Iniciacao A Instrumentos de Teclado - Rogerio Tutti

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SUPLEMENTO MUSICAL

SEÇÃO INSTRUMENTOS

4 Iniciação a instrumentos de teclado

Rogerio Tutti

Acompanhamento e revisão pedagógica


Shirlei Escobar Tudissaki

ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO

ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO 03
1.1 Introdução/Justificativa 03

2. APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS 04


2.1 Proposta Musical 1: Iniciação ao piano 04
2.1.1 Atividade 1: Primeiro contato com o instrumento 05
2.1.2 Dicas para trabalhar com alunos com deficiência intelectual 13
2.1.3 Atividade 2: Atividade inclusiva - Subindo a escadinha: conhecendo a escala maior 14
2.1.4 Atividade 3: Introdução à leitura na pauta musical 16
2.1.5 Atividade complementar: expressão musical 23
2.1.6 Atividades para levar para casa 24
2.1.7 Modo de aferição dos resultados 25
2.2 Proposta Musical 2: Pentacordes 25
2.2.1 Atividade 1: Intervalos 26
2.2.2 Atividade 2: Pentacordes maiores 32
2.2.3 Modo de aferição dos resultados 37

3. REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES 38

Rogerio Tutti
Possui uma carreira internacional bastante intensa como pianista
concertista, apresentando-se nos Estados Unidos, Rússia, Cuba,
Chile, Portugal, Brasil, entre outros. Seu primeiro DVD, intitulado
Concerto de Piano, já foi exibido em emissoras brasileiras e em mais
de 40 países, incluindo Irlanda, Alemanha, França, Suécia, Noruega,
Austrália, Nova Zelândia, Emirados Árabes e Estados Unidos.
Rogerio leciona desde os 18 anos de idade, quando iniciou a car-
reira como educador de piano no Conservatório Musical PIO XII, em Bauru, sua cidade natal.
Durante os estudos nos EUA, onde fez mestrado na University of North Dakota e Graduate di-
ploma no New England Conservatory, foi educador de piano e piano complementar em grupo
das duas instituições (2002 a 2006). Atualmente, é educador de piano da Escola de Música
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e é doutorando pela USP, cuja tese consiste
na criação de um método de piano em grupo direcionado ao curso de piano complementar
das universidades brasileiras. E-mail: [email protected]

São Paulo | DEZEMBRO | 2011


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1 CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1 Introdução/Justificativa

O estudo do piano em grupo é uma maneira prática e eficaz de


iniciar vários alunos no instrumento de forma descontraída, propiciando
uma rica troca de experiência entre os alunos, que se ajudam em cada
lição.
A metodologia de ensino utilizada no piano em grupo possui gran-
des diferenças em relação ao ensino individual. No piano em grupo,
várias atividades são trabalhadas ao mesmo tempo e os resultados são
obtidos durante a aula, cabendo ao educador selecioná-las de forma
balanceada, sempre com atenção aos diversos níveis de aprendizado
e duração de cada atividade. Os exercícios podem ser conduzidos de
maneira a serem executados por todos os alunos juntos, em um tempo
pré-determinado, exceto nas peças de repertório solo ou quando o aluno
necessitar uma orientação individual. Desta forma, pode-se quantificar
e qualificar o desenvolvimento do aluno por meio dos próprios exercícios
que são direcionados às propostas às quais eles se referem.
As atividades propostas neste suplemento contemplam execução,
apreciação e composição, complementadas por atividades de técni-
ca e literatura segundo o modelo (T)EC(L)A e as dimensões
de crítica musical do educador musical britânico Keith
Swanwick (1979; 2003). Estas sugestões de atividades
poderão ser utilizadas como referência
das outras aulas no decorrer do curso,
em que o educador poderá desenvolver
atividades similares progredindo
tecnicamente em cada uma de-
las, de acordo com o desenvolvi-
mento dos alunos. Deste modo,
o educador de piano poderá acrescentar
outras obras e exercícios montando-os de
acordo com seus critérios pedagógicos.

