Apostila IOT Versão Final

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QI ESCOLAS E FACULDADES

CURSOS TÉCNICOS – EIXO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Internet Das
Coisas

Desenvolvido por: Prof. Rodrigo M. Barreto


( [email protected] )
Coordenação Pedagógica – Cursos Técnicos Pág. 1
QI ESCOLAS E FACULDADES
CURSOS TÉCNICOS – EIXO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTERNET DAS COISAS............................................................................
6 1 ENTENDENDO O
IOT................................................................................................... 6 1.1 Requisitos do
IOT...................................................................................................... 7 1.2 Áreas
principais do IoT.............................................................................................. 9
1.2.1 Domótica ............................................................................................................................9
1.2.2 Indústria 4.0....................................................................................................................11
1.2.3 Agrotech...........................................................................................................................12
1.2.4 Smart Cities .....................................................................................................................13
1.3 Cultura Maker......................................................................................................... 14
1.3.1 O Manifesto Maker ...........................................................................................................15
1.3.2 Os Makerspaces...............................................................................................................17
1.3.3 Placas de Prototipagem....................................................................................................19

UNIDADE 2 - TÓPICOS BÁSICOS DE ELETRÔNICA ANALÓGICA .................................


20 2 O QUE É ELETRÔNICA?
............................................................................................ 20 2.1 Energia elétrica,
fluxo de elétrons e observações iniciais ......................................... 20 2.2
Exemplificando Tensão x Corrente e Resistência ..................................................... 24
2.3 Formalização das observações sobre Tensão, Corrente e Resistência.......................
26
2.3.1 Representação formal de um circuito eletrônico básico ...................................................27
2.3.2 Primeira Lei de Ohm.........................................................................................................27
2.3.3 Segunda Lei de Ohm........................................................................................................28
2.4 Associação de fontes de energia...............................................................................
30 2.5 Associação de
Resistências...................................................................................... 31
2.5.1 Associação de resistências em série................................................................................31
2.5.2 Associação de resistências em paralelo...........................................................................33
2.6 Potência elétrica......................................................................................................
35 3 PRINCIPAIS COMPONENTES
ELETRÔNICOS............................................................. 36 3.1 Resistores
............................................................................................................... 37
3.1.1 Resistores fixos ................................................................................................................37
3.1.2 Resistores variáveis.........................................................................................................38
3.2 Capacitores ............................................................................................................. 39
3.2.1 Capacitor como temporizador...........................................................................................41
3.2.2 Capacitor como estabilizador de tensão ..........................................................................41
3.2.3 Capacitor como amplificador de corrente e de tensão .....................................................41
3.2.4 Capacitores como disparadores de alta tensão ou alta corrente .....................................43
3.3 Diodos..................................................................................................................... 43
3.3.1 Ligação inversa................................................................................................................44
3.3.2 Ligação direta ..................................................................................................................44
3.3.3 Outros tipos de diodos especiais .....................................................................................45

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3.4 Transistores ............................................................................................................ 46
3.4.1 Esquematização de um transistor NPN............................................................................48
3.4.2 Exemplo de circuito com transistor como chave de disparo .............................................50
3.4.3 Transistores Reguladores de Tensão Fixos e Variáveis...................................................53
4 ELETRÔNICA DO DIA A DIA ......................................................................................
56 4.1 Tomadas, padrões e tipos de
ligação........................................................................ 56 4.2 Dimensionamento de
tomadas e fios ....................................................................... 58 4.3 Disjuntores e
dimensionamento da rede.................................................................. 60

UNIDADE 3 – INTRODUÇÃO AO ARDUINO ...................................................................


64 5 ARDUINO – ASPECTOS
INICIAIS............................................................................... 64 5.1 Principais tipos de
Arduino ..................................................................................... 64
5.1.1 Arduino Uno .....................................................................................................................65
5.1.2 Arduino Mega...................................................................................................................65
5.1.3 Arduino Nano ...................................................................................................................65
5.1.4 Arduino Pro Mini ..............................................................................................................66
5.1.5 Arduino LilyPad ...............................................................................................................66
5.1.6 Arduino Leonardo ............................................................................................................66
5.1.7 Arduino Due .....................................................................................................................67
5.1.8 Arduino Esplora ...............................................................................................................67
5.1.9 Arduino Romeo.................................................................................................................68
5.1.10 Tabela comparativa de especificações técnicas.............................................................68
5.2 Portas do Arduino ................................................................................................... 69
5.2.1 Portas Digitais..................................................................................................................69
5.2.2 Portas PWM......................................................................................................................70
5.2.3 Portas analógicas.............................................................................................................70
5.2.4 Portas de alimentação......................................................................................................71
5.2.5 Porta Reset.......................................................................................................................71
5.2.6 Porta RX e TX...................................................................................................................71
5.2.7 Portas de Interrupção.......................................................................................................72
5.2.8 Portas I2C (SDA e SCL) ....................................................................................................72
5.2.9 Portas SPI.........................................................................................................................72
5.2.10 Portas AVR.....................................................................................................................73
5.3 Programando com a Arduino IDE ............................................................................ 73
5.3.1 Instalando e configurando o ambiente de trabalho .........................................................73
5.3.2 Configurações iniciais ......................................................................................................76
5.3.3 Testando a compilação, o upload e a execução do código ...............................................78
5.4 Iniciando com a programação Arduino .................................................................... 82
5.4.1 Configurando as portas digitais como entrada ou saída .................................................82
5.4.2 Escrevendo o estado de saída da porta digital convencional ..........................................83
5.4.3 Escrevendo o estado de saída da porta digital PWM.......................................................83
5.4.4 Criando paradas temporizadas .......................................................................................84
5.4.5 Escrevendo nosso código e entendendo o setup e o loop.................................................84
5.4.6 Exemplo 1: ligando e desligando leds..............................................................................85
5.4.7 Exemplo 2: ligando o led e regulando a intensidade com PWM.......................................88

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UNIDADE 4 - SENSORES..............................................................................................
89 6 TRABALHANDO COM
SENSORES.............................................................................. 89 6.1 Leitura de
sensores digitais de resposta binária ...................................................... 91
6.1.1 Sensor de proximidade PIR: Exemplo detalhado .............................................................91
6.1.2 Sensor de som..................................................................................................................93
6.1.3 Sensor de chama .............................................................................................................93
6.1.4 Sensor de vibração...........................................................................................................93
6.1.5 Sensor de inclinação (TILT) ..............................................................................................94
6.1.6 Chave magnética (reed-switch)........................................................................................94
6.1.7 Sensor magnético de proximidade ...................................................................................95
6.1.8 Push button......................................................................................................................95
6.1.9 Chave tátil capacitiva ......................................................................................................95
6.1.10 Chave de 2 estados .......................................................................................................96
6.1.11 Chave de fim de curso ...................................................................................................96
6.1.12 Encoder ótico e encoder magnético ................................................................................96
6.1.13 Sensor de vazão.............................................................................................................97
6.2 Leitura de sensores de resposta binária com uso de interrupções ........................... 97
6.2.1 Sensor encoder: exemplo detalhado com uso de interrupções.........................................99
6.2.2 Sensor de vazão: exemplo detalhado com uso de interrupções .....................................101
6.3 Leitura de sensores analógicos .............................................................................. 103
6.3.1 Mapping de valores........................................................................................................104
6.3.2 Sensor LDR: exemplo detalhado de captura direta de valor..........................................105
6.3.3 Sensor de gás ................................................................................................................107
6.3.4 Sensor óptico reflexivo ...................................................................................................108
6.3.5 Sensor Joystick..............................................................................................................109
6.3.6 Sensor de temperatura LM35 – Exemplo detalhado de mapping de valor.....................111
6.3.7 Potenciômetro.................................................................................................................113
6.3.8 Sensor de umidade do solo............................................................................................115
6.3.9 Sensor de respingos.......................................................................................................117
6.4 Leitura de sensores especiais ................................................................................ 118
6.4.1 Sensor ultrassônico de distância (HC-SR04) .................................................................120
6.4.2 Sensor de cor RGB (TCS230)..........................................................................................123
6.4.3 Sensor de umidade e temperatura (DHT11) ..................................................................127
6.4.4 Sensor RFID (RC522) .....................................................................................................128
6.4.5 Sensor acelerômetro e giroscópio (MPU6050).................................................................131
6.4.6 Sensor de carga com amplificador (HX711)...................................................................133
6.4.7 Sensor de gestos (APDS-9960).......................................................................................134
6.4.8 Sensor de reconhecimento de voz (V3) ...........................................................................134
6.4.9 Sensor de batimentos cardíacos (KY-039) .....................................................................135
6.4.10 Sensor GPS (Neo-6M) ...................................................................................................136

UNIDADE 5 – ATUADORES.........................................................................................
136 7 TRABALHANDO COM ATUADORES
......................................................................... 136 7.1 Atuadores de ativação simples
com até 5V ............................................................ 137
7.1.1 Leds ...............................................................................................................................137
7.1.2 Emissor laser .................................................................................................................137
7.1.3 Vibracall.........................................................................................................................138
7.1.4 Buzzer ............................................................................................................................138
7.1.5 Relé ................................................................................................................................141

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7.2 Atuadores de ativação simples com tensões superiores à 5V ................................. 143
7.2.1 Solenoide........................................................................................................................144
7.2.2 Válvula solenoide...........................................................................................................144
7.2.3 Trava solenoide..............................................................................................................145
7.2.4 Bomba submersa ...........................................................................................................145
7.2.5 Bomba de ar ..................................................................................................................145
7.3 Displays ................................................................................................................ 146
7.3.1 Display de 7 segmentos.................................................................................................146
7.3.2 Display LCD ...................................................................................................................149
7.3.3 Display OLED.................................................................................................................154
7.4 Motores ................................................................................................................. 154
7.4.1 Motor DC + Ponte H........................................................................................................155
7.4.2 Motor de passo...............................................................................................................158
7.4.3 Servomotor .....................................................................................................................160
7.5 Emissor Infravermelho .......................................................................................... 162
7.5.1 Clonando o controle remoto para controlar o Arduino....................................................164
7.5.2 Clonando o controle remoto para controlar equipamentos .............................................167

UNIDADE 6 – TÓPICOS AVANÇADOS .........................................................................


170 8 MÓDULOS ESPECIAIS E
COMUNICAÇÃO................................................................ 170 8.1 Módulo de Cartão
MicroSD.................................................................................... 170
8.1.1 Principais métodos para trabalhar com arquivos e MicroSD..........................................171
8.1.2 Esquema eletrônico de ligação do leitor .........................................................................171
8.1.3 Exemplo prático: histórico de temperaturas de um forno de pizza ................................172
8.2 Módulo Bluetooth.................................................................................................. 175
8.2.1 Principais métodos para trabalhar com o módulo HC....................................................176
8.2.2 Ligação eletrônica ..........................................................................................................177
8.2.3 Pareamento do HC com um Smartphone Android..........................................................178
8.2.4 Descoberta do Mac Address do módulo HC...................................................................179
8.2.5 Exemplo prático: criando app em Android integrado com Arduino ................................180
8.3 Módulo WiFi (ESP-8266) ....................................................................................... 188
8.3.1 Principais métodos para trabalhar com o módulo ESP-8266.........................................189
8.3.2 Ligação eletrônica ..........................................................................................................192
8.3.3 Exemplo prático: comunicação e controle com webpage através do WiFi ......................194
8.3.4 Adaptando o exemplo para redes cabeadas com a biblioteca Ethernet.h .....................199

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INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – INTERNET DAS COISAS

1 ENTENDENDO O IOT
O termo IoT (Internet of Things, ou
Internet das Coisas, em português),
foi criado por Kevin Aston e
apareceu pela primeira vez em uma
apresentação sua sobre as novas
tecnologias na empresa Procter &
Gamble, no ano de 1999. Porém,
passou a ser mais difundido a
partir de 2005 e popularizou-se a
partir de 2010.
Chamamos de IoT uma rede composta pelos mais diversos dispositivos que possuem a
capacidade de se comunicar, trocando informações em tempo real e tomando decisões a
partir daí (sejam esses dispositivos desde simples sensores até complexos assistentes de
voz). Uma característica importante é que eles não devem ter a comunicação e
funcionamento restritos a um conjunto limitado que compõe uma linha comercial ou
uma determinada marca. Um Chromecast aceita transmissões vindas de smartphones
Android mas também de iOS; a Alexa controla lâmpadas inteligentes da Amazon mas
também de outras marcas; um sensor de umidade do solo pode ser lido tanto por um
Arduino, quanto por um ESP32 ou um Raspberry PI; uma geladeira inteligente da LG
pode se comunicar com uma televisão inteligente da Samsung sugerindo a execução de
vídeos de receitas com algum dos ingredientes retirados dela pelo usuário. Quando
falamos de IoT, falamos de ampliar as possibilidades e não de limitá-las.
Essa troca de informações e as decisões tomadas, podem envolver tanto hardware
como software (Alexa, Siri, Google Lens, firmwares de controle de eletroeletrônicos
inteligentes, aplicações de smartphone para controle ou exibição de dados coletados).
Tudo isso tem como objetivo principal a automatização de tarefas (nas mais diversas
áreas), mas também a segurança e o lazer.

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1.1 Requisitos do IOT


É impossível listar todos os componentes,
dispositivos e tecnologias que podem ser
aplicadas quando
falamos de Internet das Coisas. Porém, o
sucesso do IoT
está relacionado com 4 fatores principais,
mostrados no
esquema ao lado:
Sensores de baixo custo: você sabe o valor do
sensor
acelerômetro que equipa um caríssimo iPhone 12 e que
captura todos os movimentos realizados pelo telefone
(permitindo desde o controle de jogos, o ajuste de
conteúdos na tela de acordo com a posição e mesmo alertas ao perceber por
micromovimentos da sua caminhada que a pisada está errada)? Em torno de 2 reais. Ou
então um sensor que detecta respingos, acionando o fechamento automático de uma
janela quando perceber o início das primeiras gotas de
uma chuva? Menos de 50 centavos. Por mais elaborados
e tecnológicos que sejam os usos
dos sensores, geralmente eles são muito baratos e
acessíveis. Nos últimos anos, popularizaram-se os
sensores de baixo custo e de fácil uso, permitindo
que mesmo entusiastas sem muito conhecimento
técnico possam utilizá-los em projetos que chamam
atenção e que não seriam possíveis anos atrás. E empresas também se beneficiaram,
agregando funcionalidades atraentes em dispositivos cada vez mais tecnológicos e sem
necessariamente um aumento significativo no preço.
Conectividade: IoT não seria possível sem a comunicação entre os dispositivos (para a
troca de informações, dados capturados, alertas, decisões). Então, a conectividade é um
ponto fundamental, criando condições para que essa comunicação aconteça de forma
eficiente. A conectividade é dada através de três fatores importantes: protocolos de
comunicação, rede e segurança. Os protocolos de comunicação são formas padronizadas
de como informações podem ser enviadas de um dispositivo A para um dispositivo B
(através de pacotes direcionados ou em broadcast) e interpretadas no momento em que
forem recebidas. Podemos entendê-los como uma “língua” que permitirá aos dispositivos,

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com base nas mesmas regras, conversar. Entre os mais comuns em IoT temos TCP/IP,
HTTP, Serial e I2C. Já a rede é quem garante um meio para que essa comunicação possa
acontecer e as informações (pacotes) possam trafegar de um dispositivo para o outro.
Essas redes podem ser físicas (cabeadas
ou por
pontes de contatos) ou não físicas (como o
WiFI, Bluetooh, NFC, RFid, LoRa e
ZigBee).
Por último, a segurança é a garantia de
que a
comunicação, utilizando a rede escolhida e
no
protocolo escolhido, vai acontecer de
forma
segura. Porém, como “forma segura” não
estamos falando somente da segurança dos
dados trafegados (por criptografia, por
exemplo), mas também da garantia da sua
transmissão e a proteção para evitar a sua perda. Infelizmente segurança de dados é um
ponto crítico do IoT, pois muitas vezes é dada a preferência por redes e protocolos mais
simples e leves, focando em otimização e velocidade em detrimento da privacidade;
outras, o serviço é oferecido gratuitamente e a coleta intencional de dados (e seu
posterior uso ou venda) é o objetivo e o que vai garantir a monetização do negócio.
Inteligência: sistemas IoT capturam, compartilham e utilizam dados. Seja através dos
sensores, dos aplicativos, dos serviços ou das
plataformas, a massa de informações geradas é
muito grande. Um dos maiores
méritos do sucesso do IoT é justamente saber
fazer bom uso destes dados, seja para tomar
decisões a partir deles em favor do usuário,
seja para utilizar esses dados contra o
próprio usuário sem o seu conhecimento. A
implementação de inteligência em sistemas
desse tipo, pode ter relação com alguns aspectos importantes: mineração e
processamento de dados (saber selecionar quais dados de uma massa gigantesca de
dados utilizar), aprendizagem sobre esses dados (conseguir aprender ou encontrar
padrões em cima dos dados selecionados) e ação sobre o aprendizado (saber agir
baseado dos aprendizados e padrões obtidos). Ou seja, a inteligência tem a ver
diretamente com ferramentas de três áreas principais: data science, inteligência artificial
e o desenvolvimento de softwares (lógica, restrições e implementação de regras de
negócio).

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Serviços: os serviços são duplamente importantes quando pensamos em IoT. São eles
que permitem desenvolver sistemas mais robustos e flexíveis com uso de tecnologias
disponibilizadas para fins específicos e
que podem ser incorporados ao projeto
(processamento e armazenamento na
nuvem,
por exemplo). Mas diversos sistemas de
IoT
são planejados para funcionarem também
como um serviço disponibilizado para o
usuário, de forma gratuita (monetizando
sobre dados, publicidade, propagandas
direcionadas, etc) ou paga (com cobrança de
licenças ou mensalidades). Um termo muito
aderente ao IoT é o SaaS (Software as a
Service, ou Software como um Serviço). O software geralmente deixa de ser o foco e passa
a ser “transparente” pois o serviço oferecido é mais visível e agrega uma maior percepção
de valor ao usuário. Por trás, do serviço temos uma infraestrutura também transparente
e que serve de plataforma para o armazenamento de dados, interpretação dos códigos
fonte, hospedagem do software e de websites, execução de aplicativos ou de serviços para
aplicativos (webservices).

