Contencioso Administrativo e Tributário
Contencioso Administrativo e Tributário
Contencioso Administrativo e Tributário
E TRIBUTÁRIO
APONTAMENTOS
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Bons estudos!
1
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
10/02/2022
Ressalve-se que isto tem uma base de natureza constitucional. O artigo 212º da
CRP determina no seu nº3 as competências dos Tribunais Administrativos e Fiscais em
geral. Então, terão que julgar as ações e recursos contenciosos que tenham por objeto
dirimir os litígios emergentes das relações jurídico-administrativas.
A CRP determina, também, no seu artigo 268º quais são os direitos e garantias dos
administrados. Entre eles, devemos atentar no nº4 – tutela jurisdicional efetiva dos seus
direitos ou interesses legalmente protegidos.
2
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quanto ao plano das normas, aquelas que estarão aqui em causa são as normas de
Direito Administrativo. Que regras serão? Serão as regras relativas à ordem jurisdicional
da Administração Pública e a regras do direito processual administrativo (é sobre estas
últimas que nos vamos debruçar).
3
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
MODELOS HISTÓRICOS
4
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Modelos processuais
5
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Agora, isto evoluiu com a passagem do modelo mais objetivista puro para um
modelo com características subjetivistas – com características de defesa dos direitos dos
administrados. Cada vez mais, o contencioso administrativo tem-se tornado mais
abrangente.
Há uma evolução no contencioso que tem como primeiro passo uma lógica de
jurisdicionalização total ou quase total. Com ações de jurisdicionalização plena – juiz
pode declarar a nulidade de atos (poderes anulatórios), mas também tem poderes
condenatórios e cautelares. Por fim, o processo administrativo evolui cada vez mais para
um processo de partes.
Assim ficamos com a lógica da evolução do próprio modelo que é uma evolução
que tem como ponto de partida o objetivismo, com entrada de elementos subjetivos,
levando a que o contencioso seja um contencioso cada vez mais pleno e que
materialmente abarque mais situações e que seja cada vez mais visto como um processo
de partes como na jurisdição comum. A forma essencial é que de facto o contencioso
administrativo seja um contencioso especializado.
6
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O primeiro período é o período liberal que vamos considerar de uma forma ampla
(aproximadamente de 1832 a 1924). É uma fase denominada pela lógica do modelo
administrativo – decisões de contencioso, tomadas pela própria Administração.
Por fim, a terceira fase, de 1976 até ao presente, em que a evolução merece
atenção.
O 216º CRP refere-se às garantias e incompatibilidades dos juízes, pois estes são
inamovíveis e responsáveis pelas suas decisões e são incompatíveis com a existência de
funções de natureza privada.
A sua primeira fase vai até 1982, uma vez que neste ano se deu uma revisão da
constitucional. O modelo vigente até 1982 é centrado no recurso de anulação. O recurso
de anulação perante um tribunal de base judicialista, de contencioso pleno em relação a
matérias limitadas.
Apesar de tudo já havia aqui uma tendência de se olhar para as matérias relativas
à responsabilidade, contratos e aos recursos eleitorais. De todo o modo, este elemento
tinha de tomar em atenção uma ideia de jurisdição limitada.
7
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
11/02/2022
O contencioso contra atos era tão central que se começa a admitir a possibilidade
de existirem pedidos judiciais de suspensão de eficácia do ato, i.e., começa a nascer a
ideia de uma ação cautelar relativamente aos atos administrativos.
O tronco comum desta ideia de contencioso era uma ideia de poder mais centrado
da própria Administração com particular numa posição que não era naturalmente central,
mas que era necessário como contraparte da Administração.
Por outra via, há uma evolução num sentido de maior subjetivismo. E o maior
subjetivismo é personificado na aceitação de uma ação de reconhecimento de direitos ou
ILP. A JA (justiça administrativa) já evoluiu em relação a este modelo, mas é o modelo
que existe no contencioso tributário – no contencioso tributário temos o processo
impugnatório do ato de liquidação e ação de reconhecimento de direitos e ILP.
Para além desta ação que o Professor referiu, a partir de 1982, é admitido no
âmbito do contencioso administrativo o pedido de reclamação quanto à ilegalidade das
normas.
8
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Outras evoluções: Para além das ações principais, passam a existir ações
especificadas. 1982 é um momento de abertura do contencioso tributário. Também se dá
uma tendência para a uniformização quanto às regras relativas aos recursos. E também há
novos meios processuais acessórios, como por exemplo, meio acessório de intimação para
consulta de documento, intimação para passagem de certidões e para comportamentos da
Administração.
O terceiro passo é dado em 1989 com a revisão constitucional: dá-se uma reforma
profunda que apenas é totalmente corporizada em 2002. Nas alterações legislativas de
2002, a lógica constitucional passa a ser da necessidade de se atender à lesão nos direitos
dos administrados, mais do que se atender à noção de ato de Administração.
Não há dúvida nenhuma que a partir dessa altura existe um direito fundamental a
uma proteção jurisdicional efetiva dos administrados. Essa proteção por ser efetiva e, por
isso, teve consequências no modo de se admitir o processo administrativo. A jurisdição
administrativa passar a ser obrigatória. E no plano constitucional reflete-se no art.212º
da CRP.
Em 1989, gerou-se uma situação que conduziu a mais poderes para os tribunais
administrativos. Passa a ser claro que os tribunais administrativos podem controlar o
exercício de poderes discricionários e passam a ter poderes mais alargados de condenação
de injunção de comportamentos junto da Administração.
9
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Análise do ETAF:
Nota: este art.2º/2 CPTA acaba por referir até onde podem ir os juízes. No art.º3
poderes dos TA. Os Tribunais Administrativos vão poder julgar de acordo com normas
de lei, de acordo com o princípio da legalidade, não podendo intervir quanto à
oportunidade de agir da Administração.
É, também, nesta ocasião que entram em vigor conceitos que não tínhamos até
agora. É neste contencioso que se distingue a ação administrativa comum da ação
10
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
administrativa especial. No fundo, a ideia de recurso de ato deixa de ter a previsão que
tinha anteriormente, vem com a lógica de ação de reconhecimento de direitos.
O contencioso que tínhamos baseado nestas duas formas processuais altera-se para
um tronco comum, ação administrativa comum, e depois para as ações administrativas
especiais. Ver art.37º CPTA. Está enquadrado no título relativo à ação administrativa. O
que cabe aqui? Tudo o que não está em ações especiais, ou seja o que não está previsto
em legislação especial – é muito claro no art.37º/1.
Depois temos a referência, através de enumeração não taxativa, daquilo que pode
estar presente: impugnação de atos administrativos (particular vai pôr em causa esse
mesmo ato); em segundo lugar, condenação à prática de atos administrativos devidos –
em circunstância alguma, o tribunal faz julgamento quanto a atos que devem ser
praticados pela administração por mera oportunidade. NÃO, têm que ser atos que a lei
imponha. Portanto, têm que ser atos que a lei imponha.
Temos:
11
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Também está previsto neste artigo, mais precisamente na al. k), a responsabilidade
civil das pessoas coletivas de direito administrativo bem como dos titulares dos seus
órgãos ou respetivos trabalhadores em funções públicas. Também estarão dentro desta
ação administrativa comum as relações jurídicas entre entidades administrativas.
Portanto, por esta determinação legal, este conceito de ação administrativa comum
é um conceito muito amplo. Note-se que esta enumeração não é taxativa, é
exemplificativa.
Esta junção que está prevista logo na primeira alínea do art.4º/2 é muito
importante, porque é naturalmente uma função de natureza jurisdicional (declara
invalidade de ato). Em tempos não era possível. Declarava-se nulidade de ato e ficava
declarado. A Administração depois restabelecia a situação um bocadinho quase como ato
de vontade.
12
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
13
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
previsto que a lei subsidiária é a lei do CPC. A regra subsidiária que está no plano do
contencioso administrativo é a determinação das regras do processo civil.
Quanto a esta matéria de regras comuns, podemos ver os artigos 78º e ss. do CPTA
– marcha do processo que começa com os requisitos da petição inicial, que é comum
às formas processuais.
O princípio da igualdade das partes está previsto no artigo 6º (fazer remissão para
o 189º), sendo que essa igualdade existe relativamente ao exercício de faculdades
pessoais, usos de meios de defesa, bem como sanções processuais desde logo
relativamente à litigância de má-fé.
Outra característica que é relevante tem que ver com as providências cautelares
(art.112º e ss. CPTA), que existem para garantir a utilidade das sentenças. As sentenças
são mais executivas. Ver 157º e ss. CPTA. Está previsto um regime de execução das
sentenças. As sentenças passam a ser mais executivas: não são apenas de declaração de
ilegalidade do ato, mas também das consequências.
14
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O que vai ser relevante? Relembrar a distinção entre direito público e privado. Em
regra, as relações de direito privado que incorram na Administração Pública são julgadas
pelos tribunais comuns.
Portanto, para que exista uma relação jurídica de direito administrativo temos que
ter a intervenção de uma entidade pública com poderes públicos. Quando uma entidade
pública exerce um ato com poderes públicos caímos naturalmente no contencioso
administrativo. Portanto, aqui está presente o conceito de Administração executiva que
exerce a função administrativa com poderes de autoridade – relação em que as duas partes
não se situam no mesmo plano.
É possível que numa mesma relação jurídica em sentido amplo, tenhamos uma
parte que será sujeita ao procedimento administrativo (sujeito a procedimento concursal)
que termina num contrato de direito privado (que está fora do contencioso administrativo,
ou seja, estará no contencioso comum).
15
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O direito que um terceiro quer exercer, por exemplo, contra uma autorização que
foi dada para fazer uma obra nova que foi aprovada e licenciada quando não esteja em
causa requisitos legais dessa concessão, estão excluídos da jurisdição administrativa,
entram na jurisdição comum.
Apenas estritamente o que tem que ver com o procedimento administrativo entra
na jurisdição administrativa.
16
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
estão integradas na Administração Pública. Ou mesmo que sejam praticados por entidades
privadas quando estas estejam a atuar no âmbito de poderes jurídico-administrativos.
O centro da nossa discussão está na determinação que é feita sobre o que é uma
relação jurídica administrativa. Em princípio, a relação jurídica administrativa que vai ser
relevante é a que produz efeitos externos. Mas também não é fácil a delimitação do que
é uma relação jurídica administrativa, porque há várias administrações que podem haver
17
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
várias administrações e elas podem ser desconcentradas, i.e., vindas de divisões dentro
do próprio Estado ou podem ser descentralizadas (quando se criam outras pessoas de
direito público além do Estado).
Por outro lado, também não ajuda à delimitação em concreto das situações em
causa a complexidade da organização do Estado e a existência de figuras atípicas como
as Universidades que também praticam atos administrativos.
18
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
19
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Em terceiro lugar, temos o ónus jurídico que tem o mesmo conceito que assume
no direito civil. Os ónus jurídicos podem ser ónus da prova ou da apresentação de um
documento para efeitos da continuação de um procedimento. Notem: a posição da
Administração da relação jurídica tributária é sempre dominada por dois princípios:
legalidade e especialidade de acordo com as suas atribuições.
20
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
1. Reclamação administrativa
2. Os meios jurídicos/políticos
3. Jurisdição que seja regulada por autoridades administrativas
independentes
4. Conciliação, mediação e a transação – i.e., formas de resolução que sejam
baseadas na vontade das partes.
Durante os processos as partes não podem ser chamadas mais do que uma vez, em
exclusivo para esse efeito.
A conciliação vai ser tentada perante o juiz que deve ativamente tentar alcançá-la.
Caso o juiz não consiga, deve ficar em ata as propostas que fazia para a conciliação e os
fundamentos que tinha para os efeitos.
21
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
17/02/2022
No fundo, quando se fala desta questão de limites funcionais, aquilo que se está a
fazer é uma distinção entre o campo do poder judicial e o campo do poder administrativo.
Vimos na semana passada a questão de sentenças. Em que medida, quando falamos de
sentenças, há invasão do poder judicial no poder de natureza administrativa? Limites
funcionais são limites entre poder dos tribunais e poder da Administração. É precisamente
pela existência destes limites funcionais que a admissibilidade da jurisdição
administrativa não foi logo ampla e foi crescendo ao longo dos tempos. Foi sempre um
temor que houvesse um imiscuir do poder judicial no que seja administrativo. Se
pensarmos nos inícios, os tribunais não podiam controlar a atividade da Administração.
Parte da Administração é vinculada e outra é discricionária. Esta questão da separação
dos poderes em que no fundo se pretende determinar o que é atividade administrativa e o
22
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
que deve ser esse controlo da atividade administrativa. Até onde vai a liberdade de decisão
administrativa.
Claro é que os tribunais aplicam não apenas normas, mas também princípios
jurídicos. Há que perceber se os Tribunais apenas atuam quando há atividade
administrativa corporizada na aplicação do direito. Há necessidade de atividade
administrativa prévia? Não. Existe na impugnação do ato administrativo, tal como
acontece com o contencioso tributário (com o contencioso da impugnação de uma
decisão). O direito fundamental de acesso aos tribunais por parte dos administrados, coisa
que aliás pode levar para análise o art.º37/1 CPTA. Este artigo tem vários exemplos que
seguem a forma de ação administrativa. Por exemplo, na alínea c) do n.º1 deste artigo
prevê-se ação à não prática de ato administrativo. No limite, é possível que a
Administração seja condenada a estar “quieta”.
Passada esta fase, deve-se notar e pensar se existem limites à plena jurisdição dos
tribunais administrativos. Ideia que tem que ser trabalhada – a de não dever ter que se
determinar a não atuação da Administração. O que quer dizer? As condenações têm que
ser por ilegalidade e devem ser genéricas ou de natureza diretiva. Este é o campo em que
nos devemos enquadrar quando falamos de condenação dos tribunais administrativos.
Quando há um ato decidido, mesmo que inválido, mesmo que nulo – se é nulo não
produz efeitos – passa a ser impugnável. Ver n.º2 do art.º38 CPTA. Possibilita que seja
23
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
obtido por outro meio processual o efeito que resultaria da anulação do ato impugnável.
Efeito da consequência de jurisdição administrativa. Não se vai por outros meios
processuais conseguir aquilo que deveria ser consequência da questão em causa.
Há uma reserva absoluta de jurisdição? Isto levanta duas sub-questões: desde logo,
a de saber se os tribunais administrativos só podem julgar questões de direito
administrativo. Apenas eles podem julgar essas questões? A primeira pergunta é
limitativa. A segunda é de abertura em relação a outras jurisdições. O Tribunal
Constitucional num acórdão dos Tribunais Militares dá ajuda relativamente a esta
matéria. Os tribunais especiais, caso dos tribunais administrativos, só podem julgar estas
questões que lhes venham a ser ou sejam constitucionalmente atribuídas. O Tribunal
Constitucional é o limite da Constituição. A doutrina tem uma tendência mais larga.
24
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
A doutrina tem uma posição mais aberta. A primeira grande questão é: admite-se
ou não a possibilidade de serem julgados nos tribunais administrativos questões de direito
privado? Bem como outra possível incursão: a responsabilidade civil da administração
fica-se apenas pelo sentido estrito da Administração ou também vai considerar a
responsabilidade civil no exercício da função política, legislativa ou funcional? Todos
eles estão dentro do conceito de Estado. A doutrina diverge.
A posição do STA tem sido a de que não existe proibição total e absoluta através
da regra constitucional de questões que possam ser vistas por tribunais administrativos,
mas apenas um modelo típico que é suscetível de adaptações caso não fique em causa o
núcleo essencial de um modelo. Este relatório quer dizer que o STA vê a norma
constitucional como cláusula geral que não tem reserva material absoluta. Isto poder-nos-
ia levar a uma espécie de caos generalizado. É uma cláusula geral que não tem quanto à
matéria uma reserva absoluta. Portanto, nós devemos ver a norma constitucional como
uma simples obrigação que o legislador ordinário tem que respeitar nas competências da
jurisdição administrativa. Por outras palavras, o legislador tem liberdade dentro do quadro
constitucional, não pode é atirar para a função administrativa, por exemplo, questões
jurídico-penais.
25
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
tribunais internacionais. Todas elas são matérias que naturalmente devem ser vistas como
atribuições especiais que a própria Constituição faz a outros tribunais que não
administrativos para julgar situações administrativas. Ainda temos, além destes, os
tribunais arbitrais.
26
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
com entidades privadas que são adjudicantes. Os adjudicantes não são apenas
adjudicantes de direito público, mas também de direito privado. Esses adjudicantes vão
naturalmente estar sob alçada dos tribunais administrativos.
27
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
E quanto aos atos pessoais e funcionais? Os atos funcionais são os que se inserem
numa lógica estreita do direito administrativo material, mas por outro lado também é certo
que nos atos pessoais, quando estejam em causa aplicação de normas administrativas, é
entendido que serão os tribunais administrativos a atuar.
Vamos agora ver a delimitação negativa da justiça. O que é que não está? Veja-se
o n.º3 e n.º4 deste artigo.
28
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Independentemente destas relações, do que está determinado nos art.º3 e 4.º, será
importante a qualificação que fizermos da relação de base. Se a relação de base for
administrativa, a competência jurisdicional será dos tribunais administrativos. Também
29
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
dentro dessa delimitação negativa, importa não esquecer aquilo que é a previsão quanto
às coimas de contraordenação que não estão na jurisdição administrativa, com exceção
de urbanismo e mesmo da proteção de danos e indemnizações por expropriações.
Está fora dos direitos de impugnação tudo o que tem que ver com atos no exercício
da função política e legislativa.
30
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
18/02/2022
- Em regra, as decisões dos tribunais administrativos são tomadas por duas instâncias,
sendo excecionais as situações em que há uma terceira;
Portanto, não se aplica a lógica do duplo recurso, mas, pelo contrário, a lógica do recurso
único.
- Por outro lado, é muito excecional a situação em que o Tribunal Central Administrativo
(que ocupa o 2º lugar na hierarquia) decide na 1ª instância, e é também excecional a
situações em que o STA decide na 1ª instância. As circunstâncias em que os tribunais
superiores decidem em primeira instância são reduzidas.
31
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
32
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Para os tribunais centrais tem que se fazer uma análise do art 37º ETAF, desde
logo, por princípio são estes os tribunais de recurso das decisões dos Tribunais
Administrativos de Círculo, a não ser que a lei disponha em sentido contrário. Ainda, atua
sobre as ações de regresso fundadas em responsabilidade por danos resultantes do
exercício das funções dos juízes alínea c) do 37º, assim como são o tribunal de recurso
das decisões de arbitragem.
STA: nº2 do 25 também atua como tribunal de recurso, recursos de revista, sobre
acórdãos dos tribunais centrais administrativos, bem como das decisões de tribunais
administrativos de círculo. Nº2 do 25º pronuncia-se quanto ao sentido a dar por uma
questão de direito nova que suscite dificuldades sérias e se possa vir a colocar outros
litígios. Olhando ao artigo 25.º, nº2, para o pleno do contencioso administrativo do
Supremo Tribunal Administrativo, ele deve-se pronunciar sobre questões que devem ser
resolvidas pelo tribunal administrativo de círculo, mas que são questões novas, que
podem vir a ter relevância depois. O objetivo é que fique ali uma diretiva judicial.
