Uso de Serragem Na Plantação de Quiabo

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Uso de diferentes doses de serragem como fonte de substrato para a


produção de mudas de quiabo.
Flávio Nerys da Luz (1); Patrícia Resplandes Rocha dos Santos (2); Daisy Parente
Dourado (2); Cibelle Christine Brito Ferreira (2); Willian Sousa Silva da Conceição (2);
Cid Tacaoca Muraishi (3).
(1)
Discente do curso de Agronomia; Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq; Faculdade Católica do Tocantins
(2)
(FACTO); Palmas, Tocantins; E-mail: [email protected]; Discentes do curso de Agronomia; Faculdade Católica
(3)
do Tocantins (FACTO); Docente do curso de Agronomia; Faculdade Católica do Tocantins (FACTO).

RESUMO: Os substratos utilizados para a produção próprias sementes. A produção de mudas apresenta
de mudas de hortaliças são obtidos já prontos no como uma alternativa quando se sabe que as
comércio ou formulados pelos próprios produtores. sementes de uma determinada espécie ou
Esses produtores utilizam diversos materiais, puros variedade apresentam determinados problemas e
ou em misturas, disponíveis nas suas regiões. O necessitam de um maior cuidado na fase de
objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de substratos germinação e emergência.
à base de serragem no crescimento e Os substratos utilizados para a produção de
desenvolvimento de mudas de quiabeiro. O mudas de hortaliças são obtidos já prontos no
delineamento experimental utilizado foi inteiramente comércio ou formulados pelos próprios produtores.
casualizados, com 6 tratamentos e 4 repetições. Os Esses produtores utilizam diversos materiais, puros
tratamentos foram obtidos da combinação de ou em misturas, disponíveis nas suas regiões.
serragem originadas de um único local no município Dentre esses materiais, compostos orgânicos,
de Palmas no Estado do Tocantins, 6 porcentagens oriundos de vários tipos de resíduos, vem sendo
de serragem: 0, 20, 40, 60, 80 e 100% de serragem utilizados na composição de substratos para a
com misturas de solo constituíram os tratamentos. produção de mudas, visando reduzir os custos,
Os melhores resultados para as variáveis altura de como também oferecer alternativa para minimizar o
plântula, diâmetro de colétodo e matéria verde da impacto ambiental provocado pelos mesmos
parte aérea foram observados nos substratos (Esteves, 2000; Nunes, 2000; Meerow, 1994).
constituído de 20% de serragem e 80% de solo, Para a certificação de mudas, faz-se necessário
porém para variável correspondente a matéria seca usar substratos padronizados, que apresentem
da parte aérea não foram observados diferenças características físicas e químicas apropriadas,
estatística para os tratamentos. O substrato ausência de patógenos e de sementes de plantas
constituído de 20% de serragem e 80% de solo invasoras. Se o custo dos substratos contribuir para
possibilitou maior desenvolvimento das mudas de a elevação do preço final da muda produzida, por
quiabo, sendo uma boa opção para que se tenha outro lado, a utilização de resíduos disponíveis
muda de qualidade, portanto recomenda-se para regionalmente pode proporciona redução de custos
produção de mudas de quiabo. e minimizar a poluição decorrente do acúmulo
desses materiais no ambiente (Fermino, 1996).
Termos de indexação: Abelmoschus esculentus Na região central do Estado do Tocantins, a
(L); desenvolvimento de mudas. serragem de madeira é um resíduo que se encontra
em serrarias ativas ou desativadas, exposta ao
INTRODUÇÃO tempo e sem utilidade imediata. O material
apresenta-se com partículas de diferentes
O quiabo encontra no Brasil condições tamanhos, coloração variando de vermelho a
excelentes para o seu cultivo, principalmente no que marrom e variados graus de umidade e
diz respeito ao clima, sendo popularmente cultivado decomposição.
nas regiões Nordeste e Sudeste. A planta apresenta A qualidade da serragem depende do tipo da
algumas características desejáveis como ciclo madeira, do tempo e da condição de
rápido, custo de produção economicamente viável, armazenamento e do teor de tanino presente
resistência a pragas e alto valor alimentício e (Burés, 1997). O mesmo cita que, dependendo do
nutritivo (Mota et al., 2000). tempo de armazenamento, a serragem pode ser
Segundo Castro (2005), o quiabeiro é uma usada como substrato sem a necessidade de
olerícola produzida por grande número de pequenos realizar compostagem; entretanto, esse autor
produtores, constituindo-se em alguns casos, na ressalta que serragens, ainda que envelhecidas e
principal fonte de renda familiar, sendo comum naturalmente compostadas, podem apresentar
estes pequenos produtores multiplicarem suas
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fermentação ácida e prejudicar o crescimento das variância, as médias foram comparadas pelo teste
