupo de Trabalho sobre Estatísticas de Gênero (GTEG), formado
na CEA de 2006, liderado pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México (INEGI) com o apoio da CEPAL, da
ONU Mulheres e do Instituto Nacional das Mulheres do México, e responde à necessidade dos países da América Latina
e do Caribe de contar com um instrumento com enfoque de gênero e adequado ao contexto regional que permita a
harmonização e padronização das pesquisas de uso do tempo. Os países integrantes do GTEG são: Argentina, Bahamas,
Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica,
México, Panamá, República Dominicana e Venezuela. Informações disponíveis em: <http://www.cepal.org>.
27. Ver apêndice A para uma análise sobre a experiência brasileira em relação ao desenvolvimento de pesquisas de uso
do tempo.
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28. A informação sobre o tempo médio dedicado semanalmente ao trabalho no mercado começou a ser coletada pela
PNAD a partir de 1976. Na PNAD de 1982, foram incluídos quesitos que visavam investigar as pessoas que realizavam
atividades físicas e quantas vezes por semana, o tempo dedicado assistindo televisão e realizando afazeres domésticos, o
tempo que normalmente trabalhavam por semana e o horário de início e término das aulas para os estudantes (Soares e
Saboia, 2007).
29. São considerados trabalhos não remunerados os exercidos em: i) ajuda a membro da unidade domiciliar que tivesse
trabalho como empregado na produção de bens primários (que compreende as atividades da agricultura, silvicultura,
pecuária, extração vegetal ou mineral, caça, pesca e piscicultura), conta própria ou empregador; ii) ajuda à instituição religiosa,
beneficente ou de cooperativismo; ou iii) como aprendiz ou estagiário. Foram incluídas também as horas que a pessoa
habitualmente ocupava fora do local de trabalho em tarefas relacionadas com a sua ocupação no trabalho considerado.
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30. Importante observar que ao longo do texto usamos os termos “trabalho não remunerado” ou “trabalho doméstico”
como referência ao trabalho dedicado aos afazeres domésticos. Ambos têm definições distintas na PNAD: o trabalho não
remunerado está associado ao trabalho em ajuda a membro da unidade domiciliar que tivesse trabalho como empregado
na produção de bens primários, como conta própria ou empregador, enquanto o trabalho doméstico está associado à
posição ocupacional de emprego doméstico.
31. Pereira e Schwanen (2013) afirmam que a PNAD é a única pesquisa amostral de larga escala que permite monitorar
anualmente quanto tempo as pessoas gastam em viagens casa-trabalho em níveis nacional, estadual e metropolitano.
32. É importante observar que esta pergunta no questionário da PNAD é feita apenas para aquelas pessoas que declararam
fazer viagens de casa direto para o trabalho. Pessoas que trabalham de casa ou cujo emprego se localiza dentro do mesmo
terreno onde moram não são consideradas.
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por homens e mulheres com idade entre 24 e 64 anos para os anos de 2001 a 2015.33
Para manter a comparabilidade das PNADs ao longo do tempo, foi preciso harmonizá-las
retirando as informações dos indivíduos moradores em áreas rurais da região Norte, pois
apenas a partir de 2004 essas áreas passaram a fazer parte da amostra das PNADs.
33. Vale observar que a PNAD não foi realizada em 2010 em função do Censo Demográfico feito pelo IBGE.
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GRÁFICO 1
Mulheres: taxa de participação, taxa de afazeres domésticos e trabalho (2001-2015)
100 100
90 90
80 80
70 70
60 60
Horas
50 50
%
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
GRÁFICO 2
Homens: taxa de participação, taxa de afazeres domésticos e trabalho (2001-2015)
100 100
90 90
80 80
70 70
60 60
Horas
50 50
%
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Horas no mercado Horas de afazeres e cuidados Horas de deslocamento
Taxa de participação Taxa de afazeres
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
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esta proporção é bem menor, não ultrapassando a taxa de 55%. Quanto à evolução
intertemporal da taxa de afazeres domésticos feminina, o gráfico 1 revela que ela se
manteve relativamente estável durante o período. A proporção dos homens, por sua
vez, apresentou uma elevação de 10 p.p., passando de 45% em 2001 para 55% em
2015 (gráfico 2).34
Nos últimos anos, algumas mudanças importantes foram observadas com relação
ao uso do tempo dedicado ao trabalho no mercado e em afazeres domésticos. Por um
lado, o gráfico 1 revela um aumento nas horas trabalhadas no mercado entre as mulheres
até 2014 (de 21 para 23 horas semanais), e uma redução em 2015 (voltando a 21 horas
semanais). Os homens, por outro lado, apresentaram uma redução de cinco horas semanais
no período, passando de 40 horas de trabalho semanais em 2001 para 35 horas em 2015
(gráfico 2). Tais resultados se assemelham àqueles encontrados em Aguiar e Hurst (2007),
em que se verifica uma elevação das horas dedicadas ao trabalho no mercado para as
mulheres americanas e uma redução dessas horas para os homens americanos.35
34. Vale destacar que, se apenas a população ocupada for considerada, a média da taxa de afazeres domésticos para
as mulheres, ao longo do período de 2001 a 2015, reduz-se para 75% (população de mulheres ocupadas), enquanto a
média para os homens se mantém em torno de 50%. Os gráficos B.1 e B.2 no apêndice B são bastante semelhantes aos
gráficos 1 e 2 mostrados nesta seção. A diferença é que, nos primeiros, todas as estatísticas apresentadas são válidas para
a população das mulheres ocupadas e para a dos homens ocupados.
