79 - Uso Dos Cinco Shen Na Psicoterapia

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Uso dos cinco shen na psicoterapia

José Augusto de Avelar 1


E-mail: [email protected]
Prof.(a) Orientador(a) Fabricio Borges Farias2
Pós-graduação em Acupuntura – Faculdade FASAM

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo conhecer a possibilidade do uso da Psicoterapia e a


Medicina Tradicional Chinesa, nos seus aspectos mentais e emocionais, (Cinco Shen),
buscando um paralelo teórico que corrobore com a Psicologia em um novo olhar
psicoterapêutico viabilizando um fazer científico na busca da melhoria da qualidade de vida
das pessoas no mundo contemporâneo. A pesquisa se deu através de um estudo de Revisão
Bibliográfica, buscado conhecer fundamentos da Psicoterapia e da Medicina Tradicional
Chinesa à luz do que se têm produzido atualmente em relação às duas temáticas, de modo a
estruturar uma discussão acerca das possibilidades e desafios que constituem esta
modalidade de atuação do profissional psicoterapeuta. Observou-se, deste modo, que ambas
as teórica se convergem e torna possível e viável aos psicólogos conhecedores da Medicina
Tradicional Chinesa agregar novos conhecimentos e práticas, enriquecendo o seu fazer
profissional. A soma de ambas as ciências proporciona ao profissional uma visão de homem
transcendendo sua natureza animal em busca de um ser humano integral e, quando assim
considerado, capaz de viver melhor porque os cuidados a ele dirigidos se tornam mais
qualificados.

Palavras chave: Psicoterapia; Medicina Tradicional Chinesa; cinco Shen.

1. INTRODUÇÃO
Este trabalho surgiu a partir de inquietações acerca dos limites impostos na visão
psicoterápica a qual limita o profissional na busca de tratamento somente com o uso da
palavra, muito embora tenham obtido bons resultados em muitos casos. Tendo em vista que o
homem é composto não somente pelo biológico, mas também pelo social, cultural, emocional
e espiritual em sua totalidade, abriu-se uma nova compreensão a partir do contato com a
Medicina Tradicional Chinesa e suas contribuições no fazer psicológico. Tendo em mente a
intensa necessidade da interdisciplinaridade na saúde em busca de um diagnóstico mais
assertivo junto aos pacientes da psicoterapia, surgiu a proposta do uso dos cinco Shen (Shen,
Yi, Po, Zhi e Hon), como um objetivo de obter resultados terapêuticos com maior ênfase no
tratamento do paciente através da associação do conhecimento psicológicos tradicionais e a
Medicina Tradicional Chinesa.

1 - BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA


Tem-se afirmado que a Psicologia é uma ciência com um longo passado, mas com uma curta
história. No entanto o fato dos povos de todos os tempos e de todas as culturas terem se

1Psicólogo Pós graduando em Acupuntura.


2Orientador: Graduado em Bacharelado Em Fisioterapia pela Universidade Estadual de Goiás (2003). Especialização Latu sensu e cursos de
Formação em Acupuntura, e atualmente é coordenador do curso de Graduação Tecnológica em Estética e Cosmética, da Faculdade
Cambury. Exerce atividade docente em Pós Graduação de Medicina Tradicional Chinesa - Acupuntura e Fisioterapia, em diversas escolas do
país. Possui experiência clínica profissional em Fisioterapia e Acupuntura.
ocupado dos problemas da alma e da vida humana, e que desde a época de Platão e Aristóteles
(Sec. a.C.) já existiam questionamentos acerca da natureza e conduta humana onde se
especulava sobre a memória, a aprendizagem, a motivação, percepção e o comportamento
normal e anormal do ser humano. Porém, em sua maioria, foram especulações sem
embasamento científico, se resumindo à intuição. Assim sendo, ao se questionar o
comportamento humano, a filosofia possibilitou a abertura para o surgimento de uma nova
Ciência, a Psicologia. Podemos também salientar que outra importante contribuição para a
ascensão da Psicologia foi os estudos da fisiologia, o qual possibilitou compreender os
mecanismos corporais e os processos mentais. Desta forma, o que diferencia a Filosofia da
Psicologia são as técnicas e abordagens, no qual a Psicologia se fundamenta em explicações
mais consistentes visando à objetividade e cientificidade.
As ciências humanas e de suas relações tornaram-se incessantes, abrangendo várias áreas. A
própria área da Psicologia se dividiu em diferentes abordagens, mantendo em comum a
evolução histórica e a busca pela cientificidade. Foi a partir do positivismo do século XIX que
se iniciaram os primeiros experimentos em laboratórios. Em 1879, na Alemanha, Wilhelm
Wundt implantou o 1º laboratório de Psicologia no mundo, onze anos depois foi fundada a
primeira revista de relatos experimentais, a Philosophische Studien (estudos filosóficos). Em
1888, na Universidade da Pensilvânia iniciou-se a primeira docência em Psicologia, sendo
reconhecida como disciplina independente. Em 1892 reuniu-se a primeira associação
psicológica americana (APA). Esta associação atualmente ultrapassa o número de cem mil
associados. Desde então, os estudos acerca do comportamento tem se tornado acirrado, na
busca de uma melhor compreensão dos fatos que desencadeiam os diversos tipos de
comportamentos. Outro fato importante foi o desenvolvimento da psicologia moderna durante
as duas grandes guerras mundiais, as quais forçaram os grandes estudiosos da mente humana
que se agrupavam na Alemanha e Áustria a buscarem asilos nos Estados Unidos transferindo
assim o foco de desenvolvimento dos estudos psicológicos para a América do Norte. Nesta
época aceleraram-se os estudos da psicologia aplica à seleção de pessoal, testes psicológicos
entre outros. Logo após testemunharem a carnificina vária estudiosa desenvolveram estudos
sobre a personalidade e o comportamento humano e sua agressividade.
Pode-se definir Psicologia como um estudo científico dos processos mentais e do
comportamento do humano e as suas interações com o ambiente físico e social. A palavra
tem sua gênese nos termos gregos psico (alma ou atividade mental) e logía (estudo). Segundo
o psicólogo austríaco H. Rohracher (1967), psicologia "é a ciência que investiga os processos
e estados conscientes, assim como as suas origens e efeitos". Esta definição indica bem a
dificuldade de abranger em um só conceito todos os fenômenos psíquicos, porém, são
possíveis e justificáveis dois aspectos fundamentalmente distintos: o das ciências naturais,
que procura uma explicação causal, e o das ciências filosóficas, que pede uma explicação de
sentido. No entanto, a Psicologia procura descrever sensações, emoções, pensamentos,
percepções e outros estados motivadores do comportamento humano. Assim, grande parte
das investigações em Psicologia é realizada através do método de observação, sendo esta
sistemática, delimitada pelas condições do que se pretende observar, tem sido a mais
utilizada. Em alguns casos, a observação é ocasional, isto é, não segue um plano pré-
estabelecido buscando encontrar explicações a respeito de tudo que nos cerca, sendo essas
explicações lógicas ou não utilizando a maior característica da filosofia, o indagar, questionar
e refletir acerca de determinado fenômeno o qual se procura mensurar.

