11 Jesus Cristo - Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem
11 Jesus Cristo - Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem
11 Jesus Cristo - Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem
«É preciso confessar
(…) um só e mesmo
Cristo, Filho, Senhor,
Monógeno,
reconhecido em duas
naturezas sem
confusão nem
mudança sem divisão
nem separação»
Concílio de Calcedónia
(451)
Sumário:
3. A relação entre a divindade e a
1. A divindade de Jesus Cristo: a humanidade de Jesus Cristo
relação de Jesus com Deus 3.1 – A unicidade da pessoa de Jesus
1.1 – O reconhecimento da divindade Cristo
de Jesus Cristo 3.2 – A dualidade das naturezas
1.2 – A Tradição sinóptica 3.3 – Consequências da união hipostática
1.3 – O reconhecimento da divindade 3.4 – Grandes concílios cristológicos e
de Jesus nos escritos joaninos trinitários e respectivos dogmas
1.4 – A divindade de Jesus nos
escritos paulinos 4. Objecções contra a divindade de
1.5 – A divindade de Jesus nos
primeiros Símbolos da Igreja e Cristo: o exemplo das T.J.
nos santos Padres 4.1 – O que nos diz a Bíblia
4.2 – O que nos diz a Tradição
4.3 – Objecções contra a divindade de
2. A humanidade de Jesus Cristo: a Cristo
relação de Jesus connosco
2.1 – A realidade da natureza 5. Bibliografia recomendada (E.F.C. 3)
humana de Jesus Cristo
1. A divindade de Jesus Cristo: a
relação de Jesus com Deus
1 – O reconhecimento da
divindade de Jesus Cristo
Jesus na Tradição de Israel. Do Jesus histórico ao Cristo da fé.
O título principal é o de
MESSIAS (em grego, o
Cristo, em português, o
À luz da ressurreição de Jesus Ungido). A este
Cristo e do Pentecostes, a
Primitiva Comunidade Cristã juntam-se outros: Rei
começa a reflectir sobre a de Israel, Filho de
Pessoa de Jesus Cristo; David, Servo de Javé,
deste esforço nascem Filho do Homem e Filho
os escritos do NT (Evangelhos, de Deus. O Messias
cartas…);
virá no Fim dos
o reconhecimento da sua divindade
é progressivo; utilizam temas, Tempos, será o Ungido
categorias, profecias, etc. do AT, de Deus, será o Novo
o que comporta diversos Moisés, o Salvador de
títulos a Jesus. Israel, e será o
Mediador da Nova e
Eterna Aliança.
2 - A Tradição sinóptica
Primeira confissão de fé da
1º Comunidade Cristã em Jesus 2º
como o Cristo, o Messias, o Filho
de Deus.
Jesus pretende ser um Messias maior do que o esperado, o Filho de Deus. Jesus,
progressivamente, vai fazendo evoluir a concepção judaica de Messias, não só um Messias-
homem, mas um Messias que sem deixar de ser homem, é divino, não só um Filho de Deus, mas
o Filho de Deus, Deus-Filho.
Este longo processo, realiza-se nos sinópticos, por dois modos distintos, mas
relacionados:
Pela Sua acção e gestos, realiza acções «exclusivas» de Deus,
1º apresentando-Se como Senhor absoluto, em pé de igualdade
com Deus:
Jesus atribui-Se títulos do AT, que superam a concepção de um Messias humano, alguns só
2º aplicados a Deus:
Filho, mas Senhor de David (descendente Maior que Moisés, Jonas, Salomão e Elias.
De David, conforme a promessa, mas
Senhor do Sábado, da Lei e do Templo
sentado à
Direita do pai, isto é, em igualdade com
Juiz universal (retratado pelo «Filho do Homem)
3 - O reconhecimento da
divindade de Jesus nos
escritos joaninos
Corresponde a um estrato posterior e mais elaborado, explora a relação de Jesus
com Deus, seu Pai, quer através de títulos e funções como os sinópticos, quer
através de afirmações explícitas da divindade de Jesus, da sua igualdade e
comunhão de natureza com o Pai, como seu Filho e Revelador.
«As palavras que Eu vos digo não as falo de Mim mesmo; o Jo 14, 10
Pai que habita em Mim, faz as suas obras»
«Tudo o que o Pai faz, também o faz o Filho igualmente» Jo 5, 19
Primeira confissão de
fé, explícita e «A fim de que todos honrem o Filho como honram o Pai» Jo 5, 23
integral, na divindade Jo 13, 1-
«Saí do Pai e vim ao Mundo; de novo deixo o Mundo e vou
de Jesus: «Meu 4
para o Pai»
Senhor e meu Deus!»
(Jo 20, 28) «Quem Me glorifica é o meu Pai, de Quem dizeis que é o Jo 8, 53
vosso Deus»
«Os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a Jo 5, 19-
ouvirem, viverão. Assim como o Pai tem a vida em Si 22; 25-
28
mesmo, assim também concedeu ao Filho ter a vida em Si
mesmo»
«Eu e o Pai somos um só» Jo 10, 30
S. Paulo chama a Jesus de Kyrios (Senhor); era a tradução grega dos nomes divinos hebraicos,
Adonai e Javé, nome aplicado para designar o Deus de Israel, único Deus verdadeiro. É mais
importante este facto do que chamar directamente «Deus» a Jesus dada a pouca estima que os
deuses tinham no mundo greco-romano de Paulo (deuses cruéis, vingativos, ao sabor das
paixões…).
