Anfibios
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Anfibios
PROBLEMATIZAÇÃO
Sapos
Vanessa K. Verdade
A designação popular sapos, tem duas conotações, uma que se refere aos anuros
em geral e outra que diz respeito aos anuros que possuem pele bastante rugosa.
Os sapos são mais independentes da água que as rãs e pererecas, ou seja, são
membros posteriores mais curtos que os demais anuros, bem como uma concentração de
glândulas de veneno nas laterais da cabeça. Não existe mecanismo ejetor, se o animal for
Rãs
As rãs são popularmente conhecidas como anuros bastante ligados à água e bons
posteriores (como num pé de pato). Aqui no Brasil ocorre apenas uma espécie de rã, na
Amazônia. Seus membros posteriores são longos e adaptados à natação e aos saltos.
Pererecas
Também possuem a pele mais lisa que os sapos, como as rãs. Seus membros são
Apresentam nas pontas dos dedos expansões em forma de disco que promovem
adesão. São por isso capazes de caminhar em superfícies verticais, o que convém a seu
hábito arborícola.
Por serem animais noturnos e que vivem em geral próximos a corpos d'água como
brejos e pântanos, os sapos sempre tiveram uma conotação macabra. Seu aspecto
rugoso e a temperatura de seu corpo o tornaram alvo de receitas em bruxarias e castigo
de muitos príncipes.
interior, a quantidade de líquido expelida pode ser bastante grande e lançada a uma
Sapo fuma?
Muitas vezes é observado que os sapos vão atrás de bitucas de cigarro. Isto
acontece porque a cor vermelha da brasa e seu movimento quando atirada ao solo, são
interpretadas como presas. Assim, sapos engolem bitucas de cigarro por confundi-las
Sapo explode?
seus pulmões.
Quando um sapo é incomodado, ele infla os pulmões e mostra seu dorso. A idéia é
que pareça muito maior do que realmente é. Para o observador, a impressão é de que o
animal irá explodir, tamanho o empenho em inflar seu pulmão e o volume que ele alcança.
muitas espécies. Plagiando Darwin em sua Teoria da Seleção Natural, "somente os mais
adaptados sobrevivem".
As conseqüências são o aumento do nível dos mares, causado pelo degelo dos pólos,
inúmeras espécies.
Os anfíbios estão entre esses seres que estão sendo efetivamente atingidos.
Esse grupo apresenta ainda um agravante, o fato de ter a sua imagem associada à
magia, mau agouro ou mesmo pela sua aparência, considerada, agressiva, e seu corpo
frio. Essa cultura do misticismo, em relação aos anfíbios faz com que não se veja com
anfíbios nos ecossistemas e buscar modificar a sua imagem no imaginário das pessoas.
Só assim, essa espécie tão importante, poderá ter alguma chance de escapar à
extinção.
2. Perspectiva Interdisciplinar
grupo dos anfíbios, poderá ser desenvolvida entre os (as) professores (as) de língua
portuguesa, pois esses poderão orientar a escrita do texto de uma peça de teatro sobre a
importância dos anfíbios para o equilíbrio dos ecossistemas , e os (as) professores (as) de
ciências, que poderão orientar as pesquisas para obtenção dos dados necessários para
isso.
A disciplina de artes, poderá realizar uma sessão de pintura sobre como as pessoas
4. CONTEXTUALIZANDO
Por milhares dos anos, os anfíbios foram associados com os mitos e a mágica.
Infelizmente, muito do folclore é negativo, pois eles são definidos como monstros.
