E-Book Redação (L)
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COMPETÊNCIA I
DEMONSTRAR DOMÍNIO DA ESCRITA
FORMAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
REDAÇÃO
COMPETÊNCIA II
COMPREENDER A PROPOSTA DE REDAÇÃO E APLICAR
CONCEITOS DAS VÁRIAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PARA
DESENVOLVER O TEMA, DENTRO DOS LIMITES ESTRUTU-
RAIS DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO.
COMPETÊNCIA IV
DEMONSTRAR CONHECIMENTO DOS
MECANISMOS LINGUÍSTICOS NECESSÁRIOS
PARA A CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO.
REDAÇÃO
REDAÇÃO
1º Estude Gramática!
9º RESPEITE AS REGRAS!
REDAÇÃO
REDAÇÕES
Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persis-
tente falta de pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque,
como já estudado pelo historiador José Murilo de Carvalho, para que haja uma
cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência dos direitos sociais, polí-
ticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é garantido –
em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartó-
rio –, não é possível fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade.
Dessa forma, da mesma maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de Graciliano
Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser invisibilizados: sem nome
oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um cida-
dão.
Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à
condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis
socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari conti-
nua válida nos dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode
notar a partir do alto índice de brasileiros que não possuem registro civil de nascimento,
fator que os invisibiliza. Com base nesse viés, é fundamental discutir a principal razão para
a posse do documento promover a cidadania, bem como o principal entrave que impede
que tantas pessoas não se registrem.
Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cida-
dania se relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal
situação ocorre, porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a
população, visto que, desde 1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao
máximo do que a colônia tinha a oferecer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar
com a população que nela vivia ou com o desenvolvimento interno do país. Logo, assim
como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior, formou-se um Estado de bases frágeis,
resultando em uma falta de um sentimento de identificação como brasileiro. Desse modo,
a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funcione como uma espécie de
âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo identifica-
da como uma prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros.
Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não
se registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população
apenas como mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista
José Murilo de Carvalho, observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a
população mais vulnerável socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um
pensamento crítico e é idealizada para ser explorada. Nota-se, então, que, devido a essa
disfunção no sistema educacional, essas pessoas não conhecem seus direitos como cida-
dãos, como o direito de possuir um documento de registro civil. Assim, a partir dessa edu-
cação falha, forme-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar o 9º
lugar entre os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirma-
do pelo sociólogo Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de quali-
dade não sujeitaria seu povo a condições de precária cidadania, como a observada a partir
do alto número de pessoas sem registro no país.
Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de
nascimento deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação refor-
ce políticas de instrução da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por
meio da criação de um Projeto Nacional de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas
escolas públicas de todos os 5570 municípios brasileiros, debates acerca da importância
do documento de registro civil para a preservação da cidadania, os quais irão acontecer
tanto extracurricularmente quanto nas aulas de sociologia. Isso deve ocorrer, a fim de
formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar o atual cenário de precária
cidadania e desigualdade.
Sarah Fernandes, 21 anos - São José dos Campos (SP)
O clássico da literatura infantil inglesa "Oliver Twist" aborda as vivências daqueles marginali-
zados durante a Era Vitoriana e a forma como eram considerados invisíveis por não perten-
cerem à lógica social. Essa percepção sobre uma parcela considerável da população dialo-
ga, analogamente, com a realidade atual de inúmeros brasileiros que não possuem acesso
aos seus direitos civis por não apresentarem os registros primários necessários à inserção
omo cidadãos no próprio país. Dessa forma, torna-se notório que a garantia aos principais
instrumentos de validação pessoal enfraquece problemáticas estruturais da totalidade
tupiniquim, pois a invisibilidade não só fortalece a marginalização, como também mantém
um ciclo de violações.