33
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Para além destas determinações, não esquecer que a lei 114/2019 veio determinar
a possibilidade de existir especialização em função da matéria. Podendo existir e
admitindo-se juízos de competência especializada à que juízos? Juízes de questões
comuns, sociais em que estão em causa questões relacionadas com a proteção social,
contratos públicos, responsabilidade civil, urbanismo e proteção do ambiente, e
ordenamento do território.
São competentes também quanto aos recursos dos tribunais arbitrais, das ações de
regresso quando estão em causa juízes, dos tribunais administrativos de círculo e dos
tribunais tributários, assim como de magistrados do MP, são competentes quanto à
34
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
execução das decisões que tenham sido proferidas em 1ª instância pelo tribunal
administrativo de círculo, e têm uma competência que pode ainda vir a ser determinada
por lei.
Mas atenção que se está perante lógicas de recursos direitos (ou para o TCA ou
para o STA).
Há regras que são gerais, que não geram dúvidas quanto à sua aplicação que
devem ser genericamente respeitadas e que estão determinados no 16º do CPTA.
35
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Também podem existir conflitos que envolvam a jurisdição tributária: n.º3 do art.º
97 CPPT. Mas reparar: “entre os tribunais centrais administrativos e os tribunais
administrativos de círculo, e tribunais tributários”. Quando seja questão de não tributário,
quem decide é o STA.
36
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quando aos presidentes dos Tribunais Centrais administrativos, art.º36º, n.º1, al.t)
conhecer dos conflitos de competência entre tribunais administrativos de círculo,
tribunais tributário, ou juízos de competência especializada da área de jurisdição…..
JUÍZES
Desde logo, o princípio da irresponsabilidade dos juízes quanto à tomada das suas
decisões. Genericamente, o art.57º refere-se aos juízes aos juízes da jurisdição
administrativa e fiscal como um corpo único, que se regem pela CRP, pelo ETAF e pelo
ETJ.
O MP
Tem um estatuto que vem nos arts 219º, 220º CRP. Desde logo é visto como
representante do estado em juízo, genericamente. E goza do estatuto próprio de
autonomia, determinado nos termos da lei, e tem um órgão superior que é a procuradoria
geral da república.
37
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
presidida pelo procurador-geral da república. Este conselho superior não pratica atos
materialmente jurisdicionais, tal como acontece com o próprio MP.
O papel do MP não é igual à lógica que vemos noutros ramos do Direito, mas além
de titular da ação pública com iniciativa processual, tem legitimidade ativa, isto é, pode
propor intervir em processos principais e cautelares quando esteja em causa a defesa de
alguns valores constitucionalmente protegidos.
Ainda na perspetiva daquilo que são os poderes do MP, o nº2 do art.º104 prevê a
possibilidade de atuar em relação a intimações (por exemplo, para que possa exercer uma
ação pública, intimar a Administração à prestação de informações ou à passagem de
certidões).
Recursos art 141º o MP pode interpor recurso ordinário e decisão do STA (n1)
REMISSÃO para o art 73º, n.º3 e n.º4 (que em relação à declaração de ilegalidade com
força obrigatória geral de norma prevê possibilidades de intervenção para o MP).
38
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Portanto, ao olharmos para o MP vamos ter que tomar em atenção que ele deve
ser visto como um auxiliar de justiça. No fundo, o MP, de uma forma imparcial, defende
DF, defende valores comunitários, ou interesses públicos relevantes assumindo poderes
que sejam poderes processuais nas ações administrativas muitas vezes substituindo os
particulares. Por exemplo: nas ações administrativas impugnatórias de atos
administrativos, tem o MP um poder de pronúncia na fase preparatória sobre o mérito da
causa. Incluindo, aliás, a possibilidade de arguir vícios relativamente ao ato
administrativo, (não invocados na impugnação e emitindo pareceres sobre necessidade de
instrução – capacidade de se ir buscar a prova) assim assumindo posição processual
própria (quem tem em relação aos recursos, art 156º, 152 n.º7) bem como em relação à
execução de sentenças (176º n.º1).
39
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Direito de acesso aos tribunais e ao próprio Direito, com o direito de obter uma
sentença num prazo que seja razoável e dentro de um processo que seja equitativo. 3º que
haja efetividade das sentenças proferidas.
Portanto, preocupações:
Art 20º CRP: acesso ao direito e tutela jurisdicional efetiva. Temos aqui um direito
geral, um Direito e Garantia dos cidadãos, de liberdade de acesso aos tribunais, para
defesa de direitos, mas também de direitos legalmente protegidos.
Tal como há o 20º, também é relevante nesta matéria: o 205º sobre o dever de
fundamentação das decisões judiciais, à sua obrigatoriedade para todas as autoridades, e
à necessidade de as sentenças serem executadas.
40
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Legislação ordinária: art 2º, n.º2 do CPTA sobre o título “tutela jurisdicional
efetiva” desfia aquilo que os administrados designadamente podem obter dos tribunais
(anulação ou declaração de nulidade dos atos administrativos, condenação ou à prática ou
à não prática de atos administrativos, a declaração de ilegalidade de normas, o
reconhecimento de situações subjetivas, questões relacionadas com
interpretação/validade ou execução de contratos, intimações de intervenção para
administração, à tudo isto é possível para além da adoção de providências cautelares, à
luz do 2º CPTA.
Para isso, os tribunais vão ter que ter poderes especiais, e uma capacidade de
adaptação aos novos tempos, porque hoje nós podemos conhecer de relações poligonais
no âmbito do Direito Administrativo. Quando falamos de relações jurídicas é AB, mas
também podem existir relações em forma de polígono.
Importante: efetividade das sentenças que vai ser feita em relação à ação
administrativa (37º da lei do processo, já vimos as possibilidades de ação) mas também
em relação aos processos cautelares previstos nos 112º e ss CPTA. Ou ainda para a
execução de prestação de factos ou de coisas 162 ss que pode ser uma execução
espontânea por parte da Administração. Em qualquer um destes elementos, para além dos
inter individuais em causa, estarão naturalmente a defesa de valores coletivos.
41
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
42
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Esta garantia que hoje temos no nosso ordenamento é uma garantia de controlo da
juridicidade de todas as atuações da Administração, que podem levar a situações de
conhecimento de mérito por parte dos tribunais. Esta lógica de controlo de juridicidade é
ampla e pode levar ao controlo de todas as atuações por parte da Adm. Em todas elas será
possível que exista uma lógica de conhecimento de mérito por parte dos tribunais.
ATENÇÃO: sem nunca colocar em causa, o âmbito próprio de valoração que a própria
Administração tem à sua mão.
Nesta lógica há poderes de substituição que podem ser previstos: não esquecer a
possibilidade de ações de intimação para proteção de DLG, bem como os poderes que já
referimos quanto à execução das sentenças.
Portanto, estas ações administrativas especiais eram aquelas que acabavam por
assumir uma maior relevância. Tinham regras de tramitação específicas, podendo alias
essas regras cruzar com os comuns, e tinham um regime que era diferente do regime de
processo civil que vigorava em relação à ação administrativa comum, hoje nós temos uma
ação administrativa ponto final, não há distinção entre comum e especial, VER ART 37º.
Aliás, esta distinção entre AAComum e AAEspecial era uma espécie de mundo
ao contrário, porque as mais relevantes eram as que se encontravam na previsão como
ações administrativas especiais.
43
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Feita esta previsão geral, estão previstas regras especiais: quanto ao contencioso
eleitoral (art 98º) o prazo é mais extenso do que no artigo anterior - 7 dias a partir da data
em que seja possível o conhecimento do ato ou da omissão. E os prazos de contestação
de decisão do juiz são 5 dias para a Administração e 5 dias para a decisão do juiz ao
relator ou para este submeter o prazo a julgamento. Quanto ao contencioso de massas:
ART 99º (1 - Para os efeitos do disposto na presente secção, e sem prejuízo de outros
casos previstos em lei especial, o contencioso dos atos administrativos praticados no
âmbito de procedimentos de massa compreende as ações respeitantes à prática ou
omissão de atos administrativos no âmbito de procedimentos com mais de 50
participantes, nos seguintes domínios: a) Concursos de pessoal; b) Procedimentos de
realização de provas; c) Procedimentos de recrutamento.)
Chamar à atenção que se findo o prazo não existir decisão, o particular que tenha
pago as taxas, pode ver a obra ficar parada: nestas circunstâncias, pode ser a demolição
total ou parcial seja decretada é suspensa.
44
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Outro tipo de ações que não são especiais (mas segundo VIEIRA DE ANDRADE) são
qualificadas, são as ações populares. E podemos ter ação popular local, social (de
qualquer tipo desde que com interesses sociais em causa) sendo possível a cumulação de
pedidos revistas nos art 21º e 24º n1 e), admitindo-se, aliás, essa cumulação mesmo
quando se esteja em fase de intervenções em tribunais de hierarquia distintas. Também
se permite aqui a cumulação sucessiva (modificação objetiva da instância, quando, por
exemplo, se junta a impugnação de atos administrativos e contratos conexos).
Também se permite quanto a este tipo de ações aquilo que chamamos como
cumulação sucessiva, isto é, uma circunstância de modificação objetiva da instância.
Quando, por exemplo, se junta a impugnação de atos administrativos novos, ou de
contratos que sejam conexos.
24/02/2022
Falamos dos princípios gerais em relação ao direito processual. Desde logo, numa
lógica do princípio do dispositivo ou da autorresponsabilidade das partes. Atenção: não
esquecer que Juiz é um terceiro. Em segundo lugar: o princípio do inquisitório e da
oficialidade. Ou seja, estão em causa naquelas discussões bens públicos que vão
transcender o interesse das partes, o interesse económico. Por essa razão, o Ministério
Público, grupos de cidadãos e, também, a Administração assumem uma posição distinta
do que acontece nas relações jurídicas processuais, pois é sobre elas que recai esta lógica
de poder-dever de prosseguir com o processo. Portanto, estudar os princípios do direito
administrativo processual é estar sempre entre estes dois pontos.
45
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Passada esta fase dos princípios quanto à propositura, o outro tipo de princípios
são os relativos quanto ao âmbito do processo.
46
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
ato administrativo e há vários artigos no CPTA que são relevantes quanto a esta lógica de
repercussão global. Por exemplo, no art.º164/3, relativamente à execução de factos ou
coisas, está uma ideia de resolução global.
Portanto, de certa forma que existe aqui uma distinção entre a lógica das
providências cautelares e das decisões que são definitivas. É possível na própria
providência cautelar antecipar a decisão da decisão principal. Art.º132/5 CPTA e art.º121
CPTA.
47
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
elemento de natureza factual. O juiz é livre para conhecer o direito. Os factos têm que ser
aqueles que realmente existem, que são aqueles trazidos para o processo.
Notar que este princípio não deve ser entendido no sentido absoluto. O art.º75
CPTA refere que o juiz pode decidir com fundamento na ofensa de princípios ou normas
jurídicas diversos daqueles cuja violação tenha sido invocada. É uma lógica de abertura
da intervenção do juiz. Por exemplo, quanto à impugnação administrativa de atos. O juiz
pode conhecer oficiosamente qualquer vício que aquele ato tenha. Este princípio
relativamente aos atos e lógica da causa de pedir deve ser entendido com as cautelas
necessárias.
Uma outra circunstância tem que ver com condenação à prática de ato devido.
Art.º70/1 e 3 CPTA. Prevê-se a possibilidade do autor alegar com novos fundamentos,
oferecer novos meios de prova. Quando, na pendência do processo, seja proferido um ato
administrativo que não satisfaça integralmente a pretensão do interessado, o autor pode
promover a alteração do objeto do processo, para o efeito de pedir a anulação parcial do
48
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Por fim, quanto ao MP, o n.º3 do art.º85 refere que nos processos de impugnação,
o MP pode invocar causas de invalidade diversas das que tenham sido inicialmente
devidas e solicitar diligências inovadoras quanto à realização da prova. Estas exceções
têm que ver com o modo como se deve tratar os factos jurídicos supervenientes. Não há
dúvida de que devem ser aceites nas ações para reconhecimento ou nas ações de prática
ou abstenção.
49
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
03/03/2022
Quando falamos do princípio do dispositivo das partes fica evidente que quem
dinamiza a ação administrativa são as partes. Há vários artigos que o demonstram no
Código do Processo – no n.º7 do art.º87 na fase do despacho pré saneador (que é
estabelecido pelo Juiz, onde o Juiz pode solicitar aperfeiçoamento de articulados). Se não
forem supridas exceções dilatórias dentro do prazo determinado pelo próprio juiz,
determina a absolvição da instância. Contudo, as partes têm a possibilidade de as suprir.
Quem pode ter papel importante na ação é o MP, como mostra o art.º62 do Código do
Processo. Quando haja um fenómeno de não execução das decisões judiciais, poderá
50
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Esta lógica do princípio de dispositivo acaba por se ter que equilibrar com o
princípio do inquisitório que é tratado no código como dever de gestão processual, pelo
qual um juiz deve ativamente dirigir o processo, tomar as diligências necessárias para a
sua seguridade, recusar o foro dilatório, decidindo o litígio num prazo razoável.
Por outro lado, este princípio em que se determina o direito ao contraditório também está
presente no art.º85 CPTA, bem como no art.º85/3 de acordo com o qual o Tribunal tem
que se pronunciar sobre todas as causas de invalidade que tenham sido invocadas, a não
ser que tenham os elementos indispensáveis para o efeito. Quanto ao decretamento
provisório de uma providência, pode existir necessidade de direito à audiência, previsto
no art.º131/3.
51
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
suspensão fica sem efeito se a questão prejudicial for da competência de outra jurisdição
e a respetiva ação não for proposta no prazo de 2 meses ou não der andamento do
processo. Seria uma forma de prejudicar a decisão.
Todo o regime relativo a audiência final em que o juiz possa conseguir conciliar
as partes e que seja necessário o depoimento das partes por inquirição de testemunhas são
movidos por esta ideia de celeridade. A mesma está prevista no artº121. Quando o caso
seja simples ou haja urgência da sua resolução, é permitido mais cedo. Por sua vez, veja-
se o n.º5 do art.º132 CPTA. Quando o juiz demostre a ilegalidade do ato com efeitos no
processo principal, pode determinar desempenhar a sua correção. Vejam-se os artigos 45.º
e 45-A.º que tem que ver com a modificação do objeto do processo. A lógica aqui é
também a de ter uma atitude de celeridade na demonstração de que este princípio não é
apenas um princípio de política legislativa.
52
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
pelo respeito que tem que ter à ideia de tipicidade na tramitação. Não pode passar esses
limites.
No mesmo sentido, numa exceção a este princípio de livre apreciação das provas,
temos o n.º2 do artigo 118.º CPTA que em relação aos processos cautelares refere que
quando não há oposição, se presumem verdadeiros os factos invocados pelo
requerente/réu.
53
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
que quem não use a prova possa perder a sua pretensão. Este princípio de que não há ónus
da prova tem que ser visto com especial cuidado quando há impugnação de normas e atos.
Está em causa a conformidade ou não de uma solução administrativa de autoridade, de
exercício da autoridade. Sendo certo que não se pode exigir inicialmente ao autor a prova
total dow factos da sua pretensão de anulação, é preciso tomar em atenção também que a
Administração não pode ficar apenas com a preocupação de tomar as exceções. Se a
Administração tivesse que se preocupar com a prova das exceções que invocasse, existiria
presunção de legalidade da atividade administrativa. Seria uma circunstância em que o
particular ficava com todo o ónus da prova naquilo que se refere à ilegalidade do ato ou
norma Portanto, aqui quando estamos perante impugnações de atos ou normas, temos que
ter postura equilibrada, não podemos por o peso todo do ónus objetivo quanto a estas
matérias na parte que pretenda a declaração de ilegalidade de um ato ou norma.
54
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
AÇÃO ADMINISTRATIVA
Vamos agora ver uma parte especial em que vamos tratar da ação administrativa.
55
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
abertura que as ações já previstas assumem. Por outro lado, não esquecer que a
enumeração é meramente exemplificativa.
56
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
04/03/2022
Para esse efeito, vamos olhar para o n.º4 do 51º CPTA. Se contra um ato de
indeferimento expresso, ou de recusa de apreciação de requerimento, não tiver sido
deduzido o adequado pedido de condenação à prática de ato devido, o tribunal convida o
autor a substituir a petição, isto é, o legislador vem assumir aqui (leitura literal) uma opção
57
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
de acordo com a qual, no plano das ações administrativas, a solução adequada é esta de
pedido de condenação à prática de um ato devido. É uma interpretação literal, retira-se
do texto do artigo. No entanto, para Vieira de Andrade o que está no n.º4 do art.º51 não
exclui a impugnabilidade autónoma quando esteja em causa uma circunstância que nos
possa levar à nulidade ou à anulação. O n.º4 do 51º não exclui a solução de impugnação,
o que faz é a consideração da maior adequação através da ação de condenação.
Essas ações têm que ter uma causa de pedir, e se virmos no n.º3 do 95º, chegamos
à conclusão que o legislador português optou por uma visão objetivista dessa causa de
pedir. O tribunal deve pronunciar-se sobre todas as causas de invalidade que tenham sido
invocadas para o efeito, assim como deve encontrar causas de invalidade distintas.
Podem-se originar dúvidas, estamos a falar de validade ou de invalidade, ou de ambas,
provavelmente estamos a falar no sentido mais amplo possível para a admissibilidade
desta figura da impugnação. Abrange tudo.
Quanto à causa de pedir é isto. Passamos agora à Legitimidade. Esta pode ser ativa
ou passiva.
Portanto, está aqui presente uma ideia de benefício ou de lesão que se deve tomar
em atenção de acordo com a posição subjetiva de um determinado sujeito. A lógica é no
58
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
fundo a de um interesse particular. E com isto está também evidentemente presente que
alguém com base naquilo que é um ato inválido, retirou um benefício do mesmo.
Al. c): refere entidades públicas ou associações públicas que atuam nestes casos,
na defesa do interesse próprio, no âmbito de relações interna na Administração em que
esta associação esteja numa situação de sujeição (ideia que falamos de autoridade).
Já, se por exemplo, for no âmbito de uma ação particular, e se aplicar o n.º2 do
55º, não é necessário o interesse direto porque é qualquer eleitor que esteja no gozo dos
seus direitos civis e políticos, e há uma impugnação em relação a atos da autarquia em
que se encontre recenseado (note-se que uma pessoa está recenseada na autarquia onde
tem a sua residência).
Também se aplica esta matéria relativamente a entidades qual o texto da lei refere
– órgãos de Autarquias Locais, bem como entidades administrativas locais e outras das
quais dependam, sendo possível defender-se a inclusão do setor empresarial das
autarquias locais.
Ainda nesta lógica das ações populares, a alínea f) refere-se às pessoas referidas
no n.º2 do art.9º, referência a “associações e fundações defensoras de determinados
interesses em causa: as AL, o MP para defesa de valores…”
Por fim, no âmbito de uma ação pública, aparece a figura do MP. Aí vamos aplicar
a legitimidade da al b) do nº1 do 55º.
59
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Para terminarmos dentro da lógica das ações públicas: a al. e) do 55º refere-se aos
presidentes de órgãos colegiais em relação a atos administrativos praticados pelos
próprios órgãos (….posição especial do presidente em relação a atos que é o próprio órgão
que vai aplicar).
