5-Globalização No PEA

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Luis Florêncio Zavale

Sicandra António Duzenta

Maria Luísa da Conceição Nhanala

Nilvia Simiao Mavecua

Globalização e o Processo de Ensino e Aprendizagem.

Unisave

Massinga
ii

  Luis Florêncio Zavale

Sicandra António Duzenta

Maria Luísa da Conceição Nhanala

Nilvia Simiao Mavecua

Globalização e o Processo de Ensino e Aprendizagem

  

Trabalho de Cadeira de didáctica de


geografiaIII a ser apresentado no
Departamento de Ciências sociais na
Universidade save de Massinga para efeitos
de avaliação.

Docente: Orlando Nhamundze

  Unisave

Massinga
iii

Índice
0.Introdução................................................................................................................................4

0.1.Objectivo geral......................................................................................................................4

0.2.Objectivos específicos..........................................................................................................4

0.3.Metodologia..........................................................................................................................4

Capitulo I: Globalização das sociedades.....................................................................................5

1.1Conceito de Globalização......................................................................................................5

1.2.Conceito de Processo de Ensino e Aprendizagem................................................................6

1.3.Breve contexto do surgimento da Globalização...................................................................7

1.4.Processo da globalização nas sociedades..............................................................................7

Capítulo II: Globalização e o Processo de Ensino e Aprendizagem...........................................9

2.1.A globalização e a educação.................................................................................................9

2.2.Influência da Globalização na Educação..............................................................................9

2.3.Motores da Globalização na sociedade...............................................................................11

2.4.Nova Educação do mundo globalizado...............................................................................12

2.5.A globalização e o Processo de Ensino e Aprendizagem...................................................13

2.6.Actual organização escolar no mundo globalizado............................................................15

3.Conclusão...............................................................................................................................17

4.Bibliografia............................................................................................................................18
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0.Introdução

O presente trabalho constitui um instrumento avaliativo da disciplina de Didáctica de


Geografia III cujo tema é: Globalização e o Processo de Ensino e Aprendizagem. Nesses
termos, o trabalho reflecte uma apresentação do conceito de globalização como um fenômeno
com resultados de um processo histórico que deve ser analisado tanto sob o aspecto
econômico, como também, pelas dimensões políticas, ambientais, sociais e culturais. O
trabalho é relevante na medida em que aborda de uma forma tacanha a influencia que a
globalização exerce na educação e em especial no PEA. Assim sendo o mesmo guia-se pelos
seguintes objectivos.

0.1.Objectivo geral

 Compreender a globalização e o Processo de Ensino e Aprendizagem.

0.2.Objectivos específicos

 Conceptualizar a globalização;
 Descrever o surgimento da Globalização;
 Abordar a globalização na educação;
 Explicar a Globalização no Processo de Ensino e Aprendizagem.

0.3.Metodologia

Para a elaboração do mesmo documento foi privilegiado o método bibliográfico conciliado


com a observação participante ou empirismo. Quanto ao método bibliográfico cingiu-se na
revisão da literatura, compilação e elaboração do presente texto. Enquanto, a observação nos
valeu pelo facto de estarmos dentro do período do estudo, vivendo as realidades do tema, por
isso foi passível de comentários do quotidiano escolar.

O mesmo está dividido em dois capítulos sendo que o primeiro aborda os conceitos básicos: a
globalização; o processo de ensino e aprendizagem e breve historial do surgimento da
globalização. Entretanto o segundo capítulo aborda a questão da globalização e o processo de
ensino e aprendizagem. Neste são destacados aspectos da globalização na educação e no
processo de ensino e aprendizagem.
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Capitulo I: Globalização das sociedades

1.1Conceito de Globalização

Quando falamos de globalização surgem varias percepções que embora sejam heterogéneos
apresentam uma comunhão semelhante. Em outras percepções gira existem outros conceitos
mais vulgares que se assemelham com o de globalização, são exemplos de
internacionalização, mundialização. Em linhas gerais a interpretação destes conceitos
assemelham-se com a globalização. Entretanto de acordo com Ortiz (1994 cit. em Freitas et
al. 2001):

Globalização seria a quebra de barreiras ou eliminação de fronteiras nacionais, chegando ao


ponto de qualquer canto do mundo haver acessibilidade de uma forma mais variada e a mais
viável da tecnologia de informação. Este autor enfatiza a primazia informativa da tecnologia
relacionada com o acesso a informação como um factor preponderante criador de
globalização, pois a possibilidade de conhecer tudo sem nenhum deslocamento constitui sim
um mundo globalizado (p.98).

