52747-Texto Do Artigo-66038-1-10-20130403

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A relação homem e natureza: O Contexto Ambiental na Literatura

Teresinha Gema Lins Brandão Chaves1

RESUMO: As questões relativas ao comportamento da sociedade com seu espaço territorial no


Brasil e nos países africanos de língua portuguesa são levantados, pela autora, a partir de obras
literárias, demonstrando o papel da literatura para os Estudos Ambientais.

ABSTRACT: This paper will analyze questions concerning the society´s behavior with respect to
its territorial space in Brazil and in the Portuguese-speaking African countries from the perspective
of literary works, by demonstrating the role of literature in environmental studies.

PALAVRAS-CHAVE: Escritores naturalistas; naturalistas escritores; estudos culturais; meio


ambiente.
KEY-WORDS: Naturalist writers; writer-scientists; cultural studies; environment.

A obra Os sertões, de Euclides da Cunha, marco do Pré-Modernismo, deixou


impressas, na literatura brasileira, as formas operacionais dos contextos histórico,
geográfico e cultural do sertão brasileiro. Dessa forma, o bucolismo da terra de palmeiras
“onde canta o sabiá” e “de verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara”, de
Gonçalves Dias e Alencar, dá lugar a uma literatura em que arte e rigor científico se
conjugam. Desde seu primeiro capítulo, percebe-se n’Os sertões a presença do geógrafo e
do escritor Euclides, num constante revezamento na tarefa do fazer literário, usando
artisticamente referências geográficas, botânicas e da astronomia do sertão brasileiro, que
atestam a sensibilidade e perspicácia do autor e o colocam no rol dos grandes escritores que
destacaram a natureza e o homem sertanejo nas interfaces do literário e do cultural.
Portanto, no alvorecer da Modernidade, a literatura brasileira bem como as africanas
de língua portuguesa _ sobre as quais discutiremos neste trabalho _ face o questionamento
dos sistemas de valores instituídos, passam a praticar um modo diferente de interpretar o
mundo, que no entender do crítico Salvato Trigo, partiria do “encontro ou do confronto, na
língua, de cosmogonias e de ontogonias diversas e específicas aos povos que magnetizarão
esse novo ser a que se chama, por comodidade, colonizado” ([s.d], p.17).

1
Doutoranda em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, FFLCH-USP. Pesquisa: Corpo
de baile de Guimarães Rosa e diários de viajantes portugueses. E-mail: [email protected]
Noé Jitrik, estudioso da “problemática do literário” nos nossos dias, credita aos
Estudos Culturais um estatuto de complementaridade com relação aos Estudos Literários,
que, para ele, passam a dialogar mais com a história, a antropologia, a sociologia e a
política. Segundo o crítico, uma importante contribuição dos Estudos Culturais seria a de
reconhecer a literatura como fonte de dados, realizando através dela, “uma justiça simbólica
com os grupos reprimidos e os marginalizados pela sociedade” (2000, p. 29-41). “É a voz
ausente que se torna presente”, afirma Else Vieira, para quem esse discurso já se encontra
estabelecido na América Latina e constitui “prática dialógica da teoria crítica literária com
os conceitos operacionais das ciências humanas - cultura, identidade, hibridismo,
mestiçagem, memória cultural, nação” (2000, p.13).
Essas interpretações se aplicadas no domínio da literatura brasileira e africanas de
língua portuguesa vão permitir uma melhor compreensão e análise das aproximações e
distanciamentos, nessas literaturas, da complexa relação homem e natureza.
Partindo do contexto ambiental, sobre o qual nos concentraremos neste trabalho, o
deslocamento da análise textual para o conjunto paisagístico das obras literárias nos leva
para um campo complexo e interdisciplinar: os Estudos Ambientais.
Segundo o geógrafo e professor Jurandyr Ross, em seu artigo Análises e sínteses na
abordagem geográfica da pesquisa para o planejamento ambiental,

todas as atividades humanas obrigatoriamente tem a ver com o ambiente natural,


partindo do pressuposto que o homem também é natureza, por incrível que possa
parecer - e que também somos mortais e precisamos de ar, água, terra, vegetais e de
outros animais para vivermos.