Para aquelas situações em que além da entidade autora do ato (que é essa que tem
legitimidade passiva à partida) são também demandados, aqueles que sejam
contrainteressados, ISTO É, a quem o provimento/a vitória do ato de impugnação possa
prejudicar OU todos aqueles que tenham um interesse legítimo no ato. Aqueles que não
tendo praticado o ato administrativo têm interesse na sua manutenção ou são prejudicados
pela sua não manutenção. Esta é uma figura com relevância própria no direito
administrativo. Mas as regras retiram-se dos artigos gerais sobre a legitimidade passiva
(art.10º especificamente no n.º2 bem como do seu n.º3).
Quando estejam em causa órgãos da mesma pessoa coletiva, a ação vai ser posta
contra aquilo que deu origem ao litígio, nº8 do art.10º.
Tendo ele sido praticado de forma coativa, relevante é: o interessado TEM QUE
pedir a suspensão de eficácia do ato, se não pedir, ela vai ser cuidada. Sendo esta a regra,
olhar para a exceção do n.º2 do art.50º em que a impugnação só por si suspende a eficácia
do ato quando esteja em causa apenas o pagamento de uma quantia certa que não tenha
por base uma lógica sancionatória. DESDE QUE tenha sido prestada uma garantia em
relação a esse montante (no processo tributário: se não se prestar garantia em relação à
liquidação, serve para Ação executiva). Portanto, para que haja suspensão do ato, a parte
tem que a pedir num processo de natureza cautelar.
60
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quanto aos prazos, a nulidade não tem uma referência expressa de prazo, já a
anulação tem prazo, ou melhor tem PRAZOS: 1 ano (al. a), n.º1 do 58º, MP), 3 meses (b)
do n.º1 do 58º para todos os outros). A impugnação de atos nulos não está sujeita a prazo.
Os prazos aqui referidos são contados de forma contínua. N2 do 58º remete para
esse efeito do CC nessa determinação. Agora, há casos em que a impugnação vai ser
admitida mesmo que não se cumpra o prazo dos 3 meses. Quando haja justo impedimento,
quando haja uma situação de erro, contam-se 3 meses a partir da cessão do mesmo e há
uma cláusula curiosa que diz: vai ter que se julgar se a petição seria ou não exigível a um
cidadão normalmente diligente. Ainda há outra hipótese em que o prazo é superior a 3
meses: quando não tenha decorrido 1 ano sobre a sua prática ou publicação que seja
obrigatória e o atraso possa ser/deva ser considerado como desculpável. ATENÇÃO - as
razões referidas na própria lei para a falha ser desculpável tem que existir ambiguidade
do ato normativo, ou dificuldades ou tem que ser complicada a sua qualificação como ato
ou como norma. Há atos administrativos praticados através de normas. O legislador
preocupou-se em encontrar soluções em que se possa ultrapassar os 3 meses para não
ficar fechado num prazo curto de anulação que permitiria que um ato administrativo ilegal
fosse convalidado.
Este regime das válvulas de escape está intimamente ligado com a forma da
comunicação do ato ao administrador (relevante para efeitos de contagem do prazo
processual) tem que ser notificado, n.º2 do 59º. E a notificação pode ser feita ao
interessado ou ao ser mandatário. Agora, o que é que acontecerá quando há uma
publicação deficiente? Se não se der conhecimento do ato, se não há comunicação, ele
não é oponível à prática da legitimidade para o impugnar, portanto não temos prazo ou
seja não há prazo que possa ser contado para efeitos da impugnação.
61
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quanto à eficácia: é importante nas previsões do CPTA, por exemplo, n.º1 do 59º
refere-se que para a contagem do prazo de impugnação, o ato a impugnar tem que já ser
eficaz. Em linha com o que está no 54º. E portanto, só se deve começar a contar o prazo
de impugnação a partir do momento em que haja essa produção de efeitos.
Vai haver também uma distinção a fazer na lógica entre o que é determinante para
efeitos tributários, e o que é determinado para efeitos do contencioso administrativo. N.º1
do art.º191 CPTA refere que a reclamação administrativa é uma possibilidade, deve ser
apresentada no prazo de 15 dias, e pode existir uma circunstância de recurso hierárquico
que em algumas circunstâncias pode ser necessário. Isto tem como consequência a
suspensão como está previsto no n.º4 do 59º Código de processo tributário. Só retomando
a contagem do prazo quando a decisão tomada a nível da impugnação administrativa, ou
quando passar o prazo legal para a Administração tomar a sua posição.
O facto de estar suspenso o prazo não quer dizer que o interessado não possa
também fazer a impugnação processual, podendo até pedir, caso seja necessário, a
existência de providências cautelares, n.º5 do 59º do CPTA.
A impugnação é meramente facultativa, caso seja necessário, vai ter como efeito
a suspensão do ato, isto é, quando estejamos perante impugnações administrativas que
sejam necessárias, a sua imposição leva à suspensão imediata do ato. Esta é outra
diferença em relação ao contencioso tributário. Caso ela seja facultativa, e o autor
pretenda a suspensão, tem que a pedir. Ou então, vai ter que fazer uma providência
cautelar, a solicitar essa mesma suspensão.
62
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Este n.º1 do art.º66 determina o regime geral que tem como objeto atos que sejam
pretendidos pelos particulares, quando exista uma omissão ou indeferimento ou recusa.
ATENÇÃO que esta condenação para a prática de atos devidos pode apanhar situações
de discricionariedade. Mas a Administração pode ser condenada a praticar o ato, não é
condenada ao conteúdo do ato que seja discricionário. Excluído deste pedido está: a lógica
da aplicação da ideia de boa administração.
O art.37º refere que tem que ser restabelecido nos termos da lei ou de um vínculo
que tenha sido contratualmente assumido ou concreto. Isto vai ter consequências na parte
da sentença, e a condenação à prática de um ato devido pode numa visão larga ser
condenação da Administração a executar uma sentença.
63
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
- Quanto à legítima passiva, n2 do 68º: a entidade que seja responsável pela ilegalidade,
que não tenha praticado um ato devido, mas também contra interessados a quem a prática
do ato possa prejudicar. REMISSÃO do n.º2 do art.68º para o n.º2 do art.10º, estando em
causa entidade pública a parte demandada é a pessoa coletiva de direito público, e depois
tem as exceções gerais.
64
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Portanto, interessa aqui fazer uma determinação de qual o âmbito desta espécie de
contencioso, e há uma relação direta quando estejamos perante regulamento de natureza
imperativa, ou quando se esteja perante circunstâncias que não sendo diretas (sendo
mediatas) lesem direitos ou interesses legalmente protegidos à esta é a posição de Vieira
de Andrade perante esta matéria.
Portanto, o pedido de emissão de norma, pode ter que ver com vícios próprios da
norma, ou por invalidade de atos praticados no âmbito do procedimento de aprovação. O
seu regime está no art.º72 e ss. CPTA.
65
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
66
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quando falamos nos poderes do MP, há casos de recurso obrigatório do MP, esse
recurso é para o STA.
67
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
A ideia é partir do princípio das partes, mas abrir a outras circunstâncias, portanto,
aquilo que se pretende é uma legitimidade alargada que chega mesmos a terceiros, 77ºA
CPTA
68
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
bem como pelos prejudicados que tinham interesses e direitos subjetivos contrários ao
estabelecido nas cláusulas contratuais.
Este art.77º, n.º3 também amplo, pode levar a litisconsórcio na parte passiva. Não
apenas na outra parte, mas também daqueles que podem ser beneficiados pelo clausulado
contratual.
Relativamente aos prazos, temos o regime do art.77º-B, mas que acaba por partir
das determinações do art.41º. O fundamento do art.º41º é: a ação administrativa pode ser
proposta a todo o tempo. Agora, o n.º1 do art.77º-B vem dizer que quando estamos a falar
da invalidade do contrato, cujo objeto pode levar à prática de um ato administrativo, deve
ser lido dentro dos prazos estabelecidos para a impugnação do ato 1 ano par o MP e 3
meses para as restantes situações.
Caso esteja a ser executado um ato administrativo, é possível que exista uma ação
administrativa no âmbito contratual, mas também por impugnação do ato.
5. Outros casos
A legitimidade ativa para estes casos será de quem sofre o prejuízo efetivo pela
atividade ou omissão pública. Nos termos do art.º 52º n.º3 CRP, temos os casos de
associações que defendem determinados interesses. E a legitimidade passiva é de quem
pratica um ato que leve à responsabilidade civil.
O prazo será a todo o tempo, e pode suceder que em circunstância de ter aparecido
uma ação de responsabilidade civil da Administração por atos administrativos ilegais, o
tribunal conheça a título incidental da ilegalidade de um ato que já não pode ser
impugnado, n.º1 do art.38º do CPA. Competência do tribunal central administrativo, e de
acordo com as determinações do art.º95º quando não se consiga determinar por falta de
elementos a liquidação do montante pela indemnização devida, há uma fase em que são
ouvidas outras partes para esse efeito - n.º7 do 95º.
69
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
70
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
exemplo ao caso de concessionários que violem vínculos que venham de normas ou atos
adotados, ou receio quanto a essa violação.
PROCESSOS URGENTES
A grande distinção que vamos ter na AA, tem a ver com a celeridade da decisão.
Entre Ação Administrativa Comum e as Ação Administrativa Urgente (artigo 97º). O
próprio legislador faz uma previsão de casos especiais deste processo urgente, em 1º
lugar: contencioso de atos administrativos em matéria eleitoral, al. a) do n.º1 do art.º97.
Em 2º lugar: procedimento por massa, b) do n1 do 97º. E em 3º lugar, os casos relativos
à formação de contratos, al c) do n1 do 97º.
O quê que se nota nestes processos urgentes? Há menos tempo para a prática de
atos processuais + prazos mais curtos de decisão + todo o processo está construído para
uma decisão célere.
O contencioso pré-contratual
71
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Nota: os atos impugnáveis de harmonia com o disposto nos números anteriores que não
ponham termo a um procedimento só podem ser impugnados durante a pendência do
mesmo, sem prejuízo da faculdade de impugnação do ato final com fundamento em
ilegalidades cometidas durante o procedimento, salvo quando essas ilegalidades digam
respeito a ato que tenha determinado a exclusão do interessado do procedimento ou a ato
que lei especial submeta a um ónus de impugnação autónoma. Exemplo: exclusão de uma
empresa num concurso público. O ato final vai ser, por exemplo, o ato de se considerar
uma determinada empresa como a melhor qualificada nesse concurso público.
10/03/22
2. Intimações
72
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
CPTA: art. 10º nº1 relativo à legitimidade passiva, vemos que existe
relativamente à outra parte da relação material controvertida e a todos os possíveis contra-
interessados. Isto aplicado especificamente ao caso da prestação de informações, vai ter
como possível sujeito passivo, de uma relação jurídica administrativa de direito adjetivo
(perante o tribunal) o órgão que devia praticar o ato ou que não o praticou da forma
correta. Na base desta intimação está a falta de informação ou uma informação que não
foi dada de forma adequada, ou a falta relativamente a uma notificação. Exige-se um
pressuposto processual, um pedido prévio que tenha sido feito a esse órgão da
administração que está em falta para proceder à informação devida. Se o administrado
nunca pediu informação não pode ir logo para o tribunal, tem que haver um pedido prévio
perante a Administração.
Esta matéria está nos arts. 104º e ss CPTA, ver logo o 104º ver na lógica das regras
procedimentais, se foi ou não cumprida, e de forma devida, o pedido feito pelo
administrado à Administração, devendo o mesmo ser requerido contra a PC de DP, o MP
ou a secretaria regional, cujos órgãos sejam competentes relativamente à informação em
causa.
Para além desta intimação, temos ainda intimação para proteção de DLG
73
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
A base deste pedido: n5 do art 20º CRP, é uma proteção suplementar, para os
casos em que a providência cautelar não chega, porque no âmbito de uma providência
cautelar nº1 do 131º, o juiz pode quando faça o seu despacho liminar, decretar
provisoriamente uma providência que lhe tenha sido requerida no prazo de 48h. Depois
o processo cautelar segue a sua tramitação. Agora a questão é que, quando estamos a falar
deste despacho liminar, ou mesmo de um processo de natureza cautelar, não há uma
decisão do juiz sobre a matéria, ele não se envolve na decisão sobre a matéria, e portanto
aqui, havendo este envolvimento, a questão material de D. Administrativa que esteja em
causa é resolvida de forma definitiva pelo tribunal.
Portanto, este processo urgente existe para decidir de forma quase imediata uma
questão de fundo. Mas é necessário que sejam cumpridos alguns pressupostos: uma
urgência concreta (é o único caso em que é necessária uma urgência concreta para se
aplicar esta intimação, sendo que a mesma pela via excepcional no processo
administrativo). No 109º fala-se na necessidade urgente de uma decisão de mérito quando
uma ação ou omissão da Administração seja essencial para assegurar o exercício de um
DLG em tempo que seja útil. Chegado o processo ao juízo, deve no prazo de 48h
estabelecer um despacho liminar, que vai: 1- aceitar ou não o pedido; e aceitando o pedido
2- citar a outra parte para em 7 dias responder. Em casos de especial urgência, o prazo de
resposta pode ser reduzido. A audição do requerido pode ser feita por exemplo por via
eletrónica. E pode-se até promover audição oral no prazo de 48h com decisão imediata.
Quem tem legitimidade? Aqui a legitimidade é dos titulares dos DLG, sendo
possível também a ação popular, por exemplo quando estejam em causa questões
relacionadas com o DF ao ambiente. O pedido pode ser de uma conduta positiva ou
negativa, pode ser mesmo o de uma prática de um ato administrativo, nº3 do 109º CPTA.
Quando o interessado pretenda a emissão de um ato administrativo estritamente
vinculado, designadamente de execução de um ato administrativo já praticado, o tribunal
emite sentença que produza os efeitos do ato devido.
74
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Para além do prazo para responder à 7 dias, os prazos podem ser reduzidos a
metade quando a complexidade ou a falta dela o justifique. E o juiz será essencial na
avaliação da urgência ou não.
O recurso da improcedência não tem alçada. 142º, nº3, a) CPTA. Quando tenha
sido proferida a decisão de intimação, o recurso é meramente devolutivo (não é
suspensivo).
O legislador criou um sistema em que sinaliza de modo claro a relevância que tem
a necessidade desta intimação porque está em causa a defesa de DLG, o regime neste caso
está nos artigos 109º e ss. Relembrando que a decisão deve ser feita em tempo útil, que
não pode ser superior a 5 dias após todas as diligências necessárias para a decisão.
Este é um dos casos, em que se pode considerar que o poder judicial entra no
âmbito administrativo, quanto a atos estritamente vinculados.
CAPÍTULO X.
75
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Estamos perante uma relação triangular: entre as duas partes da relação jurídica
processual e o juiz por outro lado. A existência destas 3 partes é uma condição essencial
para a existência da ação administrativa. Portanto, são casos de condições de validade da
ação, a que se junta o pedido, a causa de pedir, e o objeto. Caso não estejam presentes
existe uma circunstância de nulidade, no caso, nulidade do processo.
76
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Sujeitos processuais:
Mas além destas, há a figura dos contrainteressados: serão os sujeitos que têm
interesse em que não se dê provimento à ação. Relevância deles: desde logo, por serem
concebidos como partes, poderem estar indicados na petição inicial, poderem ser citados,
poderem estar ao lado dos órgãos e terem eles próprios direito de recurso. A questão
quanto aos contrainteressados é que a sua falta não determina a existência de ilegitimidade
quanto à ação
§ Coligação, art. 12º: na coligação (que pode ser em relação à parte ativa ou
passiva) existem vários pedidos, ou várias relações administrativas que estão
77
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
2. O pedido
78
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
cumulação de pedidos é aquela em que tem que existir uma relação material de conexão,
podendo ser: simples, alternativa ou subsidiária.
Nº8 do art. 4º, requisito que tem que ser cumprido: os pedidos, para serem
cumulativos, têm que pertencer TODOS à jurisdição administrativa, independentemente
da competência hierárquica ou da competência territorial. Quando um dos pedidos não
pertence à jurisdição administrativa, há uma absolvição da instância, quanto a esse
pedido. REMISSÃO no nº8 art. 4º para o 21º e vice-versa. Conhecerá do pedido
cumulativo, o tribunal que seja competente em relação a um dos pedidos
hierarquicamente superior. Quando estão envolvidos tribunais com diferentes
competências territoriais, o autor pode escolher: a não ser que haja uma relação de
subsidiariedade, porque nesse caso será competente o tribunal da ação principal.
3. A causa de pedir
1. Noção
2. Tipos
Obrigam o juiz à pronúncia sobre o fundo da causa, sobre a matéria que ali está
em causa. A análise do tribunal é uma análise ao contrário, porque é uma análise
relativamente às exceções. Nesta análise dos pressupostos, o despacho saneador é neste
79
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O tribunal, tem aqui um papel relevante, desde logo tem que se cumprir as regras
relativas à sua competência. A competência absoluta é diferente da relativa. A absoluta é
aquela que se refere ao âmbito da jurisdição, isto é, se a jurisdição é administrativa ou
não. A competência relativa é aquela que está dentro da jurisdição administrativa. Uma
incompetência relativa tem como consequência: a remessa oficiosa para o tribunal
competente. Por sua vez, a absoluta, tem outras consequências: nº2 e nº3 do 14º. O
tribunal vai ter que decidir sobre ela (a incompetência), podendo o autor requerer a
remessa do processo ao tribunal competente, indicando qual será. Portanto, o tribunal
administrativo vai declarar a sua incompetência, mas não temos aí uma situação de
absolvição da instância imediata, PORQUE pode o autor fazer um requerimento para que
o processo seja remetido para o tribunal que seja competente.
80
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
decisiva para saber se cumpriu o prazo, vai ser a data a que foi submetido o primeiro
pedido no tribunal adm.
O que parece é que estas normas demonstram que o legislador se preocupou muito
com uma lógica de defesa da viabilidade da ação, a lógica é diferente, por exemplo, da
que existe no CPC (porque no CPC estão presentes partes privadas. Aqui o legislador tem
opções legislativas que defendem caminhos para que a ação possa continuar.
Também pode acontecer, uma circunstância deste género quando uma ação foi
colocada num tribunal administrativo, mas poderia ser na arbitragem. E aí tem que se ver
o pedido das partes, e aplicar as regras da lei da arbitragem voluntária. Também aqui a
competência fixa-se a partir do momento em que se fez o primeiro pedido.
Conceitos relevantes:
81
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Tem legitimidade ativa, e portanto, é parte legítima: o autor que ALEGUE ser
parte na relação material controvertida. Para além destes, podem aparecer as autarquias
locais, e o MP, quando estejam em causa interesses das RA, AL relacionados com saúde
pública, ambiente, urbanismo, ordenamento do território, património cultural, bens do
Estado e outros.
82
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
11/03/2022
Aceitação do ato
No nº2 do artigo 56º está previsto de forma expressa o que entendemos por
aceitação tácita e ela vem de uma prática que seja espontânea e sem reserva relativamente
ao facto que potencialmente pode ser impugnado (muito importante).
83
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
84
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
n1 a) do 58º determina que a sua ultrapassagem, cria uma situação de caso decidido para
o MP não podendo o MP impugnar aquele ato.
Portanto, é um prazo que acaba por estar relacionado com a validade do ato. Já
nos particulares, não existe uma lógica de caso decidido, até porque o prazo do MP é
maior (1 ano). Para os particulares são 3 meses - art.58º b).
