Economia Da Cultura Missoes
Economia Da Cultura Missoes
Economia Da Cultura Missoes
EDITORA DA UNISC
Editora
Helga Haas
COMISSÃO EDITORIAL
Helga Haas - Presidente
Andréia Rosane de Moura Valim
Angela Cristina Trevisan Felippi
Felipe Gustsack
Leandro T. Burgos
Olgário Paulo Vogt
Vanderlei Becker Ribeiro
Wolmar Alípio Severo Filho
Dados eletrônicos
Texto eletrônico
Modo de acesso: World Wide Web: <www.unisc.br/edunisc>
ISBN: 978-85-7578-433-4
CDD: 352.14
Ministério da Cultura
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Prefácio
Marcelo Ribeiro ............................................................................................................ 6
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 8
Marcelo Ribeiro
Professor da Universidade Federal de Santa Maria
Introdução
1 Região oriunda da formação social dos Sete Povos indígenas guaranis pelos padres jesuítas espanhóis entre
os séculos XVII e XVIII.
INTRODUÇÃO 9
1
Inicialmente é possível estabelecer uma relação direta com a noção de cultura pela dimensão sociológica. Esta
aborda práticas e fenômenos culturais que “dependem de instituições, de sistemas organizados socialmente:
uma organização da produção cultural que permite a formação e/ou aperfeiçoamento daqueles que pretendem
entrar nesse circuito de produção, que cria espaços ou meios que possibilitam a sua apresentação ao público,
que implementa programas/projetos de estímulo, que cria agências de financiamento para os produtores.
Em outras palavras, trata-se de um circuito organizacional que estimula, por diversos meios, a produção,
a circulação e o consumo de bens simbólicos, ou seja, aquilo que o senso comum entende por cultura”
(BOTELHO, 2001, p. 74).
2
Durand (2009) procura repensar a ordem econômica na esfera das políticas públicas na cultura, principalmente
por considerar a relação de interdependência: “A tentativa de pensar sistematicamente a gestão cultural
recoloca o problema de o que pode ser fomentado e o que pode ser regulado pelo governo na área cultural
e por quais meios e instrumentos” (DURAND, 2009, p. 51).
3
Ao apresentar a discussão sobre a dimensão antropológica da cultura articulada com a sociológica no
campo das políticas públicas ela dirá: “Chama-se a atenção, ainda, para um aspecto de ordem estrutural:
se é possível afirmar que a cultura, do ponto de vista antropológico, é a expressão das relações que cada
indivíduo estabelece com seu universo mais próximo, em termos de uma política pública, ela solicita, por sua
própria natureza, uma ação privilegiadamente municipal. Ou seja, a ação sociocultural é, em sua essência,
ação micro que tem no município a instância administrativa mais próxima desse fazer cultural” (BOTELHO,
2001, p. 75).
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 13
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
podem ser traduzidos em: como é possível entender a alocação de recursos públicos
e a economia da/na cultura? Quais relações são possíveis estabelecer com a oferta
do mercado privado e o consumo público cultural?
Essa problemática destaca-se ainda mais quando há um ganho de escala
territorial. A confluência para um recorte que traz consigo fatores identitários em torno
de uma região associa elementos de pertencimento, interação e unidade (dimensão
antropológica), mas que está implicada na dimensão mais estrutural e organizativa,
sociológica. É o que se verifica na configuração da região das Missões no Rio Grande do
Sul. Como toda regionalização ela parte de um recorte territorial a partir de elementos
que identificam e constroem socialmente o território como missioneiro: oriundo da
formação social dos Sete Povos indígenas guaranis pelos padres jesuítas espanhóis
entre os séculos XVII e XVIII.4 Atualmente, está vinculada ao turismo cultural por meio
da formação da “Rota Missões”, uma proposta turística empreendida pelo Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE – desde 2001, focada
na dimensão cultural como elemento de estímulo e promoção do desenvolvimento
econômico, social e cultural dos municípios envolvidos.5
Esta “confluência regional” que conforma determinados municípios é o objeto
de pesquisa. Parte-se do princípio no qual os municípios possuem papel central
na articulação, organização e fomento das atividades e setores culturais. Por
consequência, novamente se estabelece uma necessidade de compreensão de
como ocorre a alocação dos recursos públicos. E de perceber o efeito propulsor ou
de alavancagem do uso dos recursos públicos sobre as coletividades territoriais.
4
Vale dizer que o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – no “Atlas das representações
literárias de regiões brasileiras” não considera a área das missões como “uma região geográfica, ainda que
ela tenha expressão no imaginário nacional, tanto pela força da experiência ali empreendida quanto pelas
ruínas que ainda dela dão prova” (IBGE, 2006, p. 27). Porém, na esteira da concepção de território, está o
princípio de que a própria construção de região pode variar de acordo com a espacialidade e a vinculação
em variadas dimensões (HAESBAERT, 2010). Assim, pode-se falar em regionalização política, cultural e
econômica, ou no que é vivido, percebido, concebido (antropológica, diga-se).
5
Formado pelo consórcio dos municípios de Bossoroca, Caibaté, Cerro Largo, Dezesseis de Novembro, Entre
Ijuis, Eugênio de Castro, Garruchos, Giruá, Guarani das Missões, Itacurubi, Mato Queimado, Pirapó, Porto
Xavier, Rolador, Roque Gonzales, Salvador, Santo Ângelo, Santo Antonio, São Borja, São Luiz Gonzaga, São
Miguel, São Nicolau, São Paulo das Missões, São Pedro do Butiá, Sete de Setembro, Ubiretama e Vitória das
Missões.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 14
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
6
Os processos de construção de políticas públicas e, sobretudo, os seus resultados, traduzem as formas de
atuação dos poderes existentes no território beneficiado pela política e das instituições envolvidas. As políticas
públicas traduzem as escolhas políticas hegemônicas, as características socioeconômicas e culturais quando
estas de conteúdo territorial, e por fim as diretrizes institucionais abrangidas na arena de decisão. Uma política
pública define o que, quem, quando e para quem se irá intervir na realidade.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 17
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
7
A despesa pública “é o dispêndio de um órgão ou de uma entidade, devidamente autorizado em lei e ordenado
por autoridade ou agente público competente, sendo realizado com o objetivo de executar serviços públicos
que competem a essas instituições e garantir o seu regular funcionamento” (Secretária da Fazenda, RS, 2011,
p. 162).
8
A aquisição de bens e serviços passa por diferentes formas de compra ou aquisição destes. Citam-se a
obrigatoriedade de tomada de preços, licitações e, para transferências governamentais, a formalização de
convênios.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 18
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Tem-se, assim, uma alocação dos recursos públicos na economia por conta
da atuação do Estado e da presença dos bens culturais, bens públicos e de mérito.
Desta forma, ao prover uma política pública à cultura, a demanda pública irá (i) apoiar
diretamente os bens e serviços culturais já existentes no mercado; (ii) mobilizar a
oferta dos que não estão consolidados no mercado; e (iii) apoiar bens e serviços não
culturais, mas que se relacionam e apoiam as atividades nucleares da cultura.
A alocação de recursos, também no campo cultural, está pautada por práticas
funcionais e regulatórias. Porém, as atividades culturais possuem qualidades próprias
que precisam ser reconhecidas. Assim, quando um ente público quer fomentar o
campo das artes do espetáculo com a apresentação de um conjunto musical, ele fará
por meio de um processo concorrencial de dispensa e inexigibilidade de licitação.
Isso está posto na Lei 8.666/93 no seu artigo 25. A inexigibilidade ocorrerá quando
os “competidores” possuem qualidades que são exclusivas às necessidades que a
administração pública procura suprir. Fica definido então que existirá inexigibilidade
de licitação para a contratação de profissional de qualquer setor artístico consagrado
pela crítica especializada ou pela opinião pública, mais um ponto que destaca a
condição sui generis na alocação dos recursos públicos em cultura.
Dentro da proposta apresentada até aqui é pertinente concluir o tópico com
a premissa que se estabelece entre demanda pública e oferta privada nas políticas
públicas à cultura: o gasto público realizado por um governo, por meio de uma política
cultural, respeitando as peculiaridades dos bens culturais e as condições legais de
sua efetivação, vai expressar as preferências alocativas da administração pública,
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 19
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
9
A tradução literal de cluster é aglomerado, mas o empregado aqui segue as proposições de Paiva (2004a).
10
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2009) utiliza o termo vinculando-o
com o sistema empresarial, de forma que considera APL um aglomerado de empresas que possuem a
mesma especialização produtiva e mantenham vínculos de articulação.
11
A RedeSist (Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais) é uma rede de pesquisa que
fundamenta-se no conhecimento obtido com a análise empírica de 26 arranjos produtivos locais no Brasil.
Coordenada a partir do centro de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, desde sua fundação
em 1997, realiza diversas pesquisas baseadas em conceitos como APLs e Sistemas locais de inovação,
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 23
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Mas o que pode derivar desses conceitos às leituras no campo da cultura? Para
efeitos do estudo será realizada uma distinção entre os termos, especialmente por
conectar a cultura com outras dinâmicas do ambiente social não restrito às condições
econômicas.12 Assim, utilizar-se-á as seguintes noções:
Aglomeração cultural – localização de atividades culturais reunidas por
meio de indústrias, comércios, serviços e demais atividades, não necessariamente
formalizadas, em torno de uma prática (econômica e/ou cultural) semelhante. Por
exemplo, um bairro com uma quantidade significativa de teatros (equipamentos)
pode ser visto como uma aglomeração.
Arranjo produtivo cultural – a ampliação da aglomeração com a configuração
de demais atividades (econômica e/ou cultural), com uma reconhecida divisão do
trabalho em atividades nucleares, relacionadas e de apoio, mantendo vínculos de
articulação. Exemplo, o bairro já não possui somente equipamentos, mas companhias
(grupos) de teatro; agentes criadores de figurinos; etc.
Sistema produtivo cultural (cluster) – o arranjo cria elos fortes na sua articulação.
Existe circuito de comercialização reconhecido. Por esse viés, se reconhece as
atividades jusantes e montantes que criam uma cadeia produtiva. Os bens, serviços e
demais atividades estão articulados em torno de uma especialização que reúne uma
estrutura de governança. Percebe-se, política e institucionalmente, a articulação e a
atuação de diferentes agentes e uma autonomia às práticas empreendidas em torno
do núcleo produtivo do território. Para o exemplo utilizado, esse bairro, enquanto
território, já possui uma política cultural de apoio ao teatro e à preservação dos
equipamentos culturais.
Não se pretende aqui criar novos conceitos, até porque demandariam um maior aprofundamento teórico.
12
No entanto, a partir do reconhecimento que cultura é dimensão material e simbólica, são práticas sociais
e econômicas, é um processo de intervenção do Estado na alocação de recursos, então propõe-se um
ordenamento de ideias para aglomeração, arranjo e sistema produtivo.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 25
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
13
Este tópico está todo baseado no livro “Como identificar e mobilizar o potencial de desenvolvimento endógeno
de uma região?” de Carlos Águedo Paiva, 2004b.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 26
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Cidade-polo
É preciso ter em mente que a especialização deve ser percebida enquanto configuração de uma cadeia
14
(tópico anterior). Assim, de um elo especializado que iniciou o processo surgirão outros elos correlacionados:
da especialização poderá surgir a diversificação.
15
A autora ainda menciona nesse tópico o “desenvolvimento da atividade econômica local” e as “convergências
de atuação” como pontos do campo econômico para a configuração de um polo.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 28
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
derivadas dessas aglomerações, reforçadas pelo desenvolvimento de uma série de atividades ligadas ao
setor de serviços, direta e indiretamente complementares à atividade econômica principal da aglomeração”.
(CROCCO; RUIZ; CAVALCANTE, 2008, p. 09).
17
Trata-se da teoria do “lugar central” de Walter Christaller, apresentada em CHRISTALLER, W. Central places in
southern germany. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1966.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 29
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Por outro lado, a primazia do Estado no provimento à cultura acaba por mobilizar
um conjunto de bens e serviços da iniciativa privada. O protagonismo da prefeitura
é um indício da alavancagem da economia no setor cultural. Dessa forma, trabalhar
com os gastos das prefeituras apresentará dois pontos básicos: a leitura do gasto
é uma perspectiva de compreender a política pública empreendida pelo governo
municipal à cultura; o gasto público em cultura apontará um conjunto de bens e
serviços (pessoas e organizações) mobilizados no escopo da economia da cultura.
A forma de operacionalização dessas ideias está diretamente relacionada à
metodologia empreendida pelo estudo. Aqui se menciona um dos principais gargalos
nas pesquisas em cultura: a dificuldade de dispor de dados primários. Nesse sentido,
a pesquisa pode ser caracterizada pelo grande esforço empreendido na busca da
coleta e tratamento de dados primários. O diferencial da pesquisa, então, foi fazer
uma leitura das premissas anteriores a partir dos dados prospectados das prefeituras
de forma original, sem que não tenha havido um tratamento preliminar acerca das
informações coligidas.
de Geografia e Estatística se utiliza do “Sistema de Coleta de Dados Contábeis Consolidados”, via Caixa
Econômica Federal e Secretaria do Tesouro Nacional.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 31
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
19
“A captação dos dados da administração pública difere dos outros setores da economia, tendo em vista que
a função principal do governo na economia é a produção de bens e serviços não mercantis. A produção não
mercantil da administração pública é, por convenção, medida pelos custos de produção por não ser objeto
de transação no mercado” (IBGE, 2013, p. 68).