A “moda do ambientalismo”, afirma, é uma conscientização das sociedades sobre a


necessidade de “preservar, conservar, recuperar e explorar a natureza com modernismo
tecnológico e com adoção de políticas estratégicas que não vejam somente o hoje, mas que
projetem e protejam o futuro” (1995, p.65). Destacamos também, sua visão de que “a
natureza tem capacidade de auto-recuperação”. Se dizimada, “para acontecer as
regenerações espontâneas (...) é preciso duas condições básicas: - tempo e trégua”. Por
maior que seja a interferência do homem, sua essência se mantém intacta, desde que “se
planifique seu uso e aplique tecnologias que respeitem seus limites” (p.66). Por último,
lembramos dos dois pressupostos que, em seus estudos e publicações sobre a
Geomorfologia Ambiental, considera como básicos para o estudo da relação natureza e
sociedade - primeiro, as sociedades humanas com seus modos de produção, consumo,
padrões sócio-culturais e segundo, os modos como se apropriam dos recursos naturais e
como tratam a natureza. Conforme conclui, o grau de complexidade dos estudos ambientais
são proporcionais à “intensidade dos vínculos internos e externos” que uma determinada
sociedade mantém com um determinado espaço territorial. Se levarmos em conta os
“aspectos culturais, históricos, sociais, econômicos e naturais” dessa sociedade é possível
compreender o passado, traçar os limites do presente e projetar o seu futuro (1998, p.351-
352).
Pois bem, dentro dessa perspectiva, os estudos ambientais vêm romper fronteiras
disciplinares e estabelecer contatos com várias áreas do conhecimento, emprestando e
tomando o empréstimo de suas experiências e procedimentos. No âmbito da natureza,
declara Ross,

As pesquisas devem abranger os campos disciplinares da geologia, geomorfologia,


pedologia, climatologia, recursos hídricos, flora e fauna. Já, no campo da sociedade,
as pesquisas devem envolver os temas da história da ocupação, da demografia,
condições/qualidade de vida, uso da terra, economia, legislação, estruturação do
espaço regional e urbano entre outros” ( 1995, p.67).

Contudo, tal pluralidade de canais se faz mais interessante, quando temos a


literatura como fonte documental ética e estética da relação sociedade e meio ambiente.
Segundo os estudiosos das mudanças da crítica literária atual, uma das contribuições
que os Estudos Culturais vêm emprestar à literatura é a de conferir à palavra um caráter
documental, além de requerer um diálogo da epistemologia local com a agenda crítica
internacional, que, sob determinados aspectos amplia sua gama de linguagens. Ademais,
apontam como eixo formador do tecido compositório do literário e do cultural as fronteiras
fluídas entre o espaço privado e o público, entre o literário e as ciências humanas, entre o
estético e o ético (Cf. VIEIRA, 2000, p.13-19). Portanto, na coexistência do textual e do
contextual a literatura se estabelece como instituição cultural interdisciplinar capaz de
revelar: a) o vivido, o imaginado, o observado, o projetado e o experimentado num
determinado momento histórico; b) o comportamento individual e coletivo de uma
sociedade com o seu espaço territorial; c) os detalhes paisagísticos ora como cenários, ora
como protagonistas da “Natureza-espetáculo” e da “Natureza histórica” 2.

2
Sobre a Natureza-espetáculo e Natureza Histórica ver SANTOS, Milton, 1994, p.24.
Enfim, a arte literária permite a interpretação dos aspectos políticos, históricos e
culturais de uma sociedade. Sua apropriação, indagação e decodificação, pelo contexto
ambiental, vêm constituir mais um parâmetro para uma análise e possível diagnóstico e
prognóstico tanto para as ações intervencionistas quanto para as protecionistas dos meios
naturais.