1.2 Áreas principais do IoT


O IoT pode ser aplicado nas mais diversas áreas e sua variedade de possibilidades
permite o fácil encontro de usos práticos em que ele agregue. Porém, existem 4 áreas
onde ele aparece com mais força: domótica, indústria 4.0, agrotech e smart cities.
1.2.1 Domótica
Talvez este seja o grande
exponencial do uso
de IoT e o primeiro contato da maioria
das pessoas
com o conceito e com suas tecnologias.
A Domótica
(junção da palavra grega Domus que
significa
“casa” com a palavra robótica) é a automatização
residencial, onde o IoT é fundamental na coleta de
informações, análise da rotina, sensoriamento e
uso dessas informações para tornar o ambiente mais agradável, seguro, prático e
moderno. A domótica se divide em 5 grandes áreas e em todos o IoT pode trazer ganhos:
Automação e Controle: é o controle dos dispositivos que compõe o sistema inteligente da
casa (e como controle podemos entender as ações de ligar/desligar, abrir/fechar, mover e

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ajustar) e a automação que permite a execução de tarefas de forma mais fácil ou até
mesmo automática.
Segurança e Vigilância: é a implementação de segurança através dos sistemas
inteligentes. Como segurança, podemos derivar segurança patrimonial (alarmes, sistemas
de monitoramento, identificação e acesso), segurança ambiental (detector de gás, fumaça
ou fogo, monitoramento de condições ambientais) e segurança pessoal (controle de
quedas, integração com órgãos de segurança, monitoramento de sinais vitais).
Comunicações: é a implementação de comunicação e troca de informações entre
diversos dispositivos (conectividade) e entre o morador e o sistema (ou vice-versa). Aqui
podemos considerar a comunicação direta (por voz, vídeo e imagem), o controle por voz
(assistentes), feedbacks (sonoros, visuais ou hápticos) e apresentação de informações
(tanto dos sensores e dispositivos da casa como de recomendações, notícias e
notificações buscadas com base no perfil do usuário).
Serviços e entretenimento: é a implementação do acesso a serviços e a entretenimento
de forma mais fácil e automatizada. Um exemplo de serviço seria a realização automática
de compras (por uma geladeira que monitora os produtos em seu interior, por um
assistente que sugere opções de tele entrega de acordo com a rotina do morador, entre
outros). Já em entretenimento, temos tudo que tem a ver com diversão e com multimídia.
Produtividade: é a implementação de inteligência em qualquer uma das 4 áreas
anteriores de modo a se conseguir uma maior produtividade e aproveitamento do tempo.
Aqui, podemos considerar a produtividade pessoal, a produtividade social e a
produtividade profissional (pois muitas pessoas, principalmente a partir da pandemia,
aderiram ao regime home office ou possuem um espaço onde possam produzir fora de
suas empresas). Um exemplo seria o controle de condições ambientais para potencializar
a capacidade de produção ou de concentração (como a temperatura, som ambiente, luz
com ajuste de claridade e coloração visando influenciar determinados sentidos, etc).

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1.2.2 Indústria 4.0


A indústria sempre foi um destaque
quando o
assunto é inovação e a responsável direta
por
grandes revoluções que transformaram (e
ainda
transformam) profundamente a nossa
sociedade. As
evoluções impulsionadas pelo capital e pela busca
da máxima produtividade, fazem da indústria um
celeiro de novas tecnologias, tendência e modelos. A
forte automatização, principalmente nas linhas de montagem e na logística, é essencial e
estratégica. A indústria 4.0, resumidamente, é a integração da forte automatização (já
existente) com diferentes tecnologias atuais de modo a tornar mais digitais as atividades
industriais, buscando ainda mais produtividade, modernização nos processos e até
mesmo uma maior proximidade e engajamento do cliente. Segundo o SENAI, o IoT é
apenas uma das onze tecnologias que compõe a chamada “integração total”, porém,
encontra-se presente em muitas delas.
Inteligência artificial: busca de padrões, aprendizagem automática, tomada de decisões
e sistemas autônomos;
Computação em nuvem: uso da nuvem para armazenamento, acesso e
compartilhamento de dados, serviços de hospedagem de aplicações e de webservices,
máquinas de processamento remoto, entre outros;
Big data: data science, análise de grandes massas de dados, busca de padrões em
conjunto com IA, sintetização e categorização automática, extração de informações
estratégicas para tomadas de decisões (como o Businness Inteligence);
Cyber segurança: segurança e privacidade dos dados e informações críticas aos
negócios, aos processos, ao dia a dia da empresa e mesmo dos clientes (principalmente
após criação da Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD);
Robótica avançada: interação com humanos, auto ajuste de processos, tomadas de
decisões de forma semi-supervisionada e não supervisionada (com base em sensores,
aprendizagem, análise de dados e até mesmo análise comportamental dos funcionários);
Manufatura digital: incorporação de ferramentas para manufatura com base em
sistemas de modelagem 3D, transformação automática de desenhos vetoriais em
comandos para as máquinas (tornos, fresas, robôs), simulação e realidade aumentada;

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Manufatura aditiva: tecnologias de produção com base na sobreposição de matérias em
camadas ou através da ligação de pequenas partículas, como as impressoras 3D
(sobreposição de camadas de plástico), impressoras de alimentos (sobreposição de
camadas de materiais orgânicos) ou mesmo impressoras de tecidos humanos
(sobreposição de proteínas);
Sistemas de simulação: sistemas para simulações variadas, que podem ir desde
treinamentos de processos perigosos por imersão em realidade virtual (um curso de solda
em tanques de navios petroleiros ou outro ambiente insalubre) até a simulação para
validação de peças, produtos e processos. Temos hoje sistemas que simulam o
comportamento eletrônico (montando circuitos de prova de forma digital para testagem
para só depois o primeiro protótipo eletrônico real ser criado), o comportamento mecânico
(movimento de uma peça, temperatura em cada parte dela, nível de trepidação,
resistência mecânica, etc) e até o comportamento químico e biológico (simulação de
organismos vivos ou a interação de medicações com as proteínas de um vírus para
buscar indicativos de sua eficácia).
Integração de sistemas: integração das múltiplas tecnologias entre si de forma
otimizada, assertiva e inteligente, organizando as trocas e o uso das várias informações
relevantes produzidas por cada um;
Digitalização: transformação digital e modernização de processos internos, fabris,
culturais e a criação de serviços digitais para os clientes (criando facilidade e
engajamento).

1.2.3 Agrotech
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais e uma parcela considerável do PIB do
país vem da agricultura e da pecuária. De forma inacreditável, somente nos últimos anos
vemos uma modernização mais consistente nos processos de produção, plantio/colheita,
armazenagem e logística (geralmente limitada aos
grandes produtores com alta capacidade de
investimento) e muitas
vezes com o uso de soluções estrangeiras. Até
alguns anos atrás, IoT na agropecuária era
sinônimo de sistemas de monitoramento RFID
para controle de gado ou outros animais
através de tags ativas ou passivas. O cenário
vem mudando e cada vez mais os produtores
percebem as múltiplas possibilidades que o
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IoT oferece para o meio rural. Hoje contamos com sistemas de pulverização e controle de
pragas com drones, sistemas para rastreamento de produtos desde a origem, silos
automatizados que controlam fatores ambientais (umidade, temperatura e composição do
ar) para maior durabilidade dos grãos e até silos conectados a bolsas de valores e
sistemas de regulagem de preços para informar a melhor hora de escoar a produção e o
valor total recebido com base no volume do silo (também automaticamente calculado por
sensores). E, felizmente, algumas tecnologias de baixo custo começaram a chegar no
pequeno produtor e no produtor familiar, como sistemas de rega automática (através de
decisões baseadas no tipo de planta e no monitoramento climático), controle de volume
de lençóis freáticos (para autorregular o gasto hídrico garantindo água por um maior
período), sistemas de detecção de pragas por imagem (inclusive apps para smartphone
com esse recurso), plataformas de compra automática de insumos, entre outros. Mas
chama atenção os dados da
pesquisa da AgTechGarage que
aponta que mesmo com
aproximadamente 13.000
startups registradas no
Brasil, menos de 300 são
voltadas
à tecnologia no setor agro. Ao
mesmo tempo, esse gap gera
uma
área com inúmeras
oportunidades
e a exploração, desenvolvimento e
implantação de tecnologias no
campo é uma das tendências nos
negócios nos próximos 10 anos.
Essas startups dividem-se entre
mais ou menos 20 áreas de atuação dentro do agronegócio, conforme o gráfico
apresentado na mesma pesquisa. Com isso, fica claro quanto o uso do IoT ainda tem a
crescer no Brasil.
1.2.4 Smart Cities
E se aplicarmos todos esses
recursos
da domótica, da indústria 4.0 e do
agrotech
para melhorar as nossas vidas na
cidade?
Esse é o conceito por traz das
Smart Cities:
cidades inteligentes planejadas
para fazer uso
das mais diversas tecnologias buscando a
desburocratização, agilidade na tomada de
decisões, eficiência energética, segurança,
saúde, bem-estar dos cidadãos e economia criando um ecossistema forte para as

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empresas. Assim, as tecnologias são planejadas e aplicadas para garantir impacto nas
seguintes áreas:
Sociedade e bem-estar: formas de garantir um bom nível social, educacional econômico
e cultural dos seus cidadãos, além da boa convivência e o respeito a diferentes crenças,
costumes e individualidades.
Economia e negócios: formas de garantir o desenvolvimento econômico através da
criação de ambientes inovadores e criativos, ótima infraestrutura, qualificação dos
profissionais, modernização das práticas e criação de novos modelos de negócio.
Meio ambiente e urbanismo: formas de garantir a proteção ao meio ambiente (controle
de fatores ambientais, ações de reversão do impacto ambiental, monitoramento da
poluição, reciclagem e reaproveitamento dos resíduos orgânicos, sólidos e eletrônicos),
eficiência energética (novas formas de produção de energias limpas e maior
aproveitamento da distribuição e uso da energia produzida) e urbanismo em todo o seu
planejamento.
Mobilidade: formas de garantir o deslocamento eficiente pela cidade (de pessoas, veículos
e cargas) mas também na ampliação e acesso aos serviços necessários por pessoas e
empresas, principalmente na migração dos mesmos para plataformas digitais.
1.3 Cultura Maker
Se o IoT tem um grande
responsável por
torná-lo popular e próximo às
pessoas, esse
responsável é com certeza o
movimento maker
e o DIY (Do it yourself, ou Faça você
mesmo). A
cultura maker criada através deles
tem a ver
com mostrar às pessoas que, mesmo sem
conhecimentos técnicos e com pouco dinheiro,
qualquer um tem a capacidade de inventar,
reproduzir, construir, modificar ou consertar objetos, dispositivos ou sistemas. A
diferença entre eles é que o DIY tem um propósito mais geral: artesanato, decoração,
construção em madeira, bricolagem, etc. Já o movimento Maker adiciona como principal
ingrediente o desenvolvimento, o entendimento, o compartilhamento e a aplicação de
tecnologias, principalmente as de baixo custo, no desenvolvimento de projetos
diversificados.
A cultura maker humaniza o uso das tecnologias e ajuda com que elas se tornem
familiares, mostrando que não são tão distantes e inacessíveis como muitas pessoas

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imaginam (e nem tão caras, permitindo a criação de muitos dispositivos e sistemas de
forma muito mais barata do que os equivalentes comerciais, tornando-os mais
acessíveis). E isso cria mais três movimentos interessantes e com grande potencial de
impacto, principalmente na educação: a cultura da colaboração e compartilhamento do
conhecimento, o autodidatismo e a criação de soluções com impacto social.

1.3.1 O Manifesto Maker


Uma excelente forma de conhecer melhor o movimento é a leitura do livro “The
Maker Movement Manifesto: Rules for Innovation in the New World of Crafters, Hackers,
and Tinkerers” (O Manifesto do Movimento Maker: Regras para Inovação no Novo Mundo
dos Artesãos, Hackers e Reformadores), escrito em 2013 por Mark Hatch, um dos gurus
e grandes responsáveis pela difusão do conceito. Abaixo, parte do texto de um artigo
publicado na revista Educação na versão online (www.revistaeducacao.com.br), com um
resumo dos principais pontos deste manifesto.

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CURSOS TÉCNICOS – EIXO TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO O MANIFESTO MAKER

Fazer – Algo fundamental para o significado do ser


humano. Devemos fazer, criar e nos expressar para nos
sentirmos inteiros. Há algo único em fazer coisas físicas.
Elas são como pequenos pedaços de nós e parecem
incorporar porções de nossas almas.

Compartilhar – O sentimento total de plenitude de um


criador ou inventor só é alcançado quando ele compartilha
o que fez e “sabe sobre o fazer” com os outros. Fazer e não
compartilhar é inviável e anacrônico.

Presentear – Há poucas coisas mais altruístas e


satisfatórias do que dar algo que você fez. O ato de fazer
coloca um pequeno pedaço de você no objeto. Dar isso
para outra pessoa é como doar um pequeno pedaço de si
mesmo. Tais coisas muitas vezes são nossos itens mais
estimados.

Aprender – Você deve aprender a fazer. Sempre procurar aprender mais sobre sua criação. Você pode
se tornar um viajante ou mestre artesão, mas ainda aprenderá, desejará aprender e impulsionará o
aprendizado de novas técnicas, materiais e processos. Construir um caminho de aprendizagem
garante uma vida rica e recompensadora e, mais importante, permite compartilhar.

Equipamentos – Você deve ter acesso às ferramentas certas para cada projeto. Invista e desenvolva
acesso local às ferramentas de que você precisa para fazer o desejado. As ferramentas jamais foram
tão baratas, poderosas e fáceis de usar.

Divirta-se – Tenha bom humor diante do que está fazendo, e ficará surpreso, animado e orgulhoso do
que descobrir.

Participe – Junte-se ao Movimento Maker e alcance os que estão por perto. Juntos, vocês irão trocar
experiência, conhecimento e descobrirão a alegria de fazer. Realizem encontros, seminários, festas,
eventos, dias de fabricante, feiras, exposições, aulas e jantares com e para os outros makers em sua
comunidade.

Apoie – Isso é um movimento. Requer apoio emocional, intelectual, financeiro, político e


institucional. Apoie no que for ao seu alcance. A melhor esperança de melhorar o mundo está em
nós mesmos. Somos responsáveis por isso fazendo um futuro melhor.

Mude – Aceite e abrace as mudanças que se apresentarão e ocorrerão naturalmente em sua


trajetória maker. Você se tornará uma versão mais completa de você mesmo (no espírito maker,
sugiro fortemente que você pegue esse manifesto, faça mudanças nele se for o caso, e trilhe o seu
próprio caminho. Esse é o ponto no fazer).

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1.3.2 Os Makerspaces
Provavelmente o movimento maker não teria tanta penetração na sociedade e não
seria acessível a tantas pessoas (independentemente de classe social), se não fossem os
makerspaces (espaços makers). Eles são espaços especialmente desenvolvidos e com toda
a infraestrutura necessária para que qualquer pessoa possa desenvolver os seus projetos.
São equipados com computadores, softwares para desenvolvimento, desenho e
modelagem, os mais diversos tipos de
ferramentas, acessórios, materiais,
maquinários fabris básicos (tornos e fresas
por exemplo) além
de modernos equipamentos como
impressoras
3D e máquinas de corte à laser. E o mais incrível:
são espaços abertos ao público, gratuitos e que
contam com monitores e voluntários capacitados
a auxiliar nas dúvidas, orientar, ensinar e
compartilhar conhecimentos. Basta levar o seu
material e o limite é a criatividade (aliás, muitos
destes espaços possuem diversos materiais gratuitos que poder ser utilizados pelos
usuários e levados para casa após construído o projeto, como placas de madeira e
acrílico, ferragens diversas e até mesmo alguns componentes eletrônicos).
Os makerspaces, mesmo sendo iniciativas que partiram de hobistas e entusiastas,
são considerados hoje, parte fundamental dos ecossistemas de inovação e criatividade
das cidades. Encontramos espaços deste tipo mantidos tanto por parcerias
colaborativas, quanto por iniciativas públicas, privadas ou PPPs (parcerias
público-privadas). Eles estão presentes no mundo todo, em todos os 193 países e no
Brasil em todas as principais cidades. Entre todas as iniciativas de incentivo, promoção
e qualificação dos Makerspaces, a mais conhecida é o FabLab, do Massachusetts
Institute of Technology (MIT). Qualquer makerspace pode se filiar à rede FabLab de forma
gratuita, desde que cumpra alguns requisitos mínimos (que vão desde as ferramentas
que devem possuir até o número mínimo de horas aberto para a comunidade). Assim
que ingressos na rede recebem, também de forma gratuita, acompanhamento,
treinamentos, licenças de software do MIT e parceiros e mentorias em relação à
marketing, captação de recursos, divulgação e parcerias estratégicas. O infográfico
abaixo, desenvolvido pelo FabLab de Nuremberg, na Alemanha, esquematiza o
funcionamento dos espaços makers em geral.

