Aqui Cultura
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1 -INTRODUÇÃO
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que alteram os processos biológicos, físicos e químicos dos sistemas naturais.
tipo e escala dos impactos causados pela aqüicultura dependem da
intensidade do sistema produtivo e condições físicas, químicas e biológicas da
área em questão. Geralmente, quanto mais intensivo o sistema, maiores os
impactos ambientais.
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2 - EFLUENTES DAAQÜICULTURA
OS rios e águas adjacentes às fazendas de aqüicultura podem receber, via
efluentes, cargas elevadas de nutrientes acelerando o processo de eutrofização.
Esse é um dos maiores problemas ambientais relacionados à aqüicultura. A
ração, que é adicionada aos viveiros para que os peixes cresçam o mais rápido
possível, contribui para a eutrofização das águas dentro e fora das fazendas.
Economicamente, os sistemas intensivos são inviáveis sem o uso de ração.
Apenas parte da desse alimento que entra no viveiro é consumida. A amônia é o
principal produto final da quebra de proteína após a ingestão e digestão da
ração, e é eliminada pelos peixes na água. A parcela da ração adicionada aos
viveiros e não consumida também é transformada em amônia, através da
decomposição por determinadas bactérias. A amônia é fonte de nitrogênio nos
efluentes da aqüicultura. Além do nitrogênio, as concentrações de fósforo nos
viveiros também aumentam durante o tempo de cultivo.
O impacto ambiental dos efluentes da aqüicultura depende das espécies
que estão sendo cultivadas, intensidade do cultivo, densidade de animais,
composição da ração utilizada, técnicas de alimentação dos animais e hidrografia
da região. Algumas pesquisas mostram que os viveiros de aqüicultura podem
lançar quantidades significativas de N e P em corpos de água adjacentes. Estudos
realizados em fazendas de bagres do canal (Ictalurus punctatus), por exemplo,
apontam que, em média, para cada tonelada do peixe produzida são liberados
no meio ambiente 9,2 kg de N e 0,57 kg de P. Enquanto os sistemas extensivos
geralmente são minimamente impactantes devido à baixa densidade de
organismos cultivados e ao não uso de ração, os sistemas intensivos podem
causar graves danos ambientais.
As criações intensivas são completamente dependentes de ração. Nos
sistemas sem i-intensivos e extensivos, que são os sistemas mais utilizados
nos trópicos, além da densidade de peixes ser menor também há o
aproveitamento da alimentação natural dos viveiros e, conseqüentemente, menor
utilização de ração. Dependendo da espécie cultivada e da técnica utilizada, mais
de 85% do fósforo e 52-95% do nitrogênio que entram nos viveiros através da
adição de ração podem ser eliminados no meio ambiente. Quanto maior as
taxas de alimentação através de ração, maior o impacto ambiental.
3 -IMPACTOS GENÉTICOS
As tilápias, hoje em dia muito importantes para a aqüicultura brasileira, são
originárias da África. De fácil adaptação, a tilápia já foi disseminada pelo Brasil inteiro
não somente dentro das fazendas de aqüicultura mas também fora delas - apesar da
precaução é muito comum peixes fugirem das fazendas e atingirem as bacias
hidrográficas causando diversos impactos ecológicos. Do ponto de vista produtivo
as tilápias apresentam muitas vantagens para o cultivo em território brasileiro,
mas é difícil estimar precisamente as conseqüências negativas da introdução
de espécies exóticas em geral sobre os rios e bacias hidrográficas. Estudos já
apontaram que pode haver competição por espaço e alimento, transferência de
doenças para as espécies de peixes endógenas e modificações de habitat.
Pesquisadores têm discutido também a "poluição genética" causada por
cruzamentos entre as espécies cultivadas e as populações de peixes selvagens
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que habitam os rios e corpos de água adjacentes. As respostas das interações
genéticas, nesse contexto têm sido abordadas por vários cientistas. Uma das
conclusões é que nem todas as modificações genéticas induzidas nos peixes
cultivados que visam melhorar a produtividade são benéficas para os peixes
selvagens. O cruzamento entre espécies selvagens e cultivadas pode originar
indivíduos inaptos para sobreviver em ambiente natural.
Um exemplo interessante sobre o impacto da aqüicultura sobre a variabilidade
genética dos peixes é o tambaqui (Colossoma macropomum) que habita a bacia
amazônica e é uma das principais espécies da piscicultura brasileira. A
pesquisadora Vera Vai e sua equipe do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução
Molecular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) compararam
populações de tambaquis provenientes da natureza nas proximidades de Manaus
e populações confinadas de diferentes regiões do Brasil. O estudo mostrou que
os tambaquis confinados estão perdendo a variabilidade genética que permite a
espécie sobreviver nos rios amazônicos.