Iniciação a instrumentos de teclado 0 Rogerio Tutti 3

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Objetivos gerais Objetivos específicos
X Conhecer e familiarizar- X Trabalhar com ativi-
se com o modelo (T)EC(L)A de dades lúdicas de forma a
Swanwick; estimular o aluno nas no-
X Estimular a prática do ções básicas de música e
ensino do piano em grupo; ao piano;

X Desenvolver atividades de X Desenvolver as habili-


interpretação, improvisação, dades funcionais do piano
composição e técnica (in- por meio do cumprimento
cluindo notação); das atividades sugeridas
neste suplemento.
X Ampliar possibilidades de
realização musical.

2. APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS

2.1 Proposta Musical 1: Iniciação ao Piano

s Duração aproximada: Organização dos alunos para as aulas:


cinco aulas de 50 minutos Cada turma será formada por quatro alunos, dois
cada. por piano. O ideal é que a disposição dos pianos na
sala de aula possibilite a observação mútua entre
os alunos.

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4

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Materiais necessários: Descrição geral da proposta:
X Dois pianos digitais Esta proposta sugere uma pri-
meira abordagem ao piano, in-
X Dois bancos de piano
troduzindo elementos que possi-
X Aparelho de CD player bilitam a prática do instrumento
X Caderno de música após uma breve apresentação da
notação musical. Logo nos pri-
X Lápis meiros contatos, o aluno tem a
X CD Sonata para piano possibilidade de percorrer o te-
op. 28 no 15 - Pastoral, de clado como um todo, evitando,
Beethoven assim, o “medo” do novo instru-
mento. Após trabalhar estes as-
X CD 9a Sinfonia de Be-
pectos, a leitura na pauta será
ethoven (CD041 do acervo
inserida de maneira que o aluno
Guri)
já tenha uma certa “vivência”
X Livro Beethoven de Ann ao piano e possa se desenvolver
Rachlin (LV0002 do acervo com mais liberdade.
Guri)

2.1.1 Atividade 1: Primeiro contato com o instrumento

Momento 1:
Postura: Apresente o instrumento ao
aluno, permitindo que ele toque, expe-
rimente e conheça o piano.

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Explique ao aluno como se sentar ao piano. Mesmo no início do
estudo do instrumento, atente-se a este assunto, já que é de grande
importância e envolve todas as outras questões de postura dos braços e
das mãos. Os dois aspectos mais importantes são:
1 - Sentar ao centro do piano e
manter a coluna ereta e ombros rela-
xados com os braços livres na altura
onde os cotovelos fiquem acima ou na
mesma direção do teclado do piano;
2 - Sentar na beirada do banco
de forma a usar o apoio dos pés para
se equilibrar. Em alguns casos, é in-
teressante providenciar um apoio para
os pés, como uma banqueta; desta
forma os alunos não ficarão com os
pés balançando, por exemplo.

Atente-se também à pos-


tura das mãos de seus alunos.
Esta deve ser a mais natural
possível. Faça um alongamento
corporal com os alunos e peça
para soltarem os braços. Na-
turalmente as mãos ficarão de
forma curva, completamente
livre de tensão.

VOLUME 4
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5 4 3 2 1 1 2 3 4 5
Apresente o dedilhado na
mão direita e esquerda, par-
tindo do polegar, como dedo
1, até o dedo mindinho, como
dedo 5.

Nesta atividade podemos incluir,


com grande êxito, alunos com
deficiência intelectual!

Momento 2:
reconhecimento do instrumento
– o teclado

3 2 3 2 3 2
Apresente o teclado,
explicando como estão
dispostas as notas no
piano: em grupos de duas
e três teclas pretas.