Este prazo vai se contar a partir da notificação que tenha sido feita a um
determinado particular, ou do conhecimento que tenha do ato. Se a notificação não foi
corretamente feita (se é insuficiente) n.º1 do 60º, o próprio ato administrativo não é
oponível.
Quando a falha se refira ao autor, à data, aos fundamentos da decisão, pode o interessado
(é uma possibilidade que ele tem) de requerer à entidade que proferiu o ato, a notificação
daquilo que falta. Assim como pode pedir uma intimação judicial.
Também neste plano existem casos de verdadeira caducidade da ação. Atos que
sejam impugnáveis durante o procedimento, só podem sê-lo durante a pendência do
mesmo. Depois já não pode. N3 do 51º CPTA. Há uma exceção: quando as invalidades
85
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Os prazos também podem ser mais curtos. Processos urgentes: 7 dias para o
contencioso eleitoral. 1 mês para o contencioso dos procedimentos de massa. Ou 1 mês
nos processos de contencioso pré-contratual. Portanto o prazo não é sempre idêntico. E
tem que se distinguir este prazo de caducidade, dos prazos relativos à prescrição de
direitos substantivos. Os prazos de caducidade estão relacionados com a possibilidade de
se poder impugnar um ato. Estas circunstâncias de prescrição têm base substantiva, como
por exemplo, aquilo que sucede em relação à matéria de responsabilidade civil, por
aplicação do 498º CC temos uma previsão de verdadeira prescrição, que tem como
consequência, se o prazo for ultrapassado, uma circunstância de absolvição DO PEDIDO
porque é uma questão de natureza substancial (e não absolvição da instância).
Pontos relevantes:
Deixando o MP passar o seu prazo, existe uma convalidação do ato. O mesmo não
sucede quando estamos perante a circunstância de serem particulares. Se uma ação for
posta antes do prazo, também intempestiva, levará a uma absolvição da instância, a NÃO
SER que o prazo se tenha iniciado antes desta decisão, porque é possível a sua
consideração desde o primeiro dia do prazo aberto.
Princípio geral: é que são facultativos, salvo os casos em que a lei determina que são
necessários. Portanto, a regra geral é a de que não existem recursos necessários.
86
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
87
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
de um delegante ou subdelegante, vai ser imputada ao órgão que tenha sido delegado. A
condenação à prática de um ato administrativo pode suceder quando tenha sido cumprido
o dever de praticar um ato administrativo que resultava diretamente da lei, ou se pretenda
a substituição de um ato administrativo de conteúdo positivo.
São de conhecimento oficioso, e que correspondem aos casos em que uma causa
é idêntica quanto aos sujeitos, pedidos, causa de pedir, e objeto. Havendo uma ação
proposta, uma outra que apareça com todas estas características pode aproveitar da
litispendência? Caso julgado: como é importante que não haja contradição, corresponde
às circunstâncias em que já houve uma decisão judicial sobre a matéria em causa.
Art.º7-A do CPTA está previsto um dever de gestão processual, ISTO É, o juiz deve
dirigir ativamente o processo, fazer com que ele seja célere, promover de forma oficiosa
as diligências que sejam necessárias, recusar o que seja dilatório, e se necessário adotar
mecanismos de agilização processual que garantam a justa composição do litígio.
Quando haja pressupostos que possam ser sanados, deve o juiz determinar a
realização dos atos necessários à regularização OU quando haja dependência de uma
qualquer prática por parte dos particulares, convidá-los a essa mesma prática.
88
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Articulados:
Quando estamos perante uma demanda quanto a um ato que se praticou ou que se
devia ter praticado tem que se indicar o órgão que praticou ou que devia ter praticado o
ato. Um dos elementos essenciais que temos que considerar: a determinação do valor da
causa, que vai ter relevância sobre a taxa da justiça. Deve neste momento fazer-se
indicação da prova. E quando o autor pretenda indicar um rol de testemunhas deve fazer
no fim da peça processual. Também deve fazer indicação dos documentos que considere
que sejam necessários e que constam no processo administrativo (= no procedimento).
Os efeitos da recusa estão na lei de processo civil. Podem ser objeto eles próprios
de reclamação. Pode haver um recurso em relação a essa decisão. Não havendo nesses
casos, um despacho do juiz sobre a petição. E portanto, há nesta fase, menos intervenção
judicial, mas mais intervenção administrativa do tribunal.
89
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
4ª fase: a do papel do MP
90
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Já sabemos quando os demandados são citados, tem que ser remetida a petição
para o MP, que ele tem uma possibilidade de pronúncia, que pode, aliás, invocar causas
de invalidade distintas das que foram inicialmente distintas, tendo prazos previstos no
85º, e pode ter também um papel especial de defesa de DF bem como de defesa de
interesses especialmente relevantes.
Pode também suceder que a intervenção do MP se fique por esta lógica de uma
intervenção inicial.
91
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
que permite a entrada na fase da audiência prévia, que acaba por ser uma sub-fase. O
regime está no art.87º-A, em que se tenta realizar uma reconciliação, facultar às partes
uma discussão de facto e de direito quando o juiz pretenda decidir naquele momento a
causa.
Esta audiência prévia tem que ser realizada em 30 dias, que pode levar a que seja
proferido um despacho pré saneador pode levar a que o processo seja simplificado, e que
seja programada a audição dos mandatários. É uma fase de enunciação dos temas relativos
à prova.
A audiência prévia não se realiza quando seja claro que o processo deve findar no
despacho saneador pela procedência de exceção dilatória.
O despacho saneador tem o seu regime no 88º, para além do conhecimento das
exceções dilatórias, é o momento em que se pode conhecer de forma total ou parcial o
mérito da causa. E o próprio processo permitir a que se cheguem a essas conclusões. E
portanto, nesta fase é possível então a resolução das questões formais, a abertura da
instrução, e da fase da prova, ou mesmo uma decisão de mérito. O despacho saneador
concentra as decisões de natureza formal. Tomadas ali, não há decisões de natureza
formal posteriores. Podemos dizer que o despacho saneador corresponde à ideia de um
caso julgado formal. Apenas não será um CJ formal nas circunstâncias em que existam
alteração de circunstâncias, em que se podem conhecer mais tarde, ou em casos de
litispendência posterior.
A prova é, nesta fase, uma prova mais processual. E a tendência é dar liberdade
em relação à prova a alcançar.
92
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Pode ser oral: quando seja necessário o depoimento de parte, é necessário ouvir
testemunhas, ou atos orais por parte de peritos.
Fase do Julgamento
O juiz é, em princípio, singular, que tem que fundamentar a sua decisão de direito
e de facto num prazo de 30 dias.
As suas regras estão no 48º CPTA. Quando, num mesmo tribunal, sejam
intentados mais de dez processos que, embora referidos a diferentes pronúncias da mesma
entidade administrativa, digam respeito à mesma relação jurídica material ou, ainda que
respeitantes a diferentes relações jurídicas coexistentes em paralelo, sejam suscetíveis de
ser decididos com base na aplicação das mesmas normas a situações de facto do mesmo
tipo, o presidente do tribunal deve determinar, ouvidas as partes, que seja dado andamento
apenas a um deles e se suspenda a tramitação dos demais.
93
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
A decisão que seja determinada é notificada às partes nos processos que estejam
suspensos para no caso de 30 dias, o autor desistir do pedido, ou qualquer das partes
recorrer da sentença proferida.
PROCESSOS CAUTELARES:
Estes processos cautelares, não devem ser confundidos com outros meios
processuais acessórios, por exemplo, as intimações, que são processos urgentes em que
há uma decisão.
Os processos cautelares tal como estão hoje previstos, têm a possibilidade de criar
efeitos antecipatórios, mas também conservatórios, isto é, podem ajudar tanto à
conservação de um ato como à antecipação de uma circunstância em que ele não produz
efeitos.
94
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
A lógica que deve marcar o juízo a fazer no âmbito destes processos cautelares é
da existência ou não da possibilidade de um prejuízo grave para o interesse público. O
seu desenvolvimento sucedeu fundamentalmente após a revisão constitucional de 1997,
em que se prevê a possibilidade de proteção cautelar, sendo estes processos casos em que
se visa manter a utilidade da lide principal. Naturalmente, a decisão de uma providência
cautelar é menos longa que a decisão de um processo em ação administrativa. O que se
pretende é, à partida, assegurar a utilidade de uma sentença.
Portanto, os processos cautelares são: preventivos, são instrumentais quanto à sua função,
e são sumários. Atenção: não se pode confundir a existência destes processos cautelares
com outros processos urgentes (os processos urgentes são aqueles em que há decisão
MATERIAL com base num processo muito mais rápido, com prazos muito menores. O
processo cautelar tem uma relação com uma decisão definitiva que vai ser tomada, e o
objetivo é que a decisão definitiva seja uma decisão útil.
O regime legal dos processos cautelares está previsto nos arts. 112º e ss CPTA. E
logo no n1: providências cautelares serem antecipatórias ou conservatórias, de terem que
ser adequadas (para propor), e o facto de serem necessárias para que a sentença seja útil.
95
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
f) Arresto;
h) Arrolamento;
Está aqui presente a ideia do periculum in mora, e do fumus bonis iuris. Sendo o
periculum in mora uma lógica de perigosidade, de criação de uma situação de facto
consumação ou de produção de prejuízos de difícil reparação para o requerente. Ver o
n.º1 do 120º CPTA.
Apesar de tudo, e também nas pessoas coletivas terá que haver prejuízo de
natureza material relativamente a uma decisão a tomar. O que não existe é uma decisão
definitiva, tal como acontece, por exemplo, nos processos urgentes. Aquilo que aqui se
faz é uma avaliação da probabilidade da procedência.
96
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
97
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Outro ponto que leva a que se tenha cuidado na apresentação destes processos
cautelares: possibilidade de o requerente possa responder pelos danos com dolo ou
negligência grosseira, tenha criado quer nos interessados quer nos contrainteressados à
são casos de utilização abusiva da providência cautelar.
Tomar em atenção:
98
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
17/03/2022
Como vos disse, elas podem ser antecipatórias ou conservatórias. E o nº2 do 112º
dá-nos uma enumeração meramente exemplificativa de casos em que se admite a
existência de Providências Cautelares. Elas dependem fundamentalmente de 3 grandes
requisitos: o primeiro é o receio de uma lesão; o segundo é a existência de aparência de
direito; e o terceiro é proporcionalidade na emissão da medida cautelar.
99
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Queria chamar a atenção para alguns factos, no plano legal. Desde logo: que há
sempre uma determinação sumária, no requerimento cautelar, do pedido, dos seus
fundamentos (alínea g) do nº1 do 114º) e que em relação à prova, no sentido da celeridade,
se presumem verdadeiros os factos invocados pelo requerente no caso de não haver
oposição.
Portanto, estamos aqui numa lógica de um processo que vai ser um processo
sumário, em que não há prova pericial, se determina um limite de 5 testemunhas, em que
o juiz pode recusar meios de prova que entenda como desnecessários, e que não há
adiamentos da audiência por faltas. Analisem estas referências nos números 3 a 6 do 118º.
100
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Devemos fazer uma relação, por exemplo, com o artigo que se refere ao despacho
liminar, na medida em que esse decretamento é feito precisamente nesse despacho
liminar. (ligação entre 131º/1 e 116º). E os critérios de decisão pelo qual se assume a
providência cautelar, estão genericamente referidos no 120º, seja em relação ao perigo,
seja em relação a potenciais danos que a vida vai assumir.
SENTENÇAS
101
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
1. Absolvição da instância;
3. Decisão material.
b. As sentenças condenatórias;
c. Ou as sentenças constitutivas.
102
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Nas ações declarativas, também pode suceder (caso típico: declaração da nulidade
de um ato) que levem a uma obrigação para a Administração, isto é, que também tenham
aspetos condenatórios. Esta classificação das sentenças não leva a que elas tenham de ser
obrigatoriamente aplicadas no/num estado puro, podem existir interações.
Quanto ao primeiro caso, o que sucede? Há uma sentença que tem uma
característica constitutiva (portanto, cria, modifica ou extingue uma RJ) e que pode levar
a uma invalidade de atos de autoridade (por exemplo, atos administrativos) que têm de
ser restabelecidos numa lógica de respeito pelo princípio da legalidade.
Também podemos dar o exemplo das sentenças condenatórias em que pode existir
uma intimação para uma ação ou omissão por parte da Administração. Portanto, aqui até
há uma lógica de ligação daquilo que nós vemos como ações meramente condenatórias
na lógica da ação principal com processos de natureza urgente.
103
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Este efeito constitutivo que existe, com a tal aplicação retroativa relativamente ao
momento da ilegalidade, gera para a Administração um dever de execução da sentença.
Portanto, existe aqui uma lógica de um efeito reconstrutivo ou desconstrutivo. O que é
que naturalmente se vai fazer? Uma reconstrução de uma situação hipotética atual como
se não tivesse existido ato administrativo.
Atenção que pode suceder que o efeito confirmativo da sentença não leve a
Administração a praticar um ato idêntico àquele que ali está em causa.
Isto tudo se passa no plano de execução das sentenças. Ver 173º/1 – Sem prejuízo
da possibilidade de praticar novo ato administrativo sempre com respeito dos limites do
caso julgado. Caso julgado é sempre o limite até onde a Administração pode ir.
Para além disso, a AP vai ter que obrigatoriamente cumprir com deveres que não
tenham cumprido por referência à situação jurídica de facto que foi constituída. Para além
da referência direta da reconstituição da situação, pode a AP cumprir com deveres que
não tinha cumprido, pois não estava obrigada na medida em que não existia tal ato.
Ver 90º/4. Este artigo refere-se a casos de cumulação de pedidos – todos eles
relacionados com ilegalidade de conduta administrativa, podendo o tribunal antecipar a
104
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
decisão daquela que seja considerada a causa principal que até poderão não necessitar de
uma instrução se beneficiarem da procedência do pedido principal.
A lógica deste artigo deve ser vista sob análise do 95º/6, que é o de haver decisões
em que vai ser necessário especificar as consequências de facto da decisão de provimento
da sentença.
Atos consequentes
105
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Sendo o recurso um novo julgamento, podendo ser mantida ou revogada a decisão que
tenha sido recorrida.
Isto vai ter que se relacionado com o que está no nº2 do 173º, de que já falamos
quanto à questão da eficácia retroativa dos atos.
Há sentenças que não têm efeitos erga omnes, os efeitos são inter partes à por
exemplo, quando se está perante efeitos favoráveis em que tem de se tomar em atenção a
existência de contrainteressados. Apesar da consequência ser entre as partes, podem ser
extensíveis a outros..., mas também que se tem sempre de assumir o caso julgado de
acordo com aquilo que está determinado nos fundamentos da própria sentença. Ver 161º/1
– os efeitos podem ser estendidos a outras pessoas que não tenham recorrido à via
contenciosa no caso de estarem perante a existência de um ato de conteúdo idêntico.
CASOS PRÁTICOS
O que temos? Ato administrativo. Art.º37 CPTA, al. a) do n.º1 e temos impugnação de
atos administrativos. O que seria relevante a seguir? A questão de ver quais os atos
impugnáveis e, portanto, teríamos que ir ao n.º1 do art.º51 e n.º2/a). Depois de vista a
questão dos atos impugnáveis, vimos quem tinha legitimidade para impugnar.
Artº55/1/a). Importa, também, ver os prazos – art.º58/1/b). Será que esta situação tem
alguma especialidade? Art.º59/2. Aqui não há fundamentação na notificação. Faltando
este elemento, o ato não é devidamente notificado. Podemos aplicar o regime 60.º CPTA
(possibilidade de se aplicar um processo urgente – explicar o que são processos urgentes).
106
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
18/03/2022
Processo Executivo
107
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
mãos da AP, agora em princípio, tem que executar a sentença a não ser que haja uma
causa ilegítima de inexecução.
108
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
civil temos uma determinação do poder público sobre privados, aqui temos a
determinação do poder público sobre outro poder público.
Podem existir causas legítimas que levem à não execução da sentença, causas
legítimas de “inexecução”. O seu regime está previsto no 163º CPC. A execução pode ser
total ou parcial. E apenas será causa de inexecução a circunstância de prejuízo para o
interesse público, e portanto, para que tenhamos uma causa de inexecução, quem a invoca
vai ter que a fundamentar. Mais: só pode utilizar argumentos “novos” face ao momento
da decisão.
109
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
execução podendo o exequente, em 10 dias, replicar. Caso concorde pode fazer o pedido
de indemnização. Nada fica igual.
Para além da questão de execução, também se tem que tomar em atenção o regime
de possibilidade de indemnização. Na petição, o exequente deve especificar os actos e
operações em que entende que a execução deve consistir, podendo requerer, para além da
indemnização moratória a que tenha direito a entrega judicial da coisa devida, a prestação
do facto devido por outrem, se o facto for fungível.Estando em causa a prática de acto
administrativo legalmente devido de conteúdo vinculado, a emissão pelo próprio tribunal
de sentença que produza os efeitos do acto ilegalmente omitido.
110
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
pessoa com interesse direto na sentença, que pode pedir essa execução quando a mesma
seja erga omnes.
ATENÇÃO: no orçamento do Estado tem que existir uma votação afeta a estes
pagamentos e ela existe à ordem do Conselho Superior do TAF. Quando não tenha
existido compensação de créditos, o tribunal dá conta disso ao Conselho Superior para
ele no prazo de 30 dias cumprir com a ordem de pagamento. Quando não haja, tem o
Conselho Superior que notificar disso ao Primeiro Ministro e Assembleia da República
para que promova abertura de crédito extraordinário, podendo nessa circunstância o
exequente, que dela tenha sido notificado, requerer ao Tribunal que continue com a
execução e requerer fixação de prazo para pagamento.
O ponto de partida é o art.º4º n.º2, de acordo com o qual, se podem cumular vários
pedidos, desde logo de anulação do ato administrativo com condenação à prática da
Administração. Depois, a nível da execução da sentença vamos chegar à necessidade de
colocar em causa atos administrativos contrários à lógica da decisão tomada.
111
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quanto à decisão desta matéria: estamos perante a sentença em que é mais clara a
questão do relacionamento entre administração e tribunais, no sentido de delimitação de
poderes distintos entre ambos. problema que se põe aqui: a possibilidade de
discricionariedade na aplicação dos atos.
Quanto ao regime das sanções pecuniárias compulsórias, este tem por base: CC e
a sua possibilidade vem definida no nº2 do art 3º CPTA, podendo os tribunais det prazo
para cumpriemtndo das sentenças, e aplicar quando tal se justifique (tem que haver
fundamentação, justificação) sanção pecuniária compulsória, e ambas existem para se
assegurar a efetividade das decisões dos tribunais. A lógica deste n.º2 do art 3º é a de
possibilitar uma execução específica da sentença ou o cumprimento de um prazo razoável
para a mesma. A ideia na determinação da sanção pecuniária compulsória é a de que
112
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
exista por parte do juiz, uma liberdade de avaliação que vai depois levar à determinação
de uma medida em concreto.