No mesmo diapasão, Campos e Canavezes (2007) vão mais além afirmando que a ideia de
globalização remete a um conjunto de transformações económicas, políticas, sociais e
culturais a nível mundial, nas quais estão associadas, por exemplo, as inovações tecnológicas.

No entender de Santos (2000) define “globalização como sendo uma revolução que se
projecta como factor de descriminação e de aprofundamento das diferenças sociais” (p.20).
Na óptica de Pinho (s/d) globalização trata-se do processo de unificação dos mercados e à
homogeneização da economia mundial, segundo o modelo capitalista de desenvolvimento. O
autor apresenta a globalização sendo essencialmente, económico-financeira e se expressa no
imenso poder do capital transnacional, implantado em âmbito mundial graças ao avanço de
novas e poderosas tecnologias. Portanto, a verdadeira globalização é, sempre e em todo lugar,
um fenómeno de características basicamente económicas.

Para Kliksberg & Sem (2010 cit. em Almeida et al. 2015) entende que a globalização é um
processo que promove a integração de diferentes comunidades, a globalização tem
contribuído para o progresso dos países por meio da realização de viagens, do comércio, da
migração, da difusão de influências culturais, da disseminação do conhecimento e do saber
científico e tecnológico, na livre circulação de capital, e da transnacionalização de
megaempresas.
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Em fim os autores apresentam a globalização em um olhar económico (Ortiz, Pinho,


Kliksberg) que de igual modo coordenam com a percepção político cultural apresentado por
Santos. Entretanto percebemos então que a conceptualização deste termo em linhas gerais
emenda o factor político, económico, cultural e social. Em ultima analise concordamos que a
globalização seja sim um processo de integração das nações em todos seus aspectos políticos,
culturais, sociais e económicos sob uma liderança do mais forte e claramente o mais
capitalizado, porque a visão da globalização é capitalista no seu todo.

1.2.Conceito de Processo de Ensino e Aprendizagem

O processo de ensino e aprendizagem deve ser compreendido como uma política cultural, isto
é, como um empreendimento pedagógico que considera com seriedade as relações de raça,
classe, género e poder na produção e legitimação do significado e experiência. Segundo
Fernandez (1998) todo acto educativo obedece determinados fins e propósitos de
desenvolvimento social e económico e em consequência responde a determinados interesses
sociais, sustentam se em uma filosofia da educação, adere a concepções epistemológicas
específicas, leva em conta os interesses institucionais e, depende, em grande parte, das
características, interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, professores,
comunidades escolares e demais factores do processo.

Tomando esses pressupostos acorda-se que o processo de ensino e aprendizagem é uma


integração dialéctica entre o instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial
contribuir para a formação integral da personalidade do aluno. O instrutivo é um processo de
formar homens capazes e inteligentes. Homem que diante de uma situação problema ele seja
capaz de enfrentar e resolver os problemas, de buscar soluções para resolver as situações
(Piletti, 2004).

Uma bela visão reflexiva e analítica da situação actual do nosso ensino está virada mais para a
memorização, pouca preocupação com o desenvolvimento de habilidades para reflexão crítica
e auto-crítica dos conhecimentos que aprende; as acções ainda são centradas nos professores
que determinam o quê e como deve ser aprendido e a separação entre educação e instrução.
Hoje em dia a educação está mais virada para o aluno; ele constitui o foco principal da
aprendizagem, ele deve ser o actor e investigar sujeito descobridor. Deve considera-se a
integração do cognitivo e do afectivo, do instrutivo e do educativo como requisitos
psicológicos e pedagógicos essenciais para que o educando avance progressivamente.
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1.3.Breve contexto do surgimento da Globalização