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1.3.3 Placas de Prototipagem
Se a popularização do IoT se deu
através dos
makerspaces, a popularização da eletrônica
se deu nos
makerspaces, escolas e universidades, nos
últimos
anos, através das chamadas “Placas de
Prototipagem”
(também conhecidas como placas de ensaio). As placas
de prototipagem são placas eletrônicas que encapsulam
funcionalidades de um microprocessador, dentro de
uma montagem que torne simples o acesso às funcionalidades do chip e às suas portas
(permitindo facilmente incorporar sensores e atuadores dos mais diversos tipos), fazendo
uso de interfaces práticas que permitem facilmente a sua programação. Podemos
programar placas de prototipagem para ligar e desligar componentes e aparelhos,
capturar informações do mundo externo, controlar atuadores para executarem ações e
realizar a comunicação com outras placas, smartphones, tablets, consoles,
computadores e etc.
Como dito, a sua facilidade de uso é o grande diferencial, mas um segundo atrativo,
fundamental para a sua ascensão e popularização, é o preço. Com menos de 50 reais
temos em mãos, por exemplo, um Arduino, utilizando
uma tecnologia eficiente e de baixo custo para realizar
todo esse controle citado. Aliás, algumas
destas placas são tão completas e tão potentes que
podem ser utilizadas inclusive como computadores
pessoais (com entrada para TV, mouse, teclado,
joystick e mídias de armazenamento externas) para
rotinas do dia a dia ou mesmo como consoles para emulação de jogos (como a Raspeberry
Pi Zero, à esquerda, que ficou conhecida como o computador de 5 dólares). Outras,
contam com microchips adicionais que agregam
funcionalidades
extras que as tornam mais interessantes para
projetos
mais específicos (como o Esp32, à direita, dotado de
um
processador multicore que permite multithreads reais
além de possuir comunicação wifi e bluetooth já
encapsuladas e nativas). Essas placas variam em características e utilizaremos uma
delas (o Arduino Uno), nesta disciplina para a construção de projetos eletrônicos dos
mais diversos tipos, que possam ser aplicados no nosso dia a dia e mesmo na resolução
de diversos problemas detectados em nossa comunidade, escola ou cidade. Mas para
isso precisamos entender um pouco de eletrônica...

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CURSOS TÉCNICOS – EIXO TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO UNIDADE 2 - TÓPICOS BÁSICOS DE ELETRÔNICA
ANALÓGICA

2 O QUE É ELETRÔNICA?
Se você realizar uma busca pelo termo “eletrônica”, certamente irá se deparar com uma
infinidade de conceitos distintos, alguns bastante técnicos, que tentam explicar e definir
esta importante área do conhecimento (considerada a terceira revolução tecnológica da
humanidade). Para simplificar, podemos dizer que “eletrônica” é a ciência que estuda
como controlar e como utilizar a energia elétrica em baixas correntes, aproveitando o
fluxo de elétrons para gerar fenômenos desejados em um dispositivo (através da
associação de componentes que possuem propriedades conhecidas). Estas palavras em
destaque serão importantes na compreensão dos conceitos posteriormente apresentados.
Observação: Não é intensão deste material e nem desta disciplina o aprofundamento nos
conceitos físicos que regem as leis da eletrônica, porém o entendimento básico dos
mesmos nos dá maiores condições de entendimento e contextualização. Portanto, nos
permitiremos aqui algumas simplificações, sacrificando o rigor técnico em favor da
didática.

2.1 Energia elétrica, fluxo de elétrons e observações iniciais

Os átomos são formados de 3 partículas essenciais: os nêutrons e


prótons (que compõe o seu núcleo) e os elétrons
(que orbitam a chamada eletrosfera ao redor deste
núcleo). Os nêutrons não possuem carga elétrica
(são neutros), enquanto os prótons apresentam uma
carga elétrica positiva e os
elétrons apresentam uma carga elétrica
negativa. Essa carga elétrica acaba induzindo à
uma interação eletromagnética entre estas
partículas, provocando repulsão entre as de
mesma carga (nêutrons com nêutrons, elétrons
com elétrons) e atração entre os de carga oposta
(nêutrons com elétrons). Essas propriedades
são importantes e ajudam a compreender
alguns comportamentos que são fundamentais
para o entendimento da eletrônica e para o seu
uso através do controle destes fenômenos:

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Movimento dos elétrons e órbita ao redor do núcleo: por terem a mesma carga elétrica
(negativa) os elétrons estão em constante repulsão entre si, mas em constante atração em
relação ao núcleo por conta da carga positiva dos prótons presentes nele. Esta atração
tem força suficiente para manter os elétrons na eletrosfera, mas não é forte suficiente
para atraí-los para o núcleo. A interação destas forças mantém a composição do átomo e
cria o movimento orbital dos elétrons.
Núcleo forte, eletrosfera frágil: a força de atração que mantém as partículas do núcleo
unidas é muito maior do que a força de atração que o núcleo exerce sobre os elétrons.
Deste modo, quanto mais longe do núcleo um elétron está, mais facilmente ele pode ser
atraído pela força do núcleo de outro átomo.
Carga do átomo e busca pela neutralidade: os átomos sempre buscam o equilíbrio de
cargas e para que isso aconteça, o número de prótons e elétrons deve ser igual. Quando
um átomo está desequilibrado, podemos chamá-lo de Íon. Caso perca elétrons, o
excedente de prótons faz do átomo um íon positivo (chamado de cátion) e cuja tendência
é atrair elétrons ou ligar-se com outro átomo de carga negativa para compartilhar com
ele esses elétrons. Caso ganhe elétrons, o excedente dos mesmos faz do átomo um íon
negativo (chamado de ânion) e cuja tendência é ceder/repelir elétrons ou ligar-se com
outro átomo de carga positiva para que esses elétrons excedentes sejam compartilhados.
Desequilíbrio leva ao movimento e movimento leva à corrente: quando o
desequilíbrio ocorre, os cátions querem atrair elétrons ao mesmo tempo em que os
ânions querem ceder elétrons. Isso pode levar ou à uma ligação iônica (amplamente
estudada na química e que explica a combinação dos átomos para a formação dos mais
diversos materiais) ou a um fluxo de elétrons movimentando-se entre os átomos. Quando
este fluxo de elétrons ocorre de forma ordenada e constante, obedecendo um sentido
dentro de um determinado período

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de tempo, recebe o nome de “Corrente Elétrica”. Este fenômeno é obtido através de uma
reação em cadeia, representada abaixo:

Os 3 átomos têm carga total


neutra e estão em equilíbrio,
tanto na sua composição
interna quanto em relação aos
átomos em sua volta.

Remover 3 elétrons do átomo à


direita, cria um forte
desequilíbrio interno (cátion
com carga +3) e seu núcleo
exerce forte atração aos
elétrons mais externos do
átomo à sua esquerda

O átomo do meio, ao perder 2


elétrons, também fica em
desequilíbrio interno (cátion
com carga +2) e seu núcleo
exerce forte atração aos
elétrons mais externos do
átomo à sua esquerda

O átomo mais à esquerda ao


perder 2 elétrons, também fica
em desequilíbrio interno (cátion
com carga +1) mas seu núcleo
não tem força suficiente para
atrair elétrons dos outros
átomos. Neste momento,
mesmo com desequilíbrio
interno nos 3 átomos (que
viraram cátions com carga +1),
o conjunto está equilibrado
entre si

Ordenando o movimento dos elétrons e forçando uma corrente: como ilustrado no


processo acima, a remoção de elétrons de um átomo provoca um desequilíbrio que pode
levar à uma reação em cadeia que culmina em uma movimentação dos elétrons para os
átomos à volta. E este processo de remoção de elétrons (ou o processo contrário, de
saturação de elétrons), dada a fraca atração dos mais externos pelo seu núcleo, é
relativamente simples e necessita de pouca energia para acontecer.

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Isso é conseguido através do uso de reações
químicas sobre determinados elementos. O zinco,
por exemplo, ao sofrer oxidação perde elétrons
com facilidade dando origem a uma substância
rica nestas partículas. Já o cobre, sofre facilmente
reações químicas dando origem a uma substância
com deficiência de elétrons. O lado rico em cátions
recebe o nome de cátodo. Já o lado rico em ânions
recebe o nome de ânodo. Deste modo, se unirmos os dois “lados” através de um material
condutor, os elétrons provenientes do ânodo serão atraídos pelo cátodo, movendo-se em
direção ao mesmo. Esse movimento gera um campo magnético que cria uma força igual
no sentido inverso. Essa força é a Corrente Elétrica.
E o que podemos fazer com esse conhecimento: uma pilha (ou, mais genericamente,
uma bateria) nada mais é do que um componente formado por um cátodo e por um
ânodo (isolados entre si) que ao serem
conectados por um condutor (fio, por
exemplo), encontram um caminho para que os elétrons movam-se do
material rico em ânions para o material rico em
cátions, gerando assim um fluxo ordenado. É
interessante notar que na imagem ao lado, o
fluxo da corrente é representado em dois
sentidos opostos. Como já vimos, o sentido real
do fluxo de elétrons é sempre do ânodo (-) para
o cátodo (+). Mas popularmente, o cátodo (+) é
encarado por muitas pessoas como o “mais
carregado”, criando uma conclusão cultural de
que a corrente flui de forma oposta (do positivo
para o negativo). A composição química das pilhas (materiais e compostos utilizados no
ânodo e cátodo) e suas dimensões (que permitem uma maior ou menor quantidade destes
materiais e compostos), influenciam na chamada
“voltagem” (termo não correto, como veremos
adiante), na intensidade da
corrente e na autonomia. Podemos ter desde
as amplamente difundidas baterias de íon
lítio (de 3,0V a 3,5V) até mesmo uma bateria
feita de batata com a penetração de uma
haste de cobre e uma haste de zinco (em
torno de 0,6V à 0,9V).

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2.2 Exemplificando Tensão x Corrente e Resistência

Através das observações iniciais sobre o comportamento das partículas


elementares, carga dos átomos e como isso pode ser utilizado de forma controlada para
criar um fluxo ordenado de elétrons, já conseguimos observar e compreender de forma
mais fácil as duas grandezas físicas fundamentais da eletrônica (a tensão elétrica e a
corrente elétrica) e uma das principais propriedades dos materiais (a resistência elétrica).

• Tensão Elétrica é a força que move os elétrons dentro de um circuito, gerada


através da diferença de cargas entre dois pontos do mesmo. Por esse motivo,
também é chamada de ddp (diferença de potencial elétrico) e é medida em Volts
(V).
• Corrente Elétrica é a quantidade de elétrons que passa por um ponto do circuito
dentro de um determinado tempo, em um fluxo ordenado provocado por uma
diferença de potencial. Quando mais elétrons por segundo, mais intenso o fluxo.
Por esse motivo, também é chamada de intensidade de corrente e é medida em
Amperes (A).
• Resistência Elétrica é uma oposição à corrente elétrica, impondo uma maior
dificuldade para a passagem dos elétrons no ponto onde existe, funcionando como
um obstáculo para os mesmos. É medida em Ohms (Ω).
Para melhor compreender, vamos nos permitir a utilização de dois exemplos com
uma simplificação que abstrai conceitos físicos e unidades formais:

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Exemplo 1) Imagine que uma pilha A tem um ânodo com 10 elétrons excedentes (-10) e
um cátodo que tem uma deficiência de 10 elétrons (+10). Podemos dizer que a diferença
de potencial entre os dois pontos é de 20. Agora imagine uma pilha B que tem um ânodo
com 10 elétrons excedentes (-10) e um cátodo que tem uma deficiência de 40 elétrons
(+40). Podemos dizer que a diferença de potencial entre os dois pontos é de 50.
O que podemos avaliar dos dois exemplos?
• Ambas as pilhas transferirão uma carga máxima de 10 elétrons do ânodo para o
cátodo.
• Na primeira pilha, com o passar do tempo, o sistema vai entrando em equilíbrio de
carga pois os 10 elétrons excedentes do ânodo vão reduzindo a deficiência inicial
de elétrons do cátodo até que ele entre em equilíbrio. Isso faz com que os últimos
elétrons sejam atraídos por uma força muito fraca, pois a diferença de potencial
vai se aproximando de 0.
• Na segunda pilha, com o passar do tempo, por mais que os 10 elétrons do ânodo
vão compensando a deficiência do cátodo, eles não são suficientes para o equilíbrio
do mesmo visto que a deficiência inicial era muito grande e muito maior do que o
total de elétrons que o ânodo pode fornecer. Isso faz com que os últimos elétrons
ainda sejam atraídos por uma força muito grande.
• Claramente na segunda pilha, dada a força de atração (diferença de potencial) muito
maior (e que se mantém alta até o final), os elétrons serão movidos muito mais
rápido do ânodo para o cátodo. Assim, podemos dizer que a corrente elétrica é
maior no segundo exemplo pois são movidos mais elétrons por segundo do que no
primeiro exemplo. Percebemos, assim, que quanto maior a diferença de potencial
elétrico, maior é a capacidade de mover elétrons e, consequentemente, maior a
corrente elétrica possível.

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Exemplo 2) Imagine agora duas pilhas iguais (pilha C e pilha D), com ânodos contendo
30 elétrons excedentes e cátodos com deficiência de 40 elétrons. A única diferença é que
no condutor da pilha D existe um obstáculo que dificulta a passagem dos elétrons.
O que podemos avaliar dos dois exemplos?
•A força inicial de atração dos elétrons pelo cátodo é igual na pilha C e na pilha D
(dada a igual carga de +40), assim como o total de elétrons livres (-30). Portanto,
ambas possuem a mesma diferença de potencial elétrico de 70.
• Apesar da mesma força (ddp), o obstáculo da pilha D vai fazer com que os elétrons
demorem mais tempo para moverem-se do ânodo para o cátodo. Deste modo, a
resistência que o obstáculo exerce sobre a passagem dos elétrons vai diminuir a
velocidade dos mesmos e a quantidade movida por segundo, criando uma corrente
elétrica menor apesar da mesma força (tensão) aplicada.

2.3 Formalização das observações sobre Tensão, Corrente e Resistência

Observações similares a essa serviram de base para a formulação de leis que


pudessem representar os fenômenos observados em um circuito elétrico, padronizando o
comportamento das duas grandezas físicas observáveis (tensão e corrente) e a sua
relação com as características dos materiais envolvidos (principalmente a resistência).

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2.3.1 Representação formal de um circuito eletrônico básico


Pensando em padronizar esquemas eletrônicos para que qualquer circuito pudesse ser
lido e compreendido universalmente, foram criadas representação tanto para as
grandezas eletrônicas, quanto para os componentes e até mesmo para propriedades
específicas destes componentes (como a resistência). Inicialmente, para nossos primeiros
exemplos, vamos analisar o esquema a seguir. Nele, a tensão
elétrica é representada formalmente pela letra U (podendo
também ser V) e no
diagrama por duas barras paralelas com tamanhos distintos,
representando uma diferença de potencial (barra maior é o
cátodo, barra menor é o ânodo). A corrente é representada
formalmente pela letra I (por ser a intensidade do fluxo de
elétrons) e no diagrama por uma seta (do cátodo para o
ânodo, com o sentido convencional que é o que utilizaremos). A resistência é
representada formalmente pela letra R e no diagrama por um segmento em “zig-zag”,
para expressar um obstáculo que fará com que os elétrons demorem mais para passar
por ali.

2.3.2 Primeira Lei de Ohm


A primeira Lei de Ohm diz que em um circuito que possua uma resistência de valor
fixo, a corrente é diretamente proporcional à diferença de potencial (tensão) estabelecida.
Porém, para uma mesma tensão, a corrente é inversamente proporcional à resistência do
circuito. Colocando isso em uma fórmula, temos as seguintes variações:

U=I.RI=U/RR=U/I

Claramente vemos que se soubermos o valor de quaisquer duas variáveis,


conseguimos descobrir o valor da outra. Vamos a três exemplos simples.

Exemplo 1: O filamento da lâmpada de um determinado modelo de


lanterna tem uma resistência conhecida de 20 Ω. Verificando as
especificações técnicas da mesma, descobrimos que a intensidade
de
corrente máxima suportada é de 0,15 A. Qual a tensão deve ser
fornecida pelas pilhas para que a lâmpada ela funcione corretamente?
Aqui, queremos descobrir a tensão, logo: U = I . R → U = 0,15 . 20 → U = 3 V

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Exemplo 2: Um led convencional alimentado por uma saída de uma


placa Arduino com tensão de 3,3 V, suporta uma corrente máxima
de 30 mA (0,03 A). Para que ele não queime e funcione em uma
situação ideal, qual a resistência necessária no circuito?
Aqui, queremos descobrir a resistência, logo: R = U / I → R = 3,3 / 0,03 → R = 110 Ω

Exemplo 3: A trava elétrica de um determinado automóvel é


alimentada pela bateria do veículo (tensão de 12 V) e ao ser
acionada oferece uma resistência de 5 Ω à passagem da corrente
elétrica. A qual corrente elétrica a trava é submetida durante o seu
funcionamento?
Aqui, queremos descobrir a corrente, logo: I = U / R → I = 12 / 5 → I = 2,4 A

2.3.3 Segunda Lei de Ohm


A segunda Lei de Ohm diz que a resistência de um determinado condutor elétrico é
relacionada à sua forma e à característica do material do qual é composto, atribuindo a
ele uma propriedade importante chamada de resistividade (resistência equivalente por
metro). Para condutores com a mesma resistividade, a resistência total é diretamente
proporcional ao comprimento do condutor e inversamente proporcional à sua área de
secção transversal (a popular “bitola”). Colocando isso em uma fórmula temos:

�� =��.����
Onde: ρ = resistividade do
A = área transversal (m2)
material (Ω.m) L = comprimento
(m)

Resistividade de alguns materiais condutores típicos:


Prata 1.6 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000016 Ω.m2
Cobre 1.7 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000017 Ω.m2
Ouro 2.3 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000023 Ω.m2
Alumínio 2.7 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000027 Ω.m2
Tungstênio 5.5 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000055 Ω.m2
Zinco 6.3 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000063 Ω.m2
Bronze 6.7 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000067 Ω.m2
Latão 6.7 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000067 Ω.m2
Platina 9.5 × 10-8 Ω.m2 → 0.000000095 Ω.m2
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Níquel 1.0 x 10-7 Ω.m2 → 0.000000100 Ω.m2
Estanho 1.3 x 10-7 Ω.m2 → 0.000000130 Ω.m2
Ferro 1.5 x 10-7 Ω.m2 → 0.000000150 Ω.m2
Chumbo 2.0 x 10-7 Ω.m2 → 0.000000200 Ω.m2
Mercúrio 9.0 x 10-7 Ω.m2 → 0.000000900 Ω.m2
Grafite 1.3 × 10-7 Ω.m2 → 0.000013000 Ω.m2
Carbono 3.5 × 10-7 Ω.m2 → 0.000035000 Ω.m2

Exemplo: Ao acampar, um grupo de amigos resolveu ligar frigobar de 12V na bateria de


um carro, distante 10 metros do local desejado. Esse frigobar ao trabalhar na potência
máxima, pode chegar a necessitar de uma corrente de 20 A. Paulo trouxe uma extensão
de 30 metros com fio de cobre com seção transversal de 1,0 mm2 (0,000001 m2). Luís
trouxe uma extensão de 30 metros com fio de cobre com seção transversal de 2,5 mm2
(0,0000025 m2). Lucas trouxe uma extensão de 100 metros com seção transversal de 2,5
mm2 (0,0000025 m2). Quais as resistências elétricas de cada extensão e a corrente
máxima possível em cada uma delas? Todas elas poderão garantir o funcionamento do
frigobar em potência máxima?
• Extensão do Paulo

�� =ρ . L

��=0,000000017 . 30
U
0,000001 = 0,51 ٠�� = ��=12
0,51 = 23,5 A

• Extensão do Luís

�� =ρ . L

��=0,000000017 . 30
U
0,0000025 = 0,20 ٠�� = ��=12
0,20 = 60,0 A

• Extensão do Lucas

�� =ρ . L

��=0,000000017 . 100
U
0,0000025 = 0,68 ٠�� = ��=12
0,68 = 17,7 A

Como podemos perceber, a extensão de Lucas (terceira), permite uma corrente


máxima de 17,7 A, não sendo suficiente para a potência máxima de funcionamento do
frigobar e provocando uma perigosa sobrecarga.

