Carvalho Actos de Fala

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4 - Pragmática: análise dos atos de fala

Pedro Adrião da Silva Júnior

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SILVA JÚNIOR, P. A. Pragmática: análise dos atos de fala. In:


CARVALHO, C. I. C., and BARBOSA, J. R. A., ed. Teorias linguísticas:
orientações para a pesquisa [online]. Mossoró: EdUFERSA, 2021,
pp. 101-124. ISBN: 978-65-87108-25-4.
https://doi.org/10.7476/9786587108629.0006.

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4 P R A G M ÁT I C A : A N ÁL I S E
D O S AT O S D E FA L A

Pedro Adrião da Silva Júnior

4.1  Considerações iniciais

Este estudo se fundamenta, basicamente, em duas áreas de


conhecimento. Por um lado, situa-se a pragmática, com-
ponente básico que se reconhece na competência comu-
nicativa (HYMES, 1971) e que procura estabelecer, com
precisão, fatores que determinam sistematicamente o modo
como funcionam nossos intercâmbios comunicativos. A
pragmática é conhecida, tradicionalmente, como o estudo
do uso da linguagem.

101
Sabemos que, durante o processo de aquisição de um idioma, para ex-
pressar-se na língua estrangeira, o aprendiz precisa de conhecimentos
linguísticos, gramaticais, fonéticos e fonológicos, culturais, etc. Porém,
nos últimos anos, a competência pragmática vem ganhando destaque no
ensino e na aprendizagem de línguas estrangeiras, visto que, durante os
intercâmbios comunicativos, as intenções dos interlocutores que rodeiam o
enunciado nem sempre são compreendidas. É precisamente nesse ínterim
que os conhecimentos pragmáticos se fazem importantes para decodificar
o que se quer comunicar implicitamente.
Por outro lado, este estudo se fundamenta na Gramática do Designer
Visual, que estuda, entre outros, textos publicitários como veículo de
comunicação. Esse gênero textual está presente no nosso dia a dia, em
forma de representações visuais, que se organizam e se estruturam nos
textos multimodais.
Os textos multimodais são textos formulados a partir de signos linguís-
ticos e são representados por meio de elementos visuais e verbais. Esses
textos são divididos em dois modos, que compõem sua estrutura: o modo
verbal e o modo não verbal.
Propomos, com este estudo, apresentar a análise de algumas peças
publicitárias, sob a ótica da pragmática, com base na teoria dos atos de fala
diretivos propostos por Austin (1962) e Searle (1969). As peças publicitá-
rias serão analisadas na perspectiva da GDV, segundo os autores Kress e
Van Leeuwen (2006), abordando a função composicional nos enunciados.
No que concerne à metodologia, a pesquisa possui caráter descritivo,
qualitativo e interpretativo.
O primeiro tópico apresenta o surgimento da pragmática e sua impor-
tância para os estudos da linguagem, bem como os pressupostos teóricos
da Gramática do Design Visual (GDV); o segundo tópico mostra alguns
principais conceitos necessários à compreensão da Pragmática, dos Atos de
Fala e da GDV; no terceiro tópico, está presente a metodologia empregada

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em nossa pesquisa; o quarto tópico apresenta um recorte de uma pesquisa
que analisa os atos de fala em peças publicitárias.
Sendo assim, a importância deste trabalho está em proporcionar uma
leitura imagética de anúncios que abordam importantes temas para a
sociedade, contribuindo, dessa forma, para uma visão crítica acerca de
textos visuais.

4.2  Princípios teóricos: surgimento da pragmática

Na última metade do século XX, a linguística passou por uma importante


transformação, marcada pela ampliação do seu objeto teórico: experimenta
a renovação da psicolinguística, da semiótica e da etnolinguística, e ocorre
o surgimento de novas disciplinas, como a pragmática, a sociolinguística,
a análise do discurso e a análise conversacional. Segundo Ordóñez (2004),
nesse campo fértil, as ciências da linguagem ampliam seus estudos e di-
recionam suas pesquisas para explicar seus objetos.
Maingueneau (1997) aponta que as reflexões de natureza pragmática
são bem antigas, remontam à Grécia Antiga, posto que a retórica, con-
siderada como estudo da intenção persuasiva, já tratava de questões do
campo pragmático. Ainda conforme esse autor, a própria gramática tratou
de alguns aspectos, como: o estudo de modo, tempo e outros elementos
importantes para a atividade enunciativa. Entretanto, a relevância desses
estudos estava subjugada a uma condição periférica diante da tradição
morfossintática gramatical.
Considerada uma das mais importantes linhas do conhecimento con-
temporâneo, o pragmatismo foi idealizado por um grupo de pensado-
res, mediante uma escola de especulações filosóficas instituída no final
do século XIX. Esse pensamento desenvolveu-se ao longo do século XX,
principalmente nos Estados Unidos, liderado pelo lógico e filósofo Peirce
(1839; 1914), pelo psicólogo James (1842; 1910) e, posteriormente, pelo

