Ensaio Acerca Do Entendimento Humano
Ensaio Acerca Do Entendimento Humano
Ensaio Acerca Do Entendimento Humano
E n s a io A c e r c a d o E n t e n d im
entoHumano
HOM CULTUR/IL
Fundador
VICTOR CIVITA
(1907-1990)
ISBN 85-13-00906-7
—5—
OS PENSADORES
M é d ic o , Fil ó s o f o e P o l ít ic o
Os P r in c íp io s d a T o l e r â n c i a
A C r ít ic a a o I n a t is m o
Q u e S ig n if ic a P e n s a r ?
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LOCKE
quer conteúdo do processo cognitivo. "Idéia" é, para Locke, o objeto do
entendimento, quando qualquer pessoa pensa; a expressão "pensar" é as sim
tomada no mais amplo sentido, englobando todas as possíveis ativi dades
cognitivas. Incluem-se no significado da expressão "idéia" os "fan tasmas"
(entendidos, por Locke, como dados imediatamente provenientes
dos sentidos), lembranças, imagens, noções, conceitos abstratos. As idéias de
sensação proviriam do exterior, enquanto as de reflexão teriam origem no
próprio interior do indivíduo. Nesse sentido, expressões como "amarelo",
"branco", "quente” designam idéias de sensação; enquanto as palavras
"pensar", "duvidar", "crer" nomeiam idéias de reflexão. Essas duas categorias
de idéias seriam recebidas passivamente pelo entendi mento e Locke lhes dá o
nome de "idéias simples".
A simplicidade das idéias não decorreria de nenhum caráter interior a
elas mesmas; seriam simples as idéias que não se pode ter a não ser mediante
experiências bem concretas, como frio e quente, doce e amargo etc. Essas
experiências concretas forneceriam idéias simples de três tipos: de sensação,
de reflexão e de ambas ao mesmo tempo. Exemplos das primeiras são o
quente, o sólido, o duro, o amargo, a extensão, o movi mento; entre as
segundas, encontram-se a atenção, a memória, a vontade; finalmente, idéias
simultaneamente de sensação e reflexão seriam as de existência, duração,
número.
A noção de idéias simples coloca de imediato o problema de saber se
elas são mesmo representativas, isto é, imagens das coisas exteriores ao sujeito
que as percebe. Para melhor solucionar a questão, Locke separa as idéias
simples em dois grupos. O primeiro é formado por idéias "enquanto
percepções em nosso espírito"; o segundo, "enquanto modificações da matéria
nos corpos causadores de tais percepções". Estas últimas seriam efeitos de
poderes ou potências capazes de afetar os sentidos humanos.
Tal distinção conduz Locke a uma outra: entre qualidades primárias e
qualidades secundárias dos corpos exteriores à mente. Assim, Locke transita
da teoria do conhecimento para a teoria do mundo físico. As qualidades
primárias seriam inseparáveis dos corpos, tais como a solidez, a extensão, a
figura e o movimento; mesmo que um certo corpo seja di
vidido em dois, essas qualidades persistiriam nas partes resultantes. As
qualidades secundárias, ao contrário, não persistiriam e não estariam nos
objetos senão como poderes para produzir várias sensações nos sujeitos
percipientes; assim ocorre com os sons, os gostos e as cores.
As idéias simples constituiriam os elementos com os quais se formam as
idéias compostas, que se dividem em dois grupos. O pri meiro é constituído
por idéias simples combinadas na idéia de uma
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A S u b s t â n c ia I n c o g n o s c ív e l
Os F u n d a m e n t o s d a C e r t e z a
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as próprias idéias, mas à correspondência que uma idéia possa ter com a
realidade exterior ao espírito humano. Nos termos do próprio Locke, a quarta
classe de conveniência é "a de uma existência real e atual que convém a algo
cuja idéia temos em mente". A percepção da existência — diz Locke — é
irredutível à percepção de uma relação entre duas idéias, em virtude de a
existência não ser uma idéia como a de doce ou amargo, quente ou frio.