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meio rural mais sustentável. Alguns estudos apontam caminhos para isso
mostrando que a aqüicultura, com suas várias funções pode desempenhar um
papel fundamental no meio rural. Além de produzir peixes para restaurar os
estoques de peixes super explorados nos rios a aqüicultura tem gerado trabalho
e renda para as populações ribeirinhas e aumentando a sustentabilidade dos
sistemas rurais integrando-se às outras atividades produtivas. Documentos da
FAO mostram também que nas últimas décadas a aqüicultura integrou-se às
economias de muitos países do terceiro mundo, contribuindo cada vez mais
para a geração de divisas e segurança alimentar no meio rural.
5. SITUAÇÃO E PERSPECTIVA DAAQÜICUL TURA
5.1. No Mundo
A produção total mundial de peixes e camarões (pesca e cultivo) atinge,
aproximadamente 100 e 2,15 milhões de toneladas anuais, respectivamente. De
acordo com a FAO e outros organismos, até o ano 2000, a pesca e o cultivo de
peixes e camarões deveriam produzir 132,75 milhões de toneladas, se for levado
em conta um incremento demográfico médio de 2% ao ano. Se a taxa de
crescimento do consumo for da ordem de 5% (igual à observada ao longo da
década de 80), a produção total de peixes e camarões deveria chegar a 143,7
milhões de toneladas por ano.
Enquanto a pesca tem sua produção anual praticamente estagnada ao redor
de 90 milhões de toneladas, a aqüicultura vem mantendo sua destacada posição
como a atividade produtora de alimento de maior crescimento no cenário mundial.
O cultivo de peixes e outros organismos aquáticos na década de 90 vem
apresentando crescimento médio ao redor de 14% ao ano, com 27,8 milhões de
toneladas produzidas em 1995, sendo 50% desta produção oriunda da
piscicultura. O valor estimado da produção de pescado cultivado em 1995 foi de
US$ 43,2 bilhões. A FAO estima que no ano 2010 cerca de 40 milhões de toneladas
de pescado serão produzidas através da aqüicultura.
Em diversos países, a piscicultura em escala industrial se estabeleceu como
alternativa econômica e ambientalmente viável para aumentar a produção,
regularizar a oferta, a qualidade e o preço dos produtos de pescado. Como exemplo
listamos a indústria do bagre-do-canal nos Estados Unidos, a salmonicultura
industrial chilena e européia, a produção comercial de tilápias para exportação
em países como Taiwan, Costa Rica e Colômbia, sem deixar de ressaltar a
aqüicultura da China, responsável pela produção de 16,7 milhões de toneladas
anuais de pescado, ou seja, 60,2% da produção mundial da aqüicultura.
A aqüicultura marinha é responsável por 43% do pescado consumido no
mundo. Em outras palavras, são 45,5 milhões de toneladas de peixes anuais
avaliadas em 63 bilhões de euros. De acordo com a FAO, a exportação mundial,
em 2005, foi de 95 milhões de toneladas, das quais 60 milhões foram canalizadas
para o consumo humano.
O Chile e a Noruega são, atualmente, os dois principais motores da aqüicultura
mundial, já que controlam 70% da produção dos salmonídeos comercializados
internacionalmente.
O consumo aumenta cada vez mais. Se a população mundial continuar a
crescer no mesmo ritmo, e se os índices de consumo se mantiverem nos índices
atuais, a pesca mundial poderá chegar, em 2010, a 120 milhões de toneladas
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anuais - 85 milhões a mais do que em 1990 - para atender à demanda mundial.
Os especialistas dizem que só há uma solução possível: a aqüicultura.
5..2. No Brasil
A aqüicultura, em franco desenvolvimento, vem se impondo como atividade
pecuária, embora ainda seja considerada por muitos como um apêndice do
setor pesqueiro. Praticada em todos os estados brasileiros, a aqüicultura abrange
principalmente as seguintes criações: de peixes (piscicultura); camarões
(carcinicultura); rãs (ranicultura) e moluscos: ostras e mexilhões (malacocultura).
Outros cultivos aquáticos, como o cultivo de algas, são praticados em menor
escala.
Dentre todas as criações aqüícolas, a piscicultura de água doce respondeu
em 1999 por uma produção de aproximadamente 90.443 toneladas,
correspondendo a 78,4% da produção total da aqüicultura, que foi de 115.398
toneladas (dados publicados pelo CNPq em 2000). Segundo dados da FAO (2002
- www.fao.org.), a produção brasileira passou de 23.390 toneladas em 1991 para
153.558 toneladas em 2000 (Figura 1).
Com relação ao preço unitário pago pela produção brasileira, a Figura acima
mostra, através do valor e da produção que o mesmo não tem se alterado nos
últimos 10 anos, variando de US$ 4,39/kg (em 1991) a US$ 4,02/kg (em 2000);
1997 apresentou o menor valor: US$ 3,72/kg.
Uma característica importante da piscicultura brasileira é o grande número
de espécies criadas. Hoje, utilizam-se mais de 30 espécies, com os mais
variados hábitos alimentares e ambientes de vida. Vão desde espécies de clima
tropical (em sua grande maioria) até espécies de clima temperado e frio. E as
que oferecem maior produção, em ordem de importância, são: as tilápias, os
peixes redondos (pacu, Piaractus; tambaqui, Colossoma e seus híbridos) e as
carpas (comum e chinesas). Outras espécies, porém, como os grandes bagres
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brasileiros (pintado, surubim e pirara), o dourado e os 8ricons (matrinxã,
piracanjuba, piraputanga e piabanha), começam a despertar o interesse de
criadores não apenas pelo seu valor para a pesca esportiva como também pela
facilidade de comercialização.