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Peça aos alunos para tocarem o grupo de duas teclas pretas, apre-
sentando as notas Ré bemol e Mi bemol (não é necessário nomear ago-
ra), usando a mão direita, com os dedos 2 e 3. Sugira que eles percorram
todo o teclado movendo para a próxima oitava ascendentemente em
cada compasso e no ritmo indicado abaixo.

Neste momento não se preocupe em explicar as figuras de valores, mas apenas


o funcionamento do ritmo na prática!

Oriente o aluno a fazer o mesmo exercício com o grupo de três


teclas pretas, apresentando as notas Sol bemol, Lá bemol e Si bemol,
usando os dedos 2, 3 e 4 da mão direita. Movendo a mão para a próxima
oitava em cada compasso, percorra o teclado todo.

Não esqueça de observar se, além de manter a forma da mão, ele está tocando
musicalmente!

Agora apresente aos alunos onde ficam as notas no piano.

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Réb Mib Solb Láb Sib
Dó# Ré# Fá# Sol# Lá#

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Faça uma brincadeira com os alunos para que identifiquem algu-


mas notas no piano. Veja se conseguem identificar a localização das
teclas e executar melodias simples, como o refrão de Havia um pastorzi-
nho (música folclórica/popular), Minha canção (Chico Buarque) e outras
cuja letra nomeia as notas musicais.

Momento 3:
Ritmo

Apresente aos alunos a relação dos tempos das figuras musicais,


batendo palma nos tempos fortes (primeiro tempo), relacionando com os
tempos dos exercícios anteriores.
Figuras Musicais

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Coloque para tocar o primeiro movimento da Sonata para piano op.
28 n 15 - Pastoral, de Beethoven, e sugira aos alunos que caminhem
o

no andamento da música, variando entre mais rápido ou mais lento de


acordo com os valores das figuras.
Ditado rítmico 1

Depois do ditado, peça que cada aluno invente uma melodia usando as teclas
pretas ou brancas do piano. Assim, seu ditado não será puramente técnico: ele
se tornará uma iniciação a uma atividade musical de improvisação!

Momento 4:
Exercício em Pentacorde

1- Direcione os alunos a tocarem uma sequência qualquer de 5 no-


tas (ex. Dó a Sol, Lá a Mi etc.) em andamento lento e com tranquilidade.
Faça primeiro em uma mão, depois repita o mesmo movimento com a
outra. Somente depois de dominada a técnica de mãos separadas faça
com as duas mãos juntas. Vale a pena ressaltar que alunos iniciantes de
qualquer idade provavelmente não farão isso plenamente por não pos-
suírem ainda a coordenação motora necessária. Realize o exercício uma
mão de cada vez, de forma a observar o formato da mão, a igualdade
da pressão dos dedos nas teclas e o som correspondente, o andamento
igual etc.

VOLUME 4
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2- Sugira um andamento lento e confortável e o mantenha até
verificar domínio do gesto do exercício.
3- Neste momento, esteja focado na postura das mãos, braços e
ombros dos alunos. Estes devem estar relaxados e confortáveis.
4- Proponha aos alunos o mesmo exercício, mas utilizando as te-
clas pretas do piano, partindo do Ré bemol.
Pentacorde Dó maior

Mão direita

Mão esquerda

Variação: peça para os alunos para inventarem ritmos diferentes


ao executar este exercício. Primeiramente, devem escolher e tocar os
ritmos sem notá-los; depois, peça que escrevam um ritmo para que seus
colegas toquem.

Momento 5:
Peça do repertório

1- Explique ao aluno como funciona a leitura das notas com movimento vertical.
2- Toque ao piano explicando os sons graves = para baixo (para a esquerda); e agudos = para
cima (para a direita do teclado).
3- Explique o dedilhado de forma prática, usando-o da mesma maneira que no exercício de
pentacorde.