35. A magnitude da variação dessas horas encontradas em Aguiar e Hurst (2007) é maior do que a encontrada para o Brasil.
Vale observar também que a extensão do período é bem maior no estudo americano. Os homens americanos reduziram,
em média, onze horas de trabalho dedicadas ao mercado entre 1965 e 2003 e as mulheres apresentaram uma elevação de
cinco horas de trabalho no mercado nesse mesmo período (Aguiar e Hurst, 2007).
36. Novamente, a magnitude da variação é bem mais alta para os americanos. Com relação aos afazeres domésticos,
os homens apresentaram um aumento de quatro horas semanais no período de 1965 a 2003, enquanto as mulheres
mostraram uma redução de treze horas semanais no mesmo período (Aguiar e Hurst, 2007).
26
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
De forma geral, a literatura aponta alguns fatores que contribuíram para essa
redução da jornada de trabalho doméstico, em especial a das mulheres, gerando efeitos
positivos na sua entrada na força de trabalho. Entre os principais, encontram-se as
transformações ocorridas na estrutura e na composição das famílias, além de uma
maior facilidade de arranjos formais e informais para o cuidado dos filhos e da maior
eficiência na produção de bens e serviços domésticos (Browning, Chiappori e Weiss,
2014; Greenwood, Seshadri e Yorukoglu, 2005; Goldin, 1989; Heckman, 1974).
37. Vale lembrar que em Aguiar e Hurst (2007) se verifica uma redução significativa das horas em afazeres domésticos para
as mulheres. Essa redução foi maior, em termos absolutos, ao aumento das horas de trabalho no mercado, o que gerou a
redução nas horas de trabalho total.
27
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
GRÁFICO 3
Razão entre horas de trabalho não remunerado (afazeres domésticos) e horas de
trabalho remunerado (no mercado) (2001-2015)
1,5
1,0
0,5
0,0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres Homens
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
38. O gráfico B.3, no apêndice B, mostra a evolução da razão entre horas em afazeres e horas no mercado para a população
de mulheres ocupadas e de homens ocupados. Em comparação com o gráfico 3, o gráfico B.3 revela, como esperado, uma
redução dessa proporção para as mulheres ao longo do período de análise. Entre os homens ocupados, há também
uma redução dessa proporção, mas em magnitude bem inferior à verificada para as mulheres.
28
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
29
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
GRÁFICO 4
Brasil: horas semanais de trabalho no mercado por renda (2001-2015)
60
50
40
30
20
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Mulheres (2001) Mulheres (2015) Homens (2001) Homens (2015)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
GRÁFICO 5
Brasil: horas de trabalho semanais no mercado por nível de escolaridade (2001-2015)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres (ensino médio incompleto) Mulheres (ensino médio completo)
Homens (ensino médio incompleto) Homens (ensino médio completo)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
30
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
trabalham menos horas do que solteiras. A diferença da média de horas semanais entre
homens casados e solteiros se manteve estável ao longo de todo o período: seis horas
semanais. Para as mulheres, a diferença de jornada de trabalho no mercado sofreu uma
redução – em 2001, a diferença entre solteiras e casadas foi de seis horas; em 2015, ela
se estreitou para quatro horas semanais.
