A Insubordinacao Criativa Na Formacao Co
A Insubordinacao Criativa Na Formacao Co
A Insubordinacao Criativa Na Formacao Co
Resumo
A formação de professores seja ela inicial ou continuada deve ser desenvolvida com foco
nos processos de ensino e de aprendizagem de forma teórica e prática, ou como assinala
Freire (1987) pela práxis. Esse texto visa apresentar a metodologia Sequência Fedathi
(SF) e a Teoria Cultural da Objetivação (TO) como propostas de formação do docente que
leciona matemática na educação básica. Para tanto, foi necessário: (a) análise da
literatura sobre essas temáticas; e, (b) reflexões sobre práticas reflexivas de formação
docente, com vistas a se pensar em que medida os subalternos falam visando
manifestações de insubordinação criativa sobre o currículo e avaliação em movimento. As
reflexões apontam para a necessidade de um profundo e amplo estudo sobre as
consequências nefastas de uma formação que não prime pela autonomia e criatividade na
ação docente, limitando sua práxis no espaço pedagógico.
Abstract
(...)Quanto aos programas, devemos fugir, por certo, das reformas que deformam.
Uma reforma não se faz num dia: reformar o que está mal feito, sem estudar-lhe
realmente a estrutura e sem conhecer as nossas necessidades reais, seria talvez
piorar. (…) Deixemos de copiar o estrangeiro porque não lhe podemos copiar o
clima, a raça, as condições sociais, a formação. Sintamos melhor as nossas
necessidades, não trancados em gabinetes de trabalho, como técnicos sem alma,
e, sim, nesse contato humano que deve existir entre mestre e aluno.(…). (ANAIS
EVENTO, 1955, p. 263).
Muitos foram os congressos e grupos de debates que seguiram com essa mesma
linha de questionamentos sobre as reformas curriculares no Brasil, até que nos anos
1990, após a aprovação da Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional – LDBEN
(BRASIL, 1996), inicia-se uma discussão sobre propostas curriculares que atendessem a
realidade do país, e surge nesse cenário os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,
1997) como proposta de nortear o ensino na educação básica, não houve adesão total
por parte das escolas, pois faltou no país políticas públicas de formação docente sobre as
reformas curriculares, e a proposta apresentada de forma verticalizada seguiu por quase
20 anos sem ampla divulgação, mas passando também por revisões que passaram à
margem nas escolas.
Após quase 20 anos, o Brasil novamente reúne vários professores, empresários,
intelectuais e a “sociedade” para discutir um currículo de Base Nacional Comum
Curricular – BNCC (BRASIL, 2017), em 2017, é publicada a 3.ª versão do documento, e
as escolas precisam de tempo e condições de trabalho para colocar em prática essa nova
proposta curricular, nacional.
Com essas políticas públicas de reforma de currículo, de formação docente, de
sistemas de avaliação, o professor tem tido oportunidade de falar? Os subalternos falam?
De fato, os desafios da formação docente têm se mantido em pauta nos
congressos, seminários e conferências que discutem a qualidade da educação no Brasil,
com isso, vimos que é fundamental estabelecer elos entre metodologias de ensino,
teorias de aprendizagem, visando a necessária e oportuna possibilidade de o professor,
falar.
Considerações
Referências
ANAIS. CONGRESSO NACIONAL DE ENSINO DA MATEMÁTICA NO CURSO
SECUNDÁRIO, I, 1955, Salvador: Universidade da Bahia, 1955.
APPLE, M. et al. Currículo, poder e lutas educacionais: com a palavra, os
subalternos. Tradução de Ronaldo Catado Costa. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BALL, S. J. Educação global S.A.: Novas redes políticas e o imaginário neoliberal.
Ponta Grossa: UEPG, 2014. (Tradução: Janete Bridon)
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria MEC n.º 790, de 27 de julho de 2016. Institui o
Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e reforma do Ensino Médio. Diário
Oficial da União, Brasília, 28 de julho de 2016, Seção 1, p. 16. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=46471-
link-port-790-base-curricular-pdf&category_slug=julho-2016-pdf&Itemid=30192. Acesso
em 23 de março de 2017.