Existem várias espécies de certeza com relação à existência das coisas. Uma
primeira espécie é a certeza intuitiva, proveniente da reflexão, que o homem
tem de sua própria existência. Uma segunda espécie seria a certeza demons
trativa da existência de Deus. Finalmente, uma terceira espécie é a "certeza por
sensação", referente aos corpos exteriores ao homem.
A dualidade dos juízos, separando de um lado as relações que se
podem estabelecer entre as próprias idéias e, de outro, aquelas que se referem
à existência real dos correspondentes às idéias, coloca-se também quanto ao
problema da verdade e de sua contraparte, a falsidade. Segundo Locke, há
duas categorias de juízos falsos. Na primeira categoria, a relação expressa pela
linguagem não corresponde à relação percebida intuitiva mente entre as idéias.
Na segunda, o erro não consiste em perceber mal uma relação, mas em
percebê-la entre idéias não correspondentes a qual
quer realidade. No primeiro caso é possível, evitando o erro, formular-se um
juízo verdadeiro que, no entanto, nada diz respeito à realidade; é o que ocorre
quando, por exemplo, se diz que cavalo alado não é centauro. Somente no
segundo caso se pode ter conhecimento real. Este, contudo, supõe os dois
elementos da verdade: conveniência das idéias entre si e das idéias em relação
à realidade.
Da distinção entre dois tipos de verdade deduzem-se dois tipos de
disciplinas científicas. O primeiro tipo — pensa Locke — é constituído pelas
matemáticas e pelas ciências morais; nelas todo o conhecimento é
absolutamente certo porque seu conteúdo são idéias produzidas pela pró
pria mente humana. Locke afirma, por exemplo, que é perfeitamente de
monstrável que o homicídio deva ser castigado; a certeza dessa demons tração
seria tão segura quanto a de um teorema matemático. O segundo tipo é o das
ciências experimentais, que formariam uma área de conhe cimento na qual a
certeza das ciências ideais (matemáticas e morais) não está presente. A
certeza, no domínio das ciências experimentais, depen deria do critério de
verificação da conveniência entre as idéias que estão na mente humana e a
realidade exterior a ela.
E s t a d o N a t u r a l e L ib e r d a d e
Humano — 14 —
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C r o n o lo g ia
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N o ta d o T r a d u to r
C a r t a a o Leito r
L eito r,
Coloco em suas mãos o que tem sido o passatempo de algumas de minhas horas
mais ociosas e difíceis. Se tiver a boa sorte de mostrar-se assim para alguns de vocês, e
se você tiver ao lê-lo apenas a metade do prazer que tive ao escrevê-lo, você pensará tão
pouco sobre seu dinheiro como eu acerca de meus mal empregados sofrimentos. Não
interprete isso como uma recomendação ao meu trabalho, nem conclua, com base no
prazer que tive ao escrevê-lo, que eu esteja por isso apai xonadamente cativado por
minha realização. Quem vai caçar cotovias e pardais pratica tanto esporte, embora as
emoções sejam menores, quanto a pessoa que se dedica a jogos mais interessantes.
Assim, entende muito mal o assunto deste tratado, isto é, o Entendimento, quem
desconhece que, por se tratar da faculdade mais nobre da alma, ele é utilizado com
maior e mais constante alegria do que outra qualquer. Sua busca da verdade consiste
numa espécie de falcoaria, que implica aceitar a própria perseguição como considerável
aspecto de prazer. Cada passo dado pela mente em seu progresso na direção do
Conhecimento revela, ao menos por ora, algum descobrimento não só novo como o
mais apropriado.