A partir desse pressuposto objetivo e da relevância que o juiz considere que ele
tem, pode determinar uma sanção pecuniária compulsória que recai sobre os titulares dos
órgãos do Estado, não recai sobre o Estado, e portanto lógica de um património que é
individualizado para se perceber quem é responsável pelo pagamento da sanção. Também
se podem aplicar sanções pecuniárias compulsórias relativamente a particulares que no
fundo ficam sub-rogados na posição que a Administração tem no processo. Assim como
em circunstâncias referidas no nº4 do 111º, especificamente relativamente à impugnação
de decisões.
Quanto a regras e regimes especiais: ver nº4 do 257º que se refere a outros casos
em que se pode utilizar as vias de execução previstas quanto a estas sentenças.
Regra: lei processual civil, salvo o que esteja det desde logo no CPTA, nº3 do
140º.
113
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Regra de valor dos recursos: n.º1 do 142º (O recurso das decisões que, em
primeiro grau de jurisdição, tenham conhecido do mérito da causa é admitido nos
processos de valor superior à alçada do tribunal de que se recorre, quando a decisão
impugnada seja desfavorável ao recorrente em valor superior a metade da alçada desse
tribunal, atendendo-se, em caso de fundada dúvida acerca do valor da sucumbência,
somente ao valor da causa.), mas esta regra tem a exceção do nº3.
Quando estivermos perante ato de mero expediente, não há recurso, com exceção
daquilo que está previsto no nº3 do art 7º. A decisões que vão contra o princípio da
igualdade ou do contraditório, com aquisição para o processo de factos, ou
admissibilidade de meios de prova.
114
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O recurso de revista tem o seu regime no 150º CPTA, aplica-se, por exemplo, a
decisões de segunda instância do TCA em que excepcionalmente há revista para o STA,
tem que assim suceder em relação a matérias de especial relevância. OU então quanto
para aplicação melhor do direito, o recurso se demonstre como totalmente necessário, há
recurso de revista com base em questões de natureza processual e em questões de natureza
material. O recurso está limitado quanto aos factos materiais que sejam fixados pelo
tribunal devido, existindo uma determinação do regime jurídico por parte do tribunal de
recurso. Também podemos ter o recurso per saltum para o STA, este vem da primeira
instância, e sucede com mais do que 1 requisito: é necessário que só tenham sido
chamadas questões de direito, e que o valor OU seja indeterminado OU seja superior a
500 mil euros. Portanto, as determinações quanto aos recursos ordinários, estão previstas
nos arts 150, 151º. Quanto aos recursos extraordinários, também têm a sua relevância a
questão da unif da jurisp, sendo o regime fund quanto a esta matéria o do 152º cpta, e esta
uniformização pode se dar em duas grandes sit: contradição quanto a questão de Direito
entre dois acórdãos do STA, ou quanto a um entre TCA e TCA, e TCA e STA.
O recurso vai ter o caminho relativo ao processo a que respeita porque vai ser
apensado a esse processo. Especialidades que tem o recurso das decisões dos tiriba dm
face às regras do processo civil. Desde logo, quanto à legitimidade, tem legitimidade
quem ficou vencido mas também o MP nº1 do 141º, n.º4, porque também pode recorrer
aquele que não é parte, mas que foi prejudicado pela decisão do tribunal administrativo.
Portanto, a lógica de legitimidade é aqui mais aberta, e relacionado com isto outra
dif. é o papel do MP que pode recorrer nº1, nº3, nº4 do artigo 141º, mas tmb pode ter
115
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Há aqui sempre uma lógica de avaliação dos danos que podem vir a ser
determinados na sequência da existência do recurso e da manutenção da decisão, que os
efeitos são meramente devolutivos.
Quanto aos poderes que o tribunal tem nos recursos ordinários, ver aqui lógica de
sentença substitutiva, nº1 do art 149º, porque ainda que se declare nula a sentença, o
tribunal de recurso tem sempre que decidir o objeto da causa, obriga ao reconhecimento
dos elementos de facto e de direito - n.º1 do art.º149.
116
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Portanto, há aqui uma lógica de amplitude dos poderes de conhecimento por parte
do tribunal de recurso.
117
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
● Processos urgentes. São processos mais céleres com prazos menos dilatados em
relação à apresentação, resposta, e determinação da sentença final.
● Para além da possibilidade de processo urgente, havia outra: impugnação do ato,
aplicar n.º2 do art.º60 e suas consequências (não havia indicação da data).
● Falar da legitimidade, prejudicado, mas em causa estava a aplicação do art 60º
CPTA.
● Era um ato destacável dentro do procedimento.
● Quem tem legitimidade para a impugnação neste caso era o prejudicado, falar dos
prazos, etc.
● Imparcialidade: era questão de legalidade, e não de conveniência.
Pedido de condenação de ato devido art.87º b), art.67º n.º1 a), art.69º, art.º71 n.º1,
lógica da amplitude de poderes de conhecimento que o tribunal tinha.
118
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
25/03/2022
CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO
Dentro dos tributos, temos várias categorias – uma delas é a dos impostos. E
quando falamos de relação jurídica fiscal, estamos a falar de uma relação jurídica que tem
no centro a obrigatoriedade de pagar contas.
Esta relação jurídica fiscal é composta por elementos de natureza objetiva e por
elementos de natureza subjetiva. No plano objetivo, o que temos? Temos o índice de
capacidade contributiva que nos vai ser aplicado. Isto é, o motivo que nos leva a termos
que pagar impostos. E nós pagamos impostos porque, por exemplo, obtemos um qualquer
rendimento. Devemos relembrar que quer o IRS quer o IRC são impostos periódicos.
119
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O IRS começa a ser considerado no dia 1 janeiro de cada ano e termina essa mesma
consideração no 31 dezembro. Neste dia acaba o ano fiscal, mas depois começa outro. O
ano fiscal termina, mas começa automaticamente um novo.
No plano subjetivo temos os sujeitos. A regra é que são sujeitos o sujeito ativo e
o sujeito passivo. Sujeito ativo é basicamente a Administração. Sujeito passivo é o
contribuinte. Atenção que nesta relação jurídica o sujeito passivo não tem uma
circunstância de liberdade. Ele é obrigado legalmente a pagar o imposto.
Por sua vez, atenção que o sujeito ativo tem várias circunstâncias de intervenção.
Em 1º lugar, é ele que determina a lei que se vai aplicar, exercendo aquilo que chamamos
uma competência tributaria. É ele que vai participar na relação jurídica com o sujeito
ativo. Ele não só determina a regra como tem participação explicita na relação jurídica
com o sujeito ativo.
120
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Por estes elementos que podemos ver, a relação jurídica fiscal é uma relação de
natureza obrigacional – isto é, há uma obrigação que tem de ser cumprida pelo
contribuinte em relação àquele que é o sujeito passivo da relação obrigacional (que é a
AP). Mas ao mesmo tempo, essa relação é também uma relação de DA porque é uma
imposição de posição ao contribuinte por parte da Administração.
A partir de agora vamos ver a LGT e CPPT. Mas se formos ao artigo 36º da LGT
vemos estas referências que fizemos. Primeiro, a relação jurídica inicia-se com o facto
tributário. Facto tributário é a existência do rendimento, do consumo ou do património
que é fiscalmente relevante. As partes não podem, por sua vontade, alterar os elementos
121
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
essenciais desta relação jurídica. E não é possível que as próprias partes da relação
jurídica determinem livremente os seus efeitos. Os efeitos são determinados por lei. Nós
aqui estamos no âmbito de aplicação do princípio da legalidade no seu sentido mais
amplo. Já agora, os elementos essenciais dos impostos correspondem a um caso de reserva
relativa da AR. E o montante da taxa, a determinação da incidência, têm de ser feitos por
lei.
Voltemos aos sujeitos da relação jurídica (doravante RJ) tributária. O sujeito ativo
pode ter 3 grandes possibilidades de atuação: poder tributário; competência tributaria;
capacidade tributária.
O poder tributário é o poder que este sujeito ativo tem de determinar as regras que
se vão aplicar à RJ fiscal. Tem depois a competência tributaria, que é a possibilidade de
estar presente na RJ tributaria perante o sujeito passivo. Para isso, tem de ter capacidade
tributaria ativa.
122
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Para alem da substituição, que está relacionada com este mecanismo da retenção
na fonte (embora não seja obrigatório que para haver substituição haja retenção na fonte).
O segundo fenómeno é responsabilidade fiscal. A responsabilidade fiscal corresponde a
casos que são determinados de forma especifica na lei como de terceiros que tomam o
lugar do contribuinte. A responsabilidade é uma responsabilidade subsidiaria, em 1º
lugar. Isto é, é preciso que o contribuinte inicial não tenha de todo capacidade para pagar.
E, portanto, tem de se praticar o – há aqui o chamado benefício de excussão. Benefício de
excussão quer dizer: só depois de estarem executados até ao limite todos os bens do
contribuinte inicial é que se passa para o segundo. Só quando não houver mais nada. Os
casos de responsabilidade que são admitidos têm de estar previstos especificamente na
lei. E são, por exemplo, casos de diretores, administradores, sociedades, quando por
exemplo as sociedades não conseguem pagar.
Ver artigos 54º da LGT e 44º do CPPT. E corresponde à sucessão de atos que é
dirigida à declaração de direitos tributários. E aqui, no contencioso tributário, a noção de
procedimento vai ser fundamental. É sempre a partir do procedimento que nós vamos
situar e determinar o funcionamento do contencioso tributário.
123
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Temos de distinguir taxa de taxa de imposto. Taxa enquanto tributo é o tal tributo
de natureza bilateral que se deve a uma determinada intervenção da Administração. A
taxa de imposto é o montante percentual que se vai aplicar à capacidade contributiva e
pela qual se determina o montante em concreto de imposto a pagar.
Agora, tal qual este artigo 54º nos vai referindo os vários tipos de procedimento
(atenção que a enumeração que faz é uma enumeração meramente exemplificativa), não
é apenas a liquidação que é um procedimento tributário. Também o são as ações
preparatórias ou complementares da informação e da fiscalização tributaria, o
reconhecimento de benefícios fiscais, a revisão oficiosa do imposto, as reclamações
graciosas e os recursos hierárquicos, a avaliação direta ou indireta dos rendimentos ou do
património, e a cobrança das obrigações tributarias. De todo o modo, como normalmente
vamos parar ao contencioso tributário?
Houve uma declaração de imposto que fizemos (contribuintes) e que levou a uma
determinada declaração. As nossas declarações presumem-se verdadeiras e de boa-fé.
Com isto, quer-se dizer que a Administração fica totalmente vinculada a elas? Não, a AP
pode ir rebatê-las. E como faz isto? Através de uma inspeção, de natureza tributaria, em
que tem de ser exercido o princípio da audiência previa e em que se determina, por
exemplo, uma liquidação adicional de imposto. Questão: contribuinte caminhou para uma
liquidação de 10, imposto a pagar de 10, mas imposto a pagar seria de 30, paga mais 20.
A partir desse momento, o ónus da prova inverte-se. Isto é, terá de ser a parte, o
contribuinte, a demonstrar que tem razão e a Administração não. É quase como se fosse
jogo de ténis. A bola começa do contribuinte para a Administração e esta ou fica com a
bola e está tudo bem ou devolve a bola para o contribuinte através desta nova inspeção.
E vamos ter o contribuinte que tem de se defender. Coisa que pode fazer no procedimento
(a tal figura da reclamação serve para isso) mas também no processo tributário. O
processo tributário é processo judicial, onde se tratam, em princípio, matérias
relacionadas com liquidações. A liquidação, então, é o procedimento tributário de
excelência, é um ato ad, é um ato ad exequível e que tem muitas características de natureza
formal.
124
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
2. Fase constitutiva. Esta fase é mais simples. É aquela pela qual se vai
determinar qual o montante de imposto a pagar.
3. Fase executiva. É a fase que tem a ver com a cobrança. Porque que
pagamos imposto? Porque somos obrigados. Se não fossemos
obrigados, não pagávamos impostos. É porque o estado tem força
executiva para chegar ao pé de nós e nos obrigar a pagar imposto.
Ninguém paga impostos porque quer. Pagamos imposto porque somos
obrigados.
Quanto às fases, tudo começa com a iniciativa do contribuinte. Ou, como diz a lei,
com o impulso. O impulso para início tanto pode ser, conforme o que esteja previsto na
lei, da Administração tributaria (AT) ou dos interessados (artigo 69º da LGT) e sempre
que haja uma denuncia, o contribuinte tem direito a conhecê-la (artigo 70º da LGT).
125
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Por outro lado, passada a fase inicial, entra-se na fase de instrução, matéria que
está determinada nos artigos 71º a 76º LGT. Quem tem a direção do procedimento na
instrução é o órgão da Administração competente para declarar a decisão. Aqui,
naturalmente será a Autoridade Tributária e Aduaneira. Que pode utilizar todos os meios
de prova para poder decidir (evidentemente, todos os meios de prova que sejam admitidos
no direito). Quando se esteja perante presunções, admite-se prova em contrário. E o ónus
da prova recai sempre sobre quem invoque os direitos. Se for a Administração a invocar,
ela tem o ónus; se for o contribuinte, é ele que o tem.
E porque é que isto será assim? Por uma questão simples. Porque a Administração
mantém a sua posição e mantem a sua posição porque acha que se há alguma questão
jurídica envolvida, o mais natural é que venha a ser o tribunal, que é um terceiro, que
venha tomar uma decisão sobre isto/sobre o litígio.
126
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
A decisão do procedimento, que é a terceira fase, tem de ser fundamentada, mesmo que
a exposição dos motivos, quer de facto quer de direito... ou até se faça uma mera
concordância com posições anteriores, devendo ter sempre presente quais as normas
aplicáveis que levam à qualificação e quantificação que a Administração faz (qualificação
e quantificação sobre aquilo que é a posição da Administração).
No fundo temos um procedimento que vai ter que ser decidido e da decisão do
procedimento depois temos recurso judicial (possibilidade de ação judicial, de recurso
judicial).
Também pode acontecer que haja recurso hierárquico. Recurso que é feito para o mais
superior hierárquico do autor do ato. E a não ser casos de estrita determinação legal, este
recurso é sempre facultativo. Já podemos ver que no plano do procedimento temos vários
atos que são possíveis.
Por outro lado, também sabemos que, neste meio, estamos perante uma logica que é uma
logica de privatização de funções. Isto é, cada vez mais há um conjunto de obrigações
que têm de ser cumpridas pelos sujeitos tributários privados de acordo com o princípio
127
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
de colaboração com a Administração. Esses custos são custos relevantes para as empresas
e uma das preocupações que cada vez mais têm é perceber o seu montante. Hoje as
empresas, mesmo para cumprirem as suas obrigações de natureza fiscal, têm de ter um
esquema interno de forma a poderem cumprir com as obrigações que lhe são determinadas
pela própria Administração.
E nós temos fundamentalmente dois regimes: o regime que se aplica aos impostos de
natureza periódica e o regime que se aplica aos impostos instantâneos. No caso dos
impostos de natureza periódica, o prazo de 4 anos começa-se a contar a partir do fim do
período que está em causa. Isto é, se temos uma tributação para este ano de 2022, de
acordo com a regra que aqui está estabelecida, mais precisamente no nº4... e, portanto, de
acordo com aquilo que está determinado, o prazo de caducidade conta-se nos impostos
periódicos a partir do termo do ano em que se verificou (portanto, no último dia do ano).
128
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O resultado normal de uma inspeção poderá ser a existência de uma liquidação adicional.
Um caso que também é aplicável de aplicação dos regimes de avaliação indireta: são os
que têm a ver com advogados que trabalham por conta própria – os advogados que vão
trabalhar por conta própria apresentam os seus rendimentos de categoria B por uma de
duas formas: ou com recurso à contabilidade organizada ou, no caso de não ultrapassar o
montante anual de 200 mil euros; se acima desse montante, fantástico, é contabilidade
organizada sem mais. Se estiverem abaixo dos 200 mil euros, vão optar ou pelo regime
simplificado ou pelo regime da contabilidade organizada.
129
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
relação a 15%. Se não demonstrar, fica apenas com 10% de desconto. Esta avaliação
indireta é um regime excecional.
A tomada de posição por parte da Administração tem que ser fundamentada de acordo
com as regras determinadas no artigo 77º. Há depois alguma discussão sobre os efeitos
da não fundamentação. Na opinião do professor, a falta de fundamentação leva a um vicio
do ato de liquidação. Aplicando-se as regras do CPA no plano da opção pela nulidade ou
pela anulabilidade/aplicando-se as regras do CPA com consequência sobre uma possível
nulidade ou anulabilidade.
Quanto à cobrança: A cobrança pode ser feita com base no pagamento voluntario, mas
se não for feito o pagamento voluntário, caminhamos para a cobrança coerciva. E é aí que
surge a possibilidade do pagamento a prestações. O pagamento das prestações inclui-se
dentro da logica da cobrança coerciva, tem de ser feita nos termos legais e é aplicada na
fase executiva. O requerimento para pagamento a prestações apenas pode ser apresentado
depois de ter passado o prazo para pagamento voluntario. Quem pede o pagamento a
prestações é quem o consegue fazer. Só se pode apresentar o requerimento quando não
seja possível. Pode dar nota à Administração que o vai fazer. Mas o requerimento
propriamente dito só com a abertura do processo executivo.
A cobrança coerciva tem como elemento a execução fiscal prevista no 103º da LGT e
148º e ss. do CPPT.
Esta é uma fase em que há o/um papel próprio dos tribunais e da Administração. Como,
alias, podemos notar analisando o artigo 151º do CPPT. Como começa a execução? Com
o ato de citação do executado. A comunicação do processo executivo faz-se por citação;
a comunicação no processo tributário faz-se por notificação. O objetivo da execução será
o da apreensão dos bens por penhora. Faz-se uma convocação de credores e verificação
da graduação dos créditos. E tudo termina com a venda dos bens penhorados. Com essa
venda, vai terminar o processo de execução fiscal. Ver 259º e ss e 264º/274º e ss. CPPT.
Atenção que vamos acabar por trabalhar com um esquema idêntico, evidente: Primeiro
passo: Liquidação – que é feita pelo próprio contribuinte, por exemplo (autoliquidação,
no caso do IRC). Segundo passo: Inspeção tributaria. A inspeção tributaria determina uma
liquidação adicional. Há o direito à audiência previa por parte do contribuinte e o
contribuinte opta ou por ser ouvido ou por não ser ouvido. Na sequência disso,
caminhamos para a existência de um relatório de inspeção onde se determina uma
130
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
liquidação adicional. O resultado desse relatório vai ser notificado ao contribuinte e aberto
o prazo para se fazer o pagamento. Das duas uma: contribuinte aí ou paga ou não paga.
Vamos imaginar que paga. O facto de o contribuinte pagar quer dizer que concorda com
a atividade da Administração Não! O contribuinte, aí, vai poder reclamar
administrativamente. Caso não queria reclamar, pode diretamente impugnar. Também
pode reclamar e da decisão administrativa depois impugnar. Há casos que a legislação
prevê como casos de reclamação administrativa obrigatória. O contribuinte pode optar
por fazer uma impugnação judicial ou, quando estejamos a falar de impostos e a
liquidação tenha como limite 10 milhões de euros, pode ir para a arbitragem. Nas
circunstâncias em que o contribuinte deixa que o processo vá para a fase executiva, pode
também fazer isto tudo. Só que nenhuma destas medidas suspende o direito que a
Administração tem para fazer a execução. Ele apenas vai ser suspenso no caso de um
contribuinte prestar uma garantia. Naturalmente, uma garantia bancaria. Sobre o regime
das garantias, falaremos nas próximas aulas.