É nesse contexto que a máxima do Empirismo Radical "Ser é ser percebido" reforça a
urgência em ser considerado um cidadão, uma vez que a existência de um indivíduo diante
do Estado ocorre substancialmente a partir do registro da certidão de nascimento, ou seja,
esse é o meio de ser percebido como um agente social pela estrutura do país. Essa estru-
tura, segundo o antropólogo belga Claudé Levi-Strauss, representa o conjunto de padrões
sociais nos quais a relações interpessoais estão ancoradas e, desse modo, determina o
papel do sujeito na comunidade. Como o registro civil, para obter direitos no Brasil, é estru-
tural à lógica contemporânea, a individualidade só se faz presente por meio dos documen-
tos oficiais, o que promove, portanto, a invisibilidade daqueles que não os possuem.
Há, portanto, a urgência de findar essa problemática notória na estrutura do Brasil. Cabe,
então, ao ministério da Família e dos Direitos Humanos, responsável pelo encabeçamento
da manutenção da seguridade social, promover, em parceria com prefeituras e subprefei-
turas, um aumento da eficácia de registro civil nos municípios. Essa ação irá ocorrer por
meio de campanhas, as quais promoverão a conscientização sobre o acesso aos direitos
civis, e documento da contratação de funcionários dos fóruns para agilizar o registro, prin-
cipalmente, das certidões de nascimento. Dessa maneira, haverá a diminuição da margina-
lização de uma parcela populacional, seja ativamente pela garantia de acesso à cidadania,
seja pelo rompimento do ciclo de invisibilidade.
Emanuelle Severino, 20 anos - Belo Horizonte (MG)
A cidadania, no contexto relativo à Grécia Antiga, era restrita aos homens aristocratas,
maiores de vinte e um anos, que participassem do sistema político de democracia direta
do período. Diferentemente dessa conjuntura, a Carta Magna do Estado brasileiro, vigente
na contemporaneidade, concede o título de cidadão do Brasil aos indivíduos nascidos em
território nacional, de modo que a oficialização dessa condição está atrelada ao registro
formal de nascimento. Nesse contexto, convém apresentar que, em virtude da ausência
dessa documentação, diversas pessoas passam a enfrentar um quadro de invisibilidade
frente à estrutura estatal e, com isso, são privadas da verdadeira cidadania no país.
Sob esse viés analítico, é importante destacar, a princípio, que a inoperância é um fator
preponderante para a ocorrência dessa problemática. Esse cenário decorre do fato de
que, assim como pontuou o economista norte-americano Murray Rothbard, uma parcela
dos representantes governamentais, ao se orientar por um viés individualista e visar um
retorno imediato de capital político, negligencia a conservação de direitos sociais indispen-
sáveis, como a garantia de registro civil. Em decorrência dessa indiligência do poder públi-
co, cria-se um ambiente propício para a precarização infraestrutural de locais especializa-
dos no aporte de documentação pessoal - materializada na carência de cartórios, sobre-
tudo, em regiões mais afastadas dos centros urbanos. Logo, é notório que a omissão do
Estado perpetua o deficitário acesso à cidadania.
Além disso, é válido ressaltar que a lacuna no sistema de educação potencializa essa con-
juntura. Isso acontece porque, desde o século XX, com a implementação de um formato
tradicionalista de ensino pelo ex-presidente Vargas, cristalizou-se um modelo educacional
que negligencia o aprendizado de temas transversais, a exemplo de concepções básicas
da cidadania. Nessa perspectiva, com o desconhecimento de parte da população - oriun-
do da escassez instrutiva - sobre a relevância da garantia de direitos, há uma invisibilização
da situação sofrida pelas pessoas que não possuem documentos basilares, como a certi-
dão de nascimento. Como consequência disso, mantém-se o quadro de ausência de
ações sociais efetivas no que tange à reversão desse contexto, fragilizando, com isso, a
isonomia presente nas relações democráticas. Dessa forma, é imprescindível combater a
falha do processo educacional, visto que marginaliza uma classe da sociedade.
FOLHA DE REDAÇÃO
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