GRÁFICO 6
Brasil: horas de trabalho semanais no mercado por estado conjugal (2001-2015)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres casadas Mulheres solteiras Homens solteiros Homens casados
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
31
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
GRÁFICO 7
Brasil: horas de trabalho semanais no mercado por existência de filho (2001-2015)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres com filhos Mulheres sem filhos Homens sem filhos Homens com filhos
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
32
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
GRÁFICO 8
Brasil: horas de trabalho semanais em afazeres domésticos por estado
ocupacional (2001-2015)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Homens Mulheres ocupadas Mulheres não ocupadas
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
GRÁFICO 9
Brasil: horas de trabalho semanais em afazeres domésticos por renda (2001-2015)
60
50
40
30
20
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Mulheres (2001) Mulheres (2015) Homens (2001) Homens (2015)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
33
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
GRÁFICO 10
Brasil: horas de trabalho semanais em afazeres domésticos por nível de
escolaridade (2001-2015)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres (ensino médio incompleto) Mulheres (ensino médio completo)
Homens (ensino médio incompleto) Homens (ensino médio completo)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
34
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
homens solteiros e homens casados foi de no máximo uma hora no período de análise.
A diferença de jornada de trabalho doméstico entre as mulheres casadas e as mulheres
solteiras foi bem maior, variando entre 12 e 8 horas por semana, mas decrescente ao
longo do período analisado. Em 2001, mulheres casadas realizavam afazeres domésticos
em 35 horas por semana, enquanto as mulheres solteiras realizavam esses afazeres em
23 horas. Em 2015, a jornada das mulheres casadas se reduziu para 27 horas semanais
e a das solteiras foi de 19 horas.
GRÁFICO 11
Brasil: horas de trabalho semanais em afazeres domésticos por estado conjugal (2001-2015)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres casadas Mulheres solteiras Homens solteiros Homens casados
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
35
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
GRÁFICO 12
Brasil: horas de trabalho semanais em afazeres domésticos por existência de
filho (2001-2015)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres com filhos Mulheres sem filhos Homens sem filhos Homens com filhos
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
39. Vale observar que a análise é feita para toda a população. Se apenas a população ocupada for levada em conta, a
média anual de tempo de deslocamento aumenta quaisquer que sejam os grupos demográficos analisados.
36
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
GRÁFICO 13
Brasil: horas de deslocamento semanais por renda (2001-2015)
5
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Mulheres (2001) Mulheres (2015) Homens (2001) Homens (2015)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
GRÁFICO 14
Brasil: horas de deslocamento semanais por nível de escolaridade (2001-2015)
6
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres (ensino médio incompleto) Mulheres (ensino médio completo)
Homens (ensino médio incompleto) Homens (ensino médio completo)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
37
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
GRÁFICO 15
Brasil: horas de deslocamento semanais por estado conjugal (2001-2015)
5
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres casadas Mulheres solteiras Homens solteiros Homens casados
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
GRÁFICO 16
Brasil: horas de deslocamento semanais por existência de filho (2001-2015)
5
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres com filhos Mulheres sem filhos Homens sem filhos Homens com filhos
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
38
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
GRÁFICO 17
Brasil: horas de lazer semanais (2001-2015)
140
130
120
110
100
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres Homens
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
40. Com base em uma pesquisa de percepção, elaborada com a aplicação do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS),
realizado pelo Ipea, Campos (2012) faz uma análise qualitativa interessante sobre as percepções comuns da relação entre o
tempo de trabalho no mercado e o tempo livre disponível. O autor sugere que o primeiro afeta – de forma significativa, crescente
e negativa – o tempo livre do entrevistado, gerando efeitos adversos sobre a qualidade de vida e as atividades de lazer. Para uma
análise sobre o que o autor chama de tempos sociais no Brasil, ver também Campos e Phintener (2016a; 2016b).
39
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A elevação do tempo voltado para o lazer no Brasil ocorre por razões diversas
entre homens e mulheres. Como visto na seção 6, os homens se defrontaram com uma
redução nas horas de trabalho no mercado e uma estabilidade das horas dedicadas aos
afazeres domésticos. Portanto, o que explica a elevação do lazer dos homens é a redução
do tempo dedicado ao trabalho remunerado. Por sua vez, as mulheres se depararam
com uma estabilidade da jornada de trabalho no mercado e uma redução de magnitude
significativa nas horas despendidas na realização de afazeres domésticos. Assim, o que
explica a elevação do tempo dedicado ao lazer das mulheres é a redução do tempo na
jornada de trabalho doméstico.
