Quinhentismo: Colégio Águia Atividades de Literatura - Turma: 1001 - Professora Fabiana Europeu

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COLÉGIO ÁGUIA

Atividades de Literatura – Turma: 1001 – Professora Fabiana Europeu

Quinhentismo
O Quinhentismo representa a primeira manifestação literária no Brasil que também ficou conhecida como
"literatura de informação".

É um período literário que reúne relatos de viagem com características informativas e descritivas. São textos
que descrevem as terras descobertas pelos portugueses no século XVI, desde a fauna, a flora e o povo.

Vale lembrar que o Quinhentismo brasileiro ocorreu paralelo ao Classicismo português e o nome do período
refere-se a data de início: 1500.

Quinhentismo no Brasil

Com a chegada dos portugueses em território brasileiro em 1500, as terras encontradas foram relatadas
pelos escrivães que acompanhavam os navios.

Assim, a literatura de informação foi produzida pelos viajantes no início do século XVI, no período do
Descobrimento do Brasil e das Grandes navegações.

Além disso, os jesuítas, responsáveis por catequizarem os índios, criaram uma nova categoria de textos que
fizeram parte do quinhentismo: a "literatura de catequese".

Os principais cronistas desse período são: Pero Vaz de Caminha, Pero Magalhães Gândavo, Padre manuel
da Nóbrega e Padre José de Anchieta.

Características do Quinhentismo

 Crônicas de viagens
 Textos descritivos e informativos
 Conquista material e espiritual
 Linguagem simples
 Utilização de adjetivos

Autores e obras do Quinhentismo

Muitos viajantes e jesuítas contribuíram com seus relatos para informar aos que estavam do outro lado do
Atlântico suas impressões acerca da nova terra encontrada.

Por isso, muitos dos textos que compõem a literatura quinhentista, possuem forte pessoalidade, ou seja, as
impressões de cada autor. A obra desse período que mais se destaca é a "Carta de Pero Vaz de Caminha"
ao Rei de Portugal.

Pero Vaz de Caminha (1450-1500)


Escrivão-mor da esquadra liderada por Pedro Álvares Cabral (1468-1520), Pero Vaz de Caminha, escritor e
vereador português, registrou suas primeiras impressões acerca das terras brasileiras. Fez isso por meio da
"Carta de Achamento do Brasil" datada de 1.º de maio de 1500.

A Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita para o Rei de Portugal, D. Manuel, é considerada o marco inicial da
Literatura Brasileira, visto ser o primeiro documento escrito sobre a história do Brasil.

Seu conteúdo aborda os primeiros contatos dos lusitanos com os indígenas brasileiros, bem como as
informações e impressões sobre a descoberta das novas terras.

José de Anchieta (1534-1597)


José de Anchieta foi historiador, gramático, poeta, teatrólogo e um padre jesuíta espanhol. No Brasil, ele teve
a função de catequizar os índios sendo um defensor desse povo contra os abusos dos colonizadores
portugueses.

Dessa maneira, ele aprendeu a língua tupi e desenvolveu a primeira gramática da língua indígena, chamada
de "Língua Geral".

Suas principais obras são "Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil" (1595) e "Poema à
virgem".

A obra do Padre José de Anchieta só foi totalmente publicada no Brasil na segunda metade do século XX.

Pero de Magalhães Gândavo (1540-1580)


Pero de Magalhães foi gramático, professor, historiador e cronista português. Ficou conhecido pelos relatos
que fez sobre a fauna, a flora e a dimensão das terras brasileiras em seu livro "História da província de Santa
Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil".

Além dos animais distintos e das plantas exóticas, ele descreve sobre os povos indígenas e a descoberta do
Brasil por Pedro Álvares Cabral. Outra obra que merece destaque é "O Tratado da Terra do Brasil" (1576).