1.1 A PSICOTERAPIA COMO UMA DAS PRINCIPAIS FERRAMENTAS DA


PSICOLOGIA
Segundo Massimi (1990), na função terapêutica o psicólogo tem na palavra um dos pilares
fundamentais da intervenção a qual se constitui num aspecto muito importante de sua
formação. A autora, citando Freud, elucida no texto Tratamento psíquico que: “Tratamento
psíquico quer dizer tratamento que parte da alma, pelos meios que atuam em primeiro lugar e
de maneira direta, sobre o que é anímico no ser humano. Um desses meios é, sobretudo a
palavra, e as palavras são também a ferramenta essencial do tratamento anímico”. (1905, p.
271). Portanto busca-se a cura da alma através da palavra, sendo está, uma expressão que
elucida o interior da própria alma. Para a área da psicologia (Cordioli,1998) a psicoterapia é
um método de tratamento centrado nos problemas psicológicos e emocionais tendo como base
o conhecimento científico do funcionamento psicológico.
Em primeiro lugar o terapeuta visa estabelecer um clima de confiança e segurança entre ele e
o paciente que permita ao mesmo expor as suas dificuldades de um modo franco e livre, assim
como recordar e abordar memórias dolorosas da sua história de vida tendo como base o
conhecimento teórico do desenvolvimento psicológico, o psicoterapeuta formula as
intervenções (interpretações, reformulações, confronto, etc.), com objetivo em ajudam o
paciente a tomar consciência da origem dos seus problemas, a elaborar e lidar de um modo
mais adaptativo com situações dolorosas do passado ou do presente de sua vida. Deste modo,
a psicoterapia percebe o homem como um ser mecânico e busca promover alterações de seu
comportamento e autoconhecimento, levando-o a uma maior adaptação pessoal e social
ampliando assim a liberdade interior. Os diversos tipos de psicoterapia diferem quanto aos
objetivos a serem atingidos, podendo ir desde o reforço de mecanismos defensivos
adaptativos e a promoção do crescimento através do reforço de aspectos positivos da
personalidade, às mudanças de comportamento focalizadas, até à reorganização da própria
estrutura de personalidade sem levar em conta a natureza transcendente e espiritual do
indivíduo.
Parafraseando Ysao Yamamura (1995) as emoções reprimidas tem sido uma das principais
causas de adoecimento, sendo estas emoções advindas desde o momento da concepção,
levando em consideração a saúde dos pais naquele momento, e prolongando após natal no
relacionamento com seus familiares no decorrer da vida. Quando estas emoções são
excessivamente reprimidas causa o desequilíbrio entre o yin e yang os quais são considerados
pela Medicina Tradicional Chinesa “os principais agentes causadores de adoecimento”.
Portanto neste estado de desequilíbrio o sujeito expressa comportamentos de estado de raiva,
nervosismo, irritabilidade e agressividade os quais lesam o Fígado, que por sua vez em
desequilíbrio de suas funções energéticas podendo desencadear adoecimento físico.
Segundo Goleman (2001), retrata que as emoções tem sido sábios guias na evolução de novas
realidades que a humanidade tem se defrontado. Desde as primeiras leis e códigos de
Humurabi, os dez mandamentos dos hebreus os éditos dos imperadores tudo pode ser
interpretado como tentativa de conter e domesticar as emoções. Parafraseando Freud em sua
obra O Mal-estar na Civilização elucida o aparelho social já tentando impor ordens para
conter os excesso emocional que emerge de dentro de cada ser humano. Ainda Goleman
(2001), todas as emoções são em essência impulsos para uma ação imediata que necessita de
planejamento imediato da própria vida. No entanto cada emoção desempenha uma função
especifica. No estado de raiva o sangue flui para as mãos, os batimentos cárdicos se tornam
mais rápidos, uma onda de hormônios, e adrenalina entre outros entram em ação, gerando
uma pulsação mais energética para uma atuação mais vigorosa. No medo o sangue corre para
os músculos buscados facilitar uma fuga se necessário. Na sensação de felicidade a atividade
cerebral é biologicamente incrementada para inibir os sentimentos negativos favorecendo
assim o aumento da energia existente silenciando os pensamentos de preocupações. Já a
tristeza tem como função principal a de regular e propiciar o ajustamento em uma grande
perda, quando se torna profunda transforma em depressão e a velocidade metabólica fica
reduzida. “Na dicotomia emoção versos razão “cabeça” e ‘coração” a uma “acentuada
gradação na proporção entre controle emocional e racional da mente; quanto mais intenso o
sentimento, mais dominante é a mente emocional – e mais inoperante a racional”.
Frente as colocações de Goleman podemos observar a relação emocional envolvida nos Cinco
Shen e perceber a evolução do ser humano possuidor dos sentimentos transformados em
energia expressadas em saúde ou doença ou equilíbrio e desequilíbrio entre o yin e yang e que
quando associadas essas duas ciências, Medicina Tradicional Chinesa e Psicologia tradicional,
no tratamento dos pacientes, podem intensificar os resultados de cura.

1.2 OS CINCO SHEN ASSOCIADOS À PSICOTERAPIA


Sob o ponto de vista Medicina Tradicional Chinesa, Helena Campiglia (2004), explica que o
entendimento de Shen, que significa Espirito o (homem superior) teve seu início com a
filosofia tauista onde, a compreensão desta é fundamental para unir, no diagnóstico, o
homem, como um ser que transcende além do corpo. Primeiramente ficaram conhecidos por o
TAO (trajetória, caminho) em seguida como os cinco aspectos mentais e espirituais do ser
humano. Enfatizando esta citação de que o homem transcende é possível observar segundo
Hicks (2007) que, por isso a necessidade do exercício da concentração e meditação durante a
pratica do Tai Chi “o corpo segue o espirito”, pois sem a devida concentração é impossível
este contato. Nessa mesma linha de raciocínio também Vasconcelos (1998) elucida que o ser
humano é Biológico-psicológico-social-espiritual e ecológico indo além do que se é
determinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como biológico Psicológico e
Social.
Uma visão parcial reducionista e incompleta do homem gera sistemas e esforços à saúde
necessariamente incompletos. A Concepção integral do ser humano se faz essencial na
formação do profissional da psicologia e de si mesmo enquanto ser humano, leva à
compreender a raiz de muitos de seus problemas de relacionamentos, bem como ter uma visão
ampliada em sua formação intelectual. Maslow (1968), no período do surgimento da Terceira
Força da Psicologia, têm defendido que as quatro áreas de necessidades básicas tem sido
negligenciadas ou vista de forma superficial. Dentre as quatro áreas de necessidades
apresentadas por Abraham Maslow (1968) uma é essencialmente fenomenológica e espiritual,
porém todas são importantes para a saúde plena do ser humano tais como:

1º Necessidades Básicas ou Vitais (água, alimento, ar, sexo, abrigo dos elementos,
proteção de doenças e ferimentos, sono, atividade física, excreção); 2º Necessidades
Emocionais ou afetivas (amar, ser amado, sentimento de ser aceito, sentimento de
ser valorizado, sentimento de alegria e contentamento, receber e dar carinho, receber
e dar boa vontade, auto aceitação, autoestima). 3º Necessidades Psicológicas
comunicação, realização, autonomia, ordem, segurança, respeito, “status”, afiliação,
aceitação de grupo, receber atenção, reconhecimento, compreensão, relaxamento,
apoio, jogo atividades lúdicas, criatividade, aquisição, auto percepção, viver
conscientemente; 4º Necessidades Espirituais (transcendência), encontrar o sentido
da própria vida, autoconceito positivo, tomar decisões baseadas em princípios éticos
e morais, ser responsável por suas escolhas morais, altruísmo, desenvolvimento de
virtudes, conhecer e relacionar-se com um ser superior, percepção, compreensão de
um reino não material (espiritual), comunicação com o reino espiritual através de
oração e meditação. (p. 42)