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 32
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
20
“A função cultura representa [...] ‘o conjunto de ações que visam o desenvolvimento, a difusão e a preservação
do conhecimento adquirido e acumulado pela humanidade (BRASIL, 1999b)’” (IBGE, 2013, p. 27).
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 33
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Desse universo, por exemplo, a Firjan apontou 185 atividades associadas às atividades criativas (esferas de
21
Vale lembrar que “a economia tem por base as relações entre o Estado, o mercado (ou a iniciativa privada) e
23
a sociedade civil. Ao considerarmos a economia da cultura devemos, portanto, entender essas relações; os
papéis e responsabilidades de cada um; e como seus objetivos individuais podem ser trabalhados de forma
convergente e sinérgica” (REIS, 2009, p. 27).
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 34
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
A metodologia empreendida pelo estudo de Valiati (2013) descreve todos os
códigos CNAE de acordo com a configuração das atividades nucleares, relacionadas
e de apoio. No entanto, antes de fazer a apresentação dos códigos CNAE é preciso
tratar de uma segunda proposta metodológica realizada nessa pesquisa, apresentada
no tópico seguinte.
Atividades econômicas e categorias culturais
24
Esses conflitos são apontados a seguir na descrição dos códigos de acordo com a categoria cultural.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 37
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Campo Sub-classe Descrição sintética
3220500 Fabricação de instrumentos musicais (caixa de música, viola)
5920100 Atividades de gravação de som e edição de música (composições
musicais, direitos autorais musicais, masterização e remasterização)
8592901 Ensino de arte e cultura (academia de dança, instrutor de dança)
8592902 Ensino de arte e cultura (curso de impostação de vozes, técnicas
de direção e montagem de espetáculos teatrais)
8592903 Ensino de arte e cultura (aula de música, exceto superior)
9001901 Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares (ator
independente, evento cultural teatral, conjunto teatral, organização,
promoção de eventos de teatro)
9001902 Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares (produção
de arranjo musical, concertos e óperas, grupo musical)
9001903 Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares (artes cê-
nicas de dança independente, conjunto de folclore)
3 9001904 Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares (produção
de espetáculo circense, fantoche, marionete, circo)
9001905 Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares (produção
de espetáculo de rodeio, vaquejada)
9001906 Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares
(sonorização e iluminação)
9001999 Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares (artes do
espetáculo)
9003500 Gestão de espaços para artes cênicas, espetáculos e outras
atividades artísticas (casa de cultura, de shows, de música, de
teatro)
8230001* Serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas
(exposição de animais, parque e leilões, remates)
8230002*25 Serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas
(gestão de casa de eventos, espaço de exposição)
5811500 Edição de livros (apostilas, atlas, livros eletrônicos, infantis, técnicos)
5812300 Edição de jornais (publicitários, da internet, eletrônicos)
5813100 Edição de revistas (publicações periódicos, programas de televisão,
eletrônica)
5819100 Edição de cadastros, listas e outros produtos gráficos
5821200 Edição integrada à impressão de livros (apostilas, atlas, dicionário,
enciclopédias, mapas)
5822100 Edição integrada à impressão de jornais (jornais publicitários,
jornais)
4 5823900 Edição integrada à impressão de revistas (publicações periódicas,
revistas de conteúdo técnico, de programação de televisão)
5829800 Edição integrada à impressão de cadastros, listas e outros produtos
gráficos (cartões postais, catálogos, lista para mala direta, lista
telefônicas, material publicitários, panfletos, folhetos)
5911101 Atividades de produção cinematográfica de vídeos e de programas
de televisão (arquivos de filmes cinematográficos, estúdios)
5911102 Atividades de produção cinematográfica de vídeos e de programas
de televisão (filmes de publicidade, filmes para campanhas de
responsabilidade social, filmes para campanhas políticas)
25*
Atividades incluídas por conta das dimensões das festas, festividades, festivais e feiras contidas dentro do
campo das “artes de espetáculo”. Vale dizer, muito dessas práticas são estabelecidas para a realização de
atividades culturais nos municípios.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 39
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Campo Sub-classe Descrição sintética
5911199 Atividades de produção cinematográfica de vídeos e de programas
de televisão (computação gráfica na produção de filmes, produtores
independentes)
5912001 Atividades de pós-produção cinematográfica de vídeos e de
programas de televisão (dublagem de filmes cinematográficos)
5912002 Atividades de pós-produção cinematográfica de vídeos e de
programas de televisão (mixagem sonora em: filmes, programas
de televisão)
5912099 Atividades de pós-produção cinematográfica de vídeos e de
programas de televisão (edição de créditos, legendas, montagem,
4 restauração)
5913800 Distribuição cinematográfica de vídeos e de programas de
televisão (direitos autorais de obras audiovisuais, cinematográficas,
distribuição de filmes a cinemas e cineclubes)
5914600 Atividades de exibição cinematográfica (auto-cine, cineclube,
cinema, drive-in, espaço cultural de projeção)
6010100 Atividades de rádio (cadeias radiofônicas, canais de música, difusão
de programas, estação de radiodifusão)
6021700 Atividades de televisão aberta (difusão de programas, broadcasting,
venda de espaço publicitário, marketing em televisão aberta,
operação de estúdio, produtores independente)
6022501 Programadoras e atividades relacionadas à televisão por assinatura
(espaço publicitário, marketing, programação em tv por assinatura,
difusão de sinais, canal e emissão para tv)
6022502 Programadoras e atividades relacionadas à televisão por assinatura
(intermediação entre programadoras nacionais e estrangeiras e
operadoras, negociação de programação de tv por assinatura)
4212000 Construção de obras de arte especiais (manutenção em túneis,
construção de estruturas, obras rodoviárias, pontes)
6201500 Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda
(desenvolvimento de banco de dados, criação e configuração de
software de banco de dados, edição de site)
6202300 Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador
customizáveis (cessão de direito de uso de programas de compu-
tador)
6203100 Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador
não customizáveis (desenvolvimento de jogos de computadores
para todas plataformas, desenvolvimento de sistemas operacionais)
6204000 Consultoria em tecnologia da informação (assessoria em software,
5 compra e instalação de periféricos, hardware e software)
6209100 Suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da
informação (apoio na instalação de equipamentos, manutenção,
recuperação de dados)
6311900 Tratamento de dados, provedores de serviços de aplicação e
serviços de hospedagem na internet (gestão de banco de dados,
tabulações, consultas, banco de dados, serviços de CPD)
6319400 Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de hospedagem
na internet (banco de informações para pesquisa e análise,
certificação digital, consulta de banco de dados)
7111100 Serviços de arquitetura (arquitetura paisagista, escritório e
consultoria, projetista, gerenciamento e desenvolvimento de
projetos)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 40
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(conclusão)
Campo Sub-classe Descrição sintética
7119701 Atividades técnicas relacionadas à engenharia e arquitetura
(serviços de: agrimensura, batimetria, cartografia, cartográficos)
7119702 Atividades técnicas relacionadas à engenharia e arquitetura
(serviços de analise de solos para investigação geológico, estudos
geotécnicos)
7210000 Pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências físicas e na-
turais (química, farmácia, etc.)
7220700 Pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências humanas e
sociais (arqueologia, artes, direito, economia, lisguistica, ciências)
7311400 Agências de publicidade (serviços de criação de campanhas de
publicidades, empresa de propaganda e publicidade)
7312200 Agenciamento de espaços para publicidade, exceto em veículos de
comunicação (busdoor, cartazes publicitários, aluguel e revenda
de espaço para colocação de espaço publicitário)
5
7319001 Atividades de publicidade não especificadas anteriormente (criação
de estandes para feiras e exposições, criação e montagem de
estandes)
7319002 Atividades de publicidade não especificadas anteriormente
(demonstração de produtos em pontos de venda, distribuição de
folhetos, promoção de venda, serviços de promotora de venda)
7319003 Atividades de publicidade não especificadas anteriormente
(marketing de propaganda política, publicidade por telefone,
telemarketing)
7319004 Atividades de publicidade não especificadas anteriormente
(Assessoria em marketing, na divulgação de produtos, publicidade
e propaganda)
7319099 Atividades de publicidade não especificadas anteriormente
(serviços de alto-falantes, computação gráfica, publicidade aérea)
7320300 Pesquisas de mercado e de opinião pública (serviço de análise de
mercado, análise estatísticas e resultados de pesquisas de merca-
do e de opinião pública, coleta de dados e de informações)
7410201 Design e decoração de interiores (design de joias, mobiliário, de
moda, de objetos domésticos, de objetos pessoais, de sapatos)
7410202 Design e decoração de interiores (decoração de interiores, design
de interiores)
* Código incluído na categorização.
(continua)
Campo Sub-classe Descrição sintética
4213800** Obras de urbanização — ruas, praças e calçadas (conservação/
recuperação/manutenção de vias públicas, reforma em praças)
4330401** Obras de acabamento (aplicação de argamassa, manta asfáltica,
1
impermeabilização, obras de engenharia civil)
4789002* Comércio varejista de plantas e flores naturais (adubos, cantoneiras
p/ plantas, flores naturais, frutos ornamentais naturais, plantas)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 41
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Campo Sub-classe Descrição sintética
2222600 Fabricação de embalagens de material plástico (botijões, caixas e
estojos, caixotes, cartuchos, frascos, garrafas, rolhas e tampas, sa-
colas, tampas e capsulas)
2312500 Fabricação de embalagens de vidro (tubulares de vidro)
2442300 Metalurgia dos metais preciosos (fios de metais preciosos,
laminados, ouro em formas primárias e granulado, prata granulada)
2591800 Fabricação de embalagens metálicas (bisnaga, cartuchos de metal,
latas, recipientes, tambores, tampas)
2670101 Fabricação de equipamentos e instrumentos óticos, fotográficos e
cinematográficos (binóculos e lunetas, microscópio, prisma óptico)
2670102 Fabricação de equipamentos e instrumentos óticos, fotográficos
e cinematográficos (aparelhos fotográficos e cinematográficos,
câmeras, filmadoras, lâmpadas p/ máquinas, projetores, telas p/
projeção)
3101200 Fabricação de móveis com predominância de madeira (armários,
balcões, bancadas, bancos, beliches, berços, camas, cadeiras,
baú)
3102100 Fabricação de móveis com predominância de metal (armário,
arquivo, balcões, bancadas, bancos, banheiros planejados,
beliches, cadeiras)
3103900 Fabricação de móveis de outros materiais, exceto madeira e metal
(banheiros, cadeira, caixas e gabinetes, conjunto de copa, estantes,
gôndolas, mesas de plásticos, móveis de vime, salas)
3211601 Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e
joalheria (ágata, água-marinha, ametista, esmeralda, gemas e
diamantes, pérolas, rubi, topázio)
2 3211602 Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e
joalheria (anéis, artefatos de joalheria, artefatos p/copa e mesa,
artesanatos, artigos p/ uso técnico, garfos, faqueiros, pulseiras de
metal, colares, brincos)
1352900 Fabricação de artefatos de tapeçaria (carpetes, forração para
revestimento de pisos, tapeçaria p/ decoração, tapeçarias feitas à
mão)
1353700 Fabricação de artefatos de cordoaria ( barbantes, cabos navais,
cordas, cabos e cordéis, cordoaria, redes de dormir, de pesca,
redes de proteção, tarrafas para pescar)
1359600 Fabricação de outros produtos têxteis não especificados
anteriormente (apoio de cabeça, compressas, sachês, bandeiras,
bordado inglês, colchonetes, etiquetas, cordas de borracha,
metalizados, fitas de tecidos, rendas, sacos de algodão)
1510600 Curtimento e outras preparações de couro (aparas)
1529700 Fabricação de artefatos de couro não especificados anteriormente
(arreios e selas, couro natural, couro para máquina, carteira, cintos,
correias para transmissão, pulseira para relógios)
1531901 Fabricação de calcados de couro(botas, calçados para esporte,
p/segurança industrial, infantis, chinelos e chuteiras, sandálias,
sapatos)
1531902 Fabricação de calçados de couro(serviço de montagem e costura