APÊNDICE 1
Por ser uma turma em que o primeiro contato entre alunos e o professor já se dará na
aplicabilidade desta sessão didática, torna se por necessário que tomemos algo como referência para assim
partirmos de um conjunto de conhecimentos em comum. Contudo, não é nossa intenção abordar questões
excessivamente básicas a partir do núcleo comum de conhecimentos já adquiridos pelos cursistas, mas que
partindo de conceitos compreendidos, possamos, assim, adentrar em espaços mais reflexivos e complexos
a partir da exposição dos problemas.
Quanto ao conteúdo, a ser abordado, diz respeito a temática números e operações, com
ênfase nos conteúdos de 1.º ao 5.º ano do Ensino Fundamental dos Anos Iniciais, em que os cursistas, seja
na sua formação inicial ou contínua, já possuam uma bagagem cognitiva que sustente as estruturações
intelectíveis que pretendemos provocar.
1 Análises gerais
A importante contribuição do reconhecimento dos saberes iniciais dos alunos, público alvo e lócus
de realização da sessão didática.
3.1 Material
Ter consciência de que os materiais escolhidos para a realização dessa ação pedagógica estão
acessíveis e disponíveis no lócus, ou se será necessário acionar outras variáveis.
3.1.1 Materiais
Material analógico: papel ofício A4, pincéis e fita adesiva.
Material digital: notebook e data show.
3.1.2. Duração da aula
Dois momentos de 50 minutos intercalados por um intervalo de 15 a 20 minutos.
4.1 Do Conteúdo
Para cada tipo de questão sua solução possui uma estratégia diferente.
A interpretação do problema é mais bem compreendida diante da solução já encontrada.
4.2 Do aluno
Para resolver um problema basta saber algum termo que indique qual operação utilizar.
Há estratégias mais eficientes que outras.
Uma estratégia poderá resolver vários tipos de problemas.
Um problema pode ser resolvido por várias estratégias distintas.
4.3 Do professor
Os alunos compreendem apenas uma forma de resolução da questão colocada.
Diante de um problema o aluno tende a querer encontrar uma palavra que oriente que tipo de operação
deve ser feita.
5.1 Geral
Compreender os conteúdos matemáticos envolvendo Números e Operações no que diz
respeito a construção de estratégias na resolução de problemas matemáticos referentes ao 1º. ao 5º. ano
do Ensino Fundamental por meio de uma sessão didática.
5.2 Específicos
As ações aqui detalhadas permitirão que os cursistas, de modo específico, possam:
- [Re]construir suas hipóteses sobre a resolução de problemas matemáticos perante a relação
entre interpretação de problemas e operacionalização dos algoritmos.
- Planejar de modo mais efetivo, as estratégias na abordagem de questões matemáticas para
alunos do 1.º ao 5.º anos iniciais do Ensino Fundamental.
- Contribuir de forma significativa com o ensino dos alunos do 1.º ao 5.º anos iniciais do Ensino
Fundamental, no que se refere ao conteúdo Número e Operações.
6 Acordo didático
Com o propósito de suscitar provocações e reflexões nos cursistas sobre suas formas de
interpretação e resolução de problemas, como diálogos iniciais para a elaboração do contrato didático, é de
nosso entendimento que fique claro a postura que caberá ao professor, pois sua atuação se dará
principalmente na mediação diante das questões levantadas, provocando os questionamentos e
sistematizando as soluções encontradas.
Ao aluno caberá o caráter investigativo diante das questões colocadas, assumindo, embora que
implicitamente, seu papel como protagonista do próprio processo didático (CHEVALLARD et al 2001).
7 A sessão didática
Perguntas como estratégia mediadora da aprendizagem dos alunos, e subsídios teóricos e
metodológicos do professor em ação.
7.1 A pergunta principal - Trataremos agora de apresentar algumas questões matemáticas a vocês e ao
analisá-las, eu gostaria que dissessem o que entenderam e como as resolveriam.
7.2 Perguntas reflexivas - É possível que para estas questões existam novas formas de resolução? Caso
existam, algumas são melhores ou mais eficientes que outras?
7.3 Perguntas desafiadoras – Diante destes problemas com suas respectivas soluções eu gostaria que
discutissem em grupo quais as possíveis outras formas de resolução e caso existam, as apresentasse no
grande grupo.
8 Tomada de posição
Primeira etapa da ação metodológica em sala de aula.
Saber do aluno:
a) Conhecimento prévios para a solução do problema;
b) Faixa etária para a resolução;
c) Possíveis estratégias de solução.
Saber do professor:
a) Dificuldades encontradas na elaboração da situação-problema;
b) Metodologia usada;
c) Escolha de material e forma de avaliação do saber do aluno.
