O Livro Do Gênesis. Pe. F
O Livro Do Gênesis. Pe. F
O Livro Do Gênesis. Pe. F
escritura
Uma introdução
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roupagem mitológica na sua linguagem; os inícios do povo de Deus (Gn 12-50), a
começar com a história Abraão, o primeiro dos grandes patriarcas.
“No princípio Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). O que significa no
princípio? O que significa Deus criador? O que quer dizer o que criou o céu e a
terra? Vamos de maneira ordenada, pois, desta feita, a nossa inteligência repousa
na luz e na ordem.
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a eternidade do mundo”, na qual discute esse assunto: por mais que,
filosoficamente nós não consigamos provar que o mundo não seja eterno, é
objeto de fé que o mundo começou no tempo; por tanto, esse “no princípio” é o
primeiro momento da criação, quando tirou todas as coisas de nada, isto é, nada
existia, de repente algo existe. Trata-se, portanto, de um princípio já temporal,
pois, efetivamente, nós só podemos delimitar um princípio, com relação a nós, a
partir do momento em que exista alguma noção de tempo, de duração, porque se
assim não for não há como determinar quando seria este princípio. Esse princípio
é o primeiro momento temporal da existência dos seres criados, do salto do nada
para o ser. Por isso, afirmamos que o tempo começa a existir com a criação.
O Big Bang não contradiz a Escritura Santa, mais ainda, para compreender
as verdades de Deus, ajuda muito o fato de estarmos atentos às teorias da
relatividade especial de 1905, da relatividade geral de 1915, ambas de Albert
Einstein; também às de Edwin Hubble, que mostrou que as nebulosas espirais
eram outras galáxias. Finalmente, em 1927, Georges Lemaître, físico e sacerdote
católico, propôs que a ressecção inferida nas galáxias se devia à expansão do
universo a partir de uma grande explosão de um átomo primordial, que depois
ficou popularizada como “Big Bang”. Desta maneira, Lemaître sugeriu que a
expansão evidente do universo se projetava, de alguma maneira, de volta no
tempo. Quanto mais no passado, menor era o universo, até que, em algum tempo
finito, toda a massa do universo estava concentrada em um único ponto: um
átomo primitivo. O cenário científico dará razão ao padre somente com o passar
do tempo e, mais concretamente, quando Penses e Wilson descobriram a radiação
de fundo de micro-ondas, cujas características eram congruentes com os
prognósticos do modelo da grande explosão. A partir de 1981 o modelo da grande
explosão foi completado com a teoria do universo inflacionário, proposta por Alan
Guth, que se refere à enorme expansão, que teria acontecido durante brevíssimos
instantes, imediatamente após a grande explosão, produzindo efeitos muito
importantes em relação à posterior evolução do universo.
Pois bem, de acordo com esse modelo, tanto de acordo com a teoria
relativa de Einstein, como as teorias do padre Georges Lemaitre, o universo teria
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surgido há aproximadamente 14 bilhões de anos atrás, a partir de uma
singularidade. E essa singularidade é a mesma coisa que um átomo extremamente
denso e quente; no primeiro segundo após a explosão desse átomo, o universo
tinha uma temperatura de 10 bilhões de graus celsius. À medida que o universo
foi se expandindo, a temperatura foi diminuindo. Trezentos mil anos depois,
produziu-se a formação dos átomos. Quando a radiação de fótons se separou da
matéria, houve uma livre expansão em todas as direções, desta forma a força
gravitacional provocou a condensação de grandes massas, nas quais houve
reações termonucleares, formando estrelas e galáxias. No interior das galáxias
formam-se os átomos mais pesados. Quando as estrelas explodem, há
disseminação dos átomos mais pesados, que são o material a partir do qual se
formam os planetas.
Somente Deus cria porque só ele é Deus; só ele é capaz de tirar de nada
tudo o que existe. O que nós "inventamos", "criamos", na verdade não são
criações, mas “sub- criações”. Os cientistas de laboratório precisam da matéria
para transformá-la; eles tampouco sabem criar a vida nos laboratórios com suas
técnicas imorais, pois, na verdade, o que eles fazem é unir elementos masculinos
e femininos, de maneira artificial, para ver se produzem vida. Contudo, só Deus
cria e infunde a alma, mesmo no caso daquelas pessoas “feitas” em laboratórios.
Deus não somente criou e deixou tudo aqui à sua sorte. A providência
divina é a doutrina cristã que ensina que a “criação continuada”, ou seja, o fato de
que Deus continue a cuidar daquilo que ele criou. Se realmente, no caso do
mundo material, as coisas começaram a partir de um ato primordial, que, durante
bilhões de anos foi evoluindo, e, num determinado momento explodiu, e, a partir
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dessa explosão começaram a organizarem-se os diversos elementos, há que
reconhecer que em todo esse processo está o cuidado amoroso de Deus. Quem
colocou, de maneira tão inteligente e ordenada, naquele átomo primordial essa
capacidade de auto desenvolvimento ou de explosão em determinado momento?
A resposta é que uma Inteligência Suprema colocou tudo isso no ser. Deus não
simplesmente quis criar, mas ele quis implicar-se de alguma maneira na criação, e,
depois dessa presença, quis ficar mais patente de nós quando enviou o seu filho
para nos salvar.