Em seu discurso o autor afirma que, habitualmente, uma necessidade não atendida ganha em
poder de motivação; a falta de amor, por exemplo, intensifica a necessidade de afeição.
Quando uma necessidade essencial não é satisfeita de maneira natural, ou seja, através de seu
objeto natural, ela é buscada de maneira perversa, através de um objeto substitutivo. Por
exemplo, quando uma criança não é tocada com carinho, sua necessidade de contato físico
fará com que se comporte mal, para então receber um castigo físico como um puxão de orelha
ou uma bofetada, pois deixar de ser tocada é pior do que ser tocada com agressão. É razoável
esperar que todas as nossas necessidades essenciais sejam supridas num modo de vida
maduro. Não é razoável esperar que todos os nossos desejos sejam supridos num modo de
vida maduro.
Os anúncios comerciais da imprensa, rádio e televisão contestam essa visão ora dizendo que o
homem é um ser material que deve satisfazer todos os seus gostos, comprando novas coisas a
cada dia. Consideram, portanto, o ser humano somente como um consumidor de produtos.
Outras pensam que o homem é como um animal mais evoluído e que, como tal, deve
preocupar-se unicamente em satisfazer sua fome, sua sede e seus apetites sexuais. Este
homem deve lutar durante sua vida terrena para acumular a maior quantidade de riquezas
possíveis e assim alcançar à tão desejada felicidade. Porém, para Frankl (1979), de forma
alguma podemos falar do homem [apenas] em termos de uma unidade psicossomática. “O
corpo e a psique podem formar uma unidade – uma unidade psicofísica – mas esta unidade
ainda não representa o todo do homem. Sem o espiritual como base essencial, esta unidade
não pode existir. Enquanto falarmos apenas do corpo e psique, a integridade ainda não está
dada.”

Psíquico

Centro

Espiritual

Somático

Figura 1: Estrutura do Ser humano segundo


Fonte: Frankl (1979)

Foi pouco a pouco que a Psicologia surgiu como uma Ciência que investiga algo de
transcendental dentro do ser humano, algo como um princípio existencial, uma identidade
essencial de todos nós, ou, em outras palavras, uma Ciência que investiga as dores não do
cérebro, mas da alma humana. O próprio Freud utiliza-se do conceito de alma de uma maneira
explícita. Claro que quando tais homens das ciências falam de alma, não estão se referindo
exatamente aos conceitos mais ou menos fantásticos construídos no passado pelas diversas
tradições religiosas. E, no início, faziam muita questão de evidenciar suas diferenças
conceituais, sob pena de seus textos serem classificados como “pouco científicos”.
Com o passar do tempo, porém, a Psicologia cada vez mais passou a identificar, investigar e
explicitar os aspectos transcendentais da natureza humana. Foi especialmente no pós-guerra
que grandes nomes da Psicologia Humanista, Transpessoal e Transcendental deram passos
corajosos no sentido de enfocar detidamente a natureza metafísica dos seres humanos.
Atualmente, há centros de pesquisa importantes nas principais universidades do mundo, como
Harvard, Oxford, e Standford, no exterior, e como o Centro de Estudos da Mente e da
Espiritualidade da Universidade Federal do Sergipe, no Brasil, que atuam permanentemente
nesta investigação.
Numa visão da Medicina Tradicional Chinesa é possível olhar o ser humano mais ou menos
assim:

Figura 2: Na visão da Medicina Tradicional Chinesa


Fonte: http://jcdangelis.blogspot.com.br/2013/08/aprendendo-ser-sabio-ver-no-escuro.html cessado em
28/01/2014

Traçando um paralelo sobre a visão do ser humano enquanto essência, encontramos um ponto
em comum na Medicina Tradicional Chinesa conforme Maciocia, (1996), “a mente (Shen) é
uma das substancia vitais do corpo é o mais sutil e não substancial tipo de Qi” (energia) o
qual, chamamos de espirito um fenômeno que não é possível pegar segurar ou medir. Trata-se
do complexo de todos os cinco aspectos mentais e espirituais do ser humano, isto é, Alma
Etérea (Hun), Alma Corpórea (Po), Inteligência (Yi), Força de Vontade (Zhi), Mente (Shen)
propriamente dita. Conforme este autor o Shen indica a atividade do pensamento, nível de
pensamento e consciência onde surgem os insight e memória, todas estas atividades depende
do coração para se ter um desenvolvimento normal, ou seja equilibrado.
Fonte: MACIOCIA. A Pratica da Medicina Chinesa, 1996, p.211

Nesse sentido a associação do Shen com a psicoterapia poderá proporcionar um diagnóstico


mais preciso bem como potencializar o tratamento do paciente.
William Bonnet (2010) Jean Martin Charcot (1825-1893), neurologista no Hospital La
Salpêtrière (França), estudou a histeria e tentou demonstrar o poder do espírito sobre o corpo.
Josef Breuer (1842-1925) descobriu que no caso dos histéricos o traumatismo inicial
provocado por uma emoção anterior desaparecia quando o paciente via-se novamente a
situação traumatizante. Tornado ele o inventor do conceito de catarse. E Sigmund Freud
(1856-1939), incorporou a e criou a psicanálise em 1896. Um século depois Maciocia, (1996)
publica sua pesquisa trazendo à baila os cinco Shen como o responsável para o equilíbrio ou
desiquilíbrio da psique do indivíduo. Segundo Hicks, (2007), o Elemento Zang (órgão) é o
Guardião das Características do Espírito saudável quando em equilíbrio caso contrário poderá
se tornar o Guardião das Características da Depressão. Para que se tenha uma saúde em
equilíbrio é necessário um bom funcionamento dos três tesouros, Mente (coração) Qi
(pulmões, Estomago e Baço Pâncreas), Essência (Rins). Portanto estes três tesouros
representam diferentes estados de condensação de Qi, sendo a essência a mais densa, o Qi o
mais rarefeito e a mente a mais sutil e não substancial, Se a Essência é forte o Qi é próspero;
se o Qi é próspero, a mente é perfeita.
Continuando a explanação sobre os elementos contidos no ser humano podemos observar
Hicks (2007) apresenta que, no elemento “ÁGUA”, Rins Zhi que é a Raiz do Yin e Yang,
trazendo consigo a essência, a iniciativa, o poder de decidir, a confiança, também medos e
fobias sendo causa aparente e em situações de deficiência ocasionando falta de iniciativa, falta
de confiança na sua capacidade de resolver situações. Tornando aparente a sensação de
impotência e apatia. Paciente com estas características podem ter problema geniturinário,
carecendo fortalecer e harmonizar o elemento água. Partindo de uma revisão bibliográfica foi
possível observar numa sucinta explanação dos conceitos, tipos de medos e fobias.
Abordando costumes e crendices da cultura popular sobre o medo. Tornou possível enfatizar
percepções da psicologia com uma abordagem psicanalítica sobre a construção dos medos
e/ou fobias que estão presentes em muitos dos indivíduos que buscam os serviços de
psicólogos e psicanalistas. Apontam como base no que fora levantado, muitos dos medos e
fobias vivenciados por indivíduos, sejam eles de qualquer faixa etária, estão associados à
passagem do Complexo de Édipo e o processo de castração.
No entanto na visão da Medicina Tradicional Chinesa segundo, Maciocia (1996), os medos e
fobias, podem ter como causa um déficit na formação constitucional da essência do ser no
momento de concepção pré-natal e no pós-natal, evidenciando assim uma psicossomática com
o ambiente em qual o sujeito está inserido gerando assim o estado psicopatológico,
pronunciado no órgão “Rim Zhi que é a Raiz do yin e do yang”.
No elemento madeira o Zang Fígado, Hon, neste a movimentação e a liberdade decorre do
excesso de tensão e pressão. Quando em desequilíbrio pode acompanhar estresse e/ou um
fracasso, frustração, sensação de opressão, acarretando a falta de movimento, desgosto,
irritabilidade, perda do sentido e do propósito de viver. Podem apresentar falta de visão
perspicaz, colapso e prostração.
Portanto no elemento “FOGO” zang Coração; Shen, o qual tem como característica elucidar a
alegria, o amor, razão, harmonia, perfeição ou a falta de alegria de viver, pouco entusiasmo,
pouco interesse, falta de inspiração incapacidade de julgamento equilibrado. Apatia ou
agitação excessiva e frieza para novos relacionamentos. Apontando assim problemas ligados a
rejeição e desapontamento sem relacionamentos duradouros.
Elemento “TERRA” zang yin Baço-Pâncreas Yi responsável pela reflexão, calma, simpatia,
claridade de pensamento-antipatia, Desarmonia do Intelecto. Sensação de Opressão, Profusão
de pensamentos confusão e preocupação, excessiva-dificuldade de reflexão sobre si
dificuldade de concentração matemática. Quando apresenta desejo ou aversão por doce
precisa fortalecer e harmonizar o elemento Terra. Elemento “METAL” Pulmão, (Po) trazendo
consigo a capacidade de aceitação, reverência, proteção do indivíduo normalmente decorre de
perdas materiais. Também pode ocasionar sensação de desproteção, problemas em aceitar o
inevitável, melancolia e resignação, pessimismo e remorso.