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filósofo norte-americano Dewey (1859; 1952). Esses nomes configuram
os principais representantes desse pensamento em suas várias vertentes.
Um dos primeiros estudiosos a usar o termo pragmática foi o filósofo
americano Peirce (1839), em seu artigo How to make our ideas clear. Nele, o
autor escreve sobre a tríade pragmática: as relações entre signo, objeto e
interpretante. Por meio desse esquema, Pierce estabelece uma relação entre
o que se diz, a quem esse dito remete e o que ele significa.
A filosofia de Peirce trouxe importantes contribuições para o enten-
dimento da linguagem. Sua compreensão entre pensamento e signo foi
responsável pelo surgimento da semiótica, uma visão de como o homem
significa aquilo que o rodeia e dos processos da linguagem.
O autor postula que todo pensamento se dá por meio de signos e que
não há pensamento sem signo. Segundo Peirce (1992b, p. 283), o signo e
o pensamento são inseparáveis, porque

Ora um signo tem, como tal, três referências; o primeiro, é um


signo para algum pensamento que o interpreta; é um signo de
algum objeto ao qual, naquele pensamento é equivalente; terceiro,
é um signo, em algum aspecto ou qualidade, que o põe em conexão
com seu objeto (PEIRCE, 1992b).

A partir do que foi proposto por Peirce, o também filósofo Charles


William Morris (1938) difundiu o termo pragmática – embora tenha sido
Peirce o primeiro a usá-lo. De acordo com a definição de Morris (1938,
p. 67), a pragmática é “a ciência que trata da relação entre os signos e
seus intérpretes”.
Tanto Peirce quanto Morris estabeleceram uma importante relação: o
vínculo entre os signos e os referentes. Os estudos pragmáticos partem
da ideia da semiótica de Pierce, o qual propõe que os estudos linguísticos
deveriam centrar-se em três níveis: sintático, semântico e pragmático.
No texto Foundations of a Theory of Signs3, Morris (1938) estabelece uma
distinção entre sintaxe, semântica e pragmática. Segundo esse pesquisa-

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 104


dor, a sintaxe examina as relações entre os signos; a semântica estuda a
relação dos signos com os objetos aos quais se referem; e a pragmática
trata da relação dos signos com seus usuários e de como estes os inter-
pretam e os empregam.
Essas definições, nos estudos sobre a linguagem, foram de grande
importância para a linguística, a filosofia e, principalmente, para os estu-
dos sobre a teoria da comunicação. Entretanto, não foram suficientes para
precisar o termo pragmática, tampouco capazes de definir e delimitar em
que ponto termina a semântica e começa a pragmática.
Nessa mesma perspectiva, Carnap (1938, p. 69-70), filósofo alemão,
define a pragmática como o estudo da linguagem em relação aos seus
falantes ou usuários e acrescenta: “a pragmática está na base de toda a
linguística”. Entretanto, analisá-la do ponto de vista pragmático foi sem
dúvida uma das suas grandes inquietações.4
Para esse estudioso, o uso da linguagem em situações concretas é
bastante heterogêneo, complexo e está sujeito a muitas variações, o que
impossibilita torná-la objeto de uma análise científica ou filosófica. Carnap,
em seu clássico The Logical Syntax of Language (1938), afirma que não há
dependência contextual. Por essa razão, elementos como tempo, lugar e
intenção dos falantes não são considerados nas suas análises. Com essa po-
sição, Carnap reitera a análise da linguagem com um sentido mais teórico
e sistemático, dando ênfase apenas nos planos da semântica e da sintaxe.
Também é importante ressaltar que os estudos pragmáticos possuem
grande relevância no campo discursivo. As pesquisas sobre essa discipli-
na começaram no século XIX com Austin (1962) e Searle (1969). Segundo
Calsamiglia Blancafort e Tusón Valls (2002),

4 Escrito em 1938 por Charles W Morris. O texto serviu de introdução à


International Encyclopedia of Unified Science (Enciclopédia Universal de
Ciência Unificada), da qual o filósofo foi um dos organizadores, junto com
Otto Neurath e Rudolf Carnap, do Círculo de Viena.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 105


Para que haja comunicação, deve haver uma transação de infor-
mação entre uma fonte–a instância emissora–e um destino–a ins-
tância receptora -, e isso é reproduzido em um contexto específico
e concreto. (Tradução do autor)5.