GRÁFICO 18
Brasil: horas de lazer semanais por renda (2001-2015)
150
145
140
135
130
125
120
115
110
105
100
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
40
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
GRÁFICO 19
Brasil: horas de lazer semanais por nível de escolaridade (2001-2015)
150
145
140
135
130
125
120
115
110
105
100
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres (ensino médio completo) Mulheres (ensino médio incompleto)
Homens (ensino médio completo) Homens (ensino médio incompleto)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
41
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
A diferença entre homens sem e com filhos é bem mais ampla do que a diferença entre
mulheres nas mesmas condições.
GRÁFICO 20
Brasil: horas de lazer semanais por estado conjugal (2001-2015)
150
145
140
135
130
125
120
115
110
105
100
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres casadas Homens casados Mulheres solteiras Homens solteiros
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
GRÁFICO 21
Brasil: horas de lazer semanais por existência de filho (2001-2015)
150
145
140
135
130
125
120
115
110
105
100
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres com filhos Homens com filhos Mulheres sem filhos Homens sem filhos
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
42
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
Esta seção tem como objetivo documentar as tendências na alocação do uso do tempo
ao longo do período 2001-2015 condicionadas a variáveis demográficas. Nas últimas
décadas, o Brasil tem se defrontado com significativas transformações demográficas
(Camarano, 2014). As mudanças ocorridas no início deste século ficam evidentes
com os dados mostrados na tabela B.1 do apêndice B, que descrevem a composição
demográfica das amostras usadas neste estudo para os anos de 2001, 2008 e 2015.
A tabela revela que os brasileiros tornaram-se mais velhos, mais educados, aumentaram
a probabilidade de ficarem solteiros e têm tido menos filhos. Todas essas mudanças
podem afetar a alocação do tempo de um indivíduo. Por exemplo, homens e mulheres
com idade próxima aos 60 anos têm maior probabilidade de alocar menos tempo de
trabalho no mercado que indivíduos com cerca de 40 anos de idade. Não seria surpresa,
portanto, verificar que o tempo de lazer das pessoas mais velhas é maior do que o das
mais novas. Ter menos filhos é outro exemplo de que a alocação de tempo pode mudar.
Neste caso, devido ao maior tempo dedicado aos afazeres domésticos e ao cuidado de
dependentes, o tempo de lazer tem propensão a se reduzir.
41. Neste estudo, levam-se em conta diversas variáveis importantes que não foram contempladas em Aguiar e Hurst
(2007). Uma exceção é que no estudo desses autores foi incluída a variável referente ao dia de semana em que ocorreu
a atividade do uso do tempo em questão. Como a PNAD não disponibiliza essa informação, ela não foi inserida no nosso
modelo. Outra importante diferença deste estudo em relação ao de Aguiar e Hurst (2007) é que a estimação é realizada
com base em dados empilhados em função das características da PNAD.
42. Para a construção desta variável, seguiu-se a estratégia adotada em Costa (2007). Por meio do setor censitário da
PNAD, caracterizamos a vizinhança em que há pelo menos uma criança de 0 a 5 anos estudando como uma vizinhança
em que há oferta de creches, e, assim, cria-se uma variável binária que indica se a mulher tem oferta de creche em
sua vizinhança.
43
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
(15)
44
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
A escolha de variáveis associadas a diversas faixas etárias e ao sexo dos filhos foi
feita com a finalidade de captar algum efeito de que filhos mais novos demandam
mais cuidados dos pais (e, portanto, maior alocação do tempo para cuidados dos
filhos) e filhas mais velhas, por questões culturais em relação à divisão do papel
do trabalho doméstico, podem cuidar dos irmãos mais novos enquanto os pais
trabalham no mercado. A variável Crecheit é a proxy para a oferta de creche no
setor censitário no qual o indivíduo i reside no ano t; Idosoit é uma dummy igual a
um se no domicílio em que o indivíduo i reside há um idoso (acima de 75 anos);
Rendait é uma variável que indica a renda familiar líquida da renda do indivíduo
i, isto é, representa a agregação da renda de todos os residentes do domicílio
exclusive do indivíduo i; e m_lavarit é uma dummy igual a um se o domicílio em
que o indivíduo i reside tem máquina de lavar. Por fim, foram incluídas no modelo
variáveis geográficas dummies que indicam a Unidade Federativa (UF) do domicílio
e se este se localiza em área urbana e região metropolitana.
43. Todas as estimativas dos coeficientes de anos mostradas nos gráficos citados são apresentadas na tabela B.2 do apêndice B.
44. Vale lembrar que, quando analisada sem controles, a evolução da jornada de trabalho no mercado apresenta uma
elevação de duas horas semanais no período de 2001 a 2014, e uma queda de duas horas de 2014 para 2015.