de calçados, pesponto e outros acabamentos em calçados)
1623400 Fabricação de artefatos de tanoaria e de embalagens de
madeira (aduelas, barris, barricas, pipas, tonéis, caixas, caixotes,
engradados, estrados, pallets, pipas)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 42
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Campo Sub-classe Descrição sintética
4789001* Comércio varejista de suvenires, bijuterias e artesanatos (joalheria
chapeada)
4789003* Comércio varejista de objetos de arte (galerias de arte, objetos de
arte novos)
2 4789004* Comércio varejista de outros produtos novos não especificados
anteriormente (animais vivos, aquários, artefatos de couro, selaria)
4741500* Comércio varejista de tintas, e materiais para pintura
(impermeabilizantes, pincéis, rolos, brochas, tintas automotivas)
9609206* Atividades de serviços pessoais não especificadas anteriormente
(colocação de piercing, tatuagem)
3299099* Fabricação de produtos diversos não especificados anteriormente
(agulhas de tricô, agulhas, furadores, balões, artefatos p/ festas,
modelados, artefatos de marfim, arranjos decorativos, troféus)
4755502* Comércio varejista especializado de tecidos e artigos de cama,
mesa e banho (armarinho, passamanaria, aviamento p/ costurar
botões, feltros, linhas, novelos de lã)
4755501* Comércio varejista especializado de tecidos e artigos de cama,
mesa e banho (fazendas, tecidos, malhas)
2680900 Fabricação de mídias virgens, magnéticas e óticas (para gravação
de som, imagem e dados informáticos)
4756300 Comércio varejista especializado de instrumentos musicais e
acessórios (acessórios para instrumentos musicais, músicas
impressas, piano)
9329801* Exploração de jogos de sinuca, bilhar e similares (casa de dança,
boate, cabaré, pagode, funk, danceteria, salão de baile)
9329899* Serviços de animação e recreação em eventos
3 4789001* Comércio varejista de suvenires, bijuterias e artesanatos (suveni-
res, joalheria chapeada)
4789006* Comércio varejista de outros produtos não especificados
anteriormente (fogos de artifícios e artigos pirotécnicos)
4762800 Comércio varejista de discos, CDs, DVDs e fitas (discos e fitas, fita
magnética gravada ou não, fitas de áudio e vídeo gravadas ou não)
7739003* Aluguel de máquinas e equipamentos não especificados
anteriormente (estandes, módulos metálicos, palcos, coberturas,
tendas, toldos, sanitários químicos, tabuleiros)
1811301 Impressão de jornais, livros, revistas e outras publicações periódi-
cas (sob encomenda gráfica)
1811302 Impressão de jornais, livros, revistas e outras publicações periódicas
(revistas, periódicos, livros em geral, mapas e atlas, publicações
periódicas, revistas não periódicas de consumo)
1813001 Impressão de materiais para outros usos (brindes, cartazes de
propaganda, catálogos de arte, kits promocionais, folhetos,
4 encartes, faixas, outdoors, mala-direta, banner)
1813099 Impressão de materiais para outros usos (convites, cartão de visita,
couro, decalcomania, materiais de escritório, material escolar,
rótulos, recibos, plástico)
1821100 Serviços de pré-impressão (fotolitos, chapas p/ offset, fotogravuras,
composição, tratamento de imagens e imagens em geral)
1822901 Serviços de acabamentos gráficos (encadernação, plastificação)
1822999 Serviços de acabamentos gráficos (colagem, corte e vinco, dobra
manual e mecânica, furação, envernizamento, laminação, picote)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 43
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Campo Sub-classe Descrição sintética
1830001 Reprodução de materiais gravados em qualquer suporte (de som
em qualquer suporte, a partir de gravações originais)
1830002 Reprodução de materiais gravados em qualquer suporte (de fitas e
discos de vídeo, a partir de gravação original)
1830003 Reprodução de materiais gravados em qualquer suporte (programas
de informática p/ difusão comercial, software)
2622100 Fabricação de periféricos para equipamentos de informática
(aparelhos de projeção, cartuchos, coletor de dados, drives,
impressoras, leitor, máquinas, equipamentos multifuncionais)
2632900 Fabricação de aparelhos telefônicos e de outros equipamentos de
comunicação(aparelhos, central de portaria, interfones, porteiro
eletrônico, sistemas de intercomunicação, rádio)
2640000 Fabricação de aparelhos de recepção, reprodução, gravação
4 e amplificação de áudio e vídeo (alto-falantes, amplificadores,
aparelho de som, autorradio, caixa acústica, cd player, fone de
ouvido, gravador)
4647801 Comércio atacadista de artigos de escritório e de papelaria;
livros, jornais e outras publicações (artefatos de papel, artigos
de escritório, papelaria e escolar, canetas, lápis, grampeadores,
etiquetas de papel e plástico, papelão e seu artefatos)
4647802 Comércio atacadista de artigos de escritório e de papelaria; livros,
jornais e outras publicações (apostilas, jornais, livros, periódicos,
revistas)
4761001 Comércio varejista de livros, jornais, revistas e papelaria (apostilas,
livros, livraria)
4761002 Comércio varejista de livros, jornais, revistas e papelaria (bancas
de jornais e revistas, periódicos)
4761003 Comércio varejista de livros, jornais, revistas e papelaria (artigos de
escritório, artigos de papelaria, embalagens de papel e papelão,
etiquetas de papel e plástico, material escolar e de desenho,
papelaria)
6141800 Operadoras de televisão por assinatura por cabo (acesso à internet
por operadoras de televisão por cabo, distribuição de sinais para
assinantes de televisão por assinatura, operadoras de televisão a
cabo)
6142600 Operadoras de televisão por assinatura por microondas (distribuição
de sinais multipontos multicanais - MMDS, distribuição de sinais
para assinantes de televisão, televisão por assinatura)
6143400 Operadoras de televisão por assinatura por satélite (operadora de
televisão por satélite, distribuição de sinais de televisão e áudio por
assinatura via satélite, transmissão de televisão por assinatura)
3212400 Fabricação de bijuteria e artefatos semelhantes (brincos, colares,
pulseiras,broches)
1330800 Fabricação de tecidos de malha (de algodão, fibras ou sintéticos,
têxteis naturais, malha-urdidura ou de outros tipos)
1340501 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis (estamparia e
5
texturização em fios, tecidos, peças de vestuários)
1340502 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis (alvejamento,
tingimento e torção de fios, branqueamento)
1340599 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis (bordados e
acabamentos, customização, colagem, estamparia, laminação)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 44
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Campo Sub-classe Descrição sintética
1351100 Fabricação de artefatos têxteis para uso doméstico (artefatos
de tecido para cama, mesa e banho, copa, cozinha, cobertores,
mantas)
1354500 Fabricação de tecidos especiais, inclusive artefatos (toldos de lona,
pano-couro, tecidos falsos p/ usos técnicos, tubulares p/ saída de
emergência, artigos de feltro, barraca de acampamento )
1411801 Confecção de roupas íntimas (calcinhas, camisolas, cintas
elásticas, modeladores, serviços de costureira, cuecas, pijamas,
sutiã, roupões)
1411802 Confecção de roupas íntimas (serviço de facção de pecas interio-
res do vestuário, roupas íntimas)
1412601 Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas (agasa-
lhos de couro e pele, agasalhos, bermudas, blusas, blusões e ca-
misas, calças)
1413401 Confecção de roupas profissionais (capas de borracha, fardamen-
to, macacões, uniformes, uniformes profissionais)
1413402 Confecção de roupas profissionais (sob medida fardamento militar,
roupa profissional, uniforme escolar)
1413403 Confecção de roupas profissionais (serviço de facção de roupas
profissionais)
1414200 Fabricação de acessórios do vestuário, exceto para segurança e
proteção (boinas, chapéus, vestuário descartável, cintos, gravatas)
1421500 Fabricação de meias (esportiva, qualquer uso, meia-calça)
1422300 Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias e
tricotagens, exceto meias (artigos de vestuário produzidos com lã
ou linha, pulôveres, suéteres, jaquetas)
1521100 Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de
qualquer material (artigos de couro, fibra, bolsa de couro, mochilas,
bolsas térmicas, malas, mochilas escolares, nécessaire)
5 1532700 Fabricação de tênis de qualquer material
1533500 Fabricação de calçados de material sintético (calçados de plástico)
1539400 Fabricação de calçados de materiais não especificados anteriormente
(borracha p/ segurança industrial, tecido p/ segurança, chinelo de
borracha, alpercatas)
1540800 Fabricação de partes para calçados, de qualquer material (cabedal
de couro, cepos e soldados de madeira, contrafortes, palmilhas, de
material plástico, partes de tecido, solados de couro)
1731100 Fabricação de embalagens de papel
1732000 Fabricação de embalagens de cartolina e papel-cartão
1812100 Impressão de material de segurança (ações, cheques, títulos ao
portador e outros documentos fiscais, documentos fiscais)
2063100 Fabricação de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene
pessoal (águas de colônia, alisadores de cabelo, banho de
espuma, base p/ unhas, cremes, loções, depilatório, desodorante,
bronzeadores )
2621300 Fabricação de equipamentos de informática (computadores de
grande porte, de mão, de mesa, mainframes, palmtop, servidores)
2631100 Fabricação de equipamentos transmissores de comunicação
(acoplador acústico, amplificador, aparelhos de radiocomunicação,
aparelhos p/ gravação, transmissores, concentradores de circuito
digitais)
2652300 Fabricação de cronômetros e relógios (caixas p/ relógios,
cronômetros, despertador, montagem de relógio)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 45
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Campo Sub-classe Descrição sintética
3092000 Fabricação de bicicletas e triciclos não motorizados (bicicletas sem
motor, cadeiras de roda, carrinho de bebê, triciclo sem motor)
4330402 Obras de acabamento (colocação de armários de cozinha,
cabeceiras, cozinhas, esquadrilhas de metal, estantes; instalação
de forros)
4642701 Comércio atacadista de artigos do vestuário e acessórios (blusa,
camiseta, cintos, enxoval, gravata, lingerie, lenços, roupas de
couro)
4642702 Comércio atacadista de artigos do vestuário e acessórios (capace-
tes p/segurança, cinto p/ segurança, coletes à prova de balas)
4643501 Comércio atacadista de calçados e artigos de viagem (calçados,
calçados desportivos, sandálias, sapatos esportivos, tênis)
4643502 Comércio atacadista de calçados e artigos de viagem (artigos de
couro, bolsas, sacolas, malas)
4646001 Comércio atacadista de cosméticos, produtos de perfumaria e
de higiene pessoal (esmaltes de unhas, batons, concentrados
aromáticos manipulados para perfumes, cosméticos, cremes e
5 loções, perfumaria)
4646002 Comércio atacadista de cosméticos, produtos de perfumaria e de
higiene pessoal (absorventes higiênicos, creme dental, dentifrício,
fraldas descartáveis, pasta de dente, preservativos, sabonetes)
4772500 Comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de
higiene pessoal (artigos de toucador, bases para unhas e rosto,
batons e blush, bronzeadores e aceleradores de bronzeamento,
cosméticos, cremes e loções, esmaltes para unhas, perfumaria,
fraldas descartáveis)
4774100 Comércio varejista de artigos de ótica (armações para óculos, len-
tes de contato, lentes para óculos, óculos e produtos de limpeza
para óculos)
4781400 Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (blusas
e camisetas para crianças, butique, camisaria, capa de chuva,
chapelaria, cintos, roupas de couro, roupas masculinas, femininas
e infantis)
4782201 Comércio varejista de calçados e artigos de viagem (calçados
de couro, calçados desportivos, calçados em geral, sapataria,
sapatênis, sapatos esportivos, sapatos, tamancos, tênis)
4782202 Comércio varejista de calçados e artigos de viagem (artigos de
couro e de outros materiais, bolsas e sacolas de tecidos, malas,
valises, carteiras, porta níqueis, porta documentos)
7112000 Serviços de engenharia (assessoria técnica em construção, pericia
e inspeção em engenharia, calculista em construção, cálculo
instrumental)
7722500 Aluguel de fitas de vídeo, DVDs e similares (cartuchos de vídeo
game, cds, discos, dvds, filmes em dvd, fitas de vídeo, games, vhs)
9602501 Cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza (barbea-
ria, cabeleireiro, corte de cabelo, embelezamento de cabelos, ma-
nicura, pedicuro, tintura e pintura de cabelo, tratamento capilar)
9329802* Exploração de jogos de sinuca, bilhar e similares (exploração de
boliche)
9329803* Exploração de jogos de sinuca, bilhar e similares (bilhar, sinuca)
9329804* Exploração de jogos de sinuca, bilhar e similares (cyber café, jogos
no computador, jogo de fliperama, jogos eletrônicos)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 46
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(conclusão)
Campo Sub-classe Descrição sintética
3299003* Fabricação de produtos diversos não especificados anteriormente
(placas de sinalização, metálicas indicadoras, painéis)
5
6190601* Outras atividades de telecomunicações (acesso a internet,
provedores intranet/internet)
*Código incluído na categorização. ** Códigos transferidos de apoio para relacionada.