Essas teorias explicam que nós nos comunicamos não somente para
informar, mas também para pedir convidar, saudar. É importante com-
preender que, quando uma pessoa fala algo, ela tem alguma intenção, e
isso vai além do que se vê literalmente em nossas trocas comunicativas e
depende de fatores que influenciam diretamente o locutor e o interlocutor.
Segundo Frías Conde (2001, p. 4), “o enunciado pode ser uma oração ou
uma frase, contanto que esteja contextualizado”. Por isso, a compreensão e
a interpretação também podem variar, pois estão vinculadas ao momento
específico que envolve os falantes.
Todavia, é importante considerar que todo discurso possui um objetivo,
como afirmam Calsamiglia Blancafort e Tusón Valls (2002):
O discurso sempre tem um propósito–muitas vezes, mais de um–em-
bora o grau de controle que a consciência exerce sobre a produção dos
enunciados e sobre a manifestação ou a execução de nossas intenções seja
muito variável² (CALSAMIGLIA BLANCAFORT; TUSÓN VALLS, p. 187,
2002, tradução do autor)6.
Segundo a autora de Las cosas del decir, o propósito do nosso discurso
é algo que varia e de que nós só manifestamos e deixamos aparecer o que

5 Texto original: “Para que haya comunicación es preciso que exista una
transacción de información entre una fuente- la instancia emissora- y
un destino- la instancia receptora-, y eso se reproduce en un contexto
determinado y concreto”.
6 Texto original: “El discurso siempre tiene un propósito-a menudo, más
de uno-, si bien el grado de control que la consciência ejerce sobre la
producción de los enunciados y sobre la manifestación o la ocutación de
nuestras intenciones es muy variable”.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 106


nos é conveniente. Para esse propósito, costumamos fazer uso de elemen-
tos extralinguísticos, e uma das funções da pragmática é, precisamente,
analisar o que está sendo dito nas entrelinhas.
Essa é a principal diferença entre a pragmática e a gramática: enquanto
a primeira se preocupa em estudar o contexto de produção do enunciado,
a segunda leva em consideração somente o enunciado, fora de contex-
to comunicativo.
Nesse sentido, de acordo com Escandell Vidal (2004), há quatro fatores
que intervêm no processo comunicativo: “emissor, destinatário, situação,
enunciado”. Além desses, há ainda “a intenção e a distância social”, que
a autora aponta como relações que se estabelecem entre esses fatores.
Além disso, em nossa sociedade, há padrões estabelecidos que nos
permitem adotar certos comportamentos em diferentes contextos comuni-
cativos. Por exemplo, ao chegar ao local de trabalho, nós automaticamente
adotamos um comportamento diferente do que usamos em nossa casa com
nossos familiares ou do que usamos na rua com nossos amigos.
Isso ocorre, segundo Escandell Vidal (2004, p. 185), porque “nos acos-
tumamos a padrões de interação sociais que nos levam a adotar comporta-
mentos determinados em diferentes situações comunicativas”, o que gera
um conhecimento interiorizado em nós.

4.2.1  Teoria dos Atos de Fala – Austin (1962) e Searle (1975)

Uma das teorias precursoras dos estudos da pragmática e que possui


grande relevância nesse campo de estudo da linguagem é a teoria dos
atos de fala, proposta por Austin (1962). Austin buscava uma teoria que
estruturasse e explicasse como a linguagem humana está constituída. Em
seus estudos, Austin percebeu que, com a linguagem, fazemos mais do que
descrever o mundo ao nosso redor e destaca que, com o uso das palavras,
realizamos ações sobre o mundo (OLIVEIRA, 1996). Para responder seus

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 107


questionamentos sobre a linguagem, Austin desenvolveu uma teoria e
chamou-a de teoria dos atos de fala.
Na teoria dos atos de fala, Austin afirma que a linguagem está com-
posta por três instâncias, sendo elas chamadas de: ato locucionário, ato
ilocucionário e ato perlocucionário. Austin afirma que “todo dizer é um
fazer”, ou seja, dizer é comunicar.
Em sua obra How to do thinhs whith wods (1962), Austin baseou seus
estudos em duas linhas de raciocínio: a teoria dos atos de fala constativos
e a teoria dos atos de fala performativos.
Os atos de fala constativos eram descritos como verdadeiros ou
falsos em um enunciado, ou seja, quando pronunciamos uma frase,
como, por exemplo:

- Batizo esse carro em nome de Cláudia.