De acordo com Rattner (1995), a globalização tem início no pós-guerra, cujo período era
caracterizado pela rápida expansão e integração da economia mundial, baseado no aumento
das relações comerciais e do crescimento dos investimentos externos. Por obséquio, os
autores como Costa (2002), Santos (2011) deixam claro que a globalização sucedeu no final
da Guerra Fria e se instalou com a hegemonia do capitalismo. Assim, a maioria dos autores
entende que a globalização é um processo económico, social e cultural estabelecido nas duas
ou três últimas décadas do século XX.

Parafraseando Balanço et al (2004) a globalização tem seu marco inicial na década de 70 e é


interpretada como uma questão de grande importância que culminou do capitalismo
contemporâneo. Teoricamente, este processo é baseado nas leis de movimento e reprodução
do capital. Com isso, tais transformações, enfatizando neste caso a globalização, representam
a formação de um ciclo económico. Dentro desta perspectiva, a globalização representa as
flutuações da taxa geral de lucro, sendo esta a principal motivação para os capitais individuais
conquistarem novos territórios e ampliarem os mercados. E Costa (2002) diz que somente
agora, com a globalização, o capitalismo fecha o ciclo do seu desenvolvimento histórico.

Realmente neste sentido descordamos com os autores quando falam do ano 70, tomando em
conta o conceito da globalização no entendimento mais generalizado, começa desde a
interacção das trocas comerciais iniciais. Ora vejamos, o capitalismo se é um sistema
económico que tem como um elemento fulcral o capital, este por sua vez que gira em torno do
mercado, por outro lado a manifestação capitalista não se limita apenas no capital mas
também movimenta a sua concentração no lucro.

Em fim, a globalização desenvolveu-se concomitantemente ao desenvolvimento do


capitalismo. Por essa razão que há muitas tendências ideológicas de aproximar ou de
identificar este fenómeno com o sistema económico capitalista. Neste contexto destaca-se as
fases de desenvolvimento do capitalismo desde a sua afirmação categórica como um sistema
capaz de ser aplicado com a elevação dos EUA. Conta-se que as décadas posteriores de 70 o
capitalismo comportou facetas de crises, e de progresso pela inovação industrial tecnológica.

1.4.Processo da globalização nas sociedades

O mundo actual percorre para uma estatística contraditória. Vivemos num mundo em que a
tecnologia facilita todo trabalho da humanidade em contrapartida as taxas de pobreza, baixo
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índice de desenvolvimento humano também segue um acréscimo considerável, muita


marginalidade e criminalidade emergem em larga escala. Os efeitos do mundo globalizado
repercutem nos países de baixa renda.

A globalização possibilitou a integração entre todos os países do globo, seus respetivos povos
e cultura, quebrou barreiras regionais, o que facilitou as relações comerciais, entretanto, gerou
efeitos negativos muito graves, principalmente no aspecto social (Dupas, 1999). Por outro
lado, a Globalização e exclusão representam a dialéctica da mundialização do capital, já que
são conceitos que estão intrinsecamente ligados entre si. O primeiro representa as
características actuais do processo de desenvolvimento do capitalismo em esfera mundial e o
segundo, sua consequência mais notória e directa (Santos, 2001).

Como fundamenta Ortiz (1994 cit. em Freitas et al. 2001) a existência da sociedade
globalizada não ocorre da mesma maneira uniforme, pois o mundo apresenta diferentes
estágios de desenvolvimento. De igual modo que não é globalização mas sim é um processo
de desenvolvimento social bastante descontinuo, selectivo e excludente. Castells (1999)
concorda com Ortiz (1994) nos seguintes termos: a globalização não é homogénea, porque as
sociedades são diferentes e as consequências são drásticas e diferentes. De igual forma que o
autor enfatiza a área de informação como sendo um motor da globalização mas esta não é
recebida de igual forma nas sociedades devido as suas diversidades e especificidades.