Figura 4: Ciclos Shen e Ko dos Cinco Elementos


Fonte: http://jcdangelis.blogspot.com.br/2013/08/aprendendo-ser-sabio-ver-no-escuro.html cessado em
28/01/2014

Com relação a possível associação das duas ciências na busca de um melhor tratamento dos
processos emocionais, mentais e espirituais correlacionado aos cinco elementos da Medicina
Tradicional Chinesa, torna evidente um olhar meticuloso sobre a complexidade do fenômeno
do que é o ser humano, em seu processo, nem totalmente são, nem totalmente doente.
Deutsch e Murphy citado por MASLOW, (1968), se refere à psicoterapia da seguinte forma:

Isso é de interesse especial para os terapeutas, não só porque a integração é uma das
principais metas de toda a terapia, mas também por causa dos problemas fascinantes
que estão envolvidos no que podemos chamar a “dissociação terapêutica”. Para que
a terapia ocorra a partir de uma introvisão (insight), é necessário experimentar e
observar simultaneamente. Por exemplo, o psicótico Que está passando por uma
experiência total, mas não suficientemente desapaixonado para observar o que sente
nada ganha com o que experimenta, ainda que possa ter estado no centro do
inconsciente que ê tão misterioso para os neuróticos. Mas também é verdade que o
terapeuta deve dividir-se da mesma forma paradoxal, visto que deve,
simultaneamente, aceitar e não aceitar o paciente; isto é, por um lado, tem que
manifestar “interesse positivo incondicional” (143), deve identificar-se com o
paciente para compreendê-lo, deve pôr de lado todas as críticas e avaliações, deve
experimentar a Weltanschauung do paciente, deve fundir-se com ele num encontro
Eu-Tu, deve, num amplo sentido agapeano, amá-lo etc. Entretanto, por outro lado,
também está implicitamente desaprovando-o, não o aceitando, não se identificando
etc, porque está também tentando melhorá-lo, fazê-lo melhor do que é, o que
significa algo diferente do que é agora. Essas divisões terapêuticas são, de forma
muito explícita, uma base da terapia para Deutsch e Murphy.( MASLOW, 1968,
P.120)

Mas também aqui a finalidade terapêutica é, como no caso de personalidades múltiplas, fundi-
las numa unidade integrada e harmoniosa, tanto no paciente como no terapeuta. Isso pode ser
igualmente descrito como tornar-se cada vez mais um ego puramente experiente, com a auto-
observação sempre acessível como uma possibilidade, talvez pré-conscientemente. Nas
experiências culminantes, tornamo-nos egos multo mais puramente experientes.

2 - Os cinco elementos e as psicopatologias

2.1 A associação da MTC com a Psicologia tradicional no tratamento das


psicopatologias.
Na psicologia moderna busca-se o diagnostico através da escuta, observação e
questionamentos com o intuito de levantar as causas mais prováveis das queixas apresentadas
pelo paciente, enquanto que na Medicina Tradicional Chinesa também são utilizadas essas
mesmas técnicas dentre outros tais como: sinais sensoriais em especial no equilíbrio
emocional, na cor facial, odor e tom de voz. É também de fundamental importância a
personalidade do paciente na busca de um tratamento eficaz e adequado. Isso demonstra que o
trabalho do profissional da psicologia está em consonância com a Medicina Tradicional
Chinesa para diagnosticar e tratar as causas e sintomas trazidos pelo indivíduo, porém,
existem algumas caraterísticas especificas para o diagnostico dentro da Medicina Tradicional
Chinesa dentre as quais estão os fatores constitucionais, além da queixa principal trazida pelo
paciente, e que são de suma importância para uma anamnésia mais precisa no tratamento das
psicopatias apresentadas.
Fato interessante citado por Ross (2003) ele questiona sobre as capacidades intuitivas do
homem, sem elas se torna difícil o equilíbrio do ser humano, e num mundo moderno onde se
exige a analise, mas a capacidade intuitiva esta embotada cresce o número das incertezas e o
aumento do estresse é inevitável. Frente a este aspecto na psicoterapia é buscado as técnicas
necessárias para o sintoma apresentado, uma delas é o relaxamento a meditação e o exercício
físico. Enquanto que na acupuntura soma-se a essas técnicas o equilíbrio energético
fundamentando nas causas e prevenindo um desgaste maior.
Conforme Maciocia (1996), quando o fator constitucional predominante madeira, Fígado e
vesícula biliar em desordem podem ter causa manifesta como paranoias, delírios, distúrbio
bipolar, depressões reativas e ansiosas, agressividade patológica, choro contido, irritabilidade,
reações agressivas (decorrentes de frustração ou de fatores externos), raiva destrutiva, pode
variar da resignação ao desespero. O Fígado regula o fluxo livre das emoções. O desequilíbrio
de sua energia está presente em toda psicopatologia. O movimento da Madeira é expansivo e
direcionado e simboliza o crescimento, o desenvolvimento e a confiança podem estar ligados
aos relacionamentos. A deficiência da energia do Fígado pode ter sido gerada logo nos
primeiros dias ou anos de vida da criança, pela má amamentação ou pela falta de um adulto
como sustentação ou ponto de referência, isso pode ocasionar a perda do foco e os contatos
conseguem mesmos ou com a realidade externa. Maciocia aponta que neste elemento está
alojado o Hun (alma Etérea) a qual por um lado traz movimento a mente, e por outro
proporciona quietude e retém a Alma Etérea junto a mente, com estas em harmonia o
indivíduo apresentará visão serena, discernimento e sabedoria.
Nessa mesma linha de pensamento com relação a formação da personalidade da criança,
Segundo Papalia, (2006).