Estamos fazendo uso de palavras as quais não podemos proferir, pois


não temos autoridade para batizar, senão o padre ou o pastor. Esse ato de
fala é considerado falso; logo, é constativo.
Por outro lado, nos atos de fala performativos, o enunciado não se pren-
de ao que está sendo proferido como verdadeiro ou falso, mas a uma ação
comunicativa como saudar, agradecer, ordenar, etc. Nesse sentido, o ato de
fala faz com que a mensagem, ao ser proferida, gere uma ação. Por exemplo:

- O senhor se sentou na minha cadeira.

Nesse caso, o enunciado estará realizando três atos de fala consecutivos:


O ato locucionário: ao proferir a frase, além de comunicar, ele estará tam-
bém transmitindo uma informação (avisar, prometer, informar, etc.). Esse
ato designa a dimensão linguística (produção, articulação e significação
gramatical de um enunciado) presente na linguagem (OLIVEIRA, 1996).
Sendo assim, todo idioma está constituído, primeiramente, por um ato
locucionário, ou seja, por estruturas linguísticas previamente estabelecidas,
que buscam cumprir um propósito comunicativo.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 108


A segunda instância da linguagem proposta por Austin é chamada
de ato ilocucionário. Nesse caso, a linguagem é constituída de intenções
comunicativas, ou seja, a língua exerce um propósito comunicativo que
rege a relação entre sujeito/sujeito e sujeito/mundo, realizando então uma
ação (OLIVEIRA, 1996).
Todo ato de fala (pedir, assegurar, explicar) desencadeia uma inten-
ção comunicativa (obter, convencer, informar). No exemplo acima, o ato
ilocucionário faz com que a frase que foi proferida gere uma ação como
resposta do ato de fala locucionário.
A terceira instância da linguagem é o ato perlocucionário. Tal ato de-
signa o efeito produzido no interlocutor, advinda da dimensão ilocucionária.
Por exemplo, se o locutor, por meio de uma expressão linguística (ato
locucionário), alcança o propósito comunicativo desejado (ato ilocucio-
nário–advertir, convencer, etc.), diz-se que o ato perlocucionário (efeito
produzido → advertir, convencer, etc.) foi positivo. Caso contrário, diz-se
que foi negativo (OLIVEIRA, 1996).
O ato perlocucionário é essa ação gerada por meio do ato de fala ilo-
cucionário, por meio do qual se alcança um efeito de sentido nos interlo-
cutores (felicidade, surpresa, espanto, etc.).
A importância de se estudar os atos de fala e como eles são desenvolvi-
dos na linguagem está basicamente na busca por compreender como cada
comunidade estrutura seus códigos linguísticos (ato locucionário) para
executar e cumprir uma intenção comunicativa (ato ilocucionário) e gerar
seus efeitos (ato perlocucionário) positivos ou negativos no interlocutor.
Alguns anos depois, Searle (1975) apresentou uma “continuação” dos
estudos de Austin. Searle dedicou-se aos estudos dos atos de fala, tendo
em vista a importância da manifestação do ato ilocucionário.
Para Searle (1976), o ato ilocutivo pode ser classificado em cinco grupos:

Assertivos ou representativos: descrevem um estado de coisas no mundo.


São passíveis de uma veracidade ou não–(afirmar, explicar, presumir, etc.).

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 109


Diretivos: têm a pretensão de fazer com que o destinatário realize uma
determinada ação–(ordenar, pedir, aconselhar, etc.).
Compromissivos: comprometer-se a realizar determinada ação–(prometer,
garantir, oferecer, etc.).
Expressivos: manifestam um estado de ânimo a respeito de algo–(agra-
decer, perdoar, felicitar, etc.).
Declarativos: produzem uma mudança em seu contexto em virtude
da autoridade que lhe foi delegada–(batizar, contratar, delegar uma
sentença, etc.).