Trata-se, portanto, leitor, do entretenimento de quem liberou seus próprios
pensamentos e os foi registrando à medida que escrevia, não lhe cabendo invejar-me,
pois lhe ofereço oportunidade para divertimento semelhante, se à medida que o for
lendo recorrer aos seus próprios pensamentos. E a eles, se lhes são próprios, que me
refiro; mas, se dependerem da crença de outrem, deixa de ser importante saber o que
são, pois não decorrem da verdade mas de alguma consideração mais desprezível, e não
vale a pena se preocupar com o que disse ou pensa quem diz ou pensa tão-somente de
acordo com a orientação de outrem. Se você julgar por si mesmo, estou seguro que
julgará honestamente, e não serei, pois, prejudicado ou ofendido, seja qual for sua
crítica. Embora seja certo que nada haja neste trabalho acerca da verdade que não
tenha se baseado em minha total persuasão, apesar disso, considero-me tão sujeito ao
erro como, penso, você, e sei que este livro depende de você para perdurar ou fracassar,
não por causa de minha opinião, mas devido a sua própria opinião. Se você descobrir
pouca coisa nele que lhe seja nova ou instrutiva, não deve por isso me acusar. Não é
endereçado aos que já
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In t r o d u ç ã o
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5. Nossa capacidade adequada para nossa situação e
assuntos. Em bora a compreensão de nossos
entendimentos não corresponda à vasta extensão de
coisas, ainda assim teremos suficiente motivo para
glorificar a generosidade de nosso Autor, por esta
porção e grau de conhecimento outorgados a nós por
ele, superiores aos outros habitantes desta nossa
morada. Os homens têm razão para estar bem
satisfeitos com o que Deus pensou que lhes era
adequado, pois ele lhes deu, como diz São Pedro,
pánta pròs zoèn km eusébeian, tudo o que é necessário
para as conveniências da vida e informação da
virtude, e colocou ao alcance de sua descoberta
provisão suficiente para esta vida e o meio que leva
para uma melhor. Por mais restrito que esteja seu
conhecimento de uma compreensão perfeita ou
universal do que quer que seja, ainda assim as
importantes preocupa
ções dos homens são asseguradas de luz suficiente
para alcançar o co nhecimento de seu Criador e a
observação de seus próprios deveres. Os homens
encontram suficiente matéria para ocupar suas cabeças
e empregar suas mãos com variedade, deleite e
satisfação, se não discordarem afoi tamente de sua
própria constituição e rejeitarem as bênçãos com as
quais suas mãos estão supridas, porque não são
suficientemente grandes para agarrar tudo. Não
teremos motivos para nos queixar da estreiteza de
nossas mentes se as empregarmos tão-somente no que
nos é utilizável e para o que são muito capazes; pois
não será apenas imperdoável, como imper tinente
criancice, se menosprezarmos as vantagens de nosso
conhecimento e descuidarmos de aperfeiçoá-lo para
os fins aos quais nos foi dado, porque certas coisas se
encontram fora de seu alcance. Não constitui desculpa
para um servo frívolo e rebelde, que não cuida de seus
negócios usando luz de vela, alegar que lhe faltava a
plena luz solar. A vela que foi colocada em nós brilha
o suficiente para todos os nossos propósitos. As
descobertas que podemos fazer com isso devem
satisfazer-nos; devemos, então, usar nossos
entendimentos corretamente, quando levamos em
consideração to dos os objetos deste meio e em que
proporção se ajustam às nossas fa culdades, em cujos
fundamentos nos podem ser propostos; não
necessitam de demonstração dogmática e imoderada,
exigindo apenas a certeza al cançável pela
probabilidade, que é suficiente para orientar todos os
nossos assuntos. Se descrermos de tudo porque não
podemos conhecer rigorosamente todas as coisas,
deveríamos imitar os que não se utilizam de suas
pernas, permanecendo parados e morrendo, porque
lhes faltam asas para voar.