45
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
gráfico revela que os homens apresentaram um leve aumento (um pouco mais de uma
hora semanal entre 2001 e 2015) e as mulheres reduziram de forma expressiva o tempo
dedicado a esta atividade (diminuição de sete horas semanais entre 2001 e 2015).
GRÁFICO 22
Brasil: tendências do tempo gasto no trabalho remunerado (mercado) e trabalho não
remunerado (afazeres domésticos) (2001-2015)
8
-2
-4
-6
-8
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres (afazeres domésticos) Homens (afazeres domésticos)
Mulheres (trabalho no mercado) Homens (trabalho no mercado)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
46
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
GRÁFICO 23
Brasil: tendências do tempo gasto no trabalho total e no deslocamento
casa-trabalho-casa (2001-2015)
8
-2
-4
-6
-8
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres (deslocamento) Homens (deslocamento)
Mulheres (trabalho total) Homens (trabalho total)
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
47
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
GRÁFICO 24
Brasil: tendências do tempo gasto no lazer (2001-2015)
8
-2
-4
-6
-8
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres Homens
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
48
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
2 4 1 6
Uma limitação do estudo diz respeito à definição de lazer adotada, que foi
feita de forma residual, isto é, o lazer foi definido como o tempo não dedicado às
atividades de trabalho (remunerado e não remunerado) e de deslocamento entre casa
e trabalho. O refinamento desta definição só se torna possível com a disponibilidade de
pesquisas específicas sobre uso do tempo para o Brasil, que podem contribuir de forma
significativa para uma análise mais precisa de atividades de uso do tempo direcionadas
além do mercado.
REFERÊNCIAS
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
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Economics, v. 122, n. 3, p. 969-1006, Aug. 2007.
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Ipea, 2016b.
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
AGUIAR, M.; HURST, E. The increase of leisure inequality: 1965-2005. Washington: AEI
Press, 2009.
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
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COSTA, D. From mill town to board room: the rise of women’s paid labor. Journal of
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KRUEGER, D.; PERRI, F. Does income inequality lead to consumption inequality? Evidence
and theory. Review of Economic Studies, v. 73, n. 1, p. 163-193, Jan. 2006.
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UNITED NATIONS. Guide to producing statistics on time use: measuring paid and unpaid
work. New York: UN, 2005.
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Rio de Janeiro, setembro de 2018
APÊNDICE A
Uma das primeiras experiências com pesquisas de uso do tempo no Brasil ocorreu entre
1996 e 1997, com a Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV) do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Neste período, a PPV contou com um bloco sobre o
uso do tempo, no qual se investigou o tempo gasto em trabalho produtivo, afazeres
domésticos, trabalho comunitário, permanência em estabelecimento de ensino e com
transporte. O que se constatou foi que o trabalho produtivo e os afazeres domésticos
consomem a maior parte do tempo dos moradores, seguido do tempo gasto em
estabelecimento de ensino e trabalho comunitário.1
1. Soares, C.; Saboia, A. L. Tempo, trabalho e afazeres domésticos: um estudo com base nos dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios de 2001 e 2005. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. (Texto para Discussão, n. 21).
2. Soares, C.; Saboia, A. L. Tempo, trabalho e afazeres domésticos: um estudo com base nos dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios de 2001 e 2005. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. (Texto para Discussão, n. 21).
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
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BOX A.1
Comitê Técnico de Estudos de Gênero e Uso do Tempo
Com o objetivo de aprimorar monitoração, avaliação e demandas de informações estatísticas sobre gênero e uso do tempo, em junho de 2007 foi realizado
no IBGE do Rio de Janeiro o Seminário Internacional sobre Pesquisas de Uso do Tempo, evento que integrava o projeto Uso do Tempo e Trabalho Não
Remunerado das Mulheres no Brasil e Cone Sul, executado pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres (UNIFEM). É neste contexto
que, em novembro de 2008, é instituído o Comitê Técnico de Estudos de Gênero e Uso do Tempo, integrado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres,
pelo IBGE e pelo Ipea, tendo como convidados o UNIFEM e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Com o objetivo de estimular a incorporação da perspectiva de gênero na produção e na análise das estatísticas oficiais, uma das principais atribuições do
Comitê é promover a realização de estudos e pesquisas e o desenvolvimento de sistemas de informações estatísticas de gênero e uso do tempo.
Elaboração da autora.