(continuação)
Sub-classe Descrição sintética
2330305 Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e materiais
semelhantes (argamassa preparada para construção)
2330399 Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso, e mate-
riais semelhantes (concreto, gesso, calhas de gesso, cantoneiras de gesso,
chapas de cimento com reforço de madeira para divisórias, forros e revesti-
mentos)
2341900 Fabricação de produtos cerâmicos refratários (argamassa refratária, cerâmica
refratária, cimento refratário, ladrilhos cerâmicos refratários, pedras para
calefação)
2342701 Fabricação de produtos cerâmicos não refratários para uso estrutural na
construção (azulejo decorado, mosaicos pastilhas cerâmicas, piso lajotão de
cerâmica, pisos cerâmicos)
2342702 Fabricação de produtos cerâmicos não refratários para uso estrutural na
construção (calhas, cantos, rodapés, canos de cerâmica)
2349401 Fabricação de produtos cerâmicos não refratários não especificados
anteriormente (banheiros de louça, bidês de louça, material sanitário de
cerâmica, pias de louça)
2349499 Fabricação de produtos cerâmicos não refratários não especificados
anteriormente (aparelhos completos de louça para serviço, travessas de
louça, vasilhas de cerâmica, vasos de cerâmica ou barro cozido, velas de
cerâmica para filtros de uso doméstico)
2391501 Aparelhamento e outros trabalhos em pedras (britas, pedra).
2391502 Aparelhamento e outros trabalhos em pedras (degraus de mármore, degraus
de pedra, granito em placas, lajotas, soleiras, degraus e rodapés de mármore
e de pedras)
2391503 Aparelhamento e outros trabalhos em pedra (pedras, artesanatos em mármo-
re, granito, ardósia ou outras pedras, bancadas de granito e mármore)
2392300 Fabricação de cal e gesso (cal apagada, cal extinta, cal hidratada, cal hidráu-
lica, cal virgem, cal viva, gesso corado ou não, gesso ou gipsita).
2610800 Fabricação de componentes eletrônicos (bobinas eletrônicas, cabos de
impressoras e cabos de monitor, cabos USB, cartões incorporando um circuito
eletrônico, cartões inteligentes)
2863100 Fabricação de máquinas e equipamentos para indústria têxtil (agulhas para
máquinas, batedores-abridores, cardas, carretéis e bobinas de madeira,
engomadeiras de tecidos)
2864000 Fabricação de máquinas e equipamentos para as indústrias do vestuário,
do couro e de calçados (agulhas para máquinas de costura, alisadores para
couro, cortadores para couro, máquina para cortar tecidos, máquinas de
costuras domésticas)
3312102 Manutenção e recuperação de equipamentos eletrônicos e óticos (aparelhos
de medição, aparelhos e equipamentos para laboratórios de pesquisa cienti-
fica, aparelhos e instrumentos de medida, radares)
3312103 Manutenção e recuperação de equipamentos eletrônicos e óticos (aparelhos
auditivos, aparelhos e equipamentos cirúrgicos, aparelhos e equipamentos
eletromédicos e eletroterapêuticos, marcapassos)
3312104 Manutenção e recuperação de equipamentos eletrônicos e óticos (aparelhos
e instrumentos cinematográficos, equipamento fotográfico de uso profissio-
nal, equipamentos e instrumentos ópticos).
4110700 Incorporação de empreendimentos imobiliários (residenciais ou não, provendo
recursos financeiros, promoção e realização de imóveis, incorporação de
imóveis próprios)
4120400 Construção de edifícios (apartamentos, casas, conjuntos habitacionais,
prédios, edifícios, armazéns, casa pré-fabricadas, centros comerciais, galerias,
lojas comerciais, cinemas, teatros, clubes, circos, salas de espetáculos).
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 48
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Sub-classe Descrição sintética
4221901 Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações
(barragens e represas para energia elétrica, barragens para hidrelétricas,
represas para hidrelétricas).
4221902 Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunica-
ções (eletrificação rural, planta de eletricidade, construção de estações de
força e luz, construção de estações de geração de energia elétrica, transmis-
são de energia elétrica e estações e redes de distribuição de energia elétrica)
4221903 Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunica-
ções (construção de sistema de produção e distribuição e distribuição de
energia elétrica).
4221904 Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações
(centrais telefônicas, construção de instalações para estação repetidora,
instalações em estações e redes de telefonia e comunicação)
4221905 Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações
(estação e redes de telefonia e comunicações, manutenção das instalações
para redes de telecomunicações de longa e média distância, barragens,
represas, estações, redes de transmissão, usinas)
4222701 Construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e cons-
truções correlatas (esgoto sanitário, estações, galerias, lagoas, plantas de
tratamento de água, redes de distribuição de água, reservatórios, canais de
irrigação)
4223500 Construção de redes de transporte por dutos, exceto para água e esgoto (du-
tos de gás natural, oleodutos, redes de distribuição)
4291000 Obras portuárias, marítimas e fluviais (aterro hidráulico, barragens, barcos
submarinos, canais de navegação, diques, marinas, portos, piers, drenagem)
4292801 Montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas (coberturas
metálicas)
4292802 Montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas (tubulações)
4299501 Obras de engenharia civil não especificadas anteriormente (campos para
práticas de esportes, instalações desportivas, piscinas, quadras esportivas)
4299599 Obras de engenharia civil não especificadas anteriormente (atirantamentos
e cortinas de proteção de encostas, contenção de encostas, escoramento,
obras de açudes)
4311801 Demolição e preparação de canteiros e obras (arrasamento de estruturas
edificadas, demolições, desmonte)
4311802 Demolição e preparação de canteiros e obras (preparação de canteiros de
obras, terrenos para execução)
4312600 Perfurações e sondagens (escavação de poço, escavação de trincheira,
exploração mineral, perfurações para testes em edificações e em minas, solo
para construção)
4313400 Obras de terraplanagem (bota fora, compactação do terreno, corte e aterro,
desaterro, dinamitação, dreno, escavação, escavadoras, máquinas de
terraplenagem)
4319300 Serviços de preparação do terreno não especificados anteriormente
(bombeamento e drenagem, escoamento, lençol de água e freáticos, locais
para exploração mineral, minas, rebaixamento de lençóis freáticos, valas,
regos e fossas)
4321500 Instalações elétricas (alarme contra roubo em edificações, antenas coletivas
e parabólicas, antenas de televisão, automação bancária, automação predial,
cabeação lógica)
4322301 Instalações hidráulicas, de sistemas de ventilação e refrigeração (encanação
residencial, instalações hidráulicas, placas coletoras, redes para distribuição
de fluídos e gases, sistema de aquecimento solar)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 49
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Sub-classe Descrição sintética
4322302 Instalações hidráulicas de sistemas de ventilação (ar condicionado central,
dutos para sistemas de ar condicionado, sistema de refrigeração central,
sistema de ventilação mecânica, sistema de aquecimentos em imóveis
residenciais e comerciais)
4322303 Instalações hidráulicas de sistemas de ventilação (alarme anti-fogo,
equipamentos extintores de incêndio, instalações de sistemas de prevenção
contra incêndio)
4329101 Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente
(preparação ou manutenção e instalação de anúncios luminosos, instalação
de outdoor, placas ou painéis de identificação)
4329102 Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente
(instalação de equipamentos para orientação a navegação marítima, fluvial e
lacustre)
4329103 Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente
(montagem, instalação, reparação e manutenção de: elevadores, escadas e
esteiras rolantes)
4329104 Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente
(instalação de cancelas eletrônicas, implantação de faixas e delimitadores
luminosos (tachas) para rodovias e aeroportos, instalação de iluminação de
pistas de decolagem)
4329105 Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente
(instalação de almofadas térmicas e acústicas para construção civil, forros e
placas acústicas)
4329199 Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente
(blindagem de estruturas, cabines de segurança, passa documentos, passa
delivery, datacenter, bunkers)
4391600 Obras de fundações (construção de alicerces e blocos de fundação, baldra-
mes, locação de bate-estacas com operador, perfuração de edificações e es-
truturas, locação de equipamentos de perfuração, estacas para fundações)
4399101 Serviços especializados para construção não especificados anteriormente
(administração de obras, gerenciamento e execução de obras, direção,
execução e gerenciamento de obras)
4641901 Comércio atacadista de tecidos, artefatos de tecidos e de armarinho (tecidos
de malha para confecção, tecidos)
4641902 Comércio atacadista de tecidos, artefatos de tecidos e de armarinho (artigos
de cama, mesa e banho, lençol, fronha, cobertor, colcha, e similares)
4641903 Comércio atacadista de tecidos, artefatos de tecidos e de armarinho (agulha,
alfinete, botão, zíper, e outros produtos de armarinho, artigos de aviamento e
passamanaria, feltros, entretelas, rendas)
4651601 Comércio atacadista de computadores, periféricos e suprimentos de
informática (assessoria em informática associada à venda de computadores
e periféricos, computadores, equipamentos de informática e periféricos,
impressoras, leitoras ópticas, software)
4641602 Comércio atacadista de computadores, periféricos e suprimentos de
informática (circuitos impressos para uso na informática, disquetes e discos
ópticos, microchips, semicondutores, suprimentos de informática, toner,
cartucho de tinta)
4652400 Comércio atacadista de componentes eletrônicos e equipamentos de tele-
fonia e comunicação (aparelhos radioamadores, centrais de comunicação,
centrais telefônicas, central de comunicação, secretária eletrônica, fax, semi-
condutores)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 50
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(continuação)
Sub-classe Descrição sintética
4662100 Comércio atacadista de máquinas, equipamentos para terraplenagem,
mineração e construção; partes e peças (aparelhos e equipamentos
topográficos, betoneiras de concreto equipamento (exceto caminhões),
lagartas para tratores de uso na construção)
4671100 Comércio atacadista de madeira e produtos derivados (briquete, compensa-
dos, esquadrias, forros e divisórias, madeira para construção, produtos deri-
vados para construção, tacos de madeira para piso)
4672900 Comércio atacadista de ferragens e ferramentas (aço para construção,
chapas de alumínio, cadeados, fechaduras, ferragens e ferramentas, ferro
para construção, materiais sanitários, parafusos, porcas, arruelas, pregos,
telas de arame)
4673700 Comércio atacadista de material elétrico (chuveiros elétricos, condutores
elétricos, fios e cabos, isolador térmico, lâmpadas e material elétrico para
construção)
1311100 Preparação e fiação de fibras de algodão (algodão cardado, penteado, em
pasta, em pluma, fiação, resíduos do beneficiamento)
1312000 Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão (fiação de
cânhamo, beneficiamento de crinas, pelos e cerdas, estopas, fibras e fios de
lã lavada)
1313800 Fiação de fibras artificiais e sintéticas (fibras sintéticas descontínuas cardadas,
penteadas, fios de nylon, filamentos sintéticos, resíduos de fiação de fibras
artificiais ou sintéticas)
1314600 Fabricação de linhas para costurar e bordar (lindas de: algodão, fios artificiais,
lã, linho, seda animal, para costurar, bordar e crochê)
1321900 Tecelagem de fios de algodão (artefatos de tecido de algodão para cama, mesa
e banho, tecidos: algodão para embalagens, algodão tintos e estampados,
atoalhados, rendados, mesclas, tufados, veludos e pelúcias)
1322700 Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão (artefatos de
tecidos e fibras naturais, tecelagem de cânhamo, caroá, lã, cobertores,
mantas, cobertores, fronhas)
9529101* Reparação de calçados, bolsas e artigos de viagem (artigos de viagem, bol-
sas, sapatos, sapateiro, tênis)
9529103* Reparação de calçados, bolsas e artigos de viagem (conserto artigos de
relojoaria, relógios)
9529105* Reparação de calçados, bolsas e artigos de viagem (conserto de armário,
artigos de madeira, artigo de tapeçaria, mobiliário, espalhador, empalhamento
de cadeiras, estofador, toldos)
9529106* Reparação de calçados, bolsas e artigos de viagem (gravação em joias,
reparação de joias)
9529199* Reparação de calçados, bolsas e artigos de viagem (acessórios de vestuário,
afiador de artigos de cutelaria, amolador de artigos de cutelaria, amolador de
facas)
4783101* Comércio varejista de joias e relógios (ourivesaria, joias, metais preciosos,
vitrine)
4781400* Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (chapelaria, enxoval,
lingerie, camisaria, blusa, uniforme)
4753900* Comércio varejista especializado de eletrodomésticos e equipamentos de
áudio e vídeo (amplificador, ar condicionado, om, foto, cine, máquina de
costura, eletrodomésticos, aparelho de rádio)
4751201* Comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de
informática (monitores, peças, impressoras, drives, cartões de memória,
assessoria em ti)
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 51
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
(conclusão)
Sub-classe Descrição sintética
5510801* Hotéis e similares (administração, hotel fazenda, spa, pousada)
5611201* Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebi-
das (a quilo, a peso, churrascaria, self-service, pizzaria, pensão alimentícia)
5611202* Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebi-
das (adega, choperia, bares, cyber café)
5611203* Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas
(caldo de cana, lanchonete, pastelaria, casa de suco, de doces/salgados,
fast-food)
1622699* Fabricação de estruturas de madeira e de artigos de carpintaria para constru-
ção (artigos de carpintaria, escadas, vigas de madeira)
2532201* Produção de artefatos estampados de metal; metalurgia do pó (telhas de zin-
co, baldes, calhas, estamparia de ferro, armação)
4754703* Comércio varejista especializado de móveis, colchoaria e artigos de ilumina-
ção (abajur, luminária, lustres)
8011101* Atividades de vigilância e segurança privada (empresa de segurança, prote-
ção de pessoas, vigilância e segurança, escolta, guarda patrimonial)
8011102* Atividades de vigilância e segurança privada (adestramento de cães de guar-
da)
8020000* Atividades de monitoramento de sistemas de segurança (alarmes de incên-
dio, cofres, trancas, monitoramento, rastreamento de veículos, localizador)
* Código incluído na categorização.
