Aço Ca40 Ca15 Ca6nm
Aço Ca40 Ca15 Ca6nm
Aço Ca40 Ca15 Ca6nm
São Carlos
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
ENGENHARIA DOS MATERIAIS
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciência
e Engenharia de Materiais como requisito
parcial à obtenção do título de MESTRE
EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
São Carlos
2007
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
BANCA EXAMINADORA:
L0
Orientador/DEMa/UFSCar
f~~L ~e~
Prat. Dr. Luiz Carlos Casteletti
EESC/USP
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!
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a Deus, meus pais, Maria do Carmo e Luiz, toda a minha família
e a Vanessa.
VITAE
BANCA EXAMINADORA:
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter proporcionado-me saúde e força durante os dias, muitas noites
e madrugadas destes quase 3 anos de trabalho.
RESUMO
ABSTRACT
The subject of this work was to study the mechanical properties, based in
tensile and impact tests, of two stainless martensític steels cast under
designations of ASTM Standards, namely the CA15 steel, a steel with 12% of
Cr, and the CA6NM steel, a steel with 12% Cr and 4% Ni.
For both steel grades bar tests were machined out from “ Keel Block” coupons
test cast in sand molds bonded with no-bake resin, according to the ASTM
designations. Before machining the “Keel Blocks” were heat treated according
to the ASTM standards as following: solubilization, quenching and tempering.
The effectiveness of the heat treatments and the results of the mechanical tests
were evaluated by means of microstructural characterization using optical and
scanning electron microscopies. The CA15 steel showed the presence of delta
ferrite in the martensitic matrix, and a weak tendency to carbide precipitation.
On the other hand, the CA6NM steel showed predominantly a martensitic
structure and strong carbide precipitation.
The effect of two quenching conditions, namely water and air, were investigated
on the mechanical properties of CA15 and CA6NM steels and showed to be
high significance.
For both steels two distinct levels of tensile strength at room temperature were
obtained, one inferior to 700MPa, and other superior around the 900MPa. In the
CA15 grades were obtained higher values of area reduction and lower
elongation values, when compared to the CA6NM grade.
The tensile tests at higher temperature (500°C), led to a reduction of
approximately 30% in the values of tensile strength for the CA15 steel.
However, in the CA6NM steel, the reduction of the tensile strength was lower(
less than 20%) due to presence of massive carbide precipitation.
After impact tests at several temperatures for determination of the ductile-fragile
transition temperature, according to the 20,6J criterion, the CA15 steel revealed
viii
a transition temperature beyond 10°C, while the CA6NM steel revealed values
between -100 and -150°C.
ix
SUMÁRIO
Banca Examinadora................................................................................... i
Agradecimentos......................................................................................... iii
Resumo...................................................................................................... v
Abstract...................................................................................................... vii
Sumário...................................................................................................... ix
Índice de Tabelas....................................................................................... xv
Índice de Figuras........................................................................................ xix
1 Introdução................................................................................................ 1
2 Revisão Bibliográfica............................................................................... 3
2.1 Propriedades Mecânicas dos Aços...................................................... 3
2.1.1 Ensaio de Tração............................................................................... 4
2.1.1.1 Fatores que influenciam no Ensaio de Tração............................... 5
2.1.1.2 Efeitos dos Elementos de Liga....................................................... 9
2.1.2 Resistência dos Aços ao Impacto..................................................... 12
2.1.2.1 Temperatura de Transição Dúctil-Frágil......................................... 12
2.1.2.2 Efeitos da Composição Química.................................................... 15
2.1.2.3 Efeitos da Prática de Fabricação................................................... 18
2.1.2.4 Prática de Desoxidação................................................................. 18
2.1.2.5 Processo de Fundição................................................................... 18
2.1.2.6 Tamanho da Seção........................................................................ 19
2.1.2.7 Efeito das Condições Superficiais.................................................. 19
2.1.2.8 Descarbonetação........................................................................... 19
2.1.2.9 Eletrodeposição............................................................................. 20
2.1.2.10 Efeitos dos Microconstituíntes..................................................... 20
2.1.2.11 Tamanho de Grão........................................................................ 21
2.1.2.12 Estrutura Submicroscópica.......................................................... 22
2.1.2.13 Fragilização Azul.......................................................................... 23
2.1.2.14 Fragilização de Revenido............................................................. 23
2.1.2.15 Variabilidade dos Resultados no Ensaio de Impacto
Charpy........................................................................................................ 24
x
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
vezes......................................................................................................... 118
Figura 4.24 CP2 CA15 temperado e revenido. Aumento de 465
vezes......................................................................................................... 118
Figura 4.25 CP2 CA15 temperado e revenido. Aumento de 870
vezes......................................................................................................... 119
Figura 4.26 CP3 CA15 temperado e revenido. Aumento de 465
vezes......................................................................................................... 119
Figura 4.27 CP3 CA15 temperado e revenido. Aumento de 870
vezes......................................................................................................... 120
Figura 4.28 CP4 CA15 temperado e revenido. Aumento de 465
vezes......................................................................................................... 120
Figura 4.29: CP4 CA15 temperado e revenido. Aumento de 870
vezes......................................................................................................... 121
Figura 4.30 CP5 CA15 recozido. Aumento de 465 vezes......................... 121
Figura 4.31 CP5 CA15 recozido. Aumento de 870 vezes......................... 122
Figura 4.32 CP6 CA6NM temperado e revenido. Aumento de 465
vezes......................................................................................................... 122
Figura 4.33 CP6 CA6NM temperado e revenido. Aumento de 870
vezes......................................................................................................... 123
Figura 4.34 CP7 CA6NM temperado e revenido. Aumento de 465
vezes......................................................................................................... 123
Figura 4.35 CP7 CA6NM temperado e revenido. Aumento de 870