Em fim, as consequências sentem-se no dia-a-dia, no modo de vestir, de fala, de comportar-se,


e mesmo num modo de pensar. É fácil notar e descobrir a forma de pensar de um individuo
através da sua postura perante os outros. Hoje em dia não se questionam os valores
apresentados pela media, e na hora de implementação o erro torna-se o certo. E como algo
errado aparenta ser certo facilmente é aspirado por maioria. Mas na essência esta influência é
oca pois nenhuma justificativa perdura quando confrontar-se com as nossas realidades
culturais.
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Capítulo II: Globalização e o Processo de Ensino e Aprendizagem

2.1.A globalização e a educação

A globalização é um fenômeno com resultados de um processo histórico que deve ser


analisado tanto sob o aspecto econômico, como também, pelas dimensões políticas,
ambientais, sociais e culturais (Xavier, 2013). A partir dessa realidade, podemos afirmar que a
educação, também perpassa por esses preâmbulos da globalização, e que acaba sendo,
usualmente, discutida com propósitos políticos, econômicos e sociais, como uma
ressignificação do Estado-nação e sob a perspectiva de amplos desafios.

Para além disso, Afonso & Ramos (2007) referem que as reformas educativas e a
reestruturação dos sistemas educativos voltam a ser pensadas mediante as mudanças, ainda
mais, globais no sistema capitalista, fazendo assim, à apologia de uma reconexão mais forte
entre o mandato das políticas educativas e as Mudanças na Educação devido supostas
necessidades dos sistemas produtivos e da competitividade econômica, dirigidas agora para
mercados e espaços económicos que transcendem cada vez mais e a capacidade de regulação
dos Estados nacionais. Robustecendo ainda, Souza (2006) propõe que “a globalização abre
novas perspectivas e oportunidades, mas acarretam também, problemas e dificuldades, em
particular, desigualdade econômica” (p.20), o que tem de certa forma, reforçado e
questionado a dimensão democrática da mundialização.

Os autores consideram, além disso, que a governança internacional tem-se expandido nos
âmbitos regional e global, possibilitando novas maneiras de pensar sobre a política, a
economia, educação e a mudança cultural. Oliveira (2002) afirma ainda ser necessário que as
organizações escolares revejam suas formas de planeamento e administração estratégica, a
fim de alcançarem condições, tendo possibilidades para obterem vantagens competitivas para
qualquer nova estrutura organizacional escolar.

2.2.Influência da Globalização na Educação

De acordo com Bernard Charlot (2007) a educação face à globalização sofreu mudanças
significativas. Tais, constitui um novo desafio para o PEA, em que as políticas educativas
voltaram-se à fragmentação, a diferenciação, profissionalização e o mercado. O saber tornou-
se uma acumulação de um capital humano em vistas a custos e benefícios, como se fosse uma
mercadoria. O aprendizado passou a ser posto sob a ótica objetividade, em que se pode
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armazená-lo em um banco de dados. O trabalho científico se efetua, sobretudo, sob a forma de


projetos interconectados em redes transnacionais.

Na perspectiva de Garruti e Oliveira (2014) a organização escolar precisa, como um todo, se


qualificar a ponto de todos os sujeitos compreenderem as novas configurações sociais e dos
recursos humanos para a execução de todas as tarefas, em uma administração em cargos.
Enquanto para Charlot, a identificação universal ou seja a cidadania será elaborada a partir de
resistência às imposições ocorridas pelo globalismo, identificando e compreendendo as
contradições que permeiam não, somente, as políticas educativas, mas também a própria
escola, a sala de aula e o contexto do qual estamos vinculados. Ou seja, cada cultura mostrar-
se-á partindo do seu embate com a globalização. Apesar do autor, compreender a necessidade
de se preparar para as cobranças e exigências do mercado de trabalho, faz uma defesa de que
o Estado deva fazer uma gestão que almeje uma menor exploração social, e que por meio de
políticas educativas, se consiga fazer da educação um subsídio social dentro de uma
perspectiva de direito humano numa dimensão universal e cidadã. Charlot complementa que
há uma lógica de mercado, em que ocorre uma concorrência tanto entre as próprias
instituições públicas como também com as particulares.