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Hino à alegria

Tempos

Hino à alegria, da Sinfonia .o 9 em Ré menor, op. 125, “Coral”, de Ludwig van


Beethoven

Momento 6:
Improvisação com teclas pretas

Sugira aos alunos que façam uma improvisação usando a estrutura rítmica abaixo.
1- Explique, novamente, de forma simples, o que significa improvisar, no sentido de criar
melodias a partir de gestos ou alteração de temas já existentes. Normalmente, a improvisação
não requer a escrita do que foi tocado – diferentemente da composição, em que após uma
improvisação, por exemplo, anotamos o que foi composto.
2- Realize a atividade de improvisação com a mão direita e depois com a esquerda.
Improvisação com teclas pretas

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Mão esquerda Mão direita
Mão direita

Dicas para trabalhar com alunos com deficiência


2.1.2 intelectual

G As pessoas com deficiência intelectual podem levar mais


tempo para compreender um conceito ou para aprender uma
música. Podem necessitar que a questão seja explicada nova-
mente, de outra maneira. Tenha paciência e não desista!
G Sempre que necessário, utilize recursos visuais e concretos
para auxiliar a comunicação com pessoas com deficiência in-
telectual.
G Ofereça “pistas” visuais para os alunos,
como por exemplo, um cartaz com a orga-
nização da aula, por exemplo: alongamento,
aquecimento, técnica e repertório.
G Ofereça “pistas” auditivas para
os alunos, como por exemplo, es-
colha uma canção ou motivo mu-
sical para o início e a finalização
da aula.

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2.1.3 Atividade 2: Atividade inclusiva- Subindo a escadinha:
conhecendo a escala maior

Objetivos Conteúdos
e Compreender a sequência de no- e Sequência ascendente e descen-
tas ascendente e descendente; dente das notas musicais;
e Acompanhar com os dedos (ou ba- e Escala maior;
quetas, no caso dos teclados de per- e Ritmo;
cussão) a melodia da escala maior,
no ritmo correto; e Apreciação musical.
e Executar a escala no teclado.

Espaço apropriado:
Materiais utilizados:
Sala ampla e espaçosa
e Escada recortada em EVA (borracha de
Etil Vinil Acetato), ou outro material tátil
para facilitar o manuseio de alunos com de-
ficiência visual, com as notas da escala de
Dó maior
e Teclado, piano ou instrumento de teclado
de percussão (glockenspiel, por exemplo)

VOLUME 4
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Adaptação: Descrição da atividade:
Alunos com deficiência visual poderão can- Primeiro momento: Apresente a esca-
tar e participar das atividades de aprecia- la de Dó maior, convidando os alunos a
ção; poderão achar as notas nos teclados cantar as notas musicais;
sem grandes problemas; Segundo momento: Cante novamente
Para os alunos com deficiência intelectual acompanhando os movimentos ascen-
tornaremos a escala um objeto concreto, dentes e descendentes das notas musi-
com o desenho da escadinha, facilitando a cais na escadinha;
compreensão destes alunos; Terceiro momento: Convide os alunos
Os alunos com deficiência física, mesmo a tatear a escadinha em EVA para per-
com certa dificuldade em tocar as teclas ceber como é a “subida” e a “descida”
do piano ou mesmo de segurar a baqueta, da escala;
poderão participar desta atividade (pode- Quarto momento: Convide os alunos a
se adaptar as baquetas para um aluno com tatear a escala no teclado (neste mo-
paralisia cerebral – Tecnologia assistiva); mento, não se preocupe com digitação
Alunos com deficiência auditiva poderão correta!);
compreender e vivenciar a atividade pois Quinto momento: Cante novamente a
teremos o desenho que torna a escala algo escala e peça para os alunos que acom-
concreto e de fácil assimilação. panhem ao teclado as notas da escala.