Entretanto, algumas culturas vêm os anfíbios do ponto de vista de uma luz positiva,
rãs e os sapos na religião: na mitologia, e na bruxaria nos tempos antigos, a argila era
usada para fazer estátuas de cerâmica que foram coletados nos locais que devem ter sido
longo dos rios Tigre e Eufrates, onde encontravam rãs freqüentemente. Este encontro é
refletido nas palavras antigas para rãs. Os egipcios adaptaram o "krr" da palavra; ou
"krùru" da palavra, a qual pode também ter sido feito para se assemelhar ao som de uma
registrou que as rãs se formavam de lama e de água; uma opinião que pareçe ser uma
conseqüência das inundações do rio de Nilo durante a estação chuvosa, quando as rãs
Heket (Heget), com cabeça de sapo. O deus egípcio Heket (Heqet), era associado com
criança no ventre da mãe. Heket dava a todas as criaturas o "pão da vida" antes que
serem colocados no ventre da mãe. Heket era também responsável para ressurreição
dos membros de Osíris. A correlação entre rãs e fertilidade poderia ter vindo do grande
número de ovos produzidos por rãs e por sapos a cada estação (freqüentemente
centenas ou mesmo milhares em uma única estação). As rãs foram descritas também na
que as rãs foram criadas da lama e da água. Durante os tempos antigos, antes que o
entravam em áreas públicas, e assim, foram considerados como pragas. As rãs foram
através das serpentes, sapos, e as rãs, consultadas freqüentemente .As rãs e os sapos ,
geralmente, foram associados com a mágica negra por séculos. As lendas contavam
porções de partes do corpo dos sapos. A tradição basca dizia que as bruxas poderiam ser
acreditava-se que as bruxas tinham uma imagem de sapo no olho esquerdo. Outros mitos
das bruxas contam que elas extraíam secreções da pele do sapo, ou coletando a saliva
O fato de as rãs viverem nos pântanos, fazia com que fossem consideradas feias e
sujas.
gigantes.
estudo dos animais. Embora estes estudos estivessem envolvidos pelos mitos e pelo
O livro Physiologus, da idade média, foi talvez o trabalho literário mais importante
sobre a ciência dos animais. Neste livro, as rãs são divididas em duas categorias; rãs da
lagarto de fogo. Isso porque eles acreditavam que ela poderia apagar o fogo com as
Eram queimados, às cinzas, que eram depois coletadas e usadas em fórmulas medicinais
tritões foram associados também negativamente com as vacas, pois acreditava-se que
Muiraquitã
muira-kitá, nó de pau), assim como a própria lenda do Muiraquitã, que pode ser contada
de diferentes maneiras.
Amazonas (mulheres sem marido). O lago era consagrado à Lua, pelas Icamiabas, onde
anualmente realizavam a Festa de Iaci, divindade mãe do Muiraquitã, que lhe oferecia o
precioso amuleto retirado do leito lacustre. A festa durava vários dias, durante os quais as
mulheres recebiam índios da aldeia dos Guacaris, tribo mais próxima das Icamiabas, com
os quais mantinham relações sexuais e procriavam. A lenda também diz que, se dessa
as águas serenas e a Lua refletida no lago, as índias nele mergulhavam até o fundo para
receber de Iaci os preciosos talismãs, com a configuração que desejavam, como jaboti,
o ar, logo após saírem d’água. Então os presenteavam aos Guacaris com os quais se
acasalavam, o que os faria serem bem recebidos onde os exibissem, além de dotar outros
(http://www.eln.gov.br/Conhecimento/Premio_Muiraquita/Icones.asp , acesso em
13/12/2007).
Debater sobre esse misticismo que se deposita sobre a imagem dos anfíbios,
principalmente dos sapos, é necessário para que se possa entender a real função desse
grupo no ecossistema e assim, buscar mudar essa idéia de símbolo de sorte, azar que só
5. Sítios
http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/fullpaper?bn00806022006+pt
Esse é um artigo escrito por Marianna Dixo & Vanessa Kruth Verdade, do Instituto
brasileira, mas que isso pode ser resolvido através de estudos e levantamentos da
trazer dados para um planejamento eficiente sobre as medidas que devem ser
tomadas para a convervação das espécies.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_Naturalis_Brasiliae
O Livro Historia Naturalis Brasiliae, publicado em 1648, por Guilherme Piso, foi o
primeiro livro médico que trata do Brasil. ele é dividido em 4 livros, sendo que o
Fala sobre a escravidão e o uso dos venenos de plantas, cobras e anfíbios, para
amenizar o sofrimento.
· Ibama- RAN
http://www.ibama.gov.br/ran/index.php?id_menu=178
· Instituto Râ-bugio
http://www.ra-bugio.org.br
Esse site apresenta fotos de várias espécies de anfíbios, com seus nomes
ambiente.
6. SONS E VÍDEOS
7. PROPOSTA DE ATIVIDADE
• ATIVIDADE:
(Re)Conhecendo os Anfíbios
OBJETIVOS:
agouro;
ENCAMINHAMENTO:
Na primeira aula, o (a) professor (a) questiona os (as) alunos (as): Quando foi a última
vez que você viu um sapo? O que você acha deles? Você acha que existe diferença entre
rã e sapo? Após a exposição das opiniões dos (as) alunos (as) sobre os anfíbios, esses
(as) assistirão a um vídeo do Instituto Rã-Bugio, que lhes permitirá conhecer mais sobre
os anfíbios.
http://www.youtube.com/watch?v=HEsgBps1sEY&mode=related&search
Logo após, será solicitado aos (as) alunos (as), um relato escrito sobre o que pensam dos
anfíbios.