Na verdade existem mais escolas que se preocupam em formar cada vez mais e sem realmente
se preocupar com a finalidade destes. O que significa que a educação foi globalizado no
sentido económico de apenas importar o lucro e não o benefício do consumidor. No entender
de Charlot (2007):

(...) a globalização é, antes de tudo, um processo socioeconômico. Todavia, ela traz também
consequências culturais, através do encontro entre culturas e do aparecimento e espalhamento
de novas formas de expressão. Cabe destacar a miscigenação entre povos devido aos
fenômenos de migração acrescido, a divulgação mundial de informações e imagens pela mídia
audiovisual e a internet, a ampla difusão de produtos culturais, a generalização do uso do
inglês ou de uma língua internacional baseada nele, em detrimento de outras línguas. As
consequenciais culturais e até sociocognitivas desses fenômenos ainda são difíceis de serem
avaliadas, mas não há dúvida de que constituem novos desafios a serem enfrentados pela
escola. (p. 134).

De facto, com a globalização a escola foi ultrapassada como único centro de aquisição de
conhecimentos. Surgiram assim novas formas com a internet. Ao buscar novas posturas para a
educação, tem-se uma nova constituição de ações comunitárias, em que a escola abarca a
diversidade, assumindo assim, uma postura política e, ao mesmo tempo, pedagógica
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diferenciada, com acções de ressignificação pedagógica e de construção de novas posturas


para a formação de cidadãos, de maneira que a interdependência crescente entre os homens,
gerada pela globalização, e, ainda mais, o ideal de solidarização entre os seres humanos e
entre estes e o planeta, permeando o altermundialismo, requerem uma nova dimensão da
educação, em que se combinem uma sensibilidade universalista e o respeito à
homodiversidade.

2.3.Motores da Globalização na sociedade

A globalização só consegue sucesso pelo financiamento do capitalismo. Assumindo que a


globalização é acelerada pelo capitalismo, Dale (2001), por sua vez, vê as instituições como
numa expansão dos direitos dos indivíduos, como uma racionalização do mundo social. Ao se
opor à globalização, esclarece que tanto a globalização como a educação estão configuradas
num modelo ocidental, em que são permeados por interferências de agências financiadoras,
reguladoras como a FMI, ou ainda, das agências culturais como a UNESCO. A globalização
atuaria como um conjugado de relações econômicas, políticas e culturais permeados pela
mercantilização e consumismo, em que a educação tem tanto do setor econômico como
político, influência na sua prática cotidiana, recaindo assim, numa macro abordagem, dentro
de uma questão de mundialização da cultura.

Entretanto, faz uma ressalva, declarando acerca das desigualdades sociais, que permeiam as
relações da educação, tanto numa concepção global como nacional, conduzem a uma agenda
globalmente estruturada da educação, contrária à teorização da cultura mundial educacional
comum, em que ambas as propostas se inter-relacionam e podem complementar uma a outra.
Dale defende a importância da existência de conteúdos programáticos comuns a todos os
Estados nações, obtendo dessa maneira, um currículo mundial comum.

Manuel Catells, ao contrário dos autores citados anteriormente, visualiza a questão


educacional dentro de uma nova postura apontada aos Estados-nação, em que esta, é
determinada pelo Estado-rede, que apresenta uma reformulação da gestão e máquina
administrativa, na informatização e adaptação flexível para as demandas da globalização, não
apenas, ao que compete ao setor econômico ou financeiro, mas também, dos cuidados com o
bem-estar da população. Entretanto, os Estados-nação perdem a capacidade de representação
de respostas aos seus cidadãos, para satisfazer o imperativo das demandas globais,
sacrificando as demandas locais.
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Assim como Castells, a autora Lucília Machado faz uma análise da globalização como um
novo padrão internacional de competitividade capitalista em face à educação. Para a autora, as
alterações na estruturação do trabalho e a introdução de novas tecnologias de gestão e de
produção exigem um novo perfil de trabalhador, que almeja tanto habilidades gerais de
abstração, comunicação e integração, que devem ser apreendidas na escola durante a instrução
regular, tal configuração, torna-se a raiz do recente interesse das classes dominantes pela
eficácia e qualidade escolar.