Modelo para escada/escala de Dó maior (montar em EVA ou outro material


tátil):


SI

SOL


MI

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2.1.4 Atividade 3: Introdução à leitura na pauta musical

Momento 1:
O reconhecimento do teclado: dueto de
teclas pretas

1- Coloque dois alunos em cada piano e monte duetos, nos quais


cada aluno toca uma parte.
2- Neste momento, é importante que o aluno entenda a lógica do
funcionamento da leitura e dos tempos na prática.
3- Mostre o dedilhado ao aluno, que deve partir do dedo 2 na nota
Sol bemol.
Dueto de teclas pretas

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Momento 2:
Leitura na pauta musical

Pauta musical ou pentagrama

1- Apresente o pentagrama e percorra com o aluno a movimentação


das notas.
2- Explique o funcionamento da leitura musical. A nota ‘subindo’
no pentagrama significa que, da esquerda para a direita, aparecem notas
cada vez mais agudas em relação às anteriores, enquando que ‘descen-
do’ no pentagrama significa ir para a esquerda no piano com notas cada
vez mais graves em relação às anteriores. Mostre isto na prática com
a sonoridade do instrumento. Embora na prática e no senso comum o
teclado do piano seja entendido em três grandes regiões – região grave,
região central ou média e região aguda –, cada nota (se diferente da
primeira) é mais aguda ou mais grave que a primeira, dentro de uma
mesma grande região.

Por isso, neste início dos estudos, estimule os alunos a tocar a mesma
melodia em diferentes regiões, de modo a se familiarizarem mais ainda com
a topografia do teclado. Associe a execução a caracteres diferentes (ex.
misterioso, tímido, vitorioso etc.), e você estará ampliando sua experiência
para abarcar a expressão musical. Mas atenção: não vincule um caráter a uma
determinada tessitura/região.

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Momento 3:
Da leitura à expressão e a forma

1- Toque o primeiro exercício lentamente e demonstre na prática os


itens a seguir aos alunos.
2- Peça aos alunos para fazerem uma leitura geral observando a
peça como um todo.
3- Determine um andamento lento e confortável para os alunos.
4- Solfeje o exercício juntamente com os alunos
antes da execução.

Cuide da afinação e da expressividade!

5- Explique o dedilhado mos-


trando que todos os exercícios es-
tão no pentacorde de Dó maior, e
neste caso o dedilhado para to-
dos os exercícios na mão direita
será 1-2-3-4-5 para as notas Dó-
Ré-Mi-Fá-Sol, respectivamente; e
5-4-3-2-1 para a mão esquerda.

Lembre que, em outro pentacorde,


o dedilhado poderia ser o mesmo. Não
vincule o número do dedo a uma
determinada nota!

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Depois de praticar a leitura, peça aos alunos para interpretarem as
notas – transforme notas em frases, denotando algum caráter expres-
sivo específico. Depois de combinar com eles quais dinâmicas usarão
para interpretar o caráter expressivo sugerido, marque fraseados usan-
do, por exemplo, os sinais de crescendo < e diminuendo > , para que
eles lembrem como irão interpretar. Não é necessário explicar muito,
sendo melhor a demonstração na prática.
Você também pode pedir que eles mudem o ritmo das frases cria-
das, o andamento e a tessitura da execução, e que combinem diferentes
frases para formar uma música com repetição e contraste (ex. linha 1,
linha 2, linha 1, na forma ABA, por exemplo).

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Momento 4:
Peça de repertório de conjunto

1- Toque cada parte jun-


tamente com os alunos de ma-
neira que todos saibam todas
as partes.
2- Dirija o grupo de
alunos, de maneira a dar
a entrada e a contar os
tempos para que todos
executem suas partes
em conjunto.
3- O dedilhado
de todas as partes
está escrito no pen-
tacorde de Dó maior.
Explique aos alunos as po-
sições.