Fonte: próprios autores (2014).
os bens e serviços. Assim, uma cidade-polo terá uma quantidade maior de agentes
consumidores de outros lugares adquirindo tais atividades.
Nesse contexto, identificar a cidade-polo mobilizada pelos recursos públicos
de outras cidades é metodologicamente percebida pela compreensão de dados
contínuos e dados discretos, assim apresentados:25
(1) Valor de recursos financeiros (R$) destinados à cidade nas atividades
nucleares, relacionadas e de apoio,26 realizado pela prefeitura da cidade.
(2) Valor de recursos financeiros (R$) destinados à cidade nas atividades
nucleares, relacionadas e de apoio, realizado pelas demais prefeituras;
(3) Cidade que concentrou uma quantidade significativa de demanda por bens
e serviços (nucleares, relacionados e de apoio) de outras cidades (prefeituras)
– número de cidades.
O esquema a seguir procura representar visualmente a proposta.
26
O valor (R$) nas atividades de apoio só terá uma coerente associação se estiver dentro de uma
proporcionalidade com as atividades relacionadas e nucleares. Dito de outra forma, não é possível perceber
essas três categorias separadamente, em especial a de apoio.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 55
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
O objeto de estudo
27
Esta parte foi realizada com a visita de campo em algumas instituições educacionais e culturais, especialmente
nos municípios de São Luiz Gonzaga, São Miguel das Missões e Santo Ângelo (ações previstas em pesquisas
e registradas na sequência do presente relatório).
Maestri (2006a) indica a Missão de São Nicolau como a primeira, em 1626. Por outro lado, Quevedo (2006)
28
Mas a busca por mão de obra escrava mobilizada pelo mercado de nativos
põe em evidência a presença dos luso-brasileiros denominados de “bandeirantes”,
personagens reconhecidos como “preadores” de índios nas missões jesuíticas
espanholas a partir de 1636. A consequência dessa ação luso-brasileira foi a decisão
dos padres jesuítas em realizar uma grande transmigração dos índios para a margem
ocidental do rio Uruguai, atual território da Argentina. Os jesuítas encontraram na
trégua uma forma de reestruturar seus projetos e por essa ordem houve uma ação
organizada para abandonar as missões existentes, deixando ervais e todo o rebanho
de gado na região do pampa – região da campanha29 (QUEVEDO, 2006). Findava-se,
assim, o primeiro ciclo missioneiro.
O segundo ciclo jesuíta-missioneiro inicia-se nas últimas décadas do século
XVII e configura no Rio Grande do Sul o denominado Sete Povos das Missões. Esta
reconfiguração territorial está marcada pela fundação da colônia do Santíssimo
Sacramento no rio da Prata, em 1680, pelos lusitanos. O interesse luso estava na
busca pelo gado e pela relação comercial na margem oriental do rio da Prata.30 A
medida de contenção espanhola foi encaminhar os jesuítas novamente para o outro
lado do rio Uruguai e fomentar a criação de novas reduções jesuíticas-guaranis no
noroeste do atual território rio-grandense: 1682, São Borja; 1687, São Nicolau, São
Miguel Arcanjo; São Luiz Gonzaga; 1690, São Lourenço Mártir; 1697, São João
Batista; 1707, Santo Ângelo (localização definitiva).
campanha ocidental (Alegrete, Barra do Quaraí, Garruchos, Itaqui, Maçambara, Manoel Viana, Quaraí, São
Borja, São Francisco de Assis e Uruguaiana), campanha central (Rosário do Sul, Santana do Livramento,
Santa Margarida do Sul e São Gabriel) e campanha meridional (Aceguá, Bagé, Dom Pedrito, Hulha Negra e
Lavras do Sul).
“Durante a Unificação Ibérica [1580-1640], os lusitanos desenvolveram rentável atividade comercial na bacia
30
31
Nesse período ocorreram inúmeros conflitos entre argentinos, uruguaios e brasileiros. Nesse ano, o uruguaio
Frutuoso Rivera invade o território missioneiro e ao ser selada a paz nesse mesmo ano, Rivera leva consigo
carretas de objetos preciosos, obras de arte e inúmeros índios missioneiros.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 59
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
32
A partir desse ponto é possível retomar a ideia de região das Missões empreendida pela leitura da Associação
dos Municípios das Missões (AMM). Regionalização empreendida por este estudo.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 60
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
os grupos Guarani não tenham sido totalmente extintos, em grande medida foram
negligenciados na história, assim como o seu legado do período reducional.
Hodiernamente, no entanto, passaram a receber atenção das políticas culturais e
sociais do Estado.
Diante disto, na atual Região das Missões, mesmo com a parca presença étnica
do povo Guarani (missioneiro), “o aspecto missioneiro, enquanto um elemento
histórico e cultural da região, está presente no imaginário coletivo e social da
comunidade” (BAIOTO;QUEVEDO, 2005, p. 52), manifestada por meio das atividades
culturais, religiosas e sociais da população local, carregadas de interpretações que
atribuem a esses elementos históricos e culturais conotações atentas a determinados
interesses sociais. Dito de outra forma, recursivamente utilizada no contexto político
e econômico.
Assim, a diversidade social reconfigurou os traços culturais dos povos da região
missioneira e desenvolveu um processo histórico de afastamentos e aproximações
em torno da cultura jesuítica-Guarani. A produção cultural da região ficou associada
com a relação estabelecida pelos “novos” atores sociais, contextualizados pela
dinâmica econômica, política e até mesmo cultural de cada grupo. O legado cultural
foi reapropriado nas práticas recursivas de agentes e instituições culturais dentro e
fora da região. É essa perspectiva que será tratada a seguir no turismo cultural.
A relação entre produção cultural e a rota turística das Missões deve ser vista,
inicialmente, sob o ponto de vista histórico. Dentro do processo de afastamentos
e apropriações é de se destacar a atuação do Governo Getúlio Vargas. Getúlio
fundamenta uma política cultural com a atuação da Secretaria do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional - SPHAN, traduzida no desenvolvimento simbólico como um
elemento estratégico.33 Nesses moldes o patrimônio é visto como um elemento
formador da identidade nacional. A SPHAN surgiu com o propósito de promover
o tombamento, a conservação, o enriquecimento e o conhecimento do patrimônio
nacional (CALABRE, 2009). Havia em sua criação os desafios de chamar a atenção
e fomentar a participação da população no campo da preservação cultural. Dessa
forma, as ruínas de São Miguel das Missões foram reposicionadas e valorizadas em
termos políticos, o que acabou incidindo em termos sociais pela população local e
regional.
Entretanto, há um segundo grande momento da atuação do governo federal,
ainda sob a tutela do patrimônio histórico e artístico, na região das Missões. Trata-
se da década de 70 e da situação política e econômica vivida no Brasil. Da euforia
O primeiro momento do governo Vargas corresponde aos períodos de 1930 a 1934 (Chefe do Governo
33
Provisório), de 1934 a 1937 (Constitucional) e de 1937 a 1945 (Estado Novo). O segundo, corresponde à sua
reeleição (1951 a 1954).
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 61
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
pelo “milagre econômico” até a derrota nas eleições de 1974 o governo militar,
especialmente nos períodos de Ernesto Geisel (1974–1979) e João Figueiredo
(1979–1985), sofreu uma crise de legitimidade que exigiu a contrapartida da criação
de políticas públicas abrangentes e eficazes. Nesse contexto se insere a experiência
do Centro Nacional de Referência Cultural – CNRC, “embrião da nova política de
preservação cultural do Estado” (FALCÃO, 1984, p. 31). O Centro foi criado em 1975
por Aloísio Magalhães e trazia na sua concepção o propósito de rever as relações
entre Estado e cultura, especialmente com as mudanças no conceito de patrimônio
cultural, a abertura da cultura para as representações populares e a descentralização
das políticas culturais.
Dentro do contexto desenvolvimentista da época, Aloísio Magalhães entendia
que o Brasil estava numa posição importante entre o mundo da tecnologia e da
indústria e o mundo do fazer artesanal. No projeto do CNRC buscava-se cruzar o
mundo das modernas tecnologias para recuperar e proteger o mundo das raízes
autênticas da nacionalidade (FONSECA, 2001).
No tocante ao patrimônio material, o trabalho desenvolvido pela SPHAN derivou
de uma postura patrimonial voltada para a restauração de monumentos de “pedra e
cal” e de obras de arte do passado (MICELI, 1984). Vale dizer, uma área da produção
cultural na qual o mercado – muito interessado nos meios de comunicação de massa
no contexto urbano-industrial34 – não atuava e que fazia do Estado a mão visível de
fomento e manutenção. Aliás, é nesse contexto que se estabelecem as bases para o
Plano Nacional de Cultura – PNC – de 1975. O PNC procurou enfocar a preservação
dos bens de valor cultural, numa alusão ao que era autêntico em detrimento ao que
era produto da indústria cultural.
Mas a questão do patrimônio material também respondia por outra preocupação
política: o desenvolvimento urbano. Entre a urbanização acelerada e o abandono de
algumas cidades estava o patrimônio cultural. Portanto, era preciso uma revalidação
dos patrimônios históricos regionais em busca de um sincretismo nacional. Uma das
soluções foi associar essa atividade com o investimento em turismo cultural, mas,
sem experiência na área, a saída do governo foi pedir apoio à UNESCO (CALABRE,
2009). Dessa forma, o governo planejou o desenvolvimento com a articulação entre
o patrimônio, a população local e regional e as atividades econômicas possíveis de
serem criadas e ampliadas a partir do turismo cultural.35
Dessa forma, pode-se dizer que desse período em diante a questão
turística passou a ser instituída nos discursos e em algumas práticas de agentes,
organizações e instituições regionais. Uma dessas ações efetivas foi a formação
O Brasil se enquadrava, dessa forma, nas práticas políticas conhecidas como modernização conservadora.
34
Destaque para o forte empreendedorismo no campo da indústria fonográfica, televisiva e editorial (CALABRE,
2009).
35
Todo o trabalho desenvolvido enquanto política cultural nas ruínas de São Miguel vai ser consolidado em 1983.
No dia 06 de dezembro daquele ano, em Florença, Itália, a plenária anual do Comitê do Patrimônio Mundial
da UNESCO reconhece as ruínas de São Miguel das Missões como Patrimônio Mundial da Humanidade.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 62
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Resultado da análise
Giruá 334.846,82 34.500.767,47 0,97 262.542,11 37.178.098,18 0,71 272.419,80 38.865.170,97 0,70
Guarani das
73.232,03 13.373.279,13 0,55 64.236,43 15.465.109,64 0,42 66.039,34 17.188.402,82 0,38
Missões
Itacurubi 28.324,42 10.844.515,35 0,26 23.057,49 10.334.559,99 0,22 28.538,95 11.155.198,87 0,26
Mato Queimado 194.644,21 7.260.141,62 2,68 216.641,41 8.293.404,58 2,61 141.354,14 8.403.942,60 1,68
Pirapó 29.672,84 8.178.836,68 0,36 15.000 8.682.101,72 0,17 30.250 9.497.369,44 0,32
Roque Gonzales 151.152,71 12.707.097,31 1,19 122.584,08 16.171.186,09 0,76 108.402,62 14.846.064,81 0,73
Salvador das
51.987,03 10.156.922,71 0,51 51.212,61 10.064.125,64 0,51 11.348,20 10.445.345,06 0,11
Missões
Santo Ângelo 1.006.254,55 96.717.780,90 1,04 1.029.395,26 110.731.500,82 0,93 755.694,39 116.313.292,33 0,65
Santo Antônio das
22.149,37 19.392.549,17 0,11 6.314,31 22.076.957,18 0,03 14.970,02 23.598.581,51 0,06
Missões
São Borja 542.511,95 85.937.454,90 0,63 661.185,17 115.609.724,41 0,57 558.664,06 113.616.998,50 0,49
São Nicolau 60.904,27 11.493.129,91 0,53 10.913,88 12.401.208,03 0,09 4.180 12.537.885,35 0,03
São Paulo das
35.698,77 11.792.151,72 0,30 24.145,53 14.178.942,37 0,17 20.605,20 13.730.840,57 0,15
Missões
São Pedro do Butiá 164.816,78 8.403.405,84 1,96 159.941,80 10.110.295,95 1,58 205.004,54 10.741.124,15 1,91
São Luiz Gonzaga 405.676,26 45.948.562,83 0,88 396.516,12 50.903.356,46 0,78 428.791,74 52.714.134,46 0,81
São Miguel das
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS
Figura 6 – Gráfico gasto total e gasto cultura “Rota Missões” (2011 a 2013)
A bem da verdade, o Plano Plurianual (e a própria Lei de Diretrizes Orçamentária) estabelecido em cada
36
município contempla o primeiro ano da gestão seguinte. Mesmo assim, sabe-se que isso não é, via de regra,
um impeditivo para ampliar ou reduzir os gastos nas funções orçamentárias da prefeitura.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 66
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Figura 7 – Gráfico gastos cultura municípios “Rota Missões” (%) (2012 e 2013)
Os municípios de Rolador e Porto Xavier não contabilizaram despesas em cultura em 2012 e 2013.