vezes......................................................................................................... 124
Figura 4.36 CP8 CA6NM temperado e duplamente revenido. Aumento
de 465 vezes............................................................................................. 124
Figura 4.37 CP8 CA6NM temperado e duplamente revenido. Aumento
de 870 vezes............................................................................................. 125
Figura 4.38 CP9 CA6NM temperado e duplamente revenido. Aumento
de 465 vezes............................................................................................. 125
Figura 4.39 CP9 CA6NM temperado e duplamente revenido. Aumento
de 870 vezes............................................................................................. 126
Figura 4.40 CP1 fotografia MEV. WD-15mm, V-20KV. Aumento de 425
vezes......................................................................................................... 128
xxiv
vezes......................................................................................................... 136
Figura 4.58 CP5 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 1315
vezes......................................................................................................... 137
Figura 4.59 CP5 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 2250
vezes......................................................................................................... 137
Figura 4.60 CP6 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 425
vezes......................................................................................................... 138
Figura 4.61 CP6 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 1315
vezes......................................................................................................... 138
Figura 4.62 CP6 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 2250
vezes......................................................................................................... 139
Figura 4.63 CP6 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 3110
vezes......................................................................................................... 139
Figura 4.64 CP7 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 425
vezes......................................................................................................... 140
Figura 4.65 CP7 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 1315
vezes......................................................................................................... 140
Figura 4.66 CP7 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 2250
vezes......................................................................................................... 141
Figura 4.67 CP7 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 3110
vezes......................................................................................................... 141
Figura 4.68 CP8 fotografia MEV. WD-14mm, V-20KV. Aumento de 425
vezes......................................................................................................... 142
Figura 4.69 CP8 fotografia MEV. WD-20mm, V-25KV. Aumento de 1315
vezes......................................................................................................... 142
Figura 4.70 CP8 fotografia MEV. WD-20mm, V-25KV. Aumento de 2250
vezes......................................................................................................... 143
Figura 4.71 CP8 fotografia MEV. WD-19mm, V-30KV. Aumento de 3110
vezes......................................................................................................... 143
Figura 4.72 CP9 fotografia MEV. WD-15mm, V-20KV. Aumento de 425
vezes......................................................................................................... 144
Figura 4.73 CP9 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 1315
vezes......................................................................................................... 144
xxvi
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Gráfico Tensão-Deformação;
Módulo de Elasticidade;
Limite de Escoamento;
Módulo de Resiliência;
Limite de Resistência;
Limite de Ruptura;
Alongamento;
Redução de área;
Tenacidade.
5
1200
1000
800
MPa
600
400
200
0
-273 -223 -173 -123 -73 -23 27 77 127 177
Temp.(°C)
Nos aços com estrutura cristalina cúbica de corpo centrado, tais como aços
carbono e baixa liga, uma mudança no caráter dúctil ou frágil é observada no
intervalo de temperatura entre 120 e –130°C. Esta mudança característica
ocorre na temperatura de transição dúctil-frágil. De modo geral, a 120°C, a
fratura é de caráter dúctil e a –130° é de caráter frágil. Na condição dúctil, a
fratura do aço é acompanhada de grande grau de deformação plástica, ao
contrário da condição frágil onde a fratura ocorre com clivagem e pouca ou
nenhuma deformação plástica[2].
Uma curva típica temperatura versus energia absorvida é mostrado na figura
2.4[9].
13
A composição química dos aços fundidos e aços em geral, bem como todo o
histórico de elaboração da liga, tem efeitos determinantes na sua resistência ao
impacto. Abaixo, são listados os efeitos dos principais elementos químicos
utilizados e/ou presentes nos aços[2]:
Níquel- é uma das adições mais comuns em aços com utilização em baixas
temperaturas. Aços ao Níquel são mais propensos a problemas com
hidrogênio, que outros aços. Embora o níquel abaixe a energia no patamar
superior, ele abaixa significantemente a temperatura de transição.
Fósforo- é um elemento contra indicado aos aços fundidos. Ele tem sido
indicado como um dos causadores da fragilização de revenido e reduz a
resistência ao impacto.
Silício- aumenta a NDTT do aço, pelo menos, quando em níveis maiores que
0,20%.
2.1.2.8 Descarbonetação
2.1.2.9 Eletrodeposição
grão varia com o tempo, e quanto maior a temperatura, mais rápido ocorre o
crescimento de grão[3].
Além de aumentar a resistência mecânica de um aço, a redução do tamanho
de grão, proporciona aumento da resistência ao impacto.
O efeito fragilizante do maior contorno de grão nos aços ferríticos, pode ser
explicado pela concentração de tensão na extremidade da banda de
escorregamento sobre o contorno de grão. Quanto maior o tamanho de grão,
mais extensa será a banda de escorregamento e maior será a concentração de
tensão, a qual provoca a nucleação de micro-trincas promotoras da fratura[10].
Quanto menor a distância que uma trinca pode percorrer sem mudar o plano de
clivagem, mais resistência à fratura frágil terá o material[6].
A microestrutura nos aços influencia diretamente na resistência à fratura por
clivagem. Assim, uma microestrutura composta por perlita grossa é mais
suscetível à fratura por clivagem que uma estrutura composta por bainita
inferior ou martensita, pois quanto maior o tamanho das partículas de
carbonetos, maior é promoção das trincas por clivagem[6].
O limite de escoamento tem influência muito pronunciada na ocorrência da
fratura frágil. Quando o limite de escoamento de um material é atingido, uma
grande quantidade de discordâncias é liberada, as quais podem agir
conjuntamente na formação de uma micro-trinca. Se a trinca espalha num
tempo muito curto permitindo a relaxação da tensão através do
escorregamento em regiões adjacentes, a fratura frágil ocorrerá. Logicamente,
o processo dependerá ainda da tensão de nucleação da trinca e da tensão de
crescimento da trinca até a fratura. Quanto mais próximos forem, tensão de
escoamento e tensão de crescimento da trinca, mais frágil será a fratura.
Assim, é de se esperar que os fatores que afetam diretamente o limite de
escoamento afetam também a transição da fratura dúctil-frágil. Portanto, como
o limite de escoamento aumenta fortemente com a redução da temperatura, é
normal haver também uma temperatura de transição dúctil-frágil[6,13].