O padrão característico das relações emocionais de uma pessoa começa e se


desenvolver desde muito cedo e é um elemento básico da personalidade. Sob uma
perspectiva etológica, as emoções desempenham diversas funções importantes para
a sobrevivência e o bem estar humano. Uma é comunicar a condição interna da
pessoa aos outros e provocar uma resposta. Essa função comunicativa é crucial para
os bebes, que dependem dos adultos para satisfazer suas necessidades básicas. Uma
segunda função é orientar e regular o comportamento\ função que durante a primeira
infância começa a ser transferida do cuidador para a criança. Emoções como medo e
surpresas mobilizam a ação em emergências. Outras emoções, como interesse e
excitação, a exploração do ambiente, o que pode trazer um aprendizado útil na
proteção ou sustentação da vida. (PAPALIA, p.231)

Assim sendo se percebe na sociedade, visivelmente, a concepção de filhos por pais


severamente debilitados, gerando novos indivíduos com baixíssimo fator constitucional o qual
pode agravar outra geração com Shen doentios, sendo estes inconscientes e muitos deles não
encontram forças espirituais para mudanças durante seu desenvolvimento bio-psíquico e
emocional. Nos indivíduos de fator constitucional Fogo predominante, conforme Ross (zang
fu 2ª Edição), onde o Zang Fu acoplados são: Coração e Intestino Delgado em desequilíbrio
pode acarretar em distúrbios do sono, sexuais, ansiedade, Síndrome do pânico, hipocondrias e
incapacidade de compreensão profunda e simbólica, dramaticidade dificuldades com limites e
com amor, falsa generosidade. O elemento Fogo é o pivô central das doenças emocionais e
mentais. A alteração do Shen (consciência), muitas vezes é o aspecto final de uma cadeia de
eventos. Na psicologia moderna esses sintomas são vistos, segundo Cordioli (1998) como
“conflitos de sentimentos inconscientes inaceitáveis, baseados em mecanismos de defesa
como de negação, repressão, deslocamento e racionalização que os impede de simbolizar,
conscientizar e finalmente verbalizar seus conflitos, dificultando seu manejo e consequente
resolução”. O elemento Fogo é um dos responsáveis para os momentos de insights. Sua
deficiência causa alterações da cognição. Deficiência do Coração por problemas na fase de
desenvolvimento da fala, da expressão ao mundo, da sensualidade e da sexualidade. Também
podem apresentar problemas na fase do complexo de Édipo e possíveis patologias nesse
contexto.
Maciocia (1996) afirma que a inteligência reside no Baço/Pâncreas. Quando estes dois
elementos, Baço-Pâncreas e Estômago em desequilíbrio podem gerar distúrbio ansioso de
separação, obsessão, astenia, depressão, anorexia / bulimia, obesidade, cansaço, sonolência,
dificuldades de concentração e de relacionamento, depressão menor, incapacidade de
percepção do agora, distração, perda de consciência corporal e do ambiente, vazio interno,
dificuldades para se mover, estagnação, mucosidade mental (falta de clareza), portanto a
energia do Baço-Pâncreas é fundamental no aproveitamento da energia dos alimentos sendo o
responsável em transformar e transportar o QI. O movimento da Terra é de conexão com os
outros, demonstrando paciência, cuidado, estabilidade, capacidade de focar e ater-se ao
momento, de apreciar a vida. A energia deste elemento depende da qualidade da alimentação
durante toda a vida. Porém a deficiência na energia do Baço-Pâncreas, gerada por uma
nutrição deficiente durante a vida intrauterina, a amamentação (falta de conexão com a mãe) e
depois pela falta do carinho e do contato que se tem por meio da alimentação da criança.
“Os transtornos do comportamento alimentar, anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN)
são todos como patologias difíceis de ser abordadas em função de sua complexa etiologia. A
interação de fatores biológicos, familiares, socioculturais e psicológicos é responsável pelo
desencadeamento e perpetuação desses quadros. AN e BN são transtornos estreitamente
relacionados, expressos por distúrbios severos no comportamento alimentar em função da
intensa preocupação com a forma e com o peso do corpo” (NUNES, 1995. Apud.
CORDIOLI). Nessas duas condições o tratamento mais utilizado tem sido a “psicoterapia
cognitiva e comportamental, empregando técnicas especificas para modificar o
comportamento” (AGRAS e cols.1989; Mitchell, 1991). Sob o ponto de vista da MTC,
segundo Maciocia (1996), distúrbio alimentar tem como fundo o desiquilíbrio de estomago e
baço pâncreas e que o tratamento pode ser através do equilíbrio do elemento terra tonificando
o Zang Fu.
Neste elemento está configurado o Zang fu Pulmão e Intestino Grosso, e quando estes estão
em desequilíbrio o sujeito podem apresentar tristeza profunda e pesar crônicos, transtorno
obsessivo compulsivo. Patologias que incluem: Inveja, ciúmes, egoísmo, distração e
sensibilidade excessiva. Medos das mudanças apegam a atitudes, padrões rígidos e
estereotipados, dificuldades em fazer e manter vínculos, apego ao conhecido, vive no passado,
autocomiseração. O Pulmão está associado à tristeza e participa com todos os elementos, da
formação da identidade pessoal do EU. O Metal está ligado à transformação, ao
apego/desapego, a introspecção e confere a capacidade de se desprender materialmente em
situações emocionais. Portanto a deficiência do Pulmão gerada por problemas nas separações
e mudanças, por exemplo: parto, desmame, escola, casamento. Podendo apresentar problemas
na fase de formação das fezes e retenção de energia. Segundo Maciocia (1996) no Pulmão a
Alma corpórea (Po) se aloja em nível físico e nesta está relacionada à vida como indivíduo a
qual nos faz sentir dor, lagrimar quando sujeitos a situações de desgosto e tristeza. A alma
corpórea também responsável pelo QI de defesa do pulmão em nível físico protege o corpo de
fatores patogênicos externos e nos níveis mentais de influencias psíquicas externas, algumas
pessoas são facilmente afetadas negativamente quando o Qi da alma corpórea está
enfraquecida.
Segundo Campiglia (2004) o elemento água, órgão Rins quando em desequilíbrio é o
responsáveis pelos medos e fobias, síndrome do pânico, psicopatias, sociopatias, más
formações neurológicas, doenças genéticas tais como autismo, psicoses retardo mental,
esquizofrenia, depressão maior, perda de direção, incapacidade de completar ações, medo,
fixação, radicalismo, sentimento de desproteção. A Energia do Rim é fundamental como força
de coesão do Ego. O movimento da Água é o da força primordial que mantém a integridade e
o equilíbrio, estabelece as raízes, junta as forças e faz suas reservas. Isso reflete na capacidade
de adaptação a mudanças do sujeito. Quando a deficiência de energia do Rim vem da
fecundação tendo como causa deficiência energética dos pais, ou durante a gravidez, no parto
(por estresse). Disso pode advir má formação cerebral ou alterações de atividades cognitivas,
ocasionando impossibilidade de estruturarem a Personalidade e cisões na estrutura psíquica.
Nestes alguns autores afirmam que aumentar a energia do Rim nas doenças Psiquiátricas
ajudará a amenizar e diminuir o número de crises, e melhorar as condições do paciente para
que tolerem maiores variações do meio externo. Por exemplo, sessando o medo - cessa a
crise.
Todos os sintomas acima relacionados, apresentados como resultado do desequilíbrio dos
cinco elementos da Medicina Tradicional Chinesa MTC, é de conhecimento do profissional
de psicologia que, engloba diversas linhas de tratamento tais como: Psicanálise, Cognitiva
Comportamental, Psicodrama, Humanistas, Fenomenologia Existencial dentre tantas outras
existentes atualmente que buscam compreender as psicopatias humanas. Todos estes
profissionais buscam compreender o seu paciente com suas técnicas especificas dentro da
psicologia convencional visando um resultado que pode ser de curto médio e longo prazo.
Dependendo da gravidade de cada sintoma apresentado pelo paciente o profissional psicólogo
vai definir o tratamento ou recorrer ajuda de outros profissionais da medicina. Portanto o
profissional psicólogo com formação de acupuntura (Medicina Tradicional Chinesa) onde a
mesma pode proporcionar uma associação de técnicas eficazes para o tratamento das
psicopatologias apresentadas pelos pacientes.
O profissional psicólogo capacitado com conhecimentos da Medicina Tradicional Chinesa
MTC observa o paciente depressivo, com características de embotamento afetivo, apatia,
poucos movimentos pode idêntica que suas características predominantemente é Yin, neste,
pode ocorrer o quadro obstrução do fluxo do Qi do Rim. Já o paciente com sintomas maníaco,
em que há excesso de atividade mental e motora podendo ter explosões de ânimo,
eventualmente comportamento agressivo ou perigoso à sociedade, esse quadro pode ocorrer
pela alteração da mente pelo fogo. Em um quadro clinico geral com início insidioso, onde a
pessoa prefere ficar quieta e parada, não expressando emoções, introversão, tristeza, choro
abundante, superstição, hábitos repetitivos, pensamentos persecutórios, diminuição do apetite,
tem preferência pelo escuro, histórico de experiências emocionais traumatizantes tais como
frustrações profundas, impossibilidade de realizar desejos importantes, perda de uma pessoa
querida. Usuário de álcool e drogas. Doenças prolongadas de fundo genéticas e congênitas
com agravantes mais frequente em adolescente e mulheres na menopausa. Tais quadro advêm
de um estado yang, ou seja de dento para fora.
Na MTC conforme Campiglia (2004) as emoções são consideradas fatores internos de
adoecimento, e podem provocar desarmonia nos Zang Fu (órgão e a víscera associados),
levando à doença. Por outro lado, os Zang Fu desarmônicos podem gerar emoções alteradas e