8.3 As hipóteses
- Existe apenas esta solução para este problema?
- Caso exista outras formas de resolução, o que se diferencia entre elas?
- Seria algumas mais abrangentes que permitissem a solução de outras questões ?
- Há alguma palavra ou expressão que indique que tipo de operação deve ser feita?
9 Maturação
I - Cada dupla tera um tempo para discutir e refletir sobre a possibilidade de existir outra forma de expor a
resposta, passado este intervalo de tempo, a equipe seguinte receberá a mesma situação. O processo
chegará ao fim quando a mesma questão findar no grupo que a respondeu inicialmente.
II - Para cada grupo em que as questões forem analisadas, os membros terão que descrever como
chegaram a solução, ou seja, detalhar qual estratégia foi utilizada. Com o término desta ação, estas
soluções serão encaminhadas aos outros grupos para que assim as analise e reflita sobre a possibilidade
de novas fomas de resolução.
III - Os espaços de reflexão girarão em torno de possíveis outras hipóteses ou estratégias de resolução. O
professor irá acompanhar estas ações mediando as discussões dentro do proprio grupo, na medida que os
debates ocorrerem, novos contraexemplos serão expostos de modo que permita a solução e conclusão dos
problemas colocados inicialmente.
9.1 Contraexemplos
Mesmo que tais respostas sejam respondidas no momento das apresentações, o professor
como forma de suscitar os debates e melhorar as considerações levantadas, há de expor que;
- Caso permaneça este mesmo contexto da pergunta mudando se apenas os valores, esta estratégia por
vocês utilizada ainda será a melhor?
- Haveria alguma estratégia que mesmo mudando as quantidades num mesmo contexto sua utilização seria
mesma?
- Podemos considerar que existam estratégias melhores que outras?
11 Prova
O professor irá expor um breve resumo sobre alguns trabalhos voltados a análise de diferentes
raciocínios ou estratégias matemáticas usadas na resolução de problemas, com isto, os alunos terão um
aporte teórico para concluirem suas hipóteses sobre o que trabalhamos até agora.
Após as análises das situações propostas pelos cursistas, o coordenador da oficina, solicitará
uma apresentação de no máximo 5 minutos sobre os quatro tipos de racicínio matemáticos apontados
inicialmente por Johannot (1947) e aprofundados por Barreto (2001). Para isso é relevante a leitura com
antecedência do texto.
Como finalização, o professor de posse das colocações feitas pelos alunos em referência os
estudos sobre os diferentes racicínios, sistematizará o que até aquele momento foi discutido captando-os a
partir do que foi produzido pelos alunos à luz das considerações teóricas de Johannot, e cada grupo fica
responsável em postar no protfólio de grupo a síntese da discussão em sala de aula, que fomentará
também o fórum de discussão no TelEduc/multimeios.
12 Avaliação
A partir das percepções colhidas inicialmente perante os problemas colocados, trataremos de
sistematizar estas novas hipóteses, de modo que os cursistas reflitam sobre a importância do aluno ao
interpretar e inferir sobre diferentes estratégias na solução de problemas.
A conclusão destas novas percepções pelos cursistas se dará não somente no final deste
processo, como em ambiente virtual que atuará como extensão a este processo. A conclusão dos trabalhos
referente ao momento presencial se dará na sistematização das ideias discutidas nos grupos e novamente
encaminhadas para a opinião dos demais em ambiente virtual, o qual será por meio do fórum.
13 Considerações
Essa temática é complexa e instigadora, nesse sentido, um maior aprofundamento quanto a
parte teórica destes conteúdos será realizado por meio virtual. É condição para a conclusão da carga
horária desta e das demais oficinas a participação numa plataforma virtual em que outros aspectos serão
abordados e discutidos.
Algumas referências
BARRETO, Marcília Chagas. O Desenvolvimento do Raciocínio Matemático. Tese de Doutorado.
Universidade Federal do Ceará, 2001.
BORGES NETO, H. e DIAS, A. M. I. Desenvolvimento do raciocínio lógico matemático no 1.º grau e na pré-
escola. Cadernos de Pós-Graduação em Educação: Inteligência – enfoques construtivistas para o ensino da
leitura e da matemática. v. 2 Fortaleza, CE: Imprensa Universitária/UFC, 1999.
Submissão: 20/07/2017
Aceite: 18/11/2017