31/03/2022
O procedimento quando envolve uma liquidação tem como primeira fase final: a
notificação do contribuinte para pagar voluntariamente, fazendo-o pode depois reclamar,
impugnar, ou fazer pedido arbitral. Caso não pague, entra em processo executivo, e pode
também pode apresentar os mesmos meios de reação (pode apresentar reclamação,
impugnação judicial ou pedido arbitral). O contribuinte não pode achar que por
apresentar, por exemplo, reclamação suspende a execução, não, para isso acontecer tem
de prestar garantia.
131
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
A referência aos princípios encontra-se na LGT está nos artigos 55º a 60º, no
CPPT (10º, e 45º a 50º).
· Princípio da legalidade
O princípio da legalidade tem a sua origem na CRP, sendo que os artigos 103º e
104º determinam os princípios gerais quanto a esta matéria. E, pela determinação da
constituição, tem de ser aprovado por documento legislativo, por lei ou decreto-lei (em
caso de reserva relativa da AR), aquilo que seja o regime da incidência da taxa, dos
benefícios fiscais e garantias. O artigo 8º da LGT se refere aos crimes fiscais e ao regime
geral das contraordenações fiscais.
· Princípio da imparcialidade
· Princípio da proporcionalidade
· Princípio da celeridade
132
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
da fonte a título definitivo, o prazo começa-se a contar a partir do primeiro dia do ano
civil seguinte àquele em que o ato foi praticado.
· Princípio da colaboração
Este princípio está previsto no artigo 59º da LGT que determina de forma
recíproca este dever de colaboração quer para os contribuintes quer para a administração
tributária. Hoje em dia, a administração tributária passa muitas obrigações de colaboração
para as mãos do contribuinte. Os contribuintes são cada vez mais sujeitos a obrigações de
compliance (que pesam muito nas estruturas empresariais).
133
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O contribuinte não fica vinculado, fica é a saber a posição que a administração vai
tomar e se não cumprir aquilo que é a posição da administração vai entrar numa
circunstância de possível litígio com a administração.
134
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Pode a Administração neste campo ter acesso livre às instalações ou locais onde
possam existir elementos relacionados com as obrigações fiscais dos contribuintes. Pode
ter acesso aos locais do contribuinte, examinar os seus livros, pode aceder ao seu sistema
informático, pode requisitar documentos, estamos a falar da lógica das inspeções
externas. Quando se está perante informação protegida pelo segredo profissional, apenas
com decisão judicial o mesmo pode ser levantado.
Este procedimento está estabelecido com base num ónus que recai sobre a
administração, de provar que as declarações dos contribuintes não são verdadeiras, ou
enfermam de vícios. Por exemplo, a presunção não se aplica logo à partida quando há
erros ou omissões na contabilidade ou o contribuinte não tiver cumprido com os seus
deveres de esclarecimento ou a matéria tributável se afastar sem justificação razoável de
alguns indícios sejam técnicos, sejam os determinados no artigo 89ºA da LGT.
135
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
· Princípio da participação
E, pode também suceder a sua audição antes da aplicação de uma norma anti-
abuso – n.º 5, artigo 63º do CPPT. Normas anti abuso - há uma previsão nas regras gerais
do direito tributário de acordo com o qual determinadas circunstâncias, por exemplo
contratuais, não levarão à invalidade do negócio, mas levarão à inexistência dos seus
efeitos jurídico-fiscais. Este negócio fez-se, mas fez-se desta maneira porque havia um
136
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
intuito de natureza fiscal, aplica-se a norma geral anti abuso que não vai permitir que se
produzam esses efeitos benéficos fiscais para o contribuinte que usou de forma abusiva
uma forma contratual. Tem a ver com os efeitos do contrato jurídico. Também existem
normas especiais anti-abuso nos diferentes impostos.
· Princípio da confidencialidade
Artigo 64º LGT – aqueles que trabalham na administração tributária têm um dever
de confidencialidade sob pena de responsabilidade disciplinar, contraordenacional e
criminal.
Não pode o funcionário das finanças que não gosta de o vizinho ir bisbilhotar a situação
fiscal, para depois fazer inspeção.
137
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O que não se confunde com a circunstância dos funcionários que tiverem que
aceder a essa informação fiscal até para efeitos de determinação de processo criminal ou
contraordenacional. Outra coisa é fazer por mero capricho, vai contra princípios
essenciais do procedimento tributário como desde logo previsto no artigo 64º.
138
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
PROCEDIMENTOS EM ESPECIAL
2. Procedimento de avaliação;
Em qualquer um dos casos, acaba por estar relacionados com a liquidação porque a
reclamação é sobre uma liquidação, o recurso hierárquico é o recurso da decisão de
reclamação sobre a liquidação. A avaliação serve para determinar os elementos objetivos
da incidência em relação aos quais se vai exercer a liquidação.
A história começa com uma declaração por parte do contribuinte (1), a declaração
presume-se verdadeira e de boa-fé. 2) a declaração será entregue junto da
administração, e esta vai analisar e ver se à partida elementos que levem à quebra da
presunção (como por exemplo omissões, falhas contabilísticas ou falhas na própria
declaração), se nada disto sucede, a administração pode abrir um procedimento de
inspeção.
Outro ponto: caso se exijam deslocações, temos a inspeção externa, e a inspeção externa
pressupõe uma grande colaboração do contribuinte com a administração, estando previsto
que a administração tributária vai fazer um relatório que é provisório quando é
apresentado ao contribuinte, para efeitos de exercício do seu direito à audiência prévia. O
contribuinte vai poder exercê-lo ou não, passado o prazo para o fazer, a administração
emite o relatório definitivo que naturalmente vai levar a uma liquidação adicional que
139
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Outra questão é: muitas vezes os contribuintes impugnam liquidações que são feitas pelo
Estado logo em primeira via, naqueles casos em que existe heteroliquidação, para se abrir
o contencioso não é dado necessário a existência/abertura de procedimento de inspeção,
ele surge nos casos de autoliquidação (é o caso do IRC, há declaração e liquidação pelo
contribuinte).
01/04/2022
Procedimento de liquidação
Quando não haja declaração ou quando ela tenha vícios, a liquidação terá de ser
feita com base em todos os elementos de que disponha a administração ou venha a obter
de uma entidade administrativa. Se houver um erro, a declaração pode ser substituída pelo
contribuinte, quando a declaração de substituição entregue pelo contribuinte leve a que a
administração com base na mesma não faça uma liquidação, e se a declaração de
substituição for entregue no prazo para reclamação graciosa é uma reclamação graciosa
(artigo 59º, n.º 5 do CPPT).
140
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Procedimento de cobrança
O pedido é feito por via eletrónica, deve seguir o modelo oficial que esta nessa
mesma via eletrónica e a resposta deve ser notificada num prazo máximo de 150 dias (68º
n.º 4).
142
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
No caso de ser feito o pedido com urgência e não haver resposta por parte da
administração, considera-se passado o prazo de 75 dias, que a resposta é de
deferimento tácito, se a administração não disse nada é porque aceitou a interpretação
que o contribuinte fez (exceção ao princípio de indeferimento tácito. Nestes casos, a
administração só fica vinculada à sua interpretação quanto aos factos que foram
expressamente indicados e ao período de tributação em que esses factos ocorram. É
mesmo um pedido imediato aquele que é deferido tacitamente (artigo 68º n.º 8 e n.º 9).
143
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
144
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
quando exista um acórdão uniformizador pelo STA, ou quando versem sobre uma matéria
que tenha sido apreciada em decisão sumária por um tribunal superior nos termos do
artigo 656º do CPC.
· o pedido pode ser feito pelo próprio sujeito passivo, pelo advogado ou até
consultores;
· as taxas de urgência são taxas onerosas, devem ser muito bem ponderadas, pois
o contribuinte sabe que da interpretação que a administração faça, o contribuinte
sofrerá as consequências, em princípio é aquilo que se vai aplicar aquele caso
concreto.
145
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Procedimentos de avaliação
Procedimento de liquidação
Procedimento de cobrança
Procedimentos cautelares
146
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quando dois sujeitos passivos de IRC, por exemplo, têm entre si participações
cruzadas no mínimo de 20 % ou para cima, basta que tenham 2 titulares do capital, os
cônjuges, ascendentes ou descendentes, e mesmo que a participação seja indireta, há
relação especial e para estas situações os contribuintes têm que ter uma especial atenção,
no facto deas suas relações serem feitas com as regras normais do mercado, não serem
feitas em circunstâncias de favor, podendo a Administração tributária na sequencia de
uma inspeção, determinar a aplicação dos métodos previstos na lei dos preços de
transferência, aplicar o regime de preços de transferência, e fazer modificação entre o
preço que foi aplicado e o preço que devia ter sido aplicado, numa lógica de preço de
mercado.
Quando o sujeito passivo queira incluir nas entidades com as quais existam
relações especiais, residentes no estrangeiro (com o qual exista um ADT = acordo de
dupla tributação, ADT’s são acordos de dupla tributação entre estados), sempre que
pretenda fazer isto com sociedades com sede em países estrangeiros em que exista um
ADT, deve solicitar que o pedido seja dirigido às entidades tributárias competentes desses
estados. Este pedido é sempre feito ao diretor geral da AT, deve ter uma proposta de
métodos, deve identificar o tipo de relação a aplicar, e o período, deve conter uma
assunção por parte do sujeito passivo do cumprimento do dever de colaboração com a AT
quanto à prestação de informações, devendo quando envolve outras AT’s ser reduzido a
escrito, e nesse caso, ser comunicado ao sujeito passivo. Estes acordos são sempre
147
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
confidenciais. Estando as informações que o sujeito passivo passou à AT sob sigilo fiscal,
muitas vezes são segredos do seu próprio negócio, apenas existindo aqui uma derrogação
à custa das situações em que exista troca automática de informações. O que deve conter
o acordo: o método a aplicar, as operações que vai abranger, os pressupostos de facto, as
condições para a sua revisão, a possibilidade de prorrogação e o prazo de vigência que
nunca pode ser superior a 4 anos. Havendo acordo, a ATA fica vinculada a comportar-
se de acordo com o mesmo. Se durante o acordo, houver alterações de circunstâncias,
por exemplo no plano factual, tem o sujeito passivo uma obrigação de comunicar essas
mesmas alterações à ATA.
Pontos relevantes:
Fiscais. Por exemplo, não estava prevista uma solução do género do IVAUCHER, ou do
autovoucher.
Procedimento de avaliação:
É aquele pelo qual se determina o valor de bens para efeitos tributários. Isto
existe muito na tributação de património e por isso as regras relativas ao valor dos bens
estão no código de tributação de imóveis, CIMI. A avaliação também pode ser relevante
149
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
No nº1 do artigo 86º LGT diz que a avaliação direta é suscetível de impugnação
contenciosa direta, nos termos da lei. Há casos nº2 do artigo 86º da LGT, de dependência
para impugnação da avaliação direta, do esgotamento dos meios administrativos previstos
para a revisão da avaliação, isto é, uma segunda avaliação ou a revisão dos atos
tributários.
150
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Casos de avaliação indireta, artigo 87º da LGT: eles surgem quando há regime
simplificado (relembrar o exemplo dos trabalhadores independentes). Quando haja
impossibilidade de comprovação e quantificação direta, exata, dos elementos
indispensáveis à determinação da matéria tributável.
151
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quem é que tem o ónus da prova é a AT. Poderá existir participação por parte do
contribuinte, de acordo com o artigo 60º da LGT, através do direito de audição, mas quem
tem que ultrapassar a presunção de verdade que existe sobre a declaração dos
contribuintes é a Administração.
152
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Procedimento de inspeção:
153
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
154
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
relação a alguma diligência, com base nestas exceções, a mesma (a diligência) só pode
ser realizada quando haja autorização concedida pelo tribunal.
IMP: apenas pode existir inspeção, caso sejam respeitados os limites relativos à
comparação entre meios e fins da inspeção. Para que a inspeção seja proporcional tem
que existir uma circunstância de equilíbrio entre meios e fins que se pretendem
alcançar.
155
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
contribuinte. As decisões do levantamento do sigilo têm que ser fundamentadas pela AT,
nessa fundamentação têm que estar os motivos concretos, e deve existir uma notificação
dos interessados no prazo de 30 dias a partir da emissão da decisão do levantamento do
sigilo. Todos os anos a Administração deve dar um tratamento estatístico das informações
que concedeu, e todas estas determinações têm que ser cruzadas com aquelas que estão
previstas quanto à matéria de natureza penal.
Ainda dentro desta lógica, deve se tomar em atenção que o prazo é de 120 dias
que são contados de forma corrida a partir do termo do prazo de pagamento voluntário.
Quanto aos fundamentos pelos quais pode apresentar a reclamação: eles são os
mesmos que permitem apresentar uma impugnação judicial.
O prazo é de 120 dias e conta-se da existência dos factos previstos no 102º, nº1
do CPPT, ou seja, o termo do prazo para pagamento voluntário, com o tal prazo de 120
dias A NÃO SER que esteja perante casos de nulidade em que pode ser apresentado a
todo o tempo.
Temos aqui uma lógica de cláusula aberta de legalidade que vai poder ser
utilizada pelo contribuinte, pois não está muito limitado em relação àqueles que são os
argumentos pelos quais pode apresentar reclamação. Há aqui um sistema de remissão
entre reclamação e impugnação porque a lógica é a mesma, com a diferença que a
impugnação vai ser decidida por um juiz, ao passo que na reclamação é a Administração
que decide, e por isso se põe a questão de estratégia processual, sobre se deve ou não
apresentar a reclamação.
Não vai haver instrução caso a entidade que devia e iria fazer a instrução já tenha
os elementos necessários para a tomada de decisão.
157
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
ser concluído no prazo de 4 meses. Sendo que os prazos são contíguos, contando-se nos
prazos do 279º do CC.
07/04/2022
PROCEDIMENTO DE RECLAMAÇÃO
Agora pensemos sempre na reclamação graciosa como ato procedimental que tem
como objetivo a anulação de atos de natureza tributária. É este alias, a leitura que devemos
fazer do 68º CPPT. quando se refere que o procedimento de reclamação graciosa visa a
anulação do ato tributário, podendo a anulação ser total ou parcial. Quem tem
legitimidade para iniciar este procedimento são os devedores de imposto. A saber: os
contribuintes, mas também os substitutos e os responsáveis.
158
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Não pode existir um caso que já esteja decidido ou resolvido. Ao contrário do que sucede
com o processo que tem custas, a reclamação não tem custas.
Quanto aos fundamentos que podem ser utilizados na reclamação. No plano legal,
o que se determina é que podem ser precisamente os mesmos da impugnação contando-
se como prazo para apresentação da reclamação graciosa, 120 dias. Atenção: o legislador
optou por um nº de dias. Não são 4 meses. É um cuidado que temos de ter quando
quisermos apresentar reclamações graciosas. Ao passo que na reclamação o prazo está
determinado em dias. Na impugnação o prazo está apresentado em meses.
Os 120 dias contam-se corridos (se acabar em fim de semana ou feriado acaba o prazo no
1º dia útil seguinte).
159
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Ponto é: se se estiver perante uma nulidade, se estivermos a falar de impugnação, ela pode
ser apresentada a todo o tempo.
A decisão que é tomada pela Administração pode ser uma decisão expressa ou
pode ser uma decisão tácita. Será uma decisão tácita quando passem 4 meses sobre o
início do procedimento, aplicando-se nessas circunstâncias a regra do indeferimento
160
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
tácito. Fazer remissão do CPPT para a LGT que no nº1 determina que o procedimento
tributário deve ser concluído no prazo de 4 meses (57º LGT).
Chegados aqui, temos: se 4 meses depois de ter iniciado o procedimento nada for
dito há uma presunção de indeferimento tácito, abrindo-se o prazo de 3 meses para a
impugnação judicial. Se o contribuinte deixar passar o prazo, pode sempre esperar pela
decisão expressa e se for contrária, aí apresentar a impugnação. É um risco porque pode
ficar à espera muito tempo.
Há uma exceção expressa: há a ideia de indeferimento tácito que tem a ver com
os casos de pagamento por conta. Estes são aqueles pagamentos provisórios feitos pelo
próprio contribuinte. O que sucede? Quando se pretenda impugnar judicialmente um caso
de pagamento por conta temos de atentar à reclamação graciosa obrigatória para o órgão
periférico local. E essa reclamação também tem o prazo especial de 30 dias a contar da
data em que se fez um pagamento indevido. Caso a reclamação seja expressamente
indeferida, o contribuinte e terá, para impugnar, 30 dias. Caso 90 dias de apresentar o
pedido, nada tenha sido dito, a reclamação considera-se tacitamente deferida. É uma
exceção à regra do indeferimento tácito. Nestas circunstâncias de pagamento por conta
há um deferimento tácito. Ver 133º.
161
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Dessa decisão pode haver em primeiro lugar, recurso hierárquico (76º CPPT). Em
segundo lugar, pode-se optar pela impugnação judicial (102º CPPT).
Uma exceção a esta exceção. Quando exista uma mera questão de direito de uma
autoliquidação que tenha sido feito de acordo com uma orientação genérica determinada
pela Administração, não há reclamação graciosa necessária. Pode haver reclamação, mas
não é necessária. Logo não se aplicam os prazos para essa reclamação que existem para
a reclamação necessária em caso de autoliquidação.
Também terá direito a impugnar não apenas o substituto, mas também o substituído,
quando a retenção na fonte for definitiva. Quando a retenção na fonte tiver a natureza de
162
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
pagamento por conta do imposto da vida final, não terá direito a fazer impugnação, porque
quando for o ajuste de contas, vai ser considerado o montante que tenha sido efetivamente
retido. O substituído apenas vão ter direito a impugnar quando tenhamos uma retenção
na fonte a título definitivo.
Distinção de retenção na fonte por conta e a título definitivo. É por conta aa que
é feita durante o ano (IRS); todos os meses em relação aos salários. É definitiva aquela
que tem o montante de taxa definido e num único ato (por exemplo, recebimento de juros;
de acordo com determinações do CIRS, em princípio os juros não são englobados; e por
isso estão sujeitos a uma retenção na fonte a título definitivo de 28%).
Ficam de fora os casos de heteroliquidação que não haja ou pagamento por conta
(= pagamento provisório feito pelo contribuinte) ou alguns casos de retenção na fonte.
Para além da reclamação graciosa pode existir o recurso hierárquico que é uma
solicitação ao superior hierárquico do órgão que praticou o ato para uma nova apreciação
relativa à legalidade desse mesmo ato tributário. O regime do recurso hierárquico está
previsto no 76º. Aplica-se aos atos de indeferimento total ou parcial de reclamação
graciosa. A decisão do recurso hierárquico é suscetível de recurso contencioso
(impugnação judicial), a não ser que essa impugnação já tenha sido submetida. Em regra,
o prazo para se apresentar o recurso hierárquico é de 30 dias. Tendo os recursos
hierárquicos, em regra, 67º/1, uma natureza não só facultativa como um efeito meramente
devolutivo.
Caso a lei determine que há efeito suspensivo no recurso hierárquico, ele apenas se aplica
à parte da decisão que está a ser sujeita a recurso. Tem importância a nível da execução
fiscal.