2.4.Nova Educação do mundo globalizado

Sabendo que o motor da globalização é o capitalismo, fica claro que o lucro assume todo
espaço inclusive da nova educação. Seguindo a mesma perspectiva, Stephen Ball, esclarece “a
educação está, cada vez mais, sujeita às prescrições e assunções normativas do economicismo
e o tipo cultura na qual a escola existe e pode existir”. (Lingar, Ladwig & Luke, apud Ball,
2001, p.104). E prossegue, afirmando que, ao colocar a educação como um mercado em
expansão, deixa claro que mercado, gestão e performatividade são elementos inseparáveis,
dentro de uma perspectiva de globalização, economia e política. A educação, por sua vez,
almeja uma qualidade, disseminada pela mídia global, em que a “produção de mercadoria
cada vez mais enfatiza os valores e virtudes do instantâneo e do descartável” (Ball, 2001), e
destaca:

(...) mercados e sistemas de competição e escolha através dos quais eles operam, reprocessam
os seus próprios atores-chave – no nosso caso, famílias, crianças e professores (as) – e exigem
que as escolas assumam novos tipos de preocupações extrínsecas e, por consequência,
reconfigurem e revalorizem o significado da educação. (Ball, 2001, p. 107).

Para Ball, a globalização tem papel imprescindível na economia e na educação, de forma que,
não ocorra da mesma maneira e com o mesmo ritmo em todos os lugares do mundo, tendo
assim, um posicionamento relacional, em que a política perpassa por um reprocessamento,
tendo as tecnologias, uma função primordial, tanto em nível micro quanto em macro, ao que
compete a gestão pública. “A gestão representa a introdução de um novo modelo de poder no
setor público; é uma força transformadora, ela desempenha um papel crucial no desgaste dos
regimes étnico-profissionais nas escolas e a sua submissão por regimes empresariais
competitivos” (Ball, 2001, p. 108).

Sendo assim, compreende-se que a educação passou e tem passado por inúmeras mudanças,
conforme realça Charlot, voltada à competitividade e para a formação para a cidadania. Ao
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que concerne ao âmbito da sua estrutura, nota-se uma redistribuição e descentralização de


recursos; reequilíbrio das funções; modernização dos conteúdos; diversificação das carreiras;
criação de sistemas nacionais de capacitação docente; criação de um sistema nacional
integrado de avaliação educacional (Draibe, 1999).

2.5.A globalização e o Processo de Ensino e Aprendizagem

De acordo com Saviani a escola tem um papel específico, educativo, propriamente


pedagógico, ligada à questão do conhecimento; e é preciso, entretanto, resgatar a importância
da escola, e reorganizar o trabalho educativo.

A realidade das transformações globais estabelece a produção de sentidos novos sobre as


próprias transformações, bem como, sobre as pertinentes, relações da sociedade com o
Estado, culminando nas reformas necessárias para o desenvolvimento econômico e para uma
vida democrática, tanto global como local. Para as perspectivas atuais da educação, deve-se
buscar uma reflexão que envolva o processo de globalização da economia, da cultura e das
comunicações. Já que não é possível o novo modelo de produção de conhecimento ser
ignorado pelo desenvolvimento científico e tecnológico.

Podemos afirmar que as dimensões sociais e econômicas não são necessariamente


excludentes, para o setor da educação. Para Charlot (2007), os educadores e a educação
devem reencontrar seu lugar nos multíplices níveis em que se posiciona o mundo globalizado
e agir sobre o mesmo. Compreendendo que é a partir do centro do sistema, partindo de um
nível mais elevado, que o sistema de ensino e a instituição escolar são elaborados e, é no nível
mais baixo da hierarquia, que as ações educativas ocorrem. O alargamento entre os locais de
origem das propostas e de sua aplicação é o que possibilita uma ação pedagógica propícia, a
um novo modelo de globalização que se estruture sobre os princípios do acesso não só à
escola, mas ao saber e à educação. Educação esta, direcionada não só para a cidadania, mas
para a participação, garantidora do próprio ato pedagógico. Por meio desta agenda mundial
em volta do conhecimento, a escola reforça a sua estrutura homogênea de espaço de saberes,
cada vez mais envoltos pela lógica de competências (Pacheco, 2005).

