Azevedo 2017
Azevedo 2017
Azevedo 2017
2017
2
Jequié/BA – 2017
3
Dedico:
À minha adorável vó Maria (mainha) e ao meu amado vô Zeca (in memória); à
minha orientadora Silvana do Nascimento; aos povos do campo e militantes da
EC.
6
AGRADECIMENTOS
Glória ao Deus supremo que rege a vida, autor da minha história, este que
permite o contemplar de graças e prodígios. A ele, toda HONRA!
Aos meus amores, a vô Zeca (in memoriam) e vó Maria (minha mainha), meus
primeiros mestres, referenciais de vida. Quão linda a semeia! Ela e o zelo na
irrigação permitiram o desabrochar da colheita. Grata pela criação, por todo o
AMOR.
À minha Família, por ter compreendido minha ausência em muitos momentos e
apoiado no caminhar. A meu amado Enzo, pela compreensão, cuidado e apoio.
Seu amor foi indispensável na superação dos momentos difíceis.
A meu amigo/irmão, Jefferson Barreto, pela irmandade, a parceria, PRESENÇA
ímpar na minha vida. Também aos amigos, Ademário Carvalho e Josinei
Gonçalves, pelos diálogos, reflexões, momentos em que compartilhamos nossos
anseios, angustias, utopias. Somos cria de uma educação que lapida, cria,
transforma, liberta, possibilita a ascensão, torna mulheres e homens sujeitos de
sua própria história.
Ao CIPAM/UESB, na pessoa da Profa. Ma. Sônia Maria Teixeira de Matos, por
ter sido estímulo, referência na minha trajetória acadêmica. Grata pelas
parcerias, ensinamentos, amizade, por apoiar e acreditar nas minhas conquistas.
Ao PPG-ECFP/UESB na pessoa da Profa. Dra. Ana Cristina Duarte pela
serenidade, humanidade e acolhimento. Também, às secretarias, Leinad, Carol e
Fernanda pela presteza constante.
À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB – pela
concessão do apoio financeiro para realização da pesquisa.
À minha turma: “a preferida”. Às colegas/amigas Marli Almeida, Eliana Maria,
Lourdes Anésia, Maisa Portugal, Fabiana Moura, Elisângela Soares, pelo
carinho e companheirismo.
Aos professores/as do programa pelo compromisso, respeito e serenidade no
fazer docente.
7
RESUMO
ABSTRACT
Lista de Ilustrações
Sumário
INTRODUÇÃO 15
CAPÍTULO I 24
POR UMA INTERFACE ENTRE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A EDUCAÇÃO
AMBIENTAL 24
1.1 - Breve histórico da Educação do Campo no Brasil 24
1.1.2 - A educação rural e seu efeito mercantil 25
1.1.3 - Por uma Educação “DO” Campo 28
1.2–Educação Ambiental na Educação do Campo: a interface 33
CAPÍTULO II 37
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PRÁTICA PEDAGÓGICA 37
2.1 – A Educação Ambiental no contexto educacional 37
2. 2 – Sustentabilidade: uma realidade possível 39
CAPÍTULO III 46
O PERCURSO DA PESQUISA 46
3.1 - Pressupostos metodológicos e epistemológicos 46
3.2 - O palco e os atores estudados 47
3.3 Os instrumentos e dispositivos do estudo 49
3.4 - Organização e operacionalização da Análise 52
CAPÍTULO IV 56
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 56
4.1 - “meio campo e meio cidade”: EMETO uma escola do campo? 56
4.1.2 - Educação do campo para e com o povo do campo 62
4.2 - Educação Ambiental em diálogo com a Educação do Campo: um olhar para o
contexto 66
4.3 - Conscientizar e problematizar: caminhos da/para Educação Ambiental 74
4.3.1 - Educação do Campo com a Educação Ambiental: limites e possibilidades
dessa interface 69
CAPÍTULO V 82
CONSIDERAÇÕES FINAIS 82
REFERÊNCIAS 88
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 96
APÊNDICE B – Roteiro das entrevistas de grupo focal. 98
APÊNDICE C – Termo de uso de imagem e depoimentos. 101
15
INTRODUÇÃO
tratava tais problemas, haja vista que nas Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais da Educação Básica, na preocupação com a oferta de uma educação com
qualidade social, cita:
A esse respeito Silva (2015), com base nos dados disponíveis pelo Censo
Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), salienta que estes revelam que a educação no campo corre no
sentido contrário. No ano de 2014, mais de 4.084 escolas do campo foram
18
fechadas. “Se pegarmos os últimos 15 anos, essa quantidade salta para mais de
37 mil unidades educacionais a menos no meio rural” (Ibidem, s/p).