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Hino à alegria

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Momento 5:
Composição

Peça aos alunos para criarem uma melodia usando o pentacorde de


Dó maior, Sol maior ou Lá menor, com a estrutura rítmica abaixo.
1- Oriente os alunos a iniciarem e finalizarem, as melodia com a
nota Dó, Sol ou Lá, para experimentarem diferentes tonalidades.
Composição

Pauta em branco

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2.1.5 Atividade complementar: Expressão musical

Coloque o quarto movimento da 9a Sinfonia de Beethoven, na parte


do tema do Hino à alegria, e peça aos alunos escreverem em um papel
qual a sua sensação ao ouvir esta peça, e o que imaginam que o com-
positor quis transmitir aos ouvintes. São pontos de vista diferentes,
e podem ser igualmente importantes na nossa interpretação musical.
Deixe-os o mais livres possível para que escrevam suas impressões.
Estas podem ser qualidades sonoras, tempos constantes ou flutuantes,
caráter expressivo, contexto estilístico, até mesmo ter a compreensão
do valor da obra e consciência de como é formado o material sonoro.
Em um segundo momento, você poderá pedir para os alunos iden-
tificarem os instrumentos que estão tocando. Depois selecione alguns
trechos que mostrem em destaque cada instrumento mencionado.
Estimule os alunos ao conhecimento sobre a literatura e cultura
musical fazendo perguntas sobre o autor em questão. Neste caso, faça
perguntas do tipo:
- Alguém sabe quem foi Beethoven?
- Quem conhece alguma outra obra dele além da 9a Sinfonia que
ouvimos há pouco, ou a Sonata para piano op. 28 no 15 Pastoral ouvida
em outra aula? Então você pode até cantar um trecho de outra obra
importante, como por exemplo a 5a Sinfonia de Beethoven.

Após essa conversa com os alunos, utilize o livro de Ann Rachlin sobre
Beethoven (LV0002 do acervo Guri) e fale sobre o compositor, expondo
brevemente sua biografia.

Iniciação a instrumentos de teclado 0 Rogerio Tutti 23

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2.1.6 Atividade para levar para casa

Coloque o nome nas notas. Neste momento é importante que os


alunos fiquem cada vez mais familiarizados com a escrita musical. De-
pois de colocarem o nome, peça para eles solfejarem as notas, se pos-
sível com apoio de um teclado (caso tenham em casa). Na próxima aula,
retome a atividade solfejando junto com eles e, então, realize outras a
partir dela, trabalhando seu caráter expressivo ou forma.
Coloque o nome nas notas

VOLUME 4
24

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2.1.7 Modo de aferição dos resultados

Peça aos alunos que avaliem uns aos outros nos seguintes quesitos:
1- Postura do corpo e das mãos
2- Precisão nos ritmos
3- Notas e dedilhado
4- Expressão musical (fraseados, dinâmicas etc.)
5- Criatividade na execução e nos arranjos

2.2 Proposta Musical 2: Pentacordes

s Duração aproximada: cinco aulas de 50 minutos cada.

Organização dos alunos para as aulas:


Cada turma será composta por quatro alunos, dois por piano. O ideal é que a disposi-
ção dos pianos na sala de aula possibilite a observação mútua entre os alunos.

Descrição geral da proposta: Materiais necessários:


Esta proposta apresenta a formação de pentacordes X Dois pianos digitais
maiores, cujo desenvolvimento possibilita uma intro-
X Dois bancos de piano
dução a diferentes tonalidades e tríades maiores e,
ao mesmo tempo, estimula o aluno à transposição de X Aparelho de CD player
pequenas peças de uma forma prática e lúdica. X Caderno de música
X Lápis

Iniciação a instrumentos de teclado 0 Rogerio Tutti 25

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2.2.1 Atividade 1: Intervalos

Momento 1:
Intervalos – na teoria e no teclado
Intervalos: Distância entre as notas.