O corpo de prova tipo “Keel Block” padrão, de dupla perna da norma ASTM, é o
mais utilizado dos recomendados pela especificação da norma ASTM A370.
Experiências práticas mostram que para o ensaio de tração das duas pernas,
há 95% de certeza que a diferença entre os valores do limite de resistência
fiquem abaixo de 7MPa, e abaixo de 11MPa para os valores de limite de
escoamento. Para a ductilidade, os dados evidenciam que dois ensaios
produzem, com 95% de segurança, resultados de alongamento com diferenças
oscilando em ±3% e valores de redução de área com diferenças máximas de
5%[2].
Quando corpos de prova de geometrias diferentes da do tipo “Keel Block”, mas
ainda com espessuras de 32mm, são adequadamente apensos ao fundido, e
perfeitamente fundidos, as propriedades de tração determinadas para estes
corpos de provas serão comparáveis a aquelas obtidas para o “Keel Block”
30
fundidos separadamente.
Propriedades obtidas a partir de “Keel Blocks” com pernas mais grossas que as
do “Keel Block” padrão de dupla perna da norma ASTM, ou seja, numa
espessura maior que 32mm, podem diferir, especialmente se o aço tiver
temperabilidade insuficiente para que o tratamento térmico empregado produza
a mesma microestrutura do “Keel Block” padrão, da norma ASTM. Experiências
mostram um leve decréscimo da resistência e ductilidade com o aumento da
seção do “Keel Block” para um aço carbono 0,26%[2].
mais fundidos devem ser cortados e destruídos para se ensaiar alguma seção
do fundido. Estes ensaios servem para verificar se os níveis de qualidade
esperados são realmente aqueles esperados em função da composição
química, tratamento térmico e especialmente em função dos processos de
alimentação e massalotagem, os quais controlam a sanidade metalúrgica da
peça[2].
32
(2.1)
Na figura 2.18 tem-se uma micrografia, com 100 vezes de aumento, de um aço
SAE1080 na condição bruto de têmpera, em que se pode observar a
microestrutura de martensita em placas[13].
Fe3C>>M2X>> M7C3>>>M23C6;
2.5.1 M23C6
2.5.2 M6C
2.6.1 Introdução
À medida que se adiciona mais cromo no ferro base mais espesso se torna o
filme protetor de Cr2O3, chamado de camada passiva.
Com uma adição mínima de 12% o aço se torna inoxidável com boa resistência
a corrosão atmosférica. Entretanto, de todos os tipos de aços, os graus
inoxidáveis são os mais diversificados e complexos, em termos de composição,
microestrutura e propriedades mecânicas[8].
A Harry Brearley, um metalurgista de Shefield, é creditada a descoberta do aço
inoxidável martensítico em 1913, quando estava trabalhando no
desenvolvimento do cano de um rifle feito em aço. Ele percebeu que ao se
adicionar 13% de Cr a um aço comum com 0,3% de carbono, este se tornava
inerte ao ataque químico e livre de ferrugem no ambiente do laboratório. Tal
aço constitui o aço 420 da especificado pela norma AISI e é de grande utilidade
ainda hoje[8].
Devido à necessidade de se desenvolver aços mais apropriados à indústria
química, dois empregados da Krupp, Benno Straus e Eduard Mauer,
descobriram o aço inoxidável austenítico com a liga Fe-C-Ni-Cr e a patente foi
registrada em 1912[8].
Entre os anos de 1920 e 1930, em função do rápido desenvolvimento
tecnológico, foram introduzidos os tipos mais populares, tais como 302, 316,
410 e 430. Entretanto até os idos de 1950, os aços inoxidáveis eram
considerados metais semipreciosos de alto custo.
Até 1960, os aços inoxidáveis eram produzidos em fornos elétricos a arco com
capacidade para 10 toneladas no máximo, numa única etapa onde se fazia
adição de sucata de aço, níquel e ferro-cromo. Entretanto a partir de 1970
foram introduzidas novas técnicas de produção. Inicialmente em fornos
elétricos com capacidade de até 100 toneladas, o processo se dividia em duas
etapas. Na primeira etapa ocorria a fusão rápida da carga a base de sucata de
aço, ferro-cromo alto carbono e outras ligas e ferro-ligas. O segundo estágio do
processo constituía-se na descarburação e condicionamento final do metal,
54
Os aços caracterizados pela estrutura ferrítica são: CB30 e CC50. São ligas
que normalmente não são endurecíveis por tratamento térmico. Mas se o
cromo for trabalhado no mínimo da faixa, e níquel e carbono no máximo, e for
feito um tratamento térmico conveniente na liga, pode haver formação de
considerável quantidade de martensita[2].
O aço CB30 tem melhor resistência à corrosão galvânica que o CA e por isso,
muitas vezes é preferido para a produção de corpos de válvulas e de
recipientes para a indústria química e de alimentos. O tipo CC50 apresenta boa
resistência à corrosão em meios oxidantes, tais como ácido sulfúrico, misturas
à base de ácido nítrico, e líquidos alcalinos, e se destina, principalmente a
industria de celulose e mineração na presença de água ácida[2].
62
O aço CD4MCu e outras ligas da norma ASTM são ligas austenita-ferrita com o
percentual volumétrico de ferrita variando entre 40 e 60%. Mesmo as ligas
austeníticas tendo algum percentual de ferrita, a tipo duplex é caracterizada por
ter em sua composição, 24 a 26% de cromo e 4 a 9% de níquel. O tipo duplex
também se caracteriza por ter resistência mecânica mais alta que o tipo CF.
Mas a resistência à corrosão é similar, e assim sua utilização se presta a
aplicações em baixas temperaturas, com boa resistência a corrosão por
“pitting” ou galvânica[2].