distorção da realidade. As mais frequentes alterações emocionais encontram se nas
desarmonias do Fígado e do Coração. Por exemplo, a insônia: deficiência do Coração e do
Baço, desarmonia entre o Coração e os Rins, deficiência de Yin levando ao aumento do Yang
do Fígado, deficiência do Qi do Coração, estase do Qi do Fígado, gerando Fogo, formação de
mucosidade e calor, prejudicando o Coração e a Vesícula Biliar, tendo como consequência
Irritabilidade, tensão pré-menstrual, depressão ansiosa e alterações emocionais do climatério:
Estase do Qi do Fígado, - Fogo do Fígado, Deficiência do Coração e do Baço, Deficiência do
Qi do Coração.
No entanto como apontado por Maciocia (1996) o problema com o aumento do Yang do
Fígado pode gerar raiva, mágoa, frustração e ressentimento por período prolongado. A dieta
gordurosa e frituras causando desarmonia dos outros Zang Fu, por exemplo, a diminuição do
Yin do Rim, trazendo como consequência agitação e insônia, vertigens e cefaleia. A alteração
do Shen, agitando as emoções causando dificuldade de concentração e de memória, manter
acalma, Irritabilidade, zumbidos, pesadelos, sonhos em excesso, palpitação, membros
pesados, olhos ressecados, dor lombar, língua vermelha com pouco revestimento, pulso fino,
tenso e rápido. -Harmonizar o Fígado, quando se tem deficiência Yang e aumentar Yin pode
ter como consequência, raiva, mágoa, frustração, uma dieta gordurosa, frituras, álcool, carnes
vermelhas, invasão de vento e calor externos, no entanto a diminuição de Yin pode causar
agitação com insônia e pesadelos acompanhado de cefaleia, zumbidos e até surdez, gerando
irritabilidade, Explosões de raiva, alucinações visuais e auditivas, olhos vermelhos, boca
amarga, garganta seca, obstipação, urina escura, dor nas costas, mamas e hipocôndrios
apresentando língua vermelha com revestimento amarelo pegajoso, com pulso tenso e rápido.
Hicks (2007 salienta que o acupunturista deve focar seus valores terapêuticos na saúde do
indivíduo e os sintomas físicos são secundários, pois estes são vistos quando crônicos como a
manifestação da doença e que se origina na raiz e estas muitas vezes pode estar na mente ou
no espirito. Isso não quer dizer seja para todos os sintomas, citando por exemplo os
traumáticos de origem física ou alguma infecção aguda suas origens estão fixadas nas causas
externas. Elucida ainda que a maioria dos pacientes no ocidente que buscam tratamento
sofrem basicamente de desequilíbrio espirito. Quando as pessoas apresentam com problemas
no seu espirito tem maior probabilidade de sofrer com estresse e dificuldade de lidar com sua
própria vida.
Maciocia (1996) menciona que a agitação do Vento do Fígado no Interior surge raiva, mágoa,
frustração, ressentimento por período prolongado. Quando a aumento do Yang do Fígado e
vira vento ou calor extremo, que vira vento com a diminuição do Yin ou do sangue. Podendo
ocorrer instabilidade com mudança rápida de atitude. As maiores gravidades dos sintomas
são: mania, tiques, espasmos, podendo ocasionar convulsões, perda de consciência, tontura,
tendência a desmaios, com cefaleia latejante, surgindo ai formigamento nos membros,
Opistótono e Trismo. A língua vermelha escura, trêmula, torta, com revestimento fino e
amarelo. O pulso tenso, filiforme e rápido, intermitente.
A estase do Qi do Fígado pode ter como consequência, raiva, mágoa, frustração,
ressentimento por período prolongado, emoções reprimidas, irritabilidade, com sensação de
estar impedido de realizar algo, Impaciência, apresenta depressão, melancolia que alivia com
choro, plenitude e opressão torácica, suspiros, Dor e distensão no hipocôndrio e no ventre,
Menstruação irregular, Dismenorreia, TPM, sensação de bola na garganta, alterações de
humor, náuseas, gases. Língua com revestimento fino e branco, com pontos de estase e pulso
tenso. A Deficiência do Yin do Rim pode ter como causa, doenças crônicas ou agudas graves.
O uso de antibióticos ou quimioterápicos, deficiência constitucional, excesso de trabalho e de
atividade sexual. Perda de memória, zumbido, insônia ou sono irregular, suor noturno, rubor
malar, tontura, vertigem, febre vespertina, diminuição da força de vontade, sede com secura
na garganta e língua, queda da acuidade visual, espermatorréia, diminuição do fluxo
menstrual ou amenorréia. Língua vermelha, fina, com pouco ou nenhum revestimento
(careca), pulso filiforme, fraco, vazio, podendo estar rápido.
A deficiência da essência (Jing) dos Rins geralmente tem causa de hereditariedade, doenças
genéticas, deficiência congênita, excesso de trabalho e de atividade sexual, desarmonia de
outros Zang Fu com profundo consumo de energia, desnutrição, doenças crônicas
prolongadas, excesso de atividade sexual, partos, abortos dificuldades em realizar seus
projetos, perda de motivação, falta de coragem para fazer mudanças, diminuição da memória
e da libido, tontura, fraqueza, debilidade física e mental, envelhecimento precoce em adultos e
retardo Psicomotor em crianças, alterações genéticas, esterilidade, alteração óssea na criança,
com retardo no fechamento das epífises, alopecia, surdez, zumbido, perda prematura de
dentes. Língua pálida e mole, pulso profundo, fraco e vazio.
Maciocia (1996) afirma que os distúrbios Psíquicos e os Zang Fu tem fundamentos com
Problema Etiologia Quadro Clinico Tratamento Deficiência de Qi do Coração-Tristeza,
Excesso de excitação e irritação, mudança brusca do estado emocional, vômitos, diarreia ou
sudorese excessiva, hemorragia, doenças crônicas e/ou prolongadas, doenças febris,
senilidade, apatia e Tristeza, podendo levar ao estado depressivo, taquicardia, ansiedade,
amnésia, sobressalto e temor, dificuldades com sono, Cansaço, fala mole, transtornos
psíquicos, dispneia, angina, palidez, sudorese espontânea, entre outros.
Segundo Maciocia (1996) a deficiência de Yang do Coração pode ocasionar tristeza, excesso
de excitação e irritação, mudança brusca do estado emocional, vômitos, diarreia ou sudorese
excessiva, hemorragia, doenças crônicas e/ou prolongadas, problemas febris, taquicardia,
ansiedade, amnésia sobressalto e temor, sono, cansaço, fala mole, transtornos psíquicos,
dispneia, angina, palidez, sudorese espontânea e fria, dificuldades circulatórias, com frio nas
extremidades e aversão ao frio, língua edemaciada, pálida ou violácea, revestimento
esbranquiçado, pulso lento, fino e fraco.
Quando há deficiência de Yin do Coração surge ansiedade, excesso de excitação e irritação,
emoções que esgotam o Yin e o sangue, vômitos, diarreia, doenças febris com suor, abuso do
álcool, dieta gordurosa e condimentada causando deficiência da produção de sangue pelo baço
pâncreas, provocando assim taquicardia, ansiedade, irritabilidade, insônia, sonhos excessivos,
pesadelos, incapacidade de relaxar, angústia, desconfiança, perda de memória o Shen fica
obnubilado. Calor nos cinco palmos, vertigens, boca e garganta secas, rubor malar, sudorese
noturna, obstipação, urina amarelada, língua vermelha, revestimento fino e seco, pulso fino,
fraco, rápido, intermitente.
Na deficiência de sangue do coração pode surgir ansiedade, excesso de excitação e irritação,
emoções que esgotam o yin e o sangue, tendo como causa a hemorragia, parto, doenças
prolongadas que consomem muito sangue. Problemas no baço pâncreas causados por uma
dieta inadequada ocasionando assim, taquicardia, ansiedade, Irascibilidade, insônia, sonhos
excessivos, pesadelos, incapacidade de relaxar, angústia, desconfiança, perda de memória,
palidez, lábios e unhas pálidas, quando o Shen obnubilado pode ter como consequência
vertigens, formigamento nos pés e mãos, polução noturna, amenorreia, menstruação curta em
períodos muito espaçados, língua pálida e ressecada com pulso fino.
Quando há mucosidade obstruindo os orifícios do Coração pode evidenciar ansiedade,
excitação, depressão, emoções que levam à estase do Qi, depois, formam mucosidade. A
transformação da umidade em mucosidade normalmente é causada por uma dieta gordurosa e
crua, também por abuso de Álcool, evidenciando comportamento incoerente e anormal,
acompanhado por taquicardia, confusão mental, depressão, convulsões, tontura, náuseas,
vômitos, angina, gases, dificuldades de concentração e memória, insônia, sonhos excessivos,
mania, histeria, psicose, esquizofrenia, perda dos sentidos, a língua é edemaciada com
revestimento branco, pegajoso e Pulso deslizante.
Fogo do Coração hiperativo causa emoções intensas, facilidade para choques emocionais,
ansiedade crônica, preocupações que se transformam em fogo, provocadas por uma dieta
quente, Álcool, evidenciando assim desarmonia de outros Zang Fu , principalmente Fígado
(Fogo do Fígado) ocasionando agitação profunda e Possíveis atos de loucura, atitudes
destrutivas e violentas, acompanhada de irritabilidade, angústia, dificuldades em ficar parado,
insônia e pesadelos, excitação emocional e delírio, risos e choro. Alucinações visuais e
auditivas, sensação de calor e opressão no peito, angina, crise hipertensiva, taquicardia,
mania, cólera, convulsão, sede, boca seca, urina escura. A língua escarlate com rachaduras e
com ou sem revestimento amarelo com pulso forte, rápido e escorregadio.
No ano de 2003, foi publicado o I Consenso Brasileiro de Insônia, o qual relacionou a
frequência das consequências e co-morbidades da insônia com o seu tempo de duração. Na
insônia crônica, de longa duração, observam-se mais sintomas cognitivos e alteração do
humor, irritabilidade, redução do desempenho acadêmico e profissional, redução da
concentração e da memória. Além do que, a insônia e a fadiga aumentam significativamente o
risco de acidentes de trabalho, domésticos e de trânsito. (Revista Neurociência, 2007, p.184).