A diferença entre ambos os teóricos é que “Austin põe ênfase na


ideia de ação, Searle se centra mais no caráter convencional dos atos de
fala e nas relações entre forma linguística e ato de fala” (ESCANDELL
VIDAL, 2004, p. 188).
Portanto, com a teoria dos atos de fala, os estudos da linguagem ga-
nham novas proporções e possibilitam novas áreas de pesquisa. A partir
de então, passa-se a levar em consideração o dito, o contexto no qual os
sujeitos estão inseridos, quem são esses sujeitos que proferiram o enuncia-
do e as intensões que existem além da estrutura literal de um enunciado.
Em síntese, a teoria dos atos de fala tem a pretensão de catalogar as
intenções comunicativas, analisar os meios e formas pelas quais essas
intenções são manifestadas (ESCANDELL VIDAL, 2004). Em outras pala-
vras, busca-se verificar como cada comunidade linguística estrutura seus
enunciados para cumprir determinadas intenções comunicativas
A partir dessas contribuições, Austin (1962) descreve os atos de fala
como um processo de enunciados linguísticos que fazem parte do desen-
volvimento da comunicação humana, que tem por finalidade compreender
o que está sendo dito por meio da teoria dos atos de fala.
Searle (1969) dá continuidade às pesquisas de Austin (1962) na linguís-
tica contemporânea, fazendo uma análise na perspectiva comunicativa
entre os falantes, contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento da
teoria dos atos de fala.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 110


4.2.1.1  Ato de fala diretivo

Como apontamos desde o início deste capítulo, os atos de fala não só


comunicam ou informam, mas realizam várias outras ações, como, por
exemplo: ordenar, cumprimentar, convidar, saudar, etc.
Searle aponta o ato de fala diretivo como sendo o ato que realiza ações
por meio do que está sendo dito. Para que isso ocorra, há uma interação
comunicacional entre o emissor e o receptor, que faz com que ambos fa-
çam uma interpretação bem-sucedida dos anúncios, alcançando assim os
objetivos esperados.
É necessário que o receptor tenha conhecimento de mundo de modo
geral. Para isso, é preciso associá-lo ao sentido literal do que está sendo
dito e que se façam observações a partir do conhecimento verbal conti-
do nesses textos.
Ao proferir uma frase como:

- Feliz aniversário!
- Obrigado!

O emissor transmite uma felicitação, fazendo com que a mensagem


provoque uma ação sobre o receptor, alcançando, assim, a interação por
meio do processo comunicacional do ato de fala diretivo.

4.2.2  A gramática do designer visual

A gramática do designer visual estuda, dentre outros, textos publicitários


como veículo de comunicação. Esse gênero textual está presente no nos-
so dia a dia, em forma de representações visuais, que se organizam e se
estruturam nos textos multimodais.
Os textos multimodais são textos formulados a partir de signos lin-
guísticos e são representados mediante elementos visuais e verbais. Esses
textos são divididos em dois modos que compõem sua estrutura: o modo
verbal e o modo não verbal.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 111


A gramática do designer visual foi adaptada pelos autores Kress e Van
Leewen (2006), sob a perspectiva de textos metafuncionais (representacio-
nal, interativo e composicional) que se estruturam por meio das propostas
de Halliday (ideacional, interpessoal e textual).
Essas classificações se dão a partir de representações que dizem respei-
to ao que está exposto, tanto no explícito quanto no implícito, no contexto
da imagem, construindo significados de acordo com cada função.
Kress e Van Leewen (2006) estabelecem a seguinte classificação:

a) O representativo: contém subclasses compostas por elementos como:


representações, narrativas e representações conceituais;
b) O interativo: contém subclasses compostas por elementos como: con-
tato, distância social em (plano fechado, plano médio e plano aberto),
perspectiva em (ângulos frontais, ângulos oblíquos e ângulos verticais)
e modalidade em (cor/saturação, contextualização e brilho);
c) O composicional: contém subclasses compostas por elementos como:
valor da informação, saliência e estrutura.

A teoria da gramática do designer visual se desenvolve a partir desses


elementos supracitados, os quais compõem cada subclasse com suas res-
pectivas funções para compor uma imagem, a fim de relacionar um todo,
para que essa imagem possa então transmitir uma informação coerente,
presente nos textos visuais.
Para nossa pesquisa, fizemos a escolha pela categoria composicional.
Descreveremos, na continuação, as características dessa categoria.