Conforme analisa Castells (1999), a globalização traz em seu bojo uma identidade
legitimadora, que, enquanto fenômeno cultural, interfere na escola com intuito de expandir e
racionalizar a sua dominação em relação aos atores sociais.
14

Segundo Garruti e Oliveira (2014) na era da globalização é preciso romper com o pensamento
de continuidade e os velhos paradigmas com os quais se acostumou a conviver na cultura
pedagógica da escola. O Processo de Ensino e Aprendizagem requer ou obedece uma cadeia
de planificação para a sua realização. Neste caso, no tempo actual da globalização tomamos
dois conceitos que assolam o mundo em quase todas esferas: a conjuntura e a estrutura. Para
Garruti e Oliveira (2014) o conjuntural abrange situações momentâneas, como por exemplo,
as tantas crises passageiras que assolam a escola, enquanto o estrutural consiste em ser mais
abrangente por estar constituída em um processo histórico de alterações profundas na
sociedade e, por conseguinte na escola. Essas mudanças têm provocado verdadeiras
revoluções em seus agentes, produzindo mutações socioculturais que testam continuamente a
capacidade das organizações escolares que, por causa das constantes tensões, precisam se
ajustar às novas situações, forçando a necessidade de se adequarem ao uso de novas
tecnologias acompanhadas com suas metodologias arrojadas, voltadas às inovações do
ambiente organizacional da escola.

As alterações estruturais na sociedade e em seus agentes podem ser facilmente percebidas.


Bridges (2001 cit. em Garruti e Oliveira 2014) afirma ainda que para as mudanças estruturais,
relacionadas ao desenvolvimento tecnológico e à tecnologia, consiste observar que:

[...] as pessoas são forçadas a aprender novas e complexas formas de fazer as coisas e
de se comunicar, possibilitando mudanças significativas em produtos e serviços até
obrigando todas as organizações a acompanharem o progresso global. A comunicação
aperfeiçoada significa que mudanças antes visíveis apenas localmente são agora
experimentadas simultaneamente em toda parte (p. 205).

Enquanto os fatores conjunturais dizem respeito às mudanças de formato absoluto na


organização escolar, os fatores estruturais se referem, basicamente, aos gestores das
organizações escolares expondo--os a uma proporção bem mais relevante de mudanças que
ocorrem em dados momentos, tornando mutáveis tanto a natureza quanto a forma de trabalho.

As frequentes mudanças da conjuntura social forçam as organizações de forma geral e a


escolar de forma específica a desenvolverem novas formas e práticas pedagógicas necessárias.
Até pouco tempo atrás havia um número grande de pessoas envolvidas no processo que agora
são substituídas por softwares e um punhado de “parafernália haitec”, tanto no controle da
administração e da burocracia, quanto na produção assistida pela mídia em assuntos
pedagógicos. Nunca as organizações mantiveram tão altos níveis de produtividade em um
15

lapso de tempo tão efêmero, o que acabou gerando um desemprego em massa, sem propensão
para encontrar um uso produtivo para todos os profissionais deslocados por esse processo.
Cargos e funções tornaram-se obsoletos, desativados e não mais reativados Garruti e Oliveira,
2014).

Na verdade no Processo de Ensino e Aprendizagem é necessário atender as questões mundiais


e concilia-los com os locais, ou seja o professor de Geografia deverá primeiro planificar os
conteúdos olhando para o local e global de tal modo que o seu conteúdo reflita a realidade.
Ademais o professor deve elaborar exemplos em dois mundos, é extremamente arriscado
oferecer aulas medindo as capacidades dos alunos para tal é necessário que o professor tenha
uma larga preparação em conteúdos e exemplos locais e globais. A seguir o uso de meios ou
instrumentos didáticos devem estar num nível bastante avançado para permitir
acompanhamento da realidade mundial.