Desde o início, a Igreja afirmou a realidade do corpo humano de Cristo, afirmações patentes
nos mais antigos credos cristãos, que se referem expressamente aos diversos acontecimentos
da vida terrestre de Jesus (concepção, nascimento, paixão e ressurreição) e no termo de
longas polémicas consagrada no CONCÍLIO DE CALCEDÓNIA (451), que chama a Jesus
Cristo, «verdadeiro Deus e verdadeiro homem».
HERESIAS DOCETISMO (fim séc. I, início II) – difundida por Marcião, Valentim, etc. O corpo
CRISTOLÓ humano de Jesus, a sua carne, era apenas uma aparência de corpo. MANIQUEISMO
-GICAS: E PRISCILIANISMO. Consideram o corpo como sede do mal: uma união de Deus com
corpo humano seria impensável|
Tanto S. João nas suas cartas (1 Jo 4, 2) como S. Inácio de Antioquia (morreu em 107) lutam contra
este erro; Jesus é verdadeiro homem que come, bebe, cansa-se, caminha, chora, admira-se... Jesus
caminhou pelas estradas oeirentas de Israel... Jesus viu com os seus olhos, crianças inocentes,
homens doentes, fariseus complicados... Jesus também amou com coração humano.
2.1 - A realidade da natureza
humana de Jesus Cristo
2ª A afirmação da sua alma.
A Igreja sempre afirmou em Jesus Cristo, além da realidade do seu corpo, a realidade da sua
alma racional (ou espírito).
ARIAMISMO (doutrina difundida por Ario, séc. IV): para ele, o Logos divino tinha
HERESIAS assumido um corpo sem alma; defendeu ainda, como veremos, em termos
CRISTOLÓ trinitários, que o Logos e o Pai não eram da mesma essência, que o Filho era uma
criação do Pai e que houve um tempo em que o Filho ainda não existia (primeira
-GICAS:
criatura do Pai, pelo que inferior a Ele). NOTA: esta doutrina continua hoje em dia;
por exemplo, as Testemunhas de Jeová seguem o arianismo.
APOLINARISMO (doutrina difundida por Apolinário de Laodiceia, séc. IV): Jesus não tinha alma
humana, porque esta seria pecaminosa, mas a alma espiritual era substituída pelo Logos divino.
Em que se baseia a Igreja para afirmar a alma racional de Jesus, da integridade da sua
humanidade? 1º – expressões de Jesus em que fala da sua alma ou espírito: «a minha alma está
triste até à morte» (Mt 26, 38); «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23, 46), etc. 2º -
Na vida e conduta de Jesus que manifestam n’Ele, inteligência, vontade e liberdade
(características da espiritualidade da alma): Jesus entristece-Se, alegra-Se, chora, pede,
agradece, admira-Se, etc. A sua vontade é distinta da do Pai: «Não se faça a minha vontade, mas
a Tua» (Lc 22, 42). Se não é dotado de corpo e alma racional, então a sua natureza não é a nossa,
não seria assumida por Deus e por isso não estaríamos salvos!
2.1 - A realidade da natureza
humana de Jesus Cristo
«quod non erat assumpsit; quod erat permansit»: assumiu o que não era
(humanidade) e permaneceu o que era (pessoa e natureza divina).
X
É o nome que se dá à
compenetração mútua das duas NATUREZA
naturezas de Cristo, mantida pela HUMANA Mas
força da natureza divina; elas NATUREZA continuam
NATUREZA
existem uma na outra e não lado a + DIVINA
HUMANA
distintas
entre si…
lado, unidas uma à outra (algo NATUREZA
semelhante acontece na Trindade, DIVINA
como veremos).
3.3 - Consequências da
união hipostática
A ADORAÇÃO DE JESUS CRISTO. Jesus Cristo,
Deus e homem, deve ser honrado com um só culto, o
culto absoluto de latria (adoração) que pertence
exclusivamente a Deus: «que todos honrem o Filho como
honram o Pai» (Jo 5, 23). A humanidade de Cristo é
objecto de adoração, não por ela mesma, mas por causa
da união hipostática indissolúvel. O culto é prestado à
pessoa e não á natureza: em Cristo, há só uma pessoa, o
Logos divino, que Se fez carne.
Nada impede que uma pessoa divina tenha assumido uma natureza humana,
2º pois não é contrário à imutabilidade divinas. Não acrescentam nada a Deus;
a única mudança verifica-se na natureza humana, na criatura.
4 São CALCEDÓNIA 451 Criskto Monofisismo / Duas naturezas na única pessoa de Cristo:
Leão I, lógico Eutiquianismo… união hipostática.