163
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Nesse prazo de 15 dias pode o autor do ato que está a ser recorrido, revogá-lo de forma
total ou parcial. Podemos ver estes regimes no âmbito do 66º e 67º do CPPT.
Cláusula geral anti abuso. Vários códigos tributários têm cláusulas anti abuso.
Isto é, cláusulas que são contrárias à utilização abusiva de determinadas formas jurídicas.
Isto serve quando se faça o quê? Quando o contribuinte utilizou determinados expedientes
negociais, que são validos, mas que foram utilizados com fins meramente tributários –
para pagar impostos. A nível dos diferentes códigos, o legislador vem determinar que os
atos são validos, mas não tem eficácia no plano tributário.
A cláusula geral anti abuso está no 38º LGT e aplica-se quando nenhuma das
clausulas especiais se possa aplicar. Ver nº1 do artigo 38º - o facto de negócio jurídico
serem ineficazes, por serem simulados, não obsta a que haja tributação. Basta que já se
tenham verificado os efeitos económicos pretendidos pelas partes. Basta que tenha
existido uma qualquer manifestação de capacidade contributiva que implica o pagamento
de impostos.
164
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Ver artigo 38º/3 a) – ajuda a fazer a interpretação sobre o que serão construções
jurídicas com abuso ou não genuínas. Serão aquelas que não são realizadas por razões
económicas validas. Que reflitam a substância económica (i. e., o índice de capacidade
contributiva).
Para se aplicar a norma geral anti abuso no plano procedimental, tem de haver
audição prévia do contribuinte. Tem de existir um procedimento de inspeção sobre o que
esta a beneficiar da construção jurídica (que está a pagar menos impostos). O direito à
audição tem o prazo de 30 dias a contar do projeto de decisão da aplicação da norma anti
abuso.
Este é mais um caso de reclamação graciosa necessária. Isto é, só se pode impugnar caso
tenha existido reclamação graciosa anterior.
Neste artigo 63º está previsto um procedimento especial que no fundo tem por base a
especial insegurança de que a aplicação destes casos traz. Tem que existir, para aplicação
da clausula geral de anti abuso, uma logica de fundamentação especialmente cuidada e
de contraditório ou, melhor dito, de possibilidade de contraditório do contribuinte. Por
fim, deve-se tomar em atenção que qualquer hipótese de impugnação tem de passar por
uma reclamação graciosa previa.
165
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Relembrando o esquema: nós temos, para começar, o ato de liquidação. Ato pelo
qual se determina o montante de imposto a pagar e quem o vai pagar. Terminado que
esteja o ato de liquidação – que pode ser ato de autoliquidação ou heteroliquidação – o
contribuinte vai ter o prazo de pagamento voluntário do imposto. Findo o prazo de
pagamento voluntário do imposto, o contribuinte vai ter 120 dias para reclamar
graciosamente ou 90 dias para impugnação judicial. E vai optar por uma ou outra, a ano
ser nos casos em que exista reclamação necessária.
Optando pela reclamação graciosa, temos algumas hipóteses: se em 4 meses nada é dito,
forma-se (salvo situações excepcionais) um indeferimento tácito. O dia do indeferimento
tácito é o primeiro dia da contagem da impugnação judicial. Caso o contribuinte queira
166
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Duas notas:
1. Pode suceder, nos casos em que não há reclamação graciosa necessária, que
o contribuinte opte logo pela impugnação judicial. Outra coisa: os dados do
processo administrativo, do ato de liquidação e, caso exista, da reclamação,
havendo impugnação judicial, tem de ser remetidos ao tribunal.
08/04/2022
As garantias são meios criados pela ordem jurídica cujo objetivo é prevenir e se
necessário sancionar potenciais violações da ordem jurídica, mais especificamente de
direitos subjetivos ou interesses legalmente protegidos dos contribuintes.
Quando falamos destas garantias dos contribuintes, como é obvio que tudo se
inicia com uma base de natureza constitucional. Que tem um desenvolvimento legal, no
caso, é estabelecido na LGT com a determinação dos princípios e garantias existentes.
Aplicando-se uma lógica de princípio da legalidade relativamente a meios de intervenção
que são não impugnatórios.
Por exemplo, vamos começar por analisar o direito à informação. Este direito
existe relativamente a direitos e a deveres dos contribuintes, quanto à sua situação em
167
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Nesta lógica das garantias, convém atentar que o contribuinte tem direito a saber
da existência de denúncias dolosas que não sejam confirmadas e de identificação do autor
das denúncias. Do lado contrário, o contribuinte tem direito ao sigilo da sua situação
tributária (a sua situação não pode ser pública e notória).
É preciso distinguir os pedidos de informações vinculativas (os tais PIV) que são
relativamente a uma situação em concreto e com efeitos para essa situação em concreto,
das orientações genéricas também previstas na lei, em que no fundo a Administrativo
torna pública aquela que é a sua interpretação sobre determinadas normas.
Estes PIV são distintos das inspeções tributarias. Não é possível fazer-se um PIV sobre
factos que estejam sujeitos a uma inspeção tributaria cujo pedido tenha sido notificado ao
contribuinte. O prazo de prestação com caracter de urgência é de 75 dias. Os pedidos são
feitos por via eletrónica, estando as respostas aos mesmos pedidos, também publicados
por essa via. Qualquer dos seguintes sujeitos, seja o contribuinte, seja o seu advogado,
seja o seu representante, podem apresentar o PIV.
168
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Os PIV urgentes têm de pagar uma taxa que vai das 25 às 250 unidades de conta
e cujo montante vai depender da complexidade da matéria. E nos casos de pedido de
urgência em que não há resposta dentro do prazo, se considera que a interpretação que o
contribuinte deu é tacitamente aceite. É um caso de deferimento tácito.
Diferente desta informação vinculativa que se aplica ao caso em concreto e que vinculam
em relação ao mesmo. O máximo que pode acontecer é que quem tenha casos análogos –
os casos análogos exigem por uma lado idêntica factualidade e por outro lado idêntica
aplicação de norma jurídicas nessas situações, o que pode suceder é que o contribuinte
que tenha a situação análoga possa esperar idêntica interpretação. Mas pode não suceder.
Segunda garantia: o direito a ser ouvido. Isto é, o direito a uma audiência previa.
este direito existe, previsto na nossa legislação procedimental e processual, em vários
artigos. Desde logo, no 63ºB relativo ao acesso a informações se documentos bancários.
No fundo o direito a audiência relacionado com questões de levantamento de sigilo
bancário. No direito à determinação da responsabilidade subsidiária, na aplicação dos
regimes do 22º e 23º da LGT. Na inspeção tributaria. Podemos ver regime complementar
d inspeção tributaria. Na aplicação da regra geral anti abuso, nos números 4, 5 e 6 do 63º
CPPT.
Terceira garantia é a que tem a ver com direito à caducidade da liquidação, cujo
regime está previsto no 45º LGT. O direito à rescrição da mesma obrigação. E quanto à
prescrição ver 48º LGT. Determinando-se então que não existe uma possibilidade sem
prazo de a Administração poder determinar um imposto em concreto. O regime é distinto
conforme se esteja, quanto à caducidade, perante um caso de um imposto periódico ou de
um imposto instantâneo.
169
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Esta manutenção apenas se dá caso exista um risco sério para o Estado de não
recebimento. Os prazos de caducidade da garantia são sempre acrescidos em 6 meses
quando se recorrer à prova pericial.
170
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Para um ato que ponha em causa direitos e garantias tributarias possa ter efeito,
ele tem de ser validamente notificado. As notificações têm sempre de conter a decisão em
causa, os fundamentos, os meios de defesa e o prazo para poder reagir. Tem também de
estar presente a referência ao órgão que praticou o ato.
Quando estamos perante notificações que são feitas de forma registada elas
consideram-se feitas no 3º dia útil posterior ao registo. Ou, quando esses 3 dias caem num
dia não útil, no 1º dia útil seguinte. Esta presunção vai poder ser ilidida pelo notificado
quando consiga provar que não é imputável a si o facto de a notificação ter ocorrido em
data posterior. Para este efeito, pode o notificado requerer que seja pedida informação aos
correios sobre a data em que efetivamente a notificação registada foi recebida.
Nos casos em que ao aviso de receção foi devolvido, que pode ter várias bases –
recusa de receção, não levantamento no prazo previsto nos regulamentos postais,
mudança de domicílio sem que a mesma tenha sido comunicada – há uma presunção de
notificação. Podendo o potencial notificado provar a existência de justo impedimento ou
então uma impossibilidade de ter comunicado a mudança de residência fiscal.
A lei ainda prevê a notificação por telefax. Ou notificação feita pela internet,
sendo que nesse caso se presume que é na data de emissão que a notificação foi feita.
Bastando para tal, a prova do sucesso do envio. Esta presunção pode ser ilidida. Já agora:
quando há notificações que são feitas para o domicílio fiscal eletrónico, presumem-se
feitas no 15º dia posterior ao registo de disponibilização da comunicação podendo ainda
nessas circunstâncias, o notificado ilidir a presunção quando não seja imputável que a
notificação tenha sido feita em data posterior.
171
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
172
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Nunca esquecer:
Também não esquecer que a notificação de pessoas coletivas segue sempre normas
distintas face à notificação de pessoas singulares.
Juros
Um dos motivos que mais leva à existência de juros compensatórios tem a ver
com o retardamento da liquidação pelo facto de as declarações de imposto terem sido
apresentadas fora dos prazos legais.
173
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
São juros devidos num prazo máximo de 180 dias, quando haja erro no sujeito
passivo na declaração ou quando há uma falta que foi apurada em ação de fiscalização
até aos 90 dias posteriores a essa mesma ação de fiscalização. Estes juros andam à volta
dos 4%. Como os juros compensatórios se vão integrar numa divida de imposto, são
liquidados em conjunto. Apesar disso, na notificação devem vir separados os montantes
de imposto a pagar e os montantes de juros.
Os juros de mora – 44º LGT. São aqueles que são devidos pelo facto de o
montante de imposto devido não ser pago dentro do prazo legalmente previsto.
Os juros compensatórios têm a ver com atraso na liquidação; os juros de mora tem
a ver com atrasos no pagamento de imposto.
Vão ser devidos até à data que se pague (desde o momento em que deveriam ter
sido pagos e não foram, até que sejam pagos). Sendo o seu montante definido, na lei geral,
para as dividas do estado e outras entidades publicas.
A regra geral no procedimento tributário é que o ónus da prova recai sobre quem
invoca os factos constitutivos.
174
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
dúvida. E vão fazê-lo com base num procedimento inspetivo. Esse procedimento
inspetivo pode ter como resultado final a apresentação de uma liquidação adicional. E aí
o ónus da prova reverte, devendo o contribuinte utilizar os meios de prova que tenha à
sua disposição para provar que a Administração Tributaria não está a ter uma posição
correta. Aplicando-se o 74º/1 LGT. O ónus dos factos constitutivos de direito da AT ou
dos contribuintes recai sobre aqueles que os invoca. Quando esses elementos de prova
estiverem nas mãos da AT, o ónus considera-se satisfeito pela mera identificação desses
mesmos factos junto da Administração.
175
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Parte processual
Portanto, o contencioso é pleno porque também ele é limitado. Tem um objeto delimitado
à partida e sabido pelas partes.
176
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
uma circunstância em que determinam que vão acabar o seu contencioso, determinando
que apenas é pago a pronto 75% da divida. Isso não existe. No contencioso tributário, a
logica é uma logica de tudo ou nada, podendo, neste tudo ou nada, uma anulação ser total,
parcial ou completamente inexistente. São muitos os casos em que se determina uma
anulação meramente parcial do ato de liquidação. Portanto, este contencioso acaba por
ser uma consequência constitucional da necessidade de defender as garantias e os direitos
dos administrados; no caso, as garantias e direitos dos contribuintes.
E não deixa de ser curioso que ela deve ser entendida como uma última ratio
processual. Estas ações podem ser propostas por quem invoque a titularidade de um
direito ou do interesse a reconhecer e de certa forma são vistas, no plano do processo
tributário, como as ações que podem ser interpostas sempre que não esteja em causa uma
impugnação judicial.
O prazo de instauração desta ação para isso mesmo é de 4 anos (é prazo alargado).
Sendo ela uma última ratio, não deixa de ser curioso que o legislador determine que estas
ações apenas podem ser propostas sempre que esse seja o meio processual mais adequado
para assegurar a tutela plena e eficaz (isto é a letra constitucional) de um direito ou
interesse legalmente protegido.
Claro está que também se pode admitir uma intervenção processual na logica da
exigência de prática de ato que seja legalmente devido. Por exemplo: a Administração
177
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
não atuou dentro de uma qualquer matéria tributaria no prazo devido pode exigir-se o
cumprimento da lei e, portanto, na logica do tal princípio da legalidade, admitir uma
forma de intervenção processual. Alias, esta é a consequência processual daquilo que são
os princípios constitucionais – diz o professor.
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
Vamos ao primeiro princípio. Tal como previsto no artigo 13º, nº2 do CPPT, o primeiro
princípio é o princípio de verdade material. Isto é, as intervenções processuais existem
para que se admita uma busca da verdade material (e quando falamos da verdade material,
é, no fundo, o apuramento da verdadeira liquidação), estando também especificamente
determinado, em relação a esta matéria, a coordenação dos meios processuais e de prova
de acordo com este princípio – isto é, o princípio do inquisitório que existe no processo
tributário é sempre na logica de se encontrar a verdade material.
178
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quanto às partes que participam num processo, são elas os sujeitos passivos da
relação jurídico tributária (i.e., o contribuinte, o substituto ou o responsável, que
funcionam como sujeitos ativos da relação processual) e por outro lado a AT, que é sujeita
ativa na relação jurídica material e que será naturalmente sujeita passiva na relação
adjetiva de direito tributário.
Por sua vez, quem vai ser colocado em causa na relação processual é quem praticou o ato,
que foi a Administração Tributaria. Portanto, aqui a logica entre a relação jurídica
material tributaria e a relação jurídica adjetiva tributária é sempre ao contrário.
179
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O tribunal será sempre a terceira parte da relação processual. Através do juiz, que
para decidir terá de ter competência material, territorial e hierárquica...
Quanto aos sujeitos, temos três sujeitos principais (os sujeitos passivos e a AT – isto é, as
partes), um terceiro supra partes (o juiz) e temos como participantes acessórios o MP
(defensor da legalidade) e o representante da fazenda publica que defende a AT.
Muitas vezes, o processo termina aí, porque há aí elemento muito relevante, que é o
(elemento) tempo. Os sujeitos passivos, grande parte das vezes, preferem ter uma razão
meramente parcial em tempo útil do que uma razão absoluta em tempo que já não é útil.
180
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
21/04/2022
PROCESSOS EM ESPECIAL
Há hipóteses de vários meios processuais que são postos à mão das partes, deste caso do
contribuinte, para evoluírem relativamente ao processo tributário.
Uma das hipóteses que é posta não sendo vista como um direito absoluto é o de
convolação dos meios processuais. Está previsto no artigo 97º, nº3 da LGT e 98º, nº4 do
CPTA.
No CPTA é referido, quando haja erro na forma do processo, que este é convolado
na forma que seja adequada. O nº3 do artigo 97º que trata do tema da celeridade da justiça
tributária refere a correção do processo quando o meio utilizado não seja o adequado.
Este nº3 deve ser visto em conjunto com aquilo que diz o número anterior do 97º, que
estabelece um direito de utilização do meio processual que seja mais adequado para fazer
valer a sua posição em juízo. Este direito que não pode ser entendido de uma forma
absoluta também tem a vertente de quando a celeridade propriamente o de existir em
prazo razoável uma decisão que aprecia a pretensão que foi deduzida em prejuízo.
181
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Também é distinto o regime de custas que naturalmente é aplicável de uma forma mais
aberta quando estamos a falar de impugnação judicial.
182
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
183
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
que são os restantes atos que podem ser objeto de impugnação autónoma nos termos
legais. Termina-se com a abertura do prazo a partir do conhecimento de atos lesivos de
interesses legalmente protegidos.
Este prazo não se aplica às situações de nulidade. Quando há nulidade a impugnação pode
ser deduzida a todo o tempo. Estes casos são muito residuais.
Outro momento que deve ser considerado como de abertura do prazo para
impugnar é o da formação da presunção de indeferimento tácito. Se se forma o
indeferimento tácito e não se utiliza a possibilidade de impugnar no prazo dos 3 meses,
fica precludida a possibilidade de impugnação? O facto de se formar indeferimento tácito
porque a Administração nada disse não quer dizer que a administração não tenha uma
obrigação de decisão, pode tomá-la depois e tomando depois é suscetível de impugnação
judicial.
Atos praticados em tribunal ou que tenham que ser praticados em tribunal cujo prazo
termine em férias judiciais transfere-se para o 1º dia útil posterior ao fim das férias
judiciais caso elas terminem num dia não útil.
184
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
artigo 108º do CPT deve ser dirigida ao juiz do tribunal competente, deve-se identificar
o ato e a entidade que praticou e devem-se expor os fundamentos de facto e de direito que
sustentam o pedido estabelecido. Especial atenção à descrição dos argumentos de facto.
Na petição também se indica o valor da causa ou o valor do processo e a sua forma e
deve-se indicar quanto à prova os documentos e as testemunhas. O processo é
normalmente baseado quanto à matéria factual em documentos. É normal que o processo
seja de natureza escrita. A petição deve ser apresentada em articulado e em triplicado
podendo ser apresentada ou no tribunal ou no serviço periférico local em que tenha sido
praticado um ato.
Regime que existe quanto à ineptidão da petição inicial pensando sempre que a
lógica deste é o da manutenção do processo. É considerada uma nulidade insanável do
processo judicial tributário a sua ineptidão porque são graves demais para se poder
prosseguir com o processo. Não esquecer que a apresentação da impugnação da petição
não suspende a execução e que para que a execução venha a ser suspensa vai ser
necessário encontrar uma situação de prestação de garantia no âmbito do processo
executivo. Essa prestação tem que ser feita a requerimento do sujeito passivo, isto é,
daquele que está a ser executado. Apresentada a petição inicial, o juiz vai notificar a
contraparte para contestar. Faz ordenando a notificação do representante da fazenda
pública. O artigo 110º, nº1 refere mesmo essa notificação. Temos completamente assente
a lógica de que quem vai impugnar é o sujeito passivo da relação material.
185
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Em que prazo é que deve ser feita essa notificação? A contestação deve ser feita
no prazo de 90 dias podendo para além de contestar, ser apresentado um pedido de
produção de prova adicional. Apresentada que esteja uma impugnação judicial, abre-se a
possibilidade de o órgão periférico regional da AT (direção distrital das finanças) poder
revogar total ou parcialmente o ato tributário. Caso em que a administração considera que
é um erro óbvio, pode fazer essa revogação, desde que o ao impugnado não exceda o
valor da alçada do tribunal tributário da 1ª instância. Essa revisão do ato deve ser feita
num prazo de 30 dias a contar do conhecimento que a administração tem da impugnação.
Nestes casos, a Administração tem 3 hipóteses: mantém, revoga ou revoga parcialmente.
Se existir uma circunstância de revogação parcial, o órgão distrital que a fez, deve
notificar o contribuinte para este, no prazo de 10 dias, vir dizer se mantém ou não a
impugnação. Se nada disser, improcede. Já se há uma revogação total a notificação será
feita não ao contribuinte, mas antes ao representante da fazenda pública que em 3 dias
deve tomar as medidas necessárias para a extinção do processo.