Inclui-se neste grupo os aços CH20, CK20, CK3McuN e CN7M. Os aços CH20
e CK20 são ligas alto cromo e alto carbono, completamente austeníticas, cujo
percentual de cromo excede o de níquel. Elas oferecem melhor resistência ao
ácido sulfúrico diluído que o aço CF-8 e maior resistência mecânica em
elevadas temperaturas. Ao se trabalhar com ácido sulfúrico em várias
concentrações em temperaturas de até 300°C e com ácido clorídrico em
63
- ASTM A217
- ASTM A487
- ASTM A743
2.7.1 Microestrutura
Nas figuras 2.42 e 2.43 são apresentadas duas micrografias para evidenciar a
tendência deste aço conter ferrita. No primeiro caso houve a formação de uma
extensa malha de ferrita no contorno austenítico, antes da formação da
martensita. A segunda metalografia evidencia a presença de nódulos ou
manchas de ferrita, também nas regiões de contorno e pontos tríplices do grão
austenítico.
Rede de ferrita no
contorno do grão
austenítico.
Ferrita
delta(δ
2.7.4 Propriedades
O aço inoxidável martensítico CA6NM teve sua concepção com base no aço
CA15; é um aço mais nobre em termos de liga e benefício. O teor de carbono
foi reduzido a percentuais inferiores a 0,06%, melhorando a tenacidade da
martensita e a soldabilidade. A presença do níquel na faixa de 3,5 a 4,5%
compensa o efeito ferritizante proporcionado pelo alto percentual de cromo na
faixa de 11,5 a 14,0% e pelo baixo teor de carbono, e melhora também a
resistência ao impacto em baixas temperaturas. A presença de molibdênio
proporciona melhorias na resistência mecânica e resistência à corrosão em
ambiente marinho.
O aço CA6NM é especificado como aço para fundição em quatro designações
da norma ASTM[34,35,39,41]:
- ASTM A352
- ASTM A356
- ASTM A487
- ASTM A743
2.8.1 Microestrutura
Figura 2.46 Diagrama Fe-Cr-Ni para uma liga com a relação Cr/Ni em
3/1[12,21].
Uma boa opção para estudo seria utilizar este mesmo diagrama em termos do
diagrama ferro, cromo equivalente e níquel equivalente.
Observa-se na figura 2.46 que a completa austenitização em aquecimento,
ocorre a partir de aproximadamente 720°C e se estende a aproximadamente
1220ºC, considerando-se o aquecimento na condição de equilíbrio. Na prática,
uma maior velocidade de aquecimento conduz a elevação desta temperatura.
Com a presença de um “loop austenítico”, e a possibilidade de completa
austenitização do aço, conduz-se então a possibilidade de uma estrutura bruta
de têmpera completamente martensítica, mas dependente da posição do
intervalo início e fim de transformação Ms-Mf.
Para cálculo de Ms pode-se utilizar a expressão matemática de Atkins[33], com
boa aproximação, e Mf= Ms -150°C[21]. Assim tem-se para resfriamento ao ar,
Ms a aproximadamente 275ºC e Mf a 100°C. Quanto mais rápido for o
79
2.8.4 Propriedades
CA6NM, mais caro pela adição de Ni e Mo, apresenta maior ductilidade que o
CA15, mantendo valores iguais ou superiores dos limites de escoamento e
resistência. A literatura, apesar de grande quantidade de publicações a
respeito, apresenta lacunas de conhecimento ou de resultados quando esses
materiais são processados em condições industriais, na fabricação de peças de
médio e grande porte. Este trabalho, portanto, tem por objetivo estudar as
propriedades mecânicas quando da fabricação de peças reais, em ambiente
industrial, e visa comparar os aços CA15 e CA6NM quanto às propriedades
obtidas após tratamentos térmicos.
A metodologia apresentada no próximo capítulo mostra em que condições este
estudo foi desenvolvido.
84
85
Tabela 3.1 Composição típica de carga para fusão dos aços CA15 e CA6NM.
Composição na Carga(Kg/ 1000Kg metal líquido)
Níquel Sucata
CaSi FeSiZr FeCr/ BC Gusa FeMn/BC FeMo Al
Grau Eletrolítico AISI409
Os corpos de prova tipo “Keel Block”, foram fundidos a parte, para ambos os
aços CA15 e CA6NM, e em conformidade com determinações da norma ASTM
designação A781. Detalhes e dimensões dos corpos de prova são mostrados
na figura 3.1[42].
Figura 3.1 Vista lateral e frontal com detalhes e medidas do corpo de prova
“Keel Block” dupla perna, adotado pelas designações da norma ASTM[42].
50mm
Figura 3.2 Desenho esquemático do molde e modelo para fundição dos corpos
de prova do aço CA15.
3.4 Dilatometria
Antes de realização do ciclo térmico da tabela 3.5, foi feito um ciclo térmico de
solubilização nos corpos de prova de ambos aços CA15 e CA6NM, no próprio
dilatômetro. Assim as amostras foram aquecidas a 25°C por minuto até
1020°C, manteve-se por 20 minutos e resfriou-se a 20°C por minuto até abaixo
de 100°C.
Os corpos de prova para ensaio dilatométrico dos aços CA15 e CA6NM foram
obtidos a partir dos corpos de prova “Keel Block” após têmpera e revenimento,
e foram usinados na forma cilíndrica conforme figura 3.3.
8mm
15mm
Figura 3.3 Corpo de prova cilíndrico para ensaio dilatométrico dos aços CA15 e
CA6NM.
Parâmetro Mm
A 60
D 12,5 +/- 0,25
G 50 +/- 0,10
R 10
Como a temperatura mais baixa de revenimento foi a 540°C para CP1 e CP2
do aço CA15, optou-se pela temperatura de 500°C.
O ensaio foi feito numa máquina de tração com capacidade de até 25
toneladas e com software “Blue Chill” para coleta e análise dos dados. O
ensaio foi feito a uma taxa de deformação de 2mm por minuto. Os corpos de
prova foram obtidos a partir dos “Keel Blocks” fundidos, e foram elaborados
conforme norma ASTM designação A370. Nos ensaios de tração a quente se
utilizou corpos de prova de tamanho reduzido, com diâmetro da seção útil de
6,25mm e comprimento de 25mm. A cabeça dos corpos de prova foi
rosqueada, com passo de 1,75 para se evitar qualquer escorregamento durante
ensaio.