Figura 1 – Desenho que demonstra o mapeamento de fechamento das escolas do campo no Brasil,
com base no Censo escolar/Inep 2014.
Fonte: http://www.mst.org.br/2015/06/24/mais-de-4-mil-escolas-do-campo-fecham-suas-
portas-em-2014.html
3
Professora da Universidade de Brasília (UnB).
19
Figura 2 - Foto da versão impressa do Jornal Jequié, que noticiou a pretensão de fechamento de
12 escolas do campo em Jequié, no ano de 2015.
CAPÍTULO I
POR UMA INTERFACE ENTRE EDUCAÇÃO DO CAMPO E A
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Esse atraso, por ora, foi “superado” aos olhos do capitalismo, quando
passou a enxergar o campo como seu principal vetor de lucratividade, abrindo
espaço para injeção tecnológica, que nos anos 70, com a adoção do padrão
tecnológico da Segunda Revolução Agrícola e levado ao paradoxismo pela
Revolução Verde 5 , tem significava abertura de um extenso mercado de
máquinas, implementos, sementes e insumos agroquímicos.
pensador que não caminha com o povo e sim com as autoridades, eles assim não garantem a
27
se-ia dizer então: mas nem todos os homens desempenham na sociedade a função
de intelectuais”. Nesse sentido, analisamos que tendo como base a ER levantada
sob a óptica aqui descrita, muitos foram os limites que inviabilizaram a formação
intelectual dos campesinos nesse recorte histórico tratado.
Para o campo nada mais além do que o mínimo, ou até mesmo nada. A
ER- sendo esse mínimo- contribuiu para instauração sistêmica de sua limitação,
também como “meio de conter o forte movimento migratório, fixar o homem no
campo, evitar a explosão de problemas sociais nos centros urbanos e, sobretudo,
proteger os interesses dos agroexportadores, mantendo mão-de-obra no meio
rural” (JESUS, s. d. p. 2).
democracia e o intelectual orgânico sendo aquele que precisa reavivar a práxis, o homem que
pensa e executa, este é o porta voz do povo.
28
“Um ‘do’ que não é dado, mas que precisa ser construído pelo processo de
formação dos sujeitos coletivos, sujeitos que lutam para tomar parte da dinâmica
social, para se constituir como sujeitos políticos, capazes de influir na agenda
política da sociedade” (CALDART, 2009, p. 41). Seguindo esse argumento a
autora aponta que é o protagonismo a marca que mais incomoda, pois são os
sujeitos antes silenciados que entram em cena como construtores de uma política
de educação, de uma reflexão pedagógica que venha atender seus anseios e
realidade.
Para Arroyo, Caldart, Molina (2004, p. 09) “a educação do campo não fica
apenas na denúncia do silenciamento; ela destaca o que há de mais perverso
nesse esquecimento: o direito à educação que vem sendo negado à população
trabalhadora do campo”. No cenário de produções acadêmicas, outros autores e
autoras como Arruda e Oliveira (2014), Augusto (2014), Barbosa e Fernandes
(2013), Breitenbach (2011), Cavalcante (2010), Hage (2014), Hage e Barros (2010),
9Termo utilizado por István Mészáros, em seu livro “A educação para além do capital”. O autor
critica a lógica mercantil dada pelo capitalismo à ação educativa, problematiza o papel da
educação e suas possibilidades de contribuir na mudança social.
29
Locks, Graupe e Pereira (2015), Martins (2008), Ribeiro (2015), Rotta e Onofre
(2010), Sant’ana e Sant’ana (2013), Verdério e Brotto (2011) fomentam o exposto
ao apresentarem em seus dados a ausência de políticas públicas para com a
Educação do Campo, denunciando precariedade na sua oferta e ausência de
seriedade no cumprimento deste direito.