3. Por meio do chamado Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD), o IBGE implantou, em janeiro de 2012, a
PNAD Contínua, com amostra de cobertura nacional. Nessa pesquisa, são integradas as estatísticas sobre mercado de
trabalho, obtidas a partir da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) – que abrangia seis regiões metropolitanas (RMs) e tinha
periodicidade mensal – e da PNAD, de periodicidade anual. A periodicidade da PNAD Contínua para: i) os indicadores de
mercado de trabalho é trimestral; ii) trabalho infantil, outras formas de trabalho e demais temas permanentes da pesquisa,
anual; e iii) os temas suplementares, variável.
4. Entrevistador passava o diário em papel para um computador de bolso (personal digital assistant – PDA) na presença
do informante.
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5. Grande parte das informações sobre a evolução do desenvolvimento de pesquisas de uso do tempo no Brasil foi
obtida no trabalho de Bárbara Cobo, disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/apresentacoes/mesa_1_
apresentacao_3_barbara_cobo.pdf>.
6. Um domicílio, uma vez selecionado para amostra da PNAD Contínua, é visitado uma única vez no trimestre, por cinco
trimestres consecutivos. Os dados divulgados têm como base as informações captadas no quinto trimestre desta pesquisa
em 2016. Com isso, tem-se em torno de 163 mil domicílios, e com base nestes domicílios são construídas as informações
do módulo “Outras formas de trabalho”.
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Texto para
Discussão
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
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APÊNDICE B
GRÁFICO B.1
Mulheres: taxa de participação, taxa de afazeres domésticos e trabalho
100 100
90 90
76 75 77
80 74 80
70 66 67 66 70
61
60 3,9 60
Horas
50 50
%
23 19 19
40 40
30 30
20 20
37 37 36
10 10
0 0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Horas no mercado Horas de afazeres e cuidados Horas de deslocamento
Taxa de participação Taxa de afazeres
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE).
Elaboração da autora.
GRÁFICO B.2
Homens: taxa de participação, taxa de afazeres domésticos e trabalho
100 100
90 90 90 89
90 90
80 80
70 70
60 54 54 60
4
Horas
50 4
%
4 5 50
5 5
40 40
30 30
47 45
20 42 20
10 10
0 0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Horas no mercado Horas de afazeres e cuidados Horas de deslocamento
Taxa de participação Taxa de afazeres
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
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GRÁFICO B.3
Brasil: razão entre horas de trabalho não remunerado (afazeres domésticos) e horas de
trabalho remunerado (no mercado) da população ocupada (2001-2015)
0,75
0,63
0,50 0,53
0,52
0,25
0,13
0,09 0,10
0,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Mulheres Homens
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
58
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TABELA B.1
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Brasil: estatísticas descritivas (2001-2015)
2001 2008 2015
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens
2 4 1 6
Texto para
Discussão
Variáveis
Desvio- Desvio- Desvio- Desvio- Desvio- Desvio-
Média Média Média Média Média Média
padrão padrão padrão padrão padrão padrão
Taxa de participação (%) 61,50 - 90,20 - 66,10 - 90,10 - 64,80 - 88,30 -
(Taxa de participação no mercado de trabalho)
Taxa de participação em afazeres domésticos 94,20 - 45,20 - 91,00 - 48,30 - 92,80 - 54,70 -