37
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 67
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Em que pese esta variação negativa por município percebe-se que a troca de
administração pública impactou nas políticas culturais das prefeituras. Essa reflexão
aliada com a queda dos valores absolutos (e propriamente os valores que são
aplicados em cultura) levam a constatação de que a região possui uma discrepância
entre a oferta e presença da dimensão simbólica da cultura e o real investimento
financeiro-material em termos de políticas públicas no setor.
O estudo dos recursos à cultura na região das Missões, assim, foi marcado pelo
reconhecimento de que os gastos em cultura não ultrapassaram mais do que três
milhões de reais como soma total da região (em 2012 foram gastos R$3.661.782,39
e em 2013 R$3.237.421,37). Com esses valores é que o estudo prosseguiu com a
análise do dispêndio público em cultura.
O segundo ponto foi perceber se os recursos foram destinados para pessoas
físicas ou jurídicas. Em outros termos, o gasto foi para a contratação de serviço ou
a aquisição de bens que estão disponíveis pelas empresas (CNPJ) ou por pessoas
físicas (CPF). Acredita-se que nesse ponto já é possível perceber o perfil do gasto
público e como isso se traduz nas políticas culturais aplicadas pelas prefeituras da
região.
Ao utilizar os dados de 2012 e 2013 notou-se que não houve diferenças
significativas nas amostras. O gráfico abaixo apresenta o gasto em CNPJ e CPF.38
Figura 8 - Gráfico gastos em CNPJ e CPF municípios Missões (%)
(2012 e 2013)
38
Consta no gráfico a presença do item “Não categorizados”. Este item surgiu a partir da constatação do não
enquadramento de alguns elementos como previdência social, fundos municipais e outros encargos.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 68
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Há uma pequena diferença para a destinação de recursos aos CPFs nos dois
anos em tela. Aqui se destaca a destinação dos recursos à folha de pagamento dos
servidores enquadrados na cultura,39 assim como para pagamentos de diárias de
deslocamento para estes mesmo servidores. Por outro lado, uma fatia de recursos
atribuída ao cadastro de pessoa física está ligada ao tipo de atividade cultural
desenvolvida pelas prefeituras. A partir da análise qualitativa, através da leitura dos
empenhos e das entrevistas com os gestores municipais, notou-se que o significativo
percentual às pessoas físicas também está relacionado com as festividades, festas,
festivais promovidos pelas prefeituras. Explica-se: não é possível mensurar o quanto
isso está atrelado, mas a realização de eventos como festivais de música em Santo
Ângelo (Canto Missioneiro da música nativa) contemplam a premiação aos artistas,
o que justifica alguns empenhos no CPF. No entanto, frisa-se que o significativo
percentual em pessoas físicas apontam um alto custo na manutenção do pessoal à
serviço da cultura nos municípios, dado importante que cabe outros estudos a partir
dos dados disponíveis.
Vale dizer que a maioria dos municípios conta com a cultura ligada à outra pasta administrativa. Assim, não
39
há como, por exemplo, definir pelos recursos os servidores públicos da educação que atuam na cultura, já
que ambos podem estar lotados somente na educação. Ainda, vale dizer, também, que há municípios que
prevalecem com o gasto centrado somente no pagamento da folha dos servidores públicos.
A partir desse ponto optou-se pela utilização dos dados de 2013 para a definição do perfil dos gastos. Tal
40
medida se justifica pela posição similar encontrada para o ano de 2012. Mesmo considerando a troca de
administrações, as variações desses índices foram as mesmas para os pontos que se pretende apresentar.
De qualquer forma, o anexo do relatório apresenta todas as informações, assim como gráficos que elucidam
a escolha.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 69
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
esse gasto acaba por mostrar qual o tipo de manifestação cultural recebe os maiores
investimentos públicos.
Dessa forma, trabalhando somente com os CNPJs enquadrados na categorização
da cadeia produtiva (nucleares e relacionadas) e das categorias culturais tem-se o
perfil do gasto público por atividade cultural para a Região das Missões. Importa
dizer que do montante gasto em 2013 (R$3.237.421,37) o enquadramento dessas
atividades nucleares/relacionadas com as categorias culturais representou 18,6%.
que não existam atividades nesse campo. As atividades existem mas o que mobiliza
são recursos em bens e serviços que estão relacionados a ele. Assim como o campo
das expressões culturais, a prefeitura não compra uma tela de um artista plástico,
mas pode dar apoio na sua produção.
Portanto, a metodologia empregada procurou caracterizar o perfil da região
para os gastos em cultura, tendo como fim último demonstrar como são aplicados
os recursos e qual a atividade cultural mais mobilizada enquanto política pública. A
região das Missões, nesse sentido, tende a mobilizar atividades culturais no campo
das artes de espetáculo. Isso está posto desde os indícios apresentados com o CPF
e mais salientes com a categorização a partir dos campos culturais.
Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em TCE (2014) e Receita Federal (2014). 1.
Dezesseis de Novembro; 2. São Pedro do Butiá; 3. Salvador das Missões; 4. Cerro Largo;
5. Mato Queimado; 6. Sete de Setembro; 7. São Paulo das Missões; 8. Roque Gonzales; 9.
Guarani das Missões; 10. Vitória das Missões.
Ainda com relação ao CNPJ houve a categorização em (iv) transferências governamentais e (v) apoio II.
41
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 73
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em TCE (2014) e Receita Federal (2014). 1.
Dezesseis de Novembro; 2. São Pedro do Butiá; 3. Salvador das Missões; 4. Cerro Largo;
5. Mato Queimado; 6. Sete de Setembro; 7. São Paulo das Missões; 8. Roque Gonzales; 9.
Guarani das Missões; 10. Vitória das Missões.
atividades nucleares é São Borja não empenhar bens e serviços de outros municípios
da região e não ser procurado por nenhum. Há aqui um indício de pouco diálogo
regional entre São Borja e o restante da região.
Já as atividades de apoio acabam por destacar que a pouca especialização
dessas atividades viabiliza a realização do gasto público dentro do próprio município.
Como é possível perceber no mapa abaixo, somente São Luiz Gonzaga e Santo
Ângelo tiveram deslocamentos regionais de outras prefeituras para esse tipo de
atividade.
Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em TCE (2014) e Receita Federal (2014). 1.
Dezesseis de Novembro; 2. São Pedro do Butiá; 3. Salvador das Missões; 4. Cerro Largo;
5. Mato Queimado; 6. Sete de Setembro; 7. São Paulo das Missões; 8. Roque Gonzales; 9.
Guarani das Missões; 10. Vitória das Missões.
Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em TCE (2014) e Receita Federal (2014). 1.
Dezesseis de Novembro; 2. São Pedro do Butiá; 3. Salvador das Missões; 4. Cerro Largo;
5. Mato Queimado; 6. Sete de Setembro; 7. São Paulo das Missões; 8. Roque Gonzales; 9.
Guarani das Missões; 10. Vitória das Missões.
Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em TCE (2014) e Receita Federal (2014). 1.
Dezesseis de Novembro; 2. São Pedro do Butiá; 3. Salvador das Missões; 4. Cerro Largo;
5. Mato Queimado; 6. Sete de Setembro; 7. São Paulo das Missões; 8. Roque Gonzales; 9.
Guarani das Missões; 10. Vitória das Missões.
Por fim, entre os gastos realizados pelos municípios em atividades de apoio fora
da região, novamente destaca-se Santa Rosa como principal destino. Ao todo cinco
prefeituras buscaram o município. No entanto, seguiu-se a tendência de dinâmica
territorial dos gastos em atividades relacionadas com os de apoio: permaneceram na
região e/ou nos próprios municípios.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 77
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em TCE (2014) e Receita Federal (2014). 1.
Dezesseis de Novembro; 2. São Pedro do Butiá; 3. Salvador das Missões; 4. Cerro Largo;
5. Mato Queimado; 6. Sete de Setembro; 7. São Paulo das Missões; 8. Roque Gonzales; 9.
Guarani das Missões; 10. Vitória das Missões.
A leitura dos mapas e a correlação entre os gastos e os municípios dão as
diretrizes para o reconhecimento das cidades-polo de bens e serviços culturais. O
tópico a seguir procura apresentar esses elementos em correlação com os dados
disponíveis na pesquisa.
pela prefeitura dessa mesma cidade; (2) o valor de recursos financeiros (R$)
destinados à cidade nas atividades nucleares, relacionadas e de apoio, realizado
pelas demais prefeituras; e (3) a cidade que concentrou uma quantidade significativa
de demanda por bens e serviços (nucleares, relacionados e de apoio) de outras
cidades (prefeituras) – número de cidades.
Esses três indicadores, mesmo não estabelecendo um peso para cada um ao se
fazer a análise, foram reunidos para uma reflexão e apontamento de qual município
seria indicado como uma cidade-polo de bens e serviços culturais. Vale dizer que
esta proposta foi um exercício aproximativo a partir dos dados disponíveis com a
pesquisa.
Por outro lado, é preciso apontar que a análise empírica se deparou com um pífio
montante de recursos financeiros destinados à cultura pelos municípios da região.
Basta recordar que em 2013 o valor ficou em R$3.237.421,37 e que deste, somente
26% estavam na cadeia produtiva da cultura (nuclear, relacionada e de apoio).
Montante que correspondeu a menos de um milhão de reais em 2013. Ao recordar
que a pesquisa buscava responder qual o papel das prefeituras na alavancagem de
um arranjo produtivo da cultura regional, os apontamentos até aqui apresentados
mostram uma tímida atuação das prefeituras como propulsoras da cadeia produtiva
da cultura. Recorre-se a uma sentença já mencionada no estudo: a especialização
produtiva da região das Missões, mesmo com um potencial turístico cultural, se dá
mais por uma dimensão simbólica do que por uma intervenção “material” efetiva
das prefeituras da região. No entanto, não se descarta que as ações das prefeituras
dão indícios de uma cadeia produtiva e apontam agentes econômicos estabelecidos
nessa cadeia que podem ser mencionados espacialmente. Dito de outra forma, os
gastos convergem para uma reflexão da cadeia produtiva da cultura e, mais ainda,
indicam para locais que concentram essas atividades (em termos de valores e de
quantidades de prefeituras demandantes de bens e serviços).42
Eis que por essa ordem foi possível ler qual cidade tem propensão de ser
reconhecida como cidade-polo. O quadro a seguir apresenta o percentual de recursos
concentrado nos municípios da região através do gasto realizado pela sua e pelas
demais prefeituras, assim como o número de município/prefeituras que procuraram
bens e serviços em cada cidade nas atividades nucleares, relacionadas e de apoio.43
A ampliação da pesquisa para todo o Rio Grande do Sul permitirá uma compreensão das cidades-polo a
42
partir da categorização dos segmentos culturais, tal como apresentado no tópico anterior (“Deslocamento
territorial dos gastos”).
43
O percentual não fechará em 100% por conta da retirada de municípios com valores menos expressivos. Além
disso, há municípios que não são da região e que foram dispostos em outro quadro.
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 79
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
Sul), pois pode ser que essa expressividade se disperse em valores e prefeituras
demandantes.
Considerações
Principais apontamentos
Por fim, ao dispor esses dados para o lugar de origem das empresas tem-se
o deslocamento territorial dos gastos públicos em cultura que deram indicadores
para a configuração da cidade polo. Assim, foi possível inferir que, considerando os
três pontos de reconhecimento (valor de recursos financeiros destinados à cidade
realizada pela prefeitura da cidade; valor de recursos financeiros destinados à cidade
pelas demais prefeituras; e cidade que concentrou uma quantidade significativa de
demanda por bens e serviços de outras cidades/prefeituras – número de cidades),
a cidade de Santo Ângelo se destaca como uma cidade polo regional no âmbito da
cultura. Vale dizer, uma força potencial tendo em vista o parco recurso despendido
pelas prefeituras da região em cultura.
A pesquisa pode ser vista como um modelo para futuras ações na elaboração
de indicadores que contribuam para as políticas públicas, especialmente municipais.
Assim, a pesquisa aponta para a possibilidade de se criar uma proposta de análise
das políticas culturais dos municípios, através da leitura dos gastos realizados pela
prefeitura. Como é possível perceber com os resultados ela servirá de apoio para
gestores municipais da cultura (assim como para a própria população perceber
os investimentos municipais no setor). Por outro lado, a apresentação dos dados
potencialmente seria adequada para o entendimento da cadeia produtiva da cultura,
inclusive com a possibilidade de mapeamento das empresas. Isso, especialmente
para o estado do Rio Grande do Sul que dispõe do sistema de apresentação de
dados do Tribunal de Contas.
Há a possibilidade de agregar transparência pública com indicadores culturais
(dados abertos voltados ao controle social), procurando organizar as informações
que apoiem processos de gestão competentes e transparentes. Salienta-se, no
entanto, que não era este o foco central do estudo. O recorte espacial e o tempo de
execução da pesquisa não possibilitaram um adensamento da proposta e, por essa
ordem, há uma significativa diferença na análise de 26 municípios da região e 496 de
todo o Rio Grande do Sul.
Referências
Educação & Realidade. Porto Alegre: Ufrgs/faced, v. 22, n.2, jul/dez, 1997, p. 15-
46.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE. Atlas das
representações literárias de regiões brasileiras. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.