Por vez, a luta por uma EC advém de uma luta que transcende a conquista
legal, da institucionalização educacional ofertada por obrigação estatal, limitada
em responder a índices “aparentes” de desenvolvimento, que por vez tende a
fortalecer o negligenciamento das reais necessidades dos sujeitos campesinos. A
luta é de fato por uma educação libertadora, de reconhecimento, valorização e
respeito.
homens concretos que nela e com ela estão se desta realidade e destes
homens se tem uma consciência ingênua. Não é possível um
compromisso autêntico se, aquele que se julga comprometido, a
realidade se apresenta como algo dado, estático e imutável (FREIRE,
1979, p.21).
(...) Menino aqui aprende na ilusão dos pais; aquela ilusão de mudar
com estudo, um dia. Mas acaba saindo como eu, como tantos, com
umas continhas, uma leitura. Isso ninguém não vai dizer que não é
bom, vai? Mas pra nós é uma coisa que ajuda e não desenvolve. (...)
estudo? Se bem que a gente fica pensando: "O que é que a escola ensina,
meu Deus?". Sabe? Tem vez que eu penso que pros pobres a escola
ensina o mundo como ele não é. (...) Agora, o senhor chega e diz: "Ciço,
e uma educação dum outro jeito? Um saber pro povo do mundo como
ele é? "Esse eu queria ver explicado. O senhor fala: "Eu tô falando duma
educação pro povo mesmo, um tipo duma educação dele, assim,
assim". Essa eu queria saber como é. Tem? Aí o senhor diz que isso bem
podia ser feito; tudo junto: gente daqui, de lá, professor, peão, tudo. Daí
eu pergunto: "Pode? Pode ser dum jeito assim? Pra quê? Pra quem? (...)
10
Antônio Cícero de Souza, lavrador de sítio na estrada entre Andradas e Caldas, no sul de Minas Gerais.
Este foi entrevistado por Carlos Rodrigues Brandão, sobre questões voltadas a educação. Analisa-se no
texto um confronto entre a educação no meio urbano e a educação no meio rural.
31
CAPÍTULO II
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PRÁTICA PEDAGÓGICA
11
A PNEA entende por esta educação os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade (BRASIL, 2013).
38
A história das relações dos seres com o meio ambiente não pode ser
separada de uma reflexão sobre a natureza do homem. Estabelecer uma história
da ciência das relações entre os seres vivos e o seu meio ambiente implica,
portanto, a compreensão da relação homem-natureza. Segundo Matos (2002, p.
40
12É com Descartes que o homem passa a ser visto como centro do mundo, como sujeito, e a
natureza como objeto a ser dominado. Na doutrina cartesiana, separa-se a matéria do pensamento
(GONÇALVES, 2014).
42
O impacto na instabilidade social citado por Jara (1998) é tão grotesco que
o autor acrescenta em suas reflexões o exemplo da China, que em 1994 era
responsável pela exportação de oito milhões de toneladas de grãos, e em 1995,
transformou-se em um importador de dezesseis milhões de toneladas.
13
O Relatório, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais reafirmam uma visão crítica
do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas
nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem
considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a
incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo
vigentes.
43
14O conceito de sustentabilidade tem origem nas ciências biológicas, referindo “à capacidade de
suporte de um ecossistema, permitindo sua reprodução ou permanência no tempo” (LOUREIRO,
2012, p. 56).
44
[...] trato aqui de uma educação ambiental que se origina no escopo das
pedagogias críticas e emancipatórias, especialmente dialéticas, em suas
interfaces com a chamada teoria da complexidade, visando um novo
paradigma para uma nova sociedade. Falo de um campo amplo que se
mostra adequado à educação ambiental pelo tratamento consistente de
nossa especificidade como seres biológicos, sociais e históricos, de
nossa complexidade como espécie e da dialética natureza/sociedade
como unidade dinâmica (LOUREIRO, 2004, p. 79).
CAPÍTULO III
O PERCURSO DA PESQUISA
análise documental.
a) As atoras investigadas
15 Jitaúna é a cidade mais próxima do distrito de Barra Avenida, distante aproximadamente 2 km.
16 Os nomes dados as partícipes são fictícios, no intuito de preservar a identidade das mesmas.
49
(BARDIN, 2011).