Numa segunda aula, o (a) professor (a) proporá à turma, uma pesquisa em grupo,
para buscar dados sobre a importância dos anfíbios no equilíbrio ambiental. Os alunos
para saber qual a imagem que fazem dos anfíbios. Deverão apresentar oralmente, à
Numa terceira aula. com a orientação do (a) professor (a), os (as) alunos (as) irão ao
sapos e rãs. Os (As) alunos (as) deverão responder, por escrito, 5 questões abertas sobre
os anfíbios.
Na quarta aula, o (a) professor (a) proporá a escrita e apresentação, de uma peça de
teatro sobre a importância dos anfíbios para o ecossistema. Isso permitirá avaliar as
explicações dadas e refletir sobre as mudanças nas idéias que tinham sobre os anfíbios
AVALIAÇÃO:
A avaliação do processo será por meio de perguntas feitas pelo (a) professor (a), os
(as) alunos (as) que analisarão a sua participação no trabalho e apontarão aquilo que
precisa ser melhorado. O objetivo dessa aula será atingido, se os (as) alunos (as)
apresentarem conhecimento satisfatório sobre a forma com que os seres humanos tratam
8. SUGESTÃO DE LEITURA
• O Sapo Encantado
CONTO
O sapo encantado é um texto extremamente poético que trata do amor entre um sapo
ebulição da paixão que altera o comportamento dos animais. Tudo se desconstrói diante
O (A) professor (a) terá a possiblidade de desmitificar esse assunto, explicando que
sucesso, pulando feito um sapo, como não poderia deixar de ser, enquanto os cabelos
crescem em suas têmporas, a pelugem aparece nos braços, a boca e os olhos diminuem.
A beleza da Princesa, que a todos encanta, não impressiona o sapo, já que seus padrões
estéticos não foram alterados com sua transformação. Ele a acha repugnante e sofre de
saudade de sua. Assim, coloca em prática um plano de fuga: à noite, sai pela janela, aos
Esse trecho do livro, permite que o (a) professor (a) debate com seus (as) alunos
(as), sobre as diferenças, o exagerado culto ao corpo (magro é bonito, gordo é feio),
racismo etc. Que aquilo que não nos agrada pode ser considerado agradável a outro.
Depois de beijado, o príncipe volta a ser sapo, volta para o brejo, casa-se com a rã e são
Mas talvez, o ponto mais importante a se discutir, é o motivo pelo qual os animais
desse grupo despertam medo, repulsa e descaso em muitas pessoas. Como reverter
essa situação? O conhecimento pode ser o caminho. Levar os (as) alunos (as) a
importantes animais.
http://www.edicoessm.com.br/ArchivosColegios/edicoessmAdmin/Archivos/Guias%20de%
20Leitura/SAPO%20ENC , acesso em 07/12/2007.
9. DESTAQUE
A palavra “anfíbio” vem do grego “amphíbios” que significa que vive em dois
animais anfíbios, pois vivem parte da sua vida na água e outra em terra. São bastante
dependentes do meio aquático, pois respiram também através da pele e precisam mante-
com a rã).
Os anfíbios não têm escamas, mas têm a pele muito porosa, pois a respiração
através da pele é muito importante. Alguns nem sequer respiram pelos pulmões.