O útil e o belo: naturalistas escritores e escritores naturalistas

A relação do homem com o mundo natural inserida num campo discursivo, onde é
possível a atuação tanto do artista quanto do cientista, concede ao texto de cunho ecológico
vigor para transpor os limites históricos e temporais. É o que se verifica nos trabalhos
produzidos sobre a paisagem do Brasil. Desde seu descobrimento, seu extenso território e
rica biodiversidade atraíram diversos olhares. Ficou conhecido, foi classificado e descrito
de diversas maneiras através de tratados, diários, narrativas, dissertações, em várias partes
do mundo. Poucos descobrimentos geográficos foram tão documentados. As três primeiras
narrativas sobre a terra descoberta - a Carta de Pero Vaz de Caminha, a Relação do piloto
anônimo e a Carta de mestre João Farás - já procuravam realçar não só a riqueza
geográfica da terra, com seu bom ar, céu austral, como também a aparência física de seus
habitantes. Ao longo de sua história, muitos estrangeiros estiveram em expedições
científicas pelo país e produziram uma literatura de viagem que nos leva a refletir sobre as
estreitas relações existentes entre os lugares culturais ocupados pelos discursos da ciência e
da literatura. Percebe-se nesse caso, que o observador “de fora” relata os resultados de seu
trabalho de campo, sem, contudo, deixar de privilegiar o lado poético das paisagens. A
passagem abaixo, extraída do diário de Darwin, quando de sua excursão pelas florestas ao
redor da cidade de Salvador, comprova:

Satisfação é um termo fraco para exprimir os sentimentos de um naturalista que


passeia só, numa floresta brasileira, pela primeira vez. Entre a quantidade de coisas
notáveis estão os luxuriosos capins, a novidade das plantas parasitas, a beleza das
flores, o rico verde da folhagem. Tudo enche de alegria. A mistura mais paradoxal
de sons e silêncio penetra nas partes sombrias do mato. O ruído dos insetos é tão
alto que pode ser ouvido até num navio ancorado a várias centenas de jardas da
praia; contudo, dentro dos recessos da floresta, parece reinar um silêncio absoluto.
Para quem gosta da história natural, um dia assim traz um prazer tão profundo que
dificilmente se pode esperar ter outro (Apud LEITE, 1997, p.208).
Frederick Hartt, outro naturalista que esteve no Brasil em cinco expedições
científicas no século XIX, ao visitar o Corcovado, deixa em seu diário, as marcas do lado
sensível do trabalho científico:

... Se o geólogo possuir uma alma, algum gosto pelo belo, não encontrará um
cenário mais capaz do que esse para, no meio mesmo de sua fria análise dos
elementos topográficos e geológicos, impressionar-lhe como uma obra de arte. Não
conheço cenário que mais me tenha impressionado - não só como observador
científico, mas também como homem - do que esse que das circunvizinhanças do
Rio se desfruta do alto do Corcovado. Há nele mil aspectos de observação e
estudo... quem pode mentalmente rememorar todas as leis geológicas e climáticas,
todas as leis naturais, enfim, que determinam a beleza e a utilidade desse cenário -
quem contempla tudo isso e não sente a sua alma vibrar em homenagem ao Artista
cujas mãos modelaram os continentes, gravaram esses contornos, espalharam sobre
eles o seu manto de vegetação e povoaram-no de seres, não foi além do abc e da
gramática da sua ciência, nem pode fazer idéia da literatura da natureza (Apud
FREITAS, 2002, p.109).