Não é por acaso que o Brasil é visto hoje como um dos países com maior
potencial para o desenvolvimento dessa atividade: o país possui a maior
disponibilidade hídrica do planeta com bacias hidrológicas cobrindo grandes
extensões do território e centenas de rios. Essa abundância - que na vida de
muitas populações economicamente desfavorecidas em nada se aplica - fomenta
a idéia de um pais repleto de tanques e viveiros lucrativos fornecendo a bom
preço o pescado para a alta demanda de consumidores mundiais, sendo que o
potencial brasileiro para o desenvolvimento da aqüicultura ainda é sub-explorado.
Apesar de o Brasil reunir condições extremamente favoráveis para o
desenvolvimento da piscicultura (i.e. clima tropical em grande parte do território;
imenso potencial hídrico; disponibilidade de terra, grãos e insumos de produção;
grande potencial de mercado; diversidade de espécies de peixes, entre outras),
esta atividade ainda não assumiu posição de destaque em nosso país como
geradora de alimento, fato que pode ser atribuído a diversos fatores:
• Produção pulverizada, oriunda de um grande número de pequenos criadores;
• Falta de compromisso entre produtores e frigoríficos, sendo quase toda a
produção destinada aos pesqueiros (pesque-pague) nos grandes centros
urbanos;
• Pequeno enfoque empresarial e industrial dado à atividade;
• Pouca agilidade dos órgãos de pesquisa na geração de tecnologia aplicada;
• Limitado dominio da tecnologia de cultivo de peixes nativos de interesse
comercial;
• Ausência de uma política governamental eficaz para promover o setor;
• Escassez de técnicos capacitados ao planejamento, implantação e
gerenciamento de projetos voltados ao cultivo industrial de peixes;
5.3 Na Amazônia
A região norte do país, sobretudo a Amazônia, apresenta excelentes condições
climáticas, recursos hídricos e material biológico para a aqüicultura industrial no
Brasil. Além de ser a região de maior consumo anual de pescado, acima de 50 kg/
habitante, a Amazônia exporta grandes quantidades de pescado, principalmente o
surubim e outras espécies de peixes lisos, para o mercado das regiões sul e sudeste
do Brasil e diversos outros países. A captura de pescado na Amazônia foi estimada
ao redor de 205.000 toneladas ao ano e até o ano 2005 haverá um crescimento de
mais 15% deste segmento principalmente através da criação em cativeiro do
pirarucu e de outras espécies como o tambaqui, resultando em uma produção
anual superior a 235.000 toneladas. Este aumento de produção será imediatamente
absorvido pelo mercado pois se trata de produtos de altíssima qualidade.
A indústria da pesca na Amazônia, como em todo o Brasil, é uma atividade
extrativa caracterizada pela oferta insuficiente e sazonal de pescado, inconstância
na qualidade e elevado preço dos produtos oferecidos ao consumidor. Diversos
fatores contribuem para esta situação:
• A sobre pesca, que reduz os estoques naturais de peixes;
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• Aumento do esforço de pesca e, portanto, do custo de captura;
• A grande distância entre os locais de captura e os centros consumidores;
• A regulamentação da pesca, limitando a captura de determinadas
espécies e proibindo a pesca em determinados períodos do ano, obrigando o
armazenamento de produtos pôr vários meses para regularizar a oferta;
A aqüicultura é uma atividade multidisciplinar emergente em alguns países,
onde existe uma acentuada carência de proteína animal de baixo custo e os
recursos hídricos são escassos ou estão comprometidos.
Considerando-se a precariedade na oferta de alimentos no país, ocasionada
pela redução do poder aquisitivo, a má distribuição de renda e a escassez de
recursos financeiros para incentivar o aumento da produção, observa-se que, o
pescado é o principal componente da dieta básica da população amazônida, e
que o incremento da produção aqüícola na região, minimizaria esse quadro.
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5.4.2. Manejo de Cultivo
A maioria dos produtores não faz manejo da água no que diz respeito ao
monitoramento do oxigênio dissolvido e pH.
A maior parte do alimento utilizado é composto de subprodutos da agroindústria
ou hortifrutigranjeiros de baixo custo, como por exemplo as vísceras de frango,
sangue bovino e grãos inservíveis para consumo humano. Entretanto, existem
alguns criadores que usam rações balanceadas, mas em pequenas proporções,
devido ao alto valor desse insumo, em função do frete e o alto diferencial de
preço praticado pelo comércio local.
6. PRODUTOS E MERCADOS
140
• Elevado custo ambiental ao setor, uma vez que a pesca extrativa focalizada em
uma única espécie compromete e altera o equilíbrio ecológico, aumentando o
risco de extinção de algumas espécies.
7. CONCLUSÕES
141
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