4.2.2.1  A categoria composicional

A categoria escolhida para a análise do corpus do nosso artigo é a compo-


sicional, a partir da contribuição de Kress e Van Leewen.
A categoria composicional foi selecionada com o propósito de demons-
trar que os textos publicitários são construídos com mais de um sentido,

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 112


pois, como bem afirmam Kress e Van Leewen (2006, p. 27-42), “cabe a esta
integrar os elementos visuais das outras metafunções a fim de construir
um todo coerente”.
Essa categoria é propícia para nossa análise, já que os textos publici-
tários são capazes de estabelecer função por meio das imagens ou com
a finalidade de comunicação, que podem ser tanto classificados quanto
organizados, exigindo do leitor mais de uma forma de interpretação, que
é a verbal e a não verbal.
A classificação verbal se dá a partir da fala ou da escrita e a não verbal
é composta por elementos que são representados em forma de imagem,
desenho, gravuras, etc., como meio de comunicação.
De acordo com a classificação feita por Kress e Van Leewen (2006, p.
23), “Esse elemento composicional é composto por subclasses que são: o
valor da informação, saliência e estrutura”.

a) O valor da informação: segundo Kress e Van Leewen (2006), é orga-


nizado a partir das substâncias fundamentais que compõem a ima-
gem, sendo estas: esquerda/direita (dados e novo), topo/base (ideal e
real), centro/margem;
b) Saliência: é o principal objeto da imagem, que faz com que a infor-
mação seja transmitida por meio de processos como as cores mais
vibrantes, o contraste, o brilho, entre outros recursos, capazes de fazer
com que o leitor possa compreender o andamento da imagem.
c) Estrutura: dá-se a partir dos elementos contidos na imagem, ou seja,
elementos verbais ou não verbais, ou até mesmo desses dois elemen-
tos juntos na mesma imagem, capaz de fazer com que o leitor possa
associar ou não esses elementos a sua interpretação, segundo Kress
e Van Leewen (2006).

É, então, a partir desses elementos que compõem um todo na imagem


que o leitor faz suas interpretações, de forma coerente e concisa. Com isso,

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 113


iremos analisar, de acordo com a GDV, os elementos composicionais que
estão contidos nos textos publicitários.

4.3  Metodologia da pesquisa

Apresentaremos, nessa seção, a metodologia utilizada para desenvolver


a pesquisa apresentada aqui. Faremos uma descrição dos passos que nos
levaram a obter os resultados, os quais serão apresentados mais adiante.
Na segunda parte deste quarto capítulo, iremos nos deter à análise do
corpus selecionado para este estudo.

4.3.1  Aspectos metodológicos

A nossa pesquisa se caracteriza como estudo descritivo, interpretativo e


qualitativo. Procuramos, com esta pesquisa, apresentar a análise de al-
gumas peças publicitárias, nas quais se tenta explicar como o ato de fala
diretivo se apresenta e qual a sua influência na publicidade.
O intuito, de fato, é observar como o ato de fala diretivo está representa-
do nos anúncios, a fim de que possamos compreender o que está implícito
nesses textos e qual a intenção que se teve ao produzir esse material e os
efeitos de sentido que esses textos produzem no público alvo.
Como objeto de análise, foram selecionadas três propagandas publici-
tárias que circularam nos seguintes meios de comunicação: blog, twitter e
revista. Os anúncios foram publicados na Espanha e na Argentina.
Em um primeiro momento, havíamos pré-selecionado doze propa-
gandas para estudo. Observamos, no entanto, que nem todos esses tex-
tos contemplavam o objetivo da pesquisa. Desse modo, realizamos uma
seleção e apenas três publicidades atenderam ao propósito do trabalho.
O segundo passo foi analisar o material selecionado, à luz da teoria da
GDV. Para tanto, procuramos identificar, nesses textos, como se apresenta
a categoria composicional.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 114


Em seguida, observamos como o ato de fala diretivo se manifesta nes-
ses anúncios publicitários, buscando enxergar o texto subentendido contido
nas peças publicitárias, bem como os efeitos de sentido que possuem.

4.4  Recorte de uma pesquisa: análise do corpus

4.4.1  Análise do anúncio 1

Apresentamos, na continuação, três anúncios publicitários veiculados em


diferentes meios de comunicação, que servirão de base para nosso estudo.

Figuras 1 e 2–Anúncio 1

Figura 1 Figua 2

Fonte: No creen en los milagros (2008)7.