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2.4 Associação de fontes de energia


Quando falamos em
“fontes de energia”, falamos em

qualquer componente que possa nos fornecer uma diferença


de potencial que leve à uma corrente elétrica. Essas fontes
podem ser uma pilha, uma bateria, a tomada, etc. E a
associação de múltiplas fontes é relativamente comum e
muito útil em algumas situações. Um exemplo muito simples e corriqueiro diz respeito ao
uso de pilhas. Muitos dispositivos eletrônicos (controle remoto, rádio, lanterna,
brinquedos) necessitam de tensões superiores à 1,5 V (tensão típica de uma pilha) e para
isso, várias pilhas são associadas (como na figura do controle do Xbox One acima). Essa
associação pode acontecer com as baterias em série (positivo de um ligado ao negativo da
outra) ou em paralelo (positivos ligados entre si e negativos ligados entre si). Cada uma
destas associações traz características próprias, como podemos ver no esquema abaixo:
Observação importante: a ligação de baterias em paralelo, além de pouco convencional,
é NÃO RECOMENDADA. Caso as fontes tenham tensões diferentes (ou as tensões se
tornem diferentes ao longo do uso por desgaste ou flutuações), aparecerão no circuito
fluxos reversos (um cátodo mais saturado de elétrons alimentando um cátodo com maior
deficiência de elétrons). Além do maior (e desnecessário) consumo, isso pode levar a altas
correntes capazes de danificar as fontes e até provocar um curto-circuito no sistema.

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2.5 Associação de Resistências

A associação de resistências dentro de um circuito (seja pelas


características dos materiais que o compõe, seja pela inclusão proposital de resistores),
dá ao circuito características bem importantes e úteis que permitem o melhor ajuste das
tensões e correntes em múltiplos pontos ao longo de si.

2.5.1 Associação de resistências em série


Quando associamos resistências em série em um circuito (ou subcircuito dentro
dele), a corrente permanece a mesma, mas a tensão se divide, criando diferenças de
potenciais elétricos distintas em pontos diferentes dele. Por isso mesmo, esse tipo de
associação recebe o nome especial de “Divisor de Tensão”. Um divisor de tensão é muito
útil quando possuímos no circuito componentes que trabalham com diferentes tensões e
precisamos alimentá-los com a mesma fonte. Para formalizar e calcular as características
da associação em série das resistências, podemos utilizar as seguintes convenções:
1) A corrente que circulará pelo circuito é a mesma em todos os pontos,
independentemente da quantidade e dos valores das resistências. Para calculá-la,
precisamos descobrir a resistência equivalente do circuito (explicada abaixo) para
multiplicarmos pela tensão, usando a fórmula da Primeira Lei de Ohm:
I = U / Req
2) A resistência equivalente do circuito é a resistência total que causará oposição à
passagem da corrente. Quando as resistências estão em série, um elétron passa
por todas elas para se mover do ânodo até o cátodo. Deste modo, a resistência
total pela qual todos os elétrons serão submetidos é a soma das resistências em
série do circuito:
Req = R1 + R2 + R3 + ... + Rn
3) Para calcular a tensão (diferença de potencial elétrico) entre as extremidades de
qualquer uma das resistências do circuito, basta utilizarmos a fórmula da Primeira
Lei de Ohm, pois se já sabemos a corrente e a mesma não se altera ao longo desse
circuito, tendo a resistência, chegamos na tensão:
URn = I . Rn

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Exemplo: temos um circuito eletrônico alimentado com


uma fonte de tensão de 12 V e neste circuito existem 3
resistências em série: 10 Ω, 20 Ω e 30 Ω. Calcule a
resistência equivalente, a corrente do circuito e as
tensões
em cada uma das 3 resistências.

Passo 1) Primeiramente, devemos calcular a resistência equivalente para, com ela,


podermos calcular a corrente do circuito:
Req = R1 + R2 + R3 = 10 + 20 + 30 = 60 Ω
Passo 2) Tendo a resistência e a tensão do circuito (12 V) podemos com a Primeira
Lei de Ohm descobrir a corrente:
I = U / Req = 12 / 60 = 0,2 A
Passo 3) Agora sabemos a corrente e como na associação em série de resistências
a corrente não se altera ao longo do circuito, podemos também com a Primeira Lei
de Ohm descobrir a tensão de cada um dos resistores usando a mesma corrente:
UR1 = I . R1 = 0,2 . 10 = 2,0 V
UR2 = I . R2 = 0,2 . 20 = 4,0 V
UR3 = I . R3 = 0,2 . 30 = 6,0 V
Concluindo: Assim, teremos as seguintes características no circuito:
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2.5.2 Associação de resistências em paralelo


Quando associamos resistências em paralelo em um circuito (ou subcircuito
dentro dele), ocorre o oposto à associação em série: a tensão permanece a mesma (pois
todos as resistências estarão sujeitas à mesma diferença de potencial elétrico), mas a
corrente se divide, pois os elétrons agora possuem mais de um caminho entre o ânodo e
o cátodo (sendo que mais elétrons escolherão o caminho com menor resistência,
passando por ali a
maior corrente). Por isso mesmo, esse tipo de associação recebe o nome especial de
“Divisor de Corrente”. Um divisor de corrente é muito útil quando possuímos no circuito
componentes que suportam diferentes correntes máximas. Para formalizar e calcular as
características da associação em paralelo das resistências, podemos utilizar as seguintes
convenções:
1) A corrente se distribuirá proporcionalmente às resistências através dos
múltiplos caminhos formados pela associação em paralelo, sendo mais intensa
(passando mais elétrons) naquele caminho com menos resistência e sendo
menos intensa (passando menos elétrons) naquele caminho com mais
resistência. Como a tensão será a mesma em qualquer ponto do circuito (pois
um lado de todas as resistências é paralelo ao mesmo ânodo e o outro é
paralelo ao mesmo cátodo), obtemos a corrente em cada resistência:
In = U / Rn
2) Mesmo que os elétrons se dividam, a corrente total do circuito não se altera,
sendo, portanto, a soma das correntes individuais. Outra forma de calcular a
corrente total do circuito é encontrando a resistência equivalente (explicada
abaixo) e utilizando a Primeira Lei de Ohm, caso se saiba a tensão do circuito:

Itotal = I1 + I2 + I3 + ... + In OU Itotal = U / Req

3) A resistência equivalente do circuito acaba sendo sempre menor do que


qualquer uma das resistências individuais em paralelo pois agora a corrente se
dividirá e a oposição individual desvia elétrons para outros caminhos
possíveis. Observou se que, na prática, o inverso da resistência equivalente é
igual a soma do inverso de cada uma das resistências individuais:
�� �� �� ��
������ = ���� + ����+ ���� + ⋯ + ����
��

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Exemplo: temos um circuito eletrônico


alimentado
com uma fonte de tensão de 12 V e neste
circuito
existem 3 resistências em paralelo: 10 Ω, 20 Ω e 30
Ω. Calcule a resistência equivalente, as correntes
em cada resistência e a corrente total do circuito.
Passo 1) Primeiramente, podemos calcular as correntes individuais de cada
resistência através da Primeira Lei de Ohm, pois a tensão é exatamente a mesma
para todas elas:
I1 = U / R1 = 12 / 10 = 1,2 A
I2 = U / R2 = 12 / 20 = 0,6 A
I3 = U / R3 = 12 / 30 = 0,4 A
Passo 2) Tendo as correntes individuais, podemos calcular a corrente total do
circuito através da soma:
Itotal = I1 + I2 + I3 = 1,2 + 0,6 + 0,4 = 2,2 A
Passo 3) Outra forma de chegar à corrente total é descobrir a resistência
equivalente e após aplicar a Primeira Lei de Ohm:
�� �� �� 1 1 1
������= ����+ ����+ ����= 10 + 20 + 30 = 0,1 + 0,05 + 0,033 = 0,183
��

������= 0,183 1 = 0,183 .������ ������ =1


1

0,183 = 5,46 Ω

Aplicando a Primeira Lei de Ohm, temos:


Itotal = U / Req = 12 / 5,46 = 2,2 A
Concluindo: Assim, teremos as seguintes características no circuito:

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2.6 Potência elétrica

Sendo a principal e mais útil relação entre as duas grandezas da


eletrônica, a potência elétrica é a quantidade de energia consumida por um circuito em
um determinado intervalo de tempo. Essa quantidade de energia fluindo pelo circuito
para alimentá-lo e fazê-lo funcionar (chamado formalmente de trabalho) tem relação
direta com a tensão (força que movimenta os elétrons) e a corrente (fluxo ordenado de
elétrons movimentado por influência da tensão e dependente da resistência do circuito).
O aumento da tensão ou o aumento da corrente provocam um aumento proporcional da
potência. Podemos dizer, então, que quanto maior a potência elétrica, maior a força que
faz o circuito funcionar. Esta potência é medida em Watts (W). Formalmente, temos:
P = I . U e reordenando, temos também I = P / U e U = P / I
Se você reparar, todos os seus equipamentos eletroeletrônicos possuem a
indicação de sua potência de funcionamento. Aqueles com potência maior realizam um
trabalho que necessita de mais força. Aqueles com potência menor realizam um trabalho
que necessita de menos força. E aqui é importante observar que como a potência tem a
ver com a corrente deslocada pela diferença de potencial em uma unidade de tempo,
quanto maior a potência, maior é o gasto energético.

Exemplo 1: Um determinado motor utilizado em uma bomba


d’água foi projetado para trabalhar com tensão de 110 V, para
operar de forma otimizada com uma corrente máxima de 25 A.
Qual é a sua potência, considerando estas informações?
Aqui queremos descobrir diretamente a potência, logo: P = I . U = 25 * 110 = 2750 W

Exemplo 2: Um casal deseja comprar uma máquina de lavar roupas


para a sua casa. A ideia é poder instalá-la na área de serviço, que
possui apenas uma tomada de 10 A (com tensão 220 V). Para evitar
sobrecarga, qual deverá ser a potência máxima da máquina de lavar
escolhida pelo casal?
Aqui também queremos descobrir a potência, logo: P = I . U = 220 . 10 = 2200 W

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Exemplo 3: Um cliente viu o anúncio de dois chuveiros


elétricos
similares, ambos de tensão 220 V, mas o primeiro com
potência de
4800 W e o segundo com potência de 5600 W. Qual a corrente de
funcionamento de ambos?
Aqui queremos descobrir a corrente, sendo que temos a potência e a tensão, logo:
Chuveiro 1: I = P / U = 4800 / 220 = 21,8 A
Chuveiro 2: I = P / U = 5600 / 220 = 25,5 A
Exemplo 4: Um mecânico encontrou em um ferro velho uma
trava
elétrica com sua etiqueta parcialmente ilegível, inviabilizando a
leitura
da tensão de funcionamento. Porém, foi possível identificar a
indicação de uma potência 180 W e corrente máxima de 15 A. Com
base nessas informações, qual a tensão de funcionamento da bomba?
Aqui queremos descobrir a tensão, tendo a corrente e tendo a potência, logo: U = P / I =
180 / 15 = 12 V

3 PRINCIPAIS COMPONENTES ELETRÔNICOS


Agora que já vimos os principais conceitos sobre eletrônica, as grandezas físicas
importantes e a dinâmica da corrente elétrica, temos maiores condições de entender o
funcionamento e a aplicação dos componentes eletrônicos clássicos que compõe um
circuito. Cada componente pertence a uma família, possui características próprias e
agrega uma “funcionalidade” ao nosso circuito por conta de fenômenos característicos
conhecidos. Nesta disciplina não vamos nos aprofundar nos componentes, o que
necessitaria de meses de estudo dada a variedade e a até a complexidade de uso e
entendimento de alguns deles. Nosso intuito é, porém, conhecer suas principais
características e compreender qual a sua importância em um circuito eletrônico, nos
dando condições de poder fazer um uso básico dos mesmos, agregando características
desejadas aos nossos sistemas de IOT, vistos a partir da próxima unidade deste material.

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3.1 Resistores

Falamos bastante até agora de resistência elétrica, que é um obstáculo


que impõe dificuldade à passagem dos elétrons e, portanto, da corrente elétrica. Essa
resistência pode ser natural e intrínseca ao circuito (por causa das características dos
materiais que os compõe, como a resistividade dos condutores, por exemplo) ou pode ser
planejada, incorporando ao circuito componentes que tenham uma resistência
conhecida. Esses componentes, são os resistores. Existem resistores fixos (cuja
resistência não varia dentro de certos parâmetros de funcionamento) e resistores
variáveis (cuja resistência varia de acordo com a variação de alguma característica).
Ambos se utilizam do chamado Efeito Joule, onde a resistência se dá pela conversão de
parte da energia elétrica em energia térmica (ao seja, resistores esquentam e esse deve
ser um cuidado na hora de utilizar).
3.1.1 Resistores fixos
Os resistores mais utilizados (verdadeiros coringas dentro do mundo da eletrônica)
são os fixos, básicos para realizar o controle e o planejamento das tensões e correntes do
circuito. Esses resistores fixos (que podem ser feitos de diferentes materiais como
carbono, filmes de metal, óxidos, entre outros), utilizam um sistema de cores para
identificar a sua resistência (em Ohms) e a sua tolerância (como se fosse uma margem
de erro para cima ou para
baixo).
Os resistores fixos
comuns
são identificados com 4 faixas
(três juntas que representam a
resistência e uma separada
que
representa a tolerância). Já os
resistores fixos de precisão
(com
uma tolerância muito menor e,
consequentemente, mais
caros)
são identificados com 5 faixas
(quatro juntas que representam a
resistência e uma separada que
representa a tolerância).

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Exemplo: identificar o valor da resistência (em Ohms) e a tolerância dos resistores fixos
comuns mostrados abaixo:

3.1.2 Resistores variáveis


Os resistores variáveis são componentes muito interessantes pela possibilidade da
variação da resistência, dada as suas características. Essa variação sempre ocorre
atrelada (de forma mecânica ou automática) à mudança de outra característica e
propriedade e são elas que dão nomes especiais a estes resistores.

Potenciômetros: os potenciômetros têm suas resistências modificadas


de forma manual através do uso de um eixo que pode ser girado ou de
uma alavanca / chave que pode ser deslizada. São construídos de modo
a serem melhor aplicados para produzir variações na tensão.

Trimpots: muito similares aos potenciômetros, mas menores, com


mecanismos mais simples (muitas vezes com posições limitadas e não
lineares) e construídos para serem utilizados internamente nos
circuitos, sem acesso direto do usuário do dispositivo.

Reostatos: muito similares aos potenciômetros, mas geralmente


utilizados em circuitos de grande corrente (AC principalmente) por
serem construídos de modo a terem um comportamento mais estável
na produção de variações de corrente.

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Varistores: os varistores tem suas resistências modificadas de acordo
com a tensão aplicada a eles. Quanto maior a tensão, menor a
resistência oferecida. Deste modo, é importante observar que varistores
são resistência que não respeitam a Lei de Ohm.

LDRs: Os LDRs (Light Dependent Resistores) têm suas resistências


modificadas de acordo com a intensidade da radiação da luz que incide
sobre eles, diminuindo com o aumento dessa luminosidade. Aceitam
luzes visíveis (natural, laser) e não visíveis (como a infravermelha).

Termistores: os termistores tem suas resistências modificadas com a


temperatura. Podem ser NTC (Negative Temperature Coefficient, onde a
resistência diminui com o aumento da temperatura), PTC (Positive
Temperature Coefficient, onde a resistência aumenta com o aumento da
temperatura) e CTR (Critical Temperature Resistor, onde a resistência
aumenta abruptamente ao atingir uma temperatura limite).

3.2 Capacitores
Os capacitores são componentes eletrônicos

capazes de, quando submetidos a uma tensão,


carregar-se eletricamente e armazenar essa energia.
Ao contrário, se carregados, no momento que não
forem mais submetidos a uma tensão, passam a
liberar a energia armazenada, funcionando como
pequenas baterias. Apesar dessa semelhança, os
capacitores têm características diferentes das
baterias: armazenam cargas muito pequenas,
porém carregam-se muito rapidamente e podem liberar essa energia também
rapidamente (ou mais lentamente em associação com resistores que criem resistência em
oposição à corrente, se assim desejado). Isso é conseguido através do uso de duas placas
condutoras separadas por um material isolante (chamado de dielétrico). Quando
energizado, o capacitor carrega as placas com cargas opostas, que vão crescendo ao
longo do tempo (quanto maiores as placas, maior a carga possível). Em dado momento,
as cargas opostas estão tão altas que o material isolante cria um campo elétrico que
permite a sua passagem. Neste momento, dizemos que o capacitor está totalmente
carregado, ou seja, suas cargas estão tão saturadas que possibilitam que a energia
elétrica flua por entre as placas através do campo elétrico criado no dielétrico.