(Proporção de pessoas que realizam afazeres domésticos em relação ao total)
Jornada de trabalho remunerado semanal 20,91 22,03 40,49 20,76 22,77 21,60 39,35 19,19 21,42 20,77 35,23 19,19
Jornada de trabalho não remunerado semanal 30,77 20,13 5,01 8,38 24,28 17,39 4,86 7,55 23,70 16,41 5,93 8,29
Jornada de deslocamento casa-trabalho semanal 1,84 3,30 3,44 4,30 2,11 3,62 3,50 4,45 2,28 3,81 3,48 4,32
Jornada de horas de lazer semanal 114,49 22,89 119,05 22,42 118,84 22,82 120,29 21,02 120,59 22,79 123,36 21,51
Idade 40,07 10,98 39,79 10,89 40,95 11,19 40,54 11,14 42,29 11,33 41,73 11,25
Raça (1 = branco; 0 = caso contrário) (%) 57,10 - 55,10 - 52,00 - 50,00 - 47,90 - 45,80 -
Anos de estudo (1 = faixa educacional; 0 = caso contrário) (%)
De 0 a 3 27,70 - 29,10 - 19,20 - 21,40 - 13,80 - 16,10 -
4a7 29,20 - 30,30 - 23,90 - 25,10 - 19,40 - 21,50 -
8 a 10 13,80 - 14,40 - 15,00 - 15,80 - 14,50 - 15,80 -
+ de 11 29,30 - 26,20 - 41,90 - 37,70 - 52,40 - 46,60 -
Casada(o) (1 = se tem cônjuge; 0 = caso contrário) (%) 67,00 - 74,80 - 64,70 - 71,00 - 63,70 - 68,60 -
Chefe de família (1 = chefe de família; 0 = caso contrário) 23,40 - 79,80 - 31,00 - 69,80 - 36,80 - 63,70 -
Presença de filhos:
(1 = se tem filhos na faixa etária; 0 = caso contrário) (%)
filhos(as) de 0 a 4 anos 19,60 - 22,10 - 15,00 - 16,40 - 13,40 - 14,30 -
filhos(as) de 5 a 9 anos 26,20 - 24,90 - 20,70 - 19,50 - 17,10 - 15,80 -
filhos de 10 a 14 anos 15,70 - 14,10 - 13,30 - 11,90 - 10,50 - 9,40 -
filhas de 10 a 14 anos 15,40 - 13,80 - 12,80 - 11,30 - 10,20 - 8,90 -
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(Continuação)
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2001 2008 2015
60
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens
Variáveis
Desvio- Desvio- Desvio- Desvio- Desvio- Desvio-
Média Média Média Média Média Média
padrão padrão padrão padrão padrão padrão
(1 = se crianças no setor censitário estão na creche; 0 = caso contrário) (%)
Presença de idoso no domicílio (%) 3,8% - 3,6% - 4,6% - 4,4% - 5,0% - 5,1% -
(idoso = mais de 75 anos de idade)
Presença de máquina de lavar no domicílio (%) 37,60 - 35,50 - 46,30 - 43,70 - 66,40 - 64,00 -
(1 = domicílio tem máquina de lavar; 0 = caso contrário)
Regime Federal de Previdência Complementar (RFPC) líquida (R$) 586,77 1.135,68 326,49 736,21 660,93 1.205,52 427,45 885,23 710,77 1.171,01 490,50 858,72
Área urbana (1 = residente em área urbana; 0 = caso contrário) (%) 86,70 - 84,20 - 87,50 - 85,20 - 88,30 - 86,20 -
Observações 92.927 84.921 103.585 93.642 99.089 89.286
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
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TABELA B.2
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Coeficientes das dummies de ano
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
2 4 1 6
Texto para
Discussão
Amostra total
-0,03 -0,39 -0,19 -0,36 -0,45 -0,51 -0,20 -0,58 -1,18 -1,31 -1,78 -1,60 -3,27
Trabalho no mercado
(0,069) (0,069)*** (0,069)*** (0,068)*** (0,068)*** (0,068)*** (0,069) (0,068)*** (0,070)*** (0,070)*** (0,070)*** (0,070)*** (0,039)***
-0,97 -1,08 -1,71 -1,48 -1,74 -1,56 -2,94 -1,73 -1,05 -1,96 -2,68 -1,75 -2,04
Trabalho doméstico (afazeres)
(0,055)*** (0,055)*** (0,054)*** (0,054)*** (0,054)*** (0,054)*** (0,054)*** (0,054)*** (0,055)*** (0,055)*** (0,055)*** (0,055)*** (0,055)***
-1,00 -1,47 -1,90 -1,84 -2,19 -2,07 -3,15 -2,31 -2,23 -3,27 -4,47 -3,35 -5,32
Trabalho total (mercado + doméstico)
(0,068)*** (0,068)*** (0,068)*** (0,067)*** (0,067)*** (0,067)*** (0,067)*** (0,067)*** (0,068)*** (0,068)*** (0,068)*** (0,068)*** (0,068)***