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LOCKE
«
L iv r o I
N em o s P r in c íp io s
n e m a s I d é ia s S ã o In a t a s
C a pít u lo I
NÃo h á P r in c íp io s I n a t o s n a M e n t e
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OS PENSADORES
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LOCKE
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OS PENSADORES
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C a pít u lo II
N Ã o HÁ P r in c íp io s P r á t ic o s In a t o s
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OS PENSADORES
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OS PENSADORES
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C a p ít u lo III
O u t r a s C o n s id e r a ç õ e s A c e r c a d o s P r in c íp io s In a t o s , t a n t o
Es p e c u l a t iv o s c o m o P r á t ic o s
8. A idéia de Deus não é inata. Se alguma idéia pode ser imaginada inata,
dentre todas as outras, a idéia de Deus pode ser pensada assim,
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por várias razões, por julgar-se que seria difícil conceber a existência de
princípios morais inatos sem uma idéia inata da Divindade. Sem a noção de
um legislador é impossível ter uma noção da lei e obrigação para cumpri-la.
Além dos ateus observados entre os antigos, e assinalados nos registros da
história, não se descobriram, em épocas mais recentes, nações inteiras entre as
quais não se encontra nenhuma noção de Deus e nem da religião? Estes são
exemplos de noções em que a natureza inculta foi mantida por si mesma sem
o auxílio da cultura e da disciplina, e o aper feiçoamento das artes e ciências.
Mas há outras que, apesar de terem disto usufruído, por falta da devida
aplicação de seus pensamentos daquela maneira, carecem da idéia e
conhecimento de Deus.
10. A idéia de substância não é inata. Confesso que há outra idéia que
seria de uso geral entre os homens, pois é mencionada geralmente na
conversa. Trata-se da idéia de substância, que não obtemos nem podemos
obter pela sensação ou reflexão. Se a natureza cuidou de nos prover com
algumas idéias, devemos esperar que sejam tais que não possamos des cobrir
mediante nossas próprias faculdades; observamos, ao contrário, que, através
dos meios pelos quais as idéias são trazidas para as nossas mentes, não temos
de modo algum esta idéia clara; portanto, nada significa a palavra substância, a
não ser uma proposição incerta disto que não sabemos o que, isto é, de algo
acerca do que não temos nenhuma idéia positiva particular e distinta, que
julgamos ser o substratum, ou suporte, destas idéias que conhecemos.
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Liv r o II
As I d é ia s
C a pít u lo I
As Id é ia s em G e r a l e s u a O r ig e m
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10. A alma nem sempre pensa, pois isto necessita de provas. Su por-se,
porém, que a alma antecede, coexiste ou aparece certo tempo depois dos
primeiros rudimentos ou do começo da vida no corpo é tema para ser
discutido por quem for mais bem-dotado. Confesso que possuo uma dessas
almas apáticas, que nem sempre têm percepção de si mesmas ao
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C a pít u lo II
I d é ia s S im p l e s
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C a p ítu lo III
As Id é ia s S im p le s d o S e n t id o
2. Poucas idéias simples têm nome. Penso que será desnecessário enumerar
todas as idéias simples particulares, objeto de cada sentido. Mes mo se
quiséssemos não seria possível, pois a maior parte delas, pertencente
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C a p ítu lo IV
I d é ia d e S o l id e z
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Decorre da solidez dos corpos também seu mútuo impulso, isto é, a re sistência
e a protuberância. Em relação ao espaço puro e à solidez, há muitos — entre
os quais me incluo — que estão persuadidos de que têm deles idéias claras e
distintas, e que podem pensar acerca do espaço sem nada que resiste ou é
alongado pelo corpo. Julgam que têm essa idéia do espaço puro tão clara
como qualquer idéia que podem ter da extensão do corpo, sendo a idéia de
distância entre as partes opostas de superfícies côncavas igualmente tão clara
convenceram-se a si mesmos que têm, dis tinta da idéia do espaço puro, a idéia
de algo que enche o espaço, que pode ser alongado pelo impulso de outros
corpos, ou resistir ao seu mo vimento. Se outros, contudo, não possuem estas
duas idéias distintas, con fundindo-as e aceitando uma pelas duas, não
entendo como os possuidores de uma mesma idéia com diferentes nomes, ou
de diferentes idéias com um mesmo nome, podem, então, referir-se tanto a
uma como a outra. Esta situação assemelha-se à de um homem que não é cego
ou mudo, com idéias distintas da cor vermelha e do som da corneta, tentando
des crever a cor vermelha ao cego (mencionado em outra parte), que imaginou
ser a idéia do vermelho semelhante ao som da corneta.