Podemos concluir que no Estudo da Natureza, o cientista descobre a consciência do


sublime e o sentido da beleza que estão contidos no sentido de “missão”, a “vocação
superior” atribuída por Antonio Candido aos poetas e também presente no trabalho
científico dos naturalistas. Segundo Candido, “missão puramente espiritual, para uns,
missão social, para outros - para todos, a nítida representação de um destino superior,
regido por uma vocação superior”(1981, p.27).
Ao tocarem em questões sociais e políticas, hoje tratadas como ambientais, alguns
escritores brasileiros empreenderam uma verdadeira “missão” em defesa do meio ambiente.
Conforme Ferreira, em A percepção geográfica da paisagem do sertão no Grande sertão:
veredas, para os escritores,

o meio ambiente deixa de ser apenas um pano de fundo secundário, recuperando


sua importância para o equilíbrio material e psíquico dos indivíduos. Desse modo
passa a ser descrito, não como um ponto de partida para as estórias, por meio de
uma imaginação pura e simples dos autores, mas, sim, por uma imaginação
desenvolvida a partir das observações, diretas ou indiretas, dos próprios escritores
da realidade dinâmica e concreta vivenciada no espaço (1990, p.15).

Um processo criativo que antecipa os movimentos mundiais em defesa do meio


ambiente - considerando como marco o Clube de Roma (primeira discussão internacional
sobre a adoção de políticas envolvendo aspectos ambientais).
Lembremos de Lima Barreto, em O triste fim de Policarpo Quaresma, em que o
personagem Quaresma tendo como ideal o progresso do Brasil, vê fracassado o seu projeto
agrário de desenvolver a agricultura sem implementos artificiais, importados. Estudos
ambientalistas revelam, hoje, que se tratando de substâncias químicas de ação ambiental, o
Brasil vem se destacando, de forma especial, pelo uso inadequado de agrotóxicos, como o
quinto maior consumidor do mundo. Segundo Helenita Custódio, “o resultado da aplicação
indiscriminada e excessiva de produtos contaminantes e altamente tóxicos é uma
elevadíssima taxa de veneno no sangue da população brasileira” (1995, p.46).
Outro exemplo de produção literária de caráter ambientalista é o artigo Velha praga,
de Monteiro Lobato. Publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 12 de novembro de
1914, é “um verdadeiro ensaio ecológico, um grito de alerta do fazendeiro Monteiro Lobato
diante das queimadas tão freqüentes no nosso interior”, afirma Dilma Castelo Branco
(1998, p.127). Hoje, os estudos de impacto ambiental reconhecem que o Brasil é “o maior
exemplo de destruição de recursos naturais, notadamente de áreas verdes, na América
Latina” (1995, p.45) atividade que tem contribuído para o aumento do efeito estufa e o
conseqüente aquecimento global. Assim, Velha praga, Urupês, bem como as histórias
infantis ambientadas no sítio “Pica-pau Amarelo”, palco do Brasil rural, foram parte do
projeto do escritor de modernizar o Brasil, porque, segundo Dilma, “o seu patriotismo
estava estreitamente ligado ao conhecimento da realidade brasileira” (1998, p.127).
Por fim, nosso maior exemplo: Guimarães Rosa. Em sua obra, a natureza exibe suas
cores, sua sonoridade, sua linguagem, seus segredos, com toda sua potência. Rosa, para
quem “o sertão está em toda parte” (1986, p.1) adota a natureza do cerrado “onde os pastos
carecem de fechos”(Ibid.) como modelo e como medida para o equilíbrio ambiental.
Conhecedor do potencial da biodiversidade da região e inquieto diante da sua exploração
predatória deixa o alerta de que podemos aprender com a natureza o que funciona, o que é
apropriado e durável e que é preciso, acima de tudo, respeitar os seus limites. As inúmeras
informações sobre a biodiversidade do cerrado (em especial plantas e animais, hoje, em
perigo de extinção) revelam seu conhecimento do mundo científico, da ecologia, dos
impactos ambientais, das mudanças climáticas e do aquecimento global. Tudo construído
em perfeito equilíbrio entre a poética e a cognição, a ciência e a arte, assim como deve ser a
relação do homem com a natureza.
Agora, retornamos aos conceitos geográficos, para uma breve incursão no domínio
do comparatismo entre a literatura brasileira e de países africanos de língua portuguesa,
centrada no contexto ambiental.
Partindo do pressuposto de que os modos de como as sociedades humanas se
apropriam dos recursos naturais e como tratam a natureza são determinantes para se
dimensionar o grau de instabilidade ambiental e as conseqüentes crises políticas e sociais,
podemos buscar na literatura africana os dados para esse dimensionamento. Essa literatura
nacional emergida de um extenso e árido processo colonial permite a interpretação dos
aspectos históricos e culturais da sociedade e um diagnóstico das ações intervencionistas. A
herança deixada pelos colonizadores, para os filhos da África pós-colonial: seu patrimônio
natural dilapidado, solo infértil, pobreza e fome, compõem a temática da terra. A floresta, a
chana e o deserto manchados de sangue, pelas intermináveis guerras, fogem aos parâmetros
geográficos. É o que se observa em Geração da Utopia, de Pepetela, em que o “Sábio” se
acha confuso ao tentar distinguir a floresta da chana:

