Ficha Trabalho Nº 1 de CLC 7

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Cultura, Língua e Comunicação

(CLC 7) Fundamentos de cultura, língua e comunicação – 50 horas

Ficha de trabalho nº 1

Objetivo: Intervir de forma pertinente, convocando recursos diversificados das dimensões cultural, linguísti-
ca e comunicacional.

“ Biografias”
Pensamos conhecer-nos, julgamos ser especialistas sobre nós mesmos. Porém, este saber dá-nos
acesso ao nosso “eu” verdadeiro? Poderá alguém conhecer-se verdadeiramente a si mesmo? Por vezes, as
nossas próprias reações espantam-nos. Há forças que atuam em nós, cujo controlo parece escapar-nos: as
nossas emoções desencadeiam-se sem aviso, os nossos sonhos impõem-se-nos, por vezes de maneira brutal.
Então, quem age em nós? Seremos outra coisa para além de um produto do nosso cérebro? Até que ponto os
contextos e ambientes em que crescemos nos influenciam? Seremos realmente livres?

Aquilo que eu sou hoje é o resultado da combinação de influências hereditárias, da influência do


meio/contextos em que cresci e das experiências pessoais. A minha memória, a minha afetividade, os meus
pensamentos e as minhas relações com os outros testemunham quem eu sou – e isso que faz com que me
reconheça como eu mesmo e que os outros me reconheçam como uma pessoa diferente deles.

A identidade pessoal é um fator distintivo dos seres humanos, definida como um modo singular e
idêntico de existir e de ser reconhecido pelos outros, resultante da interação de fatores biológicos e sociais
com as experiências vividas no decurso da história pessoal. A personalidade individual resulta de:

1. Influências HEREDITÁRIAS: o património genético recebido no momento da conceção define um


conjunto de características fisiológicas, morfológicas e sexuais que tornam um indivíduo único e
influenciam aspetos da personalidade que este desenvolverá, demarcando potencialidades.

2. Influências do MEIO: os diversos agentes de socialização influenciam a forma de ser, estar e pensar de
cada indivíduo => a personalidade constrói-se e desenvolve-se num processo interativo com o meio social
em que o indivíduo vive.

3. Influência das EXPERIÊNCIAS PESSOAIS: as experiências de cada indivíduo e o significado que lhes atribui
deixam marcas na sua personalidade, sobretudo as vivências da infância e adolescência.

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Tarefa nº 1

a) O que é a “identidade individual”?


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b) Que fatores determinam a identidade individual? Exemplifique.


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Os seres humanos vivem em múltiplos contextos. Cada um de nós encontra uma série de diferentes
contextos, uns mais próximos, outros mais distantes, onde vivemos e que de um modo mais ou menos direto
influenciam a nossa vida. São exemplos destes contextos: a casa onde vive, a sua família, a escola que
frequenta, o seu grupo de amigos e o seu local de trabalho, mas também as suas condições de vida, o seu
sistema de crenças e os valores, direitos e liberdades do país onde habita. Os contextos onde participa são
concebidos como uma sistemas inter-relacionados que influenciam cada indivíduo de uma maneira distinta e
única.

Cada indivíduo vive em diferentes contextos, que partilha com outros, mas que se tornam únicos na
influência que exercem sobre si. Por exemplo, numa fila de trânsito, algumas pessoas são agressivas e
imprudentes, enquanto outras aceitam a situação de um modo calmo e ordeiro.

Nós interagimos com o meio físico e social, ajustando-nos a este e ajustando-o a nós. Portanto,
posicionamo-nos no nosso contexto de vida, atribuímos significados próprios às situações que vivenciamos e
participamos no meio, alterando-o com as nossas condutas. Conclui-se que a relação existente entre o
indivíduo e o meio/contextos é dinâmica.

c) Dê um exemplo que ilustre a frase sublinhada.


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Para alguns psicólogos e teóricos da educação (denominados


construtivistas), o ser humano é essencialmente um contador de histórias.

• Cada indivíduo organiza as suas experiências como uma história pessoal, que
reflete a sua personalidade, interpretações, intenções e expectativas.

• Cada pessoa é autor e personagem de várias narrativas, as quais conferem


sentido e coerência aos acontecimentos e relações interpessoais.

• As narrativas refletem quer os significados pessoais, quer os socioculturais. Resultam das interações
com os outros, com os quais partilham contextos e sentidos, formas de ver e compreender a realidade
pessoal e social.

• Em conclusão: as narrativas fazem parte integrante da nossa identidade pessoal.

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Etimologicamente, o termo biografia tem origem nas palavras gregas bios (vida) e grafia (escrever). Em
sentido lato, como ramo da literatura, este género literário dedica-se à descrição ou narração da vida de
alguém que se notabilizou de alguma forma.