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Deste modo, enquanto estão sendo carregados, os capacitores criam uma abertura
no circuito, interrompendo o fluxo da corrente. Ao atingirem sua carga máxima, os
elétrons começam a escapar da placa que está funcionando como ânodo, atravessando o
dielétrico e entrando novamente no circuito através da outra placa e do seu terminal,
voltando a permitir que a corrente (oposta) circule no circuito. Já quando carregado
(totalmente ou parcialmente), caso a tensão à qual está submetido varie ou seja
interrompida, o capacitor passa a funcionar como bateria liberando esta carga no
circuito. Quanto maiores as placas (também conhecidas como armaduras), maior é a
carga possível de ser acumulada.
Essa capacidade de armazenar carga é conhecida como Capacitância e é medida
em Farads (F), mas geralmente é apresentada com valores baixos, sendo mais comum
encontrar submúltiplos (mF, µF, nF, etc). Apesar de serem propriedades importantes, a
compreensão da carga elétrica (medida em Coulombs), da capacitância e do impacto
delas em relação à tensão e à corrente, são conhecimentos mais complexos, que
aprofundam no campo da física e que fogem do escopo dos nossos estudos. Porém, de
forma prática, alguns dos fenômenos citados anteriormente, nos interessam pelas suas
aplicações práticas, principalmente em circuitos CC.

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3.2.1 Capacitor como temporizador


Através da informação da capacitância (C) é possível, através do ajuste de uma
resistência (R) em série com o capacitor, definir o seu tempo total de carregamento ou
descarregamento. Assim, sabemos quanto tempo ele irá demorar para permitir a
passagem de corrente a partir do momento que foi energizado (tensão aplicada nos seus
terminais) ou o tempo que irá demorar para descarregar a partir do momento que não
for mais energizado (sem tensão aplicada nos seus terminais). Esse tipo de associação
capacitor + resistor recebe o nome de “Circuito RC”. Nele, o capacitor pode funcionar
como uma chave temporizada que liga, desliga ou envia um pulso para o circuito ou um
subcircuito. Para calcular esse tempo (T), utilizamos a fórmula:
T = (R . C) . 5 (com T em segundos, R em Ohms e C em Farads)
Exemplo: Se temos um capacitor com
capacitância de
1000μF (1mF ou 0,001F) ligado em série com
um resistor
de 2kΩ (2000Ω), formando um circuito RC,
teremos que:
T = (2000.0,001) . 5 = 10 segundos para carga ou descarga

3.2.2 Capacitor como estabilizador de tensão


Quando associamos capacitores em série, a tensão aplicada causa um
desequilíbrio em cadeia durante o carregamento até que todos os capacitores entrem em
equilíbrio de carga (pois elétrons excedentes em um, são “puxados” pelos demais).
Quando esse equilíbrio é atingido, a tensão se divide entre os terminais, sendo a tensão
total igual a soma das tensões individuais e igual (ou muito próxima) à tensão aplicada.
Quando a fonte de tensão é interrompida ou sofre uma variação para baixo, os
capacitores passam a fornecer energia para o sistema, funcionando como baterias que
mantém a tensão inicial à qual foram submetidas, devolvendo-a ao sistema. Deste modo,
variações na tensão são compensadas e temos uma estabilização.
3.2.3 Capacitor como amplificador de corrente e de tensão
Quando associamos capacitores em paralelo, todos eles estão sujeitos à mesma
diferença de potencial elétrico e, por terem capacitâncias diferentes e não acontecer o
equilíbrio da associação em série (provocado pelo fenômeno eletrostático), cada capacitor
acaba se carregando com uma quantidade de carga diferente (de acordo com suas

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características) e com a mesma tensão recebida. Quando a tensão aplicada nos seus
terminais é interrompida ou varia, eles passam a funcionar como baterias em paralelo: a
tensão é limita pelo capacitor de menor tensão (apesar de iniciarem a descarga com
tensão igual e o sistema tender ao equilíbrio, mantendo uma maior paridade), porém
todos eles liberam a energia acumulada ao mesmo tempo, aumentando a corrente total
do sistema que se iguala à soma das suas correntes individuais. Deste modo,
conseguimos com os capacitores em paralelo criar um amplificador de corrente, muito
útil em diversas aplicações.
Nesta mesma configuração em paralelo, os capacitores se carregaram com cargas
diferentes, mas todos manterão a mesma diferença de potencial ao qual foram
submetidos. Se após carregados mudarmos a configuração da ligação dos seus terminais
de paralelo para em série (por chaveamento manual ou automático) e interrompermos a
tensão dos seus terminais, eles passam a se comportar como baterias em série, cuja
tensão total é igual a soma das suas tensões. Deste modo amplificamos a tensão. Esse
chaveamento de paralelo (até o carregamento) e em série (ao liberar a energia) é
fundamental pois se os capacitores já estivessem em série (como visto no uso dos
capacitores como estabilizadores de tensão), a tensão aplicada se dividiria nos seus
terminais e ao ser liberada daria origem à mesma tensão original (soma das tensões
individuais).
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3.2.4 Capacitores como disparadores de alta tensão ou alta corrente Em


todas as situações acima, tanto na associação em série quanto em paralelo, os
capacitores acumulam carga e dão origem a tensões em seus terminais. Este
carregamento pode ocorrer lentamente ou rapidamente dependendo da resistência que
estiver em série com ele e com a sua capacidade, como já visto. Mas ao descarregar,
podemos reduzir ou remover a resistência do circuito e isso fará com que a intensidade
seja muito alta pela rápida evacuação dos elétrons. Esse é o princípio utilizado, por
exemplo, nos flashs, como no circuito simplificado da figura ao lado.

3.3 Diodos
Um dos mais importantes componentes eletrônicos, os diodos

são formados de materiais semicondutores e possuem uma


característica importante: somente permitem a passagem da
corrente em um sentido, desde que aplicada uma tensão mínima
para que isso ocorra. Para entender este funcionamento,
precisamos entender um pouco sobre como um diodo é
construído e os dois lados que o compõe:
Lado N (negativo): é composto de um material semicondutor
formado por átomos que possuem 1 elétron excedente (efeito
obtido
através de um processo chamado de dopagem). Mesmo com esses
elétrons sobrando, pela natureza do material, existe uma
dificuldade para que eles possam se movimentar livremente.
Lado P (positivo): é composto de um material semicondutor formado por átomos com
déficit de elétrons, o que os obriga a compartilhar alguns, em equilíbrio frágil. Desse
modo, sua tendência é atrair elétrons para que se completem, dando origem a uma
ligação forte em lugar do equilíbrio frágil.

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Quando estes dois lados são unidos, em uma junção chamada PN, no centro da
junção, haverá um equilíbrio entre as cargas. Já as cargas mais distantes não possuem
força de atração suficiente. Porém, quando uma tensão é aplicada, dependendo da
polaridade, podem acontecer dois fenômenos diferentes.
3.3.1 Ligação inversa
O cátodo da fonte atrairá os elétrons do lado N enquanto os prótons do lado P
serão atraídos pelo ânodo da fonte. Com isso, a concentração das cargas se dará nas
extremidades do diodo e será criada no seu centro uma região neutra, chamada de “Zona
de Depleção”. Claramente neste caso, como pode ser observado na figura abaixo, isso cria
um isolamento e a corrente não circula através do diodo. O mesmo funciona, então como
um isolante, de alta resistência. Existe um ponto, porém, onde a concentração de cargas
está tão grande que o componente entra em curto-circuito, podendo ser danificado.

3.3.2 Ligação direta


O cátodo da fonte provocará uma repulsão nos prótons do lado P do diodo, do
mesmo modo que o ânodo da fonte provocará uma repulsão nos elétrons do lado N do
diodo. Assim quanto maior a tensão, maior a força que agirá repelindo as cargas cada vez
mais para o centro e diminuindo a região de depleção. Chegará um momento em que essa
região será inexistente e a proximidade entre os prótons e os elétrons será tão grande que
possibilitará que os elétrons pulem de um lado para o outro, permitindo assim a
passagem da corrente. Veja o exemplo abaixo de um diodo típico de silício, onde o
desaparecimento da zona de depleção (que permite um ponto de contato entre as duas
cargas e a consequente passagem de corrente) ocorre a aproximadamente 0,7 V. É
importante frisar que ao utilizar diodos dentro do circuito, ocorre uma queda de tensão,
consumida por ele.

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3.3.3 Outros
tipos de diodos especiais
Partindo deste princípio básico de funcionamento, os diodos podem ser
construídos a partir de diversos materiais e com diferentes configurações que podem
lhes dar uma infinidade de características diferentes que sejam úteis e encontrem
aplicabilidade. Entre os principais tipos de diodo, temos:

Diodo retificador: é o diodo mais comum, com comportamento igual


ao explicado anteriormente. Esse diodo possui especificação quanto a
tensão máxima aceita na polarização direta (chamada de Vf) e a tensão
máxima aceita na polarização reversa (chamada de Vbr). São muito úteis
na conversão de corrente AC em CC (pois só permitem a passagem da
corrente em um sentido, bloqueando o outro), na filtragem de pequenas
flutuações de tensão e no controle de polaridade de um circuito,
impedindo sua queima se a fonte CC for ligada de forma invertida.

Diodo Schottky: são diodos bastante comuns e com o mesmo princípio


básico de funcionamento. A maior diferença é que enquanto os diodos
retificadores são construídos a partir de cristais silício e germânio
(operando com tensão a partir de 0,3 V à 0,8 V na polarização direta),
os diodos Schottky são construídos a partir de metais, com zonas de
depleção muito menores e que permitem a passagem de corrente a
partir de tensões mais baixas (geralmente entre 0,1 V e 0,45 V). Além
disso, suportam uma corrente máxima maior na polarização reversa.

Diodo Zener: é um diodo especial que quando recebe polarização


reversa, provoca um efeito muito importante: permite a passagem da
corrente, mas de tal forma que mantém uma determinada tensão
constante entre seus terminais. Por exemplo, um diodo zener de 5,1 V e
com potência de 1,3 W suporta uma corrente de até 250 mA entre seus
terminais, independente da tensão recebida. Porém, se esta tensão for
ultrapassada, o diodo tende a ser danificado provocando uma abertura
no sistema (que pode ser ou não intencional, como um fusível).

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Diodo Emissor de Luz: é um fotodiodo construído para dissipar parte
de sua tensão de queda em forma de luz (e não só calor). O exemplo mais
comum é chamado de Led. Aliás, por ser um componente polarizado
temos que ter cuidado ao ligar seus terminais (sendo o mais longo deles,
o cátodo). Já um Led RGB é composto por 3 diodos que emitem, cada
um, uma cor primária da luz. Outro exemplo deste tipo de diodo é o
emissor de infravermelho, muito utilizado em controles remotos para
enviar sequências distintas para aparelhos que querem controlar.

Diodo Receptor de Luz: é um fotodiodo igual ou similar a um diodo


emissor de luz, mas capaz de captar luz. Os fótons recebidos provocam
um deslocamento dos elétrons e acabam criando um desequilíbrio entre
as camadas, o que gera uma corrente elétrica. Estes diodos são o
princípio utilizado na confecção das chamadas células fotovoltaicas,
principais componentes dos painéis solares que convertem a luz solar
em energia elétrica. Ou exemplo, são os receptores de luz infravermelha,
comuns em aparelhos operados por controles remotos.

3.4 Transistores
Os transistores são
considerados, sem dúvida, como os

mais importantes componentes eletrônicos de todos os


tempos, sendo um dos grandes responsáveis por
impulsionar a tecnologia que hoje nos cerca. A sua
flexibilidade, variedade de montagens e possibilidades
de aplicação, o tornam um componente bem difícil de
ser dominado e conhecido dentro de todo seu potencial.
Nesta disciplina, nosso objetivo é entender o funcionamento geral do tipo mais comum (e
mais utilizado) de transistor (chamado de NPN) e aprender a utilizá-lo como uma chave
eletrônica, dimensionando nosso circuito para isso. Além disso, outros dois transistores
especiais (chamados de reguladores de tensão) serão vistos, também pensando em sua
aplicação prática em nossos circuitos. Para isso, começamos com os conceitos mais
gerais sobre o seu funcionamento, aprofundando somente naquilo que nos é útil.
Basicamente, um
transistor é a
associação de junções PN. O
tipo mais
comum de transistor (que
recebe o nome
de BJT, ou Bipolar Junction
Transistor),
associa duas dessas junções, unindo
seus lados iguais. Quando a união se dá

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pelos seus lados P, temos um transistor NPN; ao contrário, quando a união se dá pelos
seus lados N, temos um transistor PNP. O lado unido (central à montagem) é chamado de
Base e os outros 2 lados iguais são chamados de Coletor e Emissor.
Na prática, este tipo de transistor funciona de forma similar à associação de dois
diodos, possibilitando a criação de duas áreas de depleção entre o emissor e o coletor,
ligados a uma fonte. Quando uma corrente é aplicada à base (entrando por ela no tipo
NPN ou saindo por ela no tipo PNP), é provocada uma diminuição na área de depleção.
Pelas
características dos seus materiais, essa diminuição já permite que uma corrente flua
entre os elementos iguais (do coletor para o emissor em transistores NPN e do emissor
para o coletor em transistores PNP). Quando maior a corrente da Base, maior é a
“abertura” (como uma válvula de água) para a passagem da corrente entre coletor e
emissor. Deste modo, os transistores do tipo BJT, podem estar em 3 estados distintos:
• Estado de corte: o estado de corte ocorre quando não existe corrente na Base (ou
existe e esta é insuficiente). Deste modo, a passagem da corrente entre emissor e
condutor está interrompida.
• Estado de saturação: o estado de saturação ocorre quando a corrente da Base atinge
um valor determinado que “abre” totalmente a passagem da corrente entre emissor
de condutor.
• Estado ativo: o estado ativo ocorre quando na base existe uma corrente nem tão
baixa para o estado de corte e nem tão alta para o estado de saturação, permitindo
uma passagem apenas parcial da corrente entre emissor e condutor.
Para melhor compreensão, podemos uma analogia desenvolvida pela Sparkfun
(www.sparhfun.com), relacionando-o com uma válvula de água. Esta válvula (base), para
abrir ou fechar, deve receber uma força (no caso do transistor uma corrente) e de acordo
com sua abertura controla o fluxo da água que passará por ela, percorrendo o cano:

Os transistores têm outra característica importante que os tornam ainda mais


únicos e interessantes: o HFE (também conhecido como “ganho” e representado pelo
símbolo β). Ele funciona como um multiplicador, fazendo com que uma pequena corrente

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na base gere a liberação de uma grande corrente no coletor, amplificando o sinal. É como
se, mantendo a analogia com a válvula de água, a mesma fosse ligada a um sistema de
esforço hidráulico que permitisse girá-la aplicando uma força mínima para isso, muito
menor do que em uma válvula de água comum.

3.4.1 Esquematização de um transistor NPN


Para facilitar nossa exemplificação, iremos nos ater ao tipo NPN (mais comum e de
mais fácil entendimento), e transformar essas observações iniciais e alguns outros
conceitos importantes em um esquema que facilite a compreensão do seu funcionamento
real em um circuito eletrônico:

• À esquerda do transistor, temos um circuito ligado a ele através da Base (por onde
entrará a corrente de controle que ajustará a corrente permitida do lado direito
entre o Coletor e o Emissor);
• Entre a fonte de tensão deste circuito de controle e a Base do transistor temos um
resistor RB que é utilizado para regular a corrente de entrada da Base. Se sabemos
a tensão da fonte do circuito de controle (VB), ajustamos a resistência para gerar a
corrente de entrada desejada.
• Para o cálculo do valor do resistor que nos entregará a corrente de base desejada,
podemos utilizar a Primeira Lei de Ohm, I = U / R. Porém, o transistor se comporta
como um diodo e alimentação da base vai consumir parte desta tensão (algo em

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torno de 0,3 V e 0,8 V). Esse valor, chamado de VBE, varia para cada transistor e é
informado nas especificações do modelo. Assim, a tensão que consideramos para
qualquer cálculo desejado deste lado do circuito de controle deve descontar esse
valor. A partir de todas essas informações, temos que, IB = (VB – VBE) / RB.
• O transistor possui um ganho (��) e, deste modo, a corrente de entrada da Base
será amplificada (multiplicada) por ele, liberando uma corrente muito mais forte
no Emissor (IE) e, indiretamente, no coletor (IC) que tentará acompanhá-la.
• Com isso, a corrente no emissor (IE) será a soma da corrente recebida do coletor (IC)
com a corrente recebida da base (IB), já amplificada. Desde modo, podemos dizer
que IE = IC + (IB . β). Como a corrente do coletor (IC) será drenada para acompanhar
a corrente que está fluindo pelo Emissor (IE), acaba sendo muito próxima a ela até
o estado de saturação. Com isso, podemos substituí-la na fórmula original e
teremos que IE = IB + (IB . β).
• Já a corrente da Base (IB) deve ser dimensionada para, após sua amplificação, gerar
no emissor uma corrente suficiente para induzir no Coletor o que ele necessita
para os componentes que estiver alimentando (se a corrente na base aumenta, a
corrente no coletor aumenta para acompanhá-la). Deste modo, se sabemos a
corrente total que precisamos no coletor, podemos calcular a corrente que
devemos aplicar na Base para induzir essa liberação. Assim, temos que IB = IC / β.
• O que será alimentado pela corrente entre coletor e emissor, deverá ser posicionado
entre o terminal do coletor e o positivo da fonte do circuito principal. Essa corrente
que passa pelo Coletor (IC) virá da fonte e atravessará esses componentes neste
caminho.
• A corrente da Base (B), entra no circuito principal e se soma à corrente do emissor
pois tem que fluir para algum lugar. Caso ela seja muito alta e gere uma corrente
no emissor superior à corrente máxima que o coletor pode fornecer, dizemos que o
transistor está saturado (ou seja, a corrente máxima que pode estar sendo
fornecida pelo coletor, está sendo). Neste momento, o equilíbrio típico do estado
ativo deixa de existir.
• Se a corrente gerada no coletor for maior do que aquela suportada pelos
componentes alimentados por ele, poderá haver dano a estes componentes. Desde
modo, geralmente utilizamos um resistor para limitar a corrente no coletor,
mantendo um nível controlado mesmo quando a corrente da base for alta e liberar
uma grande passagem ao fluxo.
• Como temos a corrente suportada pelos componentes posicionados entre o coletor e
a fonte de tensão do circuito principal e sabemos a tensão nesta fonte (VC),
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podemos calcular o valor do resistor necessário para garantir essa corrente
máxima desejada. Porém, assim como no cálculo do resistor da base, devemos
considerar que parte da tensão da fonte será consumida pelo transistor quando
entrar no coletor. Deste modo, para qualquer cálculo no circuito principal,
devemos desconsiderar esta perda, chamada de VCE (e também informada nas
especificações do transistor). Assim, IC = (VC – VBC) / RC.
Apoiados nestas informações e em posse das fórmulas apresentadas, já temos
condições de dimensionar um circuito que utilize o transistor como uma chave
disparadora que, através da base, induza entre o coletor e o emissor exatamente a
corrente necessária para alimentar os componentes desejados.