Semitons
Réb Mib Solb Láb Sib
Dó# Ré# Fá# Sol# Lá#

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Tons inteiros

Oriente os alunos a percorrerem as distâncias das notas com per-


guntas do tipo:
- Quantos semitons temos entre o Dó e o Ré?
- Quantos semitons temos entre o Mi e o Fá?
- Quantos tons temos entre o Sol e a nota Si?
- Quantos tons temos entre o Fá e a nota Sol?
Intervalos

VOLUME 4
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Em seguida, peça aos alunos que cantem algumas de suas músicas prediletas
e descubra com eles qual é o intervalo musical das duas primeiras notas das
melodias. Esta é uma forma muito fácil de lembrar os intervalos!

Momento 2:
Transposição

Siga o exemplo e transponha os motivos abaixo juntamente com os


alunos. Toque com eles e, neste momento, trabalhe apenas na percepção
auditiva do aluno. Mostre na prática que a sonoridade continua a mesma
– para isso, eventualmente terão de usar algumas teclas pretas.
Após a transposição executada ao piano, peça aos alunos que es-
crevam a transposição. Auxilie-os também na escrita musical.
Transposição

Iniciação a instrumentos de teclado 0 Rogerio Tutti 27

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Momento 3:
Ditados rítmicos

1- Oriente os alunos a fazerem uma leitura geral observando o


exercício como um todo antes de sua execução.
2- Determine um andamento confortável para os alunos.
3- Estimule os alunos a lerem sempre à frente da execução.
4- No ditado com as duas mãos, oriente os alunos a lerem cada
parte separadamente e depois executarem o exercício com as duas
mãos.
Ditado rítmico 2

Depois do ditado, transforme os ritmos em uma música – atribua


notas, pedindo, por exemplo, que utilizem apenas intervalos de 2as e 3as.
Peça que cada um toque sua melodia (ritmo e notas) para os colegas.
Em seguida, organize as melodias em uma determinada forma e então
atribua um caráter expressivo. Explorem todo o teclado, tocando as me-
lodias em diferentes tessituras.

VOLUME 4
28

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Momento 4:
Solfejo e execução

1- Solfeje o exercício juntamente com o aluno antes da execução.


2- Oriente os alunos sempre a lerem à frente da execução.
3- O dedilhado de todas as partes está em pentacorde. Explique
aos alunos as posições e demonstre o pentacorde dos exercícios em
clave de Fá.
Leitura 2

Iniciação a instrumentos de teclado 0 Rogerio Tutti 29

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1 - Oriente os alunos a tocarem os exercícios primeiramente com
a mão direita e em seguida com a esquerda.
2- Sugira um tempo lento, ocupando-se apenas com a precisão do
toque e a postura do aluno.
Exercício de intervalo

Momento 5:
Repertório de conjunto

Coloque a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga, e peça aos alunos


para escreverem em uma folha qual a sua sensação ao ouvir esta peça.
Em um segundo momento, peça para os alunos identificarem os
instrumentos que estão tocando.

Os alunos podem também bater palma juntamente com a rítmica da linha


melódica do cantor.

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1- Toque cada parte com os alunos de maneira que todos saibam
todas as partes.
2- Dirija o grupo de alunos, de maneira a dar a entrada e contar os
tempos para que todos executem suas partes em conjunto.
Asa Branca

Após as primeiras execuções, estimule os alunos a interpretarem


as frases musicalmente, colocando dinâmica e fraseado. Você pode pe-
dir que incluam uma introdução e uma coda, por exemplo, tocando “de
ouvido” o trecho instrumental da introdução original, e que o utilizem
para o final também. Após executarem a música com este trecho você
poderá também lembrá-los dos intervalos utilizados pelo compositor em
algumas de suas frases.