Manuel da Nóbrega (1517-1570)


Padre Manuel da Nóbrega foi um jesuíta português e chefe da primeira missão jesuítica à América: Armada
de Tomé de Sousa (1549). Participou da primeira missa realizada no Brasil e da fundação das cidades de
Salvador e Rio de Janeiro.

Seu trabalho no Brasil foi de catequizar os índios e suas obras que merecem destaque são:

 "Informação da Terra do Brasil" (1549);


 "Diálogo sobre a conversão do gentio" (1557);
 "Tratado contra a Antropofagia" (1559).

Quinhentismo é um período da literatura brasileira que vai de 1500 a 1601. Está, portanto, inserido no
contexto das Grandes Navegações e da Contrarreforma Católica. Ele engloba a  literatura de informação
e a literatura de formação, que trazem os primeiros textos produzidos em território brasileiro ou sobre o
Brasil, informativos ou de cunho catequizante.

Seus principais autores são Pero Vaz de Caminha, Hans Staden, Pe. Manuel da Nóbrega e Pe. José de
Anchieta. A obra mais importante desse período é A carta de Pero Vaz de Caminha, considerada a
Certidão de Nascimento do Brasil.

Contexto histórico do quinhentismo

O final da Idade Média (476-1453) foi marcado pelo aperfeiçoamento e


uso da bússola, na navegação, e da pólvora, na fabricação de armas.
Esses fatores deram ao ser humano uma sensação de independência
em relação às forças divinas, pois, com tamanho poder, eles se viram
capazes de vencer os obstáculos da natureza, atravessar o mar e
conquistar novas terras. O uso bússola permitiu o surgimento
das Grandes Navegações, já a pólvora fez os europeus invencíveis
no domínio das novas terras.

Dessa forma, nos séculos XV e XVI, Portugal buscou expandir os seus


domínios. Houve, então, expedições para a África, Ásia e América.
Esta, oficialmente, descoberta por Cristóvão Colombo (1451-1506) em
12 de outubro de 1492. Tal descoberta levou espanhóis e portugueses a
assinarem o Tratado de Tordesilhas (1494), que dividia o novo
continente entre essas duas nações. Assim, em 22 de abril de 1500, a
frota portuguesa chegou ao nosso país, data que ficou, oficialmente, registrada como da  descoberta do
Brasil.

Estátua de Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil, acompanhado


dos dois símbolos máximos da conquista: a cruz e a espada.

Apesar do fim da Idade Média e do advento da Reforma Protestante, a


Igreja católica ainda detinha grande poder político. A Coroa portuguesa,
portanto, tinha o apoio da Igreja e vice-versa.

Com a Reforma Protestante, a Igreja católica empreendeu a


chamada Contrarreforma Católica, e uma das medidas adotadas para
combater a ameaça protestante foi a criação da Companhia de
Jesus pelo padre Inácio de Loyola (1491-1556). Desse modo, os jesuítas
foram enviados ao Brasil para catequizar os indígenas, ou seja,
converter os nativos ao catolicismo.

Características do quinhentismo

Fazem parte do quinhentismo (1500-1601) os primeiros textos, não necessariamente literários, escritos


no Brasil ou sobre ele durante o primeiro século da invasão portuguesa. Desse modo, essas obras estão
inseridas em uma destas categorias:

 Literatura de informação

Estão inseridos nessa classificação os textos dos chamados cronistas, que relatavam sobre o que viam
na nova terra. O público-alvo desses documentos eram os europeus, curiosos para saberem o que havia
na terra descoberta. Por isso, essa literatura informativa  é também chamada de literatura de viagem, já
que é composta por relatos de viajantes europeus ao território brasileiro.

Assim, para portugueses, franceses e alemães que descreveram a nova terra, o Brasil era um paraíso
tropical, pois o quinhentismo foi marcado por uma visão teocêntrica, religiosa, da realidade. Além disso,
as crônicas dos viajantes europeus eram cheias de descrições e comparações, que buscavam, com
base nos detalhes, mostrar aos leitores a beleza, as riquezas e as curiosidades da terra descoberta.