METODOLOGIA

O método percorrido para a produção da corrente pesquisa foi o de cunho bibliográfico


buscando uma associação no uso dos cinco shen com a psicoterapia apoiando-se em livros e
artigos científicos publicados em site tendo como teóricos principais Maciocia (1996),
Cordióli (1998), Hicks (2007), Yamamura (1995), Maslow (1968), Frankl (1979), Papalia
(2000), Ross (2003) dentre outros. O desenrolar do artigo se deu com uma discussão paralela
entre ambas as ciências no intuito de compreender a possibilidade de sua associação
terapêutica ampliando os resultados de tratamento alcançado junto aos pacientes.
Essa pesquisa se justifica com a Resolução n° 005/2002, o Conselho Federal de Psicologia
(CFP) reconhece, dentre outras práticas, a Acupuntura como instrumento possível à atuação
do psicólogo e conforme consta na Portaria GM nº 853 de 17 de novembro de 2006, as
Práticas Integrativas e Complementares foram inclusas à Tabela de Serviços Classificações do
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - SCNES de Informações do
SUS, o serviço de código 068, consideramos que esta portaria estabelece de maneira
importante uma possibilidade para além dos tratamentos farmacológicos.
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde - OMS publicou o documento “Acupuncture:
Review and analysis of reports on controlled clinical trials”, fundamentado em mais de duas
décadas de pesquisas efetuadas em renomadas instituições mundiais. Esse documento
apresenta analises devidamente verificada pela medicina científica a eficácia da acupuntura,
assim como de outras técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, em comparação com o
tratamento convencional (medicamentoso) para lá de uma centena de doenças, sintomas e
condições de saúde. Sendo assim, o conhecimento sobre o que se têm produzido oficialmente
no Brasil sobre temáticas que relacionam Psicologia e Acupuntura, apesar de limitado,
oportunizou-nos uma ampliação do olhar sobre estas questões e estimulou ainda mais nossa
vontade de realizar pesquisas pertinentes a união destas ciências.