_______. Sistema de Informações e Indicadores Culturais (2007-2010). Rio de Janeiro:
IBGE, 2013.
LANGER, Protasio Paulo. Projetos civilizatórios e sobrevivência étnica: os guarani-
missioneiros. In: BOEIRA, Nelson; GOLIN, Tau. (Coord.). História Geral do Rio Grande
do Sul – colônia. Passo Fundo: Méritos, 2006.
LEITÃO, Cláudia. Cultura e municipalização. Salvador: Fundação Pedro Calmon,
2009.
LIMA, Sema Maria Santiago. Polos criativos: um estudo sobre os pequenos territórios
criativos brasileiros. Brasília: MinC, 2012.
MAESTRI, Mário. Uma história do Rio Grande do Sul: a ocupação do território. Passo
Fundo: UPF Editora, 2006a.
_______. Os sete povos missioneiros: das fazendas coletivas ao latifúndio pastoril Rio-
Grandense. Revista Espaço Acadêmico, n. 58, 2006b [online]. Disponível em: <http://
www.espacoacademico.com.br/058/58maestri.htm>. Acesso em: 22 jan. 2013.
MARSHALL, Alfred. Princípios de economia: tratado introdutório. São Paulo: Abril
Cultural, 1982.
MATOS, Aécio Gomes de (Org.). Pra que serve a universidade pública? Recife: Editora
Universitária da UFPE, 2013.
MAURER, Rodrigo Ferreira; COLVERO, Ronaldo Bernardino. As possibilidades na
análise das fontes: a redução de São Francisco de Borja a partir do Inventário de
Bruno de Zavala. In: NASCIMENTO, Anna Olívia; OLIVEIRA, Maria Ivone. Bens e
riquezas das Missões. Porto Alegre: Martins Livreiro, 2008.
MICELI, Sérgio. Teoria e prática da política cultural oficial no Brasil. In: MICELI, Sérgio
(Org.). Estado e cultura no Brasil. São Paulo: Difusão Editorial, 1984. 97-112p.
MINISTÉRIO DA CULTURA. Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas,
diretrizes e ações, 2011 – 2014. Brasília: Secretaria da Economia Criativa, 2011.
MINISTÉRIO DO INTERIOR. Uma política de desenvolvimento econômico para o
nordeste. 2. ed. Recife: SUDENE, 1967.
OLIVEIRA, Victor da Silva; MARTINS, Tiago Costa; SILVA, Marcela Guimarães e. Análise
territorial da Política de Economia Criativa: repercussões sobre o desenvolvimento. In: IV
COLÓQUIO SOCIEDADE, POLÍTICAS PÚBLICAS, CULTURA E DESENVOLVIMENTO,
Crato, 2014. Anais... Crato: Universidade Regional do Cariri, 2014.
PADILHA, Paulo Roberto Paim; TRENTIN, Iran Carlos. Reconstituição sócio-
econômica da Região das Missões/RS. Disponível em: <http://www.nhecuanos.com.
br >. Acesso em: 10 ago. 2014.
PAIVA, Carlos Águedo Nagel. Aglomerações, arranjos e sistemas produtivos locais:
o que são, como se diferenciam e quais as políticas mais adequadas ao seu
desenvolvimento? Santa Cruz do Sul: PPGDR/UNISC, 2004a.
_______. Como identificar e mobilizar o potencial de desenvolvimento endógeno de
POLÍTICA E ECONOMIA DA CULTURA A PARTIR DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS 87
Tiago Costa Martins, Victor da Silva Oliveira
TOLILA, Paul. Cultura e economia: problemas, hipóteses, pistas. São Paulo: Iluminuras/
Itaú Cultural, 2007.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Controle social.
Disponível em: <http://www.tce.rs.gov.br>. Acesso em: 06 março 2013.
CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O COMÉRCIO O DESENVOLVIMENTO
– Unctad. Relatório de Economia Criativa - Economia Criativa: uma opção de
desenvolvimento viável. São Paulo: MinC/Itaú Cultural, 2010.
VALIATI, Leandro. Indústria criativa no Rio Grande do Sul: síntese teórica e evidências
empíricas. Porto Alegre: FEE, 2013.
VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Introdução à economia. São Paulo: Saraiva,
2012.
WILLIAMS, Raymond. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
YÚDICE, George. A conveniência da cultura: usos da cultura na era global. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
SEGUNDA PARTE
Daiane Gampert
Marcela Guimarães e Silva
Tiago Costa Martins
Introdução
As categorias para análise dos gastos com CPFs, efetuados pelas prefeituras
dos municípios da região investigada, seguiram a proposta da pesquisa inicial,
que compreende a economia no setor criativo por meio de três principais campos:
atividades nucleares; atividades relacionadas; e atividades de apoio.
Dessa forma, primeiramente foram observados os dados referentes à alocação
dos recursos públicos em cultura por meio de pagamento de despesas com CPFs
nas categorias que constituem as atividades nucleares e atividades relacionadas e
de apoio, ou seja: atividades no campo do patrimônio; no campo das expressões
culturais; no campo das artes de espetáculo; no campo do audiovisual e do livro, da
leitura e da literatura; no campo das criações funcionais e atividades de apoio.
Posteriormente, realizou-se a análise dos recursos pagos a CPFs distribuídos
entre os gêneros masculino e feminino, como apresentado a seguir.
Resultados
Atividades Atividades
Domínios Primários %
Nucleares Relacionadas
museus / espaços
No campo do
1 e centros culturais, 0,8
patrimônio
galerias de arte
artes cênicas 2,5
música 41,8
No campo das artes
3 dança 2,5
do espetáculo
festivais, festividades
6,2
e feiras
No campo do
audiovisual e do livro – feira de livro –
4 7,0
livro, da leitura e da biblioteca
literatura
apoio administrativo
6 Apoio 38,8
e outros gastos
Fonte: próprios autores (2014).
A DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS PARA CULTURA A PARTIR DOS CADASTROS DE PESSOA FÍSICA 92
Daiane Gampert, Marcela Guimarães e Silva, Tiago Costa Martins
gasto com as atividades de apoio como descritas acima, reflete o pouco interesse
dos gestores públicos por investir nos demais setores criativos e culturais, ainda
que os mesmos possam gerar impacto na economia dos municípios. Ao mesmo
tempo em que demonstra a fragilidade dos municípios que, ao criar uma secretaria,
departamento ou coordenadoria, por disporem de poucos recursos para investir nas
atividades nucleares e relacionadas, acaba por destinar os recursos, alocados na
cultura, apenas para a manutenção desses setores públicos.
Já no ano de 2013 foram investidos entre as atividades nucleares - atividades
relacionadas, o valor total de R$ 293.259,28, pelos 27 municípios investigados. Este
valor encontra-se distribuído entre as atividades dos setores criativos e culturais como
apresentado a seguir.
Atividades
Domínios Primários Atividades Relacionadas %
Nucleares
No campo do museus / espaços e centros
1 0,10
patrimônio culturais, galerias de arte
música 67,2
No campo das artes
3 dança 2,3
do espetáculo
festivais, festividades e feiras 10,9
No campo do
audiovisual e do
4 livro – feira de livro – biblioteca 1,8
livro, da leitura e da
literatura
apoio administrativo e outros
6 Apoio 17,6
gastos
Observa-se que no ano em questão, assim como em 2012, os maiores
investimentos foram no campo das artes do espetáculo. Os percentuais acima
demonstram que por meio do repasse a CPFs a música recebeu 67,2% (R$ 197.070,
23) do total destinado à cultura pelos 27 municípios da “Rota Missões”. A partir destes
dados, observa-se que os recursos pagos a CPFs pelas prefeituras em atividades
culturais foram concentrados quase que exclusivamente nas atividades no campo
das artes do espetáculo, mais precisamente, nas atividades ligadas à música.
Ainda na análise dos gastos com as atividades na área da música em 2013,
constata-se que os recursos foram destinados para o pagamento de CPFs executores
de atividades como: aulas de música nas escolas públicas dos municípios, pagamento
de premiações de festivais de música e contratação de shows.
O município de São Borja foi, dentre os 27 municípios, o que mais transferiu
recursos para CPFs em atividades na área da música. Do valor total pago a CPFs, pelos
A DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS PARA CULTURA A PARTIR DOS CADASTROS DE PESSOA FÍSICA 94
Daiane Gampert, Marcela Guimarães e Silva, Tiago Costa Martins
Na análise dos CPFs por gênero, constatou-se que o gênero masculino recebeu
recursos das prefeituras referente ao pagamento de: premiações em festivais; de
instrutores de música para as escolas públicas; serviços de filmagem, fotografia e
sonorização para eventos; e de diárias, transporte e folha de pagamento, no caso
A DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS PARA CULTURA A PARTIR DOS CADASTROS DE PESSOA FÍSICA 96
Daiane Gampert, Marcela Guimarães e Silva, Tiago Costa Martins
dos próprios gestores públicos. Sendo esta distribuição desiquilibrada, pois como já
foi apresentado anteriormente, as atividades no campo das artes do espetáculo e de
apoio – concentram o maior percentual de recursos.
Já com relação aos gastos dos municípios com os CPFs do gênero feminino
constatou-se que os mesmos são referentes ao pagamento de: serviços de salão
de beleza (cabelo, maquiagem e manicure); confecção de suvenires e artesanatos
temáticos dos municípios; serviços de sonorização e decoração para eventos;
confecção têxtil de uniformes e acessórios; e de diárias, transporte e folha de
pagamento, no caso dos próprios gestores públicos. Entretanto, na análise dos
dados referentes aos CPFs do gênero feminino são discrepantes os gastos com as
atividades de apoio em relação às demais atividades.
Na comparação quanto à distribuição de recursos entre os gêneros, o que se
constata é que há uma equivalência entre os mesmos, nos 27 municípios investigados,
devido aos valores pagos a CPFs do gênero feminino concentrados nas atividades
de apoio. E que este equilíbrio resulta dos gastos de alguns municípios como São
Borja, que investiu 83% do total destinado para a cultura no município no ano de
2012, para o pagamento de despesas com CPFs do gênero feminino nas atividades
de apoio. Assim como São Luiz Gonzaga, que no ano de 2013, destinou 91% do valor
investido em cultura para o pagamento de despesas com CPFs do gênero feminino
nas atividades de apoio.
Com isso, observa-se que o equilíbrio da distribuição dos recursos entre os
gêneros constitui-se da concentração de recursos em duas principais atividades,
ou seja, gastos dos municípios com CPFs do gênero masculino nas atividades do
campo das artes do espetáculo, mais especificamente na área da música, e gastos
dos municípios com CPFs do gênero feminino nas atividades de apoio.
Considerações finais
Referências
Introdução
Estado brasileiro é responsável por mais da metade dos recursos públicos, sendo
o principal ente na materialização de projetos visando a transformação espacial,
ou seja, é imprescindível reconhecê-lo como elemento fundamental nas análises
espaciais de aplicação de recursos e projetos de desenvolvimento independente do
setor, entre estes o cultural.
Como exemplo, podemos citar uma problemática de deficiência de capacitação
técnica para aplicação de conhecimento adquirido em determinado APL. É comum
haver uma fragilidade técnica em espaços locais, especialmente os distantes dos
grandes centros urbanos no Brasil. Uma política educacional de capacitação técnica
extrapolaria os limites do local em que a decisão de enfrentar essa problemática
aproxima-se das escalas estaduais, e quiçá nacionais, devido à envergadura de tal
questão.
Ao somar a essa problemática a questão escalar, Brandão (2010) acrescenta
mais complexidade, uma vez que estas são inexatas e dinâmicas, resultados de
processos sociais onde a vida ocorre, e não um mero produto cartográfico dado,
mas um elemento de análise e ação que carrega simbolismo e decisões de poder.
O processo de delimitação de uma região perpassa pela definição de critérios
que apontaram, dialeticamente, a homogeneidade – mesmo que simplificada – e
a heterogeneidade. Homogeneidade, pois, a partir das variáveis consideradas,
sejam elas econômicas, sociais, ambientais, enfim, serão buscados padrões de
comportamento que delimitam determinado território como homogêneo, mesmo
havendo clareza da simplificação decorrente do fato de regionalizar.
Heterogeneidade, pois, ao definir uma porção do território com padrões comuns,
diferencia-se este de outros, ou seja, a regionalização se faz da especificidade e da
distinção. Assumindo que o processo de regionalização decorre a partir da definição
de variáveis, denota-se a existência de regiões possuírem inúmeras diferenças
internas, assim como responderem a problemas distintos, sendo estas muitas vezes
apenas recortes analíticos.
Contudo, a região não é apenas um produto analítico, possui vida, é produto
da intensificação cada vez maior das relações inter-regional e intrarregional, cabendo
ao pesquisador e, sobretudo, ao gestor público que se propõem a gerir uma ação
regional, ter claro os limites e desafios de abordar a realidade a partir de determinados
critérios de regionalização.
