Coparentalidade Como Objeto de Pesquisa em Psicologia
Coparentalidade Como Objeto de Pesquisa em Psicologia
Coparentalidade Como Objeto de Pesquisa em Psicologia
RESUMO
O presente trabalho procura investigar os impactos decorrentes da separação conjugal envolvendo
crianças e adolescentes no lugar de filhos/as, a partir de uma leitura psicanalítica. Para tanto, foi
realizada uma revisão de literatura integrativa na base de dados SciELO - Scientific Electronic Library
Online, a partir do descritor coparentalidade, tendo em vista a relevância recente deste conceito nos
estudos sobre família, proteção social de crianças e adolescentes e guarda de filhos/as. Os critérios de
inclusão dos artigos definidos inicialmente para a presente revisão integrativa foram artigos publicados
em português no período de 2000-2017 e vinculados a periódicos da área de psicologia. Verificou-se
um interesse ainda modesto - mas já notável - sobre as discussões em torno da coparentalidade
enquanto objeto de pesquisa, o estabelecimento de relações entre coparentalidade e as ideias de
conjugalidade, parentalidade, divórcio, vinculação, família, adaptação e predominância de trabalhos
orientados pela perspectiva da psicologia sistêmica. Conclui-se que as produções de autores/as
fundamentados na teoria psicanalítica ainda são muito tímidas, o que não significa que esta abordagem
teórica não tenha com o que contribuir a este debate tão atual.
Palavras-chave: Divórcio. Conjugalidade. Parentalidade. Coparentalidade.
1 INTRODUÇÃO
1
Bacharel em Psicologia, pelo Centro Universitário Maurício de Nassau, campus das Mercês,
[email protected].
2
Bacharel em Psicologia, pelo Centro Universitário Maurício de Nassau, campus das Mercês,
[email protected].
Um dos temas mais estudados pela psicologia sobre famílias formadas por pais
separados é o impacto da dissolução conjugal nos indicadores de saúde mental e no
desenvolvimento psicológico das crianças e adolescentes (LAMELA; FIGUEIREDO, 2016).
Por força da Lei nº 11.441, de 04 de Janeiro de 2007, as Varas de Família, Fóruns ou
Varas Cíveis e os Tabelionatos de Notas passaram a realizar escrituras de divórcios
consensuais que não envolvessem filhos menores ou incapazes através de escritura pública.
Essa escritura não depende de homologação judicial, devendo as partes ser assistidas por um
advogado. Com essa flexibilidade, o divórcio passou a ser uma constante nas vidas dos casais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016, o aumento
na quantidade de divórcios no Estado da Bahia se deu entre casais jovens, casados e com
menos de cinco anos de relacionamento conjugal. Em 2014, o Brasil registrou 341,1 mil
divórcios, sendo que foram 130,5 mil em 2004, um salto de 161,4% em dez anos (IBGE,
2015). Em 2016, o Brasil registrou 344.526 divórcios entre a 1ª instância e por escritura
pública, um aumento de 4,7% em relação a 2015, em que foram registrados 328.960
divórcios; no Estado da Bahia, foram 19.725 divórcios.
A separação conjugal é um tema recorrente nas famílias contemporâneas; sendo assim,
tende a ser significativa a dificuldade de elaboração desse processo no caso de crianças e
adolescentes envolvidos. De acordo com Schabell (2005), o divórcio legaliza um estado de
discórdia entre o casal e configura um processo de disputa que exige a criação de novas
estruturas de convivência doméstica, principalmente no que tange a pais e filhos.
As crianças e adolescentes envolvidos nas novas organizações familiares passam por
muitas mudanças em sua rede social e, em sua estrutura familiar, uma série de modificações é
enfrentada por esses indivíduos que não raro encontram dificuldades para lidar com essa nova
situação, além de não saberem muitas vezes nem como findará este novo arranjo familiar. Os
pais, por outro lado, podem estar tão conectados com seus próprios conflitos que encontram
dificuldades ou até mesmo não conseguem conectar-se com o processo de luto dos seus filhos
(MARTINEZ; MATIOLI, 2012).
As dissociações acarretadas pela separação dos pais na vida da criança interferem no
corpo, na afetividade e no aspecto social. Seu corpo construiu-se em um determinado espaço
com os pais que estavam presentes. Quando os pais se separam, caso o espaço já não seja o
mesmo, a criança pode não mais se reconhecer nem mesmo em seu corpo, ou seja, em seus
referenciais espaciais e temporais, já que uns dependem dos outros. As crianças não
internalizam só os cuidados dos pais para com elas, mas introjetam o tipo de relacionamento
que se estabelece entre os pais (ALMEIDA, 2011).
2 FAMÍLIA
3 GUARDA
4 COPARENTALIDADE E CONJUGALIDADE
Para Feinberg (2002, 2003), a coparentalidade é compreendida como uma função que
requer o desejo mútuo entre os cuidadores principais de proporcionar segurança, proteção,
5 PARENTAL
7 LUTO E PSICANÁLISE
8 MÉTODO
9 RESULTADOS
Tabela 1- Síntese da quantidade de artigos sobre coparentalidade indexados à base de dados SciELO.
2009 02 0,18
2010 02 0,18
2011 03 0,28
2012 00 0,00
2013 00 0,00
2014 01 0,09
2015 00 0,00
2016 01 0,09
2017 02 0,18
TOTAL 11 0,99
Conjugalidade 04 0,23
Divórcio 03 0,18
Parentalidade 03 0,18
Vinculação 03 0,18
Família 02 0,11
Adaptação 02 0,11
TOTAL 17 0,99
Tabela 3- Referenciais teóricos usados pelos autores dos estudos selecionados para a análise
TOTAL 11 0,99
BRASIL. Lei 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Código de Processo Civil. Alterado pela Lei
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ato2011-2014/2014/lei/113058.htm. Acesso em: 23 out. 2017.
BRASIL. Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre alienação parental e altera o
art. 236 da Lei nº 8.069, de Julho de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm. Acesso em: 23
out. 2017.
DIAS, M. B. Manual de direitos das famílias v 10. Edição revista, atualizada e ampliada.
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TARTUCE, F.; MAZZEI, R.; CARNEIRO, S. B. (Orgs.). Famílias e sucessões. Salvador:
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