Resultados e Discussão
A associação da prática da Medicina Tradicional Chinesa com a psicologia contemporânea
ainda é um verdadeiro devir no mundo ocidental. A busca constante do entendimento do
homem e sua relação com meio em que vive, ainda é mistério para muitos. A simplicidade e,
ao mesmo tempo, a complexidade metodológico da Medicina Tradicional Chinesa leva a
pensar sobre as questões e às origens de nosso entendimento da saúde, do equilíbrio e do
contato com os fenômenos da natureza e suas relações.
A psique humana pode elucidar muitos traços capazes de revelar indicações para uma vida
com qualidade e equilíbrio entre as duas naturezas, animal e espiritual. As nossas ações,
atitudes, comportamento e sentimentos, estão ligados com o que vivenciamos frente as
condições energéticas dos elementos constituídos na Medicina Tradicional Chinesa. Na visão,
de homem integral de corpo e espírito na Medicina Tradicional Chinesa, abre espaço para um
entendimento do que é saúde de uma maneira mais integrada e dinâmica. Hoje temos o
entendimento de que não somos somente corpo, temos algo além de nossas percepções visuais
e de análises clínicas. As formações do temperamento, das atitudes, das ações e dos próprios
sentimentos, dependem de fatores internos e externos, que se pode ser observados desde o
desenvolvimento uterino, as relações interpessoais, o ambiente familiar, profissional e social.
A discussão desenvolvida no presente trabalho entre as áreas da Medicina Tradicional
Chinesa – MTC e a psicologia contemporânea demonstraram que a natureza humana não
consiste simplesmente de um corpo e uma mente. O cérebro, como órgão do pensamento, e o
corpo, que permite que estes pensamentos adquiram vida e forma, são apenas manifestações
externas de uma identidade mais essencial, algo indefinida, que jaz nos mistérios da
existência de cada um de nós. Somos nossos corpos. Somos nossas mentes. Mas também
somos algo mais, com um quê de transcendência, se não de eternidade, que se evidencia de
tempos em tempos, e que pode ser cultivado e aprimorado.
Os autores utilizados fundamentando esta breve pesquisa, tanto na Psicologia quanto na
Antropologia, Sociologia e Filosofia, têm tratado de investigar de forma científica aquilo que
antigamente ficava apenas no campo da fé: a realidade da alma humana e suas manifestações
de extraordinária transcendência, inclusive estudando os estados alterados de consciência
obtidos pela oração, meditação e outras práticas religiosas. A alma passou a ser um conceito
incorporado no discurso científico, assim como o corpo e o psiquismo. Muitas vezes fica
difícil perceber a diferença entre a psique e a alma, ou identidade essencial.
Fazendo uma analogia, a alma é como o sol, e a psique como os raios do sol. A alma humana
é uma realidade que pensa e sente, influenciada pelo corpo, e a psique é a ação deste pensar e
deste sentir. A alma é como a árvore, e a psique são como o fruto desta árvore enquanto que
na psicanálise o homem se torna consciente do instintual, na logoterapia ou análise existencial
ele se torna consciente de algo espiritual ou existencial. Espiritual, nesse sentido, é utilizado
sem nenhuma conotação religiosa, mas simplesmente para indicar que estamos lidando com
um fenômeno especificamente humano (em contraposição aos fenômenos subumanos que
compartilhamos com os animais). Em outras palavras, o espiritual é o que há de humano na
pessoa. O que vem à consciência, então, na análise existencial, não é nem o impulso nem o
instinto, nem os impulsos do id nem os do ego, mas o próprio eu (self). Não é o ego que se
torna consciente do id, mas o próprio eu que se torna consciente de si mesmo – encontra-se a
si mesmo.
No Brasil a acupuntura ainda é vista como uma terapêutica complementar, mesmo assim tem
contribuir e muito para o entendimento das questões existências na saúde do ser humano,
atuando com simplicidade porem de forma abrangente, humana, atuante, eficaz e preventiva.
Quando observamos as propostas de saúde no SUS está lá, “cuidar preventivamente”, no
entanto ainda é uma política que muitas nações ainda não aprenderam a desenvolver. Portanto
as questões biológicas, psicológicas e emocionais abordadas, segundo a Medicina Tradicional
Chinesa, nos levam além das questões meramente físicas ou comportamentais.
Durante o desenvolvimento desse estudo teórico sobre as duas ciências, Psicologia
contemporânea e Medicina Tradicional Chinesa, tornou-se possível observar que ambas,
buscam tratar o homem além do seu intelecto. Na psicoterapia contemporânea tem como
objeto de estudo a subjetividade humana, a qual não se é possível pegar palpar ter uma
exatidão de medida. Na Medicina Tradicional Chinesa os Cinco Shen (espirito, alma,
intelecto) e seus ciclos energéticos e sua atuação no corpo fazem concluir que, somo
complexos demais e muito pouco sabemos sobre nós mesmos. Acima de tudo, buscar
desenvolver conhecimentos qualitativos que possam beneficiar a coletividade
significativamente, deve ser uma missão de todo acupunturista que se dedica a cuidar de
pessoas em situações adversas e diversas.

Conclusão
O presente trabalho teve como principal objetivo a realização de comparações teóricas,
especificamente bibliográficas, entre a Psicologia e a MTC. Em seu decorrer foram mostradas
diversas relações possíveis de serem feitas entre a Psicologia contemporânea de base
ocidental e a Acupuntura, sendo esta um ramo da MTC, no entanto sem, pretender esgotar o
tema.
No decorrer da pesquisa foi possível observar aproximações teóricas entre Psicologia e MTC,
notando-se que estas, são duas fontes de conhecimentos e duas vertentes terapêuticas tão
diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes. As diferenças são vistas principalmente em
nível cultural, na distância geográfica e cronológica, que separam estas duas tradições. As
semelhanças, vistas fundamentalmente em seus objetivos, sendo o principal deles auxiliar as
pessoas a viverem com mais qualidade de vida, saúde, equilíbrio e harmonia, consigo mesmo,
com os outros, a natureza, o universo em geral, enfim com toda a vida contida neste imenso
sistema do qual somos seres integrantes.
Durante o processo da pesquisa verificou-se que são vários os textos, pesquisas e estudos
presentes hoje no Brasil a respeito da Psicologia, da MTC e também da Acupuntura. Mas
ainda são pouquíssimos ou seja, quase não existem pesquisas de bases científicas
relacionando estas duas abordagens, estas duas ciências. Nota-se que este campo de pesquisa
ainda é uma floresta virgem repleta de conhecimentos a serem explorados por pesquisadores
afoitos em desbravarem esta área enriquecendo o fazer cientifico.
Observou-se também a necessidade de uma maior aproximação entre psicologia ocidental
com cultura oriental, possibilitando assim conhecer com mais profundidade a maneira oriental
de ver o mundo e enriquecer o fazer psicológico. No entanto quando perfazemos uso destas
duas linhas ou abordagens terapêuticas, torna possível presenciar esta relação, esta interação
entre os conhecimentos orientais e ocidentais, embora diferenciadas em suas compreensões,
em suas visões de mundo, mas, enxergando o homem, enxergando os seres humanos,
enxergando a natureza e o universo de uma maneira mais abrangente, mais integral, e pode-se
dizer também de maneira mais holística.
Possuir a visão da integralidade do homem, tem se mostrado de extrema importância para a
manutenção da natureza, ou seja, a natureza entendida como depende do homem, da mesma
forma que o homem entendido como depende da natureza, sendo ambos interligados e, se
observados com uma perspectiva mais ampla e aberta, podemos dizer que a natureza e o
homem são um só, unidos, interdependentes, interconectados, sendo partes integrantes de um
único grande sistema vivo.
Esta é a visão fundamental observada dentro da MTC, bem como na psicologia, do homem
como um ser integrado, influenciando e sendo influenciado pelo grande universo, sendo ele
próprio responsável por seu destino, por suas escolhas, pelos caminhos percorridos em busca
de si mesmo.
Conhecer a total abrangência da categoria Shen usando-a no fazer psicológico pode levar a
uma maior aproximação entre terapeuta e paciente, a melhores resultados terapêuticos e,
consequentemente, a um aprimoramento da prática da medicina chinesa, especialmente da
acupuntura, nos serviços de saúde.
Acredito que este é um tema que não se esgotará no desenvolvimento da ciência, por carecer
de aperfeiçoamento continuo. Fica ai uma sugestão para novos estudos, desta vez teórica e em
loco com pesquisa de campo, para o avanço dessa associação que muito irá contribuir com
humanidade.

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Ciência e Profissão. Brasília, v.27, n.3, p.418-429, set 2007. Disponível em: <http://pepsic.bvspsi.
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Acesso em: 18 janeiro. 2014.

UNESCO. Declaração de Veneza. Comunicado final do colóquio: A ciência diante das fronteiras do
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