O uso desta técnica de pesquisa possibilita a coleta de dados por meio das
interações grupais ao se discutir um tópico especial sugerido pelo pesquisador
(MORGAN, 1997). Também, “permite emergir uma multiplicidade de pontos de
vista e processos emocionais, pelo próprio contexto de interação criado,
permitindo a captação de significados que, com outros meios, poderiam ser
difíceis de manifestar” (GATTI, 2005, p. 9).
18
Os sujeitos da pesquisa foram todos do sexo feminino, pois, havia apenas professoras
lecionando nas cinco turmas existentes do Ensino Fundamenta I, na escola Etelvino Torres de
Oliveira, no ano de 2015.
51
19Esta grade analítica foi elaborada com base em Silva (2012) e o conjunto de elementos que a
constituem são definidos por Bardin (2011).
54
Fator geográfico; “meio campo e meio cidade”: Educação do campo para e com o povo
Linguagem; EMETO uma escola do campo? do campo.
Identidade
campesina.
É pertinente salientar que não fui para análise vazia, os meus referencias
durante todo o processo serviram de ponte e luz no caminho das análises. Outro
aspecto a considerar foi a escolha dos termos-chave: Educação Ambiental,
Educação do Campo, Sustentabilidade, Natureza e Meio Ambiente, estes
pensados previamente, ancorados pela literatura e objetivos da pesquisa. Porém,
outros termos foram emergindo dos dados, e também se constituíram essências
para o delineamento de outras categorias.
CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Rosa: A gente fica transitando um pouco. Por morar, por ser um local
próximo, muito próximo da cidade e tem até alguns alunos daqui que
vão estudar na cidade e retornam para aqui. Por isso que Margarida
(risos) até fica meio assim, se é campo ou cidade, porque (...)
Margarida: É transição.
não.
Margarida: Vai dizer que eles são do campo para ver se eles querem ser
do campo. (risos)
Margarida: Não.
professora Margarida: “Vai dizer que eles são do campo para ver se eles querem
ser do campo (risos)”, reflete na nossa compreensão mais do que uma falta de
disciplina, mas sim a histórica construção da valorização do urbano em
detrimento ao campo, construção reforçada muitas vezes por diversos artefatos
culturais como as músicas, literatura, cinema, entre outros. Se historicamente o
campo foi construído como lugar de atraso, de sofrimento e trabalho,
acreditamos que não basta uma disciplina para essa desconstrução.
O ‘do campo’, neste caso, retoma a velha discussão sobre como fazer
uma escola vinculada à ‘vida real’, não no sentido de apenas colada a
necessidades e interesses de um cotidiano linear e de superfície, mas
como síntese de múltiplas relações, determinações, como questões da
realidade concreta. Retoma a interrogação sobre a
necessidade/possibilidade de vínculo da escola, de seu projeto
pedagógico, com sujeitos concretos na diversidade de questões que a
‘vida real’ lhes impõe. Uma escola cujos profissionais sejam capazes de
coordenar a construção de um currículo que contemple diferentes
dimensões formativas e que articule o trabalho pedagógico na
dimensão do conhecimento com práticas de trabalho, cultura, luta
social (CALDART, 2009, p. 46).
66
Nitidamente tais reflexões precisam ser analisadas sob uma ótica mais
crítica, com explicações mais sólidas, antirromânticas, contrárias a essa visão
ideológica generalista de que a culpa e a solução do caos ambiental estão nas
atitudes individuais. Repito a crítica feita por Loureiro (2012) se referindo ao
olhar político-ideológico por muitos assumidos ao afirmar e naturalizar o
discurso de que a humanidade degrada, pois tal equívoco limita-nos a uma
leitura aparente, fenomênica da crise, sem se buscar os nexos causais de fundo.
22 Referência
ao texto: Paulo Freire: a leitura do mundo, escrito por Frei Beto. Disponível em:
BRASIL, Ministério da Educação. Programa de formação de professores alfabetizadores.
Coletânea de textos – Módulo3. Brasília: MEC, 2001, p. 23.
70
“A gente acha que só tem poluição na cidade, muitos têm essa noção
de que a poluição há mais na cidade por conta de fumaças, indústrias,
carros, automóveis. Então, a gente tem que mostrar também que o
campo é responsável também pelo ambiente em que vivemos”
(Angélica).