0,03 0,02 0,05 0,13 0,12 0,04 0,12 0,10 0,20 0,24 0,26 0,30 0,22
Horas de deslocamento
(0,013)*** (0,013)* (0,013)*** (0,013)*** (0,013)*** (0,013)*** (0,013)*** (0,013)*** (0,013)*** (0,013)*** (0,013)*** (0,013)*** (0,013)***
0,97 1,45 1,85 1,71 2,07 2,03 3,03 2,22 2,03 3,04 4,21 3,04 5,10
Lazer
(0,072)*** (0,072)*** (0,071)*** (0,071)*** (0,071)*** (0,071)*** (0,071)*** (0,071)*** (0,072)*** (0,072)*** (0,072)*** (0,072)*** (0,073)***
Mulheres
-0,05 -0,10 0,10 0,05 0,06 -0,12 0,14 -0,13 -0,88 -0,72 -1,26 -0,92 -2,45
Trabalho no mercado
(0,094) (0,094) (0,093) (0,092) (0,092) (0,092) (0,092) (0,092) (0,094)*** (0,094)*** (0,094)*** (0,094)*** (0,095)***
-1,91 -2,44 -3,53 -3,30 -3,82 -3,34 -5,46 -3,71 -2,47 -4,25 -5,24 -4,22 -4,94
Trabalho doméstico (afazeres)
(0,077)*** (0,077)*** (0,076)*** (0,075)*** (0,075)*** (0,075)*** (0,076)*** (0,075)*** (0,077)*** (0,077)*** (0,077)*** (0,077)*** (0,077)***
-1,86 -2,54 -3,43 -3,25 -3,76 -3,46 -5,32 -3,85 -3,35 -4,97 -6,49 -5,15 -7,39
Trabalho total (mercado + doméstico)
(0,097)*** (0,096)*** (0,096)*** (0,095)*** (0,095)*** (0,095)*** (0,095)*** (0,095)*** (0,097)*** (0,097)*** (0,097)*** (0,097)*** (0,097)***
0,03 0,04 0,07 0,12 0,13 0,08 0,12 0,12 0,18 0,24 0,25 0,22 0,22
Horas de deslocamento
(0,016)** (0,016)*** (0,016)*** (0,015)*** (0,015)*** (0,015)*** (0,015)*** (0,015)*** (0,016)*** (0,016)*** (0,016)*** (0,016)*** (0,016)***
1,83 2,50 3,36 3,13 3,63 3,38 5,20 3,72 3,17 4,73 6,24 4,85 7,17
Lazer
(0,102)*** (0,102)*** (0,101)*** (0,101)*** (0,100)*** (0,100)*** (0,100)*** (0,100)*** (0,102)*** (0,102)*** (0,102)*** (0,102)*** (0,103)***
(Continua)
Tendências nas Horas Dedicadas ao Trabalho e Lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil
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(Continuação)
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2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
62
Homens
-0,13 -0,65 -0,44 -0,72 -0,97 -0,95 -0,54 -0,97 -1,49 -1,91 -2,31 -2,23 -4,07
Trabalho no mercado
(0,091) (0,090)*** (0,090)*** (0,089)*** (0,089)*** (0,089)*** (0,090)*** (0,089)*** (0,091)*** (0,091)*** (0,091)*** (0,091)*** (0,092)***
0,10 0,34 0,21 0,46 0,54 0,53 -0,07 0,47 0,68 0,69 0,27 1,04 1,20
Trabalho doméstico (afazeres)
(0,039)** (0,039)*** (0,038)*** (0,038)*** (0,038)*** (0,038)*** (0,038)*** (0,038)*** (0,039)*** (0,039)*** (0,039)*** (0,039)*** (0,039)***
-0,03 -0,31 -0,23 -0,26 -0,43 -0,42 -0,62 -0,51 -0,82 -1,22 -2,04 -1,19 -2,87
Trabalho total (mercado + doméstico)
(0,093) (0,093)*** (0,093)** (0,092)*** (0,092)*** (0,092)*** (0,092)*** (0,092)*** (0,094)*** (0,094)*** (0,094)*** (0,094)*** (0,094)***
0,03 0,00 0,03 0,15 0,11 -0,01 0,10 0,06 0,20 0,20 0,24 0,29 0,20
Horas de deslocamento
(0,020)* (0,020) (0,020)*** (0,020)* (0,020)*** (0,020) (0,020)*** (0,020)*** (0,020)*** (0,020)*** (0,020)*** (0,020)*** (0,020)***
0,00 0,31 0,19 0,12 0,31 0,44 0,52 0,45 0,62 1,01 1,80 0,90 2,67
Lazer
(0,100) (0,100)*** (0,100)** (0,098) (0,098)*** (0,098)*** (0,099)*** (0,098)*** (0,100)*** (0,100)*** (0,101)*** (0,100)*** (0,101)***
Fonte: PNAD/IBGE.
Elaboração da autora.
Obs.: 1. As dummies utilizadas foram retiradas dos gráficos 22, 23 e 24 do texto. O erro-padrão consta entre parênteses.
2. Jornada de todos os trabalhos (principal + secundário + outros).
Rio de Janeiro, setembro de 2018
3. A diferença entre 2015 e 2001 com teste t não é rejeitada ao nível de significância de 95%.
4. ***, **, * correspondem a nível de significância de 1%, 5% e 10%, respectivamente.
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