plantas. de Tukey a 5% de probabilidade.
De acordo com Burés (1997), substratos com
alto percentual de serragem na sua composição RESULTADOS E DISCUSSÃO
podem apresentar problemas de retenção excessiva
de umidade. Esse autor recomenda para aumentar Na tabela 1, encontram-se expressos os
a drenagem e reduzir o acúmulo de água que se resultados dos valores médios para altura de
façam misturas com materiais de maior diâmetro e plântula (AP), diâmetro do colétodo (DC), matéria
que apresentem menor capacidade de retenção de verde da parte aérea (MVPA) e matéria seca da
água. parte aérea (MSPA) de plântulas de quiabeiro
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o produzidas sob o uso de diferentes doses de
efeito de diferentes doses de serragem em mistura serragem como fonte de substrato.
com a terra como fonte de substratos para a
produção de mudas de quiabo. Tabela 1. Valores médios dos parâmetros
avaliados nas mudas de quiabo. FACTO, 2013.
MATERIAL E MÉTODOS AP DC MVPA MSPA
Tratamento
(cm) (cm) (g) (g)
S1 7,56 ab 1,94 cd 0,42 ab 0,09 a
.O experimento foi conduzido na área S2 8,06 a 2,63 a 0,47 a 0,09 a
experimental agrícola da Faculdade Católica do S3 7,91 ab 2,44 ab 0,44 ab 0,09 a
Tocantins, Campus de Ciências Agrárias e S4 6,22 bc 2,00 a 0,26 b 0,07 a
Ambientais, localizada no município de Palmas - TO. S5 6,25 abc 2,13 bc 1,30 ab 0,07 a
A área experimental apresenta como coordenadas S6 4,98 c 1,63 d 0,29 ab 0,07 a
CV % 11,88 8,99 23,50 30,89
geográficas 48°17'31.77"W e 10°17'2.80"S e altitude Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente
de 230 m. Segundo a classificação internacional de pelo Teste Tukey a nível de 5% de probabilidade. S1 - Substrato
Köppen, o clima da região é do tipo C2wA’a’- Clima com 0% de serragem; S2 - Substrato com 20% de serragem; S3
úmido subúmido com pequena deficiência hídrica, - Substrato com 40% de serragem; S4 - Substrato com 60% de
serragem; S5 - Substrato com 80% de serragem; S6 - Substrato
no inverno, evapotranspiração potencial média anual com 100% de serragem.
de 1.500 mm, distribuindo-se no verão em torno de
420 mm ao longo dos três meses consecutivos com
Houve diferença significativa entre as doses de
temperatura mais elevada, apresentando
serragem utilizada, resultando em um aumento na
temperatura e precipitação média anual de 27,5º C e
altura de plântula, diâmetro de colétodo e matéria
1600 mm respectivamente, e umidade relativa
verde da parte aérea.
média de 80 % (INMET, 2013).
A matéria-prima dos substratos teve como base Como pode ser observado na tabela 1, o
serragens coletada no município de Palmas, TO. tratamento S2 apresentou maior altura de plântula e
Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado diâmetro de colétodo, assim como maior produção
(DIC), com seis tratamentos e quatro repetições, de massa seca da parte aérea.
com duas amostras por repetição, totalizando 48 Porém, para variável correspondente a matéria
amostras. Os tratamentos foram constituídos por seca da parte aérea não foi observada diferença
seis doses de serragem, sendo 0, 20, 40, 80 e 100% significativa para os substratos estudados.
de serragem em mistura com a terra. Para um bom substrato a água facilmente
O solo foi coletado na área experimental agrícola disponível, deve estar entre 20 a 30% de umidade
da Faculdade Católica do Tocantins. A análise volumétrica, a água de reserva entre 4 a 10% e a
química e física do solo na camada de 0-20 cm capacidade de aeração entre 20 e 30% (Abad e
revelou os seguintes resultados: P Melich (20 Nogueira 2000). De acordo com Carrijo et al. (2004),
-3
mg.dm ); MO (1,8%); pH em CaCl2 5,9; Ca+Mg somente a serragem apresentou valores dentre dos
-3
(5,30 cmolc.dm ); Ca (3,20 cmolc.dm-³); Mg (2,10 intervalos recomendáveis.
-3 -3
cmolc.dm ); Al (0,0 cmolc.dm ); H+Al (2,0 Teixeira (1997), utilizando maravalha
-3 -3
cmolc.dm ); K (0,20 cmolc.dm ); V (73,33%). Areia carbonificada em mudas de pimenteira-do-reino,
(820 g/Kg); Silte (50 g/Kg); Argila (130 g/Kg). observou maior índice de germinação e crescimento
Após trinta dias de permanência das mudas em das estacas, devido provavelmente ao alto teor de
casa de vegetação, avaliaram-se: altura da planta potássio (6,5 mg/kg) contido neste substrato.
(AP), diâmetro do coleto (DC), matéria verde da Este estudo possibilita a produção de mudas de
parte aérea (MVPA) e matéria seca da parte aérea quiabo utilizando 20% de serragem em mistura com
(MSPA). Os dados foram submetidos à análise de a terra, favorecendo o produtor de mudas na
diminuição dos custos de produção e
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potencializando o uso de serragem na agricultura NUNES, M. U. C. Produção de mudas de hortaliças com