3.4.2 Exemplo de circuito com


transistor como chave de disparo Um
pequeno produtor rural resolveu desenvolver
um sistema de rega que pudesse ser acionado
à
distância através de um botão. Para isso,
possui
uma válvula de água solenoide, alimentada por
9V e que ao ser acionada para liberar a passagem
da água, necessita de uma corrente máxima de
até 0,5 A. Sabendo que o produtor possui apenas
duas fontes de tensão (uma de 12V e outra de
5V), desenhe e dimensione um circuito para ativar e desativar essa válvula com o uso do
transistor BC-548A (do tipo NPN).
Passo a passo para a solução
1) Montar o circuito baseado no esquema de uso do transistor NPN: utilizando o
esquema base, nossa única modificação estrutural é a inclusão da válvula
solenoide que queremos controlar (entre o coletor e a fonte do coletor) e um botão
que ao ser clicado permite a entrada da corrente na Base (entre ela e o positivo da
fonte que a alimenta). Além disso, já devemos incluir no esquema os valores das
fontes. Como só possuímos uma fonte de 12V e outra de 5V, claramente a de 12V
deve ser a que alimentará a válvula (que trabalha com 9V). Assim, a fonte de 5V
pode ser utilizada no circuito de controle da Base. Além disso, esta válvula
necessita de uma corrente máxima de 0,5 A que deverá ser fornecida pelo coletor.
Assim, a corrente do coletor deverá ser também de 0,5 A.

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2) Buscar as especificações do transistor: todo componente eletrônico possui um


datasheet, que contém seus detalhes técnicos e características descritas. Entre
todas as informações do transistor, três são fundamentais para nós: o ganho
(identificado como ou β ou HCE), a queda de tensão na base (identificada como
VBE) e a queda de tensão no coletor (identificada como VCE). Perceba que no trecho
abaixo retirado do datasheet do transistor BC-548A, os valores são informados
não de forma precisa, mas dentro de uma faixa de operação que possui uma
margem de erro aceitável e conhecida.
Como regra, quando trabalhamos com circuitos eletrônicos de baixas correntes,
consideramos o ganho mínimo e as quedas de tensões mínimas. Esses valores
chegam perto ao máximo quando o transistor opera em situações mais extremas, o
que não é nosso caso. Então, nosso �� = 110, VBE = 0,58 V e VCE = 0,25 V.

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3) Calcular a corrente da Base (IB): podemos iniciar nossos cálculos descobrindo


qual a corrente devemos aplicar na base para conseguir estimular a corrente total
necessária pelo coletor para o acionamento da válvula solenoide. Como já sabemos
o β do transistor e a corrente necessária ao coletor (0,5 A), podemos usar a
fórmula:
IB = IC / β = 0,5 / 110 = 0,0045 A (ou 4,5 mA).

4) Calcular o resistor de controle da corrente da Base (RB): Agora


temos todas as informações que necessitamos para
calcular o resistor
necessário no circuito de controle para garantir essa
corrente de 0,0045 A na base. Aqui, como explicado
anteriormente, devemos considerar que parte da tensão
será dissipada pela base e o valor dessa queda (VBE) já
descobrimos no datasheet do transistor (0,58 V). Com isso:
IB = (VB – VBE) / RB, onde devemos isolar RB (o que queremos calcular). Então:
RB = (VB – VBE) / IB = (5 – 0,58) / 0,0045 = 4,42 / 0,0045 = 982,2 Ω
Como não existe um resistor com esse valor, devemos buscar o resistor comercial
com o valor mais próximo. Neste caso, será o de 1000Ω (1kΩ).

5) Calcular o resistor de controle da corrente do Coletor (IC):


também já temos todas as informações que
necessitamos para calcular o
resistor necessário entre a fonte do circuito principal e
o coletor (RC) para garantir a limitação da corrente que
passará pela válvula solenoide. Parte da tensão desta
fonte será dissipada pelo transistor ao entrar pelo
coletor e também já buscamos do datasheet esta queda
chamada de VCE. Assim, temos:
IC = (VC – VCE) / RC, onde devemos isolar RC (o que queremos calcular). Então:
RC = (VC – VCE) / IC = (12 – 0,25) / 0,5 = 11,75 / 0,25 = 47 Ω
Existe um resistor comercial com esse valor, portanto RC será exatamente 47 Ω.
Caso não existisse, por segurança, deveríamos procurar o resistor com valor

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comercial mais próximo e MAIOR do que o que calculamos, pois escolher um
resistor com valor menor, permitiria uma corrente superior à máxima suportada.
6) Calcular a corrente do emissor: somente para complementar o dimensionamento
e as informações no nosso circuito, a única informação que está faltando é a
corrente que atravessará o emissor (IE). Como ela é a soma das correntes do
coletor (IC) e da corrente da base já amplificada (IB . β), temos:
IE = IB + (IB . β) = 0,0045 + (0,0045 * 110) = 0,0045 + 0,495 = 0,5 A (arredondando).
7) Anotar todas as informações no circuito: nosso circuito já está totalmente
dimensionado e toda vez que o botão for pressionado, uma corrente de 4,5mA na
base irá liberar uma corrente de 0,5 A no coletor, acionando a válvula solenoide e
liberando o fluxo de água que fará a rega da horta. Vamos então, finalmente,
anotar
todas os valores calculados ao nosso esquema:
3.4.3 Transistores Reguladores de Tensão Fixos e Variáveis
Existem algumas categorias de transistores que são especialmente úteis pois
aproveitam-se de suas características de duplo diodo para conseguir regular e garantir
uma determinada tensão de saída, independentemente da tensão de entrada. Apesar de
podermos fazer o mesmo com resistores em série (divisor de tensão, sem filtro de
flutuações) e com diodos, estes transistores são muito mais fáceis de usar, seguros (com
proteção interna) e estáveis (estabilizando a tensão). Veremos então dois desses
transistores de regulação de tensão, sendo um deles fixo e o outro regulável.

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Regulador de tensão fixo com o LM78xx


Essa família de transistores reguladores é a mais comum e
barata
do mercado, contando com proteção contra curto-circuito em
sua
saída. Possui tensão de saída fixa (sendo mais inflexível),
porém
não necessita de nenhum outro componente adicional. O valor
dessa tensão de saída dá origem aos dois últimos números do
nome ao transistor: LM7805 (5 V), LM7806 (6 V), LM7808 (8
V),
LM7812 (12 V), LM7815 (15 V), LM7818 (18 V), LM7824 (24 V). O
seu uso é muito simples: basta conectar ao pino 1 a tensão a ser
regulada e o pino 2 ao terra (GND). Assim, automaticamente a tensão de saída do pino 3
será a indicada pelo transistor da família LM78xx escolhido. Para que tudo funcione de
forma segura e sem surpresas, precisamos ter alguns cuidados:
• Tensão máxima de entrada a ser regulada: máximo de 35 V (com exceção do
transistor LM7824 que suporta até 40 V na entrada).
• Para a tensão de saída ser garantida, a tensão de entrada deve ser no mínimo 3 V
maior do que ela.
• A corrente máxima utilizada pelo subcircuito que utiliza a tensão de saída deve ser
limitada à 1 A.
• A potência dissipada deve ser calculada e se o seu valor superar 1W, o transistor
deverá utilizar um dissipador de calor. Para esse cálculo, P = (Ventrada – Vsaída) / Isaída.

Transistor regulador de tensão LM317 (variável): o


transistor
LM317 é também um regulador de tensão, com uso um pouco
mais difícil do que os da família LM78xx, porém com uma
grande
vantagem: através da combinação de 2 resistores é possível
regular a tensão de saída desejada. Para o seu uso, também é
suportada uma tensão de entrada de até 40 V, com tensão de
saída entre 3 e 37 V (pela queda de tensão dissipada) e corrente
máxima de 1 A. Quanto ao seu uso, o LM317 pode compor
diversas montagens diferentes que variam a sua aplicação. Porém, para ser utilizado
como um regulador de tensão variável (seu principal propósito), devemos reproduzir o
circuito abaixo:

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Nesta configuração, independente de qual for a tensão de


entrada (desde que seja até 40 V), a tensão de saída é
definida
pela combinação dos resistores R1 e R2.
Uajustada = 1,25 . (1 + R2/R1)
Também podemos isolar os resistores para descobrir quais
valores devem possuir para chegar à tensão de saída desejada:
R1 = R2 / ( (Vajustada/1,25) – 1)
R2 = ( (Vajustada/1,25) – 1) . R1
Na prática, escolhemos o valor de um dos resistores (com um chute ou alguma
estimativa caso se precise limitar uma corrente) e assim calculamos o outro resistor que
em conjunto garante a tensão. Outro cuidado importante é descobrir a potência dos
resistores a serem utilizados (comercialmente temos resistores na casa dos mW até os W)
e se o transistor vai atingir a potência de 1W, a partir da qual o mesmo deve ser
associado a um dissipador de calor que impeça a queima do componente. Para isso,
usamos as seguintes fórmulas:
PR1 = 1,25 . 1,25 / R1
PR2 = (Vajustada – 1.25) . (Vajustada – 1.25) / R2
Plm317 = PR1 + PR2

Exemplo: Imagine que precisamos obter uma tensão de saída de 10 V com o LM317. A
primeira observação é que a tensão de entrada pode variar entre qualquer valor entre 13
V (por conta dos 3 V de perda) e 40 V (tensão máxima suportada na entrada). Para os
resistores, vamos “chutar” um valor para o R1 (240 Ω, por exemplo) e a partir daí
podemos encontrar o R2:
R2 = ( (Vajustada/1,25) – 1) . R1 = ( (10/1,25) – 1) . 240 = 7 . 240 = 1680 Ω = 1,680 KΩ
Assim, utilizando o transistor LM317 associado a um resistor de 240 Ω com um
resistor de 1,6 KΩ (o comercial mais próximo), garantimos uma tensão de 10V regulada
na saída. Porém, precisamos verificar a potência dos resistores e do transistor para
garantir a segurança da operação:

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PR1 = 1,25 . 1,25 / R1 = 1,25 . 1,25 / 240 = 1,5625 / 240 = 0,0065 W (ou 6,5 mW)
PR2 = (Vajustada – 1.25) . (Vajustada – 1.25) / R2 = (10 – 1,25) . (10-1,25) / 1600
= 8,75 . 8,75 / 1600 = 0,0478 W = 47,8 mW
Plm317 = PR1 + PR2 = 0,0065 + 0,0478 = 0,0543 W (ou 54,3 mW)
Assim, verificamos que o transistor não necessita de um dissipador (pois não
atingiu o limite de 1W) e que resistores de 1/8 W (os mais comuns no mercado) atendem
com uma boa margem de segurança.

4 ELETRÔNICA DO DIA A DIA


Os conceitos básicos de elétrica e eletrônica são importantes não somente para a
sua aplicação técnica e profissional, mas também no nosso dia a dia. Esse tópico é uma
miscelânea de aplicações práticas do conhecimento adquirido até aqui.

4.1 Tomadas, padrões e tipos de ligação


O
chamado novo padrão brasileiro de

tomadas e plugs foi uma forma de padronizar o uso


através de um modelo universal a qualquer
equipamento, substituindo cerca de 6 padrões
diferentes que eram utilizados simultaneamente.
Além disso, o novo padrão busca segurança, visto
que conta com um pino terra (para aterramento) e
os pinos do plug ficam escondidos no interior da
tomada, protegendo contra choques acidentais. O
pino central é o terra, que deve ser aterrado para evitar pequenas descargas e choques e
para proteção em situações de sobrecarga (raios por exemplo). Já o pino à esquerda do
pino terra (com ele voltado para baixo) é o pino da fase, sendo o pino à direita o neutro
ou, em caso de redes bifásicas, a segunda fase. Apesar da rede elétrica ser alternada (ou
seja, alterna o sentido de entrada e saída da corrente) e, na prática, a tomada funcionar
normalmente se o fase e o neutro forem invertidos, os equipamentos eletroeletrônicos são
construídos de modo a ter uma proteção contra sobretensão e sobrecorrente na entrada
deste pino. Com isso, perde-se essa proteção se os lados não forem respeitados. Ao
desmontar uma tomada e ter acesso aos fios que descem internamente pela parede, ou

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mesmo ao puxar uma extensão de outra tomada, é
importante descobrir qual dos dois é o fase para que a
montagem seja correta. Para isso podemos usar uma
chave teste, encontrada em qualquer ferragem.
Existem
vários modelos, desde os mais simples com um led que
acende ao tocar o fase, quanto eletrônicos mais
elaborados que indicam inclusive a tensão. Caso se deseje
instalar uma tomada nova a partir dos cabos internos da
parede, as cores já são um indicativo (apesar de o teste ser
sempre recomendado para evitar acidentes caso o padrão de
cores não tiver sido respeitado pelo eletricista que criou a rede elétrica do local).
Com esses cuidados, a montagem de
uma
tomada simples torna-se segura e fácil de
fazer. Porém, podem surgir algumas
dúvidas
quando uma tomada dupla for montada.
A
regra aqui, é que os pinos de mesmo tipo
devem ficar paralelos entre si (fase com
fase
e neutro com neutro). Para isso, basta
utilizar um fio ligando os dois fios fase (e que
deve ser ligado ao fio fase da instalação
elétrica) e um outro fio diferente ligando os
dois neutros (e que deve ser ligado ao fio neutro da instalação elétrica). Na imagem acima
temos uma exemplificação de como os fios devem ligar-se aos pinos
na
parte interna da tomada. Perceba que foram apresentados dois
padrões: o invertido (ou cruzado) e o linear. As tomadas duplas fixas já
são vendidas no padrão cruzado e recomenda-se o mesmo padrão ao
montar uma tomada modular. Carregadores e fontes de energia tem o
seu corpo voltado para a horizontal em relação aos pinos ou então
vertical, mas com o corpo voltado para o sentido do pino terra. Caso
nossa tomada seja linear, será impossível conectar dois deste tipo nela.

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4.2 Dimensionamento de tomadas e fios

As tomadas do novo padrão brasileiro são classificadas em dois tipos: 10


A e 20 A. Isto se deve à corrente
máxima suportada por elas.
Visualmente, a diferença é no
diâmetro dos furos. A de 10 A possui furos menores e só aceita plugs de 10 A. Já a de 20
A possui furos maiores e aceita tanto plugs de 10
A quanto plugs de 20 A. Obviamente, as
tomadas de 20 A são melhores
(suportam maior carga) mas mais caras.
Em casa, são poucos os equipamentos eletroeletrônicos que necessitam de uma
tomada de 20 A, entre eles os mais comuns são: secador de cabelo, chapinha elétrica,
forno elétrico, forno microondas, cafeteira de cápsulas, aquecedor, secadora de roupas,
máquina de lavar e ferro de passar. Se vamos utilizar esses equipamentos na tomada,
necessariamente ela deve ser de 20 A. Porém, mesmo que
seja para uso somente com equipamentos de baixa ou média
potência, talvez a tomada de
20 A também seja necessária. Para isso, necessitamos
descobrir
a corrente de cada equipamento, através da tensão (que
sabemos) e da potência (informada através de etiquetas) com
a
fórmula I = P / U. O mesmo cuidado que vale para a tomada,
vale para os fios utilizados para conectá-la à rede elétrica (ou
para criar uma extensão conectada a ela). Quanto aos fios,
existe
uma relação entre a sua seção transversal e a corrente máxima
suportada. Essa relação é mostrada na figura à direita e deve ser
consultada para auxiliar na escolha.
Exemplo: Precisamos construir um espaço para um pequeno
escritório particular, utilizando uma parte da sala de estar.
Porém, neste espaço
não existe tomada. Nosso objetivo é instalar uma nova
tomada simples, de tensão 110 V. Ela será posicionada
próxima a uma bancada, onde deverá ser montada uma
extensão (com entrada para 6 equipamentos) a ser conectada nela. Então é necessário
dimensionar a tomada, o fio da tomada que à ligará à rede elétrica e o fio da extensão.
Para este exemplo, vamos imaginar dois cenários, com equipamentos similares, mas de
potências diferentes.