Possuem glândulas na pele que produzem substâncias tóxicas que lhes servem de
Depois de saírem do ovo, as larvas são aquáticas. Por isso, os anfíbios precisam de
água para colocar os seus ovos ou larvas. Nos anuros as larvas são muito diferentes dos
adultos, mas nos urodelos são parecidas. As larvas dos anuros são principalmente
herbívoras, enquanto as dos urodelos são carnívoras. As larvas dos anfíbios passam
por um processo chamado metamorfose, ou seja, sofrem uma mudança não só externa
(de forma e aspecto) mas também interna. Depois da metamorfose a maioria dos
representando um importante papel nos ecossistemas. Para além disso, dado que comem
muitos insetos, ajudam os agricultores que assim não precisam usar inseticidas e evitam
relativamente baixas e atingem tarde a maturação sexual. Não têm uma capacidade de
muito sensíveis à destruição de habitat, pois, ao contrário das aves, não podem “migrar”
10. NOTÍCIAS
Cientistas se reuniram nesta semana na cidade de Atlanta para ativar uma "Arca de
Noé" que proteja os anfíbios em todo o planeta, ameaçados por um fungo, e que --
"É o maior desafio de conservação das espécies na história da humanidade", disse Kevin
Zipple, funcionário da "Arca anfíbia" -- um grupo que tenta coletar diferentes espécies de
anualmente 10 espécies em maioria rãs em todo o mundo, e poderia acabar com 3.000
vem causando esta mortalidade desenfreada em alguns lugares do mundo, está também
no Brasil.
colaboradores.
A doença já havia sido detectada em Minas Gerais, mas o artigo amplia a extensão
(Unesp), que está em Belém (PA) e participa nesta quarta-feira, 18, de mesa redonda
http://www.museu-
goeldi.br/sobre/NOTICIAS/18_07_07_Especialistas%20discutem%20amea%C3%A7a%20de%20extin%
C3%A7%C3%A3o%20de%20anf%C3%ADbios.htm , acesso em 10/12/2007.
• Cadê os sapos?
Por Fábio de Castro
O padrão mais comum de ocupação humana nos vales de rios tem efeito desastroso
sobre os anfíbios da Mata Atlântica, de acordo com estudo realizado por pesquisadores
reprodutivo dos animais ao separar os corpos d’água, onde eles vivem em fase larval, das
florestas, onde vivem na idade adulta. Conforme aumenta a desconexão entre os dois
“Desmatamento é sempre ruim, mas o estudo mostra que alguns tipos são
justamente o mais tradicional na região. “Desde a época das sesmarias o uso humano da
terra tem se concentrado nas baixadas próximas aos cursos d’água, relegando os
inóspitas.
“Eles não resistem ao sol forte e à desidratação. Além disso, na área aberta perdem
Atravessando trechos com denso uso humano, também ficam expostos a agrotóxicos”,
disse.
Paisagem degradada
do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), foi realizada em São Luiz do Paraitinga, uma das
“A partir do trabalho dele amadurecemos a idéia de que os anfíbios estão sob risco
adicional devido ao padrão de ocupação e resolvemos analisar outros dados sobre a Mata
FAPESP. “Ele disponibilizou um inventário muito completo dos anfíbios em todo o bioma,
que nos permitiu confirmar a relação entre grau de extinção e desconexão de hábitat”,
explicou Prado.
Becker conta que, quando chegou à região para o trabalho de campo, em 2006,
encontrou uma paisagem tão degradada que pensou ser impossível trabalhar com
anfíbios no local.
encontrando apenas três deles na paisagem. Logo imaginei que os animais deviam sofrer
Ele instalou nas áreas escolhidas armadilhas apropriadas para medir a migração
dos anfíbios que saíam ou entravam nos fragmentos sem riachos. “O primeiro capítulo do
drasticamente quando o fragmento florestal é isolado da água por uma área de ocupação
humana. “Quando nascem no território sem mata, os filhotes ficam desorientados e não
sistema ecológico. “Eles são um elemento chave na cadeia alimentar. São predadores
O artigo Habitat split and the global decline of amphibians, de Carlos Guilherme Becker e
http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8168,
O fenômeno poderia contribuir para explicar porque cerca de um terço das espécies
de rãs vivas no mundo corre o risco de extinção atualmente. O estudo será publicado em
população de cada uma das espécies, mas a proporção mudou de forma significativa nas
menor concentração de hormônio, em um dos três grupos foi duas vezes maior. Nos
outros dois grupos, expostos a níveis mais altos de estrogênio, as rãs viraram fêmeas em
mudança de sexo nos machos de Rana pipiens, uma das duas espécies utilizadas na
outra espécie estudada é uma rã muito comum na Europa, a Rana temporaria. Entre as
rãs que mudaram de sexo, algumas passaram a ser fêmeas capazes de procriar,
enquanto outras apresentaram ovários, mas não trompas, sendo, portanto, estéreis,
mudança de sexo de acordo com as espécies, mas as conseqüências dessa situação são
A única solução a curto prazo seria melhorar o tratamento da água em regiões onde
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL8662-5603,00.html