Em contrapartida, ao trabalhar-se o processo de regionalização duas
oportunidades surgem. A primeira, de realizar uma crítica às regionalizações
praticadas. Sempre que a articulação de variáveis ainda não utilizadas com a intenção
de possibilitar uma análise regional surge, novas regionalizações aparecem. Tomando
por exemplo a pesquisa realizada e analisada na primeira parte deste livro, ao expandir
a sistematização dos dados para uma escala estadual, surge a possibilidade de uma
DESLOCAMENTOS TERRITORIAIS DOS GASTOS PÚBLICOS EM CULTURA 102
Caroline Fernandes da Silva, Victor da Silva Oliveira
Conclusões
Referências
Introdução
segmento cultural. Por outro lado, também ficou visível que a gestão estatal e a
consequente atuação mercadológica conflita-se com as demandas e reivindicações
das minorias culturais, aflorando, assim, um processo que oportuniza a geração de
processos sociais e de políticas públicas interligadas às complexas formas, redes e
conexões econômicas possíveis, é claro, desde o território missioneiro.
O consumo tem se tornado referência àquilo que nos identifica e que nos
distingue, tornando-se, assim, um campo de pertencimento e de distinção social
(CANCLINI, 2001). Isto tem causado amplas transformações nas culturas, sobretudo
as locais, onde o exercício da cidadania correspondia a práticas de solidariedade
dinamizadas em ambientes associativos, comunitários, etc.. Os consumidores,
destaca Portilho (2005, p. 164), “são os principais atores da mudança social”,
demandando, assim, novos tipos de produtos ou de serviços adequados a um estilo
de vida menos politizado (LIPOVETSKY, 2011).
No mesmo âmbito, a produção e o consumo cultural são orientados pela
homogeneidade dos bens de consumo fartamente introduzidos pelos mercados
1
Capitalismo flexível corresponde ao novo curso da propriedade dos meios de produção, que se encontram
dispersos ou parcialmente separados de um domínico puramente industrial, manufaturista ou operário.
Este capitalismo flexível também corresponde a setores sociais compreendidos em empresas de prestação
de serviços, mais localizadas e que atribuem ao Estado (município) uma função necessária, de parceria,
portanto, positiva (HARVEY, 1989).
A CIDADANIA CULTURAL NA PERSPECTIVA DA ECONOMIA DA CULTURA E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 110
Evandro Guindani, Joel Felipe Guindani
própria cultura um recurso. Recurso não em si, mas que projeta e interfere em outras
estruturas sociais, simbólicas e econômicas.
Por outro lado, o novo protagonismo que a cultura assume - devido os novos
desenhos do capitalismo contemporâneo -, também se deve às reconfigurações
dos modos de produção e de consumo de bens simbólicos, como, por exemplo, as
músicas produzidas por sujeitos situados nas periferias de uma cidade e consumidas
por outros sujeitos nos grandes centros urbanos.
Consideram-se nessa reflexão, a sujeição de grupos, coletivos e produtores
culturais ao imperativo comercial das grandes “empresas da cultura” (CANCLINI,
2001). A cultura, enquanto produção subjetiva e também social é submetida, cada vez
mais, às lógicas da oferta e da demanda, reforçando, assim, seus aspectos utilitarista,
instrumental, massivo-espetacular e lucrativo. De acordo com Yúdice (2006, p. 27)
Ser cidadão não tem que ver apenas com os direitos reconhecidos
pelos aparatos estatais de um território, se não também com as práticas
2
O espetáculo segundo Guy Debord é o estágio simbólico contemporâneo, onde “aquilo que era vivido
diretamente tornou-se representação” (1997, p. 13), ou seja, simulação e encenação. A cultura torna-se
objeto total do capitalismo. Este, por sua vez toma a cultura como elemento ideológico de dominação.
A CIDADANIA CULTURAL NA PERSPECTIVA DA ECONOMIA DA CULTURA E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 114
Evandro Guindani, Joel Felipe Guindani
Considerações finais
De modo sintético, a pesquisa de Martins (2015) nos leva a deduzir que o Estado
é um forte regulador e concessor dos recursos à cultura e que a região missioneira se
apresenta como um potencial contexto econômico-cultural, com vistas à diversidade.
Por este caminho, é importante que as políticas públicas culturais compreendam
mais investimentos econômicos na profissionalização de novos produtores e agentes
culturais.
Trata-se de uma tendência das políticas públicas não virem a ceder tanto espaço
ao campo do espetáculo, mas à profissionalização da cultura pelo viés formativo,
pedagógico, que permita, assim, novas formas de incentivo e de oportunidades aos
futuros e atuais protagonistas da cultura missioneira.
Referências
Para iniciar nosso estudo, se faz importante destacar que o patrimônio, seja
ele material ou imaterial, pode ser interpretado de diversas formas, uma delas pode
ser como um veículo de democratização da cultura. Esse processo se dá por meio
do contexto ao qual este está inserido, sendo algumas caracterizações chaves
nesse processo, a destacar a identidade de uma determinada manifestação cultural,
a memória de eventos, fatos, personalidades, expressões populares, etc., todas
representadas por meio do patrimônio. O caso presente com o estudo missioneiro
não é diferente, sendo este um exemplo de democratização e consolidação de uma
manifestação cultural por meio de um (ou mais) patrimônio.
Para que melhor nos situemos em relação à questão patrimonial e, considerando
que geralmente o patrimônio está interligado com a noção de memória, é interessante
considerarmos o “caráter social da construção da memória humana” (CARLAN,
2008, p. 82-83) como um bom meio de identificar comportamentos e identidades de
um grupo social. Esse processo pode muito bem ser abordado pelo viés patrimonial,
como pretende-se efetuar aqui, voltando, todavia, as atenções para o contexto
missioneiro.
O patrimônio, pode-se dizer, está diretamente relacionado com outra palavra-
chave, ou seja, a cultura. Sobre esta relação, a Constituição Federal do Brasil,
promulgada em 1988, ao se referir ao Plano Nacional de Cultura, em seu artigo
215, § 3° incisos I e IV registra que: “I – defesa e valorização do patrimônio cultural
brasileiro” e, no inciso “IV – democratização do acesso aos bens de cultura”. Nota-
se que há um caráter legal sob a questão patrimonial e cultural neles envolvidos,
consequentemente amparando os bens patrimoniais e culturais existentes no solo
brasileiro. Possibilita-se, dessa forma, além de sua preservação o consequente
acesso por parte dos cidadãos brasileiros aos bens nacionais.
Observa-se, assim, o quão importante é o papel desempenhado por um
determinado patrimônio presente na sociedade, podendo o mesmo ser um
importante recurso político usado para fomentar nacionalismos. Nesse sentido de
identidade social e cultural refletida em um patrimônio, é interessante que, segundo
Hall, o “discurso da cultura nacional não é, assim, tão moderno como aparenta ser.
Ele constrói identidades que são colocadas, de modo ambíguo, entre o passado e o
futuro” (2003, p. 56).
No que diz respeito ao foco deste estudo, ou seja, o aspecto patrimonial-
O QUE UM PATRIMÔNIO TEM PARA NOS CONTAR? 118
Danilo Pedro Jovino, Marconi Severo, Ronaldo Bernardino Colvero
Nesse sentido, a Região das Missões se faz presente também por meio da
economia criativa como uma forma, ainda que pouco expressiva, nos moldes de
diversificação da indústria nuclear. Essa baixa diversidade se deve ao encontro da
capacidade econômica que permeia a produção criativa e cultural na Região das
Missões. Todavia, não se pode dizer que a região possui um mercado consolidado na
economia das trocas simbólicas. Dessa forma, as prefeituras estão associadas com
a configuração das suas secretarias municipais do setor, a fim de se ter uma cultura
mais consolidada na região. Essas secretarias são responsáveis pela manutenção e
configuração de determinados equipamentos culturais. Nesse sentido, ao se perceber
um museu, enquanto espaço físico, é preciso visualizar a instituição responsável pela
sua existência ou manutenção.
O QUE UM PATRIMÔNIO TEM PARA NOS CONTAR? 122
Danilo Pedro Jovino, Marconi Severo, Ronaldo Bernardino Colvero
aparente ser, tenha condições de se manter viva dentro da comunidade a qual está
inserida.
Sobre essa perspectiva de investimentos na questão cultural, a análise de
pesquisa contribui com um conceito chave, visando analisar a alocação e a importância
de recursos e políticas culturais, ou seja, o que chamamos de cidade-polo. Seria esta
cidade que receberia a maior concentração das políticas culturais e seus devidos
recursos. Destacamos que os recursos levantados para este fim partiriam tanto do
próprio município quanto de fontes externas. Em análises realizadas, verificou-se que
em São Borja e São Luiz Gonzaga há uma grande concentração interna de recursos.
A primeira cidade “demonstra não ter nenhum diálogo produtivo em bens e serviços
culturais com os demais municípios da região, já que não teve nenhum percentual
de recursos de outras prefeituras (e consequentemente nenhuma prefeitura
demandante)” (MARTINS, 2015, p. 95)
Em contraponto, pode-se dizer que Santo Ângelo é considerado como o caso
mais saliente na percepção de uma cidade-polo em termos regionais de bens e
serviços na economia da cultura. Segundo Martins (2015, p.95) “a pífia concentração
de recursos na cadeia produtiva da cultura estabelecida pela própria prefeitura da
cidade é contraposta pelo percentual mais alto de recursos destinados de outras
prefeituras da região (13,56%)”, fazendo dessa forma um contrabalanço de recursos
em uma forma de atuação cooperativa entre as prefeituras componentes da “Rota
das Missões”.
É importante salientar que as prefeituras envolvidas nesse processo não
necessariamente procuraram bens e serviços apenas nas cidades da região. O
deslocamento territorial dos gastos e as despesas em cultura transcenderam os limites
das cidades, da mesorregião e, até mesmo, do Rio Grande do Sul. Isso demonstra
a tamanha importância que representa a região e, com ela, todo o aparato cultural e
artístico envolvendo um viés missioneiro.
A criação e permanência das reduções jesuítico-Guarani produziram uma
cultura representativa no artesanato, na arquitetura, na escultura, na música, etc., que
temporalmente percebeu-se, também, uma (re)apropriação desse passado já com
rupturas no tempo, mas que recursivamente é reconhecido como um legado cultural
proveniente das origens da povoação local, refletindo atualmente dessa forma. Desse
processo de construção cultural, há de se destacar que é realizado em conjunto
com a comunidade envolvida e órgãos oficiais, como prefeituras e demais esferas de
atuação governamentais, além, claro, das ONGs e demais atores envolvidos nesse
contexto cultural. Uma manifestação artística-cultural que integra de forma mais
abrangente os itens anteriormente citados, pode ser observada através da música e
dos músicos que se intitulam missioneiros. Tal combinação forma uma identificação
artística com a região na qual está inserida.
O QUE UM PATRIMÔNIO TEM PARA NOS CONTAR? 125
Danilo Pedro Jovino, Marconi Severo, Ronaldo Bernardino Colvero
Considerações finais
Referências
BAIOTO, Rafael; QUEVEDO, Júlio. São Miguel: a saga de um povo missioneiro. Porto
Alegre: Martins Livreiro, 2005.
CAMARGO, Fernando. O malón de 1801: a Guerra das Laranjas e suas implicações
na América Meridional. Passo Fundo: Clio Livros, 2001.
CARLAN, Claudio Umpierre. Os Museus e o Patrimônio Histórico: uma relação
complexa. Revista História, São Paulo, 27 (2): 2008. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742008000200005>. Acesso
em: 28 de março de 2015.
CUSTODIO, Luiz Antônio B. Missões: patrimônio e território . In: PESAVENTO, Sandra
Jatahy; GOELZER, Ana Lúcia. (Org.) Fronteiras do mundo Ibérico: patrimônio, território
O QUE UM PATRIMÔNIO TEM PARA NOS CONTAR? 126
Danilo Pedro Jovino, Marconi Severo, Ronaldo Bernardino Colvero
Daiane Gampert
Bacharel em Relações Públicas - Ênfase em Produção Cultural pela Universidade
Federal do Pampa. Técnica em Eventos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia Farroupilha campus São Borja - IFFarroupilha (2012). Foi bolsista do
PROEXT MEC 2013 - Programa Implementando Cultura de Paz e Projeto Renovar
(2013), bolsista voluntária da Agência Experimental de Relações Públicas e Produção
Cultural - RPPC da UNIPAMPA (Nov/2013 - Jan/2014). Foi bolsista do Programa de
Bolsas de Desenvolvimento Pedagógico (2013). Foi bolsista de Iniciação Tecnológica
e Industrial do CNPq, do projeto de pesquisa “A alocação de recursos públicos e a
possibilidade de configuração de um arranjo produtivo da cultura regional”, financia-
do pelo Ministério da Cultura e pelo CNPq, (2014).
Marconi Severo
Graduando do Curso de Ciências Sociais - Ciência Política pela Universidade Federal
do Pampa - UNIPAMPA, campus São Borja. Atualmente é bolsista de Iniciação Cientí-
fica pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - FAPER-
GS, modalidade Pesquisa, trabalhando com o tema: “Quem são eles? Uma proso-
pografia da elite politica são-borjense (1889-1964)”. Integrante do grupo de pesquisa
“Relações de fronteira: história, política e cultura na tríplice fronteira Brasil, Argentina
e Uruguai”.