534x Desenvolvimento Tecnologico Vs Desenvolvimento Sustentavel
534x Desenvolvimento Tecnologico Vs Desenvolvimento Sustentavel
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DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO
VERSUS
DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL
Resumo
Abstract
In today's world, technology has been presented as the main factor for progress
and development. In the current paradigm, it is assumed as a social good and, together
with science, it is the means for adding value to the most diverse products, becoming a
key for strategic competitiveness and for the social and economic development of a
region. In this article, we seek to reflect on how science and technology came to be
installed in the world, which conceptions and ideologies were behind all scientific and
technological development. For this, we used bibliographic research. We begin by
talking about how science is traditionally seen. In the second part, we show the origin
and dissemination of technology, how it suffers and causes profound political, social,
economic and philosophical changes in history from the 17th century onwards. Finally,
we talk about the need to think about scientific and technological development from a
social perspective, the changes that science and technology have undergone after the
Second World War and the importance of the STS movement as a driver of critical and
reflective questions about the scientific context -technological and social.
Sumário
1. Introdução 5
1.1. A Agenda 21 8
REFERÊNCIAS 25
5
1. Introdução
1.1. A Agenda 21
Uma pessoa nascida no final do século 18, muito provavelmente morreria antes
de completar 40 anos de idade. Alguém nascido hoje num país desenvolvido deverá
viver mais de 80 anos e, embora a desigualdade seja muita, mesmo nos países mais
pobres da África subsaariana, a expectativa de vida, atualmente, é de mais de 50 anos.
A ciência e a tecnologia são os fatores chave para explicar a redução da mortalidade
por várias doenças, como as doenças infecciosas, por exemplo, e o consequente
aumento da longevidade dos seres humanos.
Apesar dos seus feitos extraordinários, a ciência e, principalmente, os
investimentos públicos em ciência e tecnologia parecem enfrentar uma crise de
legitimação social no mundo todo. Recentemente, Tim Nichols, um reconhecido
pesquisador norte-americano, chegou a anunciar a “morte da expertise”, título de seu
livro sobre o conhecimento na sociedade atual. O que ele descreve no livro é uma
descrença do cidadão comum no conhecimento técnico e científico e, mais do que isso,
um certo orgulho da própria ignorância sobre vários temas complexos, especialmente
sobre qualquer coisa relativa às políticas públicas. Vários fenômenos sociais recentes,
como o movimento anti-vacinas ou mesmo a desconfiança sobre a fatalidade do
aquecimento global, apesar de todas as evidências científicas em contrário, parecem
corroborar a análise de Nichols.
Viver mais tempo e com mais saúde, trabalhar menos e ter mais tempo
disponível para o lazer, reduzir as distâncias que nos separam de outros seres
humanos - seja por meio de mais canais de comunicação ou de melhores meios de
transporte - são alguns exemplos dos desafios e aspirações humanas para os quais,
durante séculos, a ciência e a tecnologia têm contribuído.
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A ciência tem recebido várias definições, mas uma das mais aceita pela
comunidade científica é a proposta pela UNESCO que declara: “a ciência é o conjunto
de conhecimentos organizado sobre os mecanismos de causalidade dos fatos
observáveis, obtidos através do estudo objetivo dos fenômenos empíricos”
Tradicionalmente, a ciência é vista como um empreendimento autônomo, objetivo e
neutro baseado na aplicação de um código de racionalidade alheio a qualquer tipo de
interferência externa. Segundo Bazzo, Linsingen e Pereira (2003, p.14), nessa
concepção o que garante a cientificidade é o “método científico”, ou seja, é o
procedimento regulamentado para avaliar a aceitabilidade de enunciados gerais
baseados no seu apoio empírico e, adicionalmente, na sua consistência com a teoria
da qual devem formar parte. Uma qualificação particular da equação “lógica +
experiência” deveria proporcionar a estrutura final do “método científico”.