que é de fácil obtenção e ajuda a diminuir a poluição o uso da plasticidade e do pó de coco. Aracaju: Embrapa
no ambiente. Tabuleiros Costeiros, (Embrapa Tabuleiros Costeiros).
Circular Técnica, 13. 29p. 2000.
CONCLUSÃO
TEIXEIRA, P. E. G. Efeito de diferentes substratos na
emissão de brotações de estacas e desenvolvimento de
Conclui-se que a utilização do substrato mudas de pimenta-do-reino. Informe técnico, Belém:
composto por 20% de serragem (S2) possibilitou o FCAP, n.22, p.12, 1997.
maior desenvolvimento das mudas de quiabo, sendo
uma boa opção para que se tenham mudas de
qualidade e adequado estabelecimento a campo.

REFERÊNCIAS

ABAD, M.B.; NOGUEIRA, P.M. Los substratos en los


cultivos sin suelo. In: GAVILÁN, M. U. ed. Manual de
cultivo sin suelo. Almeria: Universidade de Almeria/Mundi-
Prensa. p.137-183. 2000.

BURÉS, S. Sustratos. Madri: Agrotécnicas, 1997. 342 p.


De BOODT, M; VERDONCK. The physical properties of
the substrates in horticulture. Acta Horticulturae,
Wageningen, v. 26, p.37-44, 1972.

CASTRO, M. M. Qualidade fisiológica de sementes de


quiabeiro em função da idade e do repouso pós-colheita
dos frutos. 2005. 43 f. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira, Ilha Solteira, 2005.

CARRIJO, O. A.; VIDAL, M.C.; REIS, N.V.B.; SOUZA,


R.B.; MAKISHIMA, N. Produtividade do tomateiro em
diferentes substratos e modelos de casas de vegetação.
Horticultura Brasilera, Brasília, v.22, n.1, p.05-09, jan-mar
2004.

ESTEVES, J. V. Substrato para produção de mudas de


hortaliças com casca de arroz carbonizada, composto
orgânico e desinfecção a vapor. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.18, p.805 – 806, 2000.

FERMINO, M. H. Aproveitamento de resíduos industriais


e agrícolas como alternativas de substratos Hortícolas.
1996. 90 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) –
Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 1996.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA – INMET.


Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/>. Acesso em:
01 fev. 2013.

MEEROW, A. W. Growth of two subtropicais using coir


(coconut mesocarp pith) as peat substitute. HortScience,
Alexandria, v.29, n.12, p.1484 – 1486. 1994.

MOTA, W. F.; FINGER, F. L.; CASALI, V. W. D.


Olericultura: melhoramento genético do quiabeiro. Viçosa:
UFV, Departamento de Fitotecnia, 144 p. 2000.

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