Hoje em dia, o quadro e giz podem ser ou são substituídos por meios informáticos como
apontadores, projectores, meios informáticos que são aplicados em todos os sectores sem
exclusão da escola. Assim, num mundo globalizado o professor é obrigado a exigir de si mais
do que sabe para enfrentar os efeitos conjunturais. Os alunos usam smartphones, ou o mundo
em geral se desenvolveu em grandes passos no uso de tecnologias que permitem adquirir
informações instantaneamente o que pode dificultar a compreensão por parte do professor.

2.6.Actual organização escolar no mundo globalizado

Na actual conjuntura, as organizações escolares acabam por ter que se ajustar ao novo quadro
socioeconômico, o qual lhes impõem mudanças estruturais, na tentativa de operacionalizar
soluções concretas para seus problemas efetivos, transformando o espaço escolar em
permanente devir não suficientemente planejado. Como consequência desse movimento,
houve uma maior necessidade de instrumentalizar os diretores das escolas a lidarem melhor
com a dinâmica decorrente da globalização do sistema capitalista de produção.

Para Garruti (2014) essas mudanças estruturais acabaram desencadeando ações basilares de
princípios ajustados apenas aos processos internos da escolarização, dando conta das
necessidades interescolar, deixando ao ócio as questões extraescolares. As influências
advindas da globalização por um lado oferecem ameaças, mas por outro, criam condições de
mudanças e novas oportunidades. A postura, das diferentes organizações escolares com seus
gestores, embora ainda bem desestruturadas e até desorganizadas, tem promovido ações
epistemológicas e, desta forma, esse movimento acaba sendo considerado agente de mudanças
16

nas organizações escolares. Nesse sentido, os sujeitos envolvidos modificam o ambiente de


atuação, causando mudanças nas estruturas, exigindo uma formação continuada com novas
tecnologias e motivando a todos a buscarem investimentos na qualificação dos professores
envolvidos com o processo educacional.

Por fim, pode-se concluir que a confluência desses elementos, de forma compartilhada e
democrática, entre os integrantes da nova estrutura descrita aqui, favorecerão o consenso e o
entendimento das alterações ambientais, a agilidade na elaboração de estratégias, além de
explicitarem as decisões e abrirem vários pontos de controlo. A postura dos gestores
educacionais pode ser reativa ou proativa, isso dependerá muito do contexto e das alterações
sofridas pelos movimentos externos, alterando posturas e conceitos conforme a apropriação
das informações daí oriundas.
17

3.Conclusão

Conclui-se que, a globalização traz consequências diretas para o campo educacional, tendo
como maior desafio, a elaboração de uma educação que vise a construção de um sujeito e uma
sociedade crítica e democrática.

A educação e a globalização teriam ambas, papéis importantes em que seriam funcionais,


estando moldado a uma lógica sistêmica, conforme defende Parsons, colocando os
subsistemas para compor um sistema total. Compreende-se assim, que a globalização não
deva ser posta, exclusivamente, como um feito econômico, já que a própria economia não está
mais fechada dentro de cada Estado Nacional, mas ocorrendo de forma aberta em que se tem
um ancoramento no sistema mundial. Tendo dessa forma, a economia, a política, a cultura, e a
própria educação aportadas num nível mundial.

Enfim, a educação, acaba tendo a função de legitimar os status que os indivíduos


desempenham num âmbito social, em que denotamos grandes mudanças na própria escola, e
de um Estado-nação que está em constantes embates e rearranjos em detrenimento, conforme
coloca Sallum, de uma nova organização na esfera política, econômica, social e cultural.

A confluência desses elementos, de forma compartilhada e democrática, entre os integrantes


da nova estrutura descrita aqui, favorecerão o consenso e o entendimento das alterações
ambientais, a agilidade na elaboração de estratégias, além de explicitarem as decisões e
abrirem vários pontos de controlo. A postura dos gestores educacionais pode ser reativa ou
proativa, isso dependerá muito do contexto e das alterações sofridas pelos movimentos
externos, alterando posturas e conceitos conforme a apropriação das informações daí
oriundas.
18

4.Bibliografia

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