Agora, do deserto brotou capim e o deserto se tornou chana. Mas sob o capim há
areia. E que é a areia senão o cobertor do deserto? (...) Não será a floresta (...) uma
simples ilha, talvez um Mussulo onde coqueiros nascendo da areia procuram com
seus penachos acariciar as nuvens? Ou será a chana, prosaicamente, apenas um
terreno sem árvores que é preciso atravessar para chegar à floresta ansiada? E ainda
mais no fundo, não será vão definir a CHANA? (2000, p.143)

A inspiração naturalista advinda da necessidade de valorização da terra e o


sentimento de simpatia e afeição pelo que é nativo assumem uma significação estética e
ecológica, notadamente na obra de Mia Couto onde o autor alia sua experiência de biólogo
ao processo de composição literária. No romance Terra sonâmbula, o personagem
Muidinga, menino errante, exilado de guerra em seu próprio país, repara que,

a paisagem, em redor, está mudando suas feições. A terra continua seca mas já
existem nos ralos capins sobras de cacimbo. Aquelas gotinhas são, para Muidinga,
um quase prenúncio de verdes. Era como se a terra esperasse por aldeias, habitações
para abrigar futuros e felicidades. Mas o mato selvagem não oferece alimento para
quem não conhece seus segredos. E a fome começa a beliscar a barriga daqueles
dois... (1995, p.61).

Bastante significativo e belo é o final da narrativa, em que a escrita se funde com a


savana, quando as páginas do diário do menino Kindzu se espalham pelo chão. Conforme o
narrador: “Então as letras, uma por uma, se vão convertendo em grãos de areia e, aos
poucos, todos meus escritos se vão transformando em páginas de terra” (p.245).
Novos percursos analíticos, novas aproximações, novas perspectivas podem ser
abertas, pelas obras e autores analisados e certamente nos levarão a uma visão mais clara
das interfaces do Literário e do Ambiental.
Voltando ao geógrafo quando diz que a natureza tem capacidade de auto-
recuperação, mas é preciso tempo e trégua, concluímos com o escritor Luandino Vieira, que
numa intertextualidade com a Dialética da natureza, de Darwin, metaforiza, através do
cajueiro, a dialética social angolana:

em vez de descer no caminho da raiz à procura do princípio, deixem o pensamento


correr no fim, no fruto, que é outro princípio e vão dar encontro com a castanha, ela
já rasgou a pele seca e escura e as metades verdes abrem como um feijão e um
pequeno pau está a nascer debaixo da terra com beijos da chuva. O fio da vida não
foi partido (Apud SERRANO, 1993/1994, p.198).

Se o fio da vida não foi partido, para acontecer a auto-recuperação, é preciso que se
estabeleça uma cidadania ética e ecológica de valores universais, tendo como “verdadeira
fronteira a vida na Terra, sua exploração e a transferência do conhecimento sobre ela para
as questões práticas, para as ciências e para as artes”.3

Referências bibliográficas

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