Curso de Blues

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BLUES – A ORIGEM

Originado no extremo sul dos Estados Unidos, no século XIX e por


afro-americanos, o Blues é um estilo musical muito característico que se
desenvolveu a partir das raízes musicais africanas, principalmente as
“work songs” ou canções de trabalho. Enquanto os escravos quebravam
pedras com martelos, faziam de forma ritmada e melódica, cantando
seus sofrimentos.

Os elementos mais comuns no blues e seus derivados, são melodias


e frases no estilo “pergunta e resposta”, a escala penta blues, e
progressões de acordes específicas onde a forma de 12 compassos é a
mais comum. Com relação a parte rítmica, os chamados “shuffles” estão
presentes de forma marcante também.

BLUES 12 COMPASSOS

Apesar de não podermos afirmar com exatidão, podemos dizer que


o blues é a raiz da maioria dos estilos musicais, principalmente os que
se utilizam da guitarra como instrumento harmônico ou melódico. É
quase impossível citar um guitarrista, quer seja ele um “rockeiro” ou um
“jazzista”, que não tenha executado pelo menos uma vez na vida, uma
frase utilizando a famosa escala pentatônica ou a pentablues. Todos de
alguma forma utilizam ou já utilizaram os “efeitos” da sonoridade blues.

E essa história começa justamente na mesma época da colonização


do solo americano. Nessa época, a maioria das famílias tinham como
base cultural à religião protestante. Seus cultos religiosos usavam a
música como estratégia para atrair os fiéis e essas mesmas músicas
seguiam os padrões musicais europeus, que eram tonais. Porém com a
chegada de escravos negros trazidos da África, houve um choque
cultural. Era comum a partir desse momento ouvir melodias glissadas
(semitonadas), que eram baseadas em um modo muito usado na
música das tribos africanas:
ESCALA PENTATÔNICA

T IIIb IV V VIIb
C Eb F G Bb

Destes glissandos acabou surgindo a seguinte escala:

ESCALA PENTATÔNICA BLUES


T IIIb IV IV# V VIIb
C Eb F F# G Bb

Porém essas melodias não eram harmonizadas e somente com o


passar do tempo houve a fusão da “harmonia protestante” com a
“melodia negra”, gerando algo que era extremamente exótico e indo
contra certas regras harmônicas vigentes na época.

CAMPO HARMÔNICO MAIOR

I IIm7 IIIm7 IV7M V7 VIm7 VIIm7(b5)


C7M Dm7 Em7 F7M G7 Am7 Bm7(b5)
Tônica Subdominante Dominante

CAMPO HARMÔNICO BLUES

I7 IV7 V7
C7 F7 G7
Tônico Subdominante Dominante
Blues Blues Blues

Como podemos ver acima o blues tradicional, trabalha basicamente


com acordes do I, IV e V graus “maiores com 7” (dominantes), que
passam a ter a função de tônico, subdomintante e dominante blues.
Esses acordes são distribuídos numa estrutura de 12 compassos,
também conhecida como “twelve bar blues”, que é a progressão mais
simples do blues e pode ter duas variações, a “slow change” ou “troca
lenta”, onde a primeira troca de acorde só acontece no 5º compasso, e
a “fast change”, onde a primeira troca acontece logo no 2º compasso.

Veja os dois formatos abaixo:

BLUES 12 COMPASSOS “SLOW CHANGE” (TROCA LENTA):

1 2 3 4
| I7 / / / | I7 / / / | I7 / / / | I7 / / / |

5 6 7 8
| IV7 / / / | IV7 / / / | I7 / / / | I7 / / / |

9 10 11 12
| V7 / / / | IV7 / / / | I7 / / / | V7 / / / |

BLUES 12 COMPASSOS “FAST CHANGE” (TROCA RÁPIDA):

1 2 3 4
| I7 / / / | IV7 / / / | I7 / / / | I7 / / / |

5 6 7 8
| IV7 / / / | IV7 / / / | I7 / / / | I7 / / / |

9 10 11 12
| V7 / / / | IV7 / / / | I7 / / / | V7 / / / |

O GROOVE

O groove ou forma de condução rítmica característica do blues, é conhecido como


“shufle”, e é o básico tanto na guitarra base quanto na quitarra solo. O shufle é uma
figura baseada na tercina, onde 3 notas são tocadas por tempo, como demostra a
figura abaixo:
Porém, no blues o comum é se tocar as tercinas sem a nota do meio, ou seja, em seu
lugar é colocado uma pausa, como demostra a figura abaixo:

O exemplo abaixo é uma das formas mais simples de se tocar uma base shufle de
blues. Repare que o riff é exatamente igual em sua parte rítmica, mudando apenas as
notas de acordo com o acorde tocado. Experimente tocar o mesmo exemplo em outros
tons.
Veja abaixo o mesmo exemplo no tom de A e com o acréscimo do “tournaround” a
partir do 11º compasso, que tem a função de preparação para reiniciar a progressão.
Foi incluído também o acorde de F7 como acorde de passagem, algo muito comum de
se encontrar em progressões desse tipo.

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