“O pessoal tem um ditado que fala bem assim: quem mais polui são as grandes
cidades e não sabe que um dos maiores poluentes é o boi. E cadê que ninguém
fala nada? Porque a gente vê um país consumista. O boi é o quê? O que nos
fornece a carne, nossa alimentação. Quem é que vai deixar de comer carne,
quem vai extinguir os bois? Ninguém vai pensar nisso, vai? (risos) O homem
só pensa no próprio umbigo” (Margarida).
23Nome fictício dado pela pesquisadora, a fim de preservar a identidade do sujeito presente na
fala narrada pela partícipe.
73
começa de lá. Se tratasse lá, já melhorava e muito. São coisas que você
vai falar, mas vai ficar só no papel. É muito difícil encontrar uma
solução (Margarida).
25
Diferente da Educação Ambiental Conservadora que ao se colocar inapta de transformar uma
realidade, conserva o movimento de constituição da realidade de acordo com os interesses
dominantes (a lógica do capital), a Educação Ambiental Crítica objetiva promover ambientes
educativos de mobilização dos processos de intervenção sobre a realidade e seus problemas
socioambientais, para que possamos nestes ambientes superar as armadilhas paradigmáticas
e propiciar um processo educativo, em que nesse exercício, estejamos, educandos e educadores,
nos formando e contribuindo, pelo exercício de uma cidadania ativa, na transformação da grave
77
Rosa: Já entenderam.
Margarida: Quebrada.
Jasmim: [...] que ta quebrada, falaram que as mesas estão tudo riscadas.
Depois que uns escreveram, outros falaram, eu perguntei: - tudo isso
que vocês falaram quem foi que causou isso? Ficaram parados. Eu
comecei a falar: fui eu? Foram os outros professores? Foi o diretor? Teve
uma que falou: - Foram os alunos mesmos. Eu falei: - então? A partir de
hoje se vocês querem que a sala de aula fique com as paredes limpas,
as janelas tudo bem organizadinha, fechadinha, porta do banheiro,
quem é que tem que preservar? Eles: - A gente mesmo. Então, eu acho
que o pouco que a gente fala com eles, para eles refletirem, acho que já
serve. Ontem à tarde a funcionária da limpeza tinha lavado a sala e
tinha limpado todas as cadeiras, estava tudo limpinho, as mesinhas
tudo limpinha. Hoje mesmo, quando eu cheguei, eles me mostraram: -
olha pró como estão as mesas, não tem nada riscado de lápis. Hoje foi
a manhã toda, na hora que um riscava um vinha lá e me falava: - olha,
fulano riscou a mesa ali.
Jasmim: Já começam a refletir já. Mas, para isso a gente tem que (..)
Jasmim: Reclama. Não quer sentar nas mesas que estão soltas.
Rosa: Não foram eles que quebraram. Temos que conscientizar já que é
errado quebrar, temos que mostrar os erros, para quando eles chegarem
nessa idade eles saberem que não podem fazer nada daquilo. E é nessa
80
Jasmim: E conscientizar eles também, que quem paga tudo isso são eles
mesmos, o dinheiro dos impostos. Os pais deles que pagam.
Rosa: Foi voltado para a escola, tanto que sábado teve um mutirão aqui
na escola para organizar, fazer a limpeza, para preservar.
Rosa: Sem falar que quando ele vai refletir sobre isso, entra o respeito
tanto com a natureza, já vai levá-lo também a respeitar o próximo,
estamos precisando muito disso, levar em consideração o outro.
Quando respeita a natureza, ele também se educa, se educa a não jogar
o lixo no chão. Porque em casa eles dizem que não fazem isso, mas
quando chega à escola quer fazer. Os meus sentam-se à mesa, eu digo:
- em casa vocês ficam sentados na mesa? E por que quando chegam
aqui só querem está em cima da mesa? Então, é uma maneira de educar,
81
CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta escola pode estar no campo, mas não ser “do” campo, de seus sujeitos.
Conforme discutido no capítulo I e também no capítulo de análise (sub-tópicos
4.1 e 4.1.2), uma escola do campo precisa estar inserida na realidade do seu meio,
nos saberes culturais, sociais e políticos da comunidade. No documento
analisado (PPP), também considera tais características quando cita: “Pensar a
educação das pessoas que residem nestes espaços significa, reiterá-los, percebê-
los enquanto indivíduos que possuem suas peculiaridades no âmbito econômico,
social e cultural [...] (p. 15)”.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é como se faz. 4ª ed. São Paulo:
Edições Loyola, 1999.
