Perspectiva Diacronica de Pessoa
Perspectiva Diacronica de Pessoa
Perspectiva Diacronica de Pessoa
O que significa ser humano (ser um homem ou uma mulher)? É possível definir o ser humano?
Além dos aspectos físicos, o que permite identificar um ser humano? Quais comportamentos, ideias e
valores você considera humanos e definem a sua existência?
Tais perguntas não são fáceis de se responder. Por isso, é fundamental definir claramente o
contexto para que se ofereça respostas, precipitando-nos a uma perspectiva histórica de análise do
fenômeno humano, da existência humana.
O existir se mostra, em sua constituição, como fluxo significativo de eventos – é a condição
humana histórica – do mesmo modo a reflexão é um processo de reapropriação e de reavaliação
interpretativa contínuas abrindo sempre novas possibilidades de compreensão. Como enigma prático o
existir vai, em sua dinâmica própria, revelando-se sob novos aspectos, buscando para si sempre novas
conformações. A historicidade é, assim, constitutiva tanto do existir quanto da elucidação interpretativa
desse existir (VON ZUBEN, 2016, p. 14).
Uma vez que “humano” e “humanidade” têm sua significação definida por estudos e experiências
imersos em seus períodos históricos, podemos considerar que, ao longo da história ocidental, foram
estabelecidas distinções sobre o que é ou não humano, sobre o que deve ser valorizado e aquilo que deve
ser repreendido nos comportamentos.
Assim, temos um percurso de busca, no qual o pressuposto era a mudança de acordo com padrões
mais elevados de humanidade. A vida moderna é, seguramente, um produto disso:
O mundo europeu estava em expansão, graças às novas tecnologias de navegação e ao espírito
empreendedor ou aventureiro dos conquistadores espanhóis e portugueses. Uma filosofia natural,
baseada na observação empírica do mundo e no uso do raciocínio matemático para interpretá-la, estava
substituindo as tradições religiosas e especulativas, que tinham base na leitura ritual de velhos livros e na
autoridade estabelecida dos padres. A crença geral era de que essas mudanças eram para o bem, e eram
descritas em termos de “progresso” e “evolução”. Mais tarde, economistas começaram a falar de
“desenvolvimento econômico”. Muito mais recentemente, cientistas sociais adotaram o termo
“modernização” (SCHWARTZMAN, 2004, p. 12).
Procurou-se desenvolver um modo de vida, um modelo de civilização e padrões culturais mais
racionais, que pudessem tornar a humanidade mais elevada, superando velhas crendices, num processo
de modernização constante. Era preciso cultivar o que fosse no sentido do “progresso” almejado para que
toda a sociedade “evoluísse”.
Todavia, do ponto de vista da convivência, é importante considerar a elaboração de entendimentos
discriminatórios, subdividindo a humanidade em categorias, variando de acordo com o grau de adaptação
ao sistema dominante.
A situação de interesses político-comerciais e político-sociais costuma então determinar a “visão de
mundo”. Aquele que em sua conduta de vida não se adapta às condições do sucesso capitalista, ou
afunda ou não sobe (WEBER, 2004, p. 64).
Essa imposição de adaptação às premissas de entendimento do mundo moderno no âmbito político
e econômico acabou resultando em diversos conflitos humanos, além de muitos desafios preexistentes
que também permaneceram (Quadro 1).
Quadro 1 Os custos dos conflitos em vidas humanas crescem constantemente.