 Literatura de formação

A literatura de formação ou literatura de catequese  tinha o objetivo de converter os indígenas ao


cristianismo. Portanto, os poemas e peças de teatro, de cunho catequético, eram direcionados a esse
público.

O Pe. José de Anchieta é o principal nome da literatura de formação no Brasil.

Autores do quinhentismo

Os principais autores do quinhentismo são:

 Pero Vaz de Caminha (1450-1500): português e escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral (1467-
1520).

 Hans Staden (1525-1579): alemão que passou nove meses prisioneiro dos índios tupinambás.

 Pe. Manuel da Nóbrega (1517-1570): padre português, chefe da primeira missão jesuítica no


Brasil.

 Pe. José de Anchieta (1534-1597): jesuíta espanhol.


Obras do quinhentismo

As principais obras do quinhentismo são:

 A carta de Pero Vaz de Caminha.

 A carta de mestre João Faras.

 Relação do piloto anônimo.

 Cartas de Pe. Manuel da Nóbrega.

 Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil  (1595), de Pe. José de Anchieta.

 Duas viagens ao Brasil  (1557), de Hans Staden.

 Auto da festa de São Lourenço (1583), texto teatral de Pe. José de Anchieta.

Contudo, o texto mais importante desse período, devido ao seu valor histórico, é  A carta de Pero Vaz de
Caminha, assinada em 1º de maio de 1500, em que o autor descreve a nova terra e menciona suas
primeiras impressões sobre ela ao rei de Portugal. Além disso, evidencia
a intenção, da Coroa portuguesa, em explorar a terra descoberta, e da
Igreja, em catequizar os indígenas, como se pode ver nos trechos a
seguir:

“Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua


fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem
entendem crença alguma, segundo as aparências. E portanto se os
degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os
entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa
Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual
praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa
e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho
que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos
e bons rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio
que não foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja
acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E prazerá
a Deus que com pouco trabalho seja assim!

[...]

Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o
norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e
cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e
outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda
praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a
estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos — terra que nos parecia muito extensa.

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha
vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-
Minho, porque neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas.  Em
tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que
tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a
principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza
aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela
cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!”

“Fac-símile” de uma das páginas da carta original de Pero Vaz de Caminha.

Se Caminha é o principal representante da literatura de informação do quinhentismo, Pe. José de Anchieta


tem essa mesma importância na literatura de formação, com suas peças de teatro e poemas de cunho
catequizante, como se pode verificar neste trecho do Auto da festa de São Lourenço, referente à fala do
personagem Aimbirê, um dos criados de Guaixará, o rei dos diabos:

AIMBIRÊ

Usarei de igual destreza


para arrastar outras presas
nesta guerra pouco santa.

O povo Tupinambá
que em Paraguaçu morava,
e que de Deus se afastava,
deles hoje um só não há,
todos a nós se entregaram.

Tomamos Moçupiroca,
Jequei, Gualapitiba,
Niterói e Paraíba,
Guajajó, Carijó-oca,
Pacucaia, Araçatiba

Todos os tamoios foram


Jazer queimando no inferno.
Mas há alguns que ao Padre Eterno
fiéis, nesta aldeia moram,
livres do nosso caderno.

Estes maus Temiminós


nosso trabalho destroem.

Resumo do quinhentismo

 Contexto histórico das Grandes Navegações: séculos XV e XVI.

 Literatura informação ou de viagem e literatura de formação ou de catequese.

 Principais autores:

 Pero Vaz de Caminha.

 Hans Staden.

 Pe. Manuel da Nóbrega.

 Pe. José de Anchieta.

 Principais obras:
 A carta de Pero Vaz de Caminha.

 A carta de mestre João Faras.

 Relação do piloto anônimo.

 Cartas de Pe. Manuel da Nóbrega.

 Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil, de Pe. José de Anchieta.

 Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden.

 Auto da festa de São Lourenço, de Pe. José de Anchieta.

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