No ensaio de tração à quente, de forma análoga ao ensaio de tração a frio, foi
um ensaio de tração convencional, ou seja, não instrumentado, onde obteve-se
a curva de engenharia com limite de escoamento determinado pelo método da
compensação a 0,2%, limite de resistência obtido através da relação máxima
carga aplicada e área inicial, e a redução de área através da relação entre área
inicial e área final. O alongamento diferiu do tipo convencional por ter sido
obtido através do registro da máquina de tração, e assim obteve-se o
alongamento total, ou seja, o alongamento durante regime elástico e plástico.
Tabela 3.6 Reagentes para ataque metalográfico dos aços CA15 e CA6NM.
Reagente Fórmula Tempo
Acidos clorídrico e 1 g- Acido Pícrico Ataque de
Pícrico(Villela’s). Reagente para 5 ml- HCl 40 a 100
aços inoxidáveis. 100 ml- Álcool Etílico Absoluto segundos.
Reagente para ataque colorido 20 ml- HCI Imersão 30
aços inoxidáveis(Beraha). 100 ml- Água Destilada a 120s com
Colore a austenita. 0.5-1g- Metabisulfito de Potássio agitação.
Com o objetivo de detectar a autenita retida estável no aço CA6NM, obtida por
partição através dos tratamentos térmicos de revenimento, foi executado
trabalho de detecção e quantificação da austenita retida, por de difratometria
de raios X no CCDM-UFSCar.
Após realização de ensaios de impacto, coletou-se um total de doze amostras
das barras de impacto de CP6, CP7, CP8 e CP9, ensaiados em três
temperaturas distintas, 24°C, -100°C e -196°C. Assim foi possível quantificar e
98
Observa-se que para o aço CA15, o percentual de carbono é quase 50% mais
baixo que o máximo especificado por norma, o que garante melhor ductilidade
e tenacidade; por outro lado o percentual de cromo está no mínimo da faixa,
contribuindo assim para redução do percentual de ferrita delta. Outro fator que
melhora a tenacidade e reduz o percentual de ferrita delta é a presença de
0,60% de níquel. O molibdênio presente em 0,12% melhora a tenacidade, mas
pode contribuir para o aumento da quantidade de ferrita delta presente.
Para o aço CA6NM observa-se que o percentual de carbono quase alcança o
limite máximo permitido por norma, o que pode reduzir tenacidade e
ductilidade; o percentual de níquel se encontra no centro da faixa
especificada(3,5-4,5%), o que garante boa resistência ao impacto,
100
1200
Patamar a 1000°C/6 horas.
1000
800 Aquecimento
até 150°C/h.
°C
600
400 Resfriamento
em água ou ar.
200
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
TEMPO(h)
600
Patamar a 540°C/4 horas.
500
Aquecimento
400
até 150°C/h.
°C
300
Resfriamento
200 ventilado fora
do forno.
100
0
0 2 4 6 8 10
TEMPO(h)
800
600
500 Aquecimento
até 150°C/h.
°C
400 Resfriamento
300 ventilado fora
do forno.
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12
TEMPO(h)
400 Aquecimento
até 150°C/h.
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35
TEMPO(h)
O objetivo foi apenas atender a norma ASTM designação A703, que prevê o
aço CA15 recozido a 750°C mínimo, para um grau de menor dureza e maior
usinabilidade.
107
800
Patamar a 690°C/6 horas.
700
600
500 Aquecimento
até 150°C/h.
Resfriamento
°C
400
ventilado fora
300 do forno.
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14
TEMPO(h)
700
Patamar a 600°C/6 horas.
600
500
Aquecimento
400 até 150°C/h.
°C
Resfriamento
300
ventilado fora
200 do forno.
100
0
0 2 4 6 8 10 12
TEMPO(h)
4.3.1 CA15
4.3.2 CA6NM
Apesar do aço CA15 ser uma liga de mais alto percentual de carbono, tanto a
temperatura de revenido quanto o tempo de revenimento, são respectivamente
60°C e 2 horas inferiores ao aplicado no revenimento de CP6 e CP7 do aço
CA6NM. Outro fator de grande influência na menor precipitação de carbonetos
no aço CA15 é o percentual de molibdênio, muito inferior que no CA6NM.
Para o aço CA6NM, observa-se nas duas foto-metalografias das figuras 4.18 e
4.19, a martensita em placas, a presença de inclusões de sulfetos e óxidos de
tamanho inferior a 30um, e uma precipitação de carbonetos maior em CP7 que
em CP6.
4.5.1 CA15
Figura 4.41 CP1 fotografia MEV. WD-15mm, V-20KV. Aumento de 1315 vezes.
129
Figura 4.43 CP1 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 3110 vezes.
Figura 4.45 CP2 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 1315 vezes.
Com aumentos de 2250 e 3110 vezes como mostrado nas figuras 4.46 e 4.47
respectivamente, observa-se carbonetos bem finos precipitados tanto entre as
placas de martensita como na superfície delas, as partículas de coloração
131
Figura 4.47 CP2 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 3110 vezes.
No CP3, com aumento de 425 vezes, como mostrado na figura 4.48, observa-
se pela coloração esbranquiçada, uma rede fina de carbonetos em torno das
placas de martensita. No centro da figura 4.48 na diagonal, pode se observar à
presença de ferrita delta no contorno de grão, e a 1315 vezes de aumento, na
figura 4.49, também se observa à presença massiva de finos carbonetos
132
Figura 4.48 CP3 fotografia MEV. WD-15mm, V-20KV. Aumento de 425 vezes.
Figura 4.49 CP3 fotografia MEV. WD-15mm, V-30KV. Aumento de 1315 vezes.
Com 2250 e 3110 vezes de aumento, vide figuras 4.50 e 4.51 respectivamente,
os carbonetos precipitados em temperaturas inferiores tendem a crescer
durante revenimento a 670°C e preferencialmente nos contornos entre a placas
de martensita. As partículas de carbonetos tem morfologia irregular, mas
parecem tender para a forma globular.
133
Figura 4.50 CP3 fotografia MEV. WD-15mm, V-30KV. Aumento de 2250 vezes.
Figura 4.51 CP3 fotografia MEV. WD-10mm, V-30KV. Aumento de 3110 vezes.
Figura 4.52 CP4 fotografia MEV. WD-15mm, V-15KV. Aumento de 425 vezes.
Figura 4.53 CP4 fotografia MEV. WD-15mm, V-15KV. Aumento de 1315 vezes.
Figura 4.54 CP4 fotografia MEV. WD-15mm, V-15KV. Aumento de 2250 vezes.
Figura 4.55 CP4 fotografia MEV. WD-15mm, V-15KV. Aumento de 3110 vezes.
Figura 4.56 CP5 fotografia MEV. WD-15mm, V-20KV. Aumento de 220 vezes.
Figura 4.57 CP5 fotografia MEV. WD-15mm, V-20KV. Aumento de 425 vezes.
Figura 4.58 CP5 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 1315 vezes.
Figura 4.59 CP5 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 2250 vezes.
4.5.2 CA6NM
Figura 4.60 CP6 fotografia MEV. WD-15mm, V-25KV. Aumento de 425 vezes.
Figura 4.61 CP6 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 1315 vezes.
139
Com aumentos superiores, 2250 e 3110 vezes nas figuras 4.62 e 4.63
respectivamente, observa-se a precipitação de carbonetos nos contornos de
grãos, as placas de martensita atravessam toda a região intragranular e muda
de orientação a partir dos contornos de grão. A morfologia indica um
crescimento lenticular entre as placas de martensita, heterogêneos no
tamanho, mas homogêneo na distribuição.
Figura 4.62 CP6 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 2250 vezes.
Figura 4.63 CP6 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 3110 vezes.
140
Figura 4.64 CP7 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 425 vezes.
Figura 4.65 CP7 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 1315 vezes.
141
Nas figuras 4.66 e 4.67 abaixo, com 2250 e 3110 vezes de aumento
respectivamente, observa-se que a morfologia das partículas é lenticular, mas
estão mais agrupadas apesar dos vazios de precipitados, são fragmentadas e
mal formadas e há dificuldade para distinguir uma das outras. Observa-se
também uma orientação ou alinhamento bem definido das placas de
martensita.
Figura 4.66 CP7 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 2250 vezes.
Figura 4.67 CP7 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 3110 vezes.
142
Como mostrado nas figuras 4.68 e 4.69, para CP8, o grau CA6NM temperado
em água e duplamente revenido, a precipitação de carbonetos é intensa. Com
aumento de 425 vezes observa-se à formação de uma malha de carbonetos
sobre e em torno das placas de martensita, com 1315 vezes de aumento
observa-se o crescimento vermicular desses carbonetos, e na região central há
um cruzamento das placas de martensita a mais ou menos 90 graus.
Figura 4.68 CP8 fotografia MEV. WD-14mm, V-20KV. Aumento de 425 vezes.
Figura 4.69 CP8 fotografia MEV. WD-20mm, V-25KV. Aumento 1315 vezes.
143
Com 2250 e 3110 vezes de aumento, nas figuras 4.70 e 4.71 respectivamente,
observa-se na porção central da amostra no sentido vertical, a precipitação nos
contornos de grão. E em relação à condição de temperado em água e único
revenimento, o crescimento e a distribuição das partículas é heterogêneo, e
parece haver uma tendência ao crescimento e formação não de carbonetos em
“bastonetes” mas sim de “plaquetas de carbonetos”.
Figura 4.70 CP8 fotografia MEV. WD-20mm, V-25KV. Aumento de 2250 vezes.
Figura 4.71 CP8 fotografia MEV. WD-19mm, V-30KV. Aumento de 3110 vezes.
144
Figura 4.72 CP9 fotografia MEV. WD-15mm, V-20KV. Aumento de 425 vezes.
Figura 4.73 CP9 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 1315 vezes.
145
Com aumentos superiores, de 2250 e 3110 vezes, nas figuras 4.74 e 4.75
respectivamente, observa-se que a precipitação de carbonetos é massiva, e na
metade superior da foto-micrografia, região em que o corte da amostra coincide
com um corte inclinado sobre as placas de carboneto, tem-se uma noção de
profundidade, ou seja, os carbonetos estão na forma de plaquetas.
Figura 4.74 CP9 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 2250 vezes.
Figura 4.75 CP9 fotografia MEV. WD-10mm, V-25KV. Aumento de 3110 vezes.
146
Como já era previsto e pode ser observado para o aço CA15 na condição de
temperado e revenido, o percentual de cromo na ferrita delta é quase 3% maior
que na composição global, em contrapartida, na placa de martensita, o
percentual de cromo é menor.
No aço CA15 recozido, há dois efeitos notáveis: empobrecimento de cromo na
ferrita delta, e formação de carboneto na interface martensita-ferrita as custas
desse cromo. A alta relação %Fe/%Cr= 1,76 encontrada num carboneto
M23C6 justifica o caráter axial(globularizado) desse carboneto, indicando o
crescimento por enriquecimento de cromo. O percentual atômico de carbono na
fórmula M23C6 é 20%, acarretando um percentual em peso estimado, em torno
de 5%. A figura 4.76 mostra o espectro de composição química obtida por
micro-análise de um carboneto presente na interface martensita ferrita delta do
aço CA15 recozido.
A presença de inclusões de escória no sistema Al-Zr e nitretos a base de Ti,
147
Energia (KeV)
Energia (KeV)
Nos ensaios de tração a frio, dos aços CA15 e CA6NM em função de seus
respectivos ciclos de tratamentos térmicos, obteve-se valores de limite de
resistência e limite de escoamento, respectivamente em torno 750 e 650MPa
para os graus de mais baixa resistência e respectivamente em torno de 950 e
800MPa para os de mais alta resistência mecânica.
Em termos de ductilidade, o aço CA15 apresentou maior redução de área, mas
em contrapartida, menor alongamento; se comparado aos valores obtidos para
o aço CA6NM.
149
4.7.1.1 CA15
80
1200 70
60
1000
50
800
%
40
L. R. R.A.
MPa
600
L. E. 30 Al.
400
20
200 10
0 0
1 2 3 4 1 2 3 4
N° CORPO DE PROVA N° CORPO DE PROVA
4.7.1.2 CA6NM
1000 60
900
50
800
700
40
600
L.R. R.A
%
MPa
MPa
500 30
%
L.E. Al.
400
20
300
200
10
100
0 0
6 7 8 9 6 7 8 9
N° CORPO DE PROVA N° CORPO DE PROVA
A máxima dureza obtida foi 280HB para CP7 e a mínima 242HB para CP8,
estabelecendo-se um intervalo de 40HB. Observa-se ainda, que os graus
CA6NM temperados em água apresentam valores de durezas 8% menores em
relação aos temperados ao ar.
O aço CA6NM temperado em água apresentou dureza menor que o temperado
ao ar, mesmo na condição bruto de têmpera, 363HB para o temperado em
água e 415HB para o temperado ao ar. E isso foi devido a maior precipitação
de carbonetos duros na condição de têmpera ao ar.
A ductilidade aparente, como função apenas dos valores alongamento e/ou
redução de área seguem a seguinte ordem de crescimento:
CP8>CP9>CP6>CP7.
A ductilidade relativa que leva em conta o fator dureza através da análise dos
parâmetros LE/LR e Al/RA, é:
CP6=CP9>CP7> CP8.
Voltando-se a atenção para CP6 e CP9, observa que termos de ductilidade
aparente são muito semelhantes, a diferença de dureza não ultrapassa os
10HB. A ductilidade relativa por sua vez, também evidência grande similaridade
entre os dois graus, e essa similaridade poderá ou não ser confirmada através
do ensaio de impacto.
153
4.8.1.1 CA15
700 80
600 70
60
500
50
400
L.R. R.A.
MPa
%
40
L.E. Al.
300
30
200
20
100 10
0 0
1 2 3 4 1 2 3 4
N° CORPO DE PROVA N° CORPO DE PROVA
Ainda na tabela 4.11, observa-se que nos graus CA15, CP1 e CP2, maiores
valores da relação LE/RT foram obtidos, ao passo que, também se observa
menor relação AL/RA, indicando menor capacidade de encruamento e menor
distribuição da deformação, o que garante menor ductilidade relativa à quente
do grau CA15 revenido em mais baixas temperaturas.
A tabela 4.12 mostra a redução percentual dos limites de resistência 500°C em
relação aos valores obtidos em ensaios à temperatura ambiente.
4.8.1.2 CA6NM
700 80
600 70
60
500
50
400
L.R. R.A.
MPa
%
40
300
L.E. Al.
30
200
20
100 10
0 0
6 7 8 9 6 7 8 9
N/ CORPO DE PROVA N° CORPO DE PROVA
4.9.1.1 CA15
Tabela 4.15 Valores médios resultantes dos ensaios de impacto do aço CA15
em diversas temperaturas.
30 CP3
25 CP4
20,6J
20
J -196 -176 -156 -136 -116 -96 -76 -56 -36 -16 4 24
15 CP1
10 CP2
0
°C
4.9.1.2 CA6NM
Na tabela 4.18 verifica-se que para CP6 e CP7 a 24°C, temperados em água e
ao ar respectivamente, e com apenas um revenimento a 600°C em ambos, o
CP6 tem 14% mais resistência ao impacto que CP7. Para a condição de
temperado e duplamente revenido, os valores são maiores, e o efeito
propiciado pelo meio de têmpera também é similar, assim, CP8 temperado em
água, tem valor médio de resistência ao impacto, também cerca de 14% maior
que CP9 temperado ao ar. A 0°C, a superioridade é mantida nos graus
temperados em água, mas o valor percentual muda, CP6 é 21% maior que em
CP7 e em CP8 12% maior que em CP9.
Os valores individuais obtidos para cada uma das três barras de ensaio de
cada um dos graus, nas temperaturas 24 e 0°C oscilaram dentro de uma
estreita faixa, em torno do valor médio.
Em ensaio de impacto a –100°C, a lógica se repete, ou seja, nos graus CA6NM
duplamente revenidos se obtém maior resistência ao impacto que naqueles
com único revenimento, entretanto, como se pode ver no gráfico da figura 4.83,
há uma inversão da ductilidade em relação ao obtido a 24 e a 0°C. Assim a
energia média absorvida em CP7 é maior que em CP6 e em CP9 é maior que
em CP8, ou seja, as linhas do gráfico entre os pontos 0°C e –100°C se cruzam
para os pares CP6-CP7 e CP8-CP9.
163
100
CP8
CI 3
90
CI 4
CP9
80
CP6
CI 1
70
CP7
CI 2
60
J 50
40
30
20,6J
20
-196 -176 -156 -136 -116 -96 -76 -56 -36 -16 4 24
10
°C
0
A análise da fratura em aumentos de 400 e 1200 vezes para o aço CA15 e 200
e 800 vezes para o aço CA6NM, permitiu a visualização do complexo
mecanismo de fratura dos aços nas temperaturas de ensaio. Assim, nas
condições de fratura dúctil pode-se observar a fratura com formação e
amplificação de micro-vazios ou “dimples”; e nas condições de fratura frágil,
pode se observar o mecanismo de fratura por clivagem.
167
4.10.1 CA15
A figura 4.84 com aumento de 400 vezes, mostra a região da fratura por
impacto de CP2 a 24°C. Observa-se a presença de inclusões e uma fenda na
região central e superior da amostra que indica a presença de deformação
plástica. Na região central da amostra observa-se a presença de uma área
“alisada”, e esta região é a parte interna de um vazio formado durante
deformação. Mas no geral a fratura é planar.
Figura 4.84 Fotografia de MEV do aço CA15 após ensaio de impacto a 24°C.
Aumento de 400 vezes.
Figura 4.85 Fotografia de MEV do aço CA15 após ensaio de impacto a 24°C.
Aumento de 1200 vezes.
168
Figura 4.86 Fotografia de MEV do aço CA15 após ensaio de impacto a 0°C.
Aumento de 400 vezes.
Figura 4.87 Fotografia de MEV do aço CA15 após ensaio de impacto a 0°C.
Aumento de 1200 vezes.
169
Figura 4.88 Fotografia de MEV do aço CA15 após ensaio de impacto a -100°C.
Aumento de 400 vezes.
170
Figura 4.89 Fotografia de MEV do aço CA15 após ensaio de impacto a -100°C.
Aumento de 1200 vezes.
Com 1200 vezes de aumento, como se pode observar na figura 4.89, a fratura
é do tipo “clivagem”, não há evidências de “dimples” e nenhuma deformação
plástica, indicando uma condição de altíssima fragilidade.
171
4.10.2 CA6NM
Figura 4.90 Fotografia de MEV do aço CA6NM após ensaio de impacto a 24°C.
Aumento de 200 vezes.
Figura 4.91 Fotografia de MEV do aço CA6NM após ensaio de impacto a 24°C.
Aumento de 800 vezes.
172
Como pode ser observado na figura 4.95, com aumento de 800 vezes, a
superfície de fratura é completamente clivada, lembrando o aspecto da fratura
de uma rocha; há a presença de micro-trincas e vazios de caráter poligonal que
indica a fratura por destacamento ou esboroamento da superfície de fratura.
175
4.11.1.1 CA15
Temperatura °C
Temperatura °C
4.11.1.2 CA6NM
Temperatura °C
Temperatura °C
Mf = Ms – 153°C (4.2)
182
α α
γ γ γ
6
% AUSTENITA
5
MÉDIA MÉDIA
4,33 4,0
4
MÉDIA MÉDIA
4,0 3,0
3
24°C
2
-100°C
1
-196.8°C
0
6 7 8 9
N° CP
Figura 4.105 Austenita retida em CP6, CP7, CP8 e CP9 após ensaio de
impacto em diversas temperaturas.
Para CP6, os valores obtidos são muito coesos, com pouca variação em torno
da média. No CP7 houve expressiva variação em torno do valor médio, em
CP8 o percentual de austenita retida pouco variou em torno do percentual
médio e em CP9 a percentagem de austenita retida manteve-se estável.
O percentual médio de austenita retida obtida para o aço CA6NM após os
tratamentos térmicos de têmpera e revenimento, independente do ciclo térmico
oscilou entre 3 e 4%, muito inferior ao mencionado por alguns autores que
prevêem até 30% de austenita retida após tratamentos térmicos.
187
os valores obtidos são muito próximos dos obtidos por difração de raios X.
5 DISCUSSÃO COMPLEMENTAR
Após realização dos ciclos de tratamentos térmicos conclui-se por meio das
análises metalográficas que estes foram efetivos no sentido de regularização
microestrutural e precipitação de carbonetos, também em função das
propriedades mecânicas obtidas, houve completo ajuste das propriedades
mecânicas conforme as designações A487 e A743 da norma ASTM.
No aço CA15 o patamar de austenitização não propiciou efeito suficiente para a
solubilização da ferrita delta(δ). O meio de têmpera(ar ou água) não influenciou
na quantidade de ferrita delta presente. Mas influenciou na dureza em bruto de
têmpera, isso porque na condição de resfriamento ao ar(para menor dureza),
houve significativa precipitação de perlita e ferrita(α) a partir do patamar de
austenitização.
No aço CA6NM, o meio de têmpera influenciou a dureza obtida na condição
bruto de têmpera e também após tratamento térmico de revenimento, sendo
que, na condição de temperado ao ar foi obtido maior dureza que na condição
de temperado em água, em função da maior quantidade de carbonetos
precipitados durante resfriamento a partir da temperatura de austenitização.
A análise metalográfica do aço CA15 permitiu observar a presença da ferrita
delta(δ), como previsto pelo diagrama de Schaeffler modificado por Schneider;
a precipitação quase insignificante de carbonetos na condição bruto de
têmpera, e verificou-se após tratamentos térmicos de revenimento, uma
quantidade de carbonetos no aço CA15 temperado ao ar levemente superior a
encontrada no CA15 temperado em água.
Para o aço CA6NM, a análise metalográfica evidenciou uma intensa presença
de carbonetos principalmente após tratamento térmico de revenimento, e na
condição de temperado ao ar e duplamente revenido, a precipitação de
carbonetos foi tão intensa que mal se distingue as interfaces carboneto-matriz.
A precipitação de carbonetos no aço CA6NM foi muito maior que no CA15.
Através da análise metalográfica por microscopia eletrônica de varredura,
observou-se em detalhes no aço CA15 a matriz martensítica, a presença de
ferrita delta, a precipitação de pequenos carbonetos esferoidais, ocorrendo
entre as placas de martensita, nas regiões de contorno de grão e
192
6 CONCLUSÃO
8 BIBLIOGRAFIA
[2] STEEL Casting HandbooK, 6th ed. USA: Malcolm Blair, Thomas L.
Stevens, ASM, 1995.
[3] STEEL Casting HandbooK. Carbon and Alloy Steel Casting, Special ed.
USA: J.R. Davis, Davis and Davis & Associates, ASM, 1996.
[4] STEEL Casting HandbooK, High Alloy Data Sheets Corrosion Series,
Supplement 8. USA: ASM, 2004.
[5] INTERNET. Martensitic Steels and Bainitic Steels, Chp. 06. South Corea:
<http://www.gbekorea.com/steel_ch6.pdf>.
[19] BARNARD S. J., SMITH G.D.W., SARIKAYA M. and THOMAS G., Scripta
Metall., vol. 15, p. 387-393, 1981.
[34] ASTM A 487/A 487M-97a. Standard Especification for steel castings for
pressure containing parts.
[36] USS, Isothermal Transformation Diagrams, 2th ed. USA: United States
Steel Corporation, 1951.
[39] IRVINE K. J. and PICKERING F. B. ISI Special Report 86, 34, 1964.
205
[43] ASTM A 370/A-97a. Standard Test Methods and Definitions for Mechanical
Testing of Steel Products.