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• Situação 1:
Carregador de 15 W → I = 15 / 110 = 0,14 A
Desktop com fonte de 300 W → I = 300 / 110 = 2,73 A
Monitor 21’ de 28 W → I = 28 / 110 = 0,25 A
Televisão 32’ de 65 W → I = 65 / 110 = 0,59 A
Playstation 3 de 55 W → I = 55 / 110 = 0,50 A
Ventilador pequeno de 40 W → I = 40 / 110 = 0,36 A

Nesta situação, a soma das correntes chega a um valor de 4,6 A. Deste modo, a
tomada de 10 A será suficiente para suportar a carga necessária, e com uma boa
margem de segurança, operando longe do seu limite máximo. A corrente máxima
que passará pela tomada (e pela extensão consequentemente), permitiria o uso de
um fio com seção transversal a partir de 0,5mm (que suporta até 6 A) tanto na
tomada quanto na extensão. Porém, mesmo que a corrente máxima não vá ser
atingida, geralmente dimensionamos como se fosse. Nesse caso, tomada e extensão
deveriam suportar 10 A e assim necessitam utilizar um fio de seção transversal a
partir de 0,75mm (que suporta exatamente 10 A, mas estaria no limite) ou um fio
com seção transversal a partir de 1,0mm (que suporta 12 A, tendo então uma
folga).

• Situação 2:
Carregador turbo power de 55 W → I = 55 / 110 = 0,5 A
Desktop gamer com fonte de 500 W → I = 500 / 110 = 4,5 A
Monitor 29’ de 68 W → I = 68 / 110 = 0,6 A
Televisão 58’ de 200 W → I = 200 / 110 = 1,8 A
Playstation 4 de 250 W → I = 250 / 110 = 2,3 A
Ventilador grande de 108 W → I = 108 / 110 = 1,0 A
Já nesta situação, mesmo com equipamentos “similares”, a soma das correntes
chega a um valor de 10,7 A. Deste modo, a tomada de 10 A será insuficiente para
suportar a carga necessária, sob risco de superaquecimento, derretimento e curto
circuito. Obviamente a escolha deverá ser pela tomada de 20 A. De forma análoga
ao exemplo anterior, se olharmos para a corrente máxima consumida pelos
equipamentos, seria necessário um fio com seção transversal mínima de 1,0mm
(suportando até 12 A, perto do limite de 10,7 A necessários) ou com seção
transversal mínima de 1,5mm (suportando até 15,5 A, com uma folga). Já se

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olharmos para os 20 A da tomada e quisermos um dimensionamento mais seguro
que permita a ela trabalhar com carga máxima (caso os equipamentos sejam
substituídos por similares ainda mais potentes no futuro), seria necessário um fio
com seção transversal mínima de 2,5 mm (suportando até 21 A, perto do limite de
20 A necessários em carga máxima) ou com seção transversal mínima de 4,0mm
(suportando até 28 A, com uma folga).

4.3 Disjuntores e dimensionamento da rede

Os disjuntores são chaves de proteção que ao receberem na entrada uma


corrente maior do que a dimensionada para suportarem, desarmam (abrem) e
interrompem essa corrente. Eles são fundamentais para proteger a rede elétrica de
sobrecargas e servem como uma interface entre a entrada da rede elétrica e nossos
equipamentos eletroeletrônicos. Os disjuntores são instalados no QDC (Quadro de
Distribuição de Circuitos), a nossa famosa “Caixa dos disjuntores”. A partir dela, são
ligados em paralelo à rede principal e cada um dá origem a uma rede independente à
qual controla. Não nos interessa aqui explicar como um disjuntor é instalado pois para
isso é necessário um conhecimento técnico aprimorado (número de fases, tipo de rede,
características desejadas, etc) e qualquer erro pode levar a sérios problemas, como curto
circuitos e incêndios. Porém, conhecer como funcionam e saber os seus valores nos
ajudam a dimensionar as tomadas e, consequentemente, os aparelhos que podemos
conectar em cada segmento. Vamos observar a rede abaixo, com 3 disjuntores já
instalados em nossa QDC, cada um controlando um segmento diferente de nossa rede.
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O primeiro disjuntor suporta 40 A e controla três tomadas ligadas ao segmento A. O


segundo disjuntor suporta 20 A e controla apenas um ar condicionado ligado ao
segmento B. O terceiro disjuntor suporta 30 A e controla um chuveiro e uma tomada
ligados ao segmento C. Para entender o uso destes disjuntores e o dimensionamento da
rede e dos nossos equipamentos, vamos refletir sobre algumas perguntas:
1) No disjuntor do segmento A, as três tomadas podem ser de 20 A?
Sim e não. Não é a tomada a responsável pela corrente que circulará pelo
segmento e sim os equipamentos conectados a ela. Imagine que em cada uma
colocamos uma extensão onde mais 5 equipamentos podem ser ligados. Se, por
exemplo, a soma da corrente na primeira tomada (já vimos anteriormente como
calcular a corrente máxima através das potências dos equipamentos) ficar em 12
A, a da segunda em 6 A e a da terceira em 8 A, a corrente total no segmento A
será de 26 A, suportada pelos disjuntores. Porém, se colocamos as três tomadas
de 20 A, abrimos a possibilidade de termos, em todas elas, equipamentos de
média ou alta potência. Imagine que em uma toma temos um aquecedor necessita
de 15 A, em outra tomada uma torneira elétrica que necessita de 12 A e na outra
tomada um micro-ondas que necessita de 14 A. Se olharmos individualmente,
nenhum desses equipamentos ultrapassa os 20 A suportados pelas suas
respectivas tomadas. Porém, a corrente total gerada será de 41 A, superior à
suportada pelo disjuntor. Então, toda vez que os 3 equipamentos forem ligados
juntos, uma sobrecarga será gerada no disjuntor e o mesmo irá desarmar para
evitar danos à rede. Já se tivéssemos uma tomada de 20 A e duas de 10 A,
somente na primeira poderíamos ligar equipamentos de média ou alta potência,
pois nas de 10 A os plugs nem entram. Assim, mesmo que todas trabalhassem na
carga máxima suportada, ainda assim a soma das correntes seria de 40 A, a
mesma suportada pelo disjuntor. Assim, temos um melhor dimensionamento no
segmento.
2) Se o segmento B for de 110V, qual seria a potência máxima recomendada para
o ar-condicionado?
Primeiramente, devemos consultar a potência do ar-condicionado que desejamos,
pois, todos equipamentos eletroeletrônicos possuem essa informação. Para fins de
exemplo, vamos uma a tabela abaixo que estima a potência média comercial de
acordo com a potência de refrigeração (dada em BTU):

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Ar-condicionado 7.500 BTU ≅ 1000 W


Ar-condicionado 9.000 BTU ≅ 1200 W
Ar-condicionado 10.000 BTU ≅ 1350 W
Ar-condicionado 12.000 BTU ≅ 1650 W
Ar-condicionado 15.000 BTU ≅ 2300 W
Ar-condicionado 18.000 BTU ≅ 2500 W

Com a potência e a tensão, chegamos à corrente. Vamos calculá-la então com a


fórmula I = P / U. Com isso, descobriremos que o ar-condicionado escolhido
deverá ser de no máximo 12000 BTU, pois os demais ultrapassam a corrente de
20 A suportada pelo disjuntos que projete o segmento B.

Corrente do Ar-condicionado de 7500 BTU = 1000 / 110 = 9,1 A


Corrente do Ar-condicionado de 9000 BTU = 1200 / 110 = 10,9 A
Corrente do Ar-condicionado de 10000 BTU = 1350 / 110 = 12,3 A
Corrente do Ar-condicionado de 12000 BTU = 1650 / 110 = 15,0 A
Corrente do Ar-condicionado de 15000 BTU = 2300 / 110 = 20,9 A
Corrente do Ar-condicionado de 18000 BTU = 2500 / 110 = 22,7 A

3) Se o segmento C for de 110 V e o chuveiro tiver potência de 3200 W,


poderemos ligar outro equipamento eletroeletrônico na tomada do segmento?
Sim, mas desde que ele nunca seja ligado enquanto o chuveiro está sendo
utilizado! Pela mesma lógica do exemplo do ar-condicionado, a corrente do
chuveiro seria de 3200 / 110 = 29,1 A. Assim, o chuveiro em potência máxima
consome quase o limite de corrente suportada pelo disjuntor. Se quisermos ligar
um secador de cabelo de 250 W, o mesmo irá necessitar de 250 / 110 = 2,3 A.
Então, com os dois ligados, a corrente no segmento chegará à 32,2 A e o disjuntor
desarmará.
4) Podemos resolver esse problema aumentando o disjuntor para 60 A?
NÃO! A proteção dos disjuntores está justamente no fato de eles limitarem a
corrente em um segmento. Uma das coisas mais perigosas que se pode fazer (e
acredite, é mais comum do que se imagina) é, incomodado por um disjuntor que
desarma toda hora, alguém substituí-lo por outro de maior capacidade. Isso
permitirá correntes muito altas que podem incendiar os fios do segmento sem que
o disjuntor desarme. Muitas vezes, o disjuntor é dimensionado justamente
pensando na máxima corrente que os fios utilizados no segmento suportam.

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5) Como dimensionar um disjuntor com base na seção transversal dos fios
utilizados no segmento?
Simples! Basta consultar a mesma tabela apresentada quando falamos em
corrente máxima suportada por cada seção transversal de fio no
dimensionamento de tomadas. Se o segmento utiliza fios de 4mm, então o
disjuntor do segmento deve ser de no máximo 28 A (preferencialmente um pouco
menos para que eles não trabalhem no limite).
6) Se quisermos instalar um chuveiro de 7500 W em uma rede 220 V, qual
deverá ser o disjuntor escolhido e o fio a ser utilizado no segmento?
Primeiramente vamos descobrir a corrente que o chuveiro necessita. I = 7500 /
220 = 34 A. Assim, um disjuntor de 40 A estaria adequado, com uma folga de 4 A
para situações de sobrecarga. Já o fio com seção transversal mais próximo de
suportar essa corrente é o de 6mm. Apesar de ser suficiente, cobrindo os 34 A
necessários, como o disjuntor permite a passagem de 40 A em situações de
sobrecarga, se esta situação acontecer, os fios derreterão antes do disjuntor
desarmar. Então, por segurança, o ideal seria utilizar um fio com maior seção
transversal. O mais próximo é o de 10mm que suporta 50 A. Mas isso não nos
traria um problema em caso de sobrecarga já que o fio deixaria passar 50 A? Não,
pois se isso acontecer o disjuntor irá desarmar ao atingir 40 A. Assim, temos um
sistema bem dimensionado, com disjuntor suportando corrente próxima a do
chuveiro (e com uma margem de segurança) e com um fio que não será danificado
em caso de sobrecarga antes do disjuntor desarmar.

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CURSOS TÉCNICOS – EIXO TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO UNIDADE 3 – INTRODUÇÃO AO ARDUINO

5 ARDUINO – ASPECTOS INICIAIS


O Arduino é a placa de prototipagem mais conhecida do
mundo, sendo uma das primeiras a levar ao extremo o
conceito de simplificar e popularizar a eletrônica. Foi
criada em 2005 na Itália por 5 pesquisadores: Massimo
Banzi, David Cuartilles, Tom Igoe, David Mellis e Gianluca
Martino. Seus principais objetivos era ser barata,
funcional, simples de programar e simples de conectar a outros dispositivos, como
sensores e atuadores. Para isso, utilizaram um microcontrolador Atmel, muito popular na
época por possuir portas analógicas e digitais, portas de tensão, portas de comunicação e
uma série de outras portas especiais, porém extremamente difícil de programar com as
plataformas comumente utilizadas (como linguagem Basic ou mesmo Assembly). Então
se apresentavam dois problemas a serem resolvidos: facilitar o acesso às portas
(geralmente era necessário soldar fios e componentes diretamente nas portas do
microcontrolador ou criar uma placa de circuito) e facilitar a programação e o envio do
programa ao chip. Aproveitando-se de uma IDE desenvolvida por um colega de Massimo
(Casey Reis), o Processing (que tornava muito fácil a criação de descrições visuais e com
uma linguagem de alto nível muito simples de aprender), foi desenvolvido o Wiring.
Hernando Barragán, desenvolvedor do Processing, trabalhou ativamente com o time do
Arduino para modificar a sua linguagem e dar origem a uma interface simples, amigável
e poderosa. A mesma era capaz de trabalhar com C e C++ (as linguagens mais populares
e utilizadas no mundo até hoje) e ao mesmo tempo com bibliotecas especialmente
desenvolvidas para oferecer métodos simples de acesso às funcionalidades do microchip
Atmel. Após algumas melhorias e ajustes (como a incorporação de uma interface USB
com a placa para o fácil upload dos programas), nascia em 2005 a primeira das muitas
placas Arduino.

5.1 Principais tipos de Arduino

A popularização do Arduino fez com que a placa tivesse uma série de


variantes diferentes, com características diferentes que tornassem o uso de uma ou de
outra mais adequado a diferentes tipos de projetos. Essa flexibilidade foi um dos motivos
que ajudo ainda mais na popularização da plataforma e na sua incorporação em massa
em projetos tanto acadêmicos, quanto do mundo Maker.

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5.1.1 Arduino Uno


O primeiro Arduino comercial e, sem dúvida alguma, o mais popular. O Arduino Uno alia
a simplicidade de uso com um dimensionamento que o torna
adequado à maioria dos projetos, sendo, ao mesmo tempo, um dos
mais baratos e
acessíveis de toda a família. Utiliza um microcontrolador
Atmega328 possuindo 14 portas digitais (sendo 6 delas PWM) e
6 portas analógicas, além de contar com portas de comunicação
I2C (SDA e SLC) e outras portas especiais. A alimentação
recomendável via USB é 5 V e via entrada de energia entre 7 V
e 12 V (sendo suas saídas de 5 V).
5.1.2 Arduino Mega
Desenvolvido para grandes projetos que necessitem da conexão de um grande número de
sensores e atuadores. Oferece, entre todos os Arduinos, o maior número de portas
analógicas e digitais. Utiliza um microcontrolador Atmega2560
e possui 54 portas digitais (sendo 15 delas PWM) e 16 portas
analógicas, além de contar com portas de comunicação I2C
(SDA e SLC) e outras portas especiais. A alimentação é idêntica
ao Arduino Uno com saídas também de 5 V. Outra diferença é
a grande memória interna em comparação com o modelo
anterior (256 KB contra 32 KB).

5.1.3 Arduino Nano


De um Arduino gigante, vamos diretamente para um Arduino compacto. O Arduino Nano
foi uma das primeiras tentativas de desenvolver uma placa que primasse pelas pequenas
dimensões, de modo a ser utilizada em projetos que necessitassem acomodar a própria
placa e o circuito eletrônico do entorno, em um encapsulamento
relativamente pequeno (inclusive, conectado diretamente em
uma protoboard, facilitando ainda mais o uso). Podemos dizer
que ele é uma versão em miniatura do Arduino Uno pois utiliza
o mesmo microcontrolador e possui as mesmas características

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CURSOS TÉCNICOS – EIXO TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO dele, com exceção da conexão USB do tipo micro para acompanhar o
seu tamanho enxuto.

5.1.4 Arduino Pro Mini


Ainda dentro das placas enxutas, o Arduino Pro Mini foi desenvolvido para ser o menor
da família e o mais adequado para projetos compactos e que necessitem de um número
de portas não superior ao suportado pelo Nano (e consequentemente pelo Uno). Porém
esta redução de tamanho cobrou um preço: ele perdeu sua porta de comunicação USB e
o seu bootloader, sendo necessário conectá-lo através dos pinos RX e TX a outro Arduino
para permitir o upload do código na placa. Outra perda foi da porta
de alimentação, necessitando-se soldar o negativo da fonte a
um dos seus GND e o positivo à sua porta Vin. Utiliza
microcontrolador Atmega168 e possui uma versão com saídas
de 5 V e outra versão com saídas de 3,3 V.

5.1.5 Arduino LilyPad


O mais fino e um dos mais diferentes Arduinos, o LilyPad foi especialmente desenvolvido
para o desenvolvimento de projetos para wearables (vestíveis), permitindo a sua fácil
incorporação sem fazer volume, de modo a ser facilmente escondido. Em formato circular,
a disposição dos seus pinos visa facilitar as saídas em todas as direções, utilizando como
substituto aos fios, uma linha especial composta por finíssimos fios de cobre, muito
flexível, resistente e fina o suficiente para ser costurada à placa e à roupa. Utiliza
microcontrolador Atmega328P, contando com 14 portas digitais (6
deles PWM) e 6 portas analógicas, operando com uma alimentação
entre 2,7 V e 5,5 V
(e saídas 3,3 V), possuindo ainda um pino especial para a
ligação de baterias de Íon-Lítio para sua alimentação. Também
não conta com interface USB (sendo necessária sua ligação à
outra placa ou a uma interface FTDI para upload do seu código).

5.1.6 Arduino Leonardo


O primeiro Arduino a utilizar o microcontrolador ATmega32u4, que dá a ele uma
característica especial: pode ser reconhecido pelo dispositivo ao qual está conectado via
USB como um mouse, teclado ou joystick. Isto permite que a placa envie sequências

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binárias interpretadas como caracteres, como comandos ou como
ordens de movimentação do ponteiro do mouse, o que, na prática,
possibilita o controle do dispositivo ao qual está conectado.
Imagine o Leonardo ligado em um Windows que necessitamos
enviar um sinal de desligamento quando determinada situação
ocorrer, ou escrever diretamente em um documento do Word, ou
então controlar o mouse permitindo realizar interações com a
interface. As possibilidades são expandidas com o uso do chip ATmega32uA. Quanto a
portas, alimentação e saídas, ele se equipara ao Arduino Uno.

