Criancas Vitimas Abuso Sexual GABEL Anna Christina Mello 27 0
Criancas Vitimas Abuso Sexual GABEL Anna Christina Mello 27 0
Criancas Vitimas Abuso Sexual GABEL Anna Christina Mello 27 0
VÍTIMAS DE
ABUSO SEXUAL
Marceline Gabel (org)
Profa Dra Anna Christina
Cardoso de Mello
Curso Preparatório para o Concurso de Psicólogos
Tribunal de Justiça de São Paulo 2022
Dezembro 2021
Tradução brasileira: Sonia Goldfeder
2a. Edição São Paulo: Summus, 1997.
Tipo B – atos que utilizam o corpo (contatos sexuais ou masturbação forçada, participação em cenas
pornográficas; relações sexuais impostas – vaginais, anais ou orais).
(BOUHET, PÉRARD & ZORMAN, 1997)
• « Climas sexualizados » provocam no indivíduo um mal-estar que ele mesmo não compreende
nem distingue bem, dimensão de sedução mais ou menos mascarada ou de violência.
• Há práticas institucionais que também contribuem para isso: desnudar todas as crianças, duchas
coletivas etc.
ABUSO: ATO ACIDENTAL
OU SITUAÇÃO PROLONGADA?
1/3 a 1/5 dos pais incestuosos: menor participação nos cuidados com a filha do que pais que
não abusam. (PARKER & PARKER, 1986).
Idade: homens jovens com idade entre 20 e 30 anos, conhecidos das crianças e que lhes
despertam simpatia. (FINKELHOR & HOTALING, 1983, 1984, 1987)
OS ABUSOS SEXUAIS EM CRIANÇAS PEQUENAS:
POR QUE O SILÊNCIO, O SEGREDO, A NEGAÇÃO?
Adulto estabelece relação de confiança com a criança para depois abusar desta
confiança;
Criança cai na armadilha e se adapta, aceita a situação para sobreviver; opõe pouca
resistência ao abusador;
Sobrevive seja por meio de clivagem (várias personalidades), seja pela conversão da
experiência em seu oposto: o que era ruim será afirmado como bom; identificação
com agressor.
PALAVRA DA CRIANÇA
Por isso é essencial dar sustentação à palavra da criança para que ela não se
O abusador deve ser mantido à distância, mas também deve ser escutado, porque
já foi também criança e pode ter sofrido abusos, maus-tratos.
PROFISSIONAIS
o Dominados por sentimentos violentos muitas vezes;
o Sentem forças internas ou externas que fazem com que a criança se cale, duvide, se
sinta culpada, perca a confiança nos outros;
o Por isso, não ficar isolado, empreender trabalho interdisciplinar e ter espaço para falar
disso;
o Planejar as intervenções;
o Na proteção da criança, somos sujeitos sociais, referência e garantia das leis que
estruturam tanto a organização social, quanto nossa vida psíquica.
SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO
SEXUAL, GABEL ASSINALOU:
• Tentativas de suicídio;
Jean-Luc VIAUX,
psicólogo perito no Tribunal de 2a.
Instância de Rouen, professor
Universidade de Rouen
QUESTÕES PRELIMINARES (VIAUX)
Juiz precisa obter e compreender provas/fatos (realidade do abuso e suas
consequências são fatos);
Perícia, às vezes dois anos depois do fato, rompe o silêncio vigente e pode
despertar os sofrimentos e questionar as ações feitas junto à criança;
• Perito (6m ou 1 ano após) chega para falar • A reiteração dos depoimentos é abundante
daquilo que se quis esquecer; porque em geral o incesto é difícil de ser
estabelecido judicialmente;
• Maioria das mães, cujos filhos são vítimas de incesto, não prestam queixa ou a retiram
durante o inquérito;
• Na perícia da criança, os pais tentam justificá-la, defendê-la, para que ela não fale
novamente.
FRENTE ÀS EVASIVAS – PERITO DEVE:
levar em conta a lealdade da criança em relação aos adultos com os quais convive;
evidenciar o silêncio pós-revelação e avaliar o impacto das reações do adulto sobre a criança: explicar
porque após um ano a criança não fala mais, o que ameaça invalidar seu testemunho, até mesmo limitar a
indenização e a reparação que pode haver no processo;
para fazer a investigação em nome da lei deve-se abrir diálogo com família e criança sobre o processo judicial
e a necessidade de reparação.
RESSALVA: em geral, a perícia no contexto de VIJ se dá próxima ao fato, enquanto aqui parece tratar-se
mais da perícia no período do processo criminal, que é o que se faz atualmente no SANCTVS, VARAS DE
Vdom e outras criminais, que trabalham com a criminalização do autor da VS, normalmente não
concomitante ao processo judicial da infância e juventude, que cuida das medidas de proteção à criança.
METODOLOGIA
Presença – para que fale de si no presente, diante dos pais, para que sua
história seja dita diante dela e também para que cada um expresse
seus limites; para expressar a razão de sua vinda;
Ausência – adulto pode fazer observações que não quer fazer na frente
da criança e falar da própria vivência, importante para compreender
os vínculos com a criança.
• É indispensável que a criança conte os fatos se ela se dispuser a
fazê-lo (com a ajuda de boneca sexuada), para se conhecer a
palavra dela.
• É importante a perícia acontecer mais cedo no tempo para abreviar essa iteração
e passar à reparação, mas isso não é viável na França; só há reparação mesmo
após o fim do processo.
Perícia não é substituto de tratamento, nem de procedimento judicial.
Perito deve fazer reunião de síntese para transmitir sua análise aos outros
profissionais;
• Criança tentará chamar a atenção do adulto por sintomas discretos que serão
decifrados por adulto perspicaz ou então o fará com suas próprias palavras;
• Chamada a repetir sua versão dos fatos e confrontada com o autor, ela
está em situação de risco para si própria e para a validade de seu
testemunho;
HERVÉ HAMON
JUIZ DE CRIANÇAS
SISTEMA FAMILIAR DE FAMÍLIAS DE TRANSAÇÃO INCESTUOSA
APRESENTA VÁRIAS CARACTERÍSTICAS:
• Famílias vivem com raros contatos exteriores; pouca relação com parentes e amigos;
• BOUHET, B.; PÉRARD, D.; ZORMAN, M. Da importância dos abusos sexuais na França.
• GABEL, M. Prefácio. Algumas observações preliminares.
• HAMON, H. Abordagem sistêmica do tratamento sociojudiciário da criança vítima de abusos sexuais
intrafamiliares.
• LAMOUR, M. Os abusos sexuais em crianças pequenas: sedução, culpa, segredo
• ROUYER, M. Consequências a curto e a médio prazo.
• THOUVENIN, C. A palavra da criança: do íntimo ao social.
• VIAUX, J-L. Perícia psicológica de crianças vítimas de abusos sexuais.