Alguns autores consideram a biografia bastante atrativa, porque através histórias de vida reais se pode
aprendem filosofia, história, ciência e artes, mas também se acompanha os dramas e alegrias, sucessos e
insucessos do biografado. Além disso, a biografia chama a atenção pela descrição de um trajeto pessoal,
exaltando-o ao mesmo tempo que se mostra os seus erros, fragilidades e dificuldades. Daí que a biografia,
essa arte de narrar vida, atraia tantos leitores.

Conhecer uma história de vida possibilita igualmente a compreensão de uma determinada sociedade ou
de alguns dos seus aspetos, visto situar o indivíduo biografado em dada época, trazendo no texto dados do
momento histórico em que tal pessoa vive/viveu. Relembre-se que ao longo da vida construímos a nossa
identidade pessoal com base em exemplos, portanto, ler uma biografia permite ao mesmo tempo a cada um
rever-se e repensar-se nos seus contextos de vida.

A esse respeito, Carino (2004) expõe: «Não se biografa em vão. Biografa-se com finalidades precisas:
exaltar, criticar, demolir, descobrir, renegar, apologizar, reabilitar, santificar, dessacralizar. Tais finalidades e
intenções fazem com que retratar vidas, experiências singulares, trajetórias individuais se transforma,
intencionalmente ou não, numa pedagogia do exemplo. A força educativa de um relato biográfico é inegável.”

Tarefa nº 2

a) Defina o conceito de “biografia”.


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b) Explique por que razão é considerada bastante atrativa.


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 Exemplo de texto autobiográfico


Sophia de Mello Breyner Andresen

Nasci no Porto mas vivo há muito em Lisboa.


Durante a minha infância e juventude passava os verões na praia da Gran-
ja, de que falo em tantos dos meus poemas e contos.
Estudei no Colégio Sagrado Coração de Maria, no Porto, e quando tinha
17 anos inscrevi-me na Faculdade de Letras de Lisboa, em Filologia Clássica, curso
que, aliás, não terminei. Antes de 25 de Abril de 1974 fiz parte de diversas organi-
zações de resistência, tendo sido um dos fundadores da Comissão Nacional de
Socorro aos Presos Políticos.

Depois de 25 de Abril de 1974 fui deputada à Assembleia Constituinte (1975-1976) e detesto escrever
currículos...
[...]
Comecei a inventar histórias para crianças quando os meus filhos tiveram sarampo. Era no inverno e o
médico tinha dito que eles deviam ficar na cama, bem cobertos, bem agasalhados. Para isso era preciso entre-
tê-los o dia inteiro. Primeiro, contei todas as histórias que sabia. Depois, mandei comprar alguns livros que
tentei ler em voz alta. Mas não suportei a pieguice da linguagem nem a sentimentalidade da "mensagem";
uma criança é uma criança, não é um pateta. Atirei os livros fora e resolvi inventar. Procurei a memória daqui-
lo que tinha fascinado a minha própria infância. Lembrei-me de que quando eu tinha 5 ou 6 anos e vivia numa
casa branca na duna - a minha mãe me tinha contado que nos rochedos daquela praia morava uma menina
muito pequenina. Como nesse tempo, para mim, a felicidade máxima era tomar banho entre os rochedos, essa
menina marinha tornou-se o centro das minhas imaginações. E a partir desse antigo mundo real e imaginário,
comecei a contar a história a que mais tarde chamei Menina do Mar.
Os meus filhos ajudavam. Perguntavam:
- De que cor era o vestido da menina?
O que é que fazia o peixe?
Aliás, nas minhas histórias para crianças quase tudo é escrito a partir dos lugares da minha infância
in De que são feitos os sonhos
Tarefa nº 3

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Num texto de características autobiográficas (história de vida), recorde todo o seu percurso de vida até ao
momento, nomeadamente o seu percurso escolar, as oportunidades que teve ou não de estudar, de comple-
tar por exemplo o 12ª ano e diga porque não o fez. Que acontecimentos impediram que isso se concretizasse?
A família? Os amigos? Os professores? A falta de dinheiro? As companhias? Acha que só a escola permite
momentos de aprendizagem? Cite duas ou três situações da sua vida que lhe permitiram ser a pessoa que hoje
é.
Recorde um programa de TV, de rádio ou uma situação em que se tenha pretendido comunicar, transmitir
alguma informação e em que por razões várias se tenha gerado um mal-entendido, ou seja, aquele que
pretende comunicar algo – o emissor –, não se soube expressar adequadamente, fazendo com que aquele a
quem ele se dirige – o recetor – não o tivesse entendido ou o tivesse entendido mal. Porque sucedem esses
equívocos, esses mal-entendidos? As próprias particularidades da língua portuguesa, sobretudo para quem
não a domina razoavelmente pode levar a que muitas vezes se diga uma coisa e se perceba outra....

Agora, observe e escute com atenção a Conversa de surdos do vídeo dos Gato Fedorento.

Tarefa nº 4

a) Alguma vez viveu uma experiência dessas? Relate-a.

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