O anúncio faz uma análise baseada nos princípios linguísticos, mais


precisamente na construção de um enunciado, fazendo uso do ato de fala
diretivo. O texto apresenta a preocupação com o uso do preservativo.

7 Disponível em: http://nocreasenlosmilagros.blogspot.com/2008/02/no-creas-


en-los-milagros.html. Acesso em: 21 set. 2020.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 115


A imagem mostra uma oposição: de um lado, temos a representação
de duas pessoas “desprevenidas" por não usarem preservativo; do outro,
as pessoas estão protegidas, pois usam o preservativo.
Para chegarmos a essa interpretação, foi elaborada uma análise, par-
tindo do princípio da GDV, segundo a qual a categoria a ser utilizada foi
a composicional. A imagem foi dividida por uma linha horizontal, sendo
esta, representada por duas partes: a ‘ideal’ e a ‘real’.
A primeira parte da imagem aborda a questão ‘ideal’ e nela foi cons-
truída a interpretação do casal sem utilizar o preservativo, passando a
informação de uma possível gravidez indesejada, como também de pos-
síveis DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).
Sendo essa a primeira informação obtida, faz-se um alerta de que
milagres não existem, deixando evidente que não é possível confiar em
métodos que sigam o viés religioso. Por outro lado, deixa claro que, quando
se contrai DSTs, milagres não acontecem.
Já a segunda parte da imagem, representada pelo ‘real’, faz uso do
imperativo afirmativo na seguinte frase: “ponha e faça-o”, passando uma
ideia de segurança ao leitor, de que o uso correto do preservativo não gera
uma gravidez indesejada e ainda previne contra doenças sexualmente
transmissíveis.
O ato de fala diretivo está presente na publicidade por meio do verbo
no imperativo negativo e no imperativo afirmativo, cuja ideia principal
é orientar o público acerca do uso do preservativo, para que evitem uma
gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis.
Mesmo sabendo que não há métodos cem por cento confiáveis, o anún-
cio defende o uso do preservativo como uma das formas mais eficazes de
evitar uma gravidez indesejada e doenças.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 116


4.4.2  Análise do anúncio 2

Figuras 3 e 4–Anúncio 2

Figura 3

Figura 4
8
Fonte: La Voz del Sur (2018)

8 Disponível em: https://www.lavozdelsur.es/desde-mi-pulpito. Acesso em:


21 set. 2020.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 117


Nesse anúncio, temos uma campanha do governo da Argentina para fa-
zer com que o povo leia mais e conheça sua história. Analisando a GDV na
categoria composicional, observamos o uso dos elementos que compõem a
imagem a partir do elemento ‘valor informacional’, contidos no centro da
imagem, para que assim se obtenha uma interpretação de forma coerente.
O anúncio leva o leitor a formular sua interpretação a partir do eixo
central da imagem, com a escolha do livro de história, que ocupa uma
posição de destaque na imagem, transmitindo o valor da informação, na
tentativa de combater o fascismo, representado pela mão entregando o
livro, inferindo que, com a leitura, a pessoa terá o conhecimento.
É importante observar que existe uma luz saindo de dentro do livro,
que, metaforicamente, na nossa interpretação, representa a luz do conhe-
cimento que irá tirar o homem da escuridão da ignorância, fazendo com
que ele não volte a repetir erros cometidos no passado.
Mediante a forma verbal “leia”, no centro da imagem, no modo im-
perativo, temos o ato de fala diretivo. Essa estrutura verbal, na parte su-
perior da imagem, é representada pelo elemento ‘ideal’, que sugere um
alerta para combater a ignorância da população, levando-a a adquirir o
hábito de leitura.
Diante do elemento ‘real’, na parte inferior da imagem, o governo ofe-
rece mais comodidade e acessibilidade para a população que, não tendo
tempo de ler na biblioteca, pode levar o livro para fazer a leitura em casa,
complementando, assim, a interpretação da imagem no centro, construindo
um todo coerente.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 118


4.4.3  Análise do anúncio 3

Figuras 5 e 6–Anúncio 3

Figura 5

Figura 6
Fonte: 4 Vientos (2017)9.