No âmbito das relações entre administração e tribunal convém não esquecer que
nos casos em que haja elementos de processo administrativos que não são conhecidos do
tribunal, há uma lógica contínua entre a reclamação contenciosa e a impugnação judicial.
22/04/2022
186
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Como vimos, o ato tributário pode ser revogado logo no início do processo
judicial. Com o conhecimento inicial do pedido, dá-se um princípio de revogação do ato
impugnado. Sendo também possível, para os casos de manifesta simplicidade, conhecer
de imediato a questão. também pode um juiz proferir um despacho de aperfeiçoamento
se entender que o mesmo é necessário e atenção que também sucede a possibilidade de
existir um indeferimento liminar. O indeferimento liminar deve ser sempre utilizado com
especial cautela por parte do juiz, na estrita medida em que gera uma situação de fim do
processo e, portanto, de limitação do princípio da verdade material.
Também se entende que não é possível que o juiz de uma matéria de direito
publico que determina um pagamento ao estado esteja limitado por um princípio do
dispositivo e de iniciativa das partes. Todo e qualquer meio de prova que seja apresentado
ou desde logo os documentos que sejam apresentados podem ser impugnados num prazo
de 10 dias a contar do momento da junção ao processo. Ver número 4 do artigo 115º.
Em regra, não existirão testemunhas, mas há aqui uma abertura maior do que, por
exemplo, aquela que existe na reclamação graciosa.
187
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
existem para poderem provar como é que se faz 1 determinada operação, para poderem
explicar, no plano contabilístico, o que é que está em causa. Também esse posicionamento
é assumido várias vezes pela base da prova pericial. O juiz é livre de a solicitar. Pode ser
pedida pelo juiz de forma oficiosa ou a pedido das partes. O seu regime é o regime do
CPC e o Professor vê esta abertura em relação à possibilidade da perícia pela existência
de matérias técnicas muito específicas neste contencioso que muitas vezes ultrapassa os
conhecimentos de base meramente jurídica e quer dar-nos nota que a admissibilidade de
prova pericial acaba por ser “um modo de se estar a ultrapassar a falta de assessores
técnicos que muitas vezes estes tribunais têm”.
Quanto aos documentos que são aceites: pode-se aplicar a distinção entre
documentos autênticos e documentos particulares, sendo possível sempre pôr em causa
se são ou não genuínos (artigo 115º, nº4).
A fase seguinte é a fase de alegações. É fase escrita em que cada uma das partes
faz uma pronúncia que seja critica sobre a prova que tenha sido produzida e as questões
de Direito.
Atenção porque isto é relevante: em fase de alegações, já não se pode juntar prova,
a não ser por iniciativa do juiz. Se não houver iniciativa do juiz, nesta fase, há apenas uma
discussão sobre matéria de facto e matéria de Direito.
188
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Portanto, a sentença tem uma função muito relevante de fixar as questões que estão
em causa no processo. No juízo que faça dos possíveis vícios existentes, deve começar
por decidir quanto àqueles que levam à extinção da causa, sendo então normalmente
vistas as matérias desde logo da contestação por exceção. Os vícios materiais deverão
inicialmente ser aqueles que, sempre ajuizados, levam à nulidade (que são uma exceção)
e depois então aqueles que levam à anulação do ato tributário. A sentença tem de ser
notificada e nessa notificação tem de se considerar a notificação a fazer ao MP e ao
representante da fazenda evidentemente para alem da notificação que é estabelecida em
relação ao impugnante.
Nunca esquecer que o juiz é totalmente livre na sua decisão e essa liberdade é uma
liberdade que existe em relação aos fundamentos da mesma. Agora, notificada a decisão,
o juiz não tem liberdade para alterar a mesma. Ela ficou ali fechada, é caso julgado. A
decisão em relação a estes processos tributários é uma decisão relativa à anulação do total,
parcial ou não anulação do ato tributário. Portanto, temos aqui uma circunstância de uma
tutela que é uma tutela indireta relativamente à posição que vai ser tomada pela
Administração Tributária.
Qual é a bússola que deve ser sempre utilizada pelo julgador? É de reconstituir
uma situação em que seja cumprido o princípio da legalidade ou aceitar que a situação,
tal qual existe, está a cumprir está de acordo com o princípio. Portanto, todo o
Ordenamento Jurídico processual tributário é pensado para a relevância de uma decisão
que seja mais do que uma decisão em matéria formal, uma decisão em matéria
substancial. E a substancialidade da decisão é uma substancialidade determinada pelo
cumprimento do princípio da legalidade.
189
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
No plano de atos acessórios, o professor queria falar-nos de algo que ele acha
que será falado no futuro desta UC: decisão de questões prejudiciais, pois em impostos
com IVA. É natural que se vão referindo possíveis violações do DUE desde logo em
relação a liberdades fundamentais (como a liberdade de circulação de pessoas e de
capitais). Pelo regime do DUE, o que sucede é que se vai suspender/suster a causa até que
uma qualquer pergunta que envolva o DUE seja respondida pelo TJUE.
Esta ação acaba por ser para aqueles casos que não estão abrangidos pela lógica
da impugnação judicial. Pode suceder, por exemplo, relativamente a casos de omissão
por parte da Administração. Portanto, o âmbito de intervenção aqui é um âmbito de
intervenção distinto que deve ser usado quando possa ser considerado como o mais
adequado (artigo 145º, nº3). Mais adequado para assegurar uma tutela plena e eficaz do
direito que esteja em causa. Pode ser apresentada no prazo de 4 anos a partir da
constituição do direito ou do conhecimento por parte do contribuinte da situação que
esteja em causa. E tem legitimidade para apresentar estas ações quem invoque ser titular
do direito ou do interesse.
190
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Ações cautelares
O que leva a que quando falamos destes processos, o que tenhamos são as
situações de arresto e de arrolamento.
191
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Pretende-se aqui uma tutela que seja uma tutela célere. Este processo subsidiário
pode ter como consequência, então, a prática de um ato. Durante algum tempo para alem
deste, também se referiu o processo especial de derrogação do sigilo bancário. Com o
alargamento das possibilidades de abertura procedimental desse mesmo sigilo, esta
referência foi, como é obvio, perdendo importância.
Vamos passar para o processo de execução fiscal, em que aquilo que se pretende
é a realização do direito de crédito. Essa realização de um direito de crédito pode ser feita
através de meios não jurisdicionais. E, portanto, é um processo em que se cruzam a parte
192
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Neste processo de execução, há atos que são praticados pela Administração e atos
que são praticados pelos tribunais. Quem é competente para a execução? É a
Administração Tributária – artigo 150º, nº1. Se nada for dito, será o serviço do domicílio
ou da sede do devedor. Mas também há atos praticados pelos tribunais tributários, que
têm de decidir os incidentes que sejam suscitados no âmbito do processo administrativo
de execução, como por exemplo a oposição ou os embargos.
Uma decisão que é muito importante e em relação à qual os unais podem ter uma
intervenção tem a ver com a determinação dos responsáveis tributários. A área da
execução é uma área que o nosso legislador considera especialmente relevante quanto à
193
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Já em relação aos atos praticados pelos tribunais, como por exemplo a oposição
(que deve ser apresentada 30 dias após a citação) são atos praticados pelos tribunais e
cujo regime está determinado no artigo 203º e ss.
Porque está o professor nos diz isto tudo? A reversão dá-se no processo de
execução.
No caso de uma empresa não ter no seu património bens suficientes para pagar
dividas fiscais, os administradores, diretores e gerentes ou outras que exerçam de facto
funções de administração ou de gestão serão subsidiariamente responsáveis.
E há dois regimes de responsabilidade. Por aquelas que sejam as dividas cujo facto
constitutivo/tributário durante o exercício do cargo, mesmo que o prazo de pagamento
termine depois do exercício do cargo, para que o tal administrador seja obrigado a fazer
194
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
o pagamento, tem de ter sido por culpa sua que a empresa não tem bens penhoráveis
necessários para cumprir a divida. Portanto, primeira situação é a situação de, durante o
mandato, praticou-se o ato, mas o prazo de pagamento já vai ser posterior ao mandato da
Administração. Tem de se provar que foi por sua culpa que não há bens; é situação em
que a Administração tem dificuldades de prova. Já em relação as dividas tributarias cujo
prazo de pagamento termina durante o mandato ou exercício de funções, os responsáveis
têm de provar que não lhes é imputável a falta de pagamento. E esta é uma prova
diabólica. Quando o prazo de pagamento de uma divida tributaria termina durante o
mandato do exercício de funções, o mero prazo de pagamento, o ónus da prova que está
sobre os ombros sobre os administradores ou diretores é muito grande têm de provar o
facto negativo (que não lhes é imputável a causa de não pagamento).
Quando um executado intenta uma oposição à execução, está a fazer algo muito
simples: está a praticar um ato pelo qual está a colocar em crise a pretensão do credor
tributário, que é de cobrar coercivamente uma determinada dívida.
195
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
como consequência que a Administração Tributária não pode praticar atos de cobrança
coerciva. Devem as garantias ser apresentadas 15 dias depois da notificação da decisão
em que se autoriza a prática da garantia e se não for apresentada em prazo, o processo
executivo segue os seus termos normais.
Para além do artigo 199º do CPPT, ver também o artigo 212º que refere que a
oposição também suspende a execução.
Quanto aos fundamentos da oposição estão previstos nos artigos 204º e 205º. E,
como tínhamos já dito, não se referem à ilegalidade da liquidação em concreto.
A sua tramitação está prevista nos artigos 280º e ss. do CPPT. O recurso é
estabelecido com prazo geral de 10 dias. O seu regime geral é o dos agravos do processo
civil e tudo deve começar com o requerimento em que o sujeito declara a sua intenção de
fazer um recurso.
Como questão de natureza prática que em situação de SOS, o nosso colete salva-
vidas é o da revisão dos atos tributários. A revisão oficiosa é uma válvula de escape
procedimental, mas no fundo vai para o início de toda a produção. E o início de toda a
produção é um ato procedimental.
Para que haja uma liquidação adicional (LA), é necessário que se tenha passado
pelo procedimento de inspeção tributária, inspeção tributária essa em que exista um
procedimento em relação ao qual o contribuinte tem a possibilidade de exercer o seu
196
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
direito de audiência prévia. Podendo, caso assim entenda, não o aplicar. Mas tem de ser
dada a possibilidade. A inspeção tributária termina num relatório definitivo e se levar a
uma liquidação adicional vai gerar um prazo para pagamento voluntário de uma
liquidação.
Havendo uma declaração em falhas pode existir uma reversão e havendo reversão
podem parecer os responsáveis tributários. Independentemente de ele ter pagado ou não
ter pagado, pode colocar em causa no plano declarativo a legalidade da liquidação
tentando a sua anulação. Para este efeito, o que se pode fazer? Reclamação graciosa (120
dias) ou impugnação judicial (2 anos) /pedido arbitral (6 meses). Não é possível ir para a
arbitragem quando estão em causa liquidações de taxas e não de impostos e quando estão
em causa liquidações superiores a 10 milhões de euros. A reclamação graciosa, caso não
seja respondida no prazo de 4 meses, leva a indeferimento tácito abrindo-se o prazo de 3
meses.
Se deixarem passar o prazo desta impugnação judicial podem sempre vir impugnar
mais tarde a decisão expressa da Administração.
CASOS PRÁTICOS
1. António recebeu uma citação com uma nota de liquidação, no valor de 50000
euros, relativa ao seu IRS. Concorda com parte, mas discorda de outra. Dois meses
depois contacta uma sociedade de advogados. Será possível promover a sua defesa?
E se o contacto ocorrer seis meses depois?
197
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Passados 6 meses, os prazos não estão cumpridos, pelo que teríamos que distinguir
se havia ou não pagamento. Não havendo pagamento, iniciar-se-ia o processo executivo.
Poderia suspender o processo prestando garantia. Se não o fizesse, seguiria a cobrança
executiva. A única hipótese seria de revisão do ato tributário, por erro imputável aos
serviços.
198
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O artigo 78º da LGT refere-se à revisão dos atos tributários. Note-se que estamos
no âmbito do procedimento e esta revisão pode ser feita por iniciativa do sujeito passivo
no prazo da reclamação ou por iniciativa da Administração no prazo de 4 anos após a
liquidação (ou a todo o tempo, se o tributo ainda não tiver sido pago com fundamento em
erro imputável aos serviços). Portanto, a revisão dos atos tributários é uma espécie de
“emergência” caso todos os prazos já tiverem sido ultrapassados no plano tributário, pois
se se puder usar o artigo 78º, nº1 da LGT, deve-se fazê-lo.
29/04/2022
Critérios de correção do caso prático (1.º teste): equacionar várias hipóteses. 1.º -
Impugnação de ato administrativo, legitimidade, efeitos que a decisão teria. Questão dos
prazos em relação aos particulares e ao MP. Legitimidade passiva – tribunal competente.
Possibilidade – condenação para a prática do ato devido e por possibilidade de
responsabilidade por parte da Administração. Poderíamos falar das providências
cautelares e desenvolver a matéria das providências cautelares.
Naturalmente, vamos pressupor que vai ser notificada. 6 Meses depois, foi
surpreendido. Enquadramento da liquidação no procedimento tributário. A liquidação é
no plano do procedimento tributário o procedimento por excelência. Procedimento por
excelência. A liquidação é a apuração do montante de imposto a pagar. Elemento objetivo
e elemento subjetivo.
Enviou uma carta para as finanças, em que contou o desconforto em concreto. Até
se poderia admitir que esta carta fosse o modo já de defesa do Carlos na parte do
procedimento, porque passado o prazo para pagamento voluntário, abre-se a possibilidade
de reclamar, a possibilidade de impugnar na forma contenciosa ou na forma arbitral. Já
agora, a notificação é a forma de comunicação por excelência quando falamos de
contencioso tributário.
200
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quid Juris?
Em princípio, não é diretor financeiro, a não ser que a sua assinatura seja
necessária para vincular no plano financeiro a sociedade (a não ser que tenha atos que
possa levar à sua responsabilidade). Explicar a reversão, a excussão para que exista
responsabilidade.
ARBITRAGEM
201
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Quanto aos atos de autoliquidação, retenção e pagamento na conta, terá que existir
também aqui recurso prévio à via administrativa, aplicando-se o regime doas artigos 131.º
e 133.º CPPT. Caso não se tenha recorrido a via administrativa, não poderá existir
arbitragem. No plano da via administrativa basta que exista uma qualquer intervenção da
Administração.
202
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
O prazo vai ser de 90 dias quando se conte do termo do prazo de pagamento das
prestações voluntarias que sejam administradas pela AT e que tenham sido notificadas ao
contribuinte. Pode ser contado através do indeferimento tácito e expresso da reclamação
graciosa ou do recurso hierárquico. Pode ser contado da notificação dos restantes atos que
possam ser suscetíveis de impugnação autónoma. Por outro lado, têm também o prazo de
30 dias para a notificação dos atos de classificação de valores patrimoniais ou da
notificação dos atos de determinação da avaliação direta.
203
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
1. A parte não indica escolha de árbitro. Vai ficar mais barato. Deixa essa escolha
nas mãos do centro de arbitragem administrativa (CAA).
2. A parte indica escolha de árbitro. A outra parte, a Administração Tributária vai
escolher outro árbitro. Os dois tentam chegar a acordo sobre quem poderá ser
arbitro presidente. Não havendo acordo, quem escolhe é o centro de arbitragem.
Para se estar nessa lista, tem que ser aceite. Tem que se ter mínimo de experiência
de mínimo de 5 anos, podendo ser presidentes juízes (que suspendam a sua
carreira judicial), juízes jubilados ou doutorados em jurídico-económicas.
No pedido tem que estar identificado o sujeito, ato ou atos tribuários de que se
quer a pronuncia e muito importante: tem que estar identificado o pedido arbitral. Este
ponto é importante a que segue exposição de facto e de direito – factos que terão que
ser sujeitos a prova e os meios de prova a utilizar, por exemplo, as testemunhas. Deve-
se indicar o valor do pedido. Há jurisprudência que altera esse valor do pedido
posteriormente. Deve-se indicar o valor do pedido e um comprativo do pagamento da
taxa inicial. É também no pedido que se deve demonstrar a intenção de designar um
árbitro.
204
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Atenção: O árbitro de parte não é o advogado das partes. O normal é fazer logo a
designação. O árbitro da parte tem que ter requisitos de independência para as partes.
Entregue que seja o pedido arbitral por parte do sujeito passivo, o CAAD tem dois
dias para notificar a AT da petição inicial. Designa os árbitros e deve notificar as
partes dessa mesma notificação. A AT, recebido o pedido inicial e recebida a
designação dos árbitros, tem 30 dias para decidir se quer ou não manter a situação
jurídica do sujeito passivo. O CAAD ira receber notificação por parte da
Administração a dizer se mantem ou não a sua posição e notifica então as partes da
constituição do tribunal arbitral caso nenhuma delas tenha oposto ao nomes que em
concreto tenham sido designados para compor o tribunal arbitral.
Portanto, e em regra, dez dias depois da notificação das partes, quanto à designação
dos atos, o Tribunal considera-se constituído e abre-se parte processual. Isto pode
demorar 1 a 2 meses antes da constituição do Tribunal arbitral. A partir da sua
constituição, são 6 meses para decidir. Isso em relação aos casos de arbitragem em que
nomeação é feita pelo centro de arbitragem - Quando seja um tribunal arbitral especial
(em que há nomeação pelas partes), o sujeito passivo começa pro entregar por via
eletrónica ao centro o pedido e identificação do ato, devendo o CAD, no prazo de 2 dias,
205
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Aberto que seja o processo arbitral, o 1º ato que o CAD toma é de notificar o dirigente
máximo do serviço da AT para, no prazo de 30 dias, apresentar a resposta. Reparemos
nesta curiosidade: o primeiro ato processual é um ato de notificação de algo que a
administração já conhecia, pelo que acaba por ter mais de 30 dias para preparar a sua
resposta.
A Administração tem também prazo para remeter ao tribunal arbitral uma copia do
processo administrativo, isto é, do que se passou no plano do procedimento.
Recebida que seja a resposta por parte da AT, o tribunal arbitral promove, caso assim
entenda, uma reunião entre as partes, em que se vai definir a tramitação processual a fazer,
em que se houve as partes quanto a exceções, pode convidar as partes a corrigir a sua peça
processual quando necessário e se comunica às partes a data para a prolação da decisão.
Esta reunião não é obrigatória. Pode ser dispensada à luz de um princípio de autonomia
do tribunal, da celeridade, da simplificação e da informalidade no plano processual
206
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Tem de haver uma decisão em prazo razoável. A decisão em prazo razoável tem como
limite o prazo máximo de 6 meses, eventualmente prorrogável por períodos de 2, com o
limite de 3 prorrogações. O processo não pode durar mais de um ano.
Exceções:
Quem tem legitimidade? O MP, qualquer uma das partes para a 1ª circunstância,
ou a parte que alegou a inconstitucionalidade na segunda situação.
207
APONTAMENTOS DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
decisões e quando esteja em causa a mesma questão fundamental de direito proferida pelo
STA ou TCA ou TA.
Legitimidade – parte vencida ou MP. Note-se que o recurso tem efeito suspensivo.
208