5.1.7 Arduino Due


Esta é a primeira placa da família Arduino a ser equipada com um microcontrolador ARM
(no caso, um ARM Cortex-M3), sendo, até o momento, o mais rápido e com maior poder
de processamento pelo seu chip de 32 bits. Isso o torna especialmente útil em projetos
onde necessitamos de rapidez, processamento poderoso e tomada de decisões rápidas.
Além disso, em tamanho, se equipara a um Arduino Mega,
possuindo 54 postas digitais (12 delas PWM), 12 portas
analógicas, 4 portas seriais adicionais, além de 2 portas 2TWI
que são compatíveis com o padrão de comunicação I2C
porém com mais recursos. Apesar de tensões típicas de
entrada da maioria dos Arduinos maiores (7 V à 12 V), suas
saídas são de 3,3 V.
5.1.8 Arduino Esplora
Este Arduino foi desenvolvido para agradar os entusiastas do movimento maker, amantes
de games e pessoas que necessitam do desenvolvimento de interfaces de controle (de
hardware ou software) usando o Arduino. Esta placa foi pensada para possuir integrados
ao seu encapsulamento, componentes de controle, como por exemplo um joystick
analógico, acelerômetro para captura de movimentos,
push buttons, botões de ajuste, conectores, além de led
RGB, buzzer e motor de
vibração. Também possui uma interface de conexão que
permite a fácil associação de displays coloridos. Assim,
este Arduino torna-se um controle completo. Utilizando
microcontrolador ATmega32u4, pode ser reconhecido

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facilmente como um dispositivo USB e simular para o sistema operacional ao qual está
conectado, ser um joystick, um teclado ou um mouse.

5.1.9 Arduino Romeo


Ainda nos Arduinos de uso mais específico, o Arduino Romeo foi especialmente projetado
para o desenvolvimento de robôs e projetos de automação com atuadores mecânicos. O
microcontrolador ATmega32u4 (que permite a integração com dispositivos externos via
USB e realizar controles no mesmo) é montado em um encapsulamento que oferece uma
placa com até 4 controladores lógicos para motores de passo ou
servo motores, 3 pontes H para inversão polarizada em motores
DC, conexão para
módulo de comunicação via bluetooth ou rádio FM, entre
outros. Conta com 20 portas digitais (sendo 7 delas PWM), 12
portas analógicas e algumas portas especiais para facilitar
tarefas de automação. Além disso, suporta tensões de entrada
de até 20 V com saídas de 5 V.

5.1.10 Tabela comparativa de especificações técnicas


Contamos hoje com mais de 20 modelos de Arduino diferentes, cada um com suas
peculiaridades e especificidades que os tornam mais adequados a diferentes situações.
Para servir com um guia rápido, apresentamos uma tabela comparativa entre os modelos.

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5.2 Portas do Arduino


Como visto até aqui, os Arduinos possuem uma série de portas
diferentes, cada uma dedicada a um determinado fim e em números diferentes. Ao
planejar um projeto, conhecer essas portas é fundamental para dimensionar nosso
circuito, verificar a oferta das portas necessárias e, principalmente, saber fazer o melhor
uso possível de cada uma. Nesta disciplina, utilizaremos o Arduino Uno R3 e por isso
analisar a sua pinagem (Pinout) é fundamental. Então, vamos analisar o esquemático
abaixo e a partir dele falar um pouco sobre as principais portas.

5.2.1 Portas Digitais


As portas digitais do Arduino, como o próprio nome demonstra, trabalham com
sinal digital, tanto para leitura quanto para escrita. Resumidamente, elas têm a
capacidade de trabalhar com uso do sistema binário, onde um bit 0 é a porta não
energizada e o bit 1 é a porta energizada (no caso do Arduino Uno, com uma tensão
aproximada de 5 V). No caso da porta atuando como uma entrada (recebendo sinais de
sensores e outros dispositivos),

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de tempos em tempos é realizada uma leitura dessa tensão e a presença ou ausência da
mesma é convertida em um conjunto de 0 e 1. De forma análoga, o mesmo ocorre quando
as portas digitais funcionam com portas de saída, escrevendo na porta 0 ou 1 (ou seja,
sem tensão ou com tensão) de tempos em tempos. Estas portas são indicadas para
trabalhar com sensores e atuadores que também utilizem sinal digital, mas também
como portas de controle, ligando e desligando dispositivos externos (seja um led, seja um
relé). Na leitura de dados (de um sensor, por exemplo) é possível receber diretamente o
valor exato da grandeza medida de forma binária.

5.2.2 Portas PWM


As portas PWM (Pulse Width Modulation) são portas digitais especiais com a
capacidade de transformar sinais digitais em modularizações de sinal que permitam, na
prática, regular a saída modificando a sua tensão (e consequentemente a sua corrente).
Imaginando um led ligado a uma porta digital normal, o máximo que podermos fazer com
ele é liga-lo ou desligá-lo. Porém, se essa porta digital for uma PWM, podemos regular a
sua saída e, deste modo, alterar a luminosidade do led, fazendo que o mesmo brilhe mais
forte ou mais fraco.

5.2.3 Portas analógicas


Diferentemente das portas digitais, as portas analógicas trabalham com sinais que
podem variar entre 0 e 5 V, assumindo diversos valores diferentes. Assim, um sensor
analógico é especialmente desenvolvido para, ao medir a grandeza ou o fenômeno
desejado, variar a tensão emitida. Por exemplo, um sensor de temperatura analógico que
mede temperaturas entre 0 e 100 graus celsius, é construído para ao medir 0ºC (o
primeiro valor possível) gerar uma tensão de 0 V e ao medir uma temperatura de 100ºC
(o último valor possível) gerar uma tensão de 5 V. Qualquer temperatura acima de 0ºC e
abaixo de 100°C, irá gerar uma tensão diferente (acima de 0 V e abaixo de 5 V). Estes
sensores são geralmente mais baratos e rápidos que os digitais (por não necessitam de
conversões binárias para devolver o valor final pronto) mas, por isso mesmo, têm uma
maior dificuldade no uso, já que sempre necessitamos fazer um mapeamento entre a
tensão medida e o quanto ela representa dentro da grandeza medida.

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5.2.4 Portas de alimentação


O Arduino Uno pode ser alimentado de 3 formas diferentes: pela sua porta USB
(com uma entrada de 5V), pelo seu conector de alimentação (permitindo carregadores ou
pilhas com uma tensão recomendada entre 7V e 12V) e pela sua porta Vin (soldando uma
fonte ou bateria com entrada também entre 7V e 12V). Alimentada a placa, ela garante
uma saída de 5V nas suas portas digitais e de até 5 V nas suas portas analógicas. Porém,
para isso, teríamos que configurar as portas (via código) como portas de saída e escrever
na sua saída que estão em estado alto (como se fosse um estado “ligado”). Para
simplificar então a alimentação de sensores, atuadores e outros dispositivos externos, o
Arduino Uno oferece algumas portas com tensão fixa e que estão sempre ativas: uma
com tensão de 5V, outra com tensão de 3.3V. Além disso, o Vin, caso não utilizado para
alimentar o Arduino, entregará uma tensão igual à tensão de alimentação da placa (se o
Arduino está alimentado por uma fonte de 12V no seu conector, o Vin oferecerá uma
tensão de saída fixa também de 12V, por exemplo). Além disso, temos 2 portas GND que
são o terra (negativo).

5.2.5 Porta Reset


A porta reset serve para, quando acionada, resetar a nossa placa, apagando o
código carregado nela pelo bootloader e, com isso, interromper qualquer execução que
estiver ocorrendo no momento. Podemos também fazer isso simplesmente pressionando
o botão reset presente na placa (que está ligado à mesma porta). Mas é interessante esse
acionamento programaticamente para situações extremas. Por exemplo, imagine que
detectamos um comportamento inesperado de nosso sistema ou na execução de nosso
código que pode trazer riscos à segurança do usuário. Então caso, não consigamos parar
essa execução de outra forma (em um loop travado, por exemplo), resetamos a placa e
forçamos a interrupção de qualquer execução.

5.2.6 Porta RX e TX
Os pinos digitais 0 e 1 do Arduino Uno, são dedicados às portas RX e TX. Elas são
portas de comunicação serial direta, capazes de enviar comandos e informações (TX =
Transmiter) ou de receber comandos e informações (RX = Receiver) que são interpretadas
pela placa. Isso permite desde a programação do Arduino por outro Arduino (como o Pro
Micro ou o LilyPad que não possuem entrada USB para carregar os códigos através do
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bootloader), de um sensor ou atuador pelo Arduino (configurar os parâmetros de uma
rede WiFi em um módulo ESP8266) ou mesmo para que Arduinos possam trocar
informações durante o funcionamento (mensagens, valores de variáveis, medições, etc).

5.2.7 Portas de Interrupção


Os pinos digitais 2 e 3 do Arduino Uno, são dedicados às portas de interrupção.
Como o Arduino utilizada microcontroladores com apenas um núcleo, temos um
monoprocessamento. Isso na prática fará com que quando entrarmos um uma tarefa
muito pesada (um laço que executa várias vezes, um método que demora muito para ser
executado), enquanto essa tarefa não terminar, ficamos “travados” na linha de código.
Agora imagine um sistema crítico que realiza tarefas pesadas mas, caso um sensor
detecte uma situação de perigo, seja necessário interromper a execução. Se este sensor
estiver ligado a uma das portas de interrupção, ele poderá ser lido em paralelo, de forma
independente, mesmo que uma tarefa pesada esteja sendo realizada e a execução de
nosso código esteja parada. Assim, conseguimos implementar uma camada de
segurança ao nosso sistema.

5.2.8 Portas I2C (SDA e SCL)


Os pinos analógicos A4 e A5 do Arduino Uno, são dedicados às portas SDA (Serial
Data) e SCL (Serial Clock), utilizadas para permitir o uso do protocolo de comunicação
I2C. O I2C (Inter-Integrated Circuit), é na verdade uma comunicação serial, porém com
uma característica muito interessante: trabalha com endereçamento. Isso permite que
possamos ligar quantos sensores e atuadores I2C quisermos na mesma porta, pois na
hora de ler um valor ou enviar um valor, o endereço deles (que deve ser único) será
utilizado para auxiliar no direcionamento dos pacotes.

5.2.9 Portas SPI


De forma análoga ao I2C, as portas SPI (Serial Peripheral Interface) são uma
comunicação serial com endereçamento mas para a ligação entre placas ou entre a placa
e periféricos externos. No Arduino Uno, são implementadas nas portas digitais 10, 11, 12
e 13.
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5.2.10 Portas AVR


As portas AVR nada mais são do que as portas que podem ser controladas via
programação no Arduino. Incluem todas as portas digitais, todas as portas analógicas,
além da porta reset.

5.3 Programando com a Arduino IDE

Como já dito, um dos motivos da popularização do Arduino é a sua


facilidade de ser programado, seja pela linguagem amigável baseada em C/C++ (e com
diversas bibliotecas para fácil comunicação e controle de sensores e atuadores), seja pelo
modo eficiente e simples de se carregar o programa desenvolvido para a placa. Um dos
grandes responsáveis por isso é a Arduino IDE, nascida do projeto de adaptação do
Processing e integração com Wiring. Existem diversas IDEs que podem ser utilizadas
para programar e realizar upload dos códigos para a placa (como Visual Studio Code,
Eclipse, Ardublock, etc), mas a Arduino IDE sem dúvidas é a mais leve, limpa e simples.
Neste disciplina, esta será a nossa IDE padrão e é interessante conhecer algumas de
suas características antes de efetivamente começarmos a programar o Arduino.

5.3.1 Instalando e configurando o ambiente de trabalho


A Arduino IDE possui versões para Windows, Linux e Mac, contando com
instaladores simples e diretos, sem necessidade de configurações adicionais. O primeiro
passo é acessar a página de Downloads, escolher a versão mais adequada ao nosso
sistema operacional e realizar o download: https://www.arduino.cc/en/software/
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Após o download, um duplo clique no arquivo inicia a instalação. Dependendo do


sistema operacional, uma mensagem diferente de confirmação é exibida, bastando clicar
em Sim ou Ok. Neste exemplo, estamos realizando a instalação no Windows.

A próxima janela aberta traz as informações da licença de uso. Após lê-la, caso aceite,
clique no botão “I Agree”. Posteriormente, na tela de seleção de componentes a serem
instalados, podemos deixar todos marcados, como já acontece por padrão, e clicar em
Next.

A próxima tela permite personalizar o local de instalação. Caso queira alterar o local
padrão, clique em Browse. Para confirmar o local, clique em Next.

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Após a instalação concluída, será exibida a última janela, mostrando que a execução do
setup está completa. Basta então clicar em Close.

Para verificar se a instalação aconteceu de forma correta, localize o ícone do Arduino IDE
(ou pesquisa através das ferramentas de seu sistema operacional) e clique sobre ele.
TUDO CERTO! Agora finalmente temos a ferramenta necessária para iniciar a
programação das nossas placas Arduino.

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5.3.2 Configurações iniciais


Com a IDE instalada, três configurações são necessárias. Primeiramente, devemos
ligar a nossa placa ao computador através da porta USB. Ao fazer isso pela primeira vez,
o sistema operacional deve reconhecê-la como um novo periférico USB. O led ON (à
direita da palavra Uno) deve acender indicando que a placa está energizada e o led TX (à
esquerda da palavra Arduino) deve piscar indicando que o Arduino consegue enviar
mensagens ao PC existindo, portanto, comunicação entre os dois.
Com o Arduino já conectado, devemos informar à Arduino IDE qual o modelo da
placa, para que sejam realizadas configurações internas importantes para a interpretação
do código e o seu upload através do bootloader. Para isso, clique no menu Ferramentas e
após na opção Placa. Muito provavelmente, a IDE já percebeu se tratar de nosso Arduino
(no caso, o Uno) e sugeriu esse modelo de placa. Mas caso o modelo esteja configurado
diferentemente disso, podemos ajustar clicando na opção correta.

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A segunda configuração inicial necessária é informar à qual porta COM do PC


nosso Arduino está conectado. Para isso, basta clicar no menu Ferramentas e ir até a
opção Porta. Aparecerão todas as portas COM que naquele momento estão em
funcionamento. Se o Arduino foi reconhecido e o melhor driver foi instalado para ele pelo
sistema operacional, a identificação será fácil pois o modelo estará indicado ao lado da
porta. Caso o sistema operacional tenha instalado apenas o driver USB padrão, o uso da
placa ainda
acontecerá sem problemas, porém o modelo não será indicado ao lado da COM. A
alternativa é ver todas as COM apresentadas, remover o Arduino e verificar novamente as
COM que sobraram. Aquela que sumiu é então a COM à qual a placa estava conectada.

A terceira e última configuração inicial é dizer à nossa IDE a pasta base utilizada
para o salvamento de nossos projetos. No Windows, por padrão, é criada uma pasta
Arduino dentro da pasta Documentos do usuário. Para alterar, basta clicar no menu
Arquivo e após na opção Preferências. Na janela aberta, podemos então alterar o
caminho.

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5.3.3 Testando a compilação, o upload e a execução do código Para termos


certeza que tudo está funcionando corretamente, vamos criar um pequeno código,
compilá-lo, enviá-lo para a placa e verificar a sua execução. Não cabe aqui explicar de
forma detalhada este código (pois isso será feito no próximo capítulo) e o importante
neste momento é entender o processo. Então, com o Arduino IDE aberto, digite as
seguintes linhas dentro do método setup e dentro do método loop:
Com nosso código pronto, precisamos agora salvar o projeto. Para isso, devemos
clicar no menu Arquivo e após na opção Salvar (ou utilizar o atalho Ctrl + S). Podemos
então dar um nome ao nosso projeto (neste exemplo, TesteArduino) e selecionar um local
para o salvamento (sendo que o diretório padrão configurado anteriormente será
indicado).

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Com o projeto salvo, chega a hora de realizarmos a compilação e vermos se existe


algum erro em nosso código. Para isso, basta clicar no botão Verificar, o primeiro à
esquerda (logo abaixo do menu). Durante a verificação, aparecerá na área de mensagens
(abaixo) a indicação que o Sketch (rascunho) está sendo compilado, juntamente com uma
barra de progresso. Quando a compilação terminar, a indicação de compilação terminada
será acompanhada de mensagens informativas sobre o tamanho do Sketch e o quando o
mesmo ocupará da memória disponível na placa.

Caso algum erro for encontrado no código durante a compilação (para conseguir
dar um exemplo, removemos propositalmente o ponto e vírgula do final do comando da
penúltima linha) a barra inferior se tornará laranja e dentro da área escura o erro
encontrado será indicado.

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Consertados eventuais erros identificados e compilado com sucesso o código, é


hora de realizar o seu upload para a memória da placa, através do seu bootloader. Este
processo também é extremamente simples: basta clicar no segundo botão à esquerda
(Carregar, que possui uma seta) e o código será novamente compilado e enviado para a
placa. Quando isso ocorrer, repare que o led RX do Arduino piscará algumas vezes,
indicando que a placa recebeu algo de fora (no caso, de nosso PC). Quando o upload
estiver concluído, a IDE mostrará na parte inferior uma mensagem indicando que o
carregamento ocorreu com sucesso. Se alguma falha ocorrer (a placa não estiver
conectada por exemplo), a IDE irá apontar que o carregamento para o Arduino não teve
sucesso.

Após o carregamento do código para a placa, o mesmo já está pronto para começar
a ser executado pelo Arduino. Não importa se a alimentação se der via USB (como está
acontecendo), via conector de energia ou via pino Vin (utilizando fontes externas nestes
dois últimos casos): enquanto estiver em funcionamento, a placa está rodando o último
código carregado nela. E o interessante é que como essa memória que recebe o programa
não é uma memória volátil, não importa se o Arduino for desligado por dias. Ao voltar a
ser ligado, o código volta a ser executado pois está gravado dentro da placa.
Vamos testar então se esta execução está ocorrendo com sucesso. O comando
Serial.println utilizado no exemplo, faz com que o Arduino envie via Serial (para quem
estiver conectado através da USB a ele, neste caso, nosso PC), a mensagem “Testando
arduino”, em um loop que se repete a cada 1 segundo. A Arduino IDE possui uma
ferramenta que permite monitorar tudo que é recebido e enviado através da porta COM
(Serial). Então, através dela, se o código está sendo executado corretamente e mensagem
está sendo enviada com sucesso, conseguiremos visualizá-la. Esta ferramenta se chama

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