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C a pít u lo V
A s I d é ia s S im p l e s d o s V á r io s S e n t id o s
C a pít u lo V I
As I d é ia s S im p le s d e R e f l e x ã o
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C a p ít u lo V II
As I d é ia s S im p le s d a S e n s a ç ã o e d a R e f le x ã o
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10. As idéias simples são os materiais de todo o nosso conheci mento. Se estas
não são todas, penso que, ao menos, constituem as mais notáveis das idéias
simples pertencentes à mente, a partir das quais se
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Ca pít u lo IX
Percepção
2. Apenas a reflexão pode nos dar idéia do que é a percepção. Cada um saberá
melhor o que é a percepção refletindo acerca do que ele mesmo faz, quando
vê, ouve, sente etc., ou pensa, do que mediante qual quer explicação de minha
parte. Quem quer que reflita acerca do que se passa em sua mente, não pode
omiti-la, e, se não reflete, todas as palavras no mundo não podem levá-lo a ter
nem mesmo uma noção dela.
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novamente e tornando-as objetos de nossos pensamentos, sem o auxílio
daquelas qualidades sensíveis que inicialmente as imprimiram lá.
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C a pít u lo XI
O D is c e r n im e n t o e o u t r a s O p e r a ç
õesdaMente
1. Nenhum
conhecimento sem
discernimento.
Outra faculdade
de nossa mente,
que devemos
considerar, é a de
discernir e
distinguir entre
sua variedade de
idéias. Não basta
ter percepção
confusa de algo
geral. Se a mente não tiver uma distinta percepção dos diferentes objetos e de
suas qualidades, será incapaz de alcançar muito conhecimento, embora os
corpos que impressionaram nos dominassem como o fazem atualmente, e a
mente estivesse pensando continuamente. Decorre da faculdade de distinguir
uma coisa da outra a evidência e certeza, ainda que muito gerais, de várias
proposições, que passavam por verdades inatas, porque os ho mens,
considerando superficialmente a verdadeira causa pela qual estas proposições
merecem assentimento universal, as atribuíram inteiramente às impressões
inatas uniformes, as quais, na verdade, dependem do dis cernimento claro da
faculdade da mente, perceba ou não que duas idéias se igualem ou se
diferenciem. Mais adiante voltaremos a este assunto.
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C a p ítu lo XII
As I d é ia s C o m p le x a s
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C a p ítu lo XIII
I d é ia s C o m p l e x a s d o s M o d o s S im p l e s :
P r im e ir a m e n t e , M o d o s S im p l e s d a I d é ia d e Es p a ç o
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5. Figura. Há outra modificação dessa idéia que não é outra coisa senão
a relação existente entre as partes do término da extensão, ou espaço
circunscrito. O tato descobre isso nos corpos sensíveis cujas extremidades
estão ao nosso alcance; e o olho apreende nos corpos e cores, cujos limites
estão ao alcance de sua vista. Observando como as extremidades terminam,
quer em linhas retas que se encontram em ângulos discemíveis, quer em
linhas curvas em que nenhum ângulo pode ser percebido, e consideran do-as
como se relacionam entre si, em todas as partes das extremidades de qualquer
corpo ou espaço, obtemos a idéia que denominamos figura, que oferece à
mente uma variedade infinita. Isto tendo em vista que, além do vasto número
de figuras diferentes que realmente existem, nas massas coerentes da matéria,
o estoque que a mente possui é praticamente ines gotável, tanto por variar a
idéia de espaço para formar novas composições como por repetir suas
próprias idéias para reuni-las ao seu agrado, po dendo, deste modo,
multiplicar suas figuras in infinitum.
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