BELTRÃO, Jimena Felipe & BELTRÃO, Jane Felipe. Educação Ambiental na Pan–
Amazônia. Belém, UNAMAZ, UFPA, 1992.
BETTO, F. A mosca azul: reflexões sobre o poder. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.
BOGDAN, R C. BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução
à teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora, 1994.
CALDART, Roseli Salet. Educação do Campo: notas para uma análise. Trab. Educ.
Saúde, Rio de Janeiro, v. 7 n. 1, p. 35-64, mar./jun.2009.
umo/res_vania%20cristina%20pauluk%20de%20jesus.pdf
LOPES, Talita Mazzini. A educação ambiental nos anos finais do ensino fundamental
em uma escola do campo: um estudo sobre as práticas escolares. Dissertação de
Mestrado. Araraquara, 2013.
MATOS, Sônia Maria Teixeira de. A construção das resistências e do (Re) significado
da vida no campo: Perspectivas para a juventude. Dissertação de Mestrado.
Brasília: 2002.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. trad. Isa Tavares – São Paulo:
Boitempo, 2005.
9702-ep-1517-97022014111587.pdf
SILVA, Maura. Mais de 4 mil escolas do campo fecham suas portas em 2014. Junho 24,
2015. Disponível em: http://www.mst.org.br/2015/06/24/mais-de-4-mil-
escolas-do-campo-fecham-suas-portas-em-2014.html
VARGAS, Cristina. Entrevista “Nos últimos 10 anos, 32.512 escolas foram fechadas,
diz educadora.” TINEO, Victor. Fevereiro 26, 2016. Disponível em:
http://www.mst.org.br/2016/02/26/nos-ultimos-10-anos-32-512-escolas-
foram-fechadas-diz-educadora.html
guarda da pesquisadora).
Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos desta pesquisa, o (a)
senhor (a) poderá consultar o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), localizado na
UESB – Campus de Jequié, CAP1º andar, Av. José Moreira Sobrinho, S/N –
Bairro: Jequiezinho, CEP: 45.206-510 telefone (73) 3528 9727/ E-mail:
[email protected].
Desde já agradeço sua atenção!
___________ - BA, ____ de________________ de ________.
________________________________ _______________________________
Pesquisadora responsável Participante
98
PARTE I (escrito)
1. Nome_____________________________________________________
2. Idade ________
3. Formação: ______________________________________
3.1 Instituição: __________________________________
3.2 Ano: __________
99
PARTE II
01. Vocês identificam esta escola como sendo do campo? Por quê?
02. O que é EA para vocês?
03. Há necessidade de tratar sobre Educação Ambiental na escola do campo?
Qual a relevância?
04. Vocês analisam como importante tratar sobre Educação Ambiental na
escola do campo atrelada as questões socioambientais local? Por quê?
05. Quais dificuldades vocês encontram para trabalhar EA em sala de aula?
PARTE III
PARTE IV
PARTE V
_______________________ ______________________________
TESES DISSERTAÇÕES
Título: TERRITORIALIZAÇÃO DO
CAPITAL E AS CONTRADIÇÕES DA
-------------------------------------------------- EDUCAÇÃO DO CAMPO NA
MICRORREGIÃO DE TRÊS LAGOAS
(MS)
Autora: Mariana Santos Lemes
PERIÓDICOS DA CAPES
Revista: Conjectura:
Filosofia e Educação Educação do LOCKS, Geraldo Augusto ;
campo e direitos GRAUPE, Mareli Eliane;
http://www.ucs.br/etc/re humanos: uma PEREIRA, Jisilaine Antunes
vistas/index.php/conjectu conquista, muitos 2015
ra/article/view/3654/pdf desafios
_439
Total de artigos: 12
Revista Ciência Animal Aplicação das Normas do Rafael Braga do Amaral, Afonso
Brasileira Plano de Controle Pereira Fialho
https://www.revistas.ufg. Ambiental (PCA) em
br/vet/article/view/390/ Pisciculturas da Região (a pesquisa detecta problemas
365 Metropolitana de Goiânia ambientais em comunidades
e suas implicações rurais)
ambientais
Total de artigos: 07