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2.2.2 Atividade 2: Pentacordes maiores

Momento 1:
A técnica e a execução de pentacordes

Os alunos já praticaram pentacordes nas atividades an-


teriores – agora será a hora de apresentar o conceito. Penta-
corde é o nome dado a uma série de cinco graus conjun-
tos, e no piano é tocada com os cinco dedos, tanto da
mão direita quanto da esquerda. O pentacorde maior
possui os mesmos intervalos das primeiras cin-
co notas da escala maior (tom, tom, semitom,
tom). A primeira nota é a tônica e a quinta a
dominante. Não se faz necessário explorar e
explicar muito profundamente estes termos
como tônica, dominante ou tonalidade, já que
serão abordados posteriormente como temá-
ticas de aula, mas é possível usá-los desde já
para que o aluno já se familiarize com o jargão, a
nomenclatura musical.
Técnica padrão de 5 dedos

Na execução acima, fique sempre atento à precisão do toque e à


igualdade entre as duas mãos dos alunos!

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Proponha aos alunos que transponham o pentacorde para Ré maior
e executem juntamente o exercício. Auxilie-os com as notas alteradas.
Pentacorde em Sol - Técnica padrão de 5 dedos 2

Momento 2:
Desafio musical

1- Toque os motivos abaixo e proponha aos alunos que os repro-


duzam ao piano.
Repita o motivo

Depois da execução, peça para improvisarem usando as mesmas


notas com ritmos diferentes.

Iniciação a instrumentos de teclado 0 Rogerio Tutti 33

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Momento 3:
Harmonização de pentacórdio

Peça que os alunos harmonizem a melodia abaixo, utilizando um


acorde por compasso, igual ao acompanhamento proposto no primeiro
compasso.
Harmonizando

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Momento 4:
Repertório

1- Posicione as mãos dos alunos de forma que utilizem o penta-


corde de Dó Maior.
2- Explique o toque em stacatto e mostre a diferença de caráter ao
tocar ligado e stacatto.
Jogando com Intervalo

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Momento 5:
Improvisação

Peça aos alunos para que criem uma melodia usando o pentacorde
de Ré maior com a estrutura rítmica abaixo.
1- Oriente os alunos a iniciarem e finalizarem a melodia com a
nota Ré.
Composição

Pauta em branco

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2.2.3 Modo de aferição dos resultados

Peça aos alunos para avaliarem uns aos outros nos seguintes que-
sitos:
1- Postura do corpo e das mãos
2- Precisão nos ritmos
3- Notas e dedilhado
4- Expressão musical (fraseados, dinâmicas etc.)
5- Criatividade na execução e nos arranjos

Iniciação a instrumentos de teclado 0 Rogerio Tutti 37

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3 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

FISHER, Christopher. Teaching Piano in Groups. Oxford University Press.


New York, 2010.
HILLEY, Martha; OLSON, Lynn Freeman.Piano for the Developing Musi-
cian. 6th ed. Belmont, CA: Schirmer/Thomson Learning, 2006.
LANCASTER, E. L., and KENON, Renfrow. Group Piano for Adults. Bks. 1
and 2. 2nd ed. Van Nuys, CA: Alfred Publishing, 2008.
LINDEMAN, Carolyn A. PianoLab: An Introduction to Class Piano. 6th ed.
Belmont, CA: Wadsworth/Thomson Learning, 2008.
LYKE, James, CARAMIA Tony, HAYDON Geoffrey, ALEXANDER Reid, ELLIS-
TON, Ron. Keyboard Musicianship. 8th ed. Champaign, IL: Stipes Pu-
blishing, 2003.
LYKE, James. Adult in a college piano Lab. CREATIVE PIANO TEACHING.
Champaign Illinois: Stipes Publishing, LLC, p 415-422, 1996.
MACH, Elyse. Contemporary Class Piano. 6th ed. New York: Oxford Uni-
versity Press, 2008.
SWANWICK, Keith. A Basis for Music Education.London: Routledge,
1979.
______. Ensinando Música Musicalmente. Tradução de Alda Oliveira e
Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.

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Iniciação a instrumentos de teclado 0 Rogerio Tutti 39

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