9 Disponível em: http://www.4vientos.net/2017/04/24/al-filo-de-la-navaja-


impunidad-en-delitos-y-violaciones-a-los-derechos-humanos. Acesso em:
21 set. 2020.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 119


Esse anúncio faz clara denúncia aos casos de tortura. Elaboramos uma
análise sob a GDV, partindo da categoria composicional. Utilizamos, dessa
vez, a saliência para explicar a informação contida na imagem, mediante
as cores vibrantes e a informação que essas cores evidenciam.
Na imagem, aparece uma pessoa do gênero feminino, principal ob-
jeto de análise desse anúncio, elaborado pelo governo mexicano. O texto
evidencia os atos cruéis do governo, o qual toma atitudes como aplicar
choques eléctricos para obter confissões, exposto na parte superior do
lado esquerdo da imagem. A presença da cor vermelha pode significar
uma urgência quanto aos casos de tortura, seguida da frase da Anistia
Internacional, que é justamente o alerta dos direitos humanos com pe-
dido de denúncia.
A máquina ao lado da cadeira está inserida como plano de fundo,
do lado direito, na parte inferior da imagem. Esse cenário procura pas-
sar uma informação maior do que está exposto. A imagem se sobressai
ao texto verbal.
A mulher sentada, com as pernas machucadas, evidencia a tortura e
os casos de crueldade. Ela está coberta com a bandeira mexicana, levan-
do-nos a acreditar que essa imagem simboliza os casos de tortura com as
mulheres, que são ocultados pelo governo.
O anúncio do lado esquerdo da imagem, na parte inferior, associado
ao pedido de socorro ’stop’, com a frase na cor amarela, que significa
precaução, cautela, também pode sugerir que o país necessita de uma
atenção redobrada a esses casos, ou até mesmo, pode informar que casos
assim sejam frequentes.
A bandeira em movimento, com as cores vibrantes em verde, revela o
país ao qual o anúncio faz referência. Sendo assim, sugere uma ideia de
insegurança, em que a população pede socorro para que, mais cedo ou mais
tarde, os casos de violência provocados pelo governo sejam descobertos.
O anúncio tem como objetivo fazer um apelo à Anistia Internacional.
Mediante a forma verbal no imperativo afirmativo “stop”, podemos explo-

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 120


rar o ato de fala diretivo, visto que direciona o leitor a dar um basta na tor-
tura e a exigir que o governo seja investigado e punido por suas crueldades.

4.5  Considerações finais

Os estudos sobre a linguagem e a interação comunicativa ganham grande


relevância, ampliando, assim, seu horizonte teórico/descritivo. Tornam-se
interessantes estudos que se somem aos pensamentos já existentes e que
contribuam para o crescimento e a concretização das teorias que compõem
a base do ensino-aprendizagem de idiomas.
A língua não é um elemento estático, mas está em constante mudança
e estudá-la a partir de uma estrutura fixa é o mesmo que limitá-la e não
compreendê-la num sentido mais amplo.
Para o estudo da linguagem, é imprescindível levar em consideração
aspectos do entorno comunicativo, o que está além da estrutura linguística
e passar a ver o enunciado não com o que é “certo” ou “errado”, mas com
o conceito de adequado e não adequado (ESCANDELL VIDAL, 2004).
Explorar o ato de fala diretivo nesses textos possibilitou compreender
que há uma mensagem implícita nas publicidades, mas que fica suben-
tendida pelo que foi exposto na peça publicitária. Além disso, as imagens
possuem um importante papel nesse gênero textual, visto que o texto
verbal, sozinho, não proporcionaria a mesma leitura.
Nesse contexto, foi possível interpretar e inferir, de forma mais clara,
o conteúdo que se sobressai da imagem. Por meio das formas verbais no
modo imperativo, foi possível identificar e interpretar a função do ato
de fala diretivo.
A gramática do Designer Visual, com a categoria composicional, via-
bilizou uma leitura acerca das imagens. Compreendemos que, para uma
boa interpretação, há que se considerar as cores, os objetos e a posição que
está presente na imagem.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 121


A partir dessa teoria, compreendemos a importância dos ângulos em
que a imagem está inserida, como a parte superior, a central e a inferior,
que contribuem para a informação, bem como as laterais dessa imagem,
sendo a lateral esquerda usada para obter dados, e a direita, para passar
uma informação nova.
A leitura do texto não verbal, associada ao texto verbal, foi fundamen-
tal para inferir e, dessa forma, realizar uma leitura crítica dos anúncios
publicitários que serviram de corpus para esta pesquisa.

Pragmática: Análise Dos Atos De Fala 122


REFERÊNCIAS

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