O desenvolvimento científico é concebido como um processo regulado por um
rígido código de racionalidade autônomo em relação a condicionantes externos, tais
como: sociais, políticos, psicológicos, entre outros, em que, nas situações de
incertezas, apela-se para algum critério metafísico objetivo, valorizando a simplicidade,
o poder preditivo, da fertilidade teórica e do poder explicativo sendo o desenvolvimento
temporal do conhecimento científico visto como avanço linear e cumulativo, como
paradigma de progresso humano. Enfim, podemos dizer que a concepção positivista da
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ciência, defendida por Popper, trata a ciência como se ela fosse neutra, totalmente
destituída de qualquer ação humana, de maneira que o observável independe das
impressões sensíveis, das expectativas, dos preconceitos e do estado interno geral do
observador. Entretanto, questionamos: Onde ficam os valores do pesquisador, a
dimensão social e a contextualização com a realidade nesse tipo de pesquisa? O
pesquisador consegue se manter totalmente à parte do processo? A quem interessa
esse tipo de pesquisa? Japiassu (1981, p143) questiona a neutralidade científica
levantando a seguinte questão: qual ciência, em suas pesquisas, deixa de fazer apelo a
certos valores e a certas normas éticas? O autor acrescenta, ela faz apelo, pelo menos,
à norma ética segundo a qual todo conhecimento deve ser objetivo. Contrário a essa
linha de pensamento, a partir de Kuhn a filosofia toma consciência da importância da
dimensão social e do enraizamento histórico da ciência, ao mesmo tempo em que
inaugura um estilo interdisciplinar que tende a dissolver as fronteiras clássicas entre as
especialidades acadêmicas. Para Bazzo, Lisingen e Pereira (2003, p.21), a superação
do positivismo lógico teve influência marcante de Thomas S. Kuhn,
pois nasceu quando a ciência, a partir do renascimento, aliou-se à técnica, com o fim
de promover a junção entre o saber e o fazer (teoria e prática). Segundo a autora:
Por isso mesmo, a tecnologia moderna não pode ser considerada um mero
estudo da técnica, pois quando a ciência, a partir do renascimento, aliou-se à técnica,
com o fim de promover a junção entre o saber e o fazer (teoria e prática), nascia aí a
tecnologia moderna. Diante desse panorama, pode-se dizer que a tecnologia é um
fenômeno social, complexo, que nos conduz a um posicionamento valorativo frente a
ela.
Segundo Miranda (2002, p.24) muitos são os autores que apresentam suas
avaliações e posições sobre a valoração social da tecnologia. Em sua dissertação de
mestrado (2002) no tópico que faz uma análise sobre a dimensão ontológica da
tecnologia moderna, essa pesquisadora apresenta alguns posicionamentos existentes
atualmente na doutrina a respeito da função social da tecnologia, destacando três
diferentes posicionamentos, os quais podem ser classificados como visão otimista,
visão pessimista e visão moderada da tecnologia.
Entre os que possuem uma visão mais otimista sobre a tecnologia ela cita Schaff
(1993), o qual faz sua reflexão sobre a sociedade informática. A visão otimista é própria
daqueles que defendem incondicionalmente a tecnologia e que usam como
argumentos que a tecnologia é garantia de bem-estar para os seres humanos,
desobrigando-os do trabalho pesado, e é considerada como necessidade fundamental
para o progresso e o desenvolvimento, e como curso natural do desenvolvimento e do
progresso científico.
A visão oposta é a dos pessimistas, que consideram que na origem da
tecnologia está a destruição da vida e do planeta e que, se o quadro de
desenvolvimento tecnológico permanecer como está hoje, não há sequer possibilidade
de reversão do quadro de destruição. Dentre os autores com esse tipo de visão,
destaca-se Enguita (1991, p. 231), o qual critica que além da eliminação do trabalho
humano, que para os marxistas é inerente ao processo de hominização do homem, a
tecnologia é orientada pelo lucro existindo em função da maior produção; por isso, a
necessidade de robotização, o que levará a destruição dos homens.
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O progresso técnico não é uma invenção dos tempos modernos, pois já existia o
moinho d’água que foi bastante utilizado no século XIII, mas podemos dizer que a
ciência moderna tem papel preponderante para o desenvolvimento tecnológico,
especialmente nos países denominados “desenvolvidos”. Segundo Habermas (1994),
ocorreu uma “cientifização da técnica” uma vez que no capitalismo sempre existiu a
pressão institucional para aumentar a produtividade do trabalho através da introdução
de novas técnicas. Entretanto, as inovações dependiam de invenções esporádicas, que
podiam ser introduzidas economicamente ainda com uma característica de crescimento
natural. A partir do séc. XIX isso mudou, na proporção em que o progresso
técnico entrou em circuito retroativo com o progresso da ciência moderna. Com a
pesquisa industrial em grande escala, ciência, técnica e valorização foram inseridas no
mesmo sistema. Nesse mesmo tempo, a industrialização estava vinculada a pesquisas
encomendadas pelo estado favorecendo primeiramente, o progresso científico e
técnico do setor militar. De onde partem as informações para os setores de bens civis.
Dessa forma, a ciência e a técnica passam a ser a principal força produtiva.
A tecnologia concede à ciência precisão e controle nos resultados de suas
descobertas, facilitando não só a relação do homem com o mundo como possibilitando
dominar, controlar e transformar esse mundo. Segundo Miranda (2002, p.48), a teoria
crítica dos frankfurtianos considera “que a ciência moderna instrumentalizou a razão e
escravizou o homem através do controle lógico-tecnológico criando a tecnocracia, onde
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toda a vida humana é conduzida e determinada pelos padrões técnicos impostos pela
ciência. Tudo se submete às regras da produção tecnológica”. Miranda (2002, p.48)
continua:
HABERMAS, J. Técnica e ciência como ideologia. Lisbos : Edições 70, 1994, pp330 e
331.