Magno
5 Papa CONSTANTINOPL 533 Trinitá Nestorianos. Condenação dos «Três capítulos» dos
João II A II rio e Nestorianos.
cristol
ógico.
6 Santo CONSTANTINOPL 680/6 Cristol Monotelismo. Concenação da doutrina da única vontade de
Agatão A III 81 ógico Cristo.
4. Objecções contra a divindade
de Cristo: o exemplo das T.J.
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
CRENÇA DAS T.J.: Jesus Cristo não é Deus, não é o Deus eterno, não é criador
de tudo; não é omnisciente e todo-poderoso; é somente um deus (com
minúscula), assim como o é Satanás; Cristo é o arcanjo Miguel; é apenas a
primeira criatura criada por Deus, mas à qual Deus deu mais poder.
«Antes de mim, não foi formado nenhum deus e depois de mim também não haverá» (Is
43, 10). Aqui diz-nos que só há um Deus e não mais do que um.
Fil 2, 6: «Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação
ser igual a Deus».
«Cristo Jesus, o qual, embora existisse em forma de Deus, não deu
consideração a uma usurpação, a saber, que devesse ser igual a Deus» (VNM)
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
«aguardando a bem-aventurada esperança e a gloriosa manifestação do
nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo».
Tito 1, 3-4
A frase é tão evidente que as T.J. tiveram de introduzir uma palavra que não existe
para truncar o significado: «ao passo que aguardamos a feliz esperança e a gloriosa
manifestação do grande Deus e (do) nosso Salvador Cristo Jesus».
Hb 1, 8: «a respeito do Filho, diz: O teu trono, ó Deus, é eterno»
«Mas, com referência ao Filho Deus é teu trono para sempre» (VNM)
A passagem era tão evidente de Jesus Cristo como verdadeiro Deus, que a alteraram
para: 1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era
[um] deus. 2 Este estava no princípio com o Deus. com letra minúscula. Ao afirmarem
um Deus maior e um menor, as T.J. caem no erro monstruoso do politeísmo.
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
«Tomé
respondeu- Se Cristo não fosse Deus, devia tê-lo
lhe: «Meu advertido e aos presentes, pois ao calar-Se,
induzia-os em erro; pelo contrário, afirmou
Senhor e
que as suas palavras foram um acto de fé:
meu «Porque Me viste, acreditaste» (v. 29).
Deus!»
Jo 20, 28
«Bem sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento
para conhecermos o Verdadeiro; e nós estamos no Verdadeiro, no seu
Filho, Jesus Cristo. Este é o Verdadeiro, é Deus e é vida eterna».
1 Jo 5, 20
«Mas, sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu capacidade intelectual para
podermos obter conhecimento do verdadeiro. E nós estamos em união com o
verdadeiro, por meio do seu Filho Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro Deus e a vida
eterna» (VNM)
1 Jo 5, 20
«Eu sou Javé e fora de mim não há salvador» (Is 43, 11)
SALVA «e agora revelada na manifestação do nosso Salvador, Cristo
-DOR Jesus, que destruiu a morte e irradiou vida e imortalidade, por
meio do Evangelho» 2 Tim 1, 10
AS T. J. têm então de concluir que há dois salvadores: Jesus
Cristo e Javé!
Todo aquele que nega o Filho fica sem o Pai; aquele que
confessa o Filho tem também o Pai.
1 Jo 2, 23
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
«Embora Jesus tivesse realizado diante deles tantos sinais portentosos, não criam
nele, 38*de modo a cumprirem-se as palavras do profeta Isaías … Jo 12, 36-42
A passagem a que se refere é Is 6, 1-10, e que Isaías viu o próprio Javé; João
identificou a glória de Cristo com Javé. Enganou-se João ou enganaram-se as T.J.?
JUSTINO
4.3 - As objecções contra a
divindade de Cristo
OS «CAVALOS DE BATALHA» DAS T.J.: a pobreza dos argumentos contra a divindade de
Cristo é evidente, nas poucas expressões que utilizam; ao invés, a quantidade de expressões
a atestar que Cristo é Deus superabundam!
«Quanto a esse dia ou a essa hora, ninguém os conhece: nem os anjos do Céu,
nem o Filho; só o Pai.»
Mc 13, 32 (ou Mt 24, 36)
«Ouvistes o que Eu vos disse: 'Eu Jesus, que foi feito por um pouco inferior
vou, mas voltarei a vós.' Se me aos anjos, coroado de glória e de honra,
tivésseis amor, havíeis de alegrar- por causa da morte que sofreu, a fim de
vos por Eu ir para o Pai, pois o Pai que, pela graça de Deus, experimentasse
é mais do que Eu». Jo 14, 28 a morte em favor de todos. Heb 2, 9
A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigénito, que é Deus e está no seio
do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer. Jo 1, 18
Conclusão das T.J. se a Deus ninguém O viu, então Cristo não é Deus,
porque ele foi visto!
Está claro que Cristo só foi visto Encarnado, como homem, a sua natureza humana; a
Sua natureza divina não foi vista!
Cap. 11
Caps. XVI, Cap. V
XVII