A Pedra Bruta
A Pedra Bruta
A Pedra Bruta
1.- INTRODUÇÃO
2.- PEDRAS NA VIDA HUMANA
3.- OUTRAS PEDRAS COINCIDENTES
4.- COINCIDÊNCIAS RELIGIOSAS
5.- SÍMBOLO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM
6.- CONCLUSÃO
7.- BIBLIOGRAFIA
1.- INTRODUÇÃO
Intuí, então, que pouco ou nada somaria reapresentar as mesmas coisas, mesmo que –
talvez – em outro formato. Resolvi buscar, então, alguns dados históricos sobre a
importância das pedras, em geral, na vida humana. Foi aí que me surpreendi, pois me
deparei com uma infinidade de textos e citações dando conta da antigüidade e da
profundidade da influência das pedras na vida humana.
A forte presença das pedras em muitas passagens bíblicas, e até mesmo a disputa pelo
direito de fazer interpretações das escrituras nos estimulam a pensar no elevado sentido
que tudo isto deve ter em nossas vidas.
As pedras sempre tiveram papel extremamente importante na vida humana, quer como
material, quer como símbolo. Em Discursos e Práticas Alquímicas, no quarto Colóquio
Internacional de Lisboa ocorrido em 2002, Carlos Dugos escreveu sobre o Simbolismo
da Pedra – Correspondências Maçônico-Alquímicas. Disse que as pedras sagradas ou
sacralizadas são divididas em dois gêneros, pela Tradição:
– aerólitos que, por serem oriundos do Céu, têm todas as conseqüências simbólicas
dessa origem;
– pedras de Obra, que são objeto de manipulação iniciática,
Bem assim, a Pedra Bruta maçônica é negra e sobre ela se faz o primeiro trabalho
do recém iniciado que, vindo das trevas mortais em que todo homem nasce, viu
uma réstia da luz, ao terceiro ¨golpe¨. Esta pedra disforme, aparentemente inerte,
guarda igualmente, em si, o germe modular de uma metamorfose.
O albedo (poder refletor de um corpo não luminoso que difunde a luz recebida: albedo
da lua) hermético tem o seu tempo quando a escória negra da pedra calcinada
apresenta, em alguns pontos, o brilho do diamante negro. É o sinal de que o cadáver se
anima de uma insuspeitada vitalidade. Trata-se, então, de libertar essa emanação de
todo o carvão que a envolve, de forma a que, devidamente purificada e isolada, ganhe
o esplendor brilhante da neve, um fulgor de alvura e de pureza dificilmente atribuível à
natureza, no seu estado nativo. Ao corpo renascido juntou-se agora uma «alma».
O início
Em Gênesis 2, 7 está escrito: “Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e
soprou em suas narinas o fôlego da vida;e o homem foi feito alma vivente.“
Mais adiante, no versículo 7 do mesmo capítulo, consta: “O ouro dessa terra é bom; ali
há o bdélio (goma-resina do Levante e das Índias Orientais, empregada para falsificar a
mirra), e a pedra ônix.“
Portanto, dentre as tantas coisas criadas, lá já estava a pedra negra, bruta, mas que,
trabalhada, se transforma até em fulgurante jóia.
Pedro foi chamado a tornar-se a pedra de fundamento da futura Igreja já que, do ponto
de vista pastoral, a pedra perfeita personificada pelo sucessor de Cristo, serviria de
modelo às outras pedras formadas pelo coletivo dos crentes, sendo a Igreja o próprio
conjunto assim formado.
Ora, em toda a Sagrada Escritura Deus muda apenas três vezes o nome de homens,
sempre para destacar a dignidade de uma vocação superior: primeiro, muda o nome de
Abrão para Abraão, tornando-o o patriarca fiel a Deus e recompensado com a Antiga
Aliança e a promessa de uma descendência pujante (Gênesis, XVII, 5-8). O segundo
eleito é Jacó, a quem Deus nomeia Israel, renovando as promessas feitas ao avô em
relação ao povo judeu. A mais ninguém Deus concede este privilégio, nem a reis nem a
Profetas, que foram tantos e com tal santidade! No Antigo Testamento, Deus sela a
Aliança com seu povo escolhendo e mudando o nome dos Patriarcas, mostrando de
forma inequívoca que unge – separa – seus eleitos.
O “Tu és Petrus”
Cristo dirige-se a Pedro, após sua maravilhosa profissão de fé (“Que dizem os homens
de mim” … “que dizeis vós?” “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo!“, e confirma sua
promessa: “Bem aventurado és Simão Barjona, porque não foi a carne e o sangue que a
ti revelou, mas sim meu Pai que está nos céus, e eu digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. E eu te
darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado também nos
céus” (Mateus, XVI, 16-19)
Nunca houve texto mais deturpado, mais recortado e refeito, na busca desesperada de
alterar-lhe o sentido, que se apresenta simples. Para os protestantes, Cristo estaria
falando de duas pedras. A primeira delas (“tu és pedra“) não é pedra; no máximo é uma
pedra menor, diferente da segunda (“sobre esta pedra“). A primeira é Pedro, a segunda,
Cristo, ou a confissão de Pedro, conforme o examinador.
Ora, é impossível admitir que a Sabedoria Divina tenha se expressado de forma tão
confusa, ainda mais se nos lembrarmos da mudança do nome de Pedro. Lembremos
ainda que Cristo falava em aramaico, língua em que Pedro e pedra significam, ambos,
Cefas. Não resta qualquer espaço para dúvidas.
Mas dirão ainda os protestantes: em várias passagens se diz que Cristo é a pedra, o
fundamento! Não há dúvida. Mas só Cristo é pedra ? Vejamos o que Ele diz: “ eu sou a
luz do mundo” (João, VIII, 12) e depois: “Vós sois a luz do mundo”, dirigindo-se aos
apóstolos (Mateus, V, 15)
Duas luzes ? Sim. Há, portanto, luz e luz, pedra e pedra. Uma luz fonte, outra luz
reflexo; uma pedra fundamento invisível, causa e fim dos homens, outra pedra
fundamento visível, rocha de sustentação da Igreja indefectível e guia infalível dos
homens.
A primeira imagem com a qual o Aprendiz Maçom toma contato sintetiza os símbolos
atinentes ao seu estágio e ilustra o trabalho daquele que está iniciando seu aprendizado.
Trata-se da imagem de um jovem – presumivelmente um pedreiro ou escultor – olhando
para um bloco de pedra bruta tendo nas mãos um malho e um cinzel. Eis aí, portanto, os
quatro elementos básicos do Grau de Aprendiz Maçom: o próprio pedreiro ou escultor,
o malho, o cinzel e a pedra bruta.
“Sendo o Primeiro Grau o alicerce da Filosofia Simbólica, resumindo ele toda a moral
maçônica de aperfeiçoamento humano, compete ao Aprendiz Maçom o trabalho de
desbastar a pedra bruta, isto é, desvencilhar-se dos defeitos e paixões, para poder
concorrer à construção moral da humanidade, que é a verdadeira obra da Maçonaria.
A Pedra Bruta dos Maçons simboliza essa matéria prima, natural, informe, cheia de
saliências e reentrâncias, tirada das pedreiras tal e qual ali é encontrada, sem nenhum
beneficiamento por parte do homem.
“A Pedra Bruta nada mais significa que o Obreiro cheio de imperfeições, que somente
alcançará o estágio de Pedra Polida quando se houver livre das paixões e dos vícios,
praticando o bem a seu semelhante, desprezando o materialismo consumista dos dias
de hoje, e procurando participar de uma sociedade mais justa e perfeita, através da
prática da fraternidade, deixando transparecer suas virtudes de homem íntegro.
A Pedra Bruta é o material retirado da jazida, no estado da natureza até que, pela
constância e trabalho do Obreiro, fique na devida forma para poder entrar na construção
do Edifício Maior. Humildade, sinceridade, nobreza de caráter, espírito de fraternidade,
são virtudes escondidas na Pedra Bruta e que deverão ser ressaltadas pelo verdadeiro
Maçom através da compreensão, do estudo e da aplicação, pois de nada adianta dizer-se
Maçom quando a ignorância e os erros são conservados na sua personalidade.”
“A Pedra Bruta não é material inerte e informe“, diz o Irmão Rubens José Nogueira, da
Loja Lealdade e Luz, que continua: “mas, antes de tudo, um ativo de beleza, uma
verdadeira Pedra Viva, o que traz à lembrança o pronunciamento do grande
Michelangelo que, ao ser questionado como fazia para criar obras de arte tão
magníficas e cheias de vida, a partir de blocos informes e frios, simplesmente
respondeu: (Quando olho um bloco de mármore vejo a escultura dentro dele. Tudo o
que tenho a fazer é retirar as aparas. Existe uma obra de arte que a nós foi destinado
criar). Embora pareça simples, temos consciência do quão difícil é a tarefa de moldar
essa pedra, segundo os ensinamentos filosóficos de nossa Ordem, pois a sua forma é
determinada pela consciência individual de cada homem e suas arestas esculpidas pela
ação da sociedade onde esse homem foi encontrado.“
6.- CONCLUSÃO
Cabe a cada um de nós, todos os dias, em todos os momentos, lembrar que fomos
criados por Deus à Sua imagem e semelhança e isto pode significar simplesmente que
temos a capacidade de amar. E mais, pelo livre arbítrio tudo pode ser usado para o bem
ou para o mal.
Então, meus Irmãos, ouso lhes dizer que não existe um caminho para a felicidade, a
própria felicidade é que é o caminho para uma vida melhor. A felicidade entendida
como o sentimento de quem faz as coisas com amor. Na família, que tende a responder
com afeto. No trabalho, em que as realizações se tornam mais facilmente alcançáveis.
No estudo, que ao invés de fardo maçante, se mostra esteira segura que conduz ao
conhecimento.
Na arte é que melhor se manifesta, como em nenhum outro ramo, o amor. O amor do
poeta que nos sensibiliza falando do seu amor nem sempre correspondido. O amor do
pintor que retrata a luz. O amor do escultor que, por vezes, só nos fica devendo o sopro
da vida em suas criações, pois que tudo o mais está perfeitamente expresso em sua obra.
Portanto, a minha sugestão é de que, antes de buscar em nosso interior qualquer outro
talento, vamos colocar em prática o que todos já nascemos sabendo, que é amar. Amar a
quem nos concebeu. Amar a quem nos criou, Amar a quem nos educou. Amar a quem
amplia os nossos conhecimentos e horizontes. Assim, estaremos também amando a nós
próprios, pois que nada somos além de resultado de todas essas maravilhosas formas de
amor que atuam sobre nós antes mesmo de que pudéssemos ter qualquer consciência,
inclusive do próprio eu.
Desse modo vamos conseguir, como reflexo, mais amor. Amor que alimenta o nosso
espírito. Amor que nos impulsiona cada vez mais para nos tornarmos pessoas melhores.
E se já sabemos amar, se já agimos com essa motivação, quem sabe só não esteja
faltando expressar melhor o nosso amor.
Fica aqui, portanto, a atrevida sugestão para que com maior freqüência e prodigalidade
se confesse esse amor, abusando do risco de enquadramento na pieguice. Mas, se
fizermos felizes a quem amamos, quem se importa em parecer piegas a quaisquer outros
olhos ?
Quem sabe não estejamos, com isto, motivando mais pessoas a se libertarem de um
engessamento que apenas tolhe suas próprias